SURGE Skateboard Magazine, 26th issue: "Palanté, Palanté, Palanté"

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DC Initials Tour Palanté, Palanté, Palanté Franchising del Jamon Festa de Norte a Sul

Uma Odisseia Basca

Vans Portugal em Madrid

2014

Número 26 - julho/agosto

Bimestral

Distribuição gratuita



AURA S.A. - 212 138 500








fotografia Roskof

panorâmica Conversa de elevador Enquanto escrevo estas palavras, lá fora a chuva e trovoada quase fazem tremer as paredes de casa, aí está ele, o sinal de que o verão acabou. Cada um de nós prepara-se para voltar à mesma rotina, seja ela casa, escola, skate, casa, ou casa, trabalho, skate, casa. Do verão que passou ficam as memórias e as experiências vividas nos dias de sol passados com a tábua nos pés. Mas se com o cair das folhas é anunciado o fim de um ciclo na natureza, para quem estuda ou trabalha é um início de mais um ano de projetos. Pessoalmente, sinto mais que é agora que começa o novo ano, do que propriamente naquela noite de 31 de dezembro, em que às doze badaladas levamos com um banho de champanhe, comemos passas e beijamos toda e qualquer pessoa que nos apareça à frente. Afinal, não admira que ao dia 3 de janeiro todas as nossas resoluções de ano novo tenham voltado para a “gaveta” de onde saíram... a quem é que apetece ir correr para a rua, ou começar a comer saladas no pico do inverno? O fim do verão seria muito melhor altura para fazer a passagem de ano, sem dúvida, assim quando chegasse a dezembro já tínhamos perdido calorias que nos permitissem aquele abuso de doces e fritos do Natal. E até do ponto de vista da “nossa” natureza seria bom, ora pensem, que

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melhor maneira de acabar o ano do que a festejar e desfrutar do mês de agosto, gozando os últimos dias de sol com a família ou amigos, na praia, ou de skate por essas estradas fora? Isso, sim, é motivo de festa até de madrugada. E é isso mesmo que esta primeira edição da Surge pós-verão nos transmite, sejam viagens de bicicleta com o skate às costas, visitas de amigos nossos, ou acampamentos na praias, vais poder ver nas páginas desta revista que este foi um verão que preencheu, e de que maneira, as nossas vidas. Por isso, aqui na Surge adotámos, como resolução de “ano-novo-começando-em-setembro”, tentar desfrutar com as nossas famílias, amigos e com o skate, claro, todos os meses, como se fossem verão. Convido-vos a juntarem-se a nós, não vos prometemos nada, mas de certeza que é melhor do que esperar por uma noite fria de dezembro para nos lembrarmos do queremos ser e fazer no ano seguinte… agora vamos ali ao champanhe, às passas e às cuecas azuis, e festejar como se fosse 2015. Pedro Raimundo “Roskof”



1º Foco Pedro Fangueiro

Descendente de Vikings e da Póvoa de Varzim… tinha que ser skater Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com

Dr.Manka-te

Quando crescermos todos queremos ser como ele

Carhart Fuerteventura Bike Trip Depois de montar o skate foi a vez de também montar as “binas” para seguir viagem

DC Initials Tour

Se não estiveste, não sabes o que perdeste, se estiveste, recorda aqui alguns dos melhores momentos da tour da DC em Portugal

Franchising del Jamon

Não, não é nenhuma cadeia nova de talhos, foi a malta da Vans Portugal que foi até Madrid provar uns enchidos

Palanté, Palanté, Palanté

Não fiques com essa cara, vais ter que fazer Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, como nós e ler o artigo até ao fim para perceber Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, o que isso quer dizer Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, Red Bull Skate Arcade João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Gazeta para a ires à sala de jogos? Foi o Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand que fizemos, só que a sala de jogos era em Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, MiguelBarcelona Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela. Tiragem Média: 8 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros

M O S A I C O Capa: Para o Ciso este ollie por cima dos amigos, antes da aventura ao País Basco, está, seguramente, entre as suas melhores recordações de um verão memorável fotografia Luís Moreira Apesar de este backside flip ser à porta do maior talho da região, quem conhece o Pedro Chalabardo sabe que isto não foi nenhum “bife” fotografia Jorge Matreno 2014


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fotografia Luis Colaço

CONSULTÓRIO DO DR. MANKA-TE OLD TIMER

A importância dos skaters mais velhos Meu puto. Tu que estás sempre a dar baile às carcaças que ainda se arrastam em cima de um skate. Tu que estás sempre a levar nos cornos, cada vez que o fazes, mas mesmo assim, voltas a fazê-lo. Tu que julgas que sabes tudo e que o velho não sabe népia. Tu que achas que já passou o tempo dele, que devia era estar no sofá a ver a Casa dos Segredos, a dar descanso às dobradiças, cansadas de décadas de skate. Este texto é para ti. Sei bem, por experiência própria, que estas palavras nada vão mudar na tua cabeça. E ainda bem... hehehehehe... cabrão... sei bem que vais continuar a levar sapas todos os dias e que o velho vai continuar a ser gozado, cada vez que dá um estouro “daqueles”! Mas já imaginaste como seria, se não existissem esses skaters cheios de teias de aranha? Andares com a turma da terceira idade, só te traz benefícios. Vou dar-te alguns exemplos: - são os velhos do asilo que te ensinam muitas manobras. Eles conhecem melhor que tu as tuas capacidades. Eles sabem que consegues dar certas

manobras, no tal spot, mesmo sem nunca teres tentado, ou pensares nisso. São eles que têm carro. São eles que te levam a todo o lado e ouvem a merda toda que dizes na viagem. São eles que te enganam na vaquinha para a gasolina. São eles que te mostram todos os skate parques e spots do país. São eles que te indicam as piores bebidas, onde estão as melhores tascas, para apanhares as primeiras bebedeiras. São eles que, em seguida, falam e acalmam os teus pais, depois de teres vomitado a casa toda. São eles que cobiçam a tua irmã ou se babam pelas mamas da tua nova namorada. É com eles que aprendes o que é música... Anselmo Ralph, puto, por favor! É com eles que fazes altas viagens. São eles que te ensinam que é correto dar peidos em público. São eles que te safam material à paleta. São eles que te mostram os melhores filmes e skaters. São eles que te dão a conhecer os sites porno mais javardos. São eles que te safam de seres roubado ou levares na corneta dos thugs. São eles que tentam fazer de ti um homenzinho, sem nunca o conseguirem. São eles que... puto, sei lá... são eles! Se és daqueles que todos os dias levas dos mais velhos, pontapés, chapadas, sapas, carolos, etc.... nem sabes a sorte que tens! Vai ser com eles que vais passar os melhores dias da tua vida! Beijo na bunda Dr. Manka-te

Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com

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PRIMEIRO FOCO

PEDRO FANGUEIRO

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entrevista e fotografia Renato Laínho

O Olá, sou o Pedro Fangueiro, tenho 17 anos, sempre vivi na Póvoa de Varzim e comecei a skatar há 6 anos. Como é que ter tornaste no skater que és hoje? Lembro-me que sempre que ia passear e passava no anfiteatro e skate parque tinha que parar e observar aquilo por um bom bocado... a curiosidade foi crescendo e pedi um skate ao meu pai. Ele orientou-me um skate do “Feira Nova” e eu comecei a tentar uns ollies e umas curvas pelo quintal, e passado uns tempos já tinha ganho o gosto à cena. Quando comecei a dar os meus primeiros ollies pedi material melhor e comprámos o meu primeiro skate às peças. Só queria era andar, tanto que até montei os trucks ao contrário e ficava bué chateado porque os trucks viravam sozinhos, só quando comecei a dar rolés [linguajar nortenho para skatada de fim de tarde] com o Lucca é que soube que não eram assim. Ao longo dos anos, sempre que ia skatar à Póvoa não te costumava ver, só depois de o skate parque acabar é que te vi a andar a sério e me apercebi do teu potencial! Que tens a dizer em relação a isso? É provável, pois quando tiraram o skate parque foi quando comecei a skatar melhor. Skatava sempre no curb no anfiteatro a dar manobras maradas do tipo board to 50-50 bodyvarial shuvit out. Como é que se passa um grande dia de skate para ti? Quem te dá mais pica para andar? Para passar um grande dia de skate só preciso da minha tábua e dos meus amigos num spot diferente do habitual! Costumo skatar sempre com o Kimpas, o Emo, o Marroco, o Carlitos, o Tone, o Rui e o Gi, o pessoal da #tarde

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Quando o pai lhe deu um skate do “Feira Nova”, mal sabia que o seu filho iria dar 50-50s em corrimões, passados poucos anos. Como diz a malta da Póvoa…”Cum carago, tantos Fangueiros” - lipslide

Cada vez que fomos skatar para esta entrevista, apercebi-me do teu foco, concentração e, sobretudo, calma quando estás a tentar uma manobra, mesmo que ela esteja na quinta tentativa, ou na vigésima. Achas que tem a ver com o facto de a tua descendência poder ser de Vikings? Quando estou a tentar uma manobra e sei que consigo dar, tenho calma porque ela vai acabar por sair, só me enervo quando não consigo perceber o que se está a passar de errado com algo que costumo dar sempre, assim já fico mais ligado com os vikings. Como é a tua vida fora da tábua? Não é. A minha vida sem skate seria como a Praça do anfiteatro sem parafina. Perante uma manobra que esteja a custar a sair, qual a tua atitude? Depende da manobra. Se for uma manobra mais técnica tento sempre até acertar ou ficar mesmo cansado, se for um gap alto e estiver a falhar muitas vezes tento noutro dia Costumas skatar em campeonatos. Curtes competitividade, ou é só pela diversão? Gosto de skatar em campeonatos porque é mais fixe skatar com o pessoal todo com quem não costumo andar... mais pica! Competitividade não é a minha cena. Como surgiram os teus apoios e que tens a dizer sobre eles? Desde puto, o Adélio, da Streetwave, sempre me ajudou. Fazia-me tábuas e sapatilhas mais baratas e às vezes até me dava. Há cerca de 2 anos quem enviasse o melhor vídeo de 1 minuto para a Sweet entrava... eu fiz o meu vídeo, mandei e entrei, e até hoje foi o “Chuva” quem mais me ajudou. Por isso, obrigado!! Na émèrica entrei no ano novo quando fui a Lisboa. Queriam alguém do norte no team e entrei. Fiquei bué contente, com alta pica porque é a marca de sapatilhas de que mais gosto... para não falar do team lá de fora!! Sinto-me mesmo bem nas marcas que represento!!

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Noseslide num dos muitos spots que “não existem” na Póvoa

Apoios: Sweet sktbs , Emerica, Streetwave Música para skatar: De tudo um pouco! Mas costumo ouvir músicas das partes de skate que me dão mais pica! Skaters tugas: Roseiro, Pombo e Ruben Rodriques Skaters estranjas: Sandoval, Figgy, Gravette e muitos mais, porque hoje em dia há muitas pessoas a skatar muito..

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Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com


texto e fotografia Jo達o Mascarenhas

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Madrid é bem diferente de Barcelona, os spots são afastados uns dos outros e andar de metro à procura de um spot é mesmo para esquecer. Tentámos, mas depressa chegámos à conclusão de que andar 20 quilómetros por dia não ia render lá muito às pernas do Nuno Relógio, Afonso Nery e de um João Allen com um pé ainda dorido, queiram vocês saber do quê... Mais uma viagem de um incrível odor a chulé... pelo carro, quarto, casas de banho, enfim, o cheiro já estava de tal maneira que cheguei a pensar que era eu que cheirava mal. Talvez fosse... nunca iremos saber.

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A primeira coisa que fizemos quando chegámos a Madrid foi uma espécie de descoberta, o Museu Del Jamon, onde tudo parecia magia: “cañas” a 70 cêntimos e sandes de “jamon” a 80 cêntimos. Estava decidido, era ali que íamos jantar e beber umas cervejolas todos os dias. Acontece que ao fim do segundo dia já ninguém lá queria ir, tal era o enjoo... do jamon, claro. Excepto o Nuno, que ficou o fã numero um... até já queria fazer um franchising na sua cidade de Olhão! Eu sou 100% a favor... ‘bora Nuno, tu és capaz. Bem, está na altura de falar de spots e skatadas, não é? Então, sim, os spots são muito lindos e com chão perfeito, o pessoal deu abusos blablabla..... ‘tá feito. Pronto, eu escrevo um pouco sobre skate, afinal isto é uma revista de skate, certo? Quem conhece o team da Vans sabe perfeitamente que são guerreiros e que se batem com os spots como ninguém. O Allen, logo de início com um pé aleijado, ainda conseguiu um acid drop e um tail drop num spot onde muitos... nem com os pés do Cristiano Ronaldo.

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Nuno Relógio, fã numero 1 do “jamon” - frontside flip

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Logo a seguir ao João Allen, ouvimos dizer que em Madrid há mais um português com uns pés talentosos… um tal de Cris qualquer coisa - drop

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Todos vocês já se habituaram a ver o Nuno Relógio andar e sabem bem que é um verdadeiro guerreiro das ruas, mas só se o conhecerem é que vão perceber até que ponto este rapaz consegue ir. Nos últimos dias o Nuno estava completamente rebentado, mesmo assim ainda conseguiu dar um tailslide num curb debaixo de uma ponte. Depois de anos a fotografá-lo conseguimos, finalmente, fazer ali uma foto interessante, esteticamente falando, um evento raro entre nós... O Afonso Nery, digamos que tem uma postura de molengão... mas quando é para skatar, este rapaz é talentoso e, assim que se decide, dá as manobras em menos de nada, só lhe falta mesmo deixar de usar o “cap” à olhanense chunga. Coisas mais interessantes? As babes de Madrid??? Sim, são giras e mega produzidas, como qualquer espanhola que se preze. Sabe sempre bem andar pelo centro, “à turista” e ir vendo coisinhas giras a passar modelos... até ao momento em que abrem a boca e parece que têm um megafone nas cordas vocais. Alojados nas Portas del Sol – um misto de Praça da Figueira com Rossio – já podem imaginar a quantidade de turistas e artistas de rua que por ali andavam. São tantos como os pombos, nem sei se dava uma pontapé num pombo ou num turista. Mas tenho de dizer que ficámos num belo apartamento, onde à noite podia peidar-me em alto e bom som, uma espécie de despertador para alguns. Estávamos com luxo até não poder mais, vejam lá vocês que até tínhamos um “PT” que nos comprava umas aguinhas para aguentar o calor que se fazia sentir pela cidade.

Pode ter o “cap à olhanense”, mas os backside nosegrinds do Afonso Nery são à Real Madrid

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O Nuno resolveu, numa certa noite, comprar um apito daqueles irritantes que os “Quéfrô” usam para tentar vender uma espécie de fisga que lança uma pequena hélice com luz azul. Belas vidas que esses rapazes têm, isso sim dava um bom franchising. Isto para dizer que o Nuno compôs melodias de terror, transformou-se num Freddy Krueger e assassinou uma caixa de papelão. Temos de agradecer ao Felipe Bartolomé, skater de Madrid, que serviu de guia naquela cidade, onde descobrir um spot não é tarefa fácil... mas deixem que vos diga que quando se descobre... são sempre spots brutais.

Depois de assassinar uma caixa de papelão, este curb foi coisa de meninos… ou não! - Nuno Relógio Kinked tailslide

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Tive que me armar em Chef alguns dias, pois estes rapazes não são lá muito habilidosos no que toca à arte de cozinhar – se bem que a fazer mousse de chocolate no Wc são verdadeiros artistas. Madrid não é uma cidade cara e, se procurarem bem, conseguem encontrar uns nachos e tacos com bebida por apenas 3 euros, para matar a fome. Eu pessoalmente gosto muito de Madrid, mas é uma cidade estranha e um tanto bizarra. Ali podem ver de tudo. E quando digo tudo, é ao ponto de verem pessoas com pernas ao contrário, literalmente.

Reparem como parece que o corrimão acaba por trás do prédio. Tudo pensado ao pormenor neste backside 5-0 do Nuno Relógio

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Com fotos como esta, apetece-nos ligar ao Afonso Nery e dizer “Puto, queremos mais fotos tuas no street “


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Se forem a Madrid comprem um apito, vão comer uma sandes de jamon e cañas a 70 cêntimos, peidem-se à vontade, bebam chupitos de tequilla a 1 euro, roubem os saleiros e.... Ah, skatem os spots brutais que Madrid pode oferecer. Sem dúvida, o nosso “PT” fez uma boa escolha do destino, que venham mais para o ano...

Backside nose grind do Afonso num spot que nos faz pensar porque é que não vamos a Madrid mais vezes…

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Se a malta aqui da SURGE tivesse uma cerveja por cada pessoa presente nas demos deste DC Initials Tour, a esta hora e passadas umas semanas, ainda estarĂ­amos de ressaca

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texto Francisco Lopez “França” fotografia Nuno Capela

DC INITIALS Tour em Portugal, com Chris Cole, Mikey Taylor, Wes Kremer, Matt Miller, Davis Torgerson eTristan Funkhouser. Dito assim até parecia mentira… até me custou a acreditar, mas foi mesmo verdade. Entre os dias 6 e 10 de setembro, alguns dos principais pros da DC mundial estiveram por cá, por terras lusas, e foi mesmo melhor do que o que se podia estar à espera. Três demos brutais, com direito a sessão de autógrafos e tudo para os fãs poderem levar para casa as selfies com os pros.

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O DC INITIALS TOUR começou no Parque das Gerações, em São João do Estoril, Cascais, onde se realizou um evento inesquecível. O Parque esteve sempre “à pinha”: com famosos da Tv a dar um “ar da sua graça” e a aprender a andar de skate com os skaters do team nacional da DC, com o típico atirar de produto para o público, com sessão de autógrafos, música, e, claro, o melhor de tudo: a demo. E esta foi mesmo a abrir. Estava tudo à espera que eles andassem

1 hora, 1 hora e meia, no máximo, mas não. Foram 2h30 de skate intenso com o Global Team da DC e com o team nacional, o Jorge Simões, o Pedro Roseiro, o Tiago Lopes, o Daniel Pinto, o Nuno Cardoso e o Luís Coutinho. E como se não fosse suficiente esta malta toda, ainda tivemos a presença do Josef Scott e do Thaynan Costa, também do team DC Europa, se bem que o Thaynan não conseguiu andar pois está em recuperação de uma cirurgia ao joelho.

Depois de partir corações no Parque das Gerações, o Tristan também partiu o skate parque da Maia. Frontside flip

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Chris Cole swicth fs flip com uma tábua emprestada. A ideia que nos ficou é que até com uma vassoura ele dava tudo o que quisesse

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O Matt Miller podia ser convidado para fazer anúncios a detergentes… ele tem mesmo um super pop! Nollie Heel


O swicth 360 flip do Wes Kremer no double set, quase que fez o Presidente da Câmara da Maia saltar do seu gabinete no último andar para lhe dar um “high-five”

Com Fakie flips destes e com um nome como Tristan FUNKhouser não admira que as pitas tenham ficado loucas… estávamos a ver que tínhamos que chamar a segurança

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Se andas atento ao que se passa, sabes que o Davis Torgerson é uma autêntica máquina de destruir spots. Este rail é num skate parque, mas mesmo assim também não lhe escapou - backside tailslide

A demo em si, em termos de manobras, foi brutal. Deram de tudo em todo o lado, por isso nem vou perder tempo a dizer o que foi ou não dado, mas vou contar-vos uma história de puro profissionalismo por parte de um dos ícones do skate mundial. Aí a meio da demo, o Chris Cole parte a tábua a dar um f/s blunt a sair de flip no rail longo da entrada nas Gerações. Já tinha passado uma horinha, por isso podia muito bem encostar à box e nem tocar mais na ‘chicha’, já que tinha vindo direto de L.A. nesse mesmo dia, (12h de viagem), tinha aterrado em Lisboa às 8:30 da manhã, às 10:30 estava de banho tomado e barriga cheia do pequeno almoço, pronto para 1:30h de entrevistas, almoçou, seguiu para a sessão de autógrafos... ou seja, um dia muito, muito longo. Podia muito bem ter dado por terminado o trabalho dele, mas vira-se para mim e pergunta-me que tamanho de tábua eu usava e se lha podia emprestar para acabar a demo. Eu, como é óbvio, fiquei de boca aberta com a atitude, trocámos os truks dele para a minha tábua e ele foi “só” andar mais uma hora até dar sw f/s flip nas escadas grandes à primeira e fs blunt no rail para acabar a demo! Eu pensei para mim, “isto sim é um pro”… agora vocês tirem as vossas conclusões hehehehehe Na Ericeira, mais um grande dia. Gente, muita gente, para ver e estar

com os pros e poder levar mais uns autógrafos e fotos. Aqui nem era suposto andarem, era só para estar com a malta e comer umas bifanas à portuguesa... mas depois da sessão de autógrafos, eles queriam mesmo era andar. E assim foi, mais 1 hora de skate para o “crowd” presente não ficar desapontado, manobras técnicas, grandes voos, ollies gigantes para 50-50 no rail, etc… mais um pouco de tudo. A seguinte paragem foi a norte do país na conhecida loja do grande Porto, a Kate Skateshop. Aí, o anfitrião, Nuno Gaia, tinha tudo preparado para a última sessão de autógrafos, que teve, claro, casa cheia. O mar de gente que se encontrava na rua era demais, nem os carros passavam tal era a ansiedade da comunidade de skate do norte que se juntou para fazer ali uma parte da festa. A romaria seguia para a Maia para, ali sim, concluir oficialmente a estadia da DC Shoes Global em terras lusas. E foi mesmo em grande (também) a demo na Maia. Mais duas horas de demo, com os pros a desbravarem o skate parque (onde era previsto aquecerem só um pouco, mas com a pica que estavam acabaram por estar mais de uma hora a curtir nas rampas), e depois uma session no mítico duble set da Câmara, onde acho que chegaram mesmo a ser dados uns NBD (never been done). página 43


Foram dias brutais e uma experiência inesquecível, a passagem do DC INITIALS TOUR em Portugal. E se curti a possibilidade de passar uma semana com alguns “monstros” do skate mundial, também curti que eles saíssem daqui encantados com os nossos parques, os nossos spots e, acima de tudo, com os nossos skaters. Uma das cenas que eles mais elogiaram foi o pessoal do skate, que compareceu (muito acima de todas as expectativas) em todas

O sueco mais bem disposto que conhecemos, Josef Scott, num swith flip também ele bem humorado

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as demos, que esteve sempre a puxar por eles e sempre com muito boa onda (sem serem melgas e chatos e estarem sempre em cima deles). E isso notou-se na forma de eles estarem nas demos: super simpáticos, tranquilos, sempre disponíveis para todas as fotos, autógrafos, sempre a darem o litro nas demos… Venham mais DC INITIALS TOUR a Portugal…



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texto Luís Moreira fotografia Luís Moreira e João Sales

A ideia desta viajem já germinava na cabeça do João Sales há bastante tempo e em maio ele veio perguntar-me se eu alinhava. Mal me explicou o que era, a minha resposta não podia ser outra senão afirmativa. É verdade que bowls e half pipes nunca foram a minha eleição enquanto obstáculo para skatar, no entanto, para me meter num carro com amigos, um skate, uma tenda e um saco-cama e andar por essa estrada fora, estou sempre pronto! O plano era o seguinte: sairíamos de Portugal em direção a Algorta, no País Basco, e durante sete dias skataríamos todos os skate parques e spots de street que nos aparecessem à frente, dormiríamos em praias, descampados, ou skate parques, faríamos churrascadas e, no final, ficaríamos em Algorta para ver o Bowl-a-Rama. Perante uma ideia destas, pensei a mesma coisa que Deus disse um dia: “o meu nome é SIM”!

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Para quem não está habituado a ver pessoal a abusar em bowls, este fs indy do Pedro Barros não deve ter sido nada fácil de digerir.

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Quando saímos de Portugal, já levávamos no cabedal muito skate e muita festa. Logo no primeiro dia, em Viana do Castelo, fomos ver um concerto da banda do Ciso, os Mr. Miyagi. Para além de concerto, havia também umas rampas de skate que nos entretiveram durante toda a tarde e romper da noite. Isso e umas garrafas de Super Bock. Nessa noite dormimos todos à volta do bowl do Ciso, em Vila Nova de Anha, para no dia seguinte seguirmos viagem. O pessoal acordou cedo com o sol a transformar as tendas em fornos industriais e, para despertar a 100%, começaram, cada um à sua vez, a mergulhar com os skates na “piscina” do Ciso... De casa do Ciso toda a gente seguiu para o skate parque de Ponte de Lima. Já que no País Basco é só curvas, o melhor era começar a aquecer enquanto se estava por casa. Por outro lado, eu e o Juan Salas, tivemos que fazer um pequeno desvio e passar no Porto para ir buscar um papel qualquer do seguro do carro do Juan e uma tenda para podermos dormir. Quando voltámos a Ponte de Lima já a sessão de skate estava prestes a terminar. No entanto, o Bruno Machado, dono da Korner Skateshop, convidou-nos para jantar em sua casa e lá fomos nós fazer aquela que foi, provavelmente, a melhor refeição da viagem. Pouco depois de sairmos de casa do Bruno estávamos em Espanha, - mais precisamente em Ourense, - já a parar numa bomba de gasolina para encher o depósito. Na hora de pagar, o Romeo, impaciente com a demora da máquina de pagamento automático a aceitar o seu cartão, dá um murro no ecrã e este desliga-se instantaneamente. Por momentos pensamos “Estamos fodidos! E agora?”. Mas em vez de nos pormos na alheta dali o mais rapidamente possível, o Romeo, com a maior calma do mundo, foi fazer o pagamento à máquina que estava ao lado. Correu tudo lindamente. Nessa primeira noite dormimos num descampado algures a meio do caminho e quando acordámos apanhámos um susto tremendo, quando nos pareceu que íamos ser atacados por dois cães que apenas conseguíamos ouvir de dentro das tendas, mas que, pelo som, pareciam ser mais lobos do que cães. Felizmente, o dono acalmou-os e a história ficou por ali.

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A nossa primeira paragem para skatar em Espanha foi antes de chegar ao País Basco. Miranda de Ebro tem um skate parque com transições tão perfeitas que nos obrigaram a ficar naquele mesmo lugar o dia todo. Tínhamos tudo ali. Um chafariz imundo para tomar banho, uma torneira para lavar roupa, um imenso espaço relvado para torrar ao sol e, mais tarde, fazer uma bela de uma churrascada. Enquanto fazíamos os nossos assados, umas miúdas perguntaram-nos se estávamos a fazer um filme, ao que nós respondemos afirmativamente... uma delas não tardou em mostrar a sua vontade de ser incluída nesse filme. Fê-lo com a seguinte frase: “Eu tenho que aparecer nesse filme! Eu canto, danço, faço tudo”! As gargalhadas que se seguiram foram coisa de outro mundo e pela cara da miúda, acredito genuinamente que ela não fazia ideia do motivo de tanta piada, mas a verdade é que a teve. No final do dia fomos procurar um sítio para dormir e parámos no que parecia ser um parque infantil abandonado, rodeado por árvores e um riacho. Apesar de sinistro, pareceu-nos um bom sítio para dormir. Pelo menos até começarmos a ouvir o que pareciam ser dois homens a discutir, seguido de um par de tiros. Nessa altura, todos começámos a achar o sítio sinistro demais para dormir e, uns mais do que outros, e o Marcelo mais do que todos nós juntos, começámos a mostrar vontade de nos pormos a milhas daquele lugar. O Marcelo chegou mesmo a dizer, já a roçar o gritar: “Temos que bazar daqui! Eles estão-se a aproximar”!! Acabámos por sair dali e o sentimento de ridículo que se seguiu foi inexplicável, quando ao ir embora passámos por uma pequena festa e nos apercebemos de que os tiros eram apenas foguetes e a discussão entre dois homens era apenas o anúncio de um sorteio. Depois de uma longa e desesperante procura por um sítio em condições para montar a tenda e dormir, acabámos por nos perder uns dos outros e por dormir em sítios diferentes, mas dormimos bem, finalmente. Nesta pequena deslocação, o Romeo, devido ao insignificante facto de ter levado pouca roupa para esta viagem, cortou o gargalo a um garrafão de 5L e colocou no seu interior um pedacinho de sabão azul. Pegou no garrafão e agitando-o ao lado da cabeça do Juan disse-lhe: Juan, não queres fazer uma máquina de roupa? Todos nos rimos imenso e a partir desse momento aquele garrafão passou a ser chamado de máquina de lavar e acompanhou-nos até ao final da viagem.

Para quem diz que rampas não prestam para nada e que o street é que é, lembrem-se que o street não é sempre a direito. Ciso Acid drop

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O Sales parou o carro para o pessoal poder skatar um bocado de street. Imaginem lรก se ele tivesse parado para ser ele a dar uma manobra. Wallride

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Encontrámo-nos em Leioa, logo de manhã, com o Ciso, o André, o Henrique e o Bruno que tinham acabado de chegar de Portugal. Seguimos para o skate parque de Armintza, que está situado junto a uma praia e tem a forma de um barco viking. É um skate parque pequeno mas bastante divertido. Para além de termos skatado, fomos também dar um mergulho à praia que - naquela praia - não é um exercício tão simples quanto isso, já que tivemos que calcorrear uma infinidade de pedras escorregadias até podermos chegar à água fresquinha do Cantábrico. Depois da sessão em Armintza, dirigimo-nos para o skate parque de La Kantera, onde dias mais tarde teria lugar o Bowl-a-Rama... mas estávamos certos de que a festa lá já deveria ter começado. O Fiat Punto do Juan, onde íamos ele, eu, o Nitro, o João Castela e o Romeo, ficava invariavelmente para trás e, como tal, acabávamos por perder-nos muitas vezes. Perguntámos a uma senhora de meia idade como é que chegávamos a Algorta e ela, no seu tom mais simpático, com a cara contraída até não dar mais e soltando a sua voz mais esganiçada respondeu: “Palanté, Palanté, Palanté, Palanté Palanté!!”, que é como quem diz, “pá frente”. Escusado será dizer que desse minuto e até acabar a viagem estivemos sempre a imitar a pobre senhora. Quando chegámos a La Kantera já estava lá o pessoal a partir o vert todo, até que chegou o Raven Tershy e “levou o half para casa” com uma descarga de abusos, nomeadamente um fs smith e um bs smith a sair para um gap enorme. Nessa noite e em todas as seguintes dormimos na praia de Arrigunaga que fica mesmo junto ao skate parque. Foi o sítio perfeito para acampar e, melhor ainda, para o Juan perder a chave do carro. É verdade, um dia depois de chegar, o Juan perdeu a chave do carro em pleno País Basco, sem haver uma chave suplente que nos pudesse salvar. Mas já lá vamos...

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Normalmente quem vai a este bowl fica um pouco intimidado. Normalmente... Marcelo Stalefish

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Com idade para participar na categoria Masters e ainda assim escolhe participar em Open. Com um lipslide destes a começar uma run, não admira. Omar Hassan

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Após uma sessão matinal de skate no bowl com o Salba e amigos, fomos para o skate parque de Trapagaran que tinha inaugurado há umas semanas e que é um absoluto luxo. A caminho do skate parque encontrámos um spot de street incrível. Tinha gaps de todos os tamanhos, curbs, curbs para gaps, uma estátua cuja base era uma mistura entre quarter e pirâmide com wallride, enfim, uma festa! Skatámos nesse spot até ao início da tarde e depois seguimos para o skate parque. Passamos lá a tarde e ao final do dia fomos para Las Arenas ver a “prozada” a andar. Chegámos atrasados e já não estava ninguém a skatar. Decidimos ir dar uma volta pela cidade, arranjar qualquer coisa para comer e ir beber um copo a uma festa com concertos de que nos falaram lá.

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No dia seguinte, quando nos dirigíamos para o carro, o Juan reparou, então, que tinha perdido a chave. Sem esperar muito, começámos a tentar resolver o problema. A primeira coisa a fazer era forçar a entrada no carro. Através de uma abertura minúscula no vidro, conseguimos ultrapassar essa primeira etapa e o Juan até já tinha engendrado um esquema para fechar e abrir a porta com um fio elétrico. O rapaz vai longe! O Sales e o Juan tentaram, então, ligar o carro através de uma técnica muito comum nas pessoas de boa fé, que se chama ligação direta. Depois de saltar uma faísca e de o carro não voltar a dar sinais de vida, apercebemo-nos de que alguma coisa ali não estava bem. Minutos depois, já não me lembro bem como, descobrimos que aquele carro tinha um código de bloqueio qualquer que impedia que se fizesse ligação direta, ou seja, melhor não podíamos estar. Presos em La Kantera, com montes de spots e skate parques ali perto, mas não tão perto que nos pudéssemos dar ao luxo de ir a pé... e... não tínhamos maneira de voltar para Portugal. Depois de uma inútil e falhada (mas carregada de esperança) viagem à Fiat no carro do Ciso para ver se nos podiam fazer uma chave para o carro, eu e o Juan pensámos um pouco e chegámos à conclusão de que a chave tinha que estar na praia. E se estava, nós havíamos de encontrá-la. Fomos a um super mercado e compramos três cestos perfurados que, naquele caso, seriam peneiras perfeitas e dirigimo-nos a La Kantera. Falámos ao pessoal da ideia e apesar de parecer completamente louca, a verdade é que não havia outra solução. Começámos, então, a peneirar a praia à procura de uma chave que era apenas uma e nem tinha porta-chaves. Os olhares das pessoas que frequentavam a praia naquele momento variavam entre a troça, a desconfiança e, até, alguns olhares de apoio. Nós, por outro lado, não estávamos nada animados e quanto mais avançávamos, mais a nossa esperança se escapulia. Quando já estávamos prestes a desistir, quando todo o nosso discurso já era de derrota e dez segundos depois de o Romeo dizer: “Caga nisso, a chave não está aqui”, ele mesmo encontrou a chave! Não poderia ter sido mais ninguém a encontrá-la. Com um grito ensurdecedor e a chave na mão bem levantada no ar, o Romeo galgou todo aquele areal pondo o resto do pessoal todo a correr atrás dele a festejar como uma equipa de jogadores na final de uma liga qualquer dessas do futebol, a correr atrás do que marca um golo decisivo no último minuto. Enchemo-nos de alívio e depois de festejar o que foi, sem dúvida, o melhor momento da viagem para os ocupantes daquele Punto, estávamos com o nosso problema resolvido.


Antes de ir tirar uma #SELFIE com o Salba, o Ciso ainda teve tempo para dar este Lien to Tail.

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Acabado de chegar de Portugal a Miranda de Ebro, o Marcelo fez bem em ir esticar as pernas. Indy

Apressámo-nos a ir para o carro e a pôr-nos a andar dali para fora (já tínhamos perdido demasiado tempo com aquela brincadeira). Dirigimo-nos a Las Arenas para nos encontrarmos com o pessoal. Quando lá chegámos não vimos o Sales nem o Marcelo e perguntámos ao Miguel Carvalho, de Coimbra, e ao João, de Leiria, onde é que eles se tinham metido. Pelos vistos, o Marcelo estava a dar um show no vert para o Pedro Barros e, segundo o Sales, como não aqueceu, ao sair dos seus aéreos, deu um mau jeito nas costas, que resultou num traumatismo lombar. Infelizmente, o Marcelo não skatou mais durante a viagem. O que lhe valeu foi que, até ali, já se tinha fartado de voar em todos os bowls e verts onde estivemos e fartou-se de comer, como ele diz: “bolachas muito gangsta”, seja lá o que isso for. A noite que aí vinha em La Kantera foi obra do demónio. Do demónio e de uma imitação rasca de Desperados, que encontrámos em promoção a 25 cêntimos cada lata. Desde andar de cadeira de rodas a tentar “sacar cavalinho” na relva, break dance no meio da estrada ao som de N.W.A., até cortar a estrada com fitas da polícia e dar hippie jumps e ollies por cima da fita, os tugas lançaram o caos num raio de vinte metros. Os grupos de espanhóis que lá estavam olhavam-nos boquiabertos e ao mesmo tempo entusiasmados. A polícia apareceu durante o episódio da fita a cortar a estrada e quando eu lhes pedi mais uma tentativa responderam: “Tentas mais uma vez e para além de ficares sem skate, amanhã vês o campeonato na esquadra… em direto.” Não me pareceu que o argumento dele fosse mau e por isso, não voltei a tentar e a noite ficou por ali. No dia seguinte acordámos todos constipados por causa da noite anterior, constipação essa que foi passando durante o dia, como é habitual e, quando o Bowl-a-Rama começou, esquecemo-nos logo disso. Os pros destruíram o bowl de La Kantera de uma forma impressionante. Ver tudo aquilo ao vivo ultrapassa qualquer vídeo, ou tentativa de explicação, é muito difícil de descrever, mas, também, o que não falta são fotos e vídeos para fazer esse trabalho. O Pedro Barros levou indiscutivelmente o primeiro prémio para casa, seguido do Alex Sorgente e Danny Leon. Mal acabou o campeonato, o pessoal começou a fazer down hill de skate. Mas não foi down hill em alcatrão mas sim em terra e relva cheia de pedras pelo caminho. Uma multidão enorme delineava o caminho e os skaters iam por lá abaixo, alguns em cima do skate, outros a rebolar. O Juan e o Romeo meteram-se lá no meio e conseguiram chegar ao fim. Tivemos ainda a magnifica oportunidade de ver um maluco a descer aquilo todo nu. Uma loucura. Essa noite foi calma e fomos dormir depois do Nitro ter encontrado a carteira. Depois de ter ido à polícia comunicar a ocorrência e de ter ligado para o banco a cancelar os cartões, apareceu-nos um gajo à beira do carro com a carteira dele, que, pelos vistos nos encontrou porque na carteira tinha um autocolante da Korner Skateshop e havia outro idêntico num dos carros do pessoal. Uma grande coincidência que salvou o Nitro de muitos trabalhos.

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Hรก quem diga que o Salba a voar parece uma pedra. Para uma pedra, este mute grab nรฃo estรก nada mau.

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O Sales ofereceu ao Ciso um tijolo da cerâmica, para ele colocar no bowl. A nós ofereceu-nos este pivot fakie.

No último dia viemos embora para Portugal, mas passámos ainda por Santander para skatar o parque brutal que lá tem. Íamos tendo que nos chatear com uns locais que estavam muito impacientes connosco, mas acabou por não dar em nada e a meio da tarde fizemo-nos à estrada. Dez ou doze horas depois estávamos em casa, mortos de cansaço. O pessoal de Viana ainda ficou por lá mais uns dias, mas nós, infelizmente tivemos mesmo que voltar. Deixámos o País Basco com a promessa de lá voltar um dia, ainda por cima agora que já sabemos o caminho, graças à velhota de Armintza: “Palanté, Palanté, Palanté!!!”

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FUE RTE VEN TURA BIKE Baseado numa reportagem indicadora de que, pelo menos na Europa, o ciclismo está cada vez mais a fazer parte do dia a dia dos skaters, a ideia desta viagem era combinar o skate com a bicicleta, e para esta experiência chamámos como cobaias 4 skaters que se tornaram construtores de bicicletas e 4 riders da Carhartt e enviámo-los todos para a ilha de Fuerteventura, nas Canárias.

texto David Turakwiewicz fotografia Bertrand Trichet

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Josef Biais - Tucknee Gio Grazzano - 360º flip para o bank Pere Ruikka - Boardslide pop-out

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Quando aterrámos em Puerto del Rosário, a capital da ilha, o team de skate era Berttand Trichet – que trazia consigo a sua câmara e a minha pen – e o Sr. Davide Frassine, que nos assegurou apoio técnico/multilingue. O objetivo era deslocarmo-nos apenas de bicicleta ao longo de um raio de 40 quilómetros desde a nossa casa, a Casa Macaoni, em Lajares, localizada a meio da parte norte da ilha. Pedalar até aos spots, skatar lá e depois regressar. Definitivamente, há algumas semelhanças entre o skate e a bicicleta, mas a principal diferença é o facto de a bicicleta ser um deporto. Admitimos que o skate seja uma atividade física, mas neste caso não é necessária nenhuma preparação especial. Na verdade, enquanto skaters, passamos muitos dos nossos anos de teenager a evitar esforços em longas distâncias, por isso, a ideia de fazermos em média 40 km diários, inicialmente deixou-nos perplexos! Então levar a coisa aos 80 km, como fizemos no último dia, foi mesmo um “desporto extremo”... Apesar de toda a gente ter trazido uns calções justos, só aí ao terceiro dia é que este equipamento técnico se revelou útil, senão mesmo essencial. Se skatar com calças de ganga num dia de sol, com 30º é suportável, a mesma coisa durante uma semana numa bicicleta é praticamente impossível (apesar de o Giovanni ter provado que podia ser feito). E ter um t-shirt “técnica” que seca em dois minutos num downhill depois de teres suado litros, temos que admitir, é confortável. Também temos que “dar a mão à palmatória” relativamente às bebidas vitamínicas. Enfim, em dois dias tínhamo-nos tornado em atletas, ou pelo menos durante o percurso que fazíamos até aos spots, onde se dava a transformação para a típica “skatada em tour”: o pessoal todo em êxtase até uma altura em que alguém que está a tentar uma manobra para uma boa foto começa a partir-se todo e a ficar tipo touro enraivecido. Ainda assim, o nosso autointitulado “rei do fit parisiense” não se importava de saltar para cima da tábua a usar apenas estes calções justos, nem o Pete, que poderia usar um gorro num dia com 30º - este tipo de paradoxos, apenas tolerados no mundo do skate, acompanhar-nos-ia ao longo da restante atividade física que nos esperava naquele mesmo dia.


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O bom de ter um local fixo onde ficar é que não era necessário carregar nada além dos skates, sabendo que teríamos um bom duche e uma boa cama à nossa espera todas as noites. Isto teria um papel fundamental no moral do grupo. Não que tenha havido momentos altamente difíceis, mas algumas encostas eram íngremes ao ponto de questionarmos as nossas capacidades físicas. Felizmente tínhamos os italianos a cozinhar para nós todas as noites, no meio do caos e do gesticular tipicamente latino, fechados na cozinha a condimentar excelentes refeições, tão saborosas quanto saudáveis: especiarias com cebolas caramelizadas, fruta e vegetais frescos e sempre com uma opção vegetariana. Nem um único hamburguer durante uma semana inteira! Com paisagens únicas e um pouco de disciplina, esta viagem deixou uma marca indelével num grupo de gente que está mais habituada à preguiça de viagens a Barcelona, onde o alarme nunca toca às 8:30... uma experiência também a nível físico e de amizade, que nos revelou capacidades e uma conclusão inexorável: os desportos extremos não são aqueles que pensamos! Joe Gavin - 180 para siwtch 5-0 Joseph Biais - Ollie Pete Ruikka - Ollie no bump

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Joseph Biais - Frontside flip Joseph biais - Frontside boardslide

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Parágrafo Extra de Geografia Localizada a cerca de 100 quilómetros ao largo da costa de Marrocos, Fuerteventura é a segunda maior ilha das Canárias e, ao contrário da sua irmã Tenerife, onde o Vulcão Teide, se impõe a 3700 metros de altitude, o vulcão mais alto não vai além dos 800 metros, tornando a ilha perfeita para o ciclismo. A primeira coisa em que reparas assim que aterras é a quase total ausência de verde. Vista de cima, a ilha é um deserto perfurado aqui e acolá por pequenos vulcões. Apesar de o solo vulcânico ser fértil, a verdade é que não há uma única nascente e apenas chove uma vez por ano – não cresce nada ali. Só se consegue encontrar alguma paisagem verde nas cidades, onde a água que corre, vem do oceano após já ter passado por um processo de dessalinização. É potável, mas tem um sabor tão esquisito que eles têm que importar grandes quantidades de água mineral para fornecer os 100 000 habitantes e turistas que tiram proveito de um clima em que a temperatura nunca desce abaixo dos 15º, nem acima dos 35. Outro facto interessante, caso o assunto da biodiversidade te seja de algum interesse, é que apenas 3 mamíferos selvagens têm capacidade de sobrevivência nesta ilha: o ouriço, o esquilo (cujo único predador poderia ser o gato vadio) e a cabra, (não me perguntem como), que dá o leite para fazer o queijo, o único alimento ali produzido. E se alguma vez lá fores e te questionares sobre todas aquelas paredes de pedra, de curvas aleatórias por toda a árida ilha, disseram-nos que foram construídas como forma de ocupação dos prisioneiros, que para ali foram enviados no século XIX.


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texto e fotografia Alex Hart

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Escapar ao inverno gelado Canadiano em direção a Espanha e Portugal é o sonho tornado realidade para qualquer skater de Toronto. Há umas quantas semanas, 11 sortudos de nós conseguimos fintar a temperatura de 20 graus negativos, com as ruas de Lisboa, Leiria e Porto. Começámos a nossa jornada em Portugal a partir de uma viagem noturna de 10 horas de autocarro desde Málaga, em Espanha. O nosso destino: a cidade portuária lisboeta. Uma viagem que viria a revelar-se tudo menos relaxante. O motorista, um velho espanhol, com uma unha de mindinho na mão direita com 3 centímetros de comprimento, e que ele tão bem utilizava para os “abastecimentos”, em toda e qualquer paragem. Após a paragem, o motorista “pisava na tábua” como se fosse um morcego em fuga do inferno, excedendo constantemente quaisquer limites de velocidades e conduzindo-nos até à Gare do Oriente uma hora mais cedo do que o previsto, ainda durante a madrugada cinzenta. Como nenhum de nós tinha visitado Portugal anteriormente, ninguém sabia exatamente o que esperar, nem o quanto iríamos divertir-nos. A nossa excitação começou a crescer logo à chegada e à medida que percorríamos de táxi as ruas da cidade, até chegar ao nosso hostel. Convenientemente localizado no centro de Lisboa e muito próximo da Praça da Figueira. O nosso primeiro dia foi para esquecer no que a skate diz respeito, já que estávamos exaustos da viagem do autocarro do inferno, na noite anterior. Passámos um dia de descontração, a conhecer a cidade e a “checkar” spots. Era clara a diferença de “vibração” em Lisboa, quando comparada com as anteriores cidades espanholas, que tínhamos visitado até então. Desde a branca calçada portuguesa em toda a cidade, os edifícios de azulejos azuis e as colinas íngremes do Bairro Alto, Lisboa provocou-nos um sentimento único a todos nós, rapazes de Toronto. Durante os 5 dias seguintes em Lisboa “empanturrámo-nos” de skate, spots, filmagens e festa no Bairro Alto, tanto quanto podíamos. Eventualmente até um pouco em demasia deste último, o que provocou um início de dia mais difícil para alguns... nada que um pouco de sol, uma energética sesta no primeiro spot e uma ganza não resolvessem.

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Este é capaz de ser dos mais complicados “no comply“ que já vimos - Bobby de Keyser… até parece fácil Depois de uma viagem na scooter do Joõo Allen , o Griffin Kirby esticou as pernas na Cerâmica com este frontside ollie

Uma das maiores dificuldades numa viagem como a nossa era o pouquíssimo tempo que tínhamos em cada cidade – 4 a 5 dias. Isto deixou pouco tempo para regressar a spots, se não se acertasse uma manobra. Sentimos isso na pele no nosso último dia em Lisboa, no “bubba para o bank”. Três de nós (o Bobby, o Will e o Charles) queriam skatar aquele spot. Sabendo de antemão que esta era a derradeira oportunidade para skatar ali e sempre na iminência de serem corridos, os tês atiraram-se “àquilo” que nem loucos. Ainda deu para umas manobras... até que um gajo do edifício decidiu que já estava farto daquela barulheira... tivemos que vir-nos embora, ele já estava a chamar a bófia. Enquanto o Jordan Moss (filmer) e eu próprio (fotógrafo) tentávamos sair do telhado de onde estávamos a capturar as manobras, um outro tipo já se preparava para atirar-nos com uma balde de água pela cabeça. Felizmente safámo-nos mesmo a tempo. Tanto o Will como o Charles não queriam deixar Lisboa sem acertarem as manobras, por isso voltámos ao spot com pouco mais de uma hora de luz do dia. O Charles conseguiu a sua manobra (no-comply), mas o Will não teve tanta sorte, apesar de skatar noite fora. Definitivamente, todos deixámos Lisboa com “sabor a pouco”, apenas ultrapassável com um regresso. Especialmente o Will que precisva de “acabar” aquele nollie inward hell no bubba para o bank.

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Este corrimão já viu a sua “bela dose” de manobras, mas um backside overcrooked como este do Charles Deschamps vai certamente ficar na história do spot

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Após sairmos de Lisboa seguimos duas horas rumo a norte, até à cidade de Leiria, em busca daquilo a viríamos a chamar “a praça de mármore sagrada”. Chegados a Leiria de autocarro, cedo percebemos que as coisas eram todas próximas umas das outras. O nosso hostel ficava apenas a alguns minutos da praça. Da nossa varanda até era possível ver lá as skatadas. Os dois dias seguintes foram passados quase sempre na “praça sagrada”. Alguns de nós, com uma “orientação” mais de transições, não podíamos deixar de ir ao “spot da Cerâmica”. Sem acesso a carros, acabámos por chegar lá um de cada vez, na parte de trás da scooter o João Allen, que nos tinha acompanhado na viagem para skatar connosco. Foi memorável. página 75


A paragem seguinte foi o Porto. Todos o pessoal com quem tínhamos estado em Lisboa tinha-nos falado maravilhas do Porto, por isso estávamos mesmo entusiasmados e em ânsias para chegar, depois de quatro horas de viagem de autocarro! Todas as nossas expectativas tiveram correspondência: ótima comida, arquitetura impressionante e spots impossíveis de encontrar em qualquer outra parte do mundo. Mas uma coisa que fez toda a diferença em Lisboa e no Porto foram os skaters locais que nos receberam nas suas cidades de braços abertos e nos levaram aos melhores sítios. O João Allen, o Pedro Pereira, o Pedro Raimundo, o Dressen, deram um “upgrade” à nossa viagem. Este tipo de acolhimento fez muitos do nós pormo-nos logo atrás de bilhetes de regresso a Portugal, em substituição do tradicional turismo de skate de Barcelona...

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“Há 10 anos na luta!” Rua Santa Margarida Nº155 4710-336 S.Vicente Braga skillstheone@gmail.com 253 613 591

tlm: 938 573 967 email: djcaboz@gmail.com

KORNER skateshop

Largo Dr. Vieira Araújo 911 191 765 Centro Comercial Rio Lima - L.- 13 961 415968 4990-066 Ponte de Lima


Viva o México! Com a consistência de uma “piña colada”, Fernando Origel garantiu a vitória.

REDBULL

SKATE ARCADE texto e fotografia Luís Moreira

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Pelo segundo ano consecutivo, a grande final do Red Bull Skate Arcade realizou-se em Barcelona, no parque de diversões de Tibidabo. A atmosfera do local, emergida num pequeno mundo de jogos e das mais diversas atracões e acompanhada de uma vista panorâmica sobre Barcelona de encher de espanto qualquer um, revelou-se o palco perfeito para acolher a final mundial deste grande evento. Este ano, o skater que foi representar Portugal nesta disputa por uma semana na Califórnia com o Ryan Sheckler foi o Gonçalo Vilardebó. O Gonçalo, apesar de ter sofrido uma lesão no calcanhar umas semanas antes e de não estar ainda recuperado, aceitou o desafio e foi skatar com os restantes quinze concorrentes, vindos das mais variadas partes do mundo.

Aviso! Esta manobra pode deixar-te estrábico! Mark Frolich half-cab nose grind nollie-bigspin out

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Gonçalo, pivot-to-fakie Fernando Origel tailslide com sabor a “mezcal”. Ok, já chega de legendas alusivas ao México!

A quadra do campeonato, construída pelo Croyde Mirandon e pelo Michael Groenewagen, mostrou grandes melhorias em relação à da edição anterior. Corrimões a descer, curbs a descer e a direito, gaps, escadas e ainda alguns obstáculos divertidos como um daqueles tubos verdes do nosso tão conhecido “Super Mário”... Mal chegámos ao local e enquanto almoçávamos, vimos o Mark Frolich a dar um incrível half cab nosegrind bigspin out no curb para gap, que mais parecia ter saído diretamente de um videojogo, fazendo justiça ao sítio onde se encontrava. Depois do almoço foi dado início ao campeonato e, aquando disso, começou o festival de manobras. Todos os skaters andaram muito bem, mostrando um nível técnico bastante alto. Contudo, o destaque para os grandes abusos do dia vai, sem dúvida, para a América Latina, que foi, este ano, detentora de todo o pódio. Após ficarem decididos os quatro finalistas, foi dada uma derradeira oportunidade a todos os skaters que tinham sido eliminados, de forma a que um deles pudesse ainda passar às finais. Foi colocado um corrimão a descer nas escadas do skate parque e os skaters tiveram vinte minutos para o destruir. Esta parte correu às mil maravilhas para o Matías Dell Olio, vindo da Argentina que, desde bigflip fs boardslide até half cab noseslide heelflip out, deu tudo o que havia para dar e garantiu, assim, o seu lugar na final. Por outro lado, para o Gonçalo Vilardebó, este desafio não correu muito bem, já que numa tentativa de crooked nollie flip out, deu uma queda bastante forte, que comprometeu o que restava da sua participação. Nos poucos minutos de interrupção que antecederam a final, o Danny Leon decidiu destruir o quarter com os seus enormes voos e manobras técnicas. A final foi bastante renhida com todos os skaters a acertarem manobra atrás de manobra e a levarem o público ao rubro. Foi Fernan Origel quem venceu esta edição do Red Bull Skate Arcade, deixando os segundo e terceiro lugares para John Berajano e Matías Dell Olio respetivamente. Desengane-se quem pensar que a festa que a Red Bull preparou para os finalistas se ficou apenas por este campeonato. Depois disto houve um jantar e “noite de copos” no Nevermind. Neste bar, conhecido por todos os skaters que passam por Barcelona, para além de termos ficado alapados a comer “nachos com guacamole”, beber cerveja, ver filmes de skate e conviver com o resto do pessoal, ainda vimos uma mini mas frenética sessão do Danny Leon no bowl interior. No dia seguinte todos sabíamos que ia haver uma surpresa e que os skaters deviam levar consigo calções de banho. É obvio que esse requisito sugere água, mas o que nunca imaginámos foi que essa surpresa fosse ir para um wake park fazer wakeboard! Para a maioria dos skaters era a primeira vez que estavam a fazer aquilo e não sei se tem a ver com o facto de saberem andar de skate ou não, mas, a verdade é que alguns se safaram muito bem. Foi uma manhã muito divertida e com muitas gargalhadas graças às monumentais (mas inofensivas) quedas, quando alguns dos skaters tentavam voar nas rampas...

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Durante a tarde houve uma sessão de skate por alguns dos mais emblemáticos spots da cidade. A primeira paragem foi em Barceloneta, para skatar os conhecidos banks, e em seguida, o Parallel. Neste spot, o Gonçalo Vilardebó esteve a curtir tanto os seus manuals que quando chegou a hora de bazar, ele estava sempre a pedir mais uma tentativa. Ainda foi a tempo de dar umas boas manobras no manual pad. O ultimo spot foi, como não podia deixar de ser, o MACBA, um dos spots mais conhecidos e respeitados de todo o mundo. Depois de tudo isto... voltou a haver mais um jantar e festa noite dentro. Para nós, que tínhamos transporte para o aeroporto às 4:15 da manhã, não foi assim tão pela noite dentro quanto isso... ainda assim não temos razão de queixa!


O Gonçalo devia ter ganho uns pontos extra pela dedicação. Mesmo com os pés numa desgraça representou bem as cores nacionais. Nose manual nollie 360 flip e crooked

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