SURGE Skateboard Magazine, 29th issue: "Prémios SURGE 2015"

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2015 maio/junho Bimestral Distribuição gratuita

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#WESTGATEONELEMENT

Photo by element advocate brian gaberman

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Pedro Raimundo “Roskof” editor

Mais sorte que juízo Sim, tu que estás aí descansado a ler esta revista num qualquer sítio insuspeito, como a tua caminha, ou sentado confortavelmente no tampo de uma sanita, és das pessoas mais sortudas que conhecemos. Tu e, claro, nós todos que temos o privilégio de poder fazer algumas das coisas de que mais gostamos. Verdade seja dita, se fizéssemos só mesmo aquilo que queremos, a vida não tinha piada nenhuma ou, como diz a sabedoria popular, por vezes só damos valor às coisas quando ficamos sem elas. No nosso caso vibramos intensamente com skate, com as manobras, com as histórias, com os vídeos, ou, como vais poder ver nesta revista, também com as distinções e com o reconhecimento do trabalho feito. Nesta edição, a reportagem dos Prémios SURGE 2015 é um dos artigos em destaque e, tal como na primeira edição deste evento criado pela SURGE, foram muitas as reações, opiniões e bitaites sobre os nomeados e vencedores dos prémios, sobre a localização da festa, basicamente sobre tudo e mais alguma coisa. Claro que para nós, por um lado é bom ver essa paixão e debate aceso, mas por outro lado faz-nos pensar na razão pela qual criámos os Prémios e também na sua importância para o mundo que nos rodeia, afinal nestes Prémios ninguém ganha milhões, não se ganham carros, motas, não se distingue pessoas que trabalham na luta contra a pobreza, na cura do cancro, ou no resgate de emigrantes do mar aqui mesmo ao nosso lado. Basicamente, o que queremos com estes Prémios é poder agradecer às pessoas que se dedicam ao skate no nosso país e também aos nomeados, aos júris, a todos os que participam online na votação, a todos os que fazem uploads de vídeos, mesmo que seja a esbardalharem-se por completo para toda a gente ver, aos que partilharam os links para os amigos votarem e, claro, a todos os que estiveram presentes para festejar connosco em Leiria. A verdade é que nós que aqui andamos a passar tardes nos skate parques, ou nas ruas com os amigos, nós que temos tempo para ver vídeos e revistas de skate, que podemos discutir o estilo deste e daquele skater, que podemos passar tardes num quintal a dar ollies, ou os que podem viajar pelo mundo a andar de skate, nós é que somos os verdadeiros premiados! Ou somos, no mínimo, uns grandes sortudos…


PHOTO : KINGSFORD

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212 972 054 - info@marteleiradist.com


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Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127

Boobie Trap - Barreiro Idealizado por skaters + construído por skaters + utilizado por skaters = bons tempos. Se toda a matemática fosse assim, não duvidamos que haveria muito poucos chumbos….

Entrevista Duarte Pombo Come corrimões médios assim que se levanta, curbs ao almoço e corrimões gigantes ao jantar… uma boa dieta para o nosso amigo Duarte Pombo

Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271

Dr. Manka-te

Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com

Laurence Keefe

Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com

Numa conversa com o Laurence vais perceber que não precisas daquelas imagens da Nasa para ver como o nosso planeta é mesmo pequeno

Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Fotógrafos residentes: Luís Moreira João Mascarenhas Publicidade: pub@surgeskateboard.com Colaboradores: Rui Colaço, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela, Ruben Claudino, Rui Miguel Abreu.

A puta invisível… não, não é a da rotunda de Sines, esta é mesmo microscópica.

Puerto Rico Para muitos um paraíso, para outros nem por isso. Vantagens e desvantagens de ser das Caraíbas e estar associado ao Tio Sam

Tribruto Quem não gosta de um bom Chavascal? Ok, talvez os vizinhos… mas isso é porque ainda não ouviram estes moços do Algarve

Vintage Skateboard Collection À primeira vista podem ter apenas quatro rodas e uma tábua, mas estes objectos têm história e muito mais.

Tiragem Média: 8 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa

Capa:

Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal

A Marvel esteve quase para contratar estas personagens todas para lançar uma nova série de comics mas felizmente desistiram da ideia, iam roubar protagonismo ao Quarteto Fantástico, X-Men e afins…

A melhor maneira de secar os calções de banho depois de uma tarde na Praia? 50-50s pop-out em curbs bem altos. Quando se sai da manobra aquela brisa é do melhor que há… João Allen - Monte da Caparica

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.

fotografias Nuno Capela

fotografia João Mascarenhas

www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros



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CRÓNICA DO

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fotografia Luís Colaço

Dr. Manka-te drmankate@surgeskateboard.com

A PUTA INVISÍVEL Não existe nada pior para quem ama andar de skate diariamente do que uma lesão. Sempre foi uma das minhas grandes preocupações. Só de imaginar não poder andar mais de skate para o resto da vida... São vários os casos de pessoal que tem lesões graves e nunca mais pôde skatar... o skate é um desporto duro. É com cada estoiro que damos, que até apita! Torcer os pés é mato e partir algo também faz parte! O pior mesmo é ficar sem andar. Na grande maioria das vezes, as coisas com o tempo voltam quase ao normal. Mas é realmente um martírio esperar por melhorias... ficar sem andar de skate é um pesadelo! Sempre tive alguma sorte. Nunca tive muitas lesões graves. Torci várias vezes os pés e abri os pulsos, mas nunca nada de complicado. Fui parar uma vez ao hospital quando, ao tentar um switch crooks num curb super encerado, bati com o coco no chão e fiquei a ver estrelas. Traumatismo craniano e adeus ao switch crooks... nunca mais tentei... dasss!!! E quando damos um estoiro gigante, daqueles de ficar a babar, à pala de uma puta? Todos nós, desde o vizinho lá da rua que dá umas voltas de patinete, até ao Guy Mariano e companhia, já sofremos na pele com essas putas que por aí andam... Essas putas são muitas vezes as grandes culpadas das nossas lesões. Vacas, pá! Fazem-se invisíveis, ficam à espreita, na manha do gato e quando te preparas para tentar a manobra surgem do nada e... já foste! Ainda por cima, dão o ar da sua graça quando tens os joelhos fletidos, naquele preciso momento em que estás mais vulnerável, com a cabeça apenas pensando na manobra! Putas do caralho, pá!!! Tu tens medo. Tu sabes que elas existem. Tu procuras por elas. Mas nunca as vês!!! Nunca!!! Estas putas destas pedrinhas minúsculas são as nossas grandes inimigas! Todos os skaters deviam juntar-se, fazer uma recolha de assinaturas e levar este grande problema à Assembleia da República! Isto tem de acabar! Isto, sim, é grave! Muito mais grave que o Jon Snow ter morrido, foda-se! Por outro lado, se elas continuarem por aí, desde que se cruzem apenas com os nossos amigos e não connosco, não é assim tão mau... é de chorar a rir... Hahahahahaha... Beijos na bunda, Dr. Manka-te

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From Dirt to Dust book and Out of Steppe documentary available now! Photography: Percy Dean and Cyrille Weiner / Writing: Seb Carayol Cinematography: Stephen Roe / Featured Skateboarders: Joseph Biais, Jerome Campbell, Igor Fardin, Sylvain Tognelli, Yoshihiro “Deshi” Omoto and Phil Zwijsen

Ten years after, skateboarding the urban revolution of Mongolia (2004 –14)

www.carhartt-wip.com Jerome Campbell, BS wallride – Photos: Percy Dean & Cyrille Weiner


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fotografia João Mascarenhas / André Costa texto André Costa, João Sales, Nuno Nunes

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BOOBIE TRAP

Tão rápido que até fumega, Zé Cardoso 5-0 Pensavam que o Gustavo Ribeiro não skatava transições? Nosebone tweak


O skate no Barreiro já vem desde os anos 80, mas foi a partir dos anos 90 que a cena começou a crescer, quando os “locais” se juntavam à malta da Fonte da Prata, Moita, Pinhal Novo e Baixa da Banheira para irem skatar ao Largo de Jesus, em Setúbal. Eram cerca de vinte skaters e cada viajem de comboio era “alta” festa.


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Renato Aires - Bluntslide

Depois dos Ementa, o bowl da fábrica 22 nunca mais vai ser o mesmo… Aníbal Martins front feeble

Mais um pouco e o Henrique Vieira tinha dado este smith-grind na cabeça do porco no espeto


Porém, era na Estátua Alfredo da Silva, no Barreiro, que a malta se reunia para skatar, era o spot onde todos paravam sempre… nessa altura já era um grupo grande, com malta que se tinha juntado nas viagens para Setúbal. Não moravam no Barreiro mas estavam sempre na Estátua e iam para todo o lado juntos. Em 2008, com a remodelação da cidade, o Barreiro perdeu o spot da Estátua. Mas, mais que isso, perdeu-se o ponto de encontro. Depois disso a malta dispersou: contusões, casamentos, trabalhos… dificultaram mais ainda o encontro dos skaters e a cena local quase morreu. Em 2000 foi inaugurado o Parque da Cidade e ouviram-se rumores de que iria ter um skate parque, desejado há mais de 20 anos, e com várias tentativas para consegui-lo, junto da Câmara Municipal. Quando não se troca qualquer ideia com os skaters ou com quem percebe de skate, o resultado é mau: no caso, um espaço sem nada, chão mau e 3 semiesferas de betão plantadas no meio sem qualquer sentido. Criou-se o mito de que na planta original seriam 3 bowls pequenos e que aquando da construção… fizeram ao contrário... com isto nasce um espaço que praticamente não era utilizado. Era tão medíocre que os “locais” chamavam-lhe “o spot da Trampa”.


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BOOBIE TRAP

Jo達o Sales wallride pop out


Construir um spot com as próprias mãos sempre foi um dos sonhos dos skaters Thaynan Costa e André “Def”. Depois de muitas conversas, o Thaynan, aproveitando o apoio de um de seus patrocinadores, a Red Bull, pensou em fazer um projeto para concretizar essa ideia. A primeira pessoa em mente para ajudar nesse tipo de projeto foi o João Sales, já com um bom curriculum em carteira, basta pensar no spot da “Cerâmica”. O passo seguinte seria encontrar um espaço com uma autorização do proprietário, na área de Lisboa, que servisse para construir um spot DIY. Dessa vez a ajuda veio através do Nuno Nunes, o “Tista”, e do João Tacão, que pela da associação Gasoline conseguiram autorização da Câmara Municipal para usar o skate parque do Parque da Cidade. Juntou-se o útil ao agradável e o espaço que tinha apenas umas mamas em betão e uns degraus em semi circulo dá origem ao “Boobie Trap” - na relação entre as mamas (boobie) e o spot onde as gaivotas devoravam as crias dos patos e das galinhas - armadilha (trap)

Foi cerca de 1 mês e meio de construção, num processo simples mas desgastante, que começou a demolir parte do que lá estava, cortar as guias e subtrair as áreas para os novos obstáculos. Foram colocadas guias de madeira, completadas com entulho das rampas que haviam sido demolidas e montadas as estruturas de ferro, que formam o esqueleto das rampas… o clima esteve sempre instável, entre chuva, vento e calor, o que dificultou imenso para se fazer o betão. A Red Bull apoiou com o financiamento do material, a CMB com a logística, a Gasoline com a gestão da alimentação e a Associação Rumo com a estadia.


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BOOBIE TRAP


Aníbal Martins - alley hoop nose grab 360

O desenho e planeamento do parque foi feito por nós, Wasteland Ramps, pelo Thaynan, Rapha e pelo Ricardo, mas durante o processo foram sempre feitas mudanças. Como se diz no Barreiro: “Põe-te a funcionar!”. Antigamente os spots eram construídos com madeira roubada nas obras, agora passou a ser com betão.

Como foi ele que o fez já sabia onde encaixar de maneira a ir até ao fim - André Costa, Boardslide


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BOOBIE TRAP

Thayan Costa frontside wallride. Bom trabalho, rapaz!

Agradecimentos: todos os envolvidos, especialmente ao Thaynan e ao seu pai Rogério, à Red Bull Portugal por confiarem em nós, skaters. Ao João Sales, Narciso Afonso, Nuno Nunes, Fernando Klewys, André “Def” Costa, P1, Pedro Nogueira, Tacão, Sons, e ao Aires por toda dedicação. Muito Obrigado!


Skater: Tiago "Tiggy" Relvas

Fot贸grafo: Andr茅 Pires Santos

fotografado com: Profoto B1 500 AirTTL

www.niobo.pt


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L A U R E N C E

K E E F E SKATE


Contrariando a norma, esta foi uma das poucas vezes que uma uma rede social teve um papel bem positivo e fundamental numa relação pessoal. Tendo ele próprio recebido a recomendação para visitar nosso país através de um comentário no instagram, quando recebi uma mensagem do Laurence a perguntar-me se o podia ajudar numa visita relâmpago ao nosso país fiquei um pouco descalço, nunca tinha falado com ele até então e, afinal, o rapaz vinha ao Porto apenas durante um dia e para aproveitar a folga do seu melhor trabalho até à data - como residente estrangeiro em Tóquio, tinha sido contratado por uma marca para servir de intérprete a um skater japonês que veio à Europa para competir n’ oMarisquino, em Vigo. Realmente, há empregos chatos… Mas como não podia ir recebê-lo encaminhei-o para a rapaziada do Porto, que o tratou como só os Portugueses sabem. Chegou ao Porto, comeu duas Francesinhas, apesar do mau tempo ainda skatou, filmou um clip, tirou uma foto e voltou a entrar no autocarro para voltar a Vigo. Meses mais tarde, durante uma visita nossa a Tóquio disse-lhe: “tens de voltar a Portugal, mas desta vez mais do que só uma tarde”. Aceitou o convite, meteu-se no avião e uma semana depois tínhamos produzido esta entrevista, o que mostra bem a dinâmica deste rapaz, que apesar de ter nascido numa pequena cidade inglesa tem como objetivo conhecer o mundo com o skate nos pés.

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Obrigado pela visita, Laurence, és sempre bem-vindo…

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Nosewheelie num daqueles sítios em que toda a gente diz que não dá para andar de skate. Mas, claro, quando se anda de skate na Coreia do Norte, Irão e Iémen as coisas em Portugal parecem sempre fáceis

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fotografia Luís Moreira, João Mascarenhas

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entrevista Roskof

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LAURENCE KEEFE

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Quem é que está por detrás do “Visual Travelling”? O Patrik. Ele é o chefe. Estas viagens são sempre ideia dele. É ele quem planeia o itinerário, envia-nos mapas e todas essas coisas. Nessas coisas ele é bastante alemão, por assim dizer. Planeia tudo ao pormenor. Não tenho a certeza se ele, no início, pensava em fazer apenas uma viagem, ou se já planeava as seguintes, mas agora parece que estamos a ir a todos os países que existem. Começámos na Rússia e a seguir fomos para o extremo oriente, voltando pelo médio oriente, sul asiático, sudeste asiático, península árabe e no próximo ano vamos a África. Dá-me a sensação de que, da direita para a esquerda, estamos a varrer todos os países que encontramos no mapa. Qual foi a primeira viagem que fizeste e o que é que veio a seguir? A primeira tour em que eu participei foi a que deu origem ao filme “10 000 km”, da Visual Traveling. Foram dois meses a viajar no comboio transiberiano, de Moscovo até Hong Kong, com paragem em 11 cidades. Essa foi a minha primeira grande viagem. A partir de aí os destinos foram bastante aleatórios e ninguém sabia muito bem em que é que tudo isto se ia tornar. E não foi fácil para o Patrik convencer toda a gente a embarcar nas suas aventuras. Qual é a relação do Kenny Reed com o “Visual Travelling”? Nos vídeos “411 Around the world” e noutras coisas desse género, o Kenny Reed já viajava por sítios aos quais mais ninguém ía para andar de skate. Ele é, sem dúvida, uma inspiração para nós e foi assim que se envolveu no “Visual Travelling”... tem vindo em quase todas as viagens. Para além disso tudo, ele está mais do que disposto a ir para onde quer que seja com gajos que não conhece de lado nenhum.

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Wallride nollie out Setúbal A

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Um spot bem conhecido, uma manobra, por vezes, desconhecida… nosebump Nem sempre o que se cola aos vidros são coisas nojentas… este wallride é bem apetitoso

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Como é que é andar de skate em sítios onde isso é tão raro ou, mesmo, inexistente? As reações das comunidades locais são sempre diferentes, mas quase sempre positivas. Por exemplo no Afeganistão estávamos a skatar um monumento e eu pensei que aquilo podia “cair mal” às pessoas de lá porque muita gente morreu para aquilo estar ali e nós estávamos simplesmente ali a andar de skate como se aquilo fosse nosso... mas, na verdade, toda a gente adorou ver-nos andar. Talvez porque grande parte deles cresceu rodeado de guerra a vida toda e não teve uma boa infância... e ver ali um punhado de gajos a brincar e divertir-se, talvez os tenha deixado um pouco mais contentes. Como é que apareceu o teu interesse pela fotografia? Eu era o único gajo que, nestas viagens, nunca tinha uma câmara e não fotografei absolutamente nada durante as primeiras viagens. Olhava à minha volta e via três fotógrafos, um gajo com uma câmara de filmar e toda a gente a tirar fotos às mesmas coisas. Talvez tenha sido uma boa experiência, porque enquanto toda a gente estava constantemente a ver tudo na perspetiva limitativa de uma câmara, eu podia absorver o ambiente todo e ter uma abordagem diferente. Contudo, a dada altura e graças ao encorajamento do resto do pessoal, decidi comprar uma máquina fotográfica e comecei a tirar fotos. Foi fácil aprender as bases porque todos eles já fotografavam há anos e estavam disponíveis para me ajudar... e pronto, tal como o bichinho das viagens cresceu, o da fotografia fez o mesmo. É completamente diferente ver fotos de outras pessoas e teres as tuas próprias fotos para recordares o que viveste. A

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LAURENCE KEEFE

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Ainda bem que no skate não há polícias de trânsito, senão com este wallie em sentido contrário era multa certa Um viajante é sempre bem-vindo ao skate parque de calçada mais conhecido de Portugal, frontside boardslide

O que é que achas da forma como os putos hoje veem fotografias de skate? Hoje em dia toda a gente vai ao Instagram e vê as fotos mais pequenas do que o ecrã do telefone. Como se isso não bastasse, olham para ela durante um ou dois segundos e depois põem um gosto. Acho que é triste que até a fotografia de skate esteja a reduzir-se a isso.

Conta-nos uma experiência que te tenha marcado numa dessas viagens. O pai do rapaz que andava a mostrar-nos spots numa certa província do Afeganistão trabalhava para o governador e por isso tínhamos ali um contacto. Graças a isso acabámos por ser escoltados e protegidos por um pequeno exército armado enquanto viajávamos por aquela zona. Ali nós éramos um alvo relativamente óbvio e fácil, porque eu sou inglês e havia outros gajos que eram alemães e russo... e, se pensarmos um bocadinho nisso, os ingleses tentaram invadir o Afeganistão no passado, os russos também, a Inglaterra e a Alemanha estavam a ocupar aquela zona quando lá estivemos e por isso talvez não fossemos o grupo de pessoas mais popular por aquelas bandas. Para além disso, estávamos a andar de skate, que não é de todo uma coisa comum por lá e cada vez que parávamos num spot reuniam-se aí umas 100 pessoas, o que automaticamente fazia desse sítio um bom alvo para um ataque terrorista. O exército levava-nos aos spots com os seus lança rockets e metralhadoras, apontavam Kalashnikovs às pessoas para elas saírem da frente e nós podermos skatar umas escadas. Foi uma experiência, no mínimo, surreal.


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Fala-nos da fotografia da miúda com uma tatuagem de skate. Tatuar é ilegal no Irão. Se tu tiveres uma tatuagem, as pessoas olham de lado e reagem bastante mal. Mas se és apanhado como tatuador a tatuar alguém és preso. Ainda por cima o Irão é um sítio complicado para se ser uma mulher. Há imensas leis repressivas que impedem as mulheres de fazer muita coisa. E enquanto lá estive tirei essa fotografia de uma rapariga que anda de skate e tem o desenho de um skate tatuado no braço. É bom ver pessoas como esta, em países onde as liberdades individuais são tão reduzidas, a terem paixão por coisas como o skate. Estiveste recentemente no Iémen. As notícias que vemos em relação ao Iémen têm sempre a ver com guerra e uma grande tensão no ar. Como é que correu? É complicado saber o que realmente se passa em sítios como estes e, às vezes, mostramo-nos bastante ignorantes. Talvez haja coisas a acontecer das quais nós não fazemos a menor ideia, mas uma coisa é certa, os media ocidentais não são de confiar. Uns dias antes de irmos para o Iémen vimos as notícias e parecia que reinava o caos por lá. Tanques de guerra nas ruas, pessoas a matarem-se umas às outras, raptaram o conselheiro do presidente e uma parafernália de coisas loucas a acontecer. Pensamos que vamos ter que dormir no aeroporto e mesmo sob essa perspetiva imaginamos o aeroporto a ser ocupado pelo exército, o governo a ser derrubado, ou alguma coisa desse género. Chegámos lá e não se passava absolutamente nada. Tudo super relaxado. Skatámos pelas ruas, fomos comer kebabs… não houve problema algum. Temos que ter cuidado com o que os media nos dizem porque, na verdade, eles têm muitos constrangimentos políticos.

Como é que vieste parar aqui a Portugal? No verão passado fui ao Marisquiño a Vigo com um miúdo japonês que costuma ir a campeonatos e consegui adiar o meu voo de regresso por dois dias. Um gajo que eu não conhecia de lado nenhum chamado Luís Guedes disse-me para ir a Portugal e deu-me o contacto do pessoal da Surge. Falei convosco para arranjar companhia para andar de skate e acabei por ir um dia para o Porto e, apesar de ter chovido, deu para perceber que era um sítio altamente e que tinha que voltar. Desta vez estava na Europa entre duas viagens e pensei: “Que se foda! Vou para Portugal!” Em termos de viagens, o que é que vem a seguir? Não sei o que vai acontecer a seguir, nem para onde vou. No próximo ano estamos a planear ir a África, mas isso é tudo quanto eu sei. Não sei se vou ser capaz de continuar com este tipo de vida porque realmente é bastante livre mas ao mesmo tempo tens que sacrificar muita coisa para conseguires ir em frente. Estou feliz no Japão, mas não sei quanto tempo mais vou poder estar lá. Há sempre problemas com o visto e é mesmo muito longe da Europa. Neste momento estou a aproveitar ao máximo e continuo a mover-me... quero tirar o máximo partido possível deste estilo de vida enquanto posso, porque pode não durar para sempre. Posso acabar a viver sabe-se lá onde. Nunca pensei viver no Japão, ou seja, por esta ordem de ideias posso vir a morar aqui em Portugal.

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Felizmente que o condutor do Eléctrico parou nesta rua para que o Laurence passasse. Não percebemos porque é que não metem um semáforo para passarem skates…

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A rotunda da Boavista tem, sem dúvida, das mais impressionantes estátuas da cidade do Porto. E a partir de agora também um dos spots mais impressionantes para dar 5-0s Enquanto a maior parte dos homens apanha grandes secas a ver as mulheres às compras neste shopping, o Laurence diverte-se à grande – Nosegrind. Setúbal

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Como é que consegues andar sempre a viajar sem grandes patrocínios ou alguém que pague todas as despesas? Não há desculpa para não viajar, se realmente for isso que tu queres mesmo fazer. Não precisas de patrocínios nem ninguém a pagar as viagens. Claro que tens que fazer muitos sacrifícios. Por exemplo, podes não ter dinheiro para pagar a renda de casa enquanto estiveres fora e tens que estar disposto a ficar sem casa por uns tempos. Mas se tiveres disponibilidade para abdicar desse tipo de conforto, consegues ir para qualquer lado. Podes sempre trabalhar no estrangeiro também. Aqui em Portugal vejo que grande parte dos jovens fala bem Inglês e ainda por cima estão na União Europeia, o que faz com que fixar-se noutro país dentro dela seja relativamente fácil. Para além disso, hoje em dia é possível voar para mil e um sítios de forma muito barata. É claro que vais ter boas e más experiências, mas mesmo grande parte das más vais ficar contente por terem acontecido, porque se souberes lidar bem com a situação, vais sempre aprender alguma coisa útil para o futuro. É muito bom viajar, mas podes ficar onde estás e fazer da tua cidade um sítio especial. Nem sempre o objetivo tem que ser procurar incansavelmente o próximo destino. A

Não és um skater muito técnico e mesmo assim acabas por ter sempre destaque nos filmes em que participas. Como é que isso acontece? O skate não é um desporto. Tu não podes ser o melhor. Não existe melhor. Eu ando de skate há bastante tempo, já vi muitos skaters fora de série... na verdade, hoje em dia todos os putos andam muito e por isso não vejo o que interessa treinar assim tanto. Tu podes dar um kickflip por cima de um banco ou um switch heelflip e, no final de contas, que diferença é que isso faz? Estás a fazer a mesma coisa mas com um movimento de tábua ligeiramente diferente. É tudo a mesma coisa e torna-se aborrecido. Às vezes vou em tour com americanos que andam mesmo muito e dão manobras com um grau de dificuldade técnico absurdo. Coisas que eu não consigo nem de perto, nem de longe, igualar. No meu caso, se quero aparecer no mesmo vídeo que eles, vou ter que ter uma abordagem nova em relação ao spot e marcar a diferença por aí. SKATE


Rider: Dan Plunkett Photography by Atiba Jefferson Distribuição marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com

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fotografia Nuno Capela, João Mascarenhas texto Surge

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L E I R I A Caso ainda não saibam, Leiria é uma cidade especial, assim como todas neste nosso país (!) Por isso, mas não só, foi a escolhida para receber a segunda edição dos Prémios SURGE. Se há cidade no país com tradição no skate, Leiria é, seguramente, uma delas. E dizemos tradição não pelas gerações de skate que por lá passaram, mas sim pelo que elas fizeram de diferente e pelo trabalho realizado. Não adianta ser uma grande cidade, ter muitos skaters e ninguém fazer trabalho. Na cidade do Lis, temos de tudo, skate parques construídos por skaters, spots indoor construídos por skaters, marcas de skate locais, exposições, lojas 100% skate, até construtores de mobiliário feito com tábuas de skate temos. E foi com essa mesma disponibilidade da comunidade local que fomos recebidos para mais esta festa de skaters. Mesmo estando em terreno conhecido, temos que confessar que ainda não sabíamos bem do que estávamos à espera... afinal, nesta coisa dos eventos, a norma é sempre à segunda edição as coisas não correrem tão bem como planeado, ainda por cima com a festa do ano passado no Porto ainda bem viva nas nossas memórias... será que este ano iria corresponder às nossas expectativas? Será que esta pergunta faz, sequer, sentido? A verdade é que não, nas palavras de um nosso colega, na festa dos Prémios SURGE as pessoas quase nem se lembram de quem ganhou, lembram-se, sim, da festa e da diversão. E é disso que vamos falar… ok, também vamos dizer-vos quem ganhou, mas só porque pediram com jeitinho.

Apresentado por: ELEMENT, C1RCA, DC Shoes e LRG, DVS e MATIX


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PRÉMIOS SURGE 2015

Os Anfitriões Nikita Gorev e Ruben Nogueira Combinando a gramática de um gangster dos Urais russos com a prosa da Amadora só podíamos ter uma noite super bem-disposta. Tiveram muitas vezes que tomar as rédeas do público, mostraram os melhores passos de dança na pista, uns verdadeiros senhores… ouvimos dizer que já foram convidados para apresentar os Óscares, mas não confirmaram, porque dizem que pode coincidir com a festa dos Prémios SURGE 2016.


O Fábio Diniz estava na Fonte Luminosa, em Leiria, a descontrair. De repente diz: “vamos ali dar um Hardflip num instante, só para acordar”… 10 minutos depois voltou e deitou-se na relva outra vez. É tão bom ser jovem.


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PRÉMIOS SURGE 2015

Ah e tal não vamos a Leiria porque não há muitos spots sem ser a Fonte. Pois, este fica em Alguidares de Baixo, logo a seguir a Alguidares de Cima… Tiago Pinto, Ollie por cima do corrimão


Stereossauro Ainda hoje a pista do Bar Anubis, em Leiria, deve estar a pensar o que raio se passou ali. Literalmente, arrasou a casa durante a sua atuação. Tivemos que fazer um reforço de última hora dos pilares, - não fosse alguém levar com partes do teto na cabeça, - fez com que muitos meninos bem comportados perdessem não só a cabeça com os movimentos de dança mas também várias partes de vestuário... as estudantes femininas do programa Erasmus presentes na festa ainda lhe devem estar a rogar pragas. Como um verdadeiro antigo skater das Caldas da Rainha… foi do caralho! Anubis Bar Não poderíamos ter escolhido melhor sítio para a festa. O Mário e a sua equipa foram incansáveis, disponíveis e, acima de tudo, bem dispostos. Quando forem a Leiria e quiserem beber um copo passem lá. Digam que foi a SURGE que vos recomendou... de certeza que vão receber tratamento vip: very important pelintra… Tribos Urbanas Skateshop local com mais história do que aquele gajo com um chapéu esquisito que se lembrou de plantar um pinhal lá para aqueles lados. Quase 20 anos de skate, fotos, vídeos, rampas, skate parques... local de passagem obrigatória na cidade. Se quiserem uma recordação de Leiria, o Steve, o dono, pode sempre fazer-vos uma tattoo souvenir. Cerâmica Temos de confessar que não esperávamos que tantos sobreviventes da festa chegassem ao churrasco neste já mítico spot, no domingo. Ainda por cima sabemos como custa o “dia seguinte” quando as temperaturas também não são nada amenas. Verdade seja dita, seja para recuperar o sono de uma noite perdida, ou para estar horas a skatar sem parar, este spot construído pela comunidade local - e que não é tão fácil assim de skatar como parece - é, sem dúvida, um dos exemplos mais representativos do que é possível fazer quando não se passa o tempo livre agarrado ao computador, ou a trabalhar para receber o salário em likes. Losemptyheads Vieram de Setúbal com os instrumentos num carro das compras roubado. Logo atrás deles numa carrinha: geradores, capacetes e uma grande atitude. Animaram a tarde de domingo na Cerâmica, fizeram com que houvesse skaters, literalmente, a pendurar-se nas paredes, e a música que fizeram sobre a Escola, sabemos nós que já foi escolhida pelo Ministério da Educação como hino do ano letivo 2015/2016.


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Mais clássico que a 9ª sinfonia de Beethoven, só mesmo um ollie por cima de uma boca-de-incêndio -Telmo Gonçalves


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Espalho do Ano Afonso Castella, excitado por a sua queda ter sido a mais votada nesta categoria, decidiu mudar de nome mesmo ali no palco na hora de receber o prémio, por isso agora quando o encontrarem chamem-lhe António, ele depois explica-vos o porquê e também vos vai perguntar se sabem qual a morada do Nikita, para lhe ir lá fazer uma visita. Foto do Ano João Allen, “Lipslide”, pelo “moce” João Mascarenhas – O Ruben Nogueira arrasou esta entrega de prémios com o seu sotaque de Olhão, mas adiante, esta é a dupla responsável por algumas das melhores imagens do skate nacional e também pela extinção de uma das melhores revistas de skate do mundo... por causa de uma foto na capa… constroem num lado, destroem noutro… respect!

Enquanto a maior parte da malta ainda recuperava da noite anterior, já o Miji andava a 200 na cerâmica. Smith grind Num sítio onde antes se coziam tijolos agora cozem-se noseblunts. Sinais dos tempos… Zenildo Guilherme, noseblunt Segundo sabemos, assim que chegou lá acima disse… “que bela vista…” Miji, wallride grab

Vídeo do Ano Dzejbenzas – Como diz o ditado, “à noite todos os gatos são pardos e todos os skaters são selvagens”, ou algo assim parecido, e ainda bem que assim é. As imagens captadas por este grupo de skaters nas noites da baixa de Lisboa lembram-nos das mil e uma maneiras de viver o skate nas ruas. Rápido, alucinante e com os amigos, 100% cru, 100% skate! Puto do Ano Gustavo Ribeiro – Tendo um irmão gémeo que anda tanto de skate como ele, é quase uma vantagem injusta face aos outros jovens skaters portugueses. Há anos que os dois que dão cartas no skate nacional e mesmo que muita gente às vezes não consiga distingui-los, depois de veres a sua vídeo part conjunta @twinvision vais ficar de olho nestes dois rapazes... o Gustavo foi, no entanto, o mais votado e assim levou o prémio para casa. Certamente irá ficar no quarto de ambos.


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Ruben Gamito: as linhas aéreas mais baratas para viajar de Santo André a Leiria – Nosebone


Loja do Ano Kate Skateshop – Mais uma vez esta loja com nome de princesa Inglesa (deve ser em homenagem ao vinho do Porto) levou o prémio para a invicta. Isto de dar prémios a lojas com nomes de gajas tem de acabar, de certeza que foi por isso que o pessoal votou neles, para o ano queremos uma skateshop nomeada com um nome de Ricardo, ou Zé Manel, a levar o prémio. Figura do Ano – Óscaralho – João Allen Depois de ter feito uma nossa amiga passar uma vergonha do raio a ir comprar um “caralho gigante” às Caldas, foi com grande tristeza que vimos que o João Allen depois de recebê-lo conseguiu “castrar” a cabeça ao nosso querido Óscaralho. 2014/2105 foi, sem dúvida, o ano do João Allen. Produziu como ninguém, construiu spots, viajou pelo mundo e terminou com a capa e entrevista na última edição de sempre da Kingpin. Por isso e por muito mais é mais do que merecido levar para casa aquele que é certamente o maior par de tomates dourados em Portugal. 3ªidade do Ano – João Sales Este é daqueles prémios em que quem o recebe talvez não fique muito contente. “3º idade, estão a chamar-me velho, ou quê?” Mas no caso do Sales sabemos que não e, como também sabemos, para que os jovens possam divertir-se hoje em dia é preciso que haja “velhos” a fazer trabalho. Esta palavra é a favorita do Sales, o homem não para quieto, sempre a inventar e construir novos spots, sempre com ideias novas… apesar de estar perto dos 40, tem mais espírito que muita malta nova. Prémio Carreira - Francisco Lopez “França” Isto de ser skater há mais de 25 anos tem muito que se lhe diga... e quando ainda lhe juntamos desenhar e construir skate parques há mais de 15 anos, aturar e orientar gerações de skaters como team manager, produzir fotos, vídeos, competir e, ainda por cima, a “dar na pá” nos campeonatos aos skaters quase 20 anos mais novos, isto, certamente, não é para todos. Felizmente para o skate nacional o arquiteto Francisco Lopez não tem intenções de trocar o skate pelo fato e gravata tão depressa. Skater do Ano – Thaynan Costa Quando no princípio do filme da Enjoi um gajo qualquer chama ao Thaynan “Mogli, do llvro da selva” ficamos sem saber se esse mesmo gajo sabe que o Thaynan mora na Amadora… será o Thayan o Mogli da selva urbana? Pensamentos profundos à parte, depois de um ano cheio de lesões, de ter aplicado o seu dinheiro de um patrocínio para oferecer um skate parque à comunidade skater do Barreiro e de ter direito à primeira parte num vídeo da Enjoi, deixando, literalmente, skaters de todo o mundo com os olhos trocados, não nos surpreendeu a escolha feita pelos seus colegas para skater do ano. Infelizmente não pôde estar presente a receber o prémio por estar em tour no Alaska… de qualquer maneira e trocadilhos à parte já combinámos uma “tainada” assim que volte a Portugal, para lhe entregar em mãos o merecido prémio.


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PRÉMIOS SURGE 2015

P R É M I O S

S U R G E

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L E I R I A

OBRIGADO A TODOS!

PRÉMIOS

surge 2015


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D U A R T E entrevista e fotografia Jorge Matreno

P O M B O



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DUARTE POMBO


Apresenta-te lá à SURGE, Pombinho! Sou o Duarte Pombo. Tenho 22 anos e sou de Carcavelos. Há quantos anos andas de skate e porque é que começaste a skatar? Comecei a skatar por causa dos Morangos com Açúcar. Por causa do programa o skate estava bué na moda. Vi skates na rua e alguns amigos já andavam de skate. Na minha escola também havia aulas de skate e tudo junto fez com que eu começasse a skatar. Tu fazes parte das primeiras gerações em Portugal que ganhou as bases numa escola de skate. Consideras importante ter aulas de skate, ou achas que também se aprende a skatar sozinho? Eu, pessoalmente, acho que ambos os métodos funcionam. Para mim o fundamental no skate é a diversão e acho que de ambas as maneiras a diversão é garantida. Não me sinto nada arrependido de ter tido aulas de skate quando comecei a skatar. O meu professor foi o Luís Paulo, que me transmitiu muito do que sei hoje, além da motivação e orientação. Acho isso importante sobretudo para quem está a começar e recomendo que o pessoal tenha aulas para que descubram mais facilmente o que querem fazer no skate. Neste momento da tua vida, para além do skate fazes mais alguma coisa? Para além de skatar, estudo Matemática em casa para melhorar a minha nota para fazer o exame nacional e tentar entrar na universidade em Gestão. Gostava de criar uma empresa relacionada com o skate mas para isso primeiro tenho que aprender como as coisas funcionam e como se gere uma empresa. Quero, para além do skate, ter um plano de backup.

Dieta de pequeno almoço do Duarte: leite com cereais, frontcrooks, torrada e um suminho de laranja

5-0 era o resultado que gostaríamos de dar à Alemanha ou à França num próximo mundial, mas também é o nome desta manobra. Curioso…

Quer dizer, então, que o teu objetivo principal atualmente é conseguir viver do skate, certo? Sim, é isso. Quero me divertir, acima de tudo, mas gostava de conseguir ser profissional com o skate.


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DUARTE POMBO


Sais de casa de mochila, descontraído, e pumba… flip para a descida. Nós também fazemos isso quase todos os dias

E como é que achas que é possível chegar a profissional uma vez que só contas com patrocinadores locais? Até agora apostei em passar mais tempo no skate parque e fortalecer ao máximo as minhas bases e aprender o máximo de manobras. Também aproveitei para me divertir o mais que consigo junto com os meus amigos... A partir de agora quero começar a mostrar mais skate na rua e é nisso que vou investir mais. Como ainda não fiz muito isso é natural que não me conheçam e tenho de conseguir chegar perto das pessoas certas e com material meu bastante consistente para conseguir chegar a algum lado. O que é que, a teu ver, é necessário a um skater ter para conseguir entrar num team internacional? Em primeiro lugar tens de conseguir demonstrar que gostas mesmo muito de andar de skate, acho que isso é fundamental, mas se não andares muito bem de skate não te serve de nada pensares que vais ter um lugar seja onde for. Acima de tudo só entras num team se a tua personalidade encaixar naquele grupo de pessoas e se a tua presença trouxer algum valor acrescentado para o coletivo. É claro que se algum dia passar a fazer parte de alguma marca, nesse dia eu tenho de me tornar mais profissional e andar ainda mais de skate, afinal de contas quem é que não gostaria de ser pago para fazer aquilo de que mais gosta? Sentes que de alguma forma és um skater underated? Acho que não. Quando não estão à minha frente não faço a mínima ideia do que pensam e falam de mim. Sinto que tenho muita gente que me apoia e que acha que já podia estar numa situação melhor e talvez lá fora. Se sou underated não faço a mínima ideia, eu ando de skate e faço a minha cena. Quem é que te inspira mais para andar de skate? Cá em Portugal, sem dúvida que quem mais me inspira é o Ruben Rodrigues, nós skatamos mais ou menos o mesmo tipo de spots e temos um estilo de skatada semelhante. Partilhamos de uma série de pontos de vista relativos ao skate e não só. Lá de fora adoro o Dane Burman, David Gonzales e, sobretudo, o Nyjah Huston pelo nível de skate que ele tem. É impossível não ganhar pica só de o ver a andar e de ver quanto ele está a puxar pelos limites do skate. Mais recentemente um skater que também me está a inspirar bué pela sua atitude é o Chris Joslin.


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DUARTE POMBO


Quando tens aqueles spots grandes e perigosos à tua frente sentes medo? O que é que te passa pela cabeça quando sabes que dali a pouco tempo estás a atirar-te a eles? Eh pá… depende. Se for uma cena grande também em comprimento eu não me sinto lá muito à vontade, mas se for mais em altura não me atrofio assim tanto. Se for à piscina oceânica e me atirar da última prancha, ao início tenho algum receio mas depois já me começo a habituar e nem penso mais se é água que está lá em baixo ou não. O que eu quero dizer é que tens de aprender a superar os teus medos a pouco e pouco e a saber onde estão os teus limites, porque quando estou a skatar um corrimão eu só olho para a entrada e confio nas minhas capacidades. Há spots em que tenho dúvidas sobre se consigo ou não dar a manobra, mas por vezes são essas as alturas em que me ponho mais à prova e tenho de experimentar o “next level”. Caso não consiga, pelo menos fico a saber como é que é atirar-me a certos spots... e pode ser que aprenda alguma coisa, nem que seja que vou dar coisas mais abusadas, naqueles spots que considero mais simples. Tens algum spot que estás à espera de que o teu caminho se cruze com ele? Existe algum lugar onde queres regressar e aplicar a desforra? Há aí um corrimão bacano de 21 degraus onde queria ir dar um toque. Já skatei um de 18 há pouco tempo e quero skatar um maior. Eu quero, com o tempo, skatar coisas cada vez maiores ou dar manobras mais difíceis que é o que eu gosto de fazer. É esta skatada que queres fazer sempre ou também te apetece começar a descobrir novas coisas no skate, skatar transições, por exemplo? Eu ultimamente já tenho variado mais a minha skatada e no parque aproveito mais o tempo com outras coisas, como andar em transições ou skatar curbs de chão, para puxar mais pela minha técnica. Mas na rua o que eu gosto mesmo é de cenas grandes e de arriscar. Mas, quem sabe se não aparecem umas cenas dessas pelo meio e que me complementam mais como skater. Onde é que gostarias mais de ir para uma skatada? Onde eu gostaria de ir vou lá amanhã. Nunca estive em Barcelona e parto amanhã. Espero que seja fixe, afinal é a meca do skate na Europa. E já tens algum spot com que tenhas encontro marcado? Sim, já tenho aí alguns encontros marcados mas ainda é tudo confidencial. (risos) Quero passar pelos spots clássicos e gostava de dar uma manobra no spot do MACBA onde o Chris Joslin também dá uma de cima do muro para a estrada. Sim, estou a planear aí uma série de coisas que quero dar lá. Consegues imaginar-te a viver noutro país? Quase de certeza absoluta que há outros sítios interessantes, mas nunca estive muito tempo em nenhum lugar para dizer que gostaria de lá viver ao invés de em Portugal. Agora vou a Barcelona e deixa lá ver como venho a pensar daquele lugar no regresso. Adoro Portugal e de onde vivo, está se mesmo muito bem aqui e é aqui que tenho tudo. O que pensa a tua família das tuas escolhas com o skate? A família está comigo e com as minhas escolhas, apoiam-me, querem ver-me feliz, bem comigo próprio e querem que eu tenha o máximo de sucesso na minha vida.

O Duarte diz que tem encontros marcados com alguns spots. Pois, é melhor, depois disto este spot já deu o que tinha a dar… front board flip out

Quem é, atualmente, a malta que te acompanha na skatada? Atualmente é o pessoal do PDG, o Chalas, o Carmona, os Gémeos, que também passam lá a vida a skatar agora, o Fuças e todo o outro pessoal que aparece. Eu não sou de eleger o pessoal com quem ando, basicamente ando de skate com quem aparece. E o que é que fazes quando não estás a skatar? Atualmente passo também algum tempo em casa a estudar matemática. À noite passo em casa de amigos e fico lá com eles a “chillar”, jogar PS4 até ir sair à noite para algum lugar, ir a um barzinho, etc..


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E como é que encaras neste momento a competição? Consideras os campeonatos importantes? Eu acho que a competição é importante nem que seja para os mais novos, porque normalmente é através de competições que muitos putos tomam conhecimento do skate. É bom para juntar a malta que não se pode encontrar frequentemente. Também é bom para dar retorno aos nossos patrocinadores. Hoje em dia não me considero muito um skater de campeonatos, muito porque por vezes eles também não me correm lá muito bem. Não acho que a competição me vá dar algo mais importante que skatar as ruas. Tem sido importante para ti contares com apoios e patrocínios? Claro! Se não fossem eles eu já há muito tempo que estava na “bancarrota”, e a skatar com a mesma tábua há alguns meses seguidos, com umas chuteiras com pitões da Decatlon, que era o que eu usava para skatar antes de ser patrocinado. (risos) Achas possível skatar com o nível com que estás agora se não tivesses apoio? Eu acho que não ia ser de forma diferente, mas certamente que em certas alturas ia ficar parado sem skatar por falta de material. O meu estilo de skate é mesmo bruto e agressivo para o material, sem esta ajuda ia ser mesmo muito lixado. Identificas-te com os teus patrocínios? Sim, estou nas marcas em que sonhava mesmo entrar. Lembro me de ser puto e pensar como gostaria de estar no team da FALLEN e o mesmo se passa com a DARKSTAR, acho que tem a ver comigo e com o meu estilo de skatada. E achas que te falta mais alguma coisa a nível de material para que consigas evoluir mais? Neste momento sinto que me faz falta um apoio de trucks porque gasto bué trucks. E conseguir algum tipo de apoio monetário também era importante. Sei que não posso exigir mais dos meus patrocínios atualmente. É o que é, e o fundamental é andar de skate, divertir-me e continuar a dar o meu melhor. E se não andasses de skate, o que é que ias fazer da vida? Ia ser rico! (risos) Ia criar uma empresa e da mesma maneira que me foco para ser o melhor que consigo e divertir-me com o skate, acho que ia ser igual com outra coisa qualquer. Não interessa se é num desporto, numa arte, ou noutra área qualquer. Sei que ia pegar naquilo de que gostasse e ia trabalhar para ser o melhor possível. Acho que a vida é para ser vivida dessa forma, encontrarmos a nossa paixão e percorrer o nosso caminho até chegar a “mestre” naquilo a que nos dedicamos. O importante não é chegar ao máximo, mas sim o caminho e as coisas que tu aprendes, as pessoas que conheces e naquilo tudo em que tu te transformas.


O Duarte disse-nos que pagava o jantar a quem conseguisse contar todos os azulejos desta foto, por isso podem comeรงar frontnoseslide


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DUARTE POMBO

Tudo aquilo que eu já aprendi no skate é muito mais do que dar manobras, são todas as experiências porque já passei, todas as pessoas que já conheci, todas as descobertas sobre mim. Para terminar? Quero agradecer à minha família e aos meus patrocinadores: FALLEN, DARKSTAR, SAMPLE SKATE SHOP, MOB GRIP e OBRIGADO por tudo aquilo que têm feito por mim.

Para quem costumava skatar com chuteiras, este smithgrind não está nada mal. Se calhar é esse o segredo



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T R I B R U T O fotografia João Mascarenhas texto Rui Miguel Abreu

os brutos

Chavascal é um dos mais frescos momentos da produção hip hop nacional recente: álbum carregado de humor que coloca Tribruto definitivamente no mapa.

Quando falam, os Tribruto de DJ GI Joe, Kristóman e Real Punch, são incapazes de despir a máscara e optarem pela seriedade. Mas, como diz o aforisma popular, “a brincar, a brincar...” É certo que o humor é parte importante da arquitetura sui generis dos algarvios Tribruto, mas é a sério que este trio encara a cultura hip hop e a arte de colocar rimas em cima de batidas. Essa seriedade, aliás, vale-lhes o favor das boas companhias – Valete, Sam The Kid, MGDRV, Mundo, Capicua, Fuse ou Reflect são alguns dos nomes que surgem na generosa ficha de convidados de Chavascal e que deixam claro que o trio consegue movimentar-se em diferentes terrenos do mapa hip hop nacional. E mais além: o misterioso Mr. U que surge na divertida e escatológica “Mr. Brown” é, afinal de contas, Rui Unas, ator e humorista que ecoa neste disco o tal humor e também a bem afinada capacidade que este trio tem de funcionar nas plataformas de interação social da internet. Especialistas em “memes”, mestres das “selfies” e figuras bastante interventivas no youtube, os Tribruto falam a língua das novas gerações que não conseguem largar os smartphones. São diferentes, também por isso. Algazarra foi o trabalho de estreia dos Tribruto, datado já de 2010. Nestes últimos cinco anos trabalharam muito, tanto em palco como em estúdio, realizaram inúmeras colaborações e prepararam o caminho para a amplificação do ruído com Chavascal. A edição é, uma vez mais, independente – através da casa própria Kimahera -, mas o potencial para chegarem mais longe é notório e, bem..., gritante. Mestres das punchlines, Kristóman e Real Punch possuem uma ligação quase telepática e um sentido de humor aguçado que se impõe desbragadamente em temas como “O que é esta ####”, colaboração com MGDRV em que antes do primeiro minuto se esgotar já se encaixaram referências a Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, à série de televisão Breaking Bad e ao hit radiofónico “Bô Tem Mel”. Isto é cultura pop da idade da informação instantânea, cuspida com alma e humor de bolinha vermelha no canto superior direito.



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fotografia LuĂ­s Moreira, Miguel Melo entrevista SĂ­lvia Ferreira


É um mural de história e de histórias aquele que se ergue pelas paredes da casa de Miguel Melo. Continuam a sair a rua, mas para se mostrarem e ensinarem o seu passado. Foi numa dessas saídas que nos cruzámos com a história dos inícios do skate, contada em tábuas, gráficos, materiais e rodas. A “Vintage Skateboards Collection” também nos conta por entre lascas, riscos e fragmentos, quem foram verdadeiramente os precursores desta nossa modalidade. Vamos conhecê-los?


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VINTAGE SKATEBOARD COLLECTION


Como é que tudo isto começou? Na verdade, tudo começou por volta dos meus 12 anos. Na minha adolescência andei de skate... foi uma fase de novidade e do skate como forma de expressão... queria pertencer a uma tribo, tive aquela fase de exploração, passei pelo bodyboard, mas o skate acaba por ser o estilo de vida que mais se adequa a mim... andei mais à séria entre os 15 e os 17 anos. Andava sempre naquelas primeiras rampas de Mem Martins, chegava a casa da escola e de casa seguia para o skate. Até que aos 18 anos parti o cóccix e nunca mais andei. Passados muito anos fui à Califórnia em férias fiz o percurso todo pelos spots clássicos e históricos, pelas lojas históricas do skate e aquele bichinho que estava li reprimido voltou a nascer. Pus-me a falar com os donos e acabei por comprar um skate a um deles. Era um skate que pertencia à coleção de alguém, do Andrew... foi uma compra por impulso. É, até, um skate que já foi mexido, é dos anos 60, mas já tem rodas dos anos 70, em borracha. Isto aconteceu nos dois últimos dias da minha viagem. Depois regressei comecei a pesquisar mais, percebi a cena do colecionismo de skates, mas que na maioria até é mais dos skates dos anos 80, da altura da Dogtown, Powell Peralta... isso dos ponto de vista do colecionismo é o mais valioso, mas nem foi esse o momento da história do skate que mais me interessou. Foram os anos 60. Para já, o objeto em si, os primeiros... muitos são brinquedos, ainda. Talvez isso seja justificado pela minha formação de base, na área do design: tanto do ponto de vista tecnológico, dos materiais, da sua evolução, como do ponto de vista cultural, como nasceu, o contexto cultural as diferentes fases deste desporto na sua génese – porque é no início que as coisas se definem. Depois o lado mais competitivo, mais mundano... como é que um desporto visto como uma coisa dos rebeldes evolui para aquilo que é hoje... interessa-me tudo isso. Comprei, inclusivamente, uma revista icónica, a revista “Life”, de 1964, que fala sobre este tema... comprei duas, aliás... Uma para manusear, outra como relíquia... Exatamente...[risos] É uma revista cuja capa muitos reconhecem porque tem a Patti McGee a fazer o pino em cima de um skate. A revista mostrou esses dois lados – putos todos arranhados – era uma coisa perigosa – padres a andar de skate, ou seja, uma heresia – e expõe também como é que algo que era mal visto na altura evoluiu para uma coisa massificada... Isto foi há quanto tempo? Depois desta viagem “à fonte”, por onde é que pesquisas, onde é que compras estes skates? Isto foi há uns 3, 4 anos. Quando dei por mim já tinha uns quantos skates, mas ainda estou longe de considerar-me um colecionador... comecei a perceber como é que o mercado funciona... no ebay aparecem muitas coisas, mas a maior parte delas já está bastante inflacionada, sobretudo agora. Há 3, 4 anos era tudo bem mais barato. Mas, na verdade, tenho pessoas nos Estados Unidos que servem de spoters, são amigos meus a quem incuti o bichinho... está tudo nos Estados Unidos... à parte disso, fui comprando algumas “bíblias” que ajudam a perceber um bocadinho as coisas: o “The Disposable Skateboard Bible”, ou o “Skateboard Retrospective: a Collectors Guide”. Há skates que só mesmo olhando para a tecnologia inerente aos materiais, o tipo de decoração: “ok, isto é o Apolo, é quando foram à lua”, é que percebemos a altura em que se inserem, é difícil saber o ano exato. Mesmo no início, já todos os skates evidenciavam a marca? Tens alguma preferência por determinada marca, por exemplo? Já todos punham marca em todos os skates. Não tenho particular interesse numa específica, mas há uma marca interessante, a Adolf Keefer que era de um nadador olímpico dos anos 50 que tinha uma empresa que fazia coisas associadas à natação e de repente ele próprio começou a fazer os seus skates. Têm algum valor porque foi um flop comercial – logo há poucos – e por ser de uma pessoa que era um nadador olímpico. Não me interessam as marcas em particular, mas mais as circunstâncias em que as marcas existem. Por exemplo, os Roller Derby vêm dos patins... por outro lado, as marcas dos grandes armazéns que começaram a produzir skater, com a Tresco ou a Sears (acho que esta ainda existe), que eram grandes “department stores” o que foi uma novidade. Já passa a haver aqui várias naturezas no que respeita às origens... as “department stores”, outras específicas como a Nesh... o meu primeiro skate, quando comecei a andar, foi comprado num hipermercado, normal, barato, mas foi a minha forma de ter acesso ao skate, na grande distribuição. No início de tudo, nestas grandes lojas, o skate primeiro era um brinquedo e é interessante perceber que se torna uma coisa mais abrangente, mais popular, a dizer ao mundo: “o skate é ok, é para os seus filhos”... é interessante ver nestes skates as instruções de segurança... “ponha o pé direito à frente”, etc.


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VINTAGE SKATEBOARD COLLECTION

Quantos skates tens atualmente? Devo ter entre 50 a 60 skates. Comecei a catalogá-los no site [vintage-skateboards.com] para me obrigar a sistematizar a coisa, mas ainda tenho muitos por catalogar e alguns ainda estão nos EUA. Tens algum favorito? Gosto muito do Free Former with Split Tale. Aqui vê-se a exploração dos materiais, esta já é em plástico e é um exercício estético, explora a potencialidade dos materiais. Outro de que gosto muito é o Yellow Racing Makaha. É de finais dos anos 70. A forma é igual aos Fórmula 1’s da época. Uma altura em que a velocidade era implícita e importante para os skates. É isso que te interessa, o transportar da cultura, da história, do contexto para os skates? É. Por exemplo, a Mustang 15 surge numa altura em que pela primeira vez uma família da classe média tinha acesso ao Mustang Cabrio Desportivo, foi um carro que transformou socialmente a América e a Roller Derby usou no skate o cavalinho, símbolo da Mustang (na altura não havia questões de copyright). Estes representam bem o contexto social e cultural, mas depois há outros muito bonitos, de “craft”. No Aquarius Kicktail, da Duraflex, o desenho é laminado, trabalhado em folha de madeira, era considerado o Premium, era o mesmo modelo, mas o trabalho era diferente, começamos a ver as marcas a segmentar a oferta. Isso também me interessa... também dada a minha profissão, sou estratega de marcas. Em resumo, há skates que refletem a cultura, outros a tecnologia da época, experimentações à volta dos materiais e outros que são já o reflexo das marcas a segmentar a sua oferta. Qual foi o skate mais caro que adquiriste para a tua coleção? Foi um protótipo de um skate em alumínio fundido, que não chegou a entrar no mercado – aliás tem uma inscrição a dizer patent pending – é de finais dos anos 60, inícios dos anos 70, custou-me 500 dólares, mas está avaliado em mais no mercado do colecionismo. Consegues, então, contar a história da evolução do skate entre os anos 60/70 através da tua colecção? A forma mais simples de se olhar para o skate e perceber de que data será é olhado para as rodas. Nascem em metal, numa evolução dos patins. Os primeiros skates eram feitos em casa, as rodas eram tiradas dos patins e aparafusadas numa tábua de madeira muito pequena. Eram, sobretudo, brinquedos – estamos a falar de finais dos anos 50, princípios dos anos 60. Inicialmente eram em madeira maciça, depois, ainda com rodas de metal, começam a aparecer as tábuas laminadas. Depois surge uma coisa que são as clay wheels, umas rodas de barro, uma espécie de composto – o uretano, a borracha ainda não tinha sido desenvolvido – estes são um prensado de um compósito que seca com o tempo e depois quebra. Eram uma grande evolução face às de metal, que eram muito escorregadias, mas não davam ainda aderência desejável, a capacidade de absorção era maior, mas ainda não muito – isto foi em meados dos anos 60. Depois surgiu a grande explosão com as rodas de uretano, foi a grande evolução do skate, a Dogtown surge já com rodas de uretano, muito mais próximo do que temos hoje. Isto é do ponto de vista tecnológico, só olhando para as rodas. As tábuas passaram de madeira maciça para madeira trabalhada. É mais uma leitura. Depois ainda há o ponto de vista gráfico. A grande diferença é que a parte gráfica passa a estar toda em baixo... também começam a surgir os tails... inicialmente a parte nobre para comunicar era a parte de cima, onde se põe os pés. A decoração é um mundo, pode ser segmentada por temáticas: o racing – a velocidade, com os carros, as riscas; a cultura pop americana, do rock n’roll, temáticas da cultura popular; e a parte mais histórica, como a ida à lua, por exemplo. Navegando pelo teu site, constatamos que também te interessa a história de cada skate em particular, isto é, além da sua origem, os sítios por onde passou o exemplar que adquires, correto? O que procuro fazer junto da pessoa a quem compro é perceber o lado emocional associado ao objeto e porque é que o estão a vender. Como vês a tua coleção no futuro? Agora desacelerei porque já não tenho espaço. Gostava de encontrar um sítio onde pudesse expô-los, não sei como vou lidar com isto. Gosto de vê-los em casa, mas começa a ser um problema... talvez fazer um mini museu em colaboração com alguém... talvez alguém cuja coleção esteja mais focada a partir da década de 80... de modo a complementarmo-nos.



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fotografia e texto KĂŠvin MĂŠtallier


PUERTO RICO DEVASTATED COLORS OF AMERICA ! Um recital alcoolizado e de clichés enrugados, por Kévin Métallier


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PUERTO RICO - DEVASTATED COLORS OF AMERICA

Adrien Bulard FlipBSGrind


Fazer escolhas. E se possível boas. É sempre este o busílis de toda a problemática quando se trata de preparar uma nova reportagem. Encontrar as respostas às eternas questões: “Onde? Quando? Como? Com quem? Com que propósito? E mijar para dentro de um violino, deixa o violinista lixado?” Ok, já sei que não é simples! Sobretudo porque desta vez duas opções se nos ofereciam. A primeira: partir 10 dias para a vila de Maubeuge, no norte de França, com encontro marcado com um grupo de miúdos no último ano de liceu, entusiastas do longboard e que estudam minuciosamente a evolução desta prática em fase de boom. A segunda, ir trabalhar para o bronze durante 15 dias no coração das Caraíbas na companhia de 5 ilustres débeis, os alemães Denny Pham e Vladik Scholz, o inglês Kris Vile, o finlandês Jaakko Ojanen e – para campeão de todas as confusões nomeei – o Adrien Bulard. Concordo convosco, tínhamos aqui um angustiante dilema. Assim, por mais inacreditável que possa parecer, após longas horas de procrastinação e acalorado debate a decisão foi tomada... íamos pôr os nossos belos cús ao sol em Porto Rico!


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PUERTO RICO - DEVASTATED COLORS OF AMERICA

Ultrapassados os pingos no nariz e os afrontamentos, as praias de areias finas eram nossas, assim como as Piñacoladas, os coqueiros e a Jennifer Lopez (é justamente porque é de origem porto-riquenha que figura nesta lista). A este respeito devemos especificar que não seria ela quem ia estar lá à nossa chegada à chegada à ilha, mas sim um pequeno ciclone tropical de terras do fim do mundo. Se bem que é verdade que como boas-vindas, se tivesses podido escolher entre o olho do ciclone e as mamas da J. Lo... De repente, porque choveu ininterruptamente durante os dois primeiros dias lá, quase me arrependi de não ter optado pela viagem a Maubeuge... nã... deixemo-nos de merdas! Aproveitámos para fazer um verdadeiro trabalho de investigação e documentação sobre Porto Rico. Tratava-se de encontrar as respostas a todas as questões fundamentais que nos colocássemos: “Qual é a história deste local maravilhoso? Será verdadeiramente um estado soberano estando agregado ao território americano? Será que podemos afundar um barco com spray inseticida? Devemos tirar os sapatos antes meter os pés dentro do prato?” Evidentemente, apesar de todas as nossas pesquisas, estamos certos de que as nossas dúvidas existenciais ficarão sem respostas. De qualquer forma posso revelar-vos que do ponto de vista puramente semântico, Porto Rico quer dizer: “Este velho Porco do Eric” e vai buscar a suas origens a um catálogo de televendas de filmes pornográficos uruguaios. No que diz respeito à história recente deste pequeno país, enquanto velejava bêbado, um certo Cristóvão Colombo, foi sem querer parar a este pequeno pedaço de paraíso. A ilha era, então, povoada por índios Taínos, que passavam o seu tempo a correr nus pela praia, a construir cabanas na selva, alimentando-se de rato grelhado, e a sodomizar macacos. No que respeita aos ratos, não temos a certeza da veracidade desta informação, mas quantos aos macacos é mais do que certo (investigadores Malgaxes que vieram de férias para estas praias terão encontrado preservativos usados ainda com secreções dos Taínos nos ânus dos chimpanzés selvagens do norte da ilha). De regresso à nossa história: complexado pelo tamanho ridículo do seu pénis em comparação com o dos “locais”, Cristóvão terá decidido exterminar toda a gente. Por outro lado, à época esta era prática comum, entre si e os seus amigos: dar cabo da canastro ao pessoal todo... cada um com a sua, dir-me-ão vocês. Em todo o caso, ele não levava de certeza uma t-shirt com a inscrição “Je Suis Charlie” ao chegar ao território dos índios Taínos...

Jaakko Ojanen FsBluntslide



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KrisVile FakieOllie

Depois as coisas mudaram muito. As cabanas dos índios na selva foram substituídas por enormes centros comerciais “made in America” e a ilha tornou-se rapidamente um destino de férias para americanos ricos com défice de exotismo. Para ser mais preciso, (sim, é mais forte do que eu, mas o ratinho do pormenor é uma obsessão permanente), os nossos camaradas americanos, detentores legítimos e exclusivos da liberdade, da justiça e do bom gosto, começaram por instalar aglomerados de bases militares nos quatro cantos da ilha, como forma de continuar a pressão sobre o cubano inimigo. Progressivamente a coisa tornou-se cada vez mais “peace and love” e as bases militares foram-se transformando nos famosos “shoping malls”, com a respetiva parafernália de todos os feitios. Em resumo, já perceberam que atualmente Porto Rico está transformado numa espécie de sucursal balnear do Tio Sam, deixando claramente a impressão de que é parte integrante dos “States”. Está tudo lá, os autocarros escolares amarelos, os automóveis de fabrico norte-americano, os sinais de trânsito, os limites de velocidade em milhas (mph), os bancos americanos, os dólares americanos, e, claro, as famosas cadeias de fast food, a pulular por todo o lado. Resultado, em 2014 28 % das crianças porto-riquenhas são obesas, quase uma em cada três, ainda mais dos que nos Estados Unidos (18%). As autoridades nacionais estarão mesmo a estudar um sistema de multas a aplicar aos pais de crianças obesas como forma de conter este problema de saúde pública. Já sei, parece loucura, mas neste caso nem é uma estupidez completa.

Adrien Bulard TransfertBsWallride


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PUERTO RICO - DEVASTATED COLORS OF AMERICA

Mas nem tudo é uma catástrofe. A ilha de Porto Rico está à beira da falência e Washington não tem previsto nenhum plano e resgate. Os dados oficiais mais recentes dão conta de uma pequena dívida, uma bagatela de 73 biliões de dólares, um montante ainda mais considerável se pensarmos que a ilha não vai além de 3,6 milhões de habitantes. Vou poupar-vos a contas chatas, mas “grosso modo” são 200 mil dólares por cabeça. Juntem a isto a crise imobiliária que, tal como o Big Mac e a Ford Mustang, foi importada dos EUA (eles são fortes, estes americanos, e não apenas no skate!) e obtemos os centros das cidades em plena desertificação, assim como casas abandonadas um pouco por toda a ilha – não deixa de fazer-nos lembrar o caso de Detroit... não é exatamente o género de cenário que esperamos encontrar numa estadia nas Caraíbas. Bom, apesar de tudo, continua a fazer bom tempo e calor durante todo o ano, a temperatura da água raramente desce dos 27ºC, as praias são esplêndidas, a natureza é um luxo, encontramos uma variedade de paisagens verdadeiramente fenomenal e os “locais” são gente particularmente acolhedora. As vilas típicas, enfim, as que ainda subsistem, são caracterizadas por uma sucessão de pequenas casas de fachadas coloridas, que oferecem um ambiente único. E o skate, no meio disto tudo? Será que skatámos muito? Será que vimos muitos spots? Será que há boas manobras a dar por estas bandas? Será que devemos autorizar transplantes de rosto nos casos das “caras de parvo”? Ah, desculpem, isto não tem nada a ver para o caso... ok, sim, toda a gente skatou bastante, com menção especial ao Adrien, que deu cabo de tudo (o meu cérebro incluído); há uma concentração de spots impressionante, sobretudo em San Juan, a cidade onde passámos mais tempo, na companhia do nosso guia local e amigo Alberto Santiago, graças a quem pudemos skatar todo o tipo de spots geniais, que nunca teríamos encontrado se não fosse a sua ajuda preciosa. No que respeita aos agentes de segurança, dado o seu grau de debilidade, diria que é uma aposta segura avançar que eles próprios tenham sido importados dos “States”. Por vezes revelam-se particularmente hostis à prática desta modalidade de uma tábua com quatro rodas, uma questão de hábito... de facto, de acordo com as nossas fontes, perto de 50% dos agentes terão sido submetidos a um transplante de rosto entre Agosto de 2013 e Outubro de 2014, para fazer frente ao número crítico de “caras de parvo”... já sei que pode parecer muito, mas é uma informação da Fox News, logo, fatalmente... verdadeira! Por outro lado, também terá sido imperioso encontrar uma solução para este problema insolúvel e como diz o meu camarada Momo: “quando não podemos ir por quatro caminhos, temos que encontrar um atalho!” Este Momo tem um humor grandioso, mas, por outro lado... ele também é obeso!


VladikScholz FsWallride


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E pronto, apareçam para mais uma reportagem sensacional em Papua Nova Guiné desta vez, onde tentaremos responder a outras questões cuja resposta toda a gente gostaria de conhecer: “como é que os peixes aprendem a nadar? Ou, ainda, haverá quem tenha prisão de ventre em tempos de merda?” Com estas questões vos deixo, tenho que ir terminar a minha garrafa de rum porto-riquenho...

DennyPham SwHeelflip



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fotografia Joรฃo Mascarenhas modelos Joana Santos, Tomรกs Fernandes



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Joana Santos Vestido RVCA – Escapade, Black Sandálias KUSTOM – Meadow, Champagne Mochila DAKINE – Detail, Black


Tomás Fernandes Ténis ELEMENT – Topaz, Black/Purple Camisa RVCA – Jungle Leaves, Peacock Calções RVCA – All Time Cutoff


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30 tábuas de passar a ferro alcatrão

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1 - Blind Highroller Rasta 8.0 - €35.80 | | 2 - Blind Utraviolet Series Morgan Smith 8.25 - €53.80 | | 3 - Blind Sewa Golden Boar 8.25 - €53.80 | | 4 - Blind Athletic Skin Rasta 8.0 - €35.80 | | 5 - Blind TJ Rogers Headless Horsemen 8.0 - €53.80 | | 6 - Enjoi Wieger Best in Show 8.1 - €53.80 | | 7 - Enjoi Spectrum Black 8.0 - €44.80 | | 8 - Enjoi Luie Barletta Hand gestures 8.0 - €53.80 | | 9 - Enjoi Nestor Arcade Machine 8.25 - €53.80 | | 10 - Enjoi Team deck Oververt 8.5 - €44.80 | | 11 - Girl Koston Ripped Og 8.25 - €62.00 | | 12 - Girl Mariano Ripped Og 8.125 - €62.00 | | 13 - Girl Kennedy Ripped Og 8.0 - €62.00 | | 14 - Girl Malto Ripped Og 8.125 - €62.00 | | 15 - Girl Carrol Ripped Og 8.152 - €62.00 | | 16 - Chocolate Subtle Square Kenny Anderson 8.0 - €62.00 | | 17 - Chocolate Subtle Square Stevie Perez 8.0 - €62.00 | | 18 - Chocolate Subtle Square Jerry Hsu 8.1 - €62.00 | | 19 - Chocolate Subtle Square Vicent Alvarez 8.0 - €62.00 | | 20 - Chocolate Subtle Square Raven Tershy 8.37 - €62.00 | | 21 - Cliché Andrew Brophy Impact Gipsy 8.25 - €62.00 | | 22 - Cliché Sean Cliver Ltd Edition Last Supper 8.0 - €62.00 | | 23 - Cliché Handwritten Botanical 8.0 - €44.80 | | 24 - Cliché Lucas Puig Gipsy Life 8.0 - €62.00 | | 25 - Cliché Handwriten Purple 7.75 - €44.80 | | 26 - Flip Odissey Tie Dye 8.0 - €62.10 | | 27 - Flip HKD RWB Blue 8.25 - €62.10 | | 28 - Flip HKD RWB Red 80 - €62.10 | | 29 - Flip Luan Oliveira Boom P2 8.13 - €71.80 | | 30 - Flip Tom Penny Cheech&Chong Tie Dye 8.13 - €62.10



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A K A C O R L E O N E fotografia Jo達o Mascarenhas entrevista Jorge Matos


AkaCorleone gosta de comer. Gosta mesmo. É um bonacheirão que se diz obcecado por comida. Uma definição deste artista poderia ser a de bon vivant, um privilegiado, um tipo que trabalha no que gosta para pagar as contas. Na verdade, nós também o achamos um privilegiado, porque sempre que pode ilustra um par de mamas nas suas pinturas.


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Quem é o Akacorleone? Essa pergunta é sempre estranha. O Akacorleone é um artista que tenta pintar o máximo possível nas ruas. É um artista que procura colocar trabalho em paredes, com uma escala cada vez maior, de preferência, e conciliar isso com o trabalho expositivo, que é um trabalho mais pessoal, mas também lidar com o trabalho de ilustração comercial, que é o que acaba por pagar as contas, e que enfim, faz parte do processo. Defines-te como artista, mas começaste como designer e tens muito trabalho de ilustrador. Qual das três palavras te resume melhor? Hoje em dia, defino-me como artista, é um termo um pouco mais abrangente. Designer já não sou, apesar de algumas pessoas ainda associarem o meu trabalho ao design, que foi por onde comecei, mas já não o faço, por opção própria. Ainda faço ilustração comercial e, apesar de gostar bastante do que faço, faço-o mais por necessidade do que por ser o caminho que pretendo seguir, que é o percurso de artista. Ou seja, um caminho mais artístico e menos comercial, menos ligado a marcas e agências. Alguma da tua visibilidade foi feita a partir de trabalho realizado para marcas. Como consolidas isso, tendo em conta que queres desligar um pouco o teu trabalho da vertente comercial? Acho que o trabalho comercial é necessário. Aliás, acabei de fazer um trabalho numa parede que foi comissionado pela KLM Portugal. Eu sei que esse trabalho é necessário e lá está, é ele que acaba por me pagar as contas, mas sei que hoje em dia, um pouco por esforço meu e pelo evoluir do meu trabalho, a mais-valia pela qual os clientes, as marcas e as agências me procuram, é pela identidade que consegui desenvolver. Pedem o meu trabalho. Não querem que eu faça uma interpretação condicionada. Por isso, é cada vez mais fácil, porque acaba por ser um convite para aprofundar um briefing relativamente aberto, com a minha linguagem e o meu estilo. Quando eu digo que quero mudar o meu percurso, não é renegar este caminho comercial, porque foi o trajecto que me levou até aqui, mas acho que é perfeitamente natural que eu tente fazer uma transição para um trabalho mais de autor. De qualquer modo, eu acho que vai sempre existir a presença das marcas, porque ao fim de contas, elas acabam por apoiar e são uma alavanca para novos projetos ou projetos maiores. Simplesmente deve haver uma percentagem de trabalho pessoal e de trabalho comercial e o meu objectivo é atingir esse equilíbrio. Colaborações com a Yorokobu, Canal 180, Village Underground Alcântara – projetos frescos, edgy, criativos – Como os vês? Na mesma linha de parceria tal como com as marcas comerciais? Não, até porque o caso do Village Underground, mais do que um trabalho, é uma coisa feita para uma amiga que tem muito valor, para um projeto em que acredito bastante. Há esse valor, que é o de colaborar com pessoas que têm uma visão parecida com a tua, que são ambiciosas e que procuram evoluir e fazer algo maior. Isso é muito bom, e eu gosto de trabalhar com pessoas que têm a mesma vontade de crescer e evoluir. Acho o mesmo da Yorokobu, um projeto que dá imensa liberdade aos artistas. Tudo o que ilustrei com eles, mesmo tendo algum briefing, foi praticamente com liberdade total. Pedem a minha interpretação e são projetos em que acredito, porque são inovadores e isso motiva-me, é aí, quando me dão essa liberdade, que consigo fazer trabalhos com um pouco mais.


E a colaboração com a Underdogs? Esta colaboração surgiu com o convite do Alexandre — o Vhils — e da Pauline. Eu conheço o Alexandre há muito tempo, aliás, começámos a pintar juntos e até brincamos com isso, pois tínhamos a mesma crew e fazíamos pinturas terríveis. Cada vez que falamos nisso, rimo-nos um bocado. Sempre acompanhámos o trabalho um do outro e o Alexandre, com a evolução astronómica do seu trabalho, conseguiu desenvolver o projeto da Underdogs, ao qual se juntou a Pauline. Assim surgiu o convite: já conheciam o meu trabalho e viram uma evolução possível, um potencial. E lá está, este convite deu-me motivação, técnicas, recursos e acesso a pessoas muita boas a desenvolver trabalho. Esta parceria faz sentido para a Underdogs, porque ela não se limita ao trabalho clássico de galeria e, assim, navega entre dois mundos: o trabalho de arte contemporânea e o trabalho de arte urbana. Como me encaixo nestes dois universos, com a exposição que criei para este projeto solidifiquei este cruzamento que é a presença em galeria e a arte urbana. Lançaste um livro. Que livro é este? É um sonho realizado. Qualquer artista gosta de ter o seu trabalho compilado num livro, especialmente tendo em conta que acompanhei o processo, do princípio ao fim — com os designers, com quem escreveu os textos e com a Pauline, que é a curadora do projeto Underdogs. É um marco e é algo que não estava a pensar alcançar tão cedo na minha carreira. As coisas estão a desenvolver-se muito rapidamente e é bom, é uma oportunidade de mostrar o meu trabalho de outra forma. É um pouco cliché, mas é verdade, teres algo palpável onde podes mostrar portfólio torna o teu trabalho um pouco mais sério. Também é interessante teres alguém a escrever sobre o teu trabalho, sem seres tu próprio. O Miguel Moore, que escreveu os textos, investigou, entrevistou, interpretou, conseguiu muito bem uma mistura da minha visão com a visão de outras pessoas sobre o meu trabalho e como ele deve ser apresentado. Este livro é um ponto de situação do trabalho desenvolvido até aqui. E agora, para onde vai o AkaCorleone? Se continuar neste trajeto, estou feliz. Há sempre a angústia de tentar coincidir com as expectativas que tenho sobre o meu trabalho, há sempre essa insegurança. E pode ser muito confuso, pois nem sempre sei para onde me virar, tenho sempre muitas ideias e nem sempre sei o que fazer com elas, acabo por experimentar muitas coisas. Essencialmente, não me aborreço e faço tudo na esperança de que o meu trabalho evolua e não se torne repetitivo, é por isso que me vejo a fazer mais exposições, a experimentar técnicas novas, a desenvolver trabalhos, a viajar por


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países, a pintar paredes diferentes e a ser feliz. São seis anos de trabalho: quando começaste imaginavas o AkaCorleone de 2015? Acho que foi tudo muito rápido. É alucinante ver como o trabalho e as experiências evoluíram e, sinceramente, não esperava ter oportunidade de fazer coisas que sempre quis fazer, tão cedo. Não parei, acho que houve trabalho da minha parte e tive algum mérito nisso, mas tive sorte, e essa sorte passa também por estar rodeado de pessoas que são super talentosas, que me motivam, que puxam por mim, como a minha namorada, como o grafitti, como a Underdogs — o Alexandre e a Pauline — que viram em mim potencial e me deram acesso a uma plataforma que me permite fazer coisas. E o que é ser artista em Portugal? É ser um lutador, como em qualquer área criativa, independente e que não tem apoios. É fazer as coisas por ti. Enfim, é uma carreira nada óbvia, muito instável, ultra frustrante. Mas, se tiveres vontade, se tiveres talento e, acima de tudo, se fores persistente, consegues que as portas se abram. Tens de ser shameless, mostrar o teu trabalho em todo o lado, ir bater às portas, mandar e-mails, enviar postais, chatear pessoas, perguntar às marcas “olha, não queres trabalhar comigo?”. Custa um bocado, mas tens de ter muita lata. Enfim, tens de perceber que se ficares sentado e o trabalho não vier ter contigo, tens tu de ir ter com as pessoas... nunca te é dado de mão beijada. É por isso que tens de acreditar no teu trabalho — vai sempre ser difícil, vai sempre ser complicado, mas, se acreditares, se fores bom e se tiveres sorte, vai dar frutos.


PAUL RODRIGUEZ 9 ELITE

YOU NEED SOME AIRBAGS FOR YOUR FEET BECAUSE OF THE HARD ASPHALT YOUR ASS FELL ON.

You may think these shoes are ugly, but I bet your feet don’t think they are ugly. Beauty is in the eye of the beholder, my friend. It’s really what’s inside that counts. What’s inside these shoes? Zoom Air! Like little fluffy clouds in your shoes to catch you! I tell you what, the way you skaters treat your feet these days is criminal! Jumping down things, scraping up against sandpaper. Having some nice pillows—a mini mattress to lay those feet down on—seems like a beautiful thing. I dare you to post a picture of your feet online and see how many people “like” your feet. Nobody wants to see your messed-up skater feet. If your feet could speak to you, they would look up at you and say, “Have you lost your damn mind? I’m not feeling this anymore. This relationship is over.” Treat your feet right. Treat your feet like a lady. Ladies like pillows, so g et yo ur two g nar l y, hair y, s mell y - lo o king s kater f eet- l adi es s o me pi l l ow s . —J B

T HIS S KA T E R WA S TA LKIN G T HE O T HE R DA Y A BOU T N IKE S B M A KIN G T HE M O S T HIDE O U S PA IR OF S HO E S IN T HE IN DU S T RY.

WHAT’S UP WITH THESE SHOES?

NIKESB.COM

— JB

WHAT’S UP!

— JB

THAT’S

Well you are correct, my dude, you do see amazing skaters who are being filmed with pricey cameras. That’s their job! You just pointed out another advancement in the history of skateboarding. Congratulations! Back in the day, skateboarding was long-hair cavemen, carving down the middle of the dusty road on a plank of wood with four balls of clay just to keep it rolling. You would be lucky if you could even find a picture of it. We’re talking about the advancement of modern technology in some skate shoes. Don’t you want your shoes to be the cat’s pajamas? That’s what those cavemen would say: “I need my feet to feel like the cat’s pajamas.” I didn’t know what those cavemen meant then, but I do now! I want everything around me to be the cat’s pajamas. You know you can’t stop the world from evolving. You think if the ear th stopped rotating you would continue to do those moves the same way? We need the world to turn, my man, so that your wheels can turn. As the world turns, skateboarding, cameras, skaters and shoes—all of it, man, all of us—change! Hopefully before the world stops turning you will allow your feet to enjoy some cushion so that you can keep pushin’. —JB

FRONTSIDE KICKFLIP

I H E A R D A D U D E T H E O T H E R DA Y J A B B E R I N G ABOUT THESE SKATERS WEARING THESE CRAZY SKATE SHOES, BEIN G FILMED ALL DAY BY EXPENSIVE CAMERAS. JUST FUSSING AROUND WITH THEIR BOARDS, EATIN G BURRITOS AND DRINKIN G I CED C O FFE E S .

PAUL RODRIGUEZ

—JB SMOOVE


INTRODUCING THE

E S SE N T I A L

WINDSOR JAMES SIGNATURE MODEL

# C O M M I T T E D T O S K AT E B O A R D I N G


W IND S OR J A ME S H A LF C A B H EELFLI P

DIS TRIBUIÇÃO CIA.BR ASIL | C1RCAPORTUGAL@CIABR ASIL.PT | FACEBOOK.COM/C1RCAFOOT WE AR | INSTA: @C1RCA | W W W.C1RCA.COM



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