A CERÂMICA FILS DE MERDE TUNÍSIA COM AS MÃOS NA MASSA
ANTIZ PELA EUROPA
HISTÓRIAS DA CASA TRABELSI 2012
Número 13 - março/abril
Bimestral
Distribuição gratuita
AURA S.A. - 212 138 500
fotografia Renato Laínho
panorâmica Há cada uma… Até admito que possa ter sido um acto irreflectido, mas como acho que é paradigmático de um mal de que padecemos nos dias de hoje... que me perdoe o visado, mas vou partir deste caso para vos desabafar um sentimento que, volta não volta, me fica aqui a remoer... um destes dias recebemos um email de um skater que nos pedia para lhe enviarmos a última edição da revista para casa, visto que morava numa zona onde não existiam lojas e que lhe era impossível arranjar um exemplar. Até aqui tudo normal, é verdade que há localidades onde a skate shop ou loja de desporto que recebe a Surge fica distante. (Nestes casos pedimos sempre para nos enviarem um envelope pré-pago, que devolvemos de seguida já com um ou dois exemplares da revista). Pensávamos nós que era o caso do tal skater que nos abordou… mas quando olhámos para a morada os nossos queixos caíram, afinal vive na periferia de uma grande cidade, a 10 minutos (em transportes públicos) da baixa, já para não dizer a 5 minutos a pé de uma loja que recebe sempre a Surge… molhos delas!
Todas as edições recebemos mails, telefonemas, mensagens a pedir que enviemos a revista para casa… se forem edições antigas, que já não se encontrem, ou se for um problema de distância é uma coisa, agora skaters que querem tudo numa bandeja? Ah ok, já percebi, há quem só ande se tiver um skate parque lá no bairro, ou quando está na moda. Pois, para esses, esta edição nº13 tem muita coisa que pode servir para fazê-los abrir os olhos: o novo campeão nacional, que nunca teve um skate parque na sua cidade, (e continua sem ter), os skaters de Leiria que puseram as mãos na massa e construíram um skate parque com as próprias mãos, ou até os skaters que visitam um país pós-revolução para inspirar jovens e aprender algo com eles. Lavar o cú com água de rosas a estes meninos, isso também não fazia, mas que lhes pagava uma massagem, pagava… eles merecem. Quanto ao nosso amigo, preferia mesmo que saísse do sofá e caminhasse até à loja para ir buscar a revista… ou melhor… se a pé são 5 minutos, de skate devem ser 2… boa skatada. Pedro Raimundo “Roskof”
2012
“Dima”, backside smith num bosque obscuro do Norte… se quiseres saber onde, tens que dar ao pedal e ir lá acima, que nós não te dizemos…
página 9
Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com
Nos dias de nevoeiro, Ă s vezes encontramos os verdadeiros contornos das pessoas. fotografia Renato LaĂnho
2012
Push Tunísia
Um olhar diferente sobre a Primavera Árabe
Quiksilver Picnic Carnaval Mais uma tradição de Carnaval nasce no Oeste…
“Fils de Merde”
Mais épico do que as tours da Antiz só mesmo aqueles filmes tipo “E Tudo o Vento Levou” ou o “Garganta Funda”.
Cerâmica
Não tens? Faz! Não te apetece? Bebe um café, lê este artigo e Faz! Não bebes café? Não faz mal… faz à mesma.
Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com
Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi. Tiragem Média: 15 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Multiponto, S.A. Morada: Rua D. João IV, 691-700 4000-299 Porto página 13
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros
Capa: No grau de dificuldade de atividades na piscina, logo a seguir à natação sincronizada, vem este backside tailslide do João Pinto… mas sem touca e maiô! fotografia João Mascarenhas
Distribuição Cia.Brasil c1rcaportugal@ciabrasil.pt facebook.com/pages/Circa-Portugal/
fotografia Luís Colaço
CONSUL TÓRIO DO DR. MAN KA-TE
Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir, publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa… Abraços e beijos na bunda. Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com 2012
www.mankatetainha.com
Meu rico skate... como é duro ver quando te tratam como um simples objeto sem grande utilidade... para mim não! Para mim és um amigo, algo que me faz desanuviar dos problemas, que me faz estar bem, que me faz acreditar que é sempre possível ir mais longe, que me faz ter objetivos e sonhos a realizar, que me faz conhecer novos amigos, que me leva a conhecer novas tradições e costumes, um meio de transporte, algo que me faz esquecer todas as coisas más desse mundo em que vivemos, um presente de Deus. Fazes-me olhar para o mundo de outra maneira, uma maneira que uma outra pessoa sem ti não consegue olhar. Mostras-me e ensinas-me que para além de uma escada, um corrimão, um muro, uma inclinação, um passeio, ou até mesmo um simples buraco no chão, existe algo por trás. Existe a possibilidade de inúmeras e variadas manobras e horas e horas de pura diversão... quando para uma pessoa que vá olhar para lá sem ti não verá mais nada além daquilo que lá está. És tema de conversa entre amigos... recordar aquela tal skatada, aquela tal viagem, aquela tour, aquele campeonato, aquela demonstração de skate, aquele skate parque, aquela manobra, aquele malho... estás sempre no pensamento! Completas o pensamento de muita gente que poderia pensar em coisas más desse mundo onde vivemos. Para a maioria não passas de um objeto, mas salvas muitas vidas, fazes muitos acordar de manhã com um grande sorriso nos lábios, dás alegria a muitas almas. Por vezes tornas-te traiçoeiro: quando nos vais às canelas... outras vezes também somos traiçoeiros contigo quando te arremessamos contra a primeira coisa que vemos à frente... momentos desses são esquecidos rapidamente, depois de acertarmos uma boa manobra, ou simplesmente quando nos apercebemos da liberdade que nos ofereces. Muitos te abandonam, mas tu nunca abandonas ninguém, não és como o ser humano que abandona outro ser humano. És imortal, quando te partes a meio, apareces reencarnado numa skate shop, sempre lá a brilhar, esperando que te vão buscar. O mundo sem ti jamais seria igual, não faria sentido algum. Emanuel Costa My boy, como é! A malta do skate anda a ficar sensível... Estou a ver que agora é moda ser poeta. Dass! Rebéubeu pardais ao ninho... não sei o quê, não sei que mais, tão lindo... por amor de Deus! Não ligues, Emanuel, é o meu mau feitio... Ainda bem que sentes tudo isso pelo skate. Ele é um amigo e está sempre pronto para a diversão. O mundo sem ele seria bem diferente, pelo menos para alguns, acredita! Continua a andar, meu puto. Caga na escrita! Beijo na bunda. Dr. Manka-te
Boas! Chamo-me André e, antes de mais, quero dar-vos os parabéns pela revista e agradecer o que fazem pelo skate nacional. Costumava andar de skate quando era puto mas acabei por deixar porque parti as tábuas todas e não tinha dinheiro para comprar uma nova na altura. Felizmente a febre voltou no final do ano passado e comprei uma deck brutal, que acabou por ser destruída por um amigo meu um mês depois... grande sorte a minha! Mas como tenho grandes amigos, fizeram uma vaquinha e compraram-me uma tábua nova do nosso grande Ricardo Fonseca! Estou de volta e com mais pica do que nunca... Mas agora o problema é outro, a sociedade em que vivemos... as pessoas mais velhas não podem ver um skater na rua... na minha escola andavam a pôr algum material velho de parte e eu e um amigo pensámos logo em aproveitar aquilo para skatar! Fizemos manual pads, ganda kicker com transfer, e ainda deitámos uns cacifos no
chão, que com cera deram um curb perfeito! O pessoal já nem queria skate parque para nada... mas o sol pouco durou, porque passado uma semana a direção tirou-nos tudo. Agora para skatar na escola precisamos de autorização do encarregado de educação... que grande paneleirice! Qualquer dia, para soltar um peido é preciso autorização... Esperemos que em breve se possa skatar na rua à vontade, porque eu curto é streetada! Um grande abraço do pessoal do skate de Coimbra. Coimbra... Coimbra... bela terra! Adorava ter nascido aí! Meninas estudantes, com álcool a mais no sangue... o paraíso! Tens sorte, André! Não venhas com merdas, sobre a sociedade que não é justa, que és um incompreendido, a direção da escola é má... pfff! Que se lixe isso! És de Coimbra, porra! Se não estás na universidade ainda, faz por isso. Esse é o caminho! Fica lá durante 20 anos ou mais, apanha o maior número de bebedeiras que puderes e não estudes muito, porque senão ainda sais de lá! Se conseguires, anda de skate... mas essa não é a prioridade, nunca esqueças... Beijos na bunda a todas as estudantes de Coimbra! Dr. Manka-te
Boas Dr. Manka-te. Olá chamo-me Simão, sou de Alcabideche e ando de skate há 7 anos. A maioria dos miúdos começou a skatar porque o irmão/ irmã ou primo andava de skate e quando um dia brincava com os action man’s olhou pela janela e viu o irmão/irmã ou primo a dar nolie bigspin’s e ficou com vontade de experimentar... mas eu não. Quando tinha 5 anos fui ao Mcdonald’s comer um happy meal e no brinde trazia o Tony Hawk a dar um loop e fiquei logo com vontade de skatar. Adiante. Escrevi-te não só por a minha carta talvez aparecer na surge, mas também para te dizer que adoro ler a surge e que me dá motivação para dar uma skatada com os amigos e aprender toques novos e evoluir um bocado. Só há um problema: vocês deviam começar a pôr uns marmanjos diferentes e toques abusados, como a número 11, deviam por spots diferentes, fora do normal e pouco conhecidos... reparei que muitas vezes dizes que queres ver mais miúdas a skatar mas ainda não vi nenhuma na vossa revista! De resto a surge está muito boa e a ir num bom caminho. Um abraço e boas skatadas Simão Matos. Simão, meu puto! Multiópticas diz-te alguma coisa? Se não vês marmanjos diferentes, toques abusados e spots diferentes na Surge é melhor tentares saber mais sobre a Multiópticas. Acredito plenamente que o problema poderá passar por aí... Miúdas na Surge. Estamos a falhar com isso, tens razão. Mas não está fácil! Andamos a ver se conseguimos fazer um artigo com elas, mas é complicado, malandro. Aquela que andava melhor no nosso país vendeu-se ao surf. As outras querem é skate longboard! A verdade é que longboard não deixa de ser skate. Talvez seja por aí que tenhamos que ir, para vos conseguir satisfazer... e existem umas meninas bem engraçadas do longboard nacional! Já me estava a esquecer de uma skater linda, da zona da Ajuda, em Lisboa, que está a evoluir bastante, chamada Charlotte Nunes. Pode ser uma hipótese também! Beijo na bunda, malandro. Orienta lá as vitrinas para a cara e começa a ver a Surge com outros olhos! Dr. Manka-te
página 17 Dr. Manka-te
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A CERÂMICA
2012
A experiência que tenho em cima de um skate diz-me que os skaters influenciam-se uns aos outros. Quer sejam skaters profissionais, quer sejam locais, todos servem de inspiração naquilo que fazemos. No meu caso, sempre fui influenciado pelos meus amigos para construir rampas. Em 2006 começámos a construir com cimento pela primeira vez. Nesse ano, construímos o Jersey Barrier e foi aí que aprendi a fazer massa à mão com a técnica do vulcão. Em 2007 recebemos a visita do team europeu da Emerica, entre eles o Pontus Alv, que experimentou o nosso spot e deu-nos ânimo e algumas dicas para continuar a construir. Após ter visto o seu filme “The Strongest of the Strange” fiquei obcecado com a história de Savanna Side e pensei: se é possível em Malmo, porque não também em Leiria? Em 2008 encontrei o local ideal para construir umas rampas: um antigo forno gigante que servia para cozer tijolos numa cerâmica abandonada há décadas.
fotografia João Mascarenhas, João Sales e Nuno Caínço texto João Sales
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Deviam ter visto a cara do Ruben Gamito quando chegou pela primeira vez à Cerâmica, smith grind
2012
página 23 A Cerâmica
João Sales, Crail no quarter com a cofragem mais rústica e eficiente que já vimos…
2012
“Pastel”, wallride to fakie
O tempo foi passando mas a ideia da construção ficou sempre na minha cabeça. A insatisfação com o Skate Parque, causada pela mistura/confusão de pessoas e modalidades que é habitual neste tipo de espaço, e as minhas recentes idas ao País Basco, foram fatores que impulsionaram o arranque da obra na Cerâmica. Em finais de 2010 percebi que não me sentia feliz a skatar nos sítios habituais. Peguei nas ferramentas e refugiei-me entre as silvas e as velhas ruínas da Cerâmica. Comecei a limpar o chão à volta do forno e fiz a primeira rampa encostada à parede, utilizando alguns argumentos, (a localização, a proximidade da cidade mas também o isolamento das habitações e a abundância dos ingredientes necessários: areia, água, tijolo e entulho), convenci alguns amigos que aceitaram ajudar a construir o spot. O maior investimento foi o cimento, a tinta e algumas ferramentas.
À medida que íamos construindo, os laços de amizade foram-se fortalecendo, a camaradagem e a diversão eram constantes e cada rampa que íamos somando era mais um ponto a favor das skatadas. Se antes da construção de um Skate Parque é necessário um projeto que contempla todos os obstáculos, num spot DIY vamos acrescentando rampas à nossa medida e vontade, o que o torna um organismo vivo e que, aliás, na minha ótica, faz mais sentido: acrescentar à medida da necessidade e não impor rampas que se tornam obsoletas.
página 25 A Cerâmica
2012
Para subir esta parede desta maneira ainda são precisas uma horinhas a rolar na Cerâmica. João Sales, FS wall
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Tal como no skate, a aprendizagem passa pela tentativa e erro e se no início da obra falhámos na técnica de construção, neste passado recente evoluímos no uso de cofragem, ferro e rede, e o preenchimento das rampas apenas com material consistente e o uso da régua fizeram rampas aperfeiçoadas.
Sabemos que este tipo de spot não dura para sempre e por isso sempre que vamos lá skatar é como se fosse a última vez, o que o torna ainda mais precioso. Mas uma coisa é certa, no dia em que este morrer sabemos que estamos aptos e mais competentes para fazer nascer outro, bastando aproveitar o lixo que ninguém quer.
Durante o ano de 2011, os fins de semana eram ocupados não só a construir, como também a skatar e a festejar. Foram muitas as histórias à volta da Cerâmica: dos homens que apareciam para roubar tijolo, aos que procuravam peixes para o aquário, fomos colecionando peripécias para nossa diversão. Como pedreiros que se prezam, a cerveja secava à velocidade da luz e os churrascos foram um bom motivo de festa. Cada vez que apanhávamos um animal novo, tornava-se nosso amigo de estimação: o lagostim, o sapo e a salamandra fizeram-nos boa companhia. Para 2012 o objetivo é ligar os obstáculos uns aos outros de forma a criar o maior número de linhas possíveis.
Até ao lançamento deste artigo, este spot era quase segredo da maioria dos skaters, agora que o tornámos visível, espero que sirva de exemplo para quem espera e desespera por um Skate Parque na sua cidade, aldeia ou bairro. Se têm dois bracinhos, abdiquem de algumas tardes a skatar e ponham a mão na massa: as vossas skatadas vão ter outro sabor. Ah, e já agora, se aparecerem por estas bandas sem convite, tragam cerveja e uns sacos de cimento para serem bem-vindos à festa.
Conhecem esta música? Alecrim, Alecrim aos molhos, por causa de ti temos pole jams? Não? Agora já conhecem...
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João Sales num Nosebone
2012
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“THANK YOU VERY MARCH “ texto March fotografia Hendrik Herzmann
2012
March em Portugal e Espanha March é uma pequena marca de skate do norte da Alemanha, mas apesar de serem pequenos todos os anos fazem uma viagem. Mallorca, Istambul, Madrid são apenas alguns dos destinos onde os rapazes da March já foram skatar. Este inverno escolheram Portugal e Espanha. Juntaram o Marc Haine, o Finn Gerlach, o Wanja Bach, o Sven Kanclerski, o Jan Marinko e trouxeram dois convidados especiais: o Kai Hillebrand e o Daniel Pannemann.
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Daniel Panemann, Back tail Finn Gerlach, Bs flip no double set mais abençoado de Portugal, ou não fosse ele à porta de uma igreja.
página 35 Thank you very March
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Kai Hillebrand, crooked pop out num raio de um azul tão perfeito que até faz impressão.
Começámos a viagem por Sevilha, já que o Jan está lá a estudar, e o primeiro spot onde ele nos levou foi a um ditch perto da autoestrada, com quarters gigantes com hip, onde podias puxar bem as manobras. O pessoal fez uma boa sessão, mas para o Finn foi diferente, ele teve uma batalha com o seu monstro interior. Felizmente ganhou e deu um frontside flip gigante no hip... já podíamos seguir para Portugal... e até tínhamos um apartamento à nossa espera em Albufeira... o nosso fotógrafo já lá tinha estado e conhecia vários spots. Um deles era o roof-gap, onde o único que se atreveu a skatar foi o mais novo do grupo... bem hajam os putos malucos! O Wanja deu um hardflip. Infelizmente foi a sua única foto da viagem porque no dia seguinte partiu o pé a aquecer no chão. No hospital apercebemo-nos de que em Portugal toda a gente vai ao Hospital mal tem qualquer coisa... mesmo que seja coisa pouca. Mesmo assim toda a gente nos tratou super bem e não passámos lá muito tempo, o doutor disse que nada estava partido, mas quando chegámos à Alemanha descobriram um erro no raio-x... mais quatro semanas de molho para o Wanja.
página 37 Thank you very March
Ora isto ĂŠ um frontside flip como deve ser. Finn Gerlach, em Huelva
2012
“ESPERO QUE VOCÊS SAIBAM A SORTE QUE TÊM POR VIVER NUM LUGAR ASSIM. QUANDO PUDEREM VISITAR A ALEMANHA VENHAM, MAS NÃO O FAÇAM NO INVERNO, NESSA ALTURA NÓS VAMOS AÍ...”
página 39 Thank you very March
O Wanja Bach conseguiu uma Ăşnica foto, de hardflip, por causa de uma lesĂŁo, mas achamos que chegou bem para deixar a marca na viagem.
2012
O Finn e o Thomas (um dos donos da March) passaram a viagem toda a fazer apostas, cada spot que viam faziam logo uma aposta, se bem que o Finn apostava sem a mínima intenção de pagar, porque estava sem cheta, ao passo que o Thomas podia de facto apostar dinheiro pelas manobras... Depois foi hora de o Kai começar a missão contra um rail de onde para saíres tinhas mesmo que dar pop... depois de umas tentativas conseguiu safar-se com alguma facilidade, talvez seja das condições favoráveis em Portugal: tempo maravilhoso, comida maravilhosa, todos os dias laranjas frescas, peixe fresco e, o melhor de tudo, beber umas cervejas ao sol enquanto pensamos em como estará o tempo na nossa terra. Outra coisa boa de Portugal são as pessoas, fomos super bem tratados mesmo quando estávamos a andar de skate! Um dia estávamos a skatar um corrimão à porta de um supermercado, sempre a pensar quando iríamos ser expulsos, mas não aconteceu nada, toda a gente estava a gostar de ver e até nos ofereceram comida e bebida do supermercado.
página 41 Thank you very March
Andar em tour é lindo, trabalhar com fotógrafos como o Hendrik, incrível e, sem dúvida, Portugal e Espanha foram a melhor escolha que podíamos ter feito. Espero que vocês saibam a sorte que têm por viver num lugar assim. Quando puderem visitar a Alemanha venham, mas não o façam no inverno, nessa altura nós vamos aí... obrigado March, até depois do verão.
Sven Canclersky wallie sob o signo da nossa cerveja lusitana… um senhor!
2012
página 42 Thank you very March
Ui, estamos apaixonados!!!
QUIKSILVER
PICNIC SKATE CARNAVAL texto SĂlvia Ferreira fotografia Roosevelt Alves
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Como diria o Paulo do Radical, Zenildo Guilherme mascarou-se de campeão mundial de skate do Zimbábue e deu este heelflip noseslide nas calmas.
Mais feios que os Caretos de Podence, mais mal vestidos que as Mastronças de Loures, mais incandescentes que o fogo de artifício da Madeira, as fotos não nos deixam mentir! O Carnaval na Quiksilver Boardriders da Ericeira pode, até, ser o mais recente do país, mas depois do que vimos por lá, acreditamos piamente que vai fazer história e criar tradição.
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...além disso, também ficámos fãs das febras e entremeadas no pão. Já não bastava haver Carnaval, ainda houve piquenique. E nem precisámos de levar farnel. Com direito a desfile, da mais nova geração a aterrar na lua, às velhas desdentadas, houve de tudo um pouco! Não acreditas? Ai não te chegam os belos exemplares que posam nestas páginas? Então vai a www.surgeskateboard.com... e vê o vídeo que a SURGE trouxe para casa!
O Picasso esteve na Ericeira mascarado de Rafael Alves a dar uns front-blunts para a malta‌
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pĂĄgina 46 Quiksilver Picnic Skate Carnaval
Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com
FILS DE MERDE
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Uma tour da Antiz? Durante um mês? Ok, siga! Acho que foi assim da primeira vez que recebi uma chamada do Juju... na verdade não havia nada planeado. Mais tarde percebi que iríamos atravessar 7 países para as prémières do OAF vídeo (o último vídeo da Antiz)...19 cidades em 30 dias... chega-vos? Esta epopeia foi dividida em duas partes. A primeira foi a estrada de Lyon para Inglaterra, Bélgica e Holanda, a segunda, Alemanha, Suíça e Itália. Uma das prémières foi em Paris, o que marcou a mudança de rumo. Na primeira parte o grupo incluía Samuel Partaix, Samu Karvonen, Michel Mahringer, Juju Bachelier e Polo Labadie e para ajudar à loucura uma banda punk chamada Cortona também se juntou a nós. Na segunda parte juntou-se mais uma banda, hardcore, os Ta Gueule, e os reforços Hugo Liard, Gaeeb Engelke e Remy Taveira... eu e o Burgil, fotógrafo e câmara, fomos os únicos que tivemos que sobreviver à viagem toda. Estava super contente mas nunca imaginei o estado em que ia chegar no fim da tour.
texto e fotografia Fabien Ponsero
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Sammu, backside noseblunt Hugo Liard quase precisava de uma catana para dar este frontside 50-50 no corrimão.
Ok, começando pelo princípio: Lyon França, o quartel general da Antiz e local da estreia mundial do filme. Toda a família reunida e preparada para celebrar o momento, heavy metal, rampas a arder, mamas e cerveja... uma noite épica e um bom começo para a viagem. No dia seguinte, depois de uma ressaca bem assimilada, Juju (o único voluntário para conduzir) e o resto do pessoal (todos a dormir) rumaram até Bristol, não sem antes dormirem a sesta em Paris... 23 horas de Lyon a Bristol... obrigado Jujo! O distribuidor da Antiz em Inglaterra, Wes, tomou conta de nós e mostrou-nos o ar fresco da cidade. Sim, digo ar fresco porque só nos apercebemos disso depois de cheirar os pés do Michel, chulé ao mais alto nível. Até fez a chuva parar em Bristol! Depois de dois dias a dormir na carpete luxuosa do Wes, continuámos viagem até Londres, onde ficámos em casa do James, da Monster, um dos principais responsáveis por esta tour. Ofereceu-nos o primeiro banho e resolveu o problema dos pés do Michel, pelo menos durante alguns dias. A prémière em Londres foi no Miles End Skateparque, onde passámos o dia a skatar e onde vimos a nossa primeira atuação ao vivo dos Cortona. Foi lindo: skatar com música ao vivo e com os teenagers punks londrinos a dançar ao lado do bowl!
página 51 Fils de Merde
Hugo Liard, front wallride, visto do ponto de vista de um fotógrafo do National Geographic
O caminho de Londres até ao ferry mais pareceu o “Velocidade Furiosa”, já que estávamos atrasados. Fomos o mais educados possível com o pessoal da alfândega e lá chegámos a horas. Estávamos de regresso ao continente, mais precisamente à Bélgica, esse país maravilhoso onde as previsões meteorológicas estão sempre a lembrar-te que o inverno pode ser a qualquer altura. Bruxelas foi o caos, não tínhamos sítio para dormir nem para a prémière, tivemos que improvisar uma no Ursolines, um skate parque na baixa. Montámos geradores, os Cortona montaram os microfones e amplificadores e tivemos uma boa session com os skaters locais. Até os pedestres estavam entusiasmados, todos menos um padre que passou por lá e disse que a bateria perturbava a harmonia de Deus.
2012
O Mike, um dos mais antigos skaters belgas convidou-nos para a sua casa, onde muitos de nós descobrimos o talento para a música numa jam de 6 horas com os instrumentos dele.
Mais uma manhã de ressaca (e não foi a última), as nossas caras eram um espelho das noites difíceis dos últimos dias. O Paul deixou-nos e as duas carrinhas continuaram na sua aventura até Antuérpia onde tivemos duas manhãs perfeitamente antagónicas. Na primeira acordámos no meio de um campo com uma mini-rampa e a habitual chuva belga, na segunda acordámos na luxuosa casa do Bram, na sua luxuosa casa de banho e com um luxuoso pequeno almoço. Obrigado à mãe do Bram por ter cuidado de nós como se fossemos filhos dela. página 53 Fils de Merde
Antes de deixarmos o país da cerveja gostava de contar-vos a típica aventura com as carrinhas, que acontece em todas as viagens... não sei se já vos tinha dito mas nós viajamos de cidade para cidade em duas carrinhas, a carrinha da Antiz e a carrinha dos Cortona. Como podem imaginar estávamos super organizados, razão pela qual uma das carrinhas ficou sem gasóleo na autoestrada e a primeira carrinha parou numa bomba para poder salvar a malta da segunda. Eis então que o Michel, que nesta viagem vinha mais alucinado do que o normal a dormir há 5 horas como uma pedra, mal parámos na bomba saiu da carrinha sem t-shirt, descalço, sem dinheiro e foi para a casa de banho sem se aperceber que tínhamos de ir salvar os nossos colegas. Como o perdemos de vista decidimos sacrificar um soldado por 4 perdidos na autoestrada. Fomos resgatar o resto da malta e deixámo-lo sozinho na bomba. Resumindo, andou à nossa procura na bomba durante uma hora sem saber o que se tinha passado. Quando chegámos ao pé dele não conseguíamos parar de rir. Ele não! Chamou-nos “fils de merde” uma expressão educada que podemos traduzir como” filhos de merda”... espertinho!
2012
Juju, que fofinho. Fronstside indy
Amesterdão: os dois dias mais calmos da viagem. Pela primeira vez o dvd não emperrou a meio da prémière, os Cortona tiveram ótimas condições para tocar, ninguém se queixou, parecíamos profissionais. Heindoven foi mais ou menos igual, menos a parte de dormirmos todos num liceu abandonado, o que é que um “hobo” pode pedir mais? Mais uma manhã difícil e toda a equipa já sentia o peso de duas semanas nas pernas e nos rins, mas tinha que ser, envolvemo-nos ao máximo nas prémières... pros ou não, éramos maus durante o dia mas sempre bonzinhos à noite. Próxima paragem: Rouen, onde, para variar, chegámos duas horas atrasados para a demo. Os miúdos estavam à espera de algo como as demos da Plan B e essas mega marcas onde o espetáculo está sempre garantido... bom, com a Antiz o espetáculo está sempre para acabar... não tínhamos material para oferecer, a não ser algumas tábuas usadas e latas de Monster... o que vale é que é fácil agradar aos miúdos.
página 55 Fils de Merde
“Paris je t’aime“, o nosso ponto de encontro com o sangue fresco da Antiz e local da passagem do testemunho para o segundo grupo, mesmo a tempo de contar as nossas histórias porcas. O Juju sentiu-se logo livre. Depois de ter organizado, cozinhado e tomado conta deste grupo de malucos nas semanas anteriores, esta foi a sua noite. Por falar em noite, o plano para dormir era cada um desenrascar-se, ou com um amigo, ou com uma amiga ou num canto na rua... se não fosse o Hugo Liard a arranjar uma amiga tínhamos ficado todos na rua. Último concerto para os Cortona no bowl em Chelles, boa música, bom skate. O Samu, Burgi e eu tínhamos mais duas semanas de estrada pela frente e francamente não parecíamos lá muito saudáveis. Ah, o Burgi devia receber um prémio, o nosso câmara austríaco é o maior fã de Motorhead de sempre, tem os braços e pernas cheios de tattoos da banda, ouve-os de manhã à noite, fuma Marlboro, só bebe Jack Daniels e quando bebe demais parte garrafas de cerveja na cabeça. O Lemmy ficaria orgulhoso! Mas... de volta à nossa aventura, o novo grupo é fresco e nós podemos sentir isso, não precisam de bebidas energéticas para terem pica para skatar. Mesmo assim íamos perdendo o Gabeeb em Chelles, depois de uma queda de 10 metros quando andava à procura de um ângulo artístico para uma foto.
Gabbeed, frontside lean to disaster. Esta deve ter feito tanto barulho quando bateu no coping que até nos faz impressão Remy Taveira, o skater da Antiz com sangue português, já nos prometeu que vinha cá dar uns impossilbles para a malta.
2012
pรกgina 57 Fils de Merde
Próximo destino: Alemanha, mais precisamente Colónia e Hannover, onde fizemos as prémières nos “DYI” skate parques. Os locais ficavam em choque sempre que viam o Gabeeb sair da carrinha e skatar esses parques só de boxers, um bocado larilas, mas é por isso que o adoramos! O Hugo mostrou-nos também as suas técnicas pirómanas e queimou duas sweats em duas noites enquanto que o Gabbed no fim da demo colou por acidente as pestanas com super cola três enquanto tentava arranjar as sapatilhas. Já me esquecia, agora tínhamos uma banda nova chamada “Ta Gueule” que em Português quer dizer “cala a boca”. E tocam rápido como o caraças! A nossa última paragem na Alemanha foi Estugarda com a prémière no famoso “Skateboard Museum”. Agora um conselho sobre esta cidade: está cheia de mulheres lindas e depois de três semanas na estrada já podia sentir as minhas hormonas a brincar com a minha libido... se és solteiro, não precisas de nenhum chat ou rede social para engatares teenagers russas, compra um bilhete para Estugarda e faz-te à vida. Basel e o Black Cross Bowl. Que spot espetacular, principalmente quando podes ver o Oli Burgin a skatar ali. O bowl está perto de um centro de apoio a toxicodependentes, o que significa que estão sempre por perto várias personagens. Em Zurique ficámos em casa do Monir. Esta paragem teve o azar da chuva e tivemos de seguir viagem... exceção feita às belas paisagens, a Suíça ficou na minha cabeça como algo enevoado, só me lembro de um rio nos parecer um Jacuzzi a nós vagabundos da estrada. Para concluir esta epopeia, fomos até Itália, mais precisamente para Seregno, Génova e Pisa, onde mais uma vez os miúdos esperavam por mega-demos. Os rapazes deram o melhor, apesar de as pernas não darem para muito mais... mas, pelo menos, as bebidas energéticas para os miúdos eram de borla.
Samu, boardslide
2012
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Sam Partaix frontside noseblunt
Depois da última demo deixámos a malta no aeroporto e eu apaixonei-me pela minha cama, mais mole que o chão Inglês, Belga, Francês, Alemão, Suíço e Italiano. A minha primeira noite num colchão num mês! Finalmente! Resumindo, guiamos 7000 quilómetros com 5cd’s, (álbuns estes que não vamos conseguir ouvir de novo até pelo menos 2018), 15 garrafas de Jack Daniels, uma média de 5 litros de cerveja e 10 packs de papel de enrolar por dia, 10 duches em 1 mês, o que significa 20 pares de meias por pessoa destruídos pelo suor e despejados no lixo para não espalhar doenças. Mas não pensem que me estou a queixar, a viagem com esta malta foi um prazer e passámos bons tempos: uma viagem sem sítio para dormir, piscinas públicas como casas de banho e, acredita, podes ser o homem mais feliz do mundo. Agora preciso de dormir... tchau “Fils de Merde”.
2012
página 60 Fils de Merde
texto e fotografia Roskof
FINAL DC SKATE CHALLENGE
O TABU “TRIPEIRO” Há algum tempo, numa conversa com o Nuno “Gaia”, da Kate, loja do Porto que patrocina o “Jorginho” Simões, novo campeão nacional da categoria pro, falámos de um tópico que já é quase um tabu entre os skaters do Norte: o malfadado skate parque do Porto, que nunca mais chega. Na altura desta conversa, esta prova final no Ski Skate ainda não se tinha realizado e claro que ninguém sabia que o Jorge Simões iria sagrar-se campeão, embora depois das últimas vezes em que o vimos andar em skate parque já imaginássemos que algo assim poderia acontecer… ainda me lembro da altura em que cada vez que os skaters do Porto chegavam aos campeonatos, todo o pessoal comentava que eles não se davam bem com as rampas… “Eles só andam bem em street”, ouvia-se em som de fundo… pois, meus amigos, a verdade é que quando toca a talento não há rampas ou skate parques que valham… e não, esta não é a primeira surpreendente vitória de um “tripeiro” em Lisboa. Ainda hoje não me sai da cabeça a vitória do Philipe Pacheco (sim, Philipe com Ph) no campeonato da ASKA em Almada, ainda no século passado, com uma run toda em swicth!! Pois, os skate parques ajudam, mas não fazem um skater, por isso é bom ver que os lugares do topo da tabela neste campeonato foram ocupados por skaters que já provaram os seus créditos no street: Jorginho, Luís Coutinho, Tiago Lopes, João Santos (campeão Amador)... e a nova geração que vem cheia de pica: Bruno Senra, Manuel Rafael, André Sela (campeão iniciantes) e a dupla Gustavo e Gabriel Ribeiro… No dia seguinte ao campeonato liguei ao “Gaia” novamente e perguntei-lhe “então agora que o campeão nacional é do Porto, uma cidade sem skate parque, que argumento é que vais dar ao pessoal da Câmara para construir um? Ele respondeu-me: - “o pessoal aqui quer é sítios para andar de skate”! – parece-me uma boa razão, não? 2012
Um dos pontos altos do fim de semana foi, sem dúvida, voltar a ver o “papá” Karsten Heinrichs a skatar. Feeble
página 63
2012
Vejam só o pézinho do Aníbal Martins… ora isto é que é um front feeble como gente fina.
Jorginho Fs Tailslide flipout
página 65 O Tabu “Tripeiro”
O Pedro Roseiro já não deve lá ter espaço em casa para os troféus de Best tricks. Princípio do crooks mais longo do fim de semana.
Luís Coutinho backside furacão… ou como dizem os “amaricanos”… hurricane, ou lá o que isso é...
2012
página 66 O Tabu “Tripeiro”
FACEBOOK.COM/ZOOYORK.PORTUGAL
Já disponível numa loja autorizada rogerio@tribestation.com T: 933706560
PUSH TUNÍSIA HISTÓRIAS DA
texto Tzahi Einat introdução Nathan Gray fotografia Nathan Gray, Tanner Lostan, Evan Collisson.
CASA TRABELSI
2012
Inspirado pelo movimento da “Primavera Árabe”, um grupo de skaters e artistas internacionais visitou a Tunísia em novembro de 2011 com o objetivo de conhecer melhor a realidade do país, dar algumas demos, organizar campeonatos, dar a conhecer a sua arte e, ao mesmo tempo, aprender com o povo da Tunísia. Liderados pelos fundadores do TheBedoins, uma organização sem fins lucrativos, pela Philadelphia Skateboards e pela Rise Up Internacional, autodenominaram-se “PUSH Tunísia” e assumiram também como missão instigar a uma mudança na perspetiva humana, longe da destruição e complacência, e proativa na oposição criativa e na expressão artística. Quando chegou a Tunes, o grupo ouviu falar de uma mansão, propriedade da família governante antes da revolução, que tinha sido saqueada e destruída meses antes, aquando da revolução. Essa mansão tinha-se tornado num refúgio de writters. Esta casa, chamada Trabelsi House, rapidamente se tornou num ponto de reunião de artistas e skaters, que transformaram a piscina num diy spot com shows de street art e aberta à comunidade em geral. No corrupio de pessoas a entrar e sair desta casa, ouvia-se o rumor de que o edifício seria demolido em breve. Alguns sugeriam que a casa fosse transformada num museu: “Deixem-na como uma marca histórica de tudo o que Tunísia passou nos últimos anos”, diziam, outros previam que ela simplesmente ia ali ficar em ruínas, até sucumbir ao passar do tempo.
Evan Collisson, nose manual, casa Trabelsi
página 69
2012
“Eu pensava que a revolução seria só na Tunísia, mas depois começou na Líbia, Egito e na Síria. Eu sei que mudámos o mundo, até afetamos Wall Street, nos Estados Unidos. Agora os americanos tentam fazer o que nós fizemos... mas nós nunca tentámos ser como eles.” Houssem Cherf – Skater Tunisino
Evan Collisson, frontside five 0 pivot, Sidi Bou Said página 71 Histórias da casa Trabelsi
2012
Evan Collisson, nosegrind, Sousse
O primeiro dia passámos no skate parque de La Marsa, perto da praia. As rampas eram um bocado antiquadas, mas ali ao lado do Mediterrâneo tinha uma atmosfera engraçada. Foi aqui que conhecemos o Youssef, que se transformou no nosso guia durante estes dias. Ele levou-nos logo para a baixa da cidade, parecia que estávamos noutro mundo, parecia que mais que estávamos em França e não num país árabe. Descobrimos alguns spots, mas o melhor foi mesmo sentarmo-nos num café a fumar o cachimbo de água, conforme a tradição local. Nos dias seguintes dividimo-nos entre a casa e a procura de spots na cidade. Em Hammamet, num spot incrível – o bank com os degraus – aconteceu uma coisa engraçada. Não estava a conseguir dar a manobra, então um dos locais chegou-se ao pé de mim com uma caixa para me dar... lá dentro tinha um cinto de pele, um presente para mim... era mesmo o que eu queria... logo a seguir dei a manobra. Os dias na Tunísia passavam rapidamente, fizemos demos, organizámos pequenos campeonatos para os miúdos e tentámos conhecer mais alguns locais perto de Tunes. Um dos de que mais gostei foi Yehia, onde foram filmadas as famosas cenas do deserto da “Guerra das Estrelas”. Depois de nos imaginarmos na pele de Obi-Wan no que resta do set do filme, seguimos para Sidi Bouzid, a cidade onde começou a revolução. Foi ali que um jovem desempregado se imolou pelo fogo em protesto contra o estado do seu país. E a população ouviu o seu apelo. A cidade tem um pequeno skate parque, mas não vimos ninguém com skates, apenas crianças curiosas a olhar para o que nós fazíamos no skate parque. Naquela que seria a nossa última noite, ouvimos dizer que não podíamos sair do hotel depois das 20 horas porque estavam marcadas mais manifestações por causa da revolução. Mais tarde ainda ouvimos gritos e sentimos o cheiro de fogo no ar. Ficámos tentados a ir ver o que se passava, mas conseguimos deixar de parte os nossos receios e a euforia da revolução para as pessoas que a tinham feito... os Tunisinos. Tzahi Einat página 73 Histórias da casa Trabelsi
Tahi Einat, backside 50-50. Pool da casa Trabelsi
2012
O passo seguinte O filme “Push Tunísia”, realizado por Nathan Gray e filmado e editado por Evan Collison está na fase final de produção e o plano é construir uma rede de skaters, artistas e ativistas para apoiar a cultura e ativismo jovem no rescaldo da “Primavera Árabe”. Se queres saber mais sobre este projeto visita www.pushtunisia.org ou envia um e-mail para peace@thebedouins.org página 75 Histórias da casa Trabelsi
“Toniglota”, estás lixado que nem com estes smiths te vais livrar desta alcunha... fotografia Luís Moreira
2012
ANTI ESTÁTICO
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2012
Filipe Cordeiro front blunt numa daquelas casas que nós não nos importávamos de ter. fotografia João Mascarenhas
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André Pereira “Né”, No comply tailslide ou, traduzido, André não complica um deslize de costas. Fotografia João Mascarenhas
2012
O Zé Maria no reflexo ficou todo chateado por o verdadeiro ter dado a mesma manobra e ainda por cima ao mesmo tempo, 360º flip fotografia Renato Laínho
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O Gonçalo Maia é daqueles skaters que já há muito queríamos ter na Surge, esperamos que este tailslide seja a primeira de muitas fotos. fotografia Luís Moreira
2012
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2012
Ruca bs flip fotografia Renato Laínho
página 85 Anti-estático
Rodrigo Albuquerque, nosegrind a 3000 à hora… ou lá perto. fotografia Jorge Matreno
2012
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Luís Moreira, o skater, não o fotógrafo, ollie fotografia Renato Laínho
2012
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Ruben Rodrigues Nollieheel numas das escadas com mais história no skate português. fotografia Jorge Matreno
2012
página 90 Anti-estático
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semana sim, semana nĂŁo, e Ă s vezes na do meio, temos vĂdeos novos no site
www.surgeskateboard.com
TOQUE
O início do fim ou o reinício do fim texto e fotografia João Mascarenhas Acabamos esta revista com o mesmo spot com que a começámos, mas a história deste backsmith do Bruno Senra era boa demais para deixar passar...
Há uns tempos decidi usar a minha Lubitel com um rolo de 120 mm para tirar uma foto de skate a um dos rapazes do panorama nacional. Saquei da máquina, coloquei o rolo, preparei a luz. Quando o rapazinho me perguntou que máquina era aquela que eu estava a utilizar expliquei-lhe que era uma máquina de película... para meu espanto o rapaz perguntou-me: “o que é isso?” E eu respondi: “a película é a técnica de fotografia anterior à digital e a película utilizada em fotografia é constituída por uma base plástica, geralmente triacetato de celulose, flexível e transparente, sobre a qual é depositada uma emulsão fotográfica. Esta é formada por uma fina camada de gelatina que contém cristais de sais de prata sensíveis à luz que chega através da lente da máquina”.... já estou a mentir, não foi nada disto que lhe disse, claro! Expliquei de forma simples, nem eu sei isto e também não quero dar secas a ninguém (se bem que hoje em dia os nossos mais novos precisassem de uma ensaboadela dos seus papás e professores). Voltando ao meu diálogo, o rapaz muito surpreendido responde: “oh, então isso assim não dá para ver a foto! Grande merda!!”
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Lembrei-me desta história porque recentemente vim a saber que a Kodak veio dizer ao mundo que os seus diapositivos iriam ser descontinuados. Falando em skate, a maior parte das fotografias que víamos nas revistas de todo o mundo eram tiradas com estas películas, antes da era digital, o que me levou a pensar: será este o início do fim de uma Era? Ou apenas um golpe de marketing da Kodak? Sinceramente espero que não acabem as películas de diapositivo porque cada vez mais valorizo as técnicas de fotografia antigas! Estamos numa época em que para se tirar umas fotos basta um iphone ou um máquina digital qualquer e uns plugins foleirosos que imitam a película. Ou seja, trocando por miúdos, a fotografia contemporânea é cada vez mais desvalorizada e banalizada. Este pensamento levou-me à questão: o que é que me faz gostar de fotografia? Sinceramente, o futuro assusta-me um pouco... sugiro que antes de comprarem uma máquina digital com 500 mil megapixéis, comprem uma máquina daquelas que “não dá para ver a fotografia” mas que vos faz sentir mais perto de fazer fotografia com F grande. Ou talvez não... o futuro dirá. Eu pelo menos ando a tentar aprender qualquer coisa de Fotografia.
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