JOGA-TE “MÔCE” CAPTURAS FÉRIAS EM FAMÍLIA DC PORTUGAL NO SUL DA IBÉRIA
POR DAVE CHAMI
LRG PORTUGAL EM BARÇA 2012
Número 15 - julho/agosto
Bimestral
Distribuição gratuita
AURA S.A. - 212 138 500
DESPOMAR - 261860900
Madars Apse (‘mat rs aps) e
Este reservado omnívoro cabeludo é frequentemente encontrado no sopé dos centros urbanos. Embora conhecido pelos seus longos períodos de hibernação e pela sua disposição calma, pode exibir súbitas explosões de energia quando desafiado.
A Element orgulha-se de apresentar
The Element Am Video
Nick Garcia Julian Davidson
Evan Smith Boo Johnson
Com Madars Apse, Trent McClung, Nassim Guammaz
Agora disponĂvel no iTunes e em DVD elementskateboards.com
geral@nautisurf.com
Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com
fotografia Renato Laínho
panorâmica O equilíbrio Tenho um amigo com uma característica curiosa: sempre que se alimenta tem de alternar entre algo doce e algo salgado... sim, estão a ler bem, se come um pastel de nata ao pequeno almoço a próxima coisa que lhe passa pelo esófago tem de ser algo como um pastel de bacalhau, ou similar, da categoria dos salgados e assim sucessivamente. Diz ele que é para equilibrar os sabores na boca e, mal ou bem, a verdade é que, ao contrário do vosso editor, que já vos escreve com o computador assente na barriga apesar de skatar, esse meu amigo continua em forma sem fazer praticamente exercício nenhum. Se calhar o segredo de uma vida longa é esse… manter o equilíbrio. Com a Surge passa-se o mesmo. Num cenário pouco favorável continuamos a fazer uma revista gratuita, mesmo que, até agora, a nossa receita tenha sido sempre bem “salgada”, como deve ser o skate… mas será que isso quer dizer que não nos podemos aventurar noutros sabores?… nas páginas desta 15ª edição da Surge vais encontrar pela primeira vez um artigo mais lifestyle… ou se não quiseres pensar que é isso, podes encará-lo como um artigo de moda: com marcas
de skate, feito por um skater mas, sim, algo que não são manobras como estarias à espera, se acompanhaste as primeiras 14 edições da Surge. Já estou a imaginar: os nossos anunciantes vão adorar esta nova rubrica, alguns skaters vão encará-la como um desperdício de páginas, as miúdas vão achar giro, os betinhos do skate (aqueles de quem até as cuecas têm de ser da marca x) vão achar “cool” e quem não tem nenhuma ligação ao skate vai descobrir conteúdos mais abrangentes na revista. Mas, se bem me lembro, as primeiras vezes que saboreei o skate fiquei grudado não só pelas manobras, mas também pela estética, pela música, pelos gráficos… se o meu amigo diz que o mesmo sabor durante muito tempo sabe mal eu também digo que desfrutar do skate sem tudo o que está à sua volta não tem sabor. Aqui preferimos com. Mesmo que seja a mil folhas com torresmos… Pedro Raimundo “Roskof”
“Dima”, backside smith num bosque obscuro do Norte… se quiseres saber onde, tens que dar ao pedal e ir lá acima, que nós não te dizemos…
2012
pรกgina 11 geral@nautisurf.com
Ainda dizem que as autarquias das praias s贸 se preocupam com o surf. Vejam s贸 este monumento aos pescadores e aos skaters, na Costa da Caparica. Filipe Cordeiro backside noseblunt fotografia Jo茫o Mascarenhas
2012
Capturas por Dave Chami
Apanhámos um dos grandes fotógrafos do skate mundial aqui por perto e não o deixámos ir sem nos contar alguns segredos.
Interfake
Ainda não compraste o teu bilhete de Interfake? Então não sabes o que perdes por essa Europa fora...
Joga-te “môce”
Enquanto o nosso Ronaldo passava o Euro a mandar bolas ao poste como se não houvesse amanhã, a equipa da Dc marcava uns quantos “golos” numa viagem pelo sul da península.
Where the Vox are?
Numa tour com 6 demos em 5 dias ainda houve tempo para a streetada à moda antiga com o team da Vox internacional.
Férias em família
Há poucas coisas que marquem o verão como aquelas típicas férias em família cheias de sacos, malas, pás, pranchas e parafusos… o pessoal da LRG que o diga.
Dr.Manka-te
Perguntámos ao Dr. Manka-te se ele também tinha tido equivalências como aquele Sr. famoso na televisão, ele disse que não… as dele vieram por pombo correio!
Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com
Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris. Tiragem Média: 15 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Multiponto, S.A. Morada: Rua D. João IV, 691-700 4000-299 Porto página 13
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros
Capa: Lembram-se do “poço da morte” na antiga Feira Popular? Aquilo era para meninos, a versão skater fica em Albufeira e até puseram um gap no meio só para dar mais piada à coisa. Pedro Roseiro ollie fotografia Vasco Neves
facebook.com/pages/Circa-Portugal/
Olá Doutor Chamo-me Nuno e tenho 16 anos. Recentemente mudei-me para a cidade do Porto. Os meus pais são professores e foram colocados aqui. Vivi os últimos anos no Algarve, mais precisamente em Vila Real de Santo António. Em Vila Real não existiam muitos skaters, quase sempre andava sozinho. Cada vez tenho mais pica para andar, mas sozinho não é muito fixe. Já vi alguns skaters por aqui, mas não os conheço e sinto-me um pouco envergonhado em meter conversa... Normalmente vou até à Casa da Música. É um spot brutal! Mesmo não conhecendo ninguém, ali não me sinto sozinho porque está sempre malta a andar. Consegues dar-me algum conselho ou dica sobre a cidade do Porto e os seus skaters? Obrigado à Surge por tudo o que tem feito pelo skate em Portugal e arredores! Abraço Meu puto! Foste parar a uma bela cidade, que respira muito skate! Mais do que imaginas! Tenho realmente dois conselhos sábios que te posso transmitir e que te poderão ajudar. Em primeiro lugar, tens que te dirigir à Kate Skate shop. É uma das melhores lojas de skate em Portugal e paragem obrigatória para quem passa pela Cidade Invicta. Um dos donos é o skater Nuno Gaia. Vai receber-te muito bem, vais ver. Na Kate vais conhecer muitos skaters, vais ficar a saber onde ficam os melhores spots e o mais importante de tudo é que vais fazer boas amizades! Esse pessoal é muito bacano! O segundo conselho que te dou é simples: não vás na conversa deles quando falarem de futebol. O Gaia e companhia percebem muito de skate, mas de futebol não pescam nada. Não te tornes adepto do F.C.P. porque é errado. Aqui a sul fica um clube que defende a cor vermelha, que é a opção certa! Se seguires os conselhos do Doutor tudo vai correr bem, meu amigo. Beijo na bunda, malandro! Dr. Manka-te
Oi pessoal da Surge e Sr. Doutor. Não consigo andar de skate, pá! Vivo no centro do Alentejo e por mais vontade que tenha está um calor do car...!!!
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Durante o dia vejo revistas, consumo skate na net, oiço música, faço de tudo um pouco à espera que chegue o final de tarde para ir andar um pouco! Queria aproveitar melhor as férias, andar de skate o dia todo, mas está muito calor, que merda! Desculpem o desabafo, mas tinha que partilhar convosco. Continuem com o bom trabalho! Pedro Cruz Grândola Que menino, ó Pedro! Nem que estejam 50 graus! Não arranjes desculpas para ficares a ouvir Justin Bieber a tarde toda! Vai andar de skate sacana. Calor, chuva, vento, neve, nada disso é desculpa para não patinares! Se tens calor e és betinho, aproveita e vai dar uns mergulhos, porque tens altas praias por aí. Agora não fiques em casa a coçar a micose, para depois aproveitares apenas o final de tarde! Conheço pessoas com 80 anos mais jovens do que tu! Acorda para a vida! Beijo na bunda Dr. Manka-te
Olá, eu sou o André Nóbrega e sou de Oliveira de Azeméis. Ontem pela primeira vez acertei um kickflip, após 3 meses e tal a skatar, curiosamente era o dia dos meus anos! Fico feliz por acertar mas eu gosto de andar para “limpar” a alma, faz-me sentir bem... Fica bem Dr. Mankate. Um beijo e um peido. Como é que é macaquinho? Andas há 3 meses e já acertaste um kickflip? Grande merda! Com 3 meses de skate nem deves conseguir equilibrar-te bem, ou mesmo dar balanço em condições! Preocupa-te com as manobras mais básicas primeiro, macaco. Só assim vais conseguir evoluir. Dar um bom kickflip e parecer um bêbado a dar balanço é triste! Merecias um pontapé na peida! Manka-te! Beijo na bunda. Dr. Manka-te
fotografia Doroteia Nunes
CONSUL TÓRIO DO DR. MAN KA-TE Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir, publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa… Abraços e beijos na bunda. Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com
página 17 Dr. Manka-te
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T: 261 314 142
JOGA-TE “MÔCE” 2012
Mais uma tour, mais uma viagem, mais uma volta no carrossel mágico da DC Shoes Portugal. Em época de europeu de futebol não podiam faltar as táticas de última hora, as recentes contratações e a disputa pela titularidade na equipa.
texto Francisco Lopez fotografia Vasco Neves
A equipa apresentava-se com a solidez do costume: eu como capitão e jogador de meio campo, “El Comandante” a distribuir tarefas; na baliza, o guarda redes que não dá frangos mas cozinha pa’caraças, ”El cocinero” Daniel Pinto; na defesa e com a certeza de que “não deixam passar” nada, os DC Visual Boys, Vasquinho e Piteira; no eixo do meio campo, o criativo Luís Coutinho “Switch”, sempre a variar o jogo; nas alas os incríveis Jorge “Hi-Tech” Simões e o Pedro “Abusos” Roseiro, com jogadas de muito bom drible; e a estreia como titular, a arma secreta a jogar como ponta de lança, o último reforço da temporada, o “menino da floresta”, Thaynan Costa.
página 21
Com uma equipa destas só me podia sentir confiante para um bom europeu e, com tranquilidade, partimos para terras algarvias, onde nos esperava o magnífico centro de estágio Nunes Coutinho, situado em Albufeira. Inspirados nas terras algarvias, chegámos ao mote que nos deu motivação e nome para mais uma tour da DC Shoes Portugal: ‘Joga-te môce!’ Pelo caminho e com uma carrinha cheia de jogadores ansiosos para dar os primeiros toques, parámos no Alentejo numa terriola bem pequenina, mas com uns blocos bem bonitos. Apito para o início da partida e claro que é escusado dizer que a nossa tripla de avançados seguiu direta à baliza e massacrou o adversário, com golos do Jorge e do Roseiro. O ponta de lança foi dos que mais rematou, mas com três bolas ao poste e umas defesas por parte do chão não conseguiu marcar, há dias em que a bola não entra. Houve mais a marcar uns golinhos e até eu, como capitão de equipa, pude marcar um penalti para darmos uma cabazada à equipa adversária. Claro que, como equipa, todos são importantes e o “El cocinero” também brilhou com defesas e estiradas impressionantes. 2012
O capitão de equipa às vezes tem de impor respeito mesmo aos seus próprios jogadores. Em vez de os repreender, o França deu este frontside flip e nem foi preciso dizer mais nada.
página 23 Joga-te “môce”
Se fosse mesmo jogador de futebol o Pedro Roseiro marcava golos do meio campo tal é o sua força a skatar… flip transfer De volta à estrada para a base, mais um jogo amigável com um clube de Olhos D’Água, só mesmo para descontrair… e para o Roseiro dar uma marrada que ia furando o chão. Pensámos logo que seria a primeira lesão, ainda antes do arranque do campeonato... nada disso, só uma dor de cabeça até ao fim do dia. Como para nós os jogos são todos os dias e a qualquer hora, na sexta-feira, primeiro dia do euro 2012, optámos por jogar em casa e não saímos do Algarve. Já no centro de estágio, o jantar segue a dieta especial do nosso guardião encarregue do menu de todos os dias, Daniel “El cocinero” e de bebidas isotónicas como colas e ‘superbirras’.
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O Jorginho tem sempre muitas “manhas” nos pés… crooked nollie flip
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Luís Coutinho finta para esquerda… depois para a direita. Frontboard para backside noseblunt… gooooooolllloooooooo!!!!!
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Vocês não viram mas a estátua não gostou do comportamento do Jorginho com este ollie e queria dar-lhe um cartão vermelho. Felizmente tinha-se esquecido dos cartões em casa… típico do nosso campeonato!
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Pois, queriam muitos jogar bem com os dois pés como o Luís Coutinho, switch flip
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Segundo dia, rumámos a Espanha, mais concretamente a Sevilha, para o outro centro de estágio que serviria de base para duas noites e para preparar umas partidas importantes, com acompanhamento médico e tático do nosso anfitrião Hector Garcia. Estabelecemos um plano para estes dois dias e seguimo-lo à risca: muitos quilómetros, muitas garrafas de água e, o mais importante, muita diversão. No final da nossa estadia em terras espanholas tínhamos sido reis e senhores, várias partidas disputadas e só vitórias, umas bolas ao poste e umas canelas roxas das entradas dos adversários, mas nada que nos baixasse a moral para o resto dos dias de competição.
página 29 Joga-te “môce”
“El cucinero” soa-nos mais a alcunha de chefe de guerrilha do que a jogador da bola, por isso é que o Daniel Pinto se deve sentir à vontade neste pivot para fakie praticamente no meio da selva
De volta ao centro de estágios de Albufeira, aproveitando um tempinho livre para confraternizar com uma equipa local, resolvemos visitar um zoo. Descobrimos que as condições eram perfeitas para uma peladinha e o jogo acabou com ambas as claques em festa. Último dia, em que o cansaço se apodera das pernas e o discernimento já não é o melhor... mas começámos com um golo magistral do Roseiro, um remate canhão do meio campo, coisa raramente vista pelos adeptos. Foi o mote para o resto do dia.
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Ao contrário do que acontece em muitos clubes de futebol a sério, pelo menos no skate as contratações de última hora costumam resultar… Thaynan Costa tailslide heelflip out
Percorremos mais uns quilómetros, disputamos mais umas partidas e o apito final aproximava-se, mas os golos não paravam de surgir. Assim o caminho até foi fácil, só faltava mesmo levantar o caneco da final, chegar ao fim do estágio e esperar que os outros, no futebol, nos seguissem os passos e fossem até a final para trazer a taça para Portugal.
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WHERE THE VOX ARE? Bom dia Portugal!! “Chegámos.” Foi a reação deste grupo de indivíduos super simpáticos e felizes por virem partilhar a nossa cultura. Cansados e ressacados, pediam humildemente por comida, abrigo e férias. Começaram em França, depois Espanha, agora Portugal.
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texto Carlos Viegas fotografia Jorge Matreno
Cody Mac é conhecido como o “Catfish” ou peixe-gato... o que é que isso tem a ver com estes switch heels gigantes continua um mistério
Com muita fé e motivação partimos em busca do pequeno almoço e de street skate, mas com o decorrer dos minutos descubro que eles vinham mortos das skatadas, das festas e das viagens, quase imploraram por descanso. Para ajudar, a chuva seguia-nos por todo o lado. Procurámos abrigo pelas praias da Lagoa, almoçámos e seguimos para a famosa Praça da Figueira. Bom ambiente, autógrafos na Tribal e muita cultura fizeram desta tarde um memorável início de uma tour descontraída, mas muito intensa. De seguida uma paragem aquática, o gap da água na Expo. Posso dizer-vos que depois de tantos anos a levar pessoal àquele spot nunca tinha visto ninguém enfrentá-lo de switch e fakie como o Bachinsky fez. Após muitos skates na água podemos dizer que a bandeira da Vox foi hasteada no spot. Alguns truques mais tarde resolvemos ir descansar e planear o dia seguinte, devido à chuva que persistia em incomodar. Campo Grande, Cidade Universitária, Estados Unidos. A marcar a manhã, o fabuloso ollie e pole jam, que o Jordan Hoffart deu na cidade Universitária. Posso dizer-vos que literalmente matou o spot, quem quiser pode passar lá a ver do que vos falo. No meio do imprevisto, passámos no Indoor da Amadora para dar uma voltinha naquelas belas rampas e uns beijinhos aos amantes da skate. “Back to the streets”, resolveram reinventar o Colombo e depois as famosas escadas da Amadora, onde o Cody McEntire em 10 minutos deu 10 senhores truques. Imaginem se a polícia não tivesse chegado... numa onda de gaps seguimos para o gap da água na Quinta das Conchas e pergunto-vos isto: sabem qual é o truque de aquecimento do Cody? Switch Flip... seguiu-se um flip backside e um big spin, que deixaram mossa no gap. Quando íamos a sair, o cameraman resolveu, sem aquecimento, dar um hardflip???? Quem diria que este cameraman é um grande skater, Darren Miller. Jantámos e seguimos para Viana do Castelo em busca do navio Gil Eanes. Quando chegámos caí na real e descobri que era um hospital antigo e continuava exatamente como há centenas de anos: camas de metal de 50 centímetros, ferros por todo o lado, no mínimo assustador. Não sei se pelo cansaço, se pelo estado de espírito, mas fugimos a sete pés em busca do hotel mais próximo.
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Não há nada melhor do que skatar algo que foi posto ali para dificultar a vida aos skaters e ainda por cima dar um abuso destes… Jordan Horffart pole jam wallride fakie
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O Dave Bachinsky é conhecido por beber 10 bebidas energéticas por dia, por isso não se percebe como é que ele dá manobras como este five o fakie na maior das calmas
Um pouco já fora de plano seguimos para a mini-rampa do Ciso: digna de “trolha”. Coppings a sério, transições rápidas e perfeitas, um belo wallride. Já sabem, se querem passar umas férias em turismo rural com rampa, falem com o Ciso, garanto-vos que não se arrependem. Se juntarmos boa disposição, uma prova de vinhos da região, da produção do Pai Ciso... Capital do skate no Porto: a Casa da Música. Este spot tão conhecido e falado lá fora é um verdadeiro paraíso para rolar num skate. Venha quem vier fica boquiaberto. Numa de street, seguimos para a Póvoa de Varzim. A partilha pelo skate tem de tudo, de notar que esta cidade desmontou o skate parque, segundo consta, após um qualquer artista ter partido um pé, coisa nunca antes vista. Com o fim do skate parque a revolução nas ruas continua e já se veem alguns ”skate stopers artesanais” mandados construir pela câmara, que a meu ver são um upgrade a tudo o que aquela terra tem para oferecer. O alarme tocou às 10 e cá em baixo já se encontrava o nosso clube de fãs em busca de um par de sapatilhas ou uma tábua. Mais uma meia de leite e um queque, pequeno almoço tradicional do McEntire e para a Maia em busca de sangue. E
aconteceu uma carnificina, para mim a melhor sessão de sempre em escadas: switch isto, switch aquilo, switch 360 flip e chega. Leiria, famosa terra de skaters e bons spots, ao encontro do nosso amigo Sales que nos mostrou uma fábrica antiga, que passou a património de skate onde um grupo de amigos se juntou para erguer paredes e transições para diversão comum. Creio que o que faz um bom spot é a companhia. As transições e os acabamentos em segundo plano. Toda gente adorou este spot, rude mas com alma de skater. Muitas linhas e boas quedas fizeram de Leiria um marco na nossa viagem. Meio vivos seguimos para as Caldas da Rainha para uma demo final. Nunca pensei que alguém tivesse coragem de pegar no skate, mas posso dizer que mostraram bem o que valem e quem são: pessoas humildes e muito talentosas. Até o nosso cameraman, o Tiago, estava on fire e já punha o Bachinsky e o Jordan a filmar as suas linhas, só visto... Hora de jogo, Portugal vs Alemanha, o público vibra e 90 minutos mais tarde, já com os copos, todos festejávamos o nosso dia e a infeliz derrota de Portugal. Seguimos em direção ao Bairro Alto em busca de ação, copos e sabe deus mais o quê. Creio que nesse dia por volta das 6 da manhã descobriram camas para dormir.
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O dia do adeus começou tarde ou nunca. Arrasados, ressacados e todos partidos arrastámo-nos em direção a Sintra para um passeio cultural. Alguns travesseiros mais tarde resolvemos ir dormir para a praia do Matador, na Ericeira, onde era suposto dar uma demo, horas mais tarde. Sei que essa hora chegou mas a demo nunca começou, a energia tinha sido consumida pelas gargalhadas e abusos do dia anterior. Resta-me agradecer a vossa sabedoria e persistência para conseguirem ler os meus textos. Obrigado a todos que participaram nesta tour e fizeram estes dias tão especiais e inesquecíveis. Blunt Fakie na quinta com mais transições de Portugal - Josh hawkins
P.S.: Por incrível que pareça estes nossos amigos ainda tinham mais 20 dias de tour pela frente, será que chegaram ao fim?
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texto e fotografia Jorge Matreno
LRG PORTUGAL EM BARCELONA
Todos os anos a nossa família vai de férias e este ano estamos ainda com mais pica, tanto pelo destino da viagem, como pela recente visita do team internacional ao nosso país. O team da LRG está cada vez mais unido e maduro e a ida a Barcelona foi a confirmação de mais um ano de bom trabalho. Skatar os spots da capital da Catalunha foi a cereja no topo do bolo de aniversário de um team que completa mais um ano de vida.
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Um dos grandes mistĂŠrios da viagem: quem suporta melhor a canela? O pessoal do norte ou o do sul? Pelo menos nos backside flips o tripeiro Nuno Cardoso leva a melhor
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Nem parece um frontside flip do rei do tunning de Leiria. Rogério Carvalho… então onde é que estão os néons no skate e os subwoofers?
Há uma série de meses que o plano de ataque a Barcelona estava traçado. Falando por mim estava ainda mais contente que o habitual pois não tive de conduzir nesta viagem, desta vez essa missão ficou a cargo dos condutores do metro de Barcelona e dos pilotos que nos levaram até Barça! Os protagonistas são os suspeitos do costume: Né, Rapha, Cardoso, Ivan, Roger, Tekila, Simão e a estrear-se numa viagem, o mais recente membro da família LRG Portugal, o Gonçalo Vilardebó. Chegámos a Barcelona depois da hora de almoço e logo após conhecemos o nosso magnífico apartamento, junto à estação de Sants, mítico spot que está atualmente em obras. O pessoal chegou já um pouco cansado mas carregado de pica e mal largámos as nossas bagagens, voltámos logo à rua para skatar. Quase ao lado de casa havia uma série de spots e foi pelas redondezas que passámos o primeiro e curto dia, no fim do qual já havia uma série de manobras e boas imagens. Era altura de regressar ao apartamento com compras para o jantar, recuperar forças, fazer planos para os dias seguintes e dormir uma boa noite de sono. Dei por mim a embalar ao ritmo das histórias do Tekila. Mas não era fácil adormecer, pois o nosso cameramen ressona que se farta. O Sr. Luís Moreira é um trator com escape livre e não dá grandes hipóteses a quem dorme perto dele. A única solução é tentar adormecer antes dele e esperar não ser acordado pela sinfonia da insónia!
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Né nollie backside flip num monumento ali especialmente colocada para esse efeito... a sério!
página 47 Férias em família
Ivan Melo bigsping flip front board para calar a malta que diz que ele só anda de skate parque… mostra-lhes como é Ivan!
O dia seguinte foi quase todo dedicado ao Paralel, chegámos lá mesmo no pico do calor e só mesmo com muitos litros de água fresca fomos capazes de aguentar tanto tempo naquele spot. O que apetecia mesmo era ir para a praia, mas não foi o que fomos procurar a Espanha e todos estávamos mais que empenhados na missão de regressar a Portugal com bastantes manobras e uma skatada memorável em Barcelona, claro, com passagem obrigatória pelo Macba. O Né fez questão de se dar a conhecer a si e ao seu nollie flip a todos os presentes, que naquele momento se escondiam nas traseiras do museu, uma vez que a polícia tinha acabado de aparecer... mas em sete tentativas ele despachou a manobra com muita classe. Infelizmente muitas viagens ficam marcadas por lesões e o Gonçalo vai querer esquecer rapidamente o terceiro dia pelos piores motivos. Se não me escapa a memória foi junto à praça de touros, num curb que em poucos minutos já tinha provocado umas quantas quedas e que viria a ser fatal para o Gonçalo. Torceu violentamente o pé direito, deitando por terra o resto da sua viagem. Era bem visível nele o desapontamento de quem antecipava um regresso a casa. Depois do jantar, lá conseguimos dissipar a tristeza com um momento hilariante envolvendo uma colher de sopa e canela. Como é normal, o Tekila é sempre o “duro” e nunca diz que não a um desafio. Depois dos relatos do Rapha e do Né, decidiu aceitar o desafio da canela: ainda apostámos bastantes euros em como ele não era capaz de engolir a canela. Por momentos ainda pensei que ele ia ganhar a aposta... mas os vídeos que eu já tinha visto no youtube acabaram por evitar que perdesse 25 euros. Não bastasse o Tekila exemplificar o que acontece, o Né também foi corajoso para tentar o desafio... acabou a beber água compulsivamente e quase a vomitar. A risada era tanta que acabámos a brincadeira com a polícia a bater à porta e tivemos de nos controlar para os concorrentes seguintes. Mas não é que houve quem conseguisse superar o desafio? O Luís esteve quase no limiar de perder a aposta mas conseguiu e, por incrível que pareça, por duas vezes. E à segunda, com a companhia do Cardoso, provando que os nortenhos são muito mais tolerantes à canela!
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O Né quando viu que o Moreira adormeceu ao lado dele e ia começar a ressonar, quis sair logo dali com um wallride a mil
página 49 Férias em família
O quarto dia desta viagem fica marcado pelo encontro com o Chico! Também estava em Barcelona em tour... fomos surpreendidos quando andávamos a skatar em Col Blanc, de onde acabámos por ser corridos pela polícia. O Chico bazou a sete pés... ainda houve quem dissesse “GIVE ME MY MONEY CHICO”, mas ele já tinha ido embora! E nós seguimos viagem para o Fórum.
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Ivan Melo nollie bigspin heel
Ao quinto dia já não há músculo nenhum que não doa e cada vez torna-se mais complicado e demorado começar a skatar. A mim até nem me dói quase nada, afinal de contas dificilmente consigo dar uns meros ollies durante todos estes dias... a parte mais complicada é ter que carregar aproximadamente 20 quilos às costas umas valentes horas, de spot em spot... só falta mais um dia! Mas mesmo com todo este cansaço, seríamos capazes de ficar aqui muito mais tempo, esta cidade é a loucura!!!
página 51 Férias em família
Só tínhamos mais um dia para skatar e decidimos que deveríamos voltar a alguns dos spots onde deixámos manobras por aterrar, queríamos ainda voltar ao Macba... o Né queria pular umas quantas vezes os blocos e trazer mais uma manobra no bolso... infelizmente não houve tempo para muito mais, a viagem estava a chegar ao fim, havia apenas tempo para mais umas voltas nas Ramblas à noite e fazer planos para o verão que vem... se calhar regressamos à Catalunha, pelo menos essa foi a vontade com que todos ficámos.
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Sabiam que o Rafa se chama Raphael com Ph? Se calhar quando se aleija também vai às pharmacias… Hardflip
página 52 Férias em família
texto e fotografia Luis Moreira
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Quando estiverem em véspera de fazer uma viagem de quase um mês pela Europa e tiverem que percorrer dois quilómetros debaixo de chuva torrencial até casa e as calças e sapatilhas que tiverem vestidas, forem, nesse infeliz momento, as únicas que têm para toda a viagem, deixo-vos um conselho: dispam a roupa que não querem molhar, ponham-na por baixo de um casaco, saco do lixo ou seja o que for e corram! Ignorem o alcatrão, as pedras e pedrinhas e a lama, porque tudo isso faz muito bem à saúde e faz com que cresçam fortes, saudáveis e bonitos. Tenham atenção às greves de comboios e certifiquem-se que têm os tampões para os ouvidos devidamente colocados por causa das centopeias.
página 55
Foi nestas figuras, com cobertores roubados no comboio, que caminhámos mais ou menos uma hora até à estação de Copenhaga
2012
A coisa mais importante para começar uma viagem de comboio, é sem dúvida, haver comboios. Nós decidimos começar a viagem em dia de greve da CP. Fomos de autocarro até Vigo, skatamos lá o dia todo e seguimos de lá para Barcelona ao final da tarde. Passámos 16 horas dentro de um comboio que era, segundo os funcionários da estação de Vigo, a única maneira de ir até Barcelona. Pagámos 13€ cada um para fazer a reserva nesse comboio, valor que juntando aos 3.20€ que gastámos no bilhete de autocarro até Vigo fez com que esse fosse um dos dias mais caros de toda a viagem. Por outro lado, esses 13€ deram-nos direito a uma garrafa de água e um kit constituído por headphones, uma manta e alguns utensílios de higiene pessoal que nos foram úteis durante toda a viagem. Barcelona recebeu-nos literalmente com merda. Acabado de chegar ao Macba caí e o meu skate meteu-se por um beco pouco mais largo do que ele e colidiu violentamente com um grande monte de merda de carocho. As luvas e desinfetante do kit de tatuagens do Ghetto foram a minha salvação. Foi muito bom andar em alguns spots que costumamos ver nos vídeos e constatar que, realmente, nós não sabemos mesmo andar. Passámos grande parte da noite no Macba, onde para além de vermos pessoal a andar com um nível incrível, o Romeo ficou com uma pena na boca depois de ter comido uma salsicha, evento que fez com que, automaticamente, no nosso vocabulário a palavra salsicha fosse substituída pela palavra pena. Salsichas = penas. No caminho para Itália parámos em Montpellier, França, uma cidade lindíssima, cheia de miúdas bonitas e com os skate stoppers mais ridículos que eu vi na vida. Para que é que servem skate stoppers em curbs cuja fisionomia e chão envolvente fazem com que não sejam skataveis? Fica a pergunta. Tal como o MacGyver resolvia tudo com um clipe e um rolo de fita cola, o Romeo também tem essa capacidade, mas nem precisa do clipe. Os solavancos do comboio a caminho de Itália
não o deixavam dormir e ele resolveu o problema colando a cabeça ao assento com fita cola. Dormiu durante horas. Eram 7 da manhã e estávamos a tomar banho de água gelada no chuveiro da praia em Ventimiglia (cidade italiana na fronteira com França). Foi o primeiro banho e foi unanimemente eleito como o melhor da viagem. Apanhámos o comboio para Milão. Tínhamos esperança de poder ficar em casa do Cardoso, mas acabámos por seguir viagem uma hora depois de lá chegar. Tinham-nos falado num skate parque em Brescia, que ficava apenas a 40 minutos de Milão e sendo uma cidade muito mais pequena, seria mais fácil encontrar um sítio escondido para dormir. Mais tarde, apercebemo-nos de que o facto de não termos podido ficar em Milão foi o melhor que nos podia ter acontecido. Andámos mais de uma hora a pé com a tralha toda às costas e com uma fatia de pizza que tínhamos comido em Milão no estômago, à procura do skate parque. Quando finalmente encontrámos, a fome dissipou-se instantaneamente e deu lugar a uma enorme vontade de skatar. Anexado ao skate parque, havia uma skate shop e um café. O Davide, gajo que trabalhava no café, era também skater e quando nos viu lá às voltas com o mapa, veio falar connosco... para além de nos ter feito um relatório de spots, deu-nos um prato frio de pasta com arroz que foi um grande consolo. Como se isso não bastasse, ainda nos deu uns sacos para proteger o skate da chuva e deixou-nos ficar a dormir no balneário do skate parque. No final do dia estava a chover e apareceu o Mateus, um skater local, que fez os nossos olhos saltar das órbitas quando disse: “Pessoal, tenho uma bowl indoor, alguma cerveja e comida. Querem vir até lá hoje à noite?” Como não tínhamos reuniões marcadas para essa noite, dissemos imediatamente que sim. A bowl era perfeita, toda DIY mas muito bem conseguida. Estivemos lá a skatar e a beber uma cerveja. Afinal não tinha tanta comida como pensava e o jantar para quatro pessoas foi uma pequena embalagem de carne com maionese e duas latas de ervilhas.
Romeu wallride
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Depois da skatada, fomos para o nosso hotel balneário e apesar de os nossos estômagos nos estarem a pedir comida, nós estávamos contentes, pois estava a correr tudo às mil maravilhas. De manhã o Mateus apareceu no skate parque e levou-nos de carro aos melhores spots da cidade. Tem realmente spots muito bons, o problema é que conseguíamos andar pouco mais de cinco minutos em cada um. O último spot a que fomos foram umas 10 escadas onde eu rebentei o meu pé e fiquei arrumado para o resto da viagem. Ainda mal tinha começado e eu já estava K.O.. A caminho de Liubliana, Eslovénia, passámos por Veneza. A cidade é brutal mas não estávamos a ver maneira de ficar lá a dormir
2012
sem pagar e metemo-nos no comboio noturno para Liubliana. Fizemos escala em Villach, Áustria, e na estação conhecemos o Jack the stRipper, que estava tão bêbado que já só andava como os caranguejos. Até Liubliana o Romeo foi sempre implicar com um revisor que entre nós ficou conhecido por Quim Barreiros, por ter carimbado o nosso bilhete de interfake sem necessidade nenhuma. Foi só rir. Telefonámos ao Killer, que está a viver em Viena, Áustria, e dissemos-lhe que não tinha outro remédio senão dar-nos guarida por uns dias. Fizemos uma visita rápida à cidade e houve uma mulher lindíssima, que ao todo tinha quase 3 dentes na boca, que pediu ao Romeo para tirar uma fotografia com ela e o tentou beijar. Foi hilariante!
Romeo, ollie transfer – Brescia Itália A nossa maturidade transcende todos e quaisquer limites. Aqui estamos nós a prová-lo. Liubliana
Conhecer uma cidade à chuva não é das coisas mais fáceis do mundo, especialmente quando se anda com uma máquina fotográfica. Há quem diga que água e aparelhos eletrónicos não se dão muito bem. O Killer recebeu-nos com meio litro de cerveja para cada um e uma tosta incrível, especialidade e cortesia da Isa, namorada dele. Depois de almoçar e pôr a conversa em dia, estendemos os sacos cama no chão e fomos dormir para no dia seguinte estarmos cheios de energia para ir skatar ou, no meu caso, para me roer todo de inveja. Nada melhor para acordar bem humorado do que uns pontapés do Killer. E ele parece saber muito bem disso. Serviu-nos os pontapés matinais acompanhados de chá preto, bolo de chocolate, pão e queijo.
Fomos conhecer a cidade e os spots de skate, e é incrível como se pode andar sempre com o skate debaixo dos pés para onde quer que se vá. Passámos dois dias com o Killer. Decidimos ir passar um dia a Budapeste. Começámos o dia a correr para a estação de Meidling, em Viena, porque estávamos atrasados. Corremos quase uma hora até à estação e quando chegámos lá e nos apercebemos que tínhamos perdido o comboio por meros minutos, chegámos mesmo a ponderar suicídio coletivo. Acabámos por tirar essa ideia da cabeça porque tínhamos um comboio duas horas depois.
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Knoll bowl e companhia
2012
Não estávamos a gostar nada do que estávamos a ver em Budapeste. Ninguém falava inglês, as pessoas eram todas desconfiadas e aquilo não se parecia em nada com o que nós imaginávamos. Até que nos apercebemos que estávamos a andar para o lado contrário do que era suposto e nos encontrávamos na periferia. Quando chegámos ao centro, a história era outra. Íamos para conhecer a cidade, mas encontrámos um jardim tão brutal, que chegámos lá às quatro da tarde e só saímos às cinco da manhã porque tínhamos que ir apanhar o comboio de volta para Viena. Quando chegámos a Viena fizemos uma caminhada de duas horas até à casa do Killer. Todas estas caminhadas podiam ter sido evitadas se nós gastássemos 2€ num bilhete de metro ou autocarro. Mas diz-se por aí que andar faz bem à saúde. Sem mais afazeres em Viena, fomos para Praga, República Checa. A viagem de Viena para Praga foi das minhas preferidas. Deu para dormir e nos intervalos do sono víamos sempre paisagens lindíssimas. Já em Praga, a história é outra. Mal saímos da estação, vimos uma miúda com pouco mais de 18 anos a “dar no cavalo” e começámos a ver carochos por todo o lado. Quando chegámos ao centro, esquivámos os strip clubs (coisa complicada de se fazer em Praga) e entrámos em alguns bares para ver o ambiente, mas como não tínhamos budget para bebidas,
não estivemos por lá muito tempo. Estávamos muito cansados e fomos procurar um sítio para dormir. Estivemos para cortar um pedaço de uma lona enorme que assinalava o Kafka Museum mas acabámos por escolher uma coisa mais low profile: saltámos a vedação da esplanada de um café e dormimos lá. O Ghetto dormiu debaixo de um banco, eu dormi no chão e o Filipe e o Romeo dentro de um guarda-sol. Acordámos e saímos dali antes que alguém nos viesse tirar à força. Fomos para o jardim da estação, procurámos o sítio com menor taxa de seringas por metro quadrado e estendemo-nos na relva. Quando acordámos, fomos para a Stalin Square e o queixo caiu-nos ao chegar. É, sem dúvida, o melhor spot onde estive até hoje. Só de pensar que não pude andar até fico mal disposto. À noite, andámos à procura de um pub para gastar as últimas moedas Húngaras que tínhamos, que ao todo deviam ser qualquer coisa como um euro e meio. Era domingo e não estava quase nada aberto, o que fez com que fossemos parar a um KFC. Gastámos o dinheiro numa cola e estivemos a encher o copo clandestinamente durante 3 ou 4 horas. Sempre que alguém ia lá comer e deixava batatas fritas ou pedaços de frango intactos, era uma festa!
Ghetto tre-flip, a sua última manobra da viagem. No dia seguinte juntava-se à lista de baixas do interfake
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Esta sequência foi tirada com a câmara num tripé e disparador remoto na minha mão direita. Apesar de ter o pé lixado, no fim da viagem ainda consegui dar um toque para o artigo… auto-sequencia... Luís Moreira flip manual tre-flip
2012
Depois de mais uma viagem, chegámos a Berlim e fomos acertar contas com o sono para a margem do rio Spree. Estava um calor desgraçado e demos uns mergulhos no rio, até aparecer a polícia a balbuciar qualquer coisa em alemão. Não percebemos o que era, mas que soubemos de imediato que não era para encorajar o que estávamos a fazer. Ora estávamos a apanhar sol na margem do rio, ora a abrigar-nos da chuva numa paragem de autocarro. Começámos a ponderar ir nesse mesmo dia para Copenhaga, mas a chuva foi embora e essa ideia também. Quando nos disseram que a estação de Berlim estava aberta toda a noite ficámos mais descansados. No entanto começámos a ver os seguranças a fazer a ronda e a acordar toda a gente que estivesse a dormir, incluindo pessoas que estavam sentadas com a cabeça encostada à mala. Isso para nós não era, de todo, um bom sinal... tivemos que esperar que os seguranças passassem por nós, entrar pela porta de acesso às escadas do estacionamento e lá arranjámos um sítio fora do alcance das câmaras. Conseguimos dormir umas quatro horas até os seguranças nos encontrarem. Esse dia foi praticamente passado à procura de uma skate shop com uma bowl. Quando lá chegámos, disseram-nos que não se podia skatar. Devem imaginar o quão felizes ficámos com essa notícia. Mas o momento mais épico do dia foi quando o Romeo, aflito para cagar, subiu a uma árvore na margem do rio, mais ou menos a quatro metros de altura, sentou-se num dos galhos e cagou de lá de cima! Havia pessoas num raio de cinco metros da árvore e ninguém reparou em nada. À noite apanhámos o comboio para Copenhaga. Quando entrámos disseram-nos que tínhamos que pagar 20€ cada um pela reserva. Ficámos furiosos. Temos um bilhete de interfake e ainda temos que pagar? Foi a única vez que dormimos em camas, mas preferíamos
O Timmey deu uma tábua a cada um, cerveja e deixou-nos estar a “chillar” no terraço dele, pagou-nos bilhetes de autocarro, meteu-nos a todos num bar e arranjou-nos bebidas a noite toda. O maior boss de todos os tempos. Backside overcrooked Zurique
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ter ficado com os 20€ e passar a viagem sentados. Claro que trouxemos connosco os cobertores. Para além de termos ido visitar Christiania, que é simplesmente brutal, fomos para o Faeldenpark. O skate parque é brutal, o ambiente é brutal e conseguimos acampar lá escondidos atrás de umas árvores... se tiverem sorte, como o Romeo, ainda encontram smart phones no meio da relva com o código de bloqueio escrito num papel no compartimento da bateria. No dia em que decidimos ir para Zurique abrigámo-nos da chuva numa casa de banho pública, onde tomámos um semi-banho num lavatório. Tomámos muitos semi banhos, mas banhos a sério há 8 dias que não sabíamos o que isso era. Fartámo-nos de esperar, pegámos nos cobertores que trouxemos emprestados do comboio (que já tinham sido usados como cobertor, toalha de praia/cara/mãos/piquenique e colchão) e destacámo-los à sua nova função: capa de chuva. Em Hamburgo, a caminho de Zurique, uma revisora teve o atrevimento de começar a desconfiar da veracidade dos nossos bilhetes e fez tudo e mais alguma coisa para provar que éramos aldrabões. Mas a verdade é que tanto não somos, que não conseguiu. Zurique é uma cidade demasiado cara! Se não fosse a nossa sorte, tinha sido complicado! O Vítor, irmão do Filipe que mora lá, foi-nos buscar à estação e deixou-nos ir pousar as coisas a casa dele. Depois disso, fomos procurar spots para skatar. Vimos um gajo todo tatuado e com um skate atravessar a estrada e fomos falar com ele para nos indicar spots. O gajo disse-nos: “Venham comigo!” A partir daí, foi inacreditável. Pagou-nos os bilhetes de autocarro aos quatro, levou-nos aos spots, skatou connosco, deu uma tábua a cada um, estivemos no terraço dele a beber cerveja, entrámos à pala em todo o lado à noite e bebemos a noite toda sem gastar um único cêntimo. Foi simplesmente incrível!
Romeo a dar um backdide ollie numas escadas. Esta foi a última foto da viagem, vejam o bronze dos meninos – San Sebastian, país basco.
No dia seguinte, ao voltar para casa do Vítor, roubámos um carrinho de compras para pôr as mochilas. Lá íamos com o carrinho e a comer pão com margarina, enquanto nos cruzávamos com Ferraris, Porches, etc. numa das cidades mais ricas da Europa. A meio do caminho encontrámos um gajo a assaltar uma máquina de bebidas... ainda levámos 8 garrafas de água com gás para casa. No dia seguinte começámos a nossa viagem de regresso a Portugal. Tivemos problemas com os nossos bilhetes em Lyon. Um revisor disse-nos à entrada de um TGV que se entrássemos naquele 2012
comboio com aqueles bilhetes, só saíamos no tribunal. Não percebemos qual era a cena dele, mas apanhámos o TGV seguinte. Foi sem dúvida das experiências mais incríveis da minha vida. Passámos 20 dias pela Europa, gastámos no total 0€ para dormir, em média 4€ por dia para comer, conhecemos pessoas brutais, sítios fantásticos e vivemos momentos únicos, que me vão ficar na memória para sempre.
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DEPOIS fotografia e styling Adrian Morris para Gravis/Analog Portugal - Arrรกbida modelos Tiago e Susana
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gorro – Analog Burglar Beanie
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calças – Analog AG 5 Pocket Jean
camisa – Analog Brody
casaco – Analog Origin Jacket
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boné – Analog Expedition Hat
mochila – Gravis Metro
ténis – Gravis Avalon
ténis – Gravis Slymz Girls
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sapatilha – Gravis Quarters
sweat – Analog AG Crew Sweater
saco – Gravis Urban Totte
gorro – Analog Collateral Beanie
2012
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CAPTU DAVE CHAMI Intro e entrevista Roskof
Sempre que associamos um nome a uma cara nunca sabemos o que vamos encontrar, pode correr bem ou pode correr mal... no caso do Dave Chami mais do que correr bem, foi um prazer. Já acompanho o trabalho dele há muito em várias revistas, mas posso confessar que nunca esperei que fosse uma pessoa tão tranquila e verdadeiramente apaixonada pelo que faz. Se há coisa que sei é que lidar com skaters todos os dias não tem nada de tranquilo. Ainda por cima, só no dia em que cheguei ao aeroporto para apanhar o team da Habitat é que descobri que era ele que vinha fazer as fotos, ou seja, já conhecia todos os skaters de revistas e vídeos, agora o Dave não fazia ideia de como era, só conhecia mesmo o seu trabalho… típico anglo-saxónico, chegou reservado, mas com o passar dos dias foi ganhando confiança e falámos bastante sobre skate, revistas, fotografia, tudo e mais alguma coisa. Quando lhe sugeri fazermos esta entrevista, passados 10 minutos tinha as fotos no meu e-mail, perguntei-lhe se ele era sempre assim tão rápido e ele respondeu-me “se o posso fazer já, não vou esperar”. Tranquilo mas ao mesmo tempo super profissional, foi a ideia com que fiquei dele. Talvez por isso mesmo, encaixa que nem uma luva como fotógrafo residente numa das maiores revistas de skate mundiais. A partir de agora quando olhar para as suas fotos vai ser diferente, mesmo que não conheça o skater da foto, associar a imagem com o nome Chami vai ser ainda mais inspirador…
2012
URAS Rick Howard – Shangai China, 2007
página 73
2012
Silas Baxter-Neal Backside tailslide – Sydney, 2009
CAPTURA DAVE CHAMI
Quando digo a alguém que és natural da Nova Zelândia, toda a gente fica surpreendida. Como é que um miúdo lá da “land down under” encontra um trabalho de sonho na Califórnia, numa das maiores revistas de skate do mundo? Foi um longo percurso. Começou por tirar fotos apenas aos amigos com quem skatava e, depois, por ter vivido e tirado fotos no Japão, Austrália e Barcelona. Enviava fotografias para todas as revistas que conseguia e fui trabalhando como freelancer durante cerca de 7 anos, antes de me ter sido proposto um trabalho a tempo inteiro na Transworld. Sacrifiquei muitas coisas e passei por alguns momentos difíceis para poder ter aquele que é melhor emprego que alguma vez tive e que alguma vez terei. Sei que tiveste uma proposta de emprego nos Estados Unidos de uma grande empresa de skate, antes de teres começado a trabalhar na TWS e decidiste recusar. Foi uma decisão difícil, és uma pessoa que não gosta de tomar decisões precipitadas? Foi uma decisão difícil e eu sou muito cauteloso mas também foi uma combinação de outras coisas. Questões ligadas ao visto para trabalhar... e eu queria que a minha mulher, Sam, também pudesse trabalhar nos Estados Unidos. Também não tenho particular fascínio pelo sul da Califórnia, (onde seria esse primeiro trabalho), por isso esperei, parei um tempo para pensar e acabou por surgir o trabalho perfeito. Se virmos bem, tive muita sorte em entrar mesmo antes do início da recessão.
página 75 Capturas por Dave Chami
CAPTURAS DAVE CHAMI
2012
E no que diz respeito à fotografia, também pensas muito sobre os ângulos, luz, etc.... ou muitas das vezes é algo espontâneo? Às vezes deve ser complicado fotografar skaters que são conhecidos pela sua atitude “go for it”, que não pensam muito se as manobras são malucas ou não e “mandam-se”... Estou sempre a pensar na luz e nos ângulos. A maioria dos skaters apercebe-se de que vale a pena esperar para que a foto saia perfeita e estão dispostos a várias tentativas para conseguir a melhor foto possível. Pode tornar-se complicado fotografar muita gente numa sessão e é aí que tens que tomar as tuas decisões rapidamente e fazer o melhor que conseguires. Também é isto que faz com que tirar fotos de skate seja muito mais excitante do que tirar fotos de outra coisa qualquer. Nunca sabes com que situação te vais deparar seja em que dia for, mas o que quer que seja, tens que te desenrascar! Vives numa das capitais mundiais do skate, famosa pelo street skate, achas que se estivéssemos nos anos 80, na “era” do vert ainda acharias interessante seres fotógrafo profissional de skate?... também achas que o vert está morto, como 99% dos skaters portugueses que nunca viram vert ao vivo? Talvez não, fotografar vert é muito mais limitado do que street, tendo em conta que é basicamente sempre a mesma estrutura, embora tenha gostado bastante de fotografar vert quando tive essa oportunidade. O vert definitivamente não está morto quando tens tipos como o Raven Tershy e o Grant Taylor. E penso que é muito mais excitante agora com tantos parques em cimento, muito mais criativos do que os que existiam nos anos 80.
Jack Curtain Flip Wallride – Nova Zelândia, 2008
página 77 Capturas por Dave Chami
2012
Fotografaste o backflip do Gravette, que fez capa. Tiveste receio do que as pessoas pudessem dizer sobre o facto dessa manobra fazer capa? Ainda acreditas que o skate não tem regras ou achas que há determinadas alturas em que há quem não “vá” por algumas manobras por causa das opiniões dos outros? Eu já tinha visto uma foto do David a dar um backflip numa funbox de madeira por isso sabia que a maneira como ele dava a manobra “tinha bom ar” (tucknee), além disso já tinha skatado com ele no skate parque de Klamath Falls, (onde foi tirada essa foto), no ano passado e sabia como era tramado o obstáculo onde ele queria dar a manobra. Também sabia que ele ia fazê-lo sem nenhum tipo de “almofada” ou capacete. Era algo que ele realmente queria fazer e eu queria que a foto ficasse brutal para ele. Ninguém me disse nada de negativo sobre a foto, eu acho que está incrível , a foto simplesmente não parece real, parece que ele foi rodado, cabeça para baixo no Photoshop! Era capaz de apostar que nunca mais volto a tirar uma foto de um backflip. Vi algumas das tuas fotos de skate no instagram, facebook, Web, que não foram impressas... o que é que achas disso? Sei que faz tudo parte do jogo, mas por outro lado não te faz pensar porque é que os fotógrafos de skate gastam tanto dinheiro em equipamento para tirar uma foto num “instaworld”? Uma coisa que temos que interiorizar enquanto fotógrafos é que só porque tiramos uma foto, isso não significa que essa foto vai ser publicada. Também não significa que toda a gente tem que vê-la. Eu tento apenas mostrar o que penso que vale a pena, através do meio que estiver disponível para mim. Eu também não posso selecionar quais das minhas fotos são impressas, embora possa sempre dar algum input. Por isso, às vezes, o instagram, ou um blog podem ser a única forma que tenho para que algum trabalho de que gosto seja visto.
CAPTURAS DAVE CHAMI
Walker Ryan – São Francisco, 2011
página 79 Capturas por Dave Chami
Já alguém alguma vez te disse que a fotografia de skate enquanto profissão não tem futuro? Que devias começar a fazer vídeos em vez de fotografia? Parece que as pessoas cada vez mais veem as coisas num”mural”, online, e que não sobra tempo e espaço para apreciar verdadeiramente uma fotografia... As pessoas vão sempre precisar de fotos de skate e vão sempre precisar de vídeos de skate, a internet não pode mudar isso. Acho que nem sequer me tinha apercebido que a fotografia de skate era uma profissão até há poucos anos atrás.
Nestor Judkins Backside 360 – São Francisco, 2010
2012
Sei que a tua mulher tem um novo projeto sobre trabalhos ligados à indústria do skate. Conta-nos um pouco mais do que será o “workinskateboarding”. É um site que está em fase final de implementação e que procura mostrar aos mais novos os trabalhos disponíveis na indústria do skate, mostrando como estes profissionais chegaram onde estão. É dirigido aos miúdos que podem não ter dinheiro para seguir os estudos, mas são apaixonados pela envolvência do skate. Deve ficar online no final deste mês e vais ser atualizado regularmente com novos conteúdos.
Jimmy Carlin – Osaka, Japão, 2011
Foi a primeira vez que vieste a Portugal e foi a primeira vez que tivemos uma capa numa revista internacional com um spot português... ainda ficas entusiasmado por ir em viagens onde não sabes o que vais encontrar ou preferes tirar fotos “em casa” com alguns dos melhores skaters do mundo?... estamos sempre a ouvir histórias de pros que não gostam tanto de viajar ou então que estão sempre queixar-se de nunca estar em casa... Eu adoro viajar, é a melhor parte de ser fotógrafo de skate. Skatar spots novos para mim é a essência do que é o skate, se preferires ficar em casa é porque és um zombie...
Dean Palmer Backside Ollie – Holanda, 2007
CAPTURAS DAVE CHAMI
página 81 Capturas por Dave Chami
Karl Watson Swicth Backside Flip – São Francisco, 2011
2012
Vi-te a skatar em Leiria a dar backnosegrinds, back 180... quando tiras fotos a grandes skaters, ainda ficas cheio de pica para pousar a máquina fotográfica e skatar? Não skato nada de jeito mas adoro, não podes ser um fotógrafo de skate e não skatar, simplesmente não seria correto. Sei que és vegetariano há já algum tempo, foi difícil conviver com a cozinha portuguesa? Em toda a Europa é bastante difícil, mas já sou vegetariano há 15 anos, por isso consigo contornar bem a coisa, deem-me “tostas com queijo”!! Algumas últimas palavras para os fotógrafos portugueses? Tirem partido de todos os spots e plazas incríveis que têm. Portugal é dos países mais baratos que visitei na Europa e a polícia não chateia muito.
página 83 Capturas por DAVE CHAMI
ANTI ESTÁTICO 2012
Para quem não sabe, o Roosevelt Alves foi um dos grandes apoiantes do projeto da Surge desde o início. Este blunt transfer do Bp foi das últimas fotos que tirou em Portugal antes de regressar ao Brasil, sua terra natal… boa sorte Ruzzy
página 87 Anti-estático
fotografia Roosevelt Alves
2012
ANTI ESTÁTICO
Os surfistas têm Teahuppo no Tahiti, nós temos uma rotunda em Leça da Palmeira. Deve ser por isso que eles arranjam mais miúdas… Mouga - boneless fotografia Renato Laínho
página 89 Anti-estático
ANTI ESTÁTICO
Desde que o Hélder Lima foi viver para a Alemanha que este curb em Oeiras nunca mais viu nenhum switch tailslide… fotografia Eric Antoine
2012
página 91 Anti-estático
DIÁRIO DE PILITA DC SKATE CHALLENGE BY MEO – VISEU
fotografia e textos roubados do diário da Pilita
2012
22 de julho de 2012 Querido diário, finalmente encontrei a caneta com que tinha espetado as barbies em 2000, a da tinta com o cheiro a alfazema, e decidi voltar a escrever nas tuas sábias e confidentes páginas. Este fim de semana foi uma aventura quase tão espetacular como aquela do dia em que as minhas amigas fizeram uma festa em casa com o boneco insuflável do Justin Bieber… fui a um campeonato de skate! Aqui mesmo na nossa bela cidade de Viseu! Eu que nem sabia que tínhamos uma coisa para andar de skate. No sábado fui pela primeira vez com as minhas amigas ao novo skate parque… mal cheguei fiquei logo com os calores porque era só miúdos giros por todo o lado e ainda por cima como estava muito calor estavam todos em tronco nu! Deu-me cá uns calores, mas as minhas amigas controlaram-me e disseram que se não parasse de andar atrás dos miúdos giros me mandavam para a piscina do skate parque que ainda estava vazia. Onde é que se já se viu, uma piscina de cimento sem água! Depois percebi, os senhores ao microfone disseram que aquele skate parque tinha sido desenhado em França ou algo assim do género, se calhar é moda ter piscinas vazias lá para a terra dos “avecs”.
Joca - tailslide BP - backside noseblunt Manel Rafael - backlip Torby - feeble Gabriel - smithgrind Gustavo - crooked Anibal - smithgrind
página 95
DIÁRIO DE PILITA DC SKATE CHALLENGE BY MEO – VISEU
O dia foi muito giro e apesar de não perceber nada dos nomes dos rapazes, que eram meios portugueses meio ingleses, tipo Joca Bluntslide ou algo assim, gostei tanto de os ver que os convidei para virem sair comigo à noite. E que noite! Levei o meu melhor vestido, o que tinha usado no casamento da minha prima Clarissa e nem imaginas o que aconteceu… começámos a jogar beerpong, um jogo inventado nesse grande país que é o estrangeiro, e claro que os meus novos amigos skaters começaram a torcer por mim. Gritavam o meu nome tão alto que se juntou ali a cidade toda a ver o que se passava… entretanto apareceu o meu namorado e ele não achou muita piada… ai… mas eu estava tão contente com aqueles miúdos giros todos a gritar o meu nome! Depois as coisas complicaram-se… o meu namorado chamou os amigos e quando dei por ela estavam todos agarrados uns aos outros! Acreditas nisto, diário, eu Pilita a causar uma confusão daquelas. Se sou assim aos 17 anos quando tiver 23 vou parar o trânsito por onde passe! Essas jet-sets dos Morangos com Açúcar que se cuidem… bom, mas depois
daquela noite voltou tudo ao normal e depois de ter ido à missa com as ligas da minha tia voltei ao campeonato para ver os meus fãs… e, imagina, ainda chamavam por mim. Nem podia acreditar! Derreti-me toda e fiquei ali a tarde toda a ouvir chamar mais uma vez por aqueles nomes meio portugueses meio ingleses… um menino chamado Ruben qualquer coisa swicth fs flip e que era muito giro ganhou o campeonato e um menino que devia ser primo de outro pois eram muito parecidos, chamado Lourenço, ganhou uma coisa chamada best tricki tricki!! Que malandro! E assim foi o meu fim de semana, querido diário, nunca me tinha sentido tão desejada por ninguém e fiquei muito contente por saber que por causa de uma loja chamada Rip off e do Radical Skate Clube temos uma coisa daquelas para andar de skate aqui na cidade… podiam era para próxima encher a piscina, que então ia de biquini e aí é que ia deixá-los a todos loucos! Beijinhos, diário, até à próxima vez que encontrar a caneta...
Ruben Rodrigues - switch fs flip
2012
página 96 Diário de Pilita
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