SURGE Skateboard Magazine, 16th issue

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25 TO LIFE ADRIÁN BLANCA TOURPÊDE FRANCISCO LOPES 25 ANOS DE SKATE

ENTREVISTA

BERLIM E PRAGA 2012

Número 16 - setembro/outubro

Bimestral

Distribuição gratuita



AURA S.A. - 212 138 500




geral@nautisurf.com



Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com



fotografia Renato Lainho

panorâmica

“Olha”

Esta rubrica “panorâmica” é das que me dá mais gosto escrever, na verdade tenho mais prazer em escrever do que propriamente em ler... quando enviamos uma revista para a gráfica acho sempre que podia ter feito algo melhor ou ter dito uma ou outra coisa de maneira diferente… Mas algo de que gostei sempre, independentemente do texto, são as imagens que usamos nas “panorâmicas” de todas as edições 2012

da Surge. Em cada uma das que usámos não fico a pensar que poderíamos ter escolhido melhor… e esta imagem que estás a ver agora em dupla página é mais uma delas, se não a minha favorita. De facto esta imagem vale por todas as palavras que queria ou poderia escrever… por isso e, se me permitem, para esta “panorâmica” gostaria que fixassem esta foto do crailslide do Eddy durante um minuto. Garanto-vos que, se gostarem de skate, esta imagem irá transmitir-vos


muito mais sobre o nosso estilo de vida do que qualquer crónica, relato ou opinião… eu não me canso de olhar...

Pedro Raimundo “Roskof” página 11


facebook.com/pages/Circa-Portugal/

Distribuição Cia.Brasil

c1rcaportugal@ciabrasil.pt



“The Sadness bowl”, ou o bowl da tristeza, é como se chama esta rampa em que o Stian Myhre está a dar este frontside handplant… apesar do nome, acreditamos que grande parte de nós ficaria bastante feliz se conseguisse dar uma manobra destas... fotografia Matss Kahlstrom 2012


Gosto é de baldes…

Aventuras e desventuras... mas os tugas lá limparam o Marisquiño 2012

Lrg United Nations

Na assembleia geral da LRG a única coisa que se discute são coisas boas da vida, como o skate. Bem que precisávamos disso na Assembleia da República

Tim Zom

Um dos melhores skaters europeus mais parecido com um gato perneta… estranho? já vais perceber...

“25 to Life”

Francisco Lopez, 25 anos “encarcerado” no skate, haverá algo melhor?

Adrián Blanca

Com milhares de linhas se fazem coisas simples

Tourpêde

Um grupo de skaters leva uma arma secreta tipicamente portuguesa até Berlim e Praga… a flatulência!

Dr. Mankate

Ler a cantar: como o macaco gosta de banana, o Dr. gosta de ti!

Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com

Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Matss Kahlstrom. Tiragem Média: 15 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Multiponto, S.A. Morada: Rua D. João IV, 691-700 4000-299 Porto página 15

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros

Capa: Melhor que um skate, só mesmo muitos skates, melhor que muitos, só mesmo milhares… e por aí em diante ilustração Adrián Blanca


Boas doutor! Sou o Pedro, da Amadora, e adoro skatar. Skate para mim é tudo e aqui na minha cidade o skate reina. Temos dois skate parques, o Indoor Ski Skate e o skate parque da Ilha Mágica. Mas eu estou um pouco triste porque o skate parque que frequento é o da Ilha Mágica e não sei se sabe mas está bué estragado, cheio de buracos e de putos a andar de bicicleta. Enfim. De vez em quando combino com a malta da ilha e damos um saltinho ao Indoor, mas pagar 2 ou 4 euros por cada ida todos os dias fica chato... e quando experimentamos a street, somos sempre expulsos. Chato, não é? Beijos na bunda.

existe neste mundo, perdê-las não é fácil. Mas com o tempo vai-se ultrapassando essa perda, porque existem tantas... tantas... tantas... aaauuuuuuu!!! Não há nada que não se resolva, malandro, então para esse problema, o que existe mais são soluções. Aaaauuuuuuuu até já estou a ficar excitado, ó Hardcore! Há sempre uma saída. A que escolheste é, sem dúvida, uma das melhores. Skate é vida! Manda tudo cagar e vai skatar! Tenho orgulho em ti! Beijo nessa bunda Hardcore Dr. Manka-te

Porra! Porra, Pedro! Mas que conversa de trampa é essa? Lá estão vocês a queixar-se de fartura! És dos poucos a ter a sorte de viver perto de um indoor skate parque. Isso é um luxo, meu amigo! Eu sou de Almada e nos dias de chuva, skate é mentira! Já nem falo no nosso skate parque senão começo a chorar... Queixares-te da tua namorada que te enfia o dedo no rabo ou de ter uma unha encravada que não te deixa skatar está bem, agora ficares triste por teres dois skate parques na tua zona... MANKA-TE! Beijo na bunda, meu animal! Dr. Manka-te

Pessoal da Surge, tenho uma notícia para vos dar, uma noticia má! Hoje estava a ir para o skate parque das Caldas da Rainha e estava a descer na beirinha da estrada, encostada ao passeio, em contramão, como costumo fazer sempre para poder ver os carros e ter tempo de me desviar, quando um carro que já estava todo partido, vê-me e apita. Eu desvio-me, mas ele vira o volante para vir contra mim, o carro bate-me com o espelho retrovisor lateral direito, fazendo com que o espelho se parta, melhor, se desfaça em pedaços no meu corpo! (Quem viu disse que o espelho já estava todo com fita-cola...) O condutor acusou-me de não ter educação nenhuma e de me ter atirado para cima do carro de propósito! Claro, eu adoro ser atropelada hahah... mas, pronto, o homem chamou a polícia, mas a minha mãe, ao chegar ao local com o pessoal do skate parque das Caldas, apoiou-me. A minha mãe ao ver a situação percebe que se tratou de um acidente propositado e queria participar uma agressão, mas a polícia não mexeu nem uma palha e disse que não podiam fazer nada, pois eu estava em contra mão! Pessoal, peço que passem a palavra pois temos nas Caldas um atropelador de skaters que só quer fanar dinheiro aos pais para arranjar o pópó! A situação é bué injusta porque a polícia toma o partido do homem, o condutor é bruto, mal educado e abusivo a falar, pensa que é melhor que os outros porque tem dinheiro (ou já teve, em dias) pahaha mas tenta atropelar skaters para arranjar o carro, coitadinho! Um abraço

Olá Dr. Mankate. Já me deves conhecer, ando sempre de skate em Almada e toda a gente me trata por “Hardcore”. Escrevo para a Surge para que todos saibam como o skate teve uma intervenção divina na minha vida. Não vou pormenorizar muito o assunto, apenas preciso de dizer que à pala de uma mulher que amava muito e perdi na minha vida, entrei em depressão, ou algo do género. Deixei de comer, dormia muito pouco, mal e sempre com pesadelos. Como não a tinha na minha vida, chegou o ponto em que me tentei suicidar. Família, amigos e psiquiatra, bem tentaram ajudar-me, mas a ideia de morrer não me saía da cabeça. O que realmente me salvou a vida foi o skate. Ter voltado a agarrar no skate, dois anos depois de ter deixado, foi a melhor decisão que já tomei em toda a minha vida. Pois comigo aconteceu o que diz a velha frase “quando skato, todos os problemas desaparecem”. Voltar a skatar deu-me ânimo e vontade de viver! Com o skate sinto-me forte o suficiente para prosseguir a minha vida sem os comprimidos que o psiquiatra me receitou, há semanas que não toco neles. Não volto a meter as mãos no fogo por gaja nenhuma, mas pelo skate eu meto as mãos no fogo, afinal já me salvou de ficar agarrado às drogas e, agora, salvou-me a vida! Bjs na bunda Meu puto. Nem sabes a alegria que senti ao ler a tua carta. As mulheres são tramadas, meu camba. É a melhor coisa que

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Minha querida Sempre gostei de andar de skate na estrada. Acho que todos os skaters gostam. Já passei por situações parecidas, mas felizmente nunca me acertaram com o carro. Temos que estar sempre atentos, porque existem filhos da puta em todo o lado! Junta uns amigos e descobre onde mora esse urso. Descobre o carro dele. Barra-lhe o puxador da porta com merda e enfia-lhe uma banana no tubo de escape. Faz isso por mim! Um grande beijinho nessa bundinha de skater, cheia de nódoas negras! Dr. Manka-te


CONSUL TÓRIO DO DR. MAN KA-TE Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir, publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa… Abraços e beijos na bunda. Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com

página 17 Dr. Manka-te

www.mankatetainha.com



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www.myspace.com/lrgportugal www.twitter.com/carsportif

T: 261 314 142


texto e fotografia Jorge Matreno

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O Tom chegou a Almada e assassinou a Praça da Liberdade (vulgo, Praça do Mac) com este fakie ollie swicth frontside crooked flip out… é caso para dizer: Asta la vista, baby!

O skate e os jogos olímpicos possivelmente não têm nada em comum, a não ser o facto de que este ano os jogos foram na Europa e o team internacional da LRG também visitou o velho continente. United Nations foi o tema da tour europeia da LRG, que visitou uma série de países de uma ponta à outra da Europa. Nunca tinha tido tantas expectativas em relação a uma tour de skaters internacionais ao nosso país. Coube-me a missão de recebê-los e em menos de três dias tentar da melhor maneira percorrer uma série de spots na área de Lisboa.

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Faço a primeira de três viagens ao aeroporto, para receber os “primos” afastados, cuja visita há tanto tempo esperávamos. Os primeiros a chegar, em jeito de “dejá vu” foram o Tom Asta e o cameramen Ian Berry, que voltavam a pisar o solo de Lisboa em menos de um mês... a meio do dia chegou o grupo maior. Liderados pelo Tyrone, o team manager, vinham o Rob Gonzalez, Rodrigo TX e o Felipe Gustavo. A caminho do hotel, numa mistura de Inglês, Português do Brasil e efeitos do “jet-lag”, já se começava a escrever o enredo para os próximos dois dias. Era importante definir bem as coisas. O tempo era precioso e pouco, tinha de ser bem aproveitado! Neste primeiro dia demos umas voltas pela cidade ainda em “rescaldo” dos santos populares: grelhadores a bombar, sardinha O team manager da Lrg ficou sem as malas alguns assada e música popular foi o mote dado para relaxar depois dias, por isso o Filipe Gustavo decidiu animá-lo da viagem. Em busca de bifanas, pastelinhos e umas cervejinhas com este flip crooked… isto é que companheirismo frescas, fomos andando entre o miradouro do Adamastor e a Bica, todos super entusiasmados com o ritmo e a vista da cidade ao entardecer, até à hora de procurar uma refeição tipicamente portuguesa... para alguns... para mim, mais uma viagem ao aeroporto, faltava chegar o Jack Curtin, que ainda veio a tempo de saborear um salmão grelhado. Apesar do jet-leg, houve energias extra para conhecer a noite do “Bairro”, embora apenas o tempo necessário para uma boa apresentação.

página 23 LRG United Nations Portugal


O hotel do Martim Moniz marca o ponto de partida. Chego cedo ao hotel, para conseguir localizar as malas perdidas do Rob G, que ainda não tinham “dado à costa” e onde estava o skate e restante material. O Rob mostrava-se um bocado apreensivo... pensamento que ficava para trás mal saímos do hotel. Em frente, o largo do Martim Moniz serviu para apanhar um pouco de sol. Seguimos até Sintra e ao pequeno almoço, ou será mais correto dizer “Brunch”?! Dos travesseiros da “Piriquita” ao primeiro spot eram apenas dois minutos... do spot até ao Indoor Skate Community foram cerca de duas horas de manobras. Saímos de Sintra com um certo atraso e um primeiro desagradável encontro com a GNR, que nos expulsou para Torres Vedras, onde muitos nos esperavam impacientemente. Queriam um festival de manobras, que acabou por aumentar maisO Rodrigo Teixeira recebeu na demo em Torres uma recordação única… um ca#@!!@ das caldas. Este ainda a temperatura no skate parque, numa grande festa da LRG. O dia ainda não tinha terminado e o Jack queria regressar a Sintra, ficou por dar umswitch fs flip também é das caldas, não concordam? BS Noseblunt no bank na rua sem carros. Não fazia a mínima ideia que voltaríamos a encontrar-nos com os mesmos polícias no mesmo local e numa situação bem mais complicada. Esperei o pior, mas com uma boa conversa e muita calma conseguimos safar-nos de uma grande multa! Depois desta benesse foi altura de jantar, regressar ao hotel e saber que o Rob ia dormir mais aliviado depois de reaver as malas! Segunda-feira foi um dia ainda mais intenso que o anterior, restava este dia para skatar uns quantos spots de Lisboa e arredores. Debaixo de grande calor fomos para a margem sul. Almada e Monte da Caparica foram os locais escolhidos para destilar sob um sol que não dava tréguas, mas onde todos os minutos foram aproveitados ao máximo. Quem se motivou mais ainda foram o Né, Rapha, Simão, Ivan, Roger e o Tekilla. Aproveitaram ao máximo a presença destes “primos” afastados.

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pรกgina 25 LRG United Nations Portugal


O dia estava a meio e já muito se tinha feito pela margem sul, regressámos a Lisboa para os últimos spots. Houve tempo para ver o Felipe Gustavo “tratar bem mal” o corrimão da Avenida dos EUA. Mais uma vez fez-se história naquele mítico spot, passagem obrigatória para a maioria dos teams internacionais em Portugal. A Praça do Comércio marcou as últimas manobras, naqueles curbs perfeitos. A passagem pela primeira nação estava concluída, embora de modo um pouco rápido, mas com regresso pensado, quem sabe, para breve... no dia seguinte o tour LRG United Nations embarcava para Barcelona, onde iríamos estar umas semanas depois.

Depois de vários stresses com as forças de autoridade, o Jack Curtain lá conseguiu uma manobra em Sintra… backside flip switch manual pop out

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texto Roskof fotografia Mascarenhas

EU GOSTO É DE BALDES… MARISQUINO 2012

Desde que começámos a Surge que ficava sempre roído de inveja quando os meus colegas arrancavam em Agosto para o Marisquiño. Nessa altura apareciam-me sempre compromissos que não me deixavam desfrutar desse, já, clássico fim de semana em Vigo. Mas a vida é assim, todos têm as suas oportunidades e este ano calhou-me a mim, ao Roca, ao Christian e ao já “residente”do Marisquiño, Mascarenhas, rumar à Galiza. página 29


Nestes dois anos em que não consegui ir a Vigo, o Marisquiño cresceu ainda mais. Caso não tenham ideia do que é, imaginem algo como um daqueles nossos mega festivais de verão, com música, skate, bmx, break dance... tudo e mais alguma coisa, espalhados pela cidade toda… e, melhor ainda, completamente de borla!… uma ideia a aproveitar, senhores promotores de eventos. Mas, adiante. Como sempre, a competição de skate contou com a presença de muitos portugueses e este ano os nuestros hermanos que nos perdoem mas os tugas não deram hipótese: o Gamito partiu a quadra e partiu-se a ele próprio (pregou-nos um susto ao ser atropelado nos treinos), o Jorginho ganhou a categoria Open e levou os 3000€ para casa e nos amadores o Afonso Nery também não deu hipóteses à concorrência... ainda por cima vimos pela primeira vez skaters nacionais numa mega-rampa…

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Estas escadas em Vigo já viram tantas manobras portuguesas que deviam ser consideradas uma embaixada nacional na Galiza… João Neto nollie heel

página 31 O MARISQUIÑO XII


Podia estar aqui a descrever todos os episódios com os skaters nacionais na competição, mas não foi só para isso que fomos até Vigo. É como diz um célebre slogan de um festival… vens ver ou vens viver? Claro que fomos para viver e com uma cidade em festa durante 3 dias, viver torna-se bastante fácil. Para além de uma “movida” à antiga Espanhola, Vigo é umas das melhores cidades para o street skate na Península Ibérica. Durante muitos anos foi um dos segredos bem guardados da comunidade skater, eu próprio só conheci Vigo quando o pessoal da Tribos Urbanas, de Leiria, me convidou para um fim de semana na cidade. Esses tempos em que as visitas de skaters estrangeiros a Vigo eram esporádicas já lá vão, hoje em dia muitos dos seus spots já são capas de revistas por todo o mundo…

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O Viola perdeu o último táxi mas não ficou chateado, em vez disso aproveitou para este switch drop Afonso Nery no “Chimpo do Car@!!@” sim, esse era mesmo o nome da megarampa, anunciado a voz alta durante todo o fim de semana em Vigo

Este ollie do Pedro Silvestre é mais uma daquelas… toda a gente diz que dá, depois quando lá chegam não é bem assim… parece fácil... acreditem, não é!

página 33 O MARISQUIÑO XII


Por isto tudo, tínhamos que aproveitar ao máximo o fim de semana, fosse de dia, fosse de noite. Para além disso há sempre algo mágico quando os “tugas” se encontram lá fora. Podem até nunca ter falado uns com outros cá na terra, mas lá fora tornam-se os melhores amigos e partilham episódios únicos, e foram tantos! Desde o jovem que ia para o Festival do Marisco de Olhão e acabou em Vigo às 6 da manhã com a típica caneca na mão, ou o que se mandou da varanda do 2ª andar por que os amigos não o deixavam entrar no quarto “com os copos”…

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João Allen mal chegou a Vigo teve tratamento vip… é a benesse de dar manobras destas e ter uma carinha laroca… frontside shove-it

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Kiko Perdigテ」o fronstside bigspin

pテ。gina 37 O MARISQUIテ前 XII


No primeiro dia de o Marisquiño, quando a malta se juntou toda, alguém disse: “Eu gosto é de baldes” numa alusão não muito simpática às nádegas das meninas de Vigo… como um autocolante na mão de um miúdo de 12 anos, a frase colou de imediato e passou a servir para tudo durante o fim de semana. Íamos skatar a um spot e tínhamos de andar quilómetros: ninguém se queixava! Bastava alguém dizer “Eu gosto é de baldes”... toda a gente se ria e as dores nas pernas passavam logo. Houve mesmo alguém que sugeriu fazer um autocolante com essa frase. Na altura não chegámos a consenso sobre se devíamos, ou não, fazer isso, mas agora que estou de volta a casa e olho para esses dias, já decidi: vou fazer um e colá-lo no pára-choques do carro. Já sabem, se foram ao Marisquiño 2012 façam um, se não foram, caso passem por mim, apitem!... e reservem uns dias para a edição de 2013.

Jorginho backnoseblunt para $$ Ruben Rodrigues frontfeeble na rampa que mais vítimas fez entre os skaters nacionais. Perguntem ao Rafa e ao Gamito… que se atropelaram um ao outro Antes de limpar o campeonato, o Jorginho ainda teve tempo para limpar este spot com um hardflip perfeito

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FRANÇA FRANCISCO LOPEZ

25 anos é muito tempo em cima de um skate, grande parte dos leitores desta revista ainda nem sequer tinha nascido, mas, mais importante do que saber como é que começaste a andar, era interessante comparar como é que vias o skate na altura e como é que o vês hoje. É que passado este tempo todo, quando te vemos a andar, ainda parece que tens aquela pica de miúdo... é mesmo assim? Sim, é verdade, a pica de miúdo está cá sempre e acho que foi ela que sempre me motivou e deu força para seguir em frente perante tantos obstáculos que por este período existiram, agora dizeres que é muito tempo em cima de um skate, isso aí… todo o tempo em cima de um skate é bom, sejam 25 anos ou 25 segundos, bastaram 3 segundos em cima de um skate, em 1986, para eu ficar completamente viciado. Acho que o que me deu e dá sempre pica é aquela sensação de liberdade que o skate te dá, a possibilidade de poderes gritar, cair, rir, chorar, andar a abrir, de te mandares para um rail ou um drop, ou simplesmente teres a liberdade de poderes dar ou pé e não parar mais… tipo FOREST GUMP mas de skate heheheh Acho que isso é mesmo o que eu gosto no skate.

Durante 25 anos muita coisa acontece, muitas encruzilhadas se apresentam à nossa frente na vida, tiveste alguma que tivesse marcado e te pudesse ter levado por um caminho completamente diferente, ou sempre soubeste o que querias? Epá, há sempre aquelas idades que é tramado, as namoradas, as saídas à noite, o surf e o snowboard no meu caso, mas o skate falou sempre mais alto e eu sempre soube o que me transmitia a liberdade e rebeldia que eu procurava. Nunca consegui estar muito tempo sem uma voltinha de skate, acho que nunca estive mais de um mês sem andar de skate em toda a minha vida, quer dizer, tirando o tempo parado por lesões… bem, agora vendo, acumulando o tempo todo parado por lesões, pés, coluna, braços, costelas, amnésias, huuuu se calhar ainda faltam aí uns três aninhos para fazer 25 anos de skate reais ahahahahahahaah

entrevista Roskof fotografía Vasco Neves

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O França fica chocado por os putos o chamarem de senhor. Mas olhem que este frontside flip é mesmo à senhor

Após estes anos todos no skate, dos vários títulos de campeão nacional, ainda entras nos campeonatos, mas a diferença de idade de ti para os restantes skaters é considerável (nota que não te estou a chamar velho hehe), mas porque é achas que da tua geração não há mais skaters que se tenham mantido ativos, seja na indústria ou somente a skatar?... e não achas que seria bom que houvesse mais skaters veteranos para “dar na cabeça” à nova geração? Começando pelo fim da tua pergunta, sim, era muito melhor se houvesse malta mais velha no skate parque, porque os putos fazem-me sentir velho, não pelo skate, porque eu não tenho, nem nunca tive nada a provar a ninguém, mas é que de vez em quando há uns putos que me chamam de SENHOR (tu acreditas nisto?), como se eu tivesse idade para ser pai deles todos. Assim, se existisse malta mais velha, não era o único a ouvir destas... heheheheheh Em relação aos mais velhos, acho que pode haver várias “carapuças” para a desculpa de nem sequer terem tempo para dar 2012

uma voltinha, mas depois veste-as quem quer. Eu já ouvi de tudo, desde trabalho, da falta de tempo, à barriga, aos filhos, à vida profissional, ou por lesões “cerebrais”, por inatividade, por falta de pica, há de tudo um pouco. Eu nunca pensei que, quando embarquei nesta viagem há 25 anos, o skate iria mudar para sempre a minha vida, mas foi cedo quando realizei que queria fazer algo pelo skate e tornar-me uma força mais ou menos ativa neste, quer fosse a andar ou ligado a ele. Por falar em nova geração, como team manager da DC tens tido um papel importante na descoberta de alguns dos mais promissores skaters nacionais, como o Jorginho ou o Roseiro, entre outros, sabemos que até houve uma história engraçada quando ligaste para o Jorginho pela primeira vez... nestes dias que correm, como é que encaras a tua função de team manager e quais os desafios para as carreiras destes novos valores?


drop-drop… podemos chamar-lhe assim

Ya, a história do Jorginho é linda. Conversa real mais coisa menos coisa: “- Estou, Jorge, é o França, Team Manager da DC tasse bem? - Ya, ya, tá tudo. - Olha estou a ligar-te para saber se queres vir para a DC Portugal, xx Sapatilhas xx peças de roupa , xx guito para campeonatos e viagens, xx tour´s, etc… queremos isto e aquilo, proporcionar-te coisas diferentes, temos o Coutinho, o Roseiro, eu, na altura, o Marco Roque,… (e por aí em diante) - o puto respondeu outra vez... - ya, ya, tasse bem, vou ver, depois digo alguma coisa. - E eu pensei “granda moral a do puto, fonix, ya ya, e vou ver, um meia leca de 14 anos. Isto está bonito, o skate nacional. 15 minutos depois toca o meu telefone. Jorge: “Tou, França, és mesmo tu? - Ya puto, sou eu, o que foi? Ficaste com dúvidas em alguma coisa? Posso ajudar em alguma coisa?

- Xi nem acredito que és tu, é que os meus amigos estão sempre a dar-me a tanga e eu não acreditei, é verdade o que me estavas a dizer? É que se sim, eu quero aceitar”. Bem foi a risada total… aí percebi que com a humildade que tinha ia chegar longe. É uma história para recordar, sem dúvida, granda puto, mantém-te humilde, que o resto aparece. Epá, em relação às carreiras deles, eles é que sabem o que têm de escolher, eu apenas estou cá para tentar tornar as coisas mais fáceis, quer seja com melhores contratos, melhores propostas, mostrar novos spots, fazer tours, abrir portas e mostrar outras realidades. Mas são eles que têm que se mexer, eu posso passar a minha experiência, mas em cima de tudo isto, o skate é que fala. Se fores bom, és bom, se não, faz como eu, diverte-te heheheh quer dizer, diverte-te sempre, quer sejas bom ou menos bom, o que interessa é andar.

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Ao longo do anos viste muitas modas no skate, a era do vert , a era do street, dos corrimões, dos curbs etc... mas desde que te conheço que skatas tudo e mais alguma coisa e hoje em dia és dos poucos skaters nacionais que, apesar de haver muitos e melhores skate parques, continua a skatar com consistência em transições, porque é que achas que isso acontece? Olha, quando comecei não havia nada, depois apareceram os quarters, que predominaram na minha infância, e depois, aí aos 14/15 anos, apareceu a rua no meu horizonte, o street skate. Nessa altura apareceram também as mini-rampas espalhadas pelos bairros, depois, ao mesmo tempo que o street ganhava força, começaram a aparecer os primeiros parques e claro mais curvas e rampas tipo módulos, por isso é normal que eu ande em rampa. Sempre andei. Em relação à nova geração, eles estão sentados ao computador a ver filmes e nos filmes os pros só andam em street, então é o que eles querem, é streetar, mas esquecem-se que todos eles partem em mini-rampa, desde o Koston ao Reynolds. Mas esta última geração, quer nacional quer internacional, está a ver a necessidade de se expandir do street para as transições, ao contrário do nosso processo, pois a transição dá-te muita segurança para a velocidade no street e eles estão novamente a aperceber-se disso, mas em Portugal há uma distância enorme dos últimos skaters que andavam em transições no nosso tempo e os putos de agora. 2012

Lembro-me que estiveste vários anos em teams Europeus como na Volcom ou na Carhart, na altura cheguei a estar contigo lá fora, havia sempre um grande grupo de skaters portugueses em todos os grandes eventos e até em tours. Hoje, apesar de ser tudo mais fácil, temos menos skaters nacionais em teams europeus, achas que os skaters nacionais não têm confiança ou é mesmo uma questão de dedicação? Eu acho que há mais fatores além desses e um deles é a economia. É verdade que tens que ter confiança, motivação e ambição para ires e, se fores, tens que ter dedicação, pois é um mundo cão lá fora e existem mais 50 como tu, mas as possibilidades económicas são muito importantes. Da nossa altura, os que fomos lá fora e conseguimos alguma coisa em termos de contratos com marcas fora de Portugal, eu, o Ricardo, o Gui, o Guelas, fomos porque ou tínhamos bilhetes mais baratos, ou os nossos pais podiam bancar, por isso foi mais fácil para nós conseguirmos ir mais vezes lá fora. Mas se não fosse esse apoio deles tinha sido difícil, mas não impossível pois o Ruben e o Ed, já noutra geração, vêm provar o contrário, os dois conseguiram chegar lá a pulso, com dedicação e confiança e com ajuda das rampas que começaram a aparecer nessa altura, mais parecidas com o que encontrávamos lá fora.


Quando o França começou a andar de skate esta árvore ainda era uma criança. É bom que possam, ainda, brincar juntos… bluntslide Alley-hoop nosegrab como só alguém que anda de transições há muito tempo sabe fazer

Como já disse, cada vez temos mais condições para skatar e um dos responsáveis por isso és tu, já desenhas e constróis skate parques há algum tempo, imagino que deva ser complicado lidar com tudo o que envolve construção em Portugal e ainda por cima quando não fica como desejado, toda a gente, muitos skaters, mandam bocas ou chateiam o arquiteto, que és tu... como skater como é que encaras essas críticas? Posso dizer-te que ninguém fica mais lixado do que eu, se alguma coisa correr mal. Sim, a construção é uma dor de cabeça, não devia ser, mas é, quando faço um parque, a empresa que vai construir é sempre diferente, ou seja, tenho que explicar tudo, tim tim por tim tim, era muito mais fácil se fosse sempre a mesma, já sabia o que eu queria, mas é assim, tens que confiar na perícia deles e eu procurar alargar a minha experiência para que aconteçam o mínimo de erros possível. O meu objetivo é sempre melhorar e tornar as críticas cada vez menos frequentes, mas isso vai sempre existir e ainda bem, pois assim obrigam-me a ser melhor, aliás, uma boa crítica é construtiva e sempre bem-vinda. Outra coisa que o tempo nos ensina é que quem está de fora não racha lenha, porque tomara a muitos mexerem-se para fazer alguma coisa do skate nacional. Nunca precisei de falar mal de ninguém para ser o que sou hoje, já provei que faço algumas coisas bem e vou continuar, acho que no final a qualidade do meu trabalho vai falar por mim.

Neste momento, para além da construção de skate parques também és dos responsáveis pela dinamização de muitos, através dos campeonatos do Radical Skate Clube, do qual fazes parte. Hoje em dia, no entanto, há uma grande polémica em relação aos vários circuitos nacionais, como é que achas que isto afeta o skate e o futuro da cena nacional? Primeiro e sem desrespeitar ninguém, eu não faço, nem nunca fiz parte do R.S.C., que isto fique bem esclarecido, eu apenas como skater gosto de transmitir a minha experiência para tentar tornar as coisas melhores e mais positivas. Quando me quis tornar mais ativo neste campo fui ter com as pessoas que carregam o skate nacional há ANOS, a Dulce e o Paulo e, mais recentemente, a Neuza também. Conheci a Dulce e o Paulo quando eles faziam demonstrações pelo país inteiro e me chamaram para umas quantas, e como interventivo que sou, comecei a dar as minhas opiniões sobre coisas que achava que podiam ser melhores, (formatos competitivos, demos diferentes que podíamos tentar, sei lá, dar ideias…). Com os anos e muitas demos juntos, a nossa amizade foi crescendo, comecei a ser júri em algumas provas, como o tão conhecido circuito amador, (onde apareceu o Ed, o Ruben, o Gamito e outros que já desapareceram) e por essa altura apareceu a oportunidade de começar a desenhar rampas de skate e fizemos uma parceria como duas entidades diferentes (como sempre fomos), o “França” de um lado e o R.S.C. do outro. Assim tem sido desde que nos conhecemos, nem sempre página 45 25 to life


gostamos das ideias uns dos outros, mas da minha parte são só mesmo ideias, porque a palavra final é sempre deles e eu ali não mando nem nunca mandei em nada heheheheh Para mim, circuito nacional há só um, aquele que tem enchentes de gente para ver e participar, o do R.S.C., claro. No que diz respeito a circuitos e campeonatos eu acho que se forem de qualidade deve haver bastantes, quantos mais melhor, (não sei com que guito), mas agora não venham chamar circuito a uma coisa com meia dúzia de gatos pingados, só porque é da federação de surf. Eu quero lá saber deles, eu ando é de skate não é de surf, além do mais, em 25 anos de skate nunca vi a F.P.Surf fazer nada pelo skate nacional, a que propósito é que eles sabem o que nós gostamos? Eles usam wax nas pranchas e no cabelo, vão lá eles saber o que é um verdadeiro Dagger de skate e, pior, a estes juntam-se uns fanáticos da competição e do protagonismo e dá no que se vê, qualquer dia usas licras num campeonato. Pensa lá na imagem que é transmitida num evento desses para uma autarquia, o Sr. Presidente vai lá ver os miúdos e eles são aí uma dúzia, depois são divididos em várias categorias, os piqueninos, os piquenos e os grandes, 6 para cada lado, e no final há três que ganham e outros três que não, e ele pensa “isto até parece o circo, é mesmo coisa de miúdos, vou lá gastar dinheiro nisto, são poucos e miúdos, qualquer dia crescem e deixam-se dessas coisas dos “sequeites”, e fico ali com um skate parque vazio, naaahhh vou mas é fazer mais uma fonte na rotunda nova…” Mas sabes o que é que eu te digo? Eu quero é andar de skate e o resto são detalhes e isto é a minha, e só minha, opinião sobre este assunto, não quer dizer que esteja certo, mas com a experiência de 25 anos de skate que tenho, acho que não é este o caminho. Noutros cenários, foste pai há uns anos... lembro-me de noutra entrevista numa revista nacional dizeres que isso fazia parte dos teus planos, hoje quando te vejo com o Lucas e ele já a dar os primeiros passos no skate, a primeira coisa que me vêm à cabeça é , “aí vem mais uma máquina de skate”, não só por ser teu filho mas por ver nele aqueles olhos a brilhar sempre que vê pessoal a andar de skate... achas que é de família? Wooh atenção, campeonatos são altamente, coisas boas, olha lá a festa, tanta gente junta a andar e a curtir os toques uns dos outros, olha lá as manobras novas e as festas à noite e os amigos que já não vês há uns tempos e depois, lá no fim, até há umas coisas para os capitães que ficam no topo do bolo, fogo, campeonatos são altamente… ando neles aí há uns 15 anos e vou continuar até não dar mais, adoro a festa. Mas falar do meu filho é uma coisa muita boa. Sim, é uma verdade, ele adora estar com a malta, fica logo à vontade, só malucos cada um pior que o outro, todos se mandam para o chão e dão grandes cambalhotas, ele adora, fica vidrado e quando anda comigo até se baba de alegria. Agora começou a andar sozinho, olha em Vigo, quatro dias com a malta toda que esteve no campeonato, lá em casa era o Jorge, o Roseiro, o Vasquinho, eu e as mulheres, o gajo estava em altas, tanto que deu o click, só quer andar sozinho e dar ollie. É lindo vê-lo a andar sozinho. Se ele vai ser skater ou máquina, epá, eu curtia que ele andasse, mas é uma opção dele, mas curtia que ele sentisse a sensação que o skate me transmitiu até agora na vida, é lindo.

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Um dia o França vai transferir para o filho tudo o que sabe sobre skate… até lá vai dar mais uns 50-50 transfers


25 anos de skate é muito tempo, és dos que acha que já fizeste tudo o que tinhas a fazer no skate, ou ainda sonhas com manobras para dar? Epá, sonhar com manobras para dar é uma constante, mas eu agora já sonho de duas maneiras, as que quero dar… e as que já dei hehehehheehheh mas, sim, sonhar com manobras é aquela coisa que te dá pica, passares num spot e ficares a pensar no que achas que podes dar e depois voltar lá com ideias mais claras, e pumba, e se os toques saírem, isso então é lindo, é para isso que eu ando de skate, isso e estrear spots é outra coisa que me dá bué de pica. Olha, por exemplo, na última tour da DC estávamos à procura de um spot e eu vi aqueles banks redondos e agressivos, em forma

de meia lua, fomos ao outro spot estivemos lá umas horas, depois quando vínhamos embora era hora da bola, Portugal ia estrear-se no europeu. Os putos foram ver a bola e eu fui passar quilos de cera até aquilo escorregar, mas no fim lá saiu uma toquezito e a sensação… é a melhor coisa do mundo. óóó pá, lá vens tu com essa conversa de que 25 anos é muito tempo, tira isso da ideia eu ainda quero pelo menos mais 25 em cima da tábua heheheh e longe de mim dar o meu contributo por encerrado, quero estar e continuar ligado ao skate, tentar desenvolver sempre o melhor trabalho possível no que sei, que são os parques e um bocadinho o managing de teams de skate, ou de outra forma qualquer que a vida me quiser apresentar, mas o skate está na veia, já não sai.

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A situação de Portugal não está fácil mas, como se diz, a esperança é sempre a última a morrer... quais são as tuas para os próximos 25 anos em termos da cena de skate nacional e em termos pessoais? Em termos pessoais eu sou um gajo simples e nunca faço grandes planos, sou mais do tipo carpe diem, e então penso que quero ser feliz, ter o que precisar para mim e para os meus, não sou ganancioso, desde que tenha para viver bem, tasse, esses são os meus planos, ser feliz e ver o meu puto a tornar-se menino, rapaz, adolescente, homem, isso tudo a que tenho direito. É obvio que tenho os meus golos e sonhos, pois eles são imprescindíveis para a vida de qualquer ser humano, quero evoluir no meu trabalho, esse é um dos meus objetivos para já e um dia, quem sabe, ser patrão heheheheheheh isso é ‘quéra’, ser patrão. Quanto ao skate nacional, acho que está a ficar mal entregue os putos. Eles até nem andam mal e alguns até estão a andar bem, mas sei lá… a alguns falta-lhes mesmo é pensarem por eles e não serem tão levados, há outros que são inertes, não se mexem para nada, querem tudo e que tudo lhes venha parar ao colo, outros querem ser campeões lá do bairro, sei lá, deixa-me desalentado. Não vês os putos a saírem do skate parque para ir para a rua, não os vês a fazerem nada, nem um pouco de cimento para fazer um curb sei lá, nada. Não vês aquela pica de ir de trouxa às costas à aventura, sem querer saber de marcas ou o que seja e não digo ir passar férias ao Algarve, é mesmo é arrancar para a Europa: Espanha, Inglaterra, sei lá, tanto lugar… mas acho que no meio ainda há uns que se vão safar mais do que outros, deixa ver… prognósticos só no final.

A quem queres agradecer pelos 25 anos em cima da tábua? Aos meus pais, estão no topo da lista, foram eles que me fizerem quem eu sou hoje, quer na educação e amor que me deram, quer no suporte para seguir os meus sonhos e me tornar no que sou hoje, a eles o meu eterno amor. É óbvio que há muito mais gente, como o meu irmão que me apresentou o meu primeiro skate e é sangue do meu sangue, à Neuza, minha linda e cara-metade, grande suporte dos meus sonhos e viagens, ao pessoal que sempre andou comigo e me deu pica, à rapaziada do old school da Praça da Figueira, de Almada, do Porto, de Leiria, do grupo de Benfica do cemitério, ao pessoal do new school por me continuarem a dar pica, embora me tratem por senhor e a todos os outros skaters que me esqueci e com quem tive o privilegio de andar por essas ruas do mundo. Ao pessoal do R.S.C. por levarem e manterem o espírito fun no skate há tanto tempo, ao Vasco por me ter aturado para fazer as fotos e o vídeo desta entrevista, à Surge pela oportunidade do carcaça aparecer e a todos os que trabalham diretamente comigo, quer seja nos skate parques, nos meus projetos de vídeo e imagem, quer seja o pessoal do escritório e armazém DC. Depois há aqueles que é óbvio e a quem não podia deixar de dizer um obrigado que são todos os meus ex-patrocinadores e atuais patrocínios, DC, Bana e DHC Tattoos, por terem na sua altura acreditado em mim e, atualmente, por continuarem a acreditar nas minhas capacidades como skater e/ou pessoa. Sei lá, a lista podia ser enorme e agora que falaste em agradecer pus-me a pensar a quem queria dizer um tasse... e depois pensei em 25 anos de agradecimentos xiii é bué da tempo, afinal até tens alguma razão… já estive com tanta gente em tantos lugares, em tantas circunstancias, a tantas horas e com tantas emoções xiii 25 anos … À MANEIRA, venham pelo menos mais 25.

Onde está o Wallie? Em Chelas, mas com o frontside para fakie...

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intro Roskof fotografia Dvl entrevista Bram de Cleen

De todas as histórias sobrenaturais que já ouvi, a seguinte é das que mais me marcou, ou não tivesse ela acontecido lá em casa. O ano passado, aquando da visita do Eric Antoine e do Rob Maatman a Portugal, jantávamos em casa e a certa altura, um dos muitos gatos que por lá costumam aparecer, ficou especado à janela a olhar para nós… até aqui nada de anormal. Todos os dias os gatos dos vizinhos fazem isso… mas o Rob e o Eric ficaram, também eles, especados a olhar para o gato, até o Eric dizer: “Não acredito, aquele gato é igual ao Tim Zom”... o Rob rematou logo: “caraças, é mesmo, estava-me a fazer lembrar alguém”… quanto a mim, só tinha estado com o Tim uma vez, mas realmente a cara e os olhos eram muito parecidos… branco como a cal, olhos azuis esbugalhados e até a forma da cara era igual... e era também a primeira vez que via este gato branco lá por casa… durante a semana que passaram cá, o “Tim” aparecia todas as noites e fazia a mesma coisa, ficava ali no parapeito da janela a olhar para nós. O estranho foi que assim que os dois convidados regressaram a casa, o “Tim” misteriosamente não voltou a aparecer… nunca mais ninguém viu o gato branco por aqueles lados… até ao dia em que o DVL me ligou a perguntar se queríamos uma entrevista ao Tim Zom. Eu concordei e adivinhem?… desde esse dia que o gato voltou a aparecer, mas desta vez sem uma pata… se isto não vos provoca arrepios na espinha... não sei, a mim provoca de certeza…

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Tim, vamos começar com a informação básica. Patrocinadores, terra natal... já sabes como é. Skato para a Nike, Skate Mental, trucks Independent, rodas Wheels, The Hundreds, Ben-G, Alfredo Gonzales e Woei. O quê ou quem é Alfredo Gonzales? Uma empresa de meias. E a Woei? Uma empresa de ténis. Tu já tens ténis de borla, o que é que eles te dão? Air Max grátis. E o dono é um grande amigo meu, por isso dou o meu apoio. Não há nenhum patrocínio de nenhuma coffee shop? Isso queria eu. Erva ou haxixe? Erva. VX ou HD? Ambas são brutais, desde que a filmagem seja boa. Tuckknee ou nosebone? Tuckknee. Mas um bom nosebone também é brutal. Entraste recentemente para o team da Skate Mental, como é que isso surgiu? Eu skato por uma skate shop e eles disseram-me que devia fazer um clip para a Skate Mental e foi o que fiz. De repente o clip estava no site da Thrasher! E teve uma data de views. Depois disso conheci o boss da marca e depois de uma conversa ele perguntou-me se eu queria skatar para eles. Até tiveste direito a um anúncio na Thrasher! Ya, foi brutal, foi do género a oficializar a coisa ;) Vi que o clip tem 100.000 views no youtube , tu e o Sami (Hassani – câmara) comemoraram esse feito? Fomos a uns quantos bares nessa noite, foi divertido. Muitas vezes skatas spots assustadores, onde pode acontecer aleijares-te a sério. Ainda sentes muito medo ou já estás habituado? É sempre uma sensação estranha quando nos mandamos para alguma coisa pela primeira vez, mas depois da primeira tentativa, a única coisa que queres é aterrar a manobra! Preferes uma boa queda ou andar para a frente e para trás até finalmente te atirares? Uma boa queda. Quantas vezes é que já ficastes preso pelas “bolas” num corrimão? Algures entre cinco e oito vezes. Numa escala de 1 a 10, quantas vezes é que não consegues skatar no dia depois de um rail ou alguma coisa grande? Diria que pelo menos três, quatro, talvez cinco vezes em cada dez.

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frontside flip para o bank blunt


Para um gato perneta, este backside tailslide nรฃo estรก nada mal

pรกgina 53 Tim Zom


“Mantém-te estável e direito no corrimão”… ouviram meninos? Quando derem frontboards assim, sigam o conselho do Tim

Tiveste um clip brutal. Contei, e deste um grind de 4,4 segundos. Como é que foi? Já tinha visto aquele spot antes, alguém tinha postado uma foto no facebook... estávamos a skatar naquele bairro e “tropeçámos” nele. Pensei que também podia tentar... saltei algumas vezes e uma delas fui até meio caminho. Depois disso sabia que conseguia e portanto continuei a tentar. Em que é que estavas a pensar durante aqueles segundos? Não sei, apenas pensava “mantém-te estável, mantém-te a direito, mantém o teu corpo em cima do rail”. Depois de ter feito o grind a um terço do comprimento comecei a pensar “só mais um bocadinho, só mais um bocadinho” e quando cheguei ao fim: “foda-se, o fim!”, e só esperava conseguir aterrar e não estragar tudo. Acho que é fixe teres mostrado que ficaste feliz depois de teres aterrado aquilo. Não conseguia controlar-me. Sou assim, mostro sempre o que sinto e as pessoas sabem que sou assim. Não sou de fazer uma pose cool, ou indiferente, ou o que quer que seja. O que é que fizeste depois de partires a tábua e mandares um chuto na vedação? Já tinha dado algumas quedas naquele dia, uma no rail e mais umas quantas nuns spots que tínhamos skatado antes disso, por isso quando fiz aquilo dei o dia por encerrado. Fui para casa ver um filme. Portanto, basicamente filmaste um clip para a loja que te patrocina e de repente estás na Thrasher e a viajar para os Estados Unidos. Estás a divertir-te por lá? O que é que andas a fazer? Com quem? Ainda vivo em Roterdão, mas vou lá de vez em quando. É super tranquilo, quando vou lá skato e divirto-me bastante com o pessoal. É malta super tranquila.

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Qual é que foi a tua melhor skate trip até agora? Tem que ser a viagem a São Francisco, EUA. Foi altamente. E a pior? A pior foi uma longa viagem de comboio que fizemos de Amesterdão até Istambul. Dei muitas quedas lixadas e magoei o tornozelo. Há um clip dessa viagem, a queda também está lá. Chama-se “Lost in Trainslation, foi uma tour com o pessoal da Nike da Benelux. Quanto tempo é que estiveste sem skatar depois disso? Devem ter sido dois ou três meses. Normalmente tens uma recuperação rápida das lesões. Estás num “filme” num dia e a dar backside tailslides no outro. Como é que fazes isso? Não faço ideia, talvez tenha alguma coisa a ver com o sangue? Quando é que podemos contar com a tua próxima videopart? Já dá para ver o trailer no youtube, o Bombaklats! O que podes ver é uma amostra do skate em Roterdão, spots difíceis de skatar e bom ambiente! Acho que o pessoal consegue depreender o que quer dizer Bombaklats! Mas o que é que significa Pangelangelarus? Estás sempre a dizer esta palavra... É apenas uma palavra divertida de dizer. O que é o futuro te reserva, Tim? Não faço ideia, man. Não consigo prever o futuro. Okay, hehe, o que é que te espera este ano? AmsterDamn Am, ganhá-lo. Queres que escreva isso assim? Não, hahahaha Okay, okay. De qualquer forma, teria piada, é melhor do que uma falsa modéstia. Como queiras, podes escrever se quiseres. De qualquer modo estava a brincar. Aparte disso, vou andar a viajar.


No skate, a expressão “mandar-se para a piscina” tem um significado um bocadinho diferente daquela usada no futebol… ollie

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frontside noseslide

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“SÓ MAIS UM BOCADINHO, SÓ MAIS UM BOCADINHO” E QUANDO CHEGUEI AO FIM: “FODA-SE, O FIM!” Os gatos têm 7 vidas, mas para este flip para o bank achamos que seria bom ter pelo menos 10 garantidas

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Polle jam 50-50

Quando não estás a viajar, como é que é para ti um dia normal em Roterdão? Acordo, vou passear o cão, talvez leia os emails, brinco um pouco com o cão. Depois arrumo a casa, passeio o cão outra vez, encontro-me com uns amigos, vou até à cidade skatar e depois volto para casa para descansar. Ouvi dizer que o Westblaak (skate parque no centro de Roterdão onde o Tim skatava) vai desaparecer? Porquê, o que é que aconteceu? Acho que queriam demoli-lo, mas como houve manifestações dos skaters na cidade, acabaram por repará-lo e reabriram-no.

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Às vezes skatas rampas de vert, é isso que vais fazer quando fores velho? Sim, talvez. Já gosto bastante hoje em dia. Planeias mudar-te para outro lugar ou vais continuar por Roterdão? Na verdade, por agora não estou a planear nada. Vamos ver o que o futuro traz. O que é que estarias a fazer se não tivesses começado a skatar? Não sei responder-te. Não faço a mínima ideia! O que é que é fixe? Skatar. O que é que é uma treta? Patins em linha.


Notam alguma semelhança entre a perna do Tim e a do gato?

Conta-me algo sobre Roterdão que dê uma ideias aos leitores sobre como é a vida para ti aí. No verão skatamos perto do hotel New York, um spot ao pé do rio. Quando está muito calor para skatar damos uns mergulhos no Maas. Para refrescar. Sei que passaste pela prisão há uns anos, como é que foi? Foi uma treta. Estive lá um mês e, claro, não podia skatar. Grande treta. O que é que fazias? Matava tempo, jogava muito bilhar, fazia muito exercício, dormia muito, comia muito e escrevia cartas à minha namorada e aos meus amigos.

Fixe. Últimas palavras? Obrigado o todos os que me apoiaram nas alturas boas e más.

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Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com



A T-SHIRT MÁGICA

BANA SKATE JAM - QUIKSILVER ERICEIRA

texto e fotos roskof

Deixem-me contar-vos este caso que um amigo me relatou há poucos dias. Ele vive na margem sul, tem uma filha em idade adolescente, que há algum tempo lhe pediu uma t-shirt do Bana. Ele conhecia a loja, mas não percebeu como é que a sua filha lhe pediu especificamente uma t-shirt de uma skate shop que fica em Carcavelos, a mais de 30km. Ele lá arranjou a t-shirt do Bana, que ela fez questão de usar no primeiro dia de aulas. Dizia-me ele, aquando da nossa conversa: “é a t-shirt favorita dela, só não a usa quando está imunda”… este pequeno episódio faz-nos pensar na força que pode ter uma loja que trabalha há quase 20 anos para a comunidade skater nacional… Por isso não foi de estranhar quando chegámos ao skate parque da Quiksilver, na Ericeira, para mais uma tarde de skate organizada pelo Bana e encontrámos o espaço completamente à “pinha”. Até o pessoal da Quik estava surpreendido: “o Bana conseguiu mesmo trazer toda a gente”, diziam…

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A nova geração vem aí a voar… Klaus Eyre frontside air

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Como está muito na moda, agora esta legenda dá para os dois lados… Roseiro frontcrooked e allen backside nosedrive revert

Se já foram à loja, sabem que o Bana adora música. Ali vale tudo, punk, rock, hip-hop, thrash, reggae… naquele espaço o som está sempre alto e quem não gostar... azar... por isso, uma skate jam à maneira Bana tem que ter música com fartura, desde rock, punk e, até, experimental! Houve de tudo. Com 3 bandas ao vivo. Uma, até, desse grande país que é o “estrangeiro”… uns rapazes austríacos que estão a gravar um álbum por cá… como bónus, o Bana ainda arranjou dinheiro para o cash for tricks, ou seja, não interessava quem ganhava, quem desse boas manobras levava algum para casa e escusado será dizer que o dinheiro foi rápido, tal era a pica… já deram manobras com uma banda a tocar a abrir ali mesmo ao vosso lado? Pois, até mortais saem! Que o diga o Pintainho,

página 65 A t-shirt mágica


Zenildo noseblunt Duas gerações de Banas

que teve um choque frontal no bowl com o Gustavo Ribeiro e depois nem se lembrava que a jam já tinha começado! Ao fim do dia, quando o Bana entregou os troféus para as melhores manobras e para os melhores skaters, já com aquela fresquidão típica da Ericeira, toda a gente estava de t-shirt. Não havia frio que incomodasse os skaters, as bandas e o público… curioso, talvez tenha descoberto o porquê da filha do meu amigo não despir a t-shirt favorita… o nome Bana traz atrás o calor de décadas de skate...

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página 66 A t-shirt mágica


Distribuido por Tribal Urbano

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Passou-se um ano desde a última “Tourtúlia” em Barcelona. Desta vez fomos “lançados” num torpedo de submarino... mal sabiam os alemães que levávamos bombas que arrasavam com qualquer boche: a nossa arma secreta, o Neto (finalmente descobrimos o segredo para aquele pop todo). Berlim é uma cidade jovem e com muito a acontecer a nível cultural. Se pudesse mudava-me imediatamente para lá, mas infelizmente vou ter de gramar o Passos Coelho em vez da Angela Merkel, venha o diabo e escolha, se bem que por lá as coisas parecem estar bem melhores que em Portugal. Desde as raparigas lindas a passear de bicicleta para todo o lado, até às salchichas com caril acompanhadas com Erdinger, tudo parece ser vivido com muita calma. Por outro lado, é muito difícil skatar em Berlim. Se estão a pensar visitar a cidade como destino de skate, pensem duas vezes e preparem-se para serem corridos dos spots 80% das vezes... (Ah, e como quem escreve o nome da tour sou eu, escreveu-se à algarvia).

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intro, entrevista e fotografia Mascarenhas


Pedro Silvestre bluntgrab drop

Cordeiro Um ano depois continuas um mimadinho de primeira, mas este ano fartaste-te de cozinhar e limpar a casa, não foi? A minha grande falha é não saber cozinhar e isso não pude fazer, mas lavei e arrumei a loiça. Pode ser que para o ano isso mude e já saiba cozinhar alguma coisa. Se houvesse alguém dispensável nesta viagem, para ti quem seria? Sem dúvida, o fotógrafo. A única coisa que sabia fazer era pôr brilhantina no cabelo. 2012

Então e Praga, queres dizer como foi? Praga foi normal, nada de especial… chegámos e fomos skatar à Stalin Square, spot muito mau, mesmo, depois jantámos e fomos para o quarto dormir, porque no dia a seguir tínhamos que acordar o mais cedo possível para ir andar para o skate parque, tínhamos que treinar para o próximo Mystic Cup, já que temos todos grandes aspirações de ganhar. Visto que começámos os treinos mais cedo que os restantes atletas, temos alguma vantagem perante eles.


Qual foi o pêde que ganhou o prémio da viagem? Foi uma luta intensa essa, mas arrisco dizer que o Óscar do melhor peido vai para o Neto. Conta lá o que se passa com esse tique de pescoço, que mais parece que estás a cabecear na pequena área? Apesar de só ter 1,75m, sou um ponta-de-lança por natureza e é um esquema que eu arranjei de modo a estar sempre a treinar, para quando jogar ser mais fácil antecipar-me aos centrais, quando os extremos cruzam para a área.

Perdigão ...então e que tal de Banks em Berlim? Foi bom? Já estava um bocado preparado para o facto de em Berlim não haver banks, tirando um ou dois (e um deles descobrimos que já tinha skate stopers). Tirando isso, fomos só àquele wallride debaixo da ponte, que era um spot perfeito! Adorei mesmo. Mas não fiquei nada chateado de não termos skatado em banks, skatámos noutro tipo de spots de que eu também gosto, como curbs, escadas e plazas.

página 71 Tourpêde


Kiko wallride pop-out

Se houvesse alguém dispensável nesta viagem, para ti quem seria? Qualquer personagem desta viagem é indispensável, cada um é mais maluco que o outro... mas se fizeres esta pergunta ao Cordeiro, eu já sei qual é a resposta dele: és tu (risos) Que achaste dos bikers e das bikers de Berlim? Eram de grande pedalada não eram? Epá, os bikers de Berlim nem sequer reparei e nem me interessavam… mas quando falamos das bikers de Berlim já é outra história! De 3 em 3 minutos cruzávamo-nos sempre com uma mulher linda a andar de bicicleta pelas ruas... não consigo perceber o que é que elas comem para serem tão bonitas. Agora eu pergunto, porque é que não há destas bikers em Portugal?! E quando há, porque é que tem de ser uma gorda? Muito injusto. Conta lá aí um bocadinho da brincadeira no aeroporto de Bruxelas... Foi a maior risada de sempre! Vamos fazer o melhor vídeo do ano só com as filmagens que fizemos naquele aeroporto! Tudo começou por roubarmos um leão em peluche do nosso apartamento em Berlim, que foi a mascote da tour. No aeroporto de Bruxelas decidimos fazer com que o leão tivesse vida. Só sei que havia pessoas no aeroporto que já se riam do que nós andávamos a fazer... isto fez-me lembrar o filme do TED, um peluche com vida! Qual foi o pêde que ganhou o prémio da viagem? O primeiro lugar vai para o Neto, como é obvio, mas tu (João Mascarenhas) também andaste perto da vitória... são estilos diferentes de peidos. Os do Neto são os peidos mais longos que eu alguma vez ouvi e os do Cardoso são os mais mortíferos que já alguma vez cheirei. Ainda por cima ele mandava-os quando estávamos dentro do elevador haha! Esta tour deste ano mais parecia o king of the peido! Neto Esse teu pop tem alguma coisa a ver com os pêdes estrondosos e longos que estás sempre a dar? Não é “pêde”, é peido ou pu ou traque haha e sobre o pop, acabaste de descobrir o meu truque para conseguir saltar um bocadinho mais alto. Eu vou explicar melhor a situação... quando me baixo para dar a manobra, a minha barriga não aguenta com o ar que está lá dentro e solta um bocado de ar pelo meu traseiro, o chamado peido, o que faz com que eu consiga saltar um bocadinho mais alto. Agora vai ficar toda a gente com alto pop se conseguir controlar este poder. Se houvesse alguém dispensável nesta viagem, para ti quem seria? (risos) Sinceramente não conseguia dispensar ninguém, cada um tem as suas características, que tornam mesmo engraçadas as viagens, acho até que devíamos adotar mais uma personagem na próxima viagem, não sei é quem, visto que falamos mal de toda a gente.

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Filipe Cordeiro switch frontside flip

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Praga é uma cidade de coisas lindas não é? O que gostaste mais de lá ver? (Sem ser o Staline Square). Adorei Praga, até mais do que Berlim. Praga tem mais vida, é super bonita a cidade e tem um dos melhores spots do mundo. Mas parecendo estranho, nem foi o spot a coisa de que mais gostei em Praga, foi um bar a que fomos que se chamava Red Hot Chili Peppers, não cheguei a perceber se tinha algo em comum com a banda, mas tinha música ao vivo toda a noite, mesmo boa onda. Qual é o destino que queres visitar para o ano? Eu e o Cardoso mandámos o bitaite de irmos à China, mas houve logo pessoal a dizer “ai, não consigo juntar dinheiro para isso”. Isto dito pelo peixe (Kiko) até se entende... coitado... é um morcão que não se consegue fazer à life. Por isso o destino ficou um bocado em “águas de peixe”... Qual foi o pêde que ganhou o prémio da viagem? Competição muito forte, visto que cada um tinha o seu tipo de ataque (peido). O Cardoso estava em modo ninja, ninguém ouvia nada mas de repente... ui, ui. O Chin Chan, ou se preferirem, o betinho de Cascais, dava uns à “tio”, quase que pedia com licença. O Kiko devia ter vergonha, que não se soube de nada. O Cordeirinho devia estar a pastar... saíam assim meios abafados. E, por fim, a guerra entre os dois generais (nós), mas, lamento Mascarenhas, eu sou o vencedor hahaha Silvestre Então quer dizer que ias perdendo o avião? Para ti era no dia a seguir? hahaha Sim, eu ia ficando em terra! Na minha cabeça a avião era só no dia a seguir. Surpresa minha, quando era uma da manhã, já me preparava para fazer óó e vejo um “post” do nosso vegetariano de serviço (o Nuno Cardoso) dizendo que ia dormir pois tinha de apanhar o avião às 5:30… foi o tempo de lhe ligar, de o pessoal, que já estava todo reunido em casa do Cordeiro, rir da minha falta de cabeça e de eu começar eu a fazer as malas às 3 pancadas! Escusado será dizer que a minha mala foi mais uma risada e só me faltavam coisas, inclusive lixas para as tábuas que tinha combinado com o Bana ir buscar no dia seguinte de manhã.

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Nuno Cardoso tailslide 2012


Foste-te armar em bom samaritano em Praga com a polícia? O que aconteceu? Pois foi! É normal que depois de uns dias na Alemanha já respires organização e civismo por todos os lados, sim, porque aquilo não é a desorganização de Portugal. Achei então completamente normal ver uma mala no chão no meio de Praga e pegar-lhe de imediato à procura do dono. Visto que não havia dono fui entregar a um polícia… pior erro esquecer-me que já não estava nessa dita organização alemã! Ia sendo detido, pois como disse o dr. Policia “you are not chec people”, do género, “não és daqui, logo suspeito de ti”. IA DANDO MERDA, CAPITÃO. Se houvesse alguém dispensável nesta viagem para ti quem seria? Sem dúvida que dispensava o fotógrafo. Sim, tu! Nem fotografias

sabes tirar, ficam sempre muito insonsas! Ainda por cima és uma seca. Todas as noites, só querias ficar em casa a dormir! Deve ser do peso da mala de fotografia ou então os moços do Algarve não gostam da noite… é mais isso, aposto. A tua mala de viagem vinha atada com uns atacadores, será que foi por isso que ninguém quis saber da tua mala? Olha, aí está outro grande filme. Só a mim, realmente. Nem tive tempo para procurar os meus cadeados, então, pronto, vai de rodear a mala de atacadores, para ela não se abrir. Mas parece que lá em Bruxelas, onde fizemos escala, não gostaram muito dela, então não embarcou connosco. Resultado: fiquei um dia inteiro em Berlim sem roupa, skate, ténis etc.

página 77 Tourpêde


João Neto backside noseblunt

Qual foi o pêde que ganhou o prémio da viagem? Mas isso pergunta-se? Óbvio que foi o do Neto! “mas que istooooo!” Era o que se ouvia, com um típico sotaque olhanense, cada vez que o Neto mandava um peido… eu, pessoalmente, nem era o cheiro… era o medo do barulho, sim do barulho: para além de dizerem “sapatilhas”, “cruzetas”, “tótil” , “largo” e mais uma infindável lista de coisas estranhas, acho que lá para cima também se peidam de maneira estranha… pareciam portas a rangerrrrrr!!! Cardoso Quando cheguei a Berlim e te vejo a falar alemão perfeitamente, fiquei estupefacto, de onde veio essa coisa de saberes escarrar como um verdadeiro alemão? Nos tempos de Fernando Pessoa, era normal chegares a uma casa e teres uma escarradeira à entrada. Também nos seus primórdios, o cozido à portuguesa era peixe frito. De maneiras que eu andei no Colégio Alemão como grande parte da minha família e sei spucken wie ein echter Deutscher! Se houvesse alguém dispensável nesta viagem para ti quem seria? Claramente o Cordeiro. Ou será que há pessoa que demore mais tempo a sair da cama, da casa de banho, da cozinha, do computador, de casa, do supermercado…? Se bem que temos um Chin Chan, que pode deixar as pessoas alheias ao grupo com ideias erradas sobre nós. Calma, que também há um choco frito, que se calhar vinha do cozido à portuguesa. Mas não, ganha o Chinelinho (Cordeiro). Para a Alemanha não é preciso levar chinelos, que lá, já há disso aos montes. Com meias brancas, de preferência.

2012


página 79 Tourpêde


Nuno Cardoso halfcabflip

Há por aí uma foto tua a circular a comeres um hambúrguer no McDonalds em Berlim, é verdade que te converteste à carne? É completamente verdade. É verídico. É certo. É capaz. Sim. Talvez. Acho que não. Não me parece. É falso. É completamente mentira. Vá lá... sempre fui propenso à carne. Mas não animal. Muito menos do Mac. Anda por aí a circular que no McDonalds alemão há “alimentos” herbívoros. Sendo o único solteiro do grupo, já te posso perguntar, o que achaste das raparigas de Praga? As raparigas de Praga são muito simpáticas com os turistas e têm uma postura muito aberta e proativa. Se forem a Praga, passem no Hot Peppers, para tomar um café ao fim da tarde... Qual foi o pêde que ganhou o prémio da viagem? Ganha sempre o Neto, quanto mais não seja porque está sempre presente. Nunca falha.

2012

página 80 Tourpêde



2012


Simão Menezes flip front board

Ao entrar no Indoor Skate Community naquele particular dia de Setembro, sentia-se no ar uma diferença assinalável face a tantas outras tardes, mais ou menos quentes, de final de verão: o cheiro! Num ar irrespirável, de pó e suor, vários batalhões, determinação estampada nos rostos em bica, empunhavam trunfos ambiciosos. Era o tudo ou nada – ir a Munique ou ficar em terra... (e como mais vale ir a Munique do que ficar em terra), num dos maiores riots de que há memória, Carsportif, Tribal Urbano, Shove it, Bana, Kate, Skills, Ericeira Surf Shop, combateram impiedosos entre grandes manobras e não menores quedas – que na maioria das vezes terminam a rebolar, embrulhados sobre si mesmos, à semelhança do que acontece com os bichos da conta, ao menor sinal de impacto... em resumo, danados da vida e como uma pica dos diabos, todas as teams das skate shops participantes vestiram a camisola e retribuíram o apoio, em muitos casos, de anos, dado pelas lojas, em busca de levar o nome da “sua” loja até à terra da Merkel.

página 83

texto Sílvia Ferreira fotografia Roskof


Em Munique, por esta altura, acaba de terminar o festival de cerveja mais famoso do mundo. Felizmente! Quem vai ter oportunidade de viajar até à Baviera, despesas todas pagas, são alguns dos benjamins do skate nacional: Tiago Lopes, Bruno Senra, Aníbal Martins e Afonso Nery. A tarde já entrava na noite, o indoor exalava (ainda mais) a necessidade de ir a banhos – de preferência com gel para o efeito –, foi conhecido o resultado que tinha juntado tantos, de tantas partes do país e que acabou por reconhecer nestes benjamins, em representação da Ericeira Surf Shop, a consistência para representar Portugal na final do Vans Shop Riot em Munique, que procura e vai encontrar a melhor skate shop team europeia, para lhe oferecer um prémio final de 5000 euros... bem suados.

João Pinto ollie transfer noseblunt na quina da pirâmide

2012

Laurence Aragão frontside bigspin board


Roseiro transfer noseblunt

pรกgina 85 Shop riot




MURAL ADRIร N BLANCA

entrevista Rita Garizo Imagens Adriรกn Blanca

2012


Conheci o Adrián em Barcelona, data de 1998/99. Andávamos na mesma escola, éramos três: dois colados em banda desenhada e… eu. Sair com o Adrián à rua era uma aventura. Era daqueles que se o obrigassem a pagar por um saco de plástico num supermercado que tivesse o logótipo do mesmo… havia merda. Se se enganassem a dar-lhe o bolo na pastelaria e não o trocassem... havia merda. Sempre foi um gajo justo, mas como este mundo não o é, aquele skate voou algumas vezes em direção a janelas e montras. Contudo, não foi por isto que convidei o Adrián para entrevistá-lo, mas sim por o Adrián ser um exemplo do que considero ser a postura ideal para se estar na vida. É um gajo multifacetado, focado em fazer o que gosta. Tem 4 filhos, um bar, uma skateshop, é ilustrador e, pelo que me disse, agora também se dedica a fazer tattoos.

página 89


2012


Adrián, Portugal não é o Texas mas há muitos Portugueses a viver em Paris. Faz uma intro sobre quem és para que a malta saiba do que é que se trata! Chamo-me Adrián Blanca, tenho 33 anos e vivo com a minha família em Roses, uma pequena aldeia na Costa Brava. Continuas a skatar? Sim, este verão nem tanto por causa da loja, mas no inverno vou voltar a andar mais. Skate parques ou spots D.I.Y.? Onde eu vivo não há skate parques, construímos umas rampas e umas caixas e transportamos de carro até umas praças onde costumamos skatar. O que preferias ganhar, o Euromilhões ou o Street League? O Euromilhões, evidentemente! Curtes o estilo desta nova geração de skaters tipo Nyjah Huston, Paul Rodriguez, Torey Pudwill? Claro!

Diz-me um skater Português. Só me lembro de um Ricardo Fonseca, que era Português… acho. Skatava para a Cliché. Acredito que hoje em dia haja muito pessoal bom por aí. O que mais te orgulhas de teres feito? As coisas de que sinto mais orgulho são todas de foro pessoal. Qual foi a primeira imagem que te lembras de ter pensado que querias desenhar? Lembro-me de calcar um fundo marinho que o meu primo Armin desenhou, depois fiz um igualzinho. Desenhaste uma coleção para a és. Qual é a tua opinião sobre a marca ter desaparecido? Os modelos que mais desenhei foram as Accel e as Koston 1. Para mim, os primeiros modelos da és são incríveis, mesmo hoje em dia. Acho que a Soletech devia ter mantido a és, como o grupo Volkswagen manteve a Bugatti. Porque por mais que a marca não fosse rentável, eram o expoente máximo no que toca a sapatilhas de skate. Qual é a tua marca de skate favorita? O que fazem os da Girl, Chocolate, Fourstar, e também Diamond, Huf, Supreme etc...

página 91 Adrián Blanca


2012


Diz-me alguns dos teus artistas de eleição. Artistas como Evan Hecox, Todd Bratrud, Todd Francis, Marc MckGee, Fred Mortagne, Andy Jenkins, Don Pendleton, Ed Templeton… Diz-me alguns dos teus skaters favoritos. Gino Ianucci, Cardiel, Paul Sharpe, Julien Stranger, Sal Barbier, Marc Gonzales.

Fala-me da “ Four Children”. Four Children é uma loja de e para skaters, focada em material técnico e sapatilhas. Como se chamam os teus filhos? Marko, Uma, Kira e Eda. Porque é que saíste de Barcelona? Porque conheci a minha mulher e viemos viver para este sítio mais tranquilo, e desde casa posso trabalhar para o mundo. Como te vês daqui a 13 anos? Comecei a tattooar, vejo-me a fazê-lo em qualquer parte do mundo. E a coisa ficou por aqui. Contudo tive o cuidado de lhe explicar que há mais pessoal para além do Ricardo Fonseca que “patinava” pela Cliché, há o Jorge Simões que “patina” pela About, há o Nuno Cardoso que “patina” pela Nomad, o Ruben Rodrigues que “patina” pela Element e esperamos que haja muitos mais no futuro.

página 93 Adrián Blanca




2012


Estou em Portugal há pouco tempo e posso dizer que adoro isto aqui! A rota do skate em Lisboa foi o que me chamou a atenção. Venho de um país onde skatar em spots de rua é luxo, por isso as “pistas” (skate parques) são as nossas casas. Assim que me mudei para cá conheci a expo, skate parque só com quarters e o chão repleto de rachas. O meu primeiro pensamento foi: onde é que eu vim parar? Depois de algum tempo fui-me acostumando a skatar por lá, acabando por fazer grandes amizades e novas manobras! Com essas amizades comecei a minha rota por Lisboa. Na verdade, a maioria dos skate parques fica fora de Lisboa... conheci os indoors da Amadora e de Torres Vedras. Depois conheci o skate parque de Monsanto. Mas isso não me atraiu muito, o que me chamou a atenção foram os spots “naturais”. Curbs de rua mais perfeitos do que os do skate parque, rampas, escadas… enfim, a cidade tornou-se perfeita para skatar... ao contrário de São Paulo, onde para skatar na rua é preciso coragem, e muita, mas muita, vontade, pois todos os nossos passeios foram inspirados na “tuga”: feitos de calçada, mais conhecida no Brasil como pedra portuguesa. Uma vez comentei com um amigo: “Vocês aqui têm muita sorte, no Brasil para skatar num spot a entrada é ruim, mas a saída é ainda pior!”. Cá, entradas e saídas são perfeitas, como a rampa no Largo da Graça. Agora o que me surpreende é a falta de apoio ao skate aqui. Em Portugal há spots, o clima é ótimo e a companhia é a melhor, mas são apenas alguns os que fazem a diferença, com atitudes ainda tímidas, mas que não deixam de apoiar o skate. Um dos caso que quero destacar é o do skate parque de Odivelas, já antigo... há pouco tempo uma parte foi abaixo, para se poder aumentar o espaço de um estabelecimento contíguo. Face a isto, foi tomada, neste caso, um atitude nada tímida. Fizeram-se queixas, manifestações. E o que foi destruído, acabou por ser remodelado! Ou seja, pequenas atitudes podem dar outro rumo a Portugal, aumentado a “rota” do skate em Lisboa, incluindo este país cada vez mais no skate internacional. Se ainda tens alguma dúvida a este respeito, vai dar um check out na reforma do skate parque de Odivelas e tira tu próprio as conclusões. Sai de casa, agarra no skate, e vai curtir!

texto Laís Reis fotografia Nelson Santos

página 97




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