AURA S.A. - 212 138 500
geral@nautisurf.com
“THE SLASH” “THE SLASH” IN CEMENT IN CEMENT GREY/GUNMETAL GREY/GUNMETAL AVAILABLE AVAILABLE NOW NOW TONY CERVANTES TONY CERVANTES / MONTANA / MONTANA
A DOCUMENTARY A DOCUMENTARY FILM BYFILM FALLEN BY FOOTWEAR FALLEN FOOTWEAR Distribuição Distribuição marteleiradist.com marteleiradist.com 212 972 054 212-972 info@marteleiradist.com 054 - info@marteleiradist.com
ilustração Luis Cruz
panorâmica O culto do nada… Hoje, com a chuva que cai, pode não parecer, mas a primavera está aí e com ela todo um novo ciclo de vida. Também no skate um novo ciclo se aproxima, a época dos campeonatos, demos, churrascos e ajuntamentos. Em breve, por esse Portugal fora, os skaters vão começar a sair da “toca” e o frenesim de eventos vai ser tal, que muitas vezes vamos ter dois e, até, três campeonatos no mesmo dia… estamos todos em “alta”, media, organizadores, marcas, lojas, há tanta coisa a acontecer que a grande questão é quase “a qual iremos”? Mas por mais que veja este filme, ano após ano, não consigo fechar os olhos ao que se passa no skate nacional… será que é mesmo por este ciclo se repetir há anos, como um relógio, que as coisas não passam da cepa torta e, em alguns casos, até regridem? Como é que na altura em que não havia net, facebooks e afins ou, sequer, skate parques, tínhamos em Portugal skaters profissionais, no sentido literal da palavra, amadores em teams internacionais, a receber bom dinheiro, e uma cena local que não precisava de muito para “vibrar”? É verdade que o excesso de informação torna muito mais difícil focarmo-nos realmente em algo, ou alguém, mas temos que reconhecer que os primeiros a não nos valorizarmos somos nós próprios. Um colega dizia-me no outro dia: “vocês, skaters, vendem-se por pouco, se uma marca vos quer utilizar como ferramenta de marketing tem de pagar e bem”. Mas a verdade é que sofremos do típico problema de “portuguesite aguda”: “epá, mas se não aceitar o que me oferecem, o outro ao meu lado aceita”... e assim estamos destinados a viver sempre na sombra daquilo por que nos querem fazer passar: por “pequeninos”. Cada um de nós pode viver o skate à sua maneira, seja nos campeonatos, demos, festas, viagens com amigos, ou apenas no alpendre lá de casa, mas, sem dúvida, era bom que, tal como vimos exigindo condições que não tínhamos, como skate parques nas nossas cidades, continuemos a exigir condições que não temos, melhores apoios, maior dinâmica em todo o país, e mais, também, de nós próprios... só assim sairemos a ganhar. Todos. Pedro Raimundo “Roskof”
2013
Caso não saibam, a fonte da Praça dos Leões foi construída originalmente para que as águas da Baixa do Porto pudessem respirar um pouco, claro que ver um 5-0 do Toni é apenas mais uma benesse a que as águas têm direito quando vêm cá fora arejar. fotografia Renato Lainho 2013
Primeiro Foco: Bruno Senra
De certeza que já ouviste todas as explicações possíveis e “ordinárias” para a alcunha do BP. Pois agora vais saber a verdade…
Cliché Bon Voyage
Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com
DUO
Sem papas na língua, João Pinto e João Allen contam-nos como foi produzir um dos melhores vídeos de skate nacional.
A fase final da produção de um filme é sempre uma altura complicada, mesmo assim conseguimos que o Jeremie Daclin e Boris Proust, os responsáveis pelo novo filme da Cliché, “BON VOYAGE” saíssem das catacumbas para falar um pouco deste novo projeto e da história da mais antiga marca de skate Europeia.
Entrevista Miguel Gil
Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris.
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.
Tiragem Média: 8 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Gazela, Artesgráficas, Lda. Morada: Rua Sebastião e Silva, 79 Massamá 2745-838 Queluz • Portugal página 13
Demorou 3 anos, mas finalmente conseguimos a entrevista com um dos nossos skaters nacionais favoritos. Agora que começou, queremos fotos dele em todas as edições da revista… estás a ouvir, Miguel?
Dr. Mankate
Depois de ter levado a malta da Troika lá a casa para uma festa, o Dr. ainda teve que lhes lavar e secar a roupa. Isto é que é um anfitrião...
www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros
Capa: Esta senhora chegou-se perto do Charles Collet e disse que se tivesse a idade dele também andava de skate. Mas agora com quatro rodas só mesmo o andarilho… isto sim, é espírito de skater! fotografia DVL
fotografia Luís Colaço Boas Dr. Sou uma carcaça velha de Almada, que desde muito novo aprendeu a gostar de skate. Não por vontade própria, mas sim por culpa do meu mano mais novo, que começou a dar uns toques ainda bastante puto... Sei que esta carta poderá parecer-te um pouco nostálgica, mas vivo hoje um certo deja-vu em relação ao skate. Tenho três putos xarilas cá em casa, com a mania que são do skate. É o dia todo uma guerra pegada entre eles, para ver quem dá a manobra melhor que o outro, vive-se um género de jogo do skate diário aqui em casa e o pior (melhor) ainda estará para vir, é que agora cá em casa apareceu uma princesa, que eu já vejo a brincar com os teck deck nas rampas miniatura e, melhor ainda, por cima dos móveis cá de casa. Bem, tudo isto para dizer que vejo com gosto este gosto, que me leva atrás no tempo e me faz lembrar quando eu chegava a casa do trabalho e dava com 15 putos aqui de Almada, a ver filme atrás de filme de skate. Hoje continuo a não ter direito a ver televisão cá em casa, ou dá skate ou bonecos para a princesa, eventualmente uma novelazinha para a mestra cá de casa. Quando grito: “parem já de mandar o comando da tv ao ar!” lembro-me no mesmo instante da minha rica mãe a gritar ao meu irmão: ”para com isso!” Lembro-me de assistir aos campeonatos no skate parque de Almada que, quando olho para trás, vejo como eram fantásticos e magníficos, na pura forma de simples diversão, forma essa que eu tento incutir aos meus putos. Lembro-me de ver o Rómulo Pereira, ainda puto, a começar a dar os seus primeiros toques, lembro-me das velhas do M.Bica a gritarem convosco como gritam ainda hoje com os meus, lembro-me de ver o editor da Thrasher sentado na relva do skate parque de Almada, “o Brunos skate parque”, a ler uma Urbe. Lembro-me com alguma emoção e tristeza do porquê desse nome e da t-shirt do Piggy ainda hoje pendurada no nosso quarto, como se de uma fotografia se tratasse. Lembro-me da coleção de autocolantes de skate do meu irmão, que hoje os meus putos cobiçam como se de um tesouro se tratasse e de como pedem para ele dar o mesmo impossible que eu lhe pedia para dar há uns anos atrás. Bem, Dr., já nem sei bem qual era o propósito desta carta, mas sei que vivi e ainda vivo momentos muito bons através do skate, sem nunca ter andado. São bons os sentimentos que tenho pelo skate, adoro ver como um skater tem a capacidade de se transportar no futuro e regressar, para depois conseguir executar esse mesmo futuro num corrimão ou lance de escadas. E por isso lhe escrevo, Dr., a si e à Surge, porque gosto de skate e porque o skate não é só uma trotineta como o meu pai lhe chama, mas sim um veículo que transporta muito mais do que um indivíduo apenas. Abraço ao Dr. e à malta da Surge!! P.S: os putos cá de casa querem saber para quando posters de miúdas giras na Surge?? Finex de Almada Caríssimo Finex Foi com enorme alegria que recebi a tua carta. De facto, o skate faz parte da cultura da cidade de Almada. Ninguém o pode negar. Quantos, como tu, que nunca andaram de skate, conhecem e viveram esses episódios de que falas? Quantos, como tu, não perdiam um campeonato da ASKA no skate parque de Almada? Quantos, como tu, sabem o nome de várias manobras de skate? Quantos, como tu, metem os filhos a andar de skate? Quantos, como tu, vestem roupa 2013
de marcas de skate? Quantos, como tu, conhecem todos os skaters de Almada? Quantos, como tu, compram a Thrasher de vez em quando? Quantos, como tu... em Almada... bastantes! Os skaters têm facilidade de conviver com todo o tipo de gente. Não têm preconceitos, nem manias. Dão-se com todos. São da rua e é aí que se travam amizades, que se conhece todo o tipo de pessoas. Quantas conversas tive com velhotas, mendigos, ciganos, ladrões, carochos, meninos ricos, pobres, brancos, pretos, azuis, até com cães falei... quantas conversas... e assim cresci. Na rua, com toda a gente que faz parte dela. Por essas razões é que pessoas como tu, conhecem, gostam e admiram o skate. O skate, como tu dizes, transporta muito mais do que um indivíduo apenas... Grande abraço, Finex. Viva o skate! Isso dos posters anda a ser falado... tenham calma, meus putos, nunca se sabe! Dr. Manka-te
Olá Doutor Tenho tido muito azar com as lesões. Em apenas 2 anos, parti um pé e um braço. Tenho passado bastante tempo sem andar de skate e quando ando é sempre com medo... sei que as lesões fazem parte, mas acho que tenho tido bastante azar. A Surge tem ajudado e muito. Desde já agradeço pelo que vocês fazem por todos nós. A revista não me tira o medo, mas dá-me sempre vontade de voltar a andar. Dá-me pica e isso é que é preciso. Espero no futuro não ter mais lesões e espero também conseguir vencer o medo... Mais uma vez obrigado. Excelente trabalho, o vosso. Abraço Pedro Sousa Boas Pedro As lesões são tramadas. É mesmo o pior que existe no desporto. Mas como dizes e bem, fazem parte. Mas vê as coisas pela positiva, porque existe pessoal com muito mais azar que tu. Não sei se conheces ou conheceste o Mileu, de Almada. Esse é que teve azar! Partiu os dois braços! Consegues imaginar? Tinham que fazer tudo por ele... hehehehehehe, que espetáculo, até o cú tinham que lhe limpar hahahahahahaha! Isso sim, é azar! Por acaso sempre tive alguma sorte com as lesões, não me posso queixar. Apenas uns entorces e um traumatismo craniano, coisa pouca. Não podes desanimar. O tempo ajuda a perderes o medo. Tenho uma sobrinha que é louca por skate e também não tem tido muita sorte. Partiu o mesmo pé duas vezes a andar de skate, também num curto espaço de tempo. Sei bem o que ela sofre por não poder patinar. Mas é rija e tem muita pica. É daquelas pessoas que não tem medo, vai lá outra vez! É assim que deves pensar. Bola para a frente, companheiro! Beijo na bunda Dr. Manka-te
Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir, publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa… Abraços e beijos na bunda. Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com
página 17 Dr. Manka-te
www.mankatetainha.com
www.carsportif.com www.facebook.com/pages/LRG-Portugal/
www.myspace.com/lrgportugal www.twitter.com/carsportif
T: 261 314 142
2013
fotografia e entrevista Mascarenhas
PRIMEIRO FOCO Como bom filho da “margem sul”, tinha de haver uma manobra no spot mais emblemático do “lado de lá”… hardflip
Conta lá para quem não sabe, porquê BP? Tem a ver com o facto de estares sempre atestado de gasolina? (Risos) Não, não tem a ver com isso. Já foi há muito tempo: na minha rua havia dois Brunos, quando jogávamos à bola era sempre uma confusão, por isso fiquei Bp (Bruno Pequeno).
página 21
Tenho que dizer que admiro muito a tua pica, espero que sejas assim para sempre e não só no skate, mas também na escola e na vida em geral. O que queres ser quando fores grande? Opá, ainda não sei bem, gostava de viver do skate, claro, mas não sei se será possível. Se não for possível, gostava de trabalhar em alguma coisa relacionada com skate, nem que fosse numa skate shop, ou como team manager (risos)...
Se o Vito, um dos skaters favoritos do BP, visse este frontside flip diria: “grrannda frrrrontside flip boy!�...
2013
Quais são as tuas ambições no skate? Sonhas alto, ou tens os pés bem assentes na terra? As minhas ambições no skate são evoluir, ir lá fora a campeonatos e filmar. Eu ter o sonho de viver do skate tenho, como qualquer skater, mas também tenho consciência de que é muito difícil. Fazes parte da Ementa SB, gostas de pertencer ao grupo? Descreve um pouco esse grupo de amigos. Sim, pertenço à Ementa. É um grupo de skaters amigos, unidos. Ajudamo-nos uns aos outros, estamos quase sempre juntos... eu só posso estar com os meus putos ao fim de semana, por causa da escola... estamos sempre a inventar e isso é que é o espírito. Tens orgulho de ser da margem sul? Que skaters da tua zona é que admiras? Sim, tenho. É a terra onde eu cresci e onde comecei a skatar. Os skaters que admiro da minha zona são o Rómulo Pereira: era um dos melhores de Portugal; também gostava bué de ver o Inezinho a andar, dava-me bué pica, é pena ele ter parado... se ele não tivesse parado também tinha sido um grande nome no skate português. O Vito, para quem não conhece, também é um Almadense que andava bué, mas que teve de seguir a vida dele... não ouvi falar mais dele... Preferes skatar nas ruas ou em skate parque? Bem, ruas ou skate parque... eu sinceramente gosto de andar nos dois sítios. O skate parque é mais chill, não cansa tanto e aprendes bases e manobras novas... e na rua também curto andar em spots diferentes, mas a rua é mais agressiva que skate parque. Explica lá ao pessoal porque é que andas sempre a mandar cuspidelas? Já ouvi chamarem-te Dabla, que era a personagem do Dragon Ball que transformava as pessoas em pedra com as suas cuspidelas ácidas. Bem, eu nem conhecia o Dabla até o tu me chamares isso (risos). Não sei, é natural, não consigo explicar (risos), mas eu também não cuspo muito... (risos)
página 23 Primeiro foco
Para alguém que tem uma alcunha como “Bruno Pequeno” este “corrimão grande” não está nada mal… backside 50-50
A quem queres agradecer? Gostava de agradecer ao meu Pai, à minha Mãe e à minha família, pelo apoio que me têm dado, aos meus amigos que me apoiam e que andam comigo, aos meus putos da Ementa, ao pessoal de Almada, ao pessoal que skata comigo... não vou começar a dizer nomes, senão nunca mais saía daqui. Também quero agradecer aos meus patrocinadores: à Volcom, à Converse, à Screw e à Ementa SB. Ao João Mascarenhas por me ter ajudado nesta mini entrevista e por me ter aturado quando íamos fotografar (risos). Um grande abraço para todos os meus amigos e para todos os que me apoiam. 2013
página 24 Primeiro foco
entrevista Roskof fotografia DVL
2013
Quando há 13 anos a Cliché lançou “Europa”, o primeiro filme de skate de uma marca europeia, nascia um novo polo no skate mundial. Pela primeira vez o velho continente era encarado como uma potência no skate. Cidades hoje consideradas mecas do skate, como Barcelona, ou Málaga, devem, de facto, muito à Cliché, pois foi em “Europa” e nos projetos seguintes da marca, que se mostrou ao mundo o potencial de skate que aqui se encontrava escondido. Passada mais de uma década e na véspera do lançamento do seu último filme, Jeremie Daclin e Boris Proust falam-nos da sua viagem até... “Bon Voyage”.
página 27
Jeremie Daclin Boneless
Já lá vão 15 anos desde o início da marca e 13 desde o lançamento de “Europa”, o primeiro vídeo de skate 100% europeu. Desde então muito mudou na maneira como os filmes de skate são feitos. Para vocês, quais as maiores diferenças entre esse tempo e o presente? De certeza que o Jeremie notará mais algumas diferenças do que o Boris… Jeremie: Para mim a maior diferença entre essa altura e o presente são as redes sociais. Agora os miúdos devoram vídeos todos os dias, no Hellaclips e outros sites... e, se procurares, todos os dias consegues ver alguma boa parte. Nos tempos do “Europa”, filmar era mesmo difícil e sempre que conseguias arranjar um vídeo não o largavas durante 6 meses… hoje é difícil causar impacto por mais que um dia… é muito esforço às vezes para nada. Boris: Sim, de facto muita coisa mudou em pouco tempo, mas para mim agora parece que toda a gente se preocupa muito mais com a maneira como edita e filma os vídeos. Quando comecei já toda a gente filmava com as lendárias Sony Vx1000 e durante um longo período parecia que toda a gente filmava da mesma maneira. Agora é bem diferente, todos se preocupam muito mais com os ângulos e usam meios que na altura eram impensáveis para obter as melhores imagens, como gruas, steadycams e até helicópteros telecomandados… 2013
Pete Eldridge Switch Ollie
pรกgina 29 Bon Voyage
Vocês têm idades bem diferentes e de certeza que também cresceram de maneiras bem diferentes. Como é que conseguem conciliar os vossos pontos de vista e a maneira como as coisas devem aparecer no vídeo? Chega a haver o clássico “choque de gerações”? Jeremie: Nada disso, eu sou uma pessoa bastante receptiva a ideias! (risos) Boris: Sim, temos idades bastante diferentes, mas ambos queremos o mesmo, que é fazer um grande vídeo de skate. Claro que muitas vezes temos ideias diferentes mas conseguimos falar bem um com o outro e também, algumas vezes, com pessoas de fora, para tentar encontrar sempre a melhor solução possível. Nunca chega a haver choque, a única vez em que não estivemos de acordo numa coisa foi a propósito de uma tour que fizemos de camião, sobre se devíamos usar as manobras nas partes de cada um, ou fazer uma edição especial só com essa tour… vão ver a resposta no vídeo.
JB Gillet Bs 180 Nosegrind
2013
Daniel Espinoza AlleyOop Bigspin Flip
pรกgina 31 Bon Voyage
A Cliché não só é conhecida por ter “trazido” ao mundo grandes skaters, como também por criar uma reputação para os filmers, fotógrafos e designers gráficos… porque é que acham que isto acontece? Jeremie: Acho que por estarmos situados em Lyon, fora do centro mundial do skate, que é a Califórnia, estamos habituados a trabalhar com muita gente diferente, que traz sempre ideias novas.
Neste novo vídeo da Cliché vai haver uma grande mudança em relação ao “line up” dos últimos dois vídeos da marca. “Bon Voyage” é um título que sugere o começo de algo novo para os mais novos na equipa e o passar do testemunho para a malta mais velha... é mesmo assim ou tem outro significado? Boris: Para mim é apenas uma maneira de dizer a todos que o skate é sempre bem melhor quando estás de viagem Jeremie: Concordo
Boris: Eu acho que a resposta está no nome… Cliché… (risos)
Flo Mirtain front Blunt Fakie Nosegrind
2013
pรกgina 33 Bon Voyage
Charles Collet Judo Air
Como dono da marca e como filmer, de certeza que ambos têm ideias diferentes sobre a produção de vídeos on-line, a avalanche de informação destes dias… às vezes levas meses para filmar algo e quando o lanças é visionado em 10 ou 20 minutos e seguimos em frente para os próximos 100 vídeos do dia, de que nem iremos lembrar-nos assim que o dia acabe. Jeremie: Cada vez mais, a qualidade faz a diferença. Mas devia haver alguma maneira de filtrar toda essa informação. Boris: Sim, agora com as dslr e com pouco investimento toda a gente pode filmar bem, o que provoca essa avalanche. Por um lado é bom que todos se possam expressar através dos vídeos, mas por outro está a chegar a um ponto um bocado louco. Como o Jeremie disse, no futuro devia haver mais filtragem dos bons vídeos.
2013
Lucas Puig backside 180 Fakie Five O
Muita gente diz: “deixem que o skate fale por eles”, mas sabemos que a Cliché sempre procurou personalidades fortes. Agora com esta nova vaga de skaters, que valores lhes tentam transmitir? Jeremie: Para mim o principal é mesmo ser uma boa pessoa, há por aí muitos skaters que andam bem, mas cada vez dou mais valor à personalidade. Quanto aos valores, antes de entrarem para a equipa levo sempre os skaters numa tour com o resto da malta… a estrada faz o resto. Boris: Penso que na Cliché a prioridade é sempre encontrar grandes skaters mas, sim, antes disso têm que ter uma boa atitude, ser bem dispostos e querer fazer parte deste grupo maluco… não ser apenas mais um skater… é esse espírito que lhes tentamos passar.
página 35 Bon Voyage
Há cerca de onze anos estava com o team da Cliché em Lisboa e, numa sessão, o Fred Mortagne perdeu uma cassete com uma manobra do Mendazabal, que tinha passado horas a partir-se todo para acertar… não foi nada agradável de ver. Algum momento destes, menos bom, nas filmagens de “Bon Voyage”? Jeremie: Sem dúvida esse momento não foi nada bom, estávamos no início do “Bon Appetit”, mas essas memórias ficam para sempre... para o “Bon Voyage” temos algumas dessas histórias, mas todas boas... e ainda estão demasiado frescas na memória para poder contá-las aqui... Boris: (risos) Nada de especial, apenas me lembro de o Jeremie se esquecer do Daniel Espinoza num spot e arrancar… teve de voltar para o escritório da Cliché de skate.
2013
Kyron Davis front Nosegrind AllTheWay
pรกgina 37 Bon Voyage
Algumas últimas palavras para os skaters Portugueses? Jeremie: Continuem a ler revistas! Boris: Continuem a skatar e espero que gostem do “BON VOYAGE”!
Kevin Bradley front Feeble
2013
página 38 Bon Voyage
Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com
MIGUEL GIL Nestes últimos dez anos tenho acompanhado a evolução deste grande skater. Desde miúdo que tem demonstrado grande talento a todos os níveis, uma personalidade forte, trabalhador, responsável, lutador... e sabe bem o que quer da vida.
É um skater bastante completo, sempre com as antenas ligadas à procura de novos spots. Atualmente já não duvido de nada que venha da parte dele: quando me liga a dizer que quer ir a este ou àquele spot dar uma manobra, eu já nem discuto, porque 99,9% das vezes são skatadas que rendem e no final voltamos para casa com o sentimento de dever cumprido. Tivesse ele mais tempo livre e a história tinha sido outra…. quem o conhece sabe bem o que digo…
2013
entrevista Ruben Pinto fotografia Rafael Morgado
pรกgina 41
Frontside 5-0 a “derreter” o wax, num dos spots descobertos durante a “volta dos congelados”… ou algo do género
Miguel, vamos começar esta entrevista: apresenta-te. Miguel Gil, 25 anos e vivo na Marinha Grande. Pouca gente sabe, mas tu não és Português. Já andavas de skate antes de vires para Portugal? Sim, nasci na Alemanha. Em ‘99, eu e uns amigos andávamos viciados no jogo Tony Hawk 1, que tinha saído há pouco tempo... decidimos todos comprar um skate. Em 2000 mudei-me para Portugal. Lembro-me que quando cá cheguei estava em pulgas para que chegasse a transportadora da Alemanha, pois estava lá o meu skate! Como o tinha comprado há pouco tempo, queria muito que o meu primo o visse! Ele, mais tarde, acabou por comprar um também… Depois fui fazendo amigos e conhecendo melhor a Marinha Grande, que na altura estava em altas a nível de skate... a partir daí nunca mais parei! A Marinha Grande nessa altura estava em altas, como assim? Sim, basicamente toda gente andava de skate! Eram mais que as mães! Na altura havia a F.A.E., diziam que era o maior skate
2013
parque Indoor da Península Ibérica! Ahaha, eu com 13 anitos ficava maravilhado com as cenas que lá via, grandes tempos! Skatava-se em qualquer sítio e em qualquer lugar, todos os dias havia pessoal a skatar. Como é o teu dia a dia? Consegues conciliar o trabalho com o skate? Bem, trabalho numa empresa de congelados e ultra-congelados, sou distribuidor, ando sempre na estrada! Tenho a fezada de encontrar muitos spots por aí... No inverno é uma verdadeira merda! Não tenho horário para sair, mas é por volta das 18h. Durante a semana é foda, pois não tenho spot para skatar à noite, ando só aos sábados e domingos, quando o tempo deixa! No verão já é mais tranquilo, pois já escurece mais tarde e está bom tempo! Por outro lado, tenho mais trabalho no verão, mas dá para tudo! Quais os teus patrocínios atualmente? Tribos Urbanas e My DC Crew
Depois deste frontside ollie o Miguel prestou tributo à história do skate com um slalom pelos pins, à moda antiga… clássico!
Estas satisfeito? ya, bué! Um grande obrigado aos dois! Só falta material técnico para poder voltar à carga! Tiveste dois pro models na Fidelity, qual a sensação? Como é que isso aconteceu? Quando o Steve me perguntou se eu queria entrar para a Fidelity, fiquei bastante contente. Falei depois com o André (patron da Fidel) e ele motivou-me bastante, negociámos e lá fiquei! O André tinha muitas ideias, talvez ideias a mais, mas a intenção era boa. Fizemos várias tours, incluindo a viagem à Alemanha ao Bright Trade Show, a Frankfurt, sempre tudo pago! Uma experiência de top quality para mim! Na altura deu-me bué pica, nunca tinha de me preocupar com boards... a skatada é um pouco diferente quando temos um caixote cheio de tábuas em casa! Pelo menos para mim era…
página 43 Miguel Gil
Eras um dos responsáveis em abrir o Vidigal (aquele mega spot, a que muito poucos davam valor). O que tens a dizer em relação ao encerramento deste espaço? Foi muito chato o Vidigal fechar! O Vidigal foi um skate parque muito especial para mim, muitos bons momentos que lá passei com a tropa da Tribos Urbanas! Fiz muitos amigos, pessoal que vinha de fora e isso... todas as minhas bases aprendi lá! Mas o pessoal tem o seu trabalho, não pode deixar de comer para skatar. Já o fiz, mas tinha 15 anos. Como vês o skate nacional? O nível está a aumentar em todo o país, cada vez mais estão a aparecer novas promessas no skate nacional, aproveito para mandar um props ao pessoal do RSC pelo excelente trabalho que tem feito em todos estes anos!! Big Respect! Fico contente quando vejo o pessoal a orientar-se lá fora e a representar bem a tuga!
Vigo sempre foi um dos seus destinos favoritos, curiosamente os backside tailslides flip out tambÊm sempre foram das nossas manobras favoritas do Miguel‌
2013
“TRABALHO NUMA EMPRESA DE CONGELADOS E ULTRA-CONGELADOS, SOU DISTRIBUIDOR, ANDO SEMPRE NA ESTRADA! TENHO A FEZADA DE ENCONTRAR MUITOS SPOTS POR AÍ…”
página 45 Miguel Gil
Já viram aquele skater no “Call of Duty” a dar crookeds? Pois, nós também não!
Costumas ir a campeonatos? Raramente, não que não queira, ou não curta, mas das últimas vezes que quis ir, ou ia trabalhar, ou estava lesionado, ou então não havia guita, tinha sempre qualquer merda para me foder! Vamos ver se este ano vou a uma ou outra etapa, na desportiva! O skate para ti é um lifestyle ou é apenas um desporto? É um lifestyle, eu respiro skate a toda a hora! O skate fez de mim o que sou hoje, não podia estar mais satisfeito. Ajudou-me a ultrapassar muitas barreiras e deu-me uma perspectiva da vida que só um skater consegue ver! Skate Or Die!
2013
Dizem que o Miguel é dos skaters nacionais com os pés mais leves… por isso é que parece que vai a planar tranquilamente neste swicth ollie
página 47 Miguel Gil
No panorama internacional quais os skaters que mais te influenciaram? Quando comecei a skatar, Brian Wenning, Tom Penny, Pj Ladd, Eric Koston, Andrew Reynolds... depois há aquelas “bestas”, Leo Romero, Luan Oliveira, Shane Cross, Torey Pudwill, Nyjah Huston, etc, etc.. E no panorama nacional? A primeira e a maior influência foi o Steve Carreira... Ruben Pinto, Ricardo Preto, Hugo Marrazes, Brunito, Ricardo Fonseca e Francisco Lopez. É só velha guarda nas influências nacionais, isso tem alguma razão de ser? Foram os que mais me influenciaram, identifico-me mais com a maneira como veem o skate, acho mais saudável, mas também gosto de ver o Ruben Rodrigues, Helder Lima, Pedro Roseiro, João Neto, Jorge Simões e a minha tropa de Leiria, que está sempre a puxar por mim... Como passas os teus poucos tempos livres? Estou com o meus amigos! Vou passear o meu dog à praia, sou viciado no Call Of Duty, passo bastante tempo também de volta do meu Volkswagen! Ahaha mas o que gosto mesmo é de não fazer um cú!! Pois, tu andas sempre a inventar no teu carro, mas não és do tunning, pois não? Nada disso! Apenas gosto destes carros, como sou alemão nasci a ver Volkswagens. Agradecimentos Os primeiros vão para a mulher mais poderosa da terra, a minha mãe! Ao resto da minha família, incluindo a crew da Tribos Urbanas, Steve e Ruben por me terem sempre apoiado em tudo! Aos meus amigos, de perto e de longe, à DC Portugal (My DC Crew) e a todas as marcas que já me patrocinaram, à Surge (Roskas e Sílvia), RSC, Skatebyte (Vasco e Marta), Rafael Morgado, Nuno Marques...
2013
Caso o Miguel tivesse ficado pela Alemanha esta manobra seria “zie transfer bluntz”
“É UM LIFESTYLE, EU RESPIRO SKATE A TODA A HORA! “
página 49 Miguel Gil
2013
entrevista Roskof fotografia Vasco Neves
Sejamos honestos. Se na altura em que as coisas no nosso país “alegadamente” andavam melhor, já eram poucos... então agora nestes tempos de crise, fazer filmes de skate parece uma verdadeira loucura. O que nos vale é que ainda há pessoas dispostas a arriscar e apostar no que mais gostam. Duo é o resultado da colaboração do Vasco Neves com os skaters João Pinto e João Allen e mais uma prova de que não são precisos “mundos e fundos” para que as coisas aconteçam.
página 53
Como é que vocês se lembraram de embarcar nesta aventura de filmar um vídeo em conjunto? Mesmo lá fora, não é comum ver este formato. Pensaram em fazer algo diferente, ou na vossa cabeça fazia sentido, uma vez que costumavam skatar muitas vezes juntos? Allen: Já nem me lembro bem como é que tudo começou, mas na altura skatávamos sempre juntos, o Pinto, o Vasquinho e eu, e como estávamos nas mesmas marcas fez sentido fazermos um clip os dois. Acho que não pensámos propriamente em fazer algo diferente, foi mais por fazer sentido sermos só os 2013
dois. Apesar de ser um formato fora do normal, acho que ficou bastante bem, pois se for um filme com muitos skaters só se vê uma vez e se for só de um, rapidamente se esquece. Pinto: É claro que o facto de skatarmos sempre juntos ajudou muito neste projeto e como éramos patrocinados pela mesma marca, era mais um elo de ligação. Mas ao ser só dois skaters seria uma forma de mostrar o nosso nível de uma maneira mais específica.
João Allen pole jam 50-50
Lembro-me de que quando o primeiro teaser saiu, o Duo era para ser um projeto mais pequeno... mas acabou por ser mesmo um filme. Quando iniciaram isto, alguma vez pensaram naquilo em que se estavam a meter, ou as coisas foram acontecendo naturalmente ? Allen: As coisas foram acontecendo naturalmente, pois a ideia inicial não era fazer um filme com uma parte completa de cada. Simplesmente começámos a ver que conseguíamos fazer
melhor e fomos querendo mais, até que decidimos fazer partes completas. Pinto: Inicialmente iria ser uma vídeo-parte em conjunto, mas ao longo do tempo foi-se filmando e fomos juntando material... optámos por fazer uma parte para cada um de nós. E claro que isto foi um dos fatores que atrasou a saída deste filme.
página 55 Duo
Jo達o Pinto drop
2013
Apesar de vocês se conhecerem há bastante tempo, sei que têm personalidades bastante diferentes. De certeza que o Vasco durante este tempo, para além de amigo e filmer, também teve que ser várias vezes psicólogo. Ele teve que vos dar muito na cabeça para vos manter motivados, ou tinham bem noção do que precisavam fazer? Allen: Em relação ao Pinto não tenho bem a certeza, mas a mim foi raro faltar motivação. Claro que houve alturas em que não me apetecia muito andar a matar-me por manobras, mas em regra geral tive sempre pica. Pinto: O Vasco foi um elemento fundamental deste filme, sem ele isto não se teria realizado. Nós tínhamos noção do que era para ser feito, mas muitas das vezes a pica não era muita e quem nós motivava era o Vasco. Mas o Vasco, além de ser skater, filmer e fotógrafo é um grande amigo e um grande psicólogo... ahahah muitas conversas de vida tive com ele e muita coisa boa me ensinou e ajudou. Durante o tempo que andaram a filmar era óbvio que estivessem um pouco “abaixo do radar”, mas nunca deixaram de aparecer... no entanto, e à boa maneira portuguesa, muita gente comentava que vocês tinham deixado de andar, que se tinham dedicado a outras coisas, como é que encararam esses rumores? Alguma vez tiveram vontade de dizer umas “verdades” aos treinadores de bancada? Allen: Há sempre alguma vontade de responder aos “treinadores de bancada”, mas como sempre soubemos que estávamos a fazer um filme que, para os padrões portugueses, ia estar razoavelmente bom, nunca ligámos muito. Pinto: Sinceramente inicialmente fiquei um pouco revoltado. Pelo facto de não ir a campeonatos, o pessoal já dizia por aí que eu não andava de skate. Mas alguns skaters de Portugal acham que o skate são campeonatos e que o que interessa é ganhar e acertar as manobras, para mim isso não é skate. Em relação aos “treinadores de bancada”, em vez de falarem à toa, calem-se e andem de skate, porque falar é fácil, mas ainda estou à espera de ver vídeo-partes de STREET, não de SKATE PARQUES.
página 57 Duo
Caso não saibam, o João Pinto faz acupunctura profissionalmente, caso para dizer que deu um belo tratamento a este curb smithgrind
Assim que o DUO saiu, enviámos e mostrámos o vídeo a muita gente de fora, que ficou boquiaberta com o vosso nível de skate. A pergunta é: porque é não saíram mais de Portugal e tentaram uma aventura lá fora? Essa ideia nunca esteve nos vossos planos, ou as coisas simplesmente aconteceram assim? Allen: Em relação ao Pinto não sei, mas para mim, como é óbvio, essa ideia de ir lá para fora já esteve presente. No entanto, não tenho nível suficiente para isso e mesmo que tivesse já ia tarde. O skate não é um desporto que dê para fazer até muito tarde, por isso ou se é muito bom, ou passado pouco tempo é difícil de viver disto. Como sempre tive noção disto, nunca tentei ir lá para fora para me safar, ando mesmo porque gosto de skate. Pinto: Nós saímos de Portugal, cheguei a viajar muito e a participar em alguns campeonatos, o que me fez “abrir a pestana”, mas nunca fui um skater de campeonatos e, aliás, eu nunca gostei muito de participar, mas gostava muito do convívio entre o pessoal... coisa que hoje em dia não se vê muito, querem é ser os melhores. Claro que esteve nos meus planos, ou nos meus sonhos viver do skate, mas o tempo passa e percebemos que não é fácil e as coisas lá fora estão num nível quase inatingível.
2013
xiiii… quando for grande quero dar frontboards como o Allen… pensou, de certeza, o miúdo
página 59 Duo
Durante o tempo de rodagem do Duo, correu um rumor de que o João Pinto tinha deixado de andar de skate… yá! dedicou-se ao parkour… backside wallride
Quais foram para vocês os momentos mais marcantes na aventura do DUO? Algumas boas histórias de bastidores? Allen: Houve tantas histórias que é me difícil estar a referir uma. Desde polícias, a palhaçadas, a histórias cómicas, passou-se tanta coisa em 2 anos que nem me lembro de uma em específico. Acho que os momentos mais marcantes foram quando saíram as melhores manobras do filme, ou as que custaram mais a sair. As ‘jolas a seguir a essas manobras foram, sem dúvida, o melhor. Pinto: Bem, foi tanto tempo que aconteceram muitas aventuras e claro que houve momentos bons, mas também momentos maus. Houve sempre os problemas que qualquer skater que quer filmar em street tem: com pessoas, com polícias... depois, às vezes, eu sou um bocado impulsivo e agressivo e isso não ajuda muito, mas aos poucos as coisas foram correndo de uma forma divertida e gira. Quando viram a edição final, de certeza que tiveram aquele sentimento de dever cumprido, qual foi a primeira coisa que pensaram fazer assim que o Vasco vos mostrou a edição final?... festa rija? Ahaha Allen: A primeira coisa, mal vi o filme a primeira vez, foi dar um “props” ao Vasquinho. Já sabia as minhas manobras e as do Pinto, mas ver aquilo tudo montado com uma alta edição foi uma sensação que não consigo bem explicar. O que fiquei a pensar depois foi na festa de lançamento... ahaha Pinto: Claro, festa muito rija... ahahah foi bom ter terminado, de certa forma foi um alívio para os três, já estávamos um bocado saturados de tanto tempo de filmagens.
2013
O DUO é a prova de que ambos têm, ainda, muito bons anos de skate pela frente. Que projetos têm para o futuro próximo e o que gostavam que acontecesse na cena de skate nacional? Allen: Quanto a mim, gostava de lançar mais umas partes de street, o máximo que conseguir. Duvido que faça outro filme de que goste tanto como este, porque este foi feito com duas das pessoas de quem eu mais gosto e com quem eu mais queria fazer um filme... mas ainda quero continuar a lançar partes. A nível nacional, gostava que a mentalidade de campeonatos da geração mais nova mudasse e que se virassem para o que, na minha opinião, é skate, que é ir para a rua com os amigos. Também gostava que os campeonatos voltassem ao que eram há uns anos, uma desculpa para o pessoal se juntar todo e curtir, em vez de tentar ganhar a todos os custos. Pinto: Para o futuro estou a pensar em fazer uma entrevista para a Surge e claro que quero continuar a mostrar o meu nível de skate através de outra vídeo-parte... eheh. Mas o que eu gostava que acontecesse no skate nacional é que o pessoal deixasse de ser picado e começasse a olhar para si próprio, porque falar do vizinho é sempre mais fácil.
pรกgina 61 Duo
João Allen ollie Agradecimentos, últimas palavras para os leitores da Surge e, porque não, também para os “treinadores de bancada”... Allen: Os meus agradecimentos vão em primeiro lugar para o Vasquinho e para o Pinto, porque sem eles não havia filme. Queria também agradecer aos meus pais e à minha irmã, sem eles também não havia filme nenhum e um agradecimento especial ao Humberto, senão também não tinha havido festa nenhuma. De resto, agradeço a quem skatou mais comigo durante o filme, o Piui, o Coutinho e o Pi e, claro, às marcas que me patrocinaram durante o projeto: a Ashbury, a Analog e a Gravis, a Sample e a Slide in. E também a toda a gente que foi à estreia, espero que tenham gostado. 2013
Pinto: Agradeço a toda a gente que sempre acreditou em mim e que me ajudou e motivou para a realização deste projeto. Essas pessoas são: o Vasco, o João Allen, o Militar, o Thomas e a minha namorada. Para os leitores da Surge, espero que gostem do nosso trabalho e que sirva de exemplo de que skate é para curtimos e para nos sentirmos bem e não para ficarmos chateados e picados. Para os “treinadores de bancada” quero que se fodam todos e parem de ser picados, porque no fundo são pessoas infelizes com elas mesmas. Obrigado à Surge.
página 62 Duo
BUILT TO GRIND texto e fotografia Jo達o Sales
2013
Há livros que são intemporais. Este exige respeito. É um olhar pelo desenvolvimento e evolução dos eixos de skate, pelo skateboarding no geral e com o testemunho dos skaters profissionais, que os usam com orgulho.
página 65
O livro está cheio de excelentes fotos, desde o início da marca até aos dias de hoje. O nascimento de um ícone, as lendas que são apoiadas pela marca, os arquivos dos anúncios e muitas histórias desconhecidas do grande público, bem como a explicação da mística e do fanatismo devoto que estão associados aos Indy, são alguns dos conteúdos nas 260 páginas. A 4 de julho de 1978 (dia da independência dos EUA) os amigos Fausto Vitello (RIP), Eric Swenderson, Jay Shiurman e Richard Novak fundaram a Independent Truck Company, em S. Francisco. Como o Fausto já tinha experiência a trabalhar para a Ermico, levou o seu conhecimento para a nova empresa. A concorrência na época era forte: Tracker, Gull Wing, Benett, entre outras, dominavam o mercado. Esta
2013
nova sociedade alugou, na periferia da cidade, um barracão que tinha sido utilizado na produção de armamento para o exército americano. Aproveitaram as infraestruturas existentes, como prensas e fornos, e começaram a fabricar os eixos Indy. Embora não haja uma alteração significativa desde os “Stage 1” iniciais, até aos “Stage 10” de hoje, os eixos tornaram-se mais leves, mas sempre com a mesma característica original: “Built to Grind”. A marca agora liderada pela distribuidora NHS, desenvolveu, para além dos eixos, uma linha de roupa, mochilas e alguns acessórios originais. Para quem o skate faz parte da sua vida, penso que este é um livro obrigatório para ter na mesa de cabeceira.
página 66 Built to grind
www.carsportif.com info@carsportif.com T: 261 314 142
2013
Jรก viram a quantidade de portas que temos de passar para ver este switch flip do Nuno Relรณgio? fotografia Mascarenhas
pรกgina 69
Um tributo aos deuses na mini-réplica portuguesa da pirâmide mexicana de Chichen Itza… Diogo Costa alley hoop backside flip
2013
pรกgina 71 Anti-estรกtico
2013
Raphael Alves varial heel num spot tão secreto que nunca mais lá conseguimos chegar… fotografia Mascarenhas
página 73 Anti-estático
Ruben Rodrigues Nollie Hardflip com tanto pop que ia gastando a “película” da máquina digital fotografia Hugo Silva
2013
pรกgina 75 Anti-estรกtico
O Lukas Danek veio da República Checa especialmente para dar este switch frontside flip em Lisboa… ok, também veio de férias, mas isso não é importante para o caso… fotografia Mascarenhas
2013
pรกgina 77 Anti-estรกtico
ANTI ESTÁTICO Um grande obrigado à malta da jardinagem da Câmara Municipal do Barreiro por ter aparado a relva de modo a que este 50-50 do Thayan ficasse tão bem na foto fotografia Mascarenhas
2013
“Bom filho à casa torna”…Ruben Gamito numa manobra de gente grande no spot de St.André que o viu dar os primeiros passos no skate, frontboard flip out fotografia Hugo Silva
página 79 Anti-estático
PUBSPOT 261 931 617
manelsport@manelsport.com
skate shop Caldas da Rainha - 262 833 732 http://www.facebook.com/surfoz.surfshop
“We love haters because we fuck them” Rua Santa Margarida Nº155 4710-336 S.Vicente Braga
Rua Pedro de Santarém nº98 www.facebook.com/ribasport
skillstheone@gmail.com
2005-042 Santarém Tlf: 243322876
253 613 591
Rua Tito Moreira Rato, Loja 10 B 2770-222 Paço de Arcos (junto ao Hotel Real Oeiras) tel. 30 9981328 / 91 4184387 facebook Propaganda-BoardShop loja@propaganda-boardshop.com
Rua Nova do Almada, 59 - 1ºAndar 1200-288 Lisboa
Telefone 21 401 91 19
Email info@sampleskate.com www.sampleskate.com
Gonçalo “pico” Maia
há sempre cegada na gandaia, fica atento www.faceboobies.com/gandaiabizness
curto bué!
http://shopping.gandaia.biz
avenida d. joão I, 39D 2800-112 Almada www.gandaia.biz
KATE - Streetwear & Skateshop largo de são domingos, 46 - Porto Telf. 917510792 . www.whoskate.com
TSHIRTS SURGE SABE MAIS EM WWW.SURGESKATEBOARD.COM
Como skaters, assumimos que a nossa visão do mundo que nos rodeia é um pouco diferente... não por termos capacidades cognitivas especiais, mas sim pelo facto de que quando olhamos para os elementos que estão à nossa volta, deixamo-nos levar facilmente pela imaginação… curiosamente, poucas vezes falamos de como as pessoas que nos rodeiam nos observam e de como vêm esta nossa relação com o ambiente… o seguinte texto, da autoria de João Wengorovius Meneses, publicado na revista Ecliesia e agora partilhado connosco pelo autor, é uma visão pessoal daquilo que nos distingue, skaters, sob o ponto de vista da nossa envolvência com o meio urbano, e de como os skaters vêem o mundo... é uma visão única, de alguém que não anda de skate. É sempre bom conhecer a forma como nos encaixamos como skaters nessa grande selva urbana... para isso, por vezes, temos de ouvir outras vozes que não a nossa.
DAS VIRTUDES DO SKATE
Tem-se dito que a atual crise é uma excelente oportunidade para questionar os modos de vida e (re)descobrir os prazeres mais simples e genuínos. De agora em diante, e por diversas razões, seremos forçados a adotar modos de vida mais criativos, frugais e sustentáveis, o que constituirá um novo paradigma de relação de cada um consigo próprio, com os outros e com o habitat. Ao longo da história, há inúmeros exemplos de mudanças ou invenções induzidas por crises, havendo uma, com cerca de meio século, especialmente singular – a invenção do skate. Foi na sequência de uma “crise” de ondas na Califórnia que os surfistas criaram uma alternativa imune ao estado do mar – o skate. Mais tarde, no início da década de setenta, e novamente na Califórnia, uma longa seca (outra crise) forçou os proprietários de piscinas a deixá-las vazias, abrindo espaço à descoberta adicional de que o skate não tinha de se cingir às ruas, podendo também praticar-se no interior de piscinas vazias, com toda a emoção e velocidade associadas (naquela época, as piscinas tinham formatos propícios, pois tinham fundos “arredondados”). O skate veio permitir uma expansão criativa no modo como nos relacionamos com o espaço. Uma simples tábua com quatro rodas, altamente acessível e capaz de se adaptar quase a qualquer meio, foi o suficiente para que ocorresse uma explosão de alegria e sentimento de liberdade nas ruas, em muitos casos em locais suburbanos e desoladores. O seu bailado ondulante, deslizante, por vezes “levitante” (de tão leve a tábua), era verdadeiramente disruptivo face aos modos habituais de relação com o espaço. Ao fazer com que uma rampa tenha deixado de ser apenas uma rampa, uma piscina apenas uma piscina, um corrimão apenas um corrimão, ou um banco apenas um banco, o skate alargou a realidade, “surrealizou” o espaço. No fundo, julgo que a sua má fama se deverá mais a essa “radicalidade” do que ao comportamento inadequado de alguns skaters (este mais relacionado com a sua juventude), ou ao facto de os skates poderem contribuir para algum desgaste material do habitat (é consensual que, com certas regras, o espaço público deve ser o mais vivido possível). De qualquer modo, e como tantas vezes acontece, o estigma abriu espaço à afirmação de uma subcultura, o que reforçou ainda mais o preconceito. Em 2002, convicto de que o skate combina um conjunto de virtudes interessantes e invulgares, e já com 92 anos de idade, Edmund Bacon (arquiteto e “ex-mayor” da cidade) atravessou o “LOVE Park”, de Filadélfia, de skate, em protesto contra a sua proibição naquele local. Por vezes penso nesse gesto, nesse espírito livre, e é como se eu próprio atravessasse o “LOVE Park” de skate. João Wengorovius Meneses
2013
intro Surge fotografia Roskof
pรกgina 83
Distribuição www.marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com