SURGE Skateboard Magazine, 25th issue: "CONS Project Lisboa"

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CONS Project Lisboa Crónicas de um Ovo Estrelado Tommy Guerrero 2014

Número 25 - maio/junho

Bimestral

Distribuição gratuita


T O TA L IM PA


Introducing

NYJAH VULC

A C T P R O T E C T I O N & E N H A N C E D B O A R D - F E E L . T W O F E AT U R E S N O T U S U A L LY F O U N D IN T H E S A M E S H O E – U N T IL N O W

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fotografia Luís Moreira

panorâmica “Então quando é que começa o campeonato?” Esta foi das frases que mais vezes ouvi dos miúdos que visitaram o CONS Project, em Lisboa. Para alguns acho que a minha resposta deve ter entrado a 100 e saído a 300 porque passados dois dias voltavam a perguntar-me a mesma coisa. A minha resposta foi sempre a mesma: “isto não é campeonato nenhum, é apenas um espaço onde podes desfrutar de skate, arte, workshops, concertos e muito mais, tudo de borla”. Mas porque raio é que o pessoal não entende que no skate há espaço para acontecerem muito mais coisas do que apenas campeonatos? Esta é uma pergunta sobre a qual deviam refletir não só os miúdos, é também para os graúdos. Para pensarem no que vão deixar às novas gerações de skaters. Eles que, afinal, vão seguir o nosso exemplo. Este projeto, em que tive o privilégio de trabalhar, espero que tenha servido para abrir um pouco os horizontes da cena de skate nacional. Ao contrário daquilo em que muito graúdos creem, os miúdos gostam de coisas novas, nem todos querem ser campeões. Mas, certamente,

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cabe aos intervenientes na cena de skate nacional, SURGE incluída, passarem esse espírito a quem o quiser viver. Se pensarmos bem, o skate desde sempre viveu à base das personalidades, das histórias e, principalmente, das skatadas com os amigos. Há algum prémio de campeonato que se compare àquela tarde inesquecível com os teus amigos da rua a fazer downhills ou com a tua crew num qualquer spot ou viagem por esse mundo fora? O teu sonho é competir no Street League? Força. Mas avisamos-te já: sem os teus amigos a puxar por ti para aprenderes novas manobras vai ser quase impossível lá chegares. Felizmente e como este evento único em Portugal nos provou, a nossa cultura é bem rica. E “bons tempos em cima da tábua” passam, certamente, por muito mais do que ver quem é o maior lá da rua. Pedro Raimundo “Roskof”



Dr. Manka-te

Depois da tatuagem de uma âncora numa nádega e de uma carpa japonesa na outra, o Dr. quer agora fazer mais uma tattoo… descobre qual nesta edição

1º Foco Fábio Diniz

Como todas as entrevistas super sérias, este 1º Foco do Fábio Diniz explora alguns dos mistérios da humanidade… ou algo parecido

CONS Project Lisboa

Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com

Crónicas de um Ovo Estrelado Portugal Skate Series, by Lakai Ah não sabias que os ovos também falam e têm sentimentos? E também se queixam como gente grande, esses lamechas!

CONS Lisbon Story

Lisboa tem muitas histórias, a malta da CONS Europa também quis vir viver a sua, inspirada num filme clássico sobre a capital portuguesa

Quando surgem oportunidades destas, o melhor mesmo é agarrar e desfrutar. Um mês de aventuras para a história do skate nacional.

Entrevista Tommy Guerrero

Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela.

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.

Tiragem Média: 8 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal

O rei do improviso do street skate dos anos 80 continua a espalhar magia, agora pela música.

www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros Capa: Se alguém há uns meses dissesse ao João Sales que iria estar a fazer wallrides pelo meio de pernas de Barbies, ele diria… “estão loucos”. Ainda bem que de génio e de louco todos temos um pouco. fotografia Luís Moreira

A relação de um skater com um spot é sempre uma questão de perspetiva, nem que seja de um topo de um prédio. fotografia Renato Laínho 2014


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KIRBY alley o o p f/s 180

THE TRANSIT NOW AVAIL ABLE


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fotografia Luis Colaรงo

2014


CONSULTÓRIO DO DR. MANKA-TE CONS PROJECT LISBOA Foi há pouco tempo que o projeto da CONVERSE passou por Lisboa. O que é certo é que vai deixar muitas saudades, muitas mesmo! É difícil explicar por palavras o que foi aquilo! Do melhor que já vi! Quem foi, não se arrependeu. Quem não foi, tivesse ido... possivelmente perdeu a cena mais louca de sempre, no que toca ao skate nacional! Quando cheguei à porta, não fazia a mínima ideia do que me esperava. Começou logo bem, porque os porteiros ofereciam senhas para bebidas... O espaço era enorme, com vários pisos. Encontrei um ambiente do cacete! Skaters, gajas, artistas, panascas, drogados, bêbados, fashions, havia de tudo um pouco. Lindo! Muitos amigos, malta que não via há anos. Rampas feitas na perfeição, boa música, boa gente e cerveja à pala! O que se pode pedir mais?! Um evento de 2 dias apenas, mas que foi pensado e construído durante muito tempo, por tugas e camones, malta que sabe o que faz, com o apoio de uma marca com guita, como é a

Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com

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Converse. O que interessa aqui reter é que existem muitas marcas com dinheiro, mas simplesmente não fazem. Esta fez e fez muito bem! Até os copos eram loucos e, como verdadeiro tuga que sou, trouxe uns 20 copos para casa... ainda não utilizei nenhum, mas lá está, era à borla, toca de rapar tudo, mesmo que não sirva para nada... Como escrevi lá atrás, é complicado explicar o que foi aquilo... saí de lá com vontade de tatuar CONVERSE na testa! Que festão! Venham mais coisas destas! Beijos na bunda a todos

Dr. Manka-te


entrevista e retrato Rui “Dressen” Serrão fotografia João Mascarenhas

PRIMEIRO FOCO

FÁBIO DINIS

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Quando estiverem com o Fábio façam-lhe esta pergunta: “olha lá, o que é um Fábio?” Garanto-vos que não tem nada a ver com backside tailslides

Para que não te conhece, não sabe a tua idade, há quantos anos andas de skate... já sabes o que é um Botão de Rosa? (Risos) Já, já sei! Chamo-me Fábio, tenho 16 anos, sou de Almada e ando de skate há 4 anos.

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Com tantas colunas imponentes, quase que pensávamos que era o ditador romano Fábio Máximo a dar este front board, mas depois chegámos à conclusão que isso seria cronologicamente impossível.

Sendo o Luan o teu skater favorito, eras capaz de lhe mamar na boca? (Risos) Estás a falar a sério? (risos) Não, não era! Então e quais são os outros skaters favoritos? É o Luan e o Trevon Colden. Portugueses é o Jorginho e o Rui Serrão (risos) Porque é que tens uma orelha maior que a outra? (Risos) Foda-se, só me fazes perguntas de merda... (risos) Não sei... nasci assim (risos) Onde é que mais gostas de andar de skate, spots favoritos, ou que tipo de “obstáculos”? Gosto de Curbs, corrimões e gosto de andar na Praça do Mac em Almada. Porque é que quando falhas uma manobra gritas sempre “Oh Pah”? (Risos) Sei lá, é o que me vem à cabeça... queres que eu grite o quê? Porque é que em skate parques fazes certas manobras e depois na rua não? Porque no parque é tudo mais fácil, é tudo perfeito... na rua não, o chão é pior, até o “psicológico” é mais difícil. Isso quer dizer que nos skate parques são todos campeões? (Risos) Ya! Gostavas de ser campeão nacional de skate? Ser campeão nacional de skate é o meu sonho! (Risos, o pessoal vai pensar que estou a falar a sério, risos) Não, não quero! Só me quero ir divertir com os meus amigos. Porque é que rasgas sempre as calças no cú? Porque assim é mais fácil de eles chegarem lá... Risos. É verdade que tens o cú de uma velha? É mentira! Mas há fotos que comprovam isso?! Essas fotos são uma farsa, é tudo photoshop (Risos) O que é que gostavas de fazer no skate que nunca fizeste? Agora é que me tramaste... deixa-me pensar... Mas para hoje, ok? Estava a pensar numa Tour, mas eu já fiz uma... E que tal foi essa tour? Foi a cena mais bacana, é estar sempre a andar e filmar, estar sempre na rua... é o melhor! Há algum sitio onde gostavas de ir, onde nunca tenhas ido? Barcelona! Porquê Barcelona? Porque dizem que é a melhor cidade para andar! 2014

PRIMEIRO FOCO

FÁBIO DINIS


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E se lá fores vais querer ir visitar o estádio do Real Madrid? Não, porque quero é estar a andar de skate, não quero perder tempo com futebol! Mas o estádio do Real de Madrid é em Madrid... (risos) Útimas palavras, queres agradecer a alguém ou dizer alguma coisa? Quero agradecer aos meus amigos, que me incentivam a andar, e que me ajudam. Agradeço também ao Dressen que me está a ajudar num projeto novo. Estás a falar de quê, eu não faço projetos?! Então fazes o quê, filmes? Ok, num novo filme (Risos) Fábio: Está feito? “Gostavas de lhe mamar na boca” ahhahaha Não vais pôr isso na entrevista, pois não?

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PRIMEIRO FOCO

FÁBIO DINIS

A maior parte do pessoal vai para a escola estudar, o Fábio vai para dar heelflips, deve ter a mania que é esperto!

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Carlos Carden천sa - Backside Tailslide

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texto Luís Moreira fotografia João Mascarenhas/Luís Moreira/Roskof

Apesar de cada vez mais se dar quase total importância aos resultados obtidos e pouca ou nenhuma a todo o processo que nos leva a eles, tenho aprendido que é nessa parte que deveríamos focar a maior parte da nossa atenção porque, na verdade, é o processo que nos faz aprender e crescer. Isto faz com que o resultado final seja apenas um reflexo – muitas vezes a uma escala muito pequena – de todo esse processo. Quero então, por este motivo, enfatizar ao máximo todo o mês de trabalho que precedeu o que foram dois dias de festa, até porque nesses dois dias, vocês estiveram lá para ver. E se não estiveram, deviam, definitivamente, ter estado porque, pá, foi do #caralho! Para a Sílvia, o Roskof e o Roca, o CONS Project começou em janeiro, com inúmeras chamadas de Skype, visitas a locais para, finalmente, escolher um para o evento e todas essas burocracias do costume. Para o João Sales, começou em fevereiro com a construção do bowl mas, infelizmente, a minha ignorância em relação a essa parte do processo impede-me de descrevê-la como mereceria ser descrita e por isso - desculpem-me, Sílvia, Roskof e Sales - vou ter que passar à frente.

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Para mim o CONS Project começou no final do mês de abril. Cheguei a Lisboa no dia 27 à meia-noite, a pensar que ia ter uma Limousine na estação de Sete Rios à minha espera para me levar para o Ritz, mas afinal, estava uma Ford Transit que me levou direto para o local onde estava a ser preparado o CONS Project e, mal cheguei, em vez de uma garrafa de bom Champanhe, deram-me para a mão uma ponteira de ferro para começar a riscar paredes, pois no dia seguinte o mestre French Fred ia começar a fotografar para o catálogo da Converse e as paredes estavam com um aspeto demasiado novo para o seu gosto. As várias sessões fotográficas para o catálogo da Converse, que decorreram durante a primeira semana de CONS Project, mostraram-nos uma realidade bastante diferente daquela a que estamos habituados no que toca a fotografias de skate e de skaters. Estamos habituados a sessões com os nossos amigos, em que temos uma cambada de skaters (ou apenas um), um fotógrafo, ou um gajo a filmar, com sorte um fotógrafo e um gajo a filmar, ou, em alguns casos, um gajo com capacidades de #multiTasking que é o fotógrafo e o gajo a filmar ao mesmo tempo. Mas, no fundo, não passa muito disso. Desta vez, eu e o João Mascarenhas ficámos estupefactos com o que estava por detrás das incríveis fotografias do French Fred durante aqueles dias. Com ele veio uma comitiva de #makeSures até perder de vista. Desde diretores de marketing, diretores de arte e diretores de sabe-se lá o quê, eles eram, em bom português popular, “mais que as mães” e todos eles tinham câmaras fotográficas. Mas atenção, câmaras fotográficas boas! Muito boas! Era, então, uma equipa pequena, comparada se calhar com a de uma produção das vossas revistas de culto como a Vogue ou a Elle, mas à beira das nossas sessões de skate, aquilo foi massivo. Cada manobra era dada pelo menos cem vezes e na maioria dos casos, depois da centésima ainda ouvíamos o Fred lá ao fundo, com o seu cómico e acentuado sotaque francês: “Can you do one more, please?”. Dito isto, meus amigos, da próxima vez que o vosso fotógrafo falhar uma foto, não se armem em vedetas caso ele vos peça para tentarem mais uma - nem que isso implique ficarem pendurados num corrimão de 20 escadas - porque a verdade, é que se quiserem ser vedetas a sério e sem ser apenas à portuguesa, vão ter que ouvir muitos Freds a dizer: “Can you do one more, please?” E se de facto for um Fred como o French Fred a dizer isso, podem sentir-se honrados, porque motivos para isso não vos falta! 2014

Francisco Lopes


Raphael Alves - flip

Pedro Roseiro - backlip

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Filipe Bartolomé - backside lipslide

Alexis Santos - front board

Apesar de toda a pressão de estar a fazer um catálogo importante para uma marca, não faltaram momentos de descontração, gargalhadas, mergulhos no mar e #camones escaldados. Deixando sessões fotográficas de lado porque todos sabemos que isso é para meninas, foquemo-nos agora na construção das rampas porque, sejamos realistas, é essa a vossa parte favorita. Conhecem o Michael e o Croyde? Eu não conhecia e uma das melhores coisas deste projeto foi, de facto, tê-los conhecido. Estou a falar dos dois #camones (um americano e um holandês) que vieram cá construir o skate parque do CONS Project. Em menos de uma semana e num espaço bastante limitado, construíram um skate parque com uma qualidade e, acima de tudo, criatividade muito acima da média. Sinto-me obrigado a enfatizar a parte em que, para curvar um ferro para fazer um corrimão em ponte, usaram apenas uma carrinha cheia de pessoal e uns barrotes de madeira. Foi lindo!

Remy Taveira - Hurricane

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Pali Negrin - Flip 50-50

Bruno Senra BP - backside ollie

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No tempo em que convivi com eles, apercebi-me de que, para além de serem excelentes naquilo que fazem enquanto construtores, são também excelentes pessoas, com as quais podemos aprender imenso sobre a vida, se tivermos predisposição para conversar com eles e, sobretudo, para os ouvir. Paralelamente à construção deles, o João Sales, o Nuno Cainço e o Alexis Santos construíram o skate parque para a área de escola de skate e deram apoio aos #camones na construção da sua obra. Com atrasos de gruas, alterações de planos em relação ao pretendido e mais uma catrefada de imprevistos, podem perguntar-me à vontade como é que estes meninos conseguiram construir o skate parque todo #onTime que eu não vou saber responder mas, a verdade, é que conseguiram.

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Carlos CardenĂľsa - blunt

Remy Taveira - Nosegrind

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Estando o skate parque pronto, começou a fase de intervenções artísticas no local e aquando disso começou a preparar-se o Workshop de fotografia com o João Mascarenhas e o Nils Svensson. Artistas como AkaCorleone e toda a sua crew, UAT (União Artística do Trancão – Fábio Santos, Miguel Brum, Nuno Barbeda, Flávio Carvalho), Alpinistas Descalços (Pedro Gramaxo e Jaime Ferraz) Txemi, David Cabrita e João Neto, trataram de transformar o que doutra forma seria apenas um skate parque, num espaço vibrante, preenchido com instalações artísticas, ilustração, arte urbana e ainda uma colaboração entre fotógrafos e ilustradores que levou à criação de peças que acabaram por dar a um espaço já único, uma identidade ainda mais forte. Para os artistas terem tudo pronto a tempo, dada a enormidade deste projeto, foi-lhes necessário abdicar de algumas noites de sono, pois os milhares de latas de tinta não iam, com toda a certeza, gastar-se sozinhos.

João Alen - ollie

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Francisco Melim - Boneless Transfer

Os três dias de worskhop correram nos “trinques”. Com o João Mascarenhas e o Nils Svensson a mostrarem um pouco do seu percurso enquanto fotógrafos de skate, influências e perspetivas em relação ao futuro, o primeiro dia consistiu numa conversa entre fotógrafos e participantes do workshop, que apesar de poder soar a aborrecido, foi bastante divertido e serviu de base para a parte prática do segundo dia que foi, de facto, a parte mais esperada pelos aprendizes. Pegar na câmara e nos flashes e começar a fotografar lado a lado com dois fotógrafos que, com certeza, fazem parte das suas influências fortes a nível de fotografia de skate. No terceiro dia de workshop os participantes puderam imprimir as suas fotos em tamanho A2 que, para quem não está familiarizado com o padrão internacional ISO 216 de 1975, são aproximadamente 42cm de altura por 59cm de largura, o que traduzido para bom português e deixando enciclopédias de lado daria qualquer coisa como: Grande como o #caralho. 2014


André “Def “Costa - Backside smith

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Deixando tamanhos para trás, hoje em dia, andamos sempre com fotografias no bolso nos nossos telemóveis, temos milhões de fotografias pousadas no nosso colo quando utilizamos o computador portátil, mas em papel, quando é que foi a última vez que pegaram numa fotografia vossa? Segurar uma fotografia nossa com as nossas próprias mãos é uma sensação única, que poucos experienciámos e dizer isto, apesar de verdade, soa-me ridículo porque até há uns anos atrás, essa seria a norma. Tirávamos uma fotografia e passados uns dias estávamos a segurar nela. Agora não temos tempo para isso, porque apesar de termos milhares de aparelhos tecnológicos desenhados para nos facilitar a vida e POUPAR TEMPO, acabamos por continuar a não ter tempo... porque esse mesmo tempo que poupamos, vamos gastá-lo noutra coisa qualquer que nos vai poupar tempo para a poupança de tempo seguinte. Devaneios pseudo-filosóficos à parte, agradeço, assim, à Converse a oportunidade que nos deu para pararmos um bocadinho e perdermos um bocado de tempo a segurar e contemplar as nossas fotografias, como se fazia antigamente. Neste caso, na companhia de pessoas que realmente sabem o que fazem e com as quais podemos sempre aprender tanto quanto queiramos.

Remy Taveira - slappy disaster

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Pedro Roseiro - frontside ollie

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Jo達o Sales - Frontside smith

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Desde a montagem da exposição com as fotografias do workshop, intervenções artísticas, comida carregada de natas e coentros e as cabeças do pessoal da produção (principalmente a da Sílvia) quase a explodir com tanta pressão derivada de atrasos, percalços e conversas mais azedas, os últimos dias antes da festa foram, sem a menor dúvida, uma prova de fogo para toda a gente envolvida e, tenho a dizer que do meu ponto de vista, todos se portaram à altura e fizeram um ótimo trabalho. Falei já de algumas pessoas muito importantes na materialização desta ideia mas não posso deixar de realçar – porque estive lá e tive a oportunidade de assistir a isso – a enorme importância, atrevo-me até a dizer, a imprescindível importância do trabalho realizado por toda a equipa de produção e quando falo em produção não estou a falar dos meninos (eu incluído) que andaram lá a passear a câmara, mas sim, das pessoas que se mataram a trabalhar o esqueleto deste projeto para que ele fosse possível e que não aparecem nem nos vídeos oficiais, nem nos créditos e essas pessoas são: Pedro “Roskof” Raimundo, Sílvia Ferreira, Luís “Roka” Cruz, João Sales pela sua tremenda dedicação, humildade e espírito de equipa, Alexis Santos, Nuno Cainço, Cristina Ferreira, Dulce Galhetas, Rafael Silva, e as inúmeras grades de cerveja que, apesar de não serem pessoas, foram uma tremenda ajuda!

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Os dois dias de festa, tal como referi no início, foram apenas um reflexo do trabalho que foi desenvolvido ao longo dos meses anteriores, no entanto, não deixa de ser importante, por isso e para resumir – sendo eu obviamente suspeito por ter estado envolvido neste projeto – foi uma loucura. Ando de skate já há alguns anos e nunca tinha visto nada assim em Portugal. Não foram só o skate parque, o skate, as bandas e as pinturas. Havia ali muito mais do que isso. Algo difícil de descrever com palavras, mas que creio que as fotografias o conseguem fazer melhor e, por isso, vou deixar-lhes esse papel. Mas como já disse, e repito, quem não esteve lá, devia indiscutivelmente ter estado.

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PORTUGAL SKATE SERIES BY LAKAI CASTELO BRANCO

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texto Roskof fotografia Roskof / Bernard Aragรฃo

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Já alguma vez pensaram no que sente um ovo estrelado assim que o enfiam na frigideira? Pois, eu também não… isto, claro, até ter ido à primeira etapa do Portugal Skate Series by Lakai em Castelo Branco. À primeira vista não existe nenhuma relação entre estas duas circunstâncias, certo? ERRADO! Se pensam isso é porque ainda não foram a um campeonato de skate a Castelo Branco num dia de sol e muito, muito calor. Claro que, já com uma carrada de anos de skate no bucho e inclusive alguns campeonatos e skatadas na mítica escola de Castelo Branco, já devia ir preparado para o calor da Beira Baixa, mas neste dia e recorrendo a mais uma metáfora alimentar, para além de me sentir como um ovo, o meu cérebro devia estar em modo ervilha! Ainda por cima o Marco Roque já me tinha avisado para ir preparado. Foi o que ele fez. Quando chegou à carrinha do Marteleira equipado com um pulverizador de água, os miúdos e até mais os graúdos, todos gozaram por ele ir armado com um pulverizador… o que não sabiam é que horas mais tarde se não fosse devido àquele simples instrumento de jardinagem, a maior parte do pessoal não conseguiria ser descolada das placas de skatelite do skate parque, de modo a conseguir participar no campeonato. Sim, apesar de Castelo Branco neste dia ter sido substituída por uma frigideira gigante, a malta skatou a sério.

Segundo um antigo Ministro das Obras Públicas, o Bruno Senra é oriundo do deserto português, deve ser por isso que se adaptou tão bem ao calor e venceu o campeonato.

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Se não fosse pela sombra daquela nuvem nesta sequência do nosegrind revert do Tiago Pinto, teria sido impossível de captar esta manobra…

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Enquanto o resto da malta se preparava, literalmente, para “aquecer”, já o Ruca andava a dar nosegrinds transfers.


Pelo menos foi o que me pareceu, depois de ter arranjado um lugar à sombra de um chapéu de praia que os skaters locais levaram… espertalhões! Como agradecimento por me terem dado sombra e ter, assim, evitado ficar “bem passado” ainda lhes bebi as cervejas todas… skaters de Castelo Branco, 5 estrelas! Quanto ao pessoal que andou no campeonato com aquela torra, eu percebi o truque deles… o segredo era aquecer de tal maneira que quando comparado com os quase 40º à sombra aquilo parecesse fresquinho. Foi de tal maneira que depois de duas runs nas finais a 300Km/h, quando anunciaram que o vencedor era o Bruno Senra, ia jurar que ele disse “deixa-me lá parar para apanhar este ar fresquinho”. Entre as finais e o best trick ainda houve tempo para apreciarmos um mini-tornado que quase se tornava num a sério, pelo menos segundo as palavras do Gorev, que só o viu de relance, depois de 200 pessoas terem estado 10 minutos a observar o fenómeno. Por falar em fenómenos, aconteceu mais um neste campeonato: para o best trick o Marco Roque e o Rómulo tiveram a ideia de mudar umas rampas para criar algo diferente... ui, o que eles foram fazer! Uns diziam que era impossível, outros, que estavam malucos, outros, que aquilo não tinha sentido nenhum... resultado: quando terminou, toda a gente disse que foi dos melhores best tricks dos últimos tempos… perceberam o fenómeno? Mudar convicções de skaters! Mas, adiante, o Rodrigo Albuquerque venceu o best trick e nesta altura a sensação térmica já tinha passado dos 40º para os 30º, o que fez logo a malta ir toda a correr para os carros para buscar as sweats. Para o ano já não me lixam, assim que fizer as malas para Castelo Branco, levo uma piscina daquelas insufláveis, assim já não me vou sentir estrelado… é que sempre gostei mais de ovos escalfados! Aos que “encostaram à boxe” a dizer que aquela rampa não dava para skatar, o Pedro Roseiro respondeu com este frontside flip mesmo pelas trombas… pumba! 2014

O Viola estava tão concentrado em trocar as voltas ao calor que até se trocou a ele próprio, ollie body varial para switch backside 5-0


Depois de uma manobra no rail grande, nada como entrar logo de front feeble no seguinte, que o diga o Afonso Nery

Gustavo Ribeiro overcooked! Desculpem, overcrooked

Rodrigo Albuquerque Nosegrind enquanto os trucks não derretiam.

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As miúdas nas bancadas nunca tinham visto tantos homens de tronco nú, Ruben Rodrigues flip crooked


Há spots que “fazem a foto” e fotos que realçam o spot. Este frontboard do Filipe Cordeiro é a perfeita combinação desses dois fatores fotografia João Mascarenhas

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ANTI ESTÁTICO

De certeza que há poucas coisas que fiquem tão bem num perfeito céu azul do que um hardflip desta categoria… Ruben Rodrigues em Braga fotografia Vasco Neves

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Como diria o Manuel Machado, treinador do Nacional da Madeira, Rodrigo Albuquerque num 50-50 transfer com um imensurĂĄvel risco para a energia vital que transita pela coluna atĂŠ ao occipital fotografia Vasco Neves

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ANTI ESTÁTICO

A legenda mais básica de sempre… Afonso Castella 360º Flip no Casino de Lisboa… JACKPOT! fotografia Vasco Neves

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ANTI ESTÁTICO O bairro de Leira onde fica este spot não é dos mais recomendáveis. Pelo sim pelo não, não fosse o skate fugir, o Rogério decidiu agarrar este flip em indy. fotografia Vasco Neves

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ANTI ESTÁTICO O cimento onde o Pedro Roseiro vai aterrar este ollie parece tão suave como um escorrega de laminas de barbear…caso para dizer: só para homens de barba rija. fotografia Vasco Neves

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ANTI ESTÁTICO

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O Nuno Relógio é agora conhecido como o “pepe rápido” dos corrimões. Neste backside 5-0 quase não deu tempo do fotografo ligar a máquina fotografia João Mascarenhas

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ANTI ESTÁTICO

Qualquer silhueta de uma manobra de skate tem sempre um encanto especial. Eddy num front blunt à moda do norte fotografia Renato Lainho

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TOMMY GUERRERO O SKATE MUDOU MUITO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS, COM O SURGIMENTO DA INTERNET PASSOU TUDO A ESTAR À DISTÂNCIA DE UM CLICK. POR ISSO, TUDO O QUE ACONTECE NO MUNDO DO SKATE SABE-SE OU VÊ-SE NO PRÓPRIO DIA... MAS IMAGINA QUE A ÚNICA COISA QUE SABIAS ERA ATRAVÉS DO QUE VIAS NA TUA CIDADE OU EM RARAS REVISTAS? QUANDO O TOMMY GUERRERO COMEÇOU A ANDAR DE SKATE PRATICAMENTE NÃO EXISTIAM MANOBRAS DE “STREET” E POUCO OU NADA SE SABIA SOBRE O QUE OS OUTROS ANDAVAM A FAZER. NO ENTANTO, COM A AJUDA DA BELA CIDADE DE SÃO FRANCISCO, O TOMMY TORNOU-SE NUM DOS MELHORES STREET SKATERS DE SEMPRE. MUITO ESTILO E VELOCIDADE ABRIRAM-LHE A PORTA PARA O QUE, PARA MUITOS, FOI O MELHOR TEAM DE SKATE DE SEMPRE, A BONES BRIGADE, E PARA O SEU PERCURSO ENQUANTO ÍCONE MUNDIAL!

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Entrevista Rui “Dressen” Serrão

Para a malta mais nova, que pode não ter assim tanta informação sobre ti enquanto skater da “velha guarda”, podes fazer-lhes um “briefing” sobre ti, de onde és e por aí fora?! Sou de S. Francisco, Califórnia. Fui skater profissional na “Bones Brigade”, nos anos 80’, e fundei a “Real” com o Jim Thiebaud, em 1991. Ainda andamos por cá com a “Real/Deluxe”, 23 anos depois. Como é que o skate entrou na tua vida? Um amigo deu-me uma tábua velha Black Night... tinha rodas Clay. Começaste em S. Francisco? Sim, cresci a aprender a skatar down hills Achas que se tivesses vivido noutra cidade, irias skatar de maneira diferente? Completamente. Recebemos a informação e o molde que nos é dado pelo nosso contexto. A maioria dos skaters de SF skata rápido. Quando começaste, quase não havia “manobras de street”, como é que inventavam as manobras? Na verdade, era mesmo a inventar... skatávamos todos os dias, não menos de seis horas por dia... era mesmo a experimentar coisas novas...

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De que é que mais gostavas, de skatar down hill em S. Francisco ou da Era das rampas de salto? Down Hill era muito mais saudável para o corpo...! Saltar em rampas deu cabo de mim... costas, joelhos, pescoço, etc.... mas voltava a fazer tudo, se pudesse! De certeza que nada se compara a fazer downhill em SF, mas como é que foi para ti a fase das rampas? Fazia sentido no caso das demos e dos campeonatos... sempre a voar... é muito mais impressionante para a maioria das pessoas, do que alguém a “speadar” montanha abaixo. Como é que entraste na “Powell”? Foi o teu primeiro patrocínio? O Stacy falou com o meu irmão no 2º campeonato “streetstyle”. Foi a partir daí. Na altura skatava para a “Madrid”. Tive patrocínio de loja antes de ter patrocínio de tábuas... Quando entraste, a Powell já era assim tão grande, ou isso aconteceu alguns anos mais tarde? Tornou-se muito maior depois de ter entrado... o skate, no geral, cresceu muito.


Como é que era skatar com pessoal como o Gonz, o Natas, o Julienne Stranger, Lance Moutain, etc.? Era brutal... fartei-me de skatar com o Julienne e com o Natas... o Gons vinha de L.A. e ficava em casa da minha mãe... só skatei com o Lance em demos ou campeonatos, ele vive em L.A. Como é que surgiu a ideia de criar a tua própria empresa? Vieram ter comigo o Fausto Vitello e o Eric Swenson, os gajos que começaram a “Indy”, a “Thrasher”, etc... já os conhecia desde os meus 10 anos ou isso... sabia que já não me restava muito tempo na “Powell”, já que havia uma “tropa” de novos skaters a tentar ficar com o meu lugar... sabia que queria continuar no mundo do skate, por isso fazia todo o sentido... além de que eu e o Jim sempre falámos em fazer algo juntos. Como é que foi ter uma empresa no início dos anos 90’, numa altura em que o skate estava quase “a morrer”? Difícil! Mas era uma coisa muito pequena... éramos talvez 4 pessoas. Estávamos todo o ano na estrada a “espalhar a palavra”... estava na “mó de cima” já que o meu percurso na Powell tinha sido porreiro... chegou a todos os cantos do mundo e o Jim também era reconhecido... portanto não era propriamente como se estivéssemos a começar do nada... Conta-nos um pouco do Embarcadero, andaste lá desde o seu início? Não fiz propriamente parte daquilo... skatavamos por lá e víamos o que se ia passando... aquilo era brutal... aquele pessoal estava noutro nível...! Na altura o que é que pensaste do pessoal mais novo, como o Mike Carrol, Henry Sanches, Jovantae Turner, que estavam a elevar o street skate para outro nível? Foi altamente! Eles impulsionaram a cena e evoluíram noutro sentido, com uma abordagem diferente... adorava aquele pessoal!

“Retiraste-te” por volta de 1995... foi porque não te adaptaste a manobras extremamente técnicas, porque não estavas a curtir, ou por alguma outra razão? Não. Foi uma decisão conjunta com o Jim... penso que ainda teria mais um ano ou dois, mas tínhamos amadores que estavam a tornar-se pros... na altura era diferente... agora nós, os “velhos”, podemos ter tábuas até ao fim... há uma visão diferente da que havia antigamente... A música sempre fez parte da tua vida, tal como o skate? Quando é que percebeste que querias ser músico? Sim, já toco há quase tanto tempo quanto skato... fui inspirado pelo movimento punk quando chegou aos Estado Unidos/West Cost... foi com uma atitude quase muito semelhante ao skate... diy... solitário... Se tivesses que escolher entre o skate e a música, qual escolherias? As limitações do comum dos mortais com a idade fizeram essa escolha por mim... ainda skato com o meu filho, quando o corpo o permite... podes tocar música até ao fim... Já passaram 23 anos da criação da “Real”. Alguma vez pensaste que 23 anos depois estaria tão forte como efetivamente está? Não, não me passou pela cabeça na altura que estaríamos cá tanto tempo... é graças ao Jim e a todos os skaters... Quando é que vamos ter o prazer de ver-te em Portugal? Boa pergunta! Se alguém quiser convidar-me, por favor digam-me alguma coisa! Muito obrigado a todos pelos anos de apoio! tg Obrigado, Tommy!

Quem é que eram os teus skaters de eleição na altura e quais são eles atualmente? São demasiados para listá-los aqui...

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O David Stenstorm e o Javi Mendizabal coordenaram esta foto com o detalhe da natação sincronizada. Felizmente com as sombras não se veem as toucas

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texto Roskof fotografia Nils Svensson

Em 1994, aquando da estreia de “Lisbon Story”, o clássico filme de Wim Wenders, a capital portuguesa ainda não se encontrava neste estado “super hiper mega na moda” que os media deste ano 2014 nos transmitem. Hostels deviam contar-se pelos dedos das mãos e aquelas empresas que fazem tours, viagens, storytelling, tudo e mais um par de botas, ainda deviam estar no imaginário de muito boa gente…

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Pena não poder ver aqui o fim desta manobra, Harry Lintell Blunt 270 O Harry Lintell decidiu skatar este spot em contra-mão, é por ser inglês, só pode… 50-50 transfer

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Lisboa há 20 anos era bem diferente e foi engraçado voltar a viver essa cidade de antigamente por causa da tour de alguns dos skaters europeus da Converse. Deixem-me explicar: o Pali, skater e team manager da Converse Ibéria, lembrou-se de trazer um dvd com esse filme para ver durante a viagem de comboio que fez até Lisboa. Quando o encontrei na estação estava maravilhado com o filme. Eu, que já o tinha visto há uns bons anos, recordava-me vagamente da história... algo com um técnico de som que vem à procura de um amigo que veio realizar um filme na cidade e estava misteriosamente desaparecido. Uma história engraçada, para quem (tal como a personagem principal do filme) estava a chegar de comboio à cidade, pensei eu. Como seria há 20 anos chegar enquanto skater a esta cidade, para também aqui nos perdermos à procura de spots?…

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Dizem que o David Stenstorm é a máquina de demos, que o digam os presentes nesta sessão em Odivelas, lien air

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Se hoje em dia é já tudo mais fácil com internet, gps e, claro, com a grande quantidade de lugares para skatar na cidade, quando revi o filme do Wim Wenders senti-me um pouco nostálgico com aquela visão de Lisboa e com a sensação de descoberta presente no filme. Rever aquelas imagens marcou-me tanto que passámos os restantes dias do tour a falar sobre a cidade daqueles tempos e sobre os prós e contras da “moderna cidade da moda”. Afinal, o Pali, residente em Barcelona, tem bem presentes as mudanças que aquela cidade e as suas pessoas sofreram nos últimos anos… algumas boas, algumas más… resultado disto tudo, o nome “Lisbon Story” pegou e ficou oficialmente dado o nome à tour. As personagens deste “remake” dos tempos modernos não podiam ser mais diferentes: Javi Mendizabal, skater basco quase já com residência em Lisboa, tal é a quantidade de vezes que nos tem visitado; Jerome Campbell, se me permitem a expressão, o inglês com o melhor sentido de humor britânico; Harry Lintell, o melhor skater europeu de que vocês nunca ouviram falar; Remy Taveira, filho de pais portugueses da zona de Chaves e um dos melhores estilos de sempre em cima de uma tábua; Kevin Rodrigues, também filho de pais portugueses (mas da zona de Viseu) e skater do impossível; Carlos Cardenosa, master da técnica; David Stenstorm, máquina de destruição todo o terreno e Danny Sommerfield o “smooth operator” germânico. Com tantas personalidades diferentes e para não correr o risco de acontecer a algum deles o que aconteceu à personagem do realizador no filme, o Neil Chester trocou o clássico hostel na baixa, por uma vivenda no meio da mata na Aroeira… o que, ao contrário do que estejam a pensar, funcionou bem para o efeito, para além de todos eles terem tido um curso intensivo de “matrecos” e snooker, os jogos existentes lá em casa... sempre que chegavam à cidade pareciam o sonoplasta a sair do comboio em St. Apolónia.

Quando o apanharem vão fazê-lo pagar as flores… David Stenstorm Wallie Esta sequência prova a versatilidade do homem. David Stenstorm, footlplant blunt

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Se agarrarem num marcador e traçarem uma linha deste ollie para wallride na parede, vão ficar convencidos de que esta manobra do Kevin Rodrigues é i mpossível… devem ser os ares de Viseu.

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A grande parte deles nunca tinha estado em Lisboa – nem mesmo os lusodescendentes – e todos estavam surpreendidos com a quantidade de turistas na cidade… de tal modo que pediam para não os levar para os spots no centro… mais uma vez, este fenómeno: se para nós e no geral o excesso de turistas é algo benéfico, para eles, ou para quem vem à procura de uma nova experiência, talvez estejamos “a exagerar um pouco” na oferta. Os dias passaram-se em boas skatadas sempre que o tempo o permitia e conseguimos boas imagens para este “Lisbon Story” dos tempos modernos. No último destes 6 dias, enquanto jantávamos ao lado da mesa de “matrecos” lá de casa, perguntei-lhes o que tinham achado da estadia e todos me disseram que gostaram da cidade, embora também achassem que estava a ficar um pouco “demais”. Talvez o segredo para vivenciar melhor esta cidade esteja mesmo nesse filme de 1994: em vez de “voar”, chegar de comboio e atravessar Portugal... e quando sairmos da estação pormos uns phones, um microfone e gravador e perdermo-nos por tantas outras ruas que existem em Lisboa.

Esta é mais uma daquelas … passem no spot e vejam com os vossos olhos. David Stenstorm Olllie do muro para Drop Parece um ollie, não é? Nada disso. É, sim, um grande frontsdide flip pelos pés de Jerome Campbell

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texto Luís Moreira Antes de adiantar mais este escrito, pergunto a sua santidade se posso tratá-lo por tu. Aliás, não tenho tempo para esperar pela resposta, e, nessa medida, informo apenas que o farei. Aprendi, nos meus anos de catequese, que és o santo que comanda as nuvens e os ventos aqui na Terra e, tendo em conta que nas igrejas nunca encontrei nenhum departamento onde pudesse deixar uma reclamação que pudesse dar-te a conhecer o meu desagrado em relação ao teu comportamento, venho por este meio demonstrá-lo. Após esta pequena introdução, permite-me, por favor, que te mande para o caralho! Talvez uma carta a uma figura como a tua me obrigasse a ser um pouco mais eloquente. No entanto, não sei se se deve aos ares do Porto, ou se é apenas uma resposta à altura da tua tentativa de destruição do nosso Go Skateboarding day por estes lados. Dito isto, acrescento também que falhaste redondamente o teu objetivo. Sabes porquê? Porque o Go Skateboarding Day no Porto é Go Skateboarding Day dê por onde der e se eu não sabia isso, passei a sabê-lo depois do passado dia 21. Vou tentar resumir-te um pouco de como se passou o dia no Porto. Serei breve para interferir o mínimo com os teus planos de arruinar o dia das pessoas por esse mundo fora e, portanto, aqui vai. Encontrámo-nos todos como de costume, à porta da Kate Skateshop que, este ano como todos já sabem, se encontra num local diferente e esse pequeno pormenor fez com que o percurso que todos os anos fazemos se alterasse ligeiramente. Quando nos pareceu que tinha chegado toda a gente, ou pelo menos, gente suficiente, dirigimo-nos ao cimo da Rua Passos Manuel e sem olhar para a esquerda e para a direita, saltámos para cima dos skates e causámos uns minutos de pânico estrada abaixo. Não foram só rodas que deslizaram pelo alcatrão fora, houve também alguns corpos que fizeram o mesmo, não sei se por algum power slide mal calculado, algum desvio de última hora do carro que ia demasiado devagar ou simplesmente porque, olha, estávamos a andar de skate e arriscamo-nos a cair pelos motivos mais estúpidos que a tua santa imaginação possa alcançar. E principalmente quando somos quase uns 100 gajos a descer uma rua, o risco aumenta significativamente. Toda a gente chegou inteira à Praça dos Leões e, pouco depois de estarmos lá a andar de skate - coisa que, a avaliar pela concentração de skaters ali presente, pareceria à primeira vista uma missão impossível - começou a chover torrencialmente, como aliás, já estava a ameaçar desde o princípio do dia. Esta parte poderia perfeitamente ter sido omitida, pois em bom português, não é nada mais nada menos do que ensinar a missa ao pápa, mas, ainda assim, achei oportuno mencionar. Abrigámo-nos todos nas arcadas da Reitoria da Universidade do Porto e houve até alguns que, à revelia das ordens dos seguranças, decidiram skatar as paredes do edifício enquanto os outros batiam desalmadamente com os skates no chão. No meio de toda esta confusão aconteceu uma coisa que fez parar tudo. Ouviu-se uma explosão que fez toda a gente virar a cabeça à procura da fonte do estrondo, como girassóis à procura do sol mas um pouco mais depressa, admita-se, e quando vimos o que tinha acontecido toda a gente começou a bater com os skates com mais força ainda e a gritar como se Deus tivesse descido à terra. Não desceu. Nesse lugar tínhamos o Ricardo Cunha, mais conhecido por House, com um blazer azul vestido e uns óculos de sol postos, a caminhar seriamente em direção à multidão, deixando para trás uma pequena nuvem de fumo. Acho que posso dizer seguramente que se juntarmos as entradas mais épicas de super heróis em filmes, séries, bandas desenhadas e tudo o que quiserem, não chegam aos calcanhares da “épicidade” da entrada do House. Quando consegui ir à mochila buscar a máquina e tirar a fotografia, ele já se estava a rir devido à pressão gerada pelos aplausos da multidão e, por isso, não ficou registado esse momento como deveria. Fartos de esperar que mudasses de ideias e que nos mostrasses um bocadinho do nosso sol, começaram a fazer-se corridas de skate no chão encharcado. Alguns tentaram fazer surf na rua dos Clérigos apenas com uma tábua de skate a deslizar diretamente no chão molhado e, por fim, o João Neto disse que oferecia uma tábua ao primeiro que conseguisse subir até ao cimo da fonte dos Leões, coisa que o Taveira fez sem pestanejar e com uma agilidade que nos deixou boquiabertos. Após a tua seguinte investida, voltámos a abrigar-nos na Reitoria e pouco depois o Segurança perdeu a paciência e chamou a polícia, que, passados uns minutos, apareceu em formato de corpo de intervenção e nos expulsou dali para fora. Dirigimo-nos até à Casa da Música como manda a tradição e passámos lá a tarde a skatar abrigados da chuva e a aproveitar o sol que de vez em quando nos davas a ver. Atiraram-se umas t-shirts, mochilas, bonés e sapatilhas (sim, SAPATILHAS) ao ar e fez-se uns informais jogos de skate, como estes devem ser, já que, a meu ver, as palavras formal e skate não combinam assim tanto quanto isso. E foi assim que passámos um dia que à partida iria estar arruinado pelo teu fraco sentido de oportunidade. Com muito skate e muitas gargalhadas. Posso assim dizer que foi um Go Skateboarding Day à moda do Porto! Com chuva e tudo.

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texto Surge fotografia Nuno Capela

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O Robin de Witt ganhou o “cartão selvagem” para a final mundial no The Berrics. Não admira, com manobras como este switch crooked animal… Rob Maatman skata de tal maneira que já lhe sugeriram usar um shop de surf, não para o skate, mas para os seus pés ultra leves

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Querem saber qual é o segredo para vencerem uma final internacional de skate? Pois podem perguntar ao Andrew Verde, skater espanhol vencedor da Final Europeia do Element Make It Count, que foi realizada pela primeira vez no “nosso” Parque das Gerações. Ok, como ainda não aboliram o roaming na União Europeia, aqui a malta da SURGE vai fazer-te poupar uns Euros e damos-te já a resposta. Primeiro tens de estar sempre bem disposto com toda malta do campeonato, tal como o Andrew esteve. Depois

Andrew Verde a dar de switch uma daquelas que todos gostariam de dar normal… switch front blunt

tens de dar grandes manobras em switch. E quando dizemos grandes não é só de serem difíceis, é também de terem sido dadas em grandes obstáculos. Switch backtails, switch front feebles e switch front blunts no corrimão grande, são só umas para aquecer... a verdade é que no fim do campeonato todos os participantes já falavam entre eles que só poderia haver um vencedor, o Andrew, claro… Quando é assim, tudo se torna mais fácil para os júris... creio que deve ter sido das votações mais fáceis de sempre e acreditem que as coisas não estavam assim tão claras à partida... afinal, estavam presentes alguns dos melhores skaters europeus da atualidade como o Rob Maatman, ou Robin Dewit. O Rodrigo Albuquerque representou bem as cores de Portugal e foi pena a consistência no final na parte grande não ter sido a melhor, devido, talvez, já ao cansaço, pois poderia ter ganho um Wildcard para a final Mundial no famoso “The Berrics” na Califórnia. Lamentamos também foi não termos visto uma demo a sério dos júris, porque com o Madars Apse, Karstel Klepan, Levi Brown e Michel Mackrot, prometia uma dose séria de abusos. Felizmente a organização do Element MIC convidou-nos para uma grande jantarada com todos os participantes, em que seriam revelados os vencedores e, claro, com comida e bebida à borla,a o staff da Surge perdoou logo os júris… nada como um bom arroz de pato para abrir o coração à malta.

2014


Skater Europeu do Ano, Karsten Klepan veio jurar o campeonato e ainda deu um ar da sua graรงa, mais propriamente em forma de transfer nosebone

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