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Gripes e constipações prevenção é o ideal

A ÉPOCA DO CACIMBO INICIOU-SE, OFICIALMENTE, A 15 DE MAIO, EM ANGOLA, E, COM ELA, CHEGA UMA ÉPOCA DE MAIOR PREOCUPAÇÃO PARA TODOS, ONDE OS CUIDADOS DE SAÚDE DEVEM SER REDOBRADOS, DEVIDO A GRIPES E CONSTIPAÇÕES.

Dr. João Almeida

Consultor Farmacêutico na Tecnosaúde

Todos nos constipamos, no entanto, muitas vezes, os sintomas entre gripe e constipação são confundidos (1). Maleitas comuns da época fria, estas duas doenças têm sintomas comuns.

É importante conhecer a diferença entre ambas as doenças, de forma a saber como actuar perante cada uma delas. Quer a gripe, quer a constipação são infecções de origem vírica (1) e surgem, habitualmente, quando as temperaturas são mais baixas.

Ambas têm, ainda, em comum a forma de contágio de pessoa para pessoa, através de gotículas expelidas pelo indivíduo doente.

O grande contágio ocorre por via respiratória (2), quando o indivíduo doente fala, tosse ou espirra, pois expele partículas víricas que serão inaladas por alguém que esteja próximo e, dessa forma, dá-se o contágio. Assim, a transmissão da doença pode dar-se, por exemplo, quando estendemos a mão para cumprimentar alguém que tenha tossido ou espirrado e tenha usado a mão como barreira (3).

O contágio pode ocorrer, também, através de superfícies contaminadas (3), como é o caso de objectos (fómites) antes manipulados por alguém doente.

A gripe é, na verdade, uma infecção respiratória provocada por vírus. Existem diferentes tipos de vírus que podem causar gripe, no entanto, o mais comum é o conhecido vírus Influenza (2). A maioria destes vírus atacam o nosso sistema respiratório, pulmões e vias respiratórias (como garganta e nariz), causando os sinais e sintomas gripais habituais, tais como:

• Tosse;

• Dor de garganta;

• Febre, tremores e suores;

• Dores de cabeça;

• Dores musculares e corporais;

• Cansaço e fraqueza.

Os sintomas da constipação são, habitualmente, mais ligeiros e apenas envolvem corrimento nasal, não ocorrendo febre. Mais de 200 vírus diferentes podem causar uma constipação, mas o Rinovírus é o agente causal mais comum (3).

Quando falamos em gripe e constipação, é necessário falarmos nos grupos de risco, isto é, nas pessoas que apresentam uma imaturidade do sistema imunitário e que, portanto, devemos ter maior atenção, pois são mais susceptíveis ao contágio das infecções como a gripe e constipações. Quanto à distribuição dos grupos de risco, destacam-se as crianças, os idosos, pessoas debilitadas e imunodeprimidas, tais como:

• Maiores de 65 anos;

• Mulheres grávidas;

• Indivíduos com doenças crónicas pulmonares (asma, bronquite crónica, tuberculose, entre outras);

• Indivíduos em tratamento com imunossupressores;

• Indivíduos com doenças renais, doenças cardíacas, diabetes mellitus;

• Adultos e crianças com mais de 6 meses hospitalizados devido a doenças metabólicas crónicas, alterações renais ou hemoglobinopatias;

• Pessoas que tomem medicação, devido às interacções medicamentosas (1).

A PREVENÇÃO DA GRIPE PODE E DEVE SER CONSIDERADA UM EXERCÍCIO CONSTANTE E DIÁRIO, ESPECIALMENTE, ATRAVÉS DAS BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE E SAÚDE PESSOAL

De entre as inúmeras doenças que afectam a população na idade adulta, a gripe é uma das mais frequentes e pode ser eficazmente prevenida.

Os sintomas desta doença podem ser muito divergentes, especialmente, no que concerne à duração. No entanto, existem muitas medidas que todos nós podemos tomar para a prevenir. A prevenção da gripe pode e deve ser considerada um exercício constante e diário, especialmente, através das boas práticas de higiene e saúde pessoal.

Uma vez que é uma doença altamente contagiosa, a melhor forma de prevenção é a desinfecção e a lavagem frequente das mãos com água e sabão (2), isto é, a adopção de medidas de etiqueta respiratória. A etiqueta respiratória ajuda a evitar que a doença se transmita para outra pessoa ou que se seja infectado. A higienização das superfícies, incluindo as maçanetas das portas, que são muitas vezes esquecidas, mas grandes focos de infecção (2), também ajuda na prevenção, visto que os vírus se propagam através de partículas aéreas e todos os locais são passíveis de estarem contaminados.

É necessário ter em atenção lugares de grande concentração de pessoas, tais como escolas ou locais de trabalho, mercados ou transportes públicos, pelo facto de serem locais que apresentam maior risco. Por exemplo, no local de trabalho, há que ter em atenção a partilha de objectos, tais como o telefone e o computador.

Estudos com modelos matemáticos sugerem que intervenções/medidas não farmacológicas, como as supracitadas, têm um efeito substancial na redução da taxa de propagação do vírus da gripe, com um efeito mais preponderante quando ainda não existe uma vacina disponível (4).

Não obstante, adoptar uma alimentação rica nutricionalmente, com a ingestão diária de água, frutas e vegetais inseridos numa dieta equilibrada, é também fundamental para manter o sistema imunitário saudável. Não nos podemos esquecer de manter o corpo e mente sãos, com a prática regular de exercício físico e descansar bem, de forma a tornarmos o sistema imunitário mais forte. Ao tossir ou espirrar, é fundamental proteger a boca e o nariz com lenços descartáveis (2). Lembre-se: ao protegerse a si, está também a proteger os outros. A proximidade com outros indivíduos doentes deve ser também evitada, especialmente, nos grupos de risco. A prevenção da gripe passa, também, pela vacinação. Idealmente, devemos prevenir sempre através da adopção de estilos de vida saudáveis e das medidas mencionadas; no entanto, esta é recomendada, especialmente, para os grupos de risco. Para estes, a administração deve ser realizada anualmente e, de preferência, antes da época mais fria. Mas, mesmo após a vacinação, é possível ter gripe. Muitas pessoas têm a ideia errada de que, após a vacina, irão ficar com gripe. O que pode ocorrer é o desenvolvimento de efeitos que mimetizam os sintomas gripais, tais como:

• Inchaço ou dor na zona onde foi administrada a vacina;

• Náuseas;

• Febre ligeira.

Como posso tratar a gripe? A maioria das pessoas recupera ao final de duas semanas de forma espontânea. Os doentes com gripe devem permanecer em casa (1), de forma a evitarem a propagação do vírus, mantendo-se sempre o mais hidratados possível. O tratamento sintomático pode ser necessário, especialmente, no caso de febre e dores musculares (1). No entanto, é aconselhado falar com o médico ou farmacêutico antes de se automedicar.

“Vou à farmácia pedir um antibiótico para a minha gripe”

Muitas pessoas, quando estão com sintomas gripais mais acentuados, dirigem-se às farmácias pedindo antibióticos para o tratamento da gripe. Mas por que motivo não devemos recorrer a antibióticos, em casos de gripe? A verdadeira explicação baseia-se no facto de que a gripe é causada por vírus e os antibióticos servem apenas para tratar infecções causadas por bactérias, não estando, deste modo, indicados em infecções respiratórias virais (1). Algumas pessoas têm a sorte de ter um sistema imunitário mais forte e resistente e as doenças, tais como a gripe e as constipações, não os afectam com tanta regularidade. Contudo, ao longo da nossa vida, vamos experienciando alguns episódios gripais e os seus respectivos sintomas. É rara a pessoa que, ao longo do ano, não tem sintomas de uma constipação, pois os Rinovírus são altamente contagiosos e conseguem disseminar-se por vários locais do nosso dia-a-dia.

Estas doenças são, particularmente, comuns durante as alturas do ano em que as pessoas permanecem mais tempo em espaços interiores, como é o caso do cacimbo, onde as temperaturas são mais baixas. Manter o sistema imunitário fortalecido é fundamental para prevenir. E lembre-se: mais vale prevenir do que tratar uma gripe ou constipação!

Referências Bibliográficas (Segundo NP405):

(1) CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION - National Center for Immunization and Respiratory Diseases (NCIRD). Retrieved from: https://www.cdc.gov/flu/symptoms/coldflu. htm

(2) KRAMMER, F., SMITH, G., FOUCHIER, R., PEIRIS, M., KEDZIERSKA, K., DOHERTY, P. C., PALESE, P., SHAW, M. L., TREANOR, J., WEBSTER, R. G., & GARCÍA-SASTRE, A. - Influenza. Nat Rev Dis Primers. Vol. 4. n.º1 (2018). p. 3.

(3) WINTHER B. - Rhinovirus infections in the upper airway. Proc Am Thorac Soc. Vol. 8. n.º1 (2011). p.79–89.

(4) HALLORAN, M. E., FERGUSON, N. M., EUBANK, S., LONGINI, I. M., JR, CUMMINGS, D. A., LEWIS, B., XU, S., FRASER, C., VULLIKANTI, A., GERMANN, T. C., WAGENER, D., BECKMAN, R., KADAU, K., BARRETT, C., MACKEN, C. A., BURKE, D. S., & COOLEY, P. - Modeling targeted layered containment of an influenza pandemic in the United States. Proc Natl Acad Sci USA. Vol. 105. n.º12 (2008). p. 4639-4644.

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