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Liderança em tempos de pandemia

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O médico responde

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O DIRECTOR COMERCIAL DA PHARMADIS ANGOLA, MANUEL MARTINS, ABORDA OS PRINCIPAIS DESAFIOS TRAZIDOS PELA PANDEMIA, NO QUE A NÍVEL DA GESTÃO DE EQUIPAS DIZ RESPEITO, E NÃO SÓ. HORIZONTE NO QUAL SE INCLUI A REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO FARMACÊUTICO, O PRINCIPAL DESAFIO PARA OS PRÓXIMOS TEMPOS. DESDE A ORIGEM ATÉ AO CLIENTE FINAL.

Tecnosaúde - Antes de nos focarmos na actualidade e no conturbado período que, mais ou menos, todos os países e mercados atravessam, como correu o ano passado para a Pharmadis?

Manuel Martins - 2019, não obstante ter sido um ano com bastantes constrangimentos relacionados com a desvalorização da moeda, que provocou um aumento generalizado de preço em todos os artigos, principalmente os importados, a Pharmadis conseguiu manter um portefólio de produtos essenciais, para que a assistência medicamentosa, de gastáveis e outros produtos de saúde pudesse chegar aos hospitais, clínicas, centros médicos e farmácias, de todas as Províncias de Angola.

Tecnosaúde - Quais são os principais desafios que antevê para o sector nos próximos anos?

MM - A regulação do mercado farmacêutico é, no meu ponto de vista, o principal desafio. Desde a origem até ao cliente final. A Pharmadis está preparada para este desafio e já actua em conformidade, ao trabalhar com empresas e laboratórios farmacêuticos devidamente certificados, que não deixam qualquer dúvida nos parâmetros de qualidade dos medicamentos e outros produtos de saúde que disponibilizamos em Angola, bem como ao obedecer às boas práticas de armazenamento e distribuição farmacêutica, exigidas pela IGS e pelas normas e regulamentos internacionais.

Tecnosaúde - Qual o real impacto que a pandemia teve na vossa estrutura empresarial? MM - O impacto da pandemia COVID-19 é global e está a provocar uma forte contracção da economia, com a redução do consumo. Não obstante, todas as crises trazem oportunidades, pelo que as empresas e pessoas têm de se reinventar pela inovação que lhes permita ajustar-se às novas necessidades do mercado.

Manuel Martins

Director Comercial da Pharmadis Angola

Tecnosaúde - Quais foram os principais constrangimentos gerados pela COVID-19?

MM - O confinamento e restrições de acesso entre os parceiros económicos e utentes, bem como o aumento da procura dos artigos relacionados com a prevenção e tratamento da COVID-19, provocaram uma repentina escassez destes artigos e uma especulação exagerada dos preços, em detrimento de outros artigos de saúde e medicamentos.

Tecnosaúde - Quais os principais desafios que surgiram a nível da gestão das equipas, bem como a nível estratégico?

MM - A recessões ou crises económicas acarretam sempre grandes desafios de competitividade às empresas, que não se ultrapassam com fórmulas mágicas. As equipas têm de acompanhar as dinâmicas do mercado, com uma boa gestão de mudança dos paradigmas actuais, para manterem a eficiência. A nível estratégico, tem de haver o mesmo alinhamento, ou seja, fazer a gestão da mudança com antecipação às dinâmicas dos mercados, das suas equipas, do seu portefólio de produtos, dos fornecedores e clientes. A Pharmadis quer continuar a ser um parceiro preferencial para os hospitais, clínicas, centros médicos e farmácias, em todas as Províncias de Angola.

Tecnosaúde - Na posição de líder, que soluções encontrou para ultrapassar esses desafios?

MM - A Pharmadis já está a actuar no contexto do seu plano estratégico, iniciado em finais de 2018, com planos de acção que nos têm permitido ultrapassar os principais desafios e continuar a ser percepcionados no mercado farmacêutico como verdadeiros parceiros para a saúde em Angola. Para isso, inovámos nos nossos meios de comunicação, com a adequação e melhoramento das nossas plataformas digitais, procurámos e encontrámos novos fornecedores, preferencialmente, os laboratórios farmacêuticos fabricantes devidamente certificados pelas entidades nacionais e multinacionais, com a melhor relação qualidade/preço. Além disso, intensificámos a prospecção no canal farmácia e hospitalar público, com resultados muito significativos para a base de dados de clientes da Pharmadis e, por último, reestruturámos, através de treino, acções de formação e recrutamento, a nossa equipa comercial e de logística.

Tecnosaúde - O que trouxe na bagagem das suas experiências profissionais anteriores e noutros países que possa ser importado com sucesso para a realidade angolana?

MM - A minha experiência profissional na indústria farmacêutica, com mais de 20 anos, na maior do tempo, em multinacionais, como a Pfizer, em Portugal, e a AstraZeneca, em Angola, permitiu-me ter uma visão abrangente desta área de negócio e das constantes alterações a que está sujeita, motivadas pelas dinâmicas de mercado e das conjunturas nacionais e internacionais que nos impactam. Fazer a gestão da mudança nas estratégias comerciais, na gestão do stock, no acompanhamento das equipas de vendas, através de treino e formação, contribuíram para experiências bem-sucedidas, no contributo que tenho dado para o crescimento das empresas que representei em Angola, desde há oito anos, no sector da importação e distribuição farmacêutica, nomeadamente, a Socifarma e, desde finais de 2018, a Pharmadis.

“DE FORMA GERAL, AS POLÍTICAS DE SAÚDE TÊM MELHORADO, NOS ÚLTIMOS ANOS, E NOTA-SE O ESFORÇO DAS ENTIDADES RESPONSÁVEIS POR ESTE SECTOR EM CONTINUAR A TRABALHAR NESTE SENTIDO. PORÉM, HÁ AINDA UMA GRANDE MARGEM DE PROGRESSÃO PARA QUE OS CUIDADOS MÉDICOS RELACIONADOS COM A ASSISTÊNCIA MEDICAMENTOSA POSSAM CHEGAR A TODA A POPULAÇÃO DE ANGOLA, INDEPENDENTEMENTE DO SEU PODER AQUISITIVO E DO ORÇAMENTO DAS ENTIDADES PÚBLICAS DE SAÚDE”

Tecnosaúde - A pandemia COVID-19 veio mudar o mundo e os negócios. Como conduz estas mudanças enquanto empreendedor?

MM - Como já tive oportunidade de referir, acompanhando as dinâmicas do mercado, com uma gestão de mudança proactiva, ao nível das equipas comerciais, da adequação do stock, da prospecção para aumento dos canais de venda, tendo sempre em consideração a qualidade dos artigos e o preço como factores críticos de sucesso.

Tecnosaúde - O líder de hoje precisa de ter habilidades diferentes do líder de há 30 ou 40 anos. O que é um bom líder?

MM - Esta questão podia remeter-me para conceitos “by the book” das muitas formações que recebi e que também já tive oportunidade de dar às equipas que liderei. Mas prefiro, de forma simples, dizer apenas que um bom líder não se deve impor, nem se fazer notar muito, e deve estar, sempre que necessário, ao lado da sua equipa, dando suporte e apoio, ajustando a forma de liderar, de acordo com o nível de desenvolvimento de cada uma das pessoas.

Tecnosaúde - Podemos considerar o capital intelectual um dos maiores desafios da era do conhecimento?

MM - Sem dúvida. Do mesmo modo que acredito em capacidades inatas, também acredito que as competências se adquirem através de investimento no capital intelectual.

Tecnosaúde - Como líder e empreendedor, como vê o futuro farmacêutico, em Angola, daqui a cinco anos?

MM - De forma geral, as políticas de saúde têm melhorado, nos últimos anos, e nota-se o esforço das entidades responsáveis por este sector em continuar a trabalhar neste sentido. Porém, há ainda uma grande margem de progressão para que os cuidados médicos relacionados com a assistência medicamentosa possam chegar a toda a população de Angola, independentemente do seu poder aquisitivo e do orçamento das entidades públicas de saúde. A regulação do mercado farmacêutico e uma associação representativa forte dos agentes importadores e distribuidores de produtos farmacêuticos serão muito importantes para que, daqui a cinco anos, cada um de nós possa ver a sua missão cumprida, como verdadeiros parceiros para a saúde em Angola.

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