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SARS-CoV-2: um desafio global

O SARS-COV-2, VÍRUS RESPONSÁVEL PELA COVID-19, DESDE A SUA DESCOBERTA ATÉ AOS DIAS DE HOJE, COLOCOU À COMUNIDADE CIENTÍFICA UM GRANDE DESAFIO DO PONTO DE VISTA CLÍNICO E DO DIAGNÓSTICO. É NECESSÁRIO DAR UMA RESPOSTA RÁPIDA EM TERMOS DE DIAGNÓSTICO E CAPACITAR AS PESSOAS E ESTRUTURAS LABORATORIAIS PARA ESSE EFEITO.

Dra. Luísa Araújo

Farmacêutica e Coordenadora de Diagnóstico Internacional na Quilaban

A primeira metodologia de diagnóstico laboratorial validada pelas entidades de referência, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi a reacção em cadeia da polimerase em tempo real, precedida de transcrição reversa (RT-PCR). Esta metodologia faz a amplificação de ácidos nucleicos do vírus e os testes laboratoriais disponíveis incluem alvos específicos, que codificam para proteínas estruturais, como a nucleoproteína N, o invólucro E e a espícula S, e ORF1ab e RdRp, que codifica para proteínas não estruturais importantes durante a infecção do hospedeiro. Esta metodologia é a mais sensível e específica disponível no mercado, permitindo a detecção precoce da infecção, mas colocou aos laboratórios o desafio de se equiparem melhor no campo da Biologia Molecular, área que, em muitos, estava ainda pouco desenvolvida.

Além de RT-PCR, existem outras metodologias de diagnóstico, como os testes de detecção de antigénio, os testes serológicos de ELISA, os testes rápidos para detecção de anticorpos e os testes de sequenciação do genoma viral. Todos eles podem ser úteis e complementares, dependendo da fase de infecção, mas devendo sempre ser confirmados pelo método de referência e nos laboratórios validados para a resposta à COVID-19.

Os testes de diagnóstico rápido imunocromatográficos de antigénio permitem detectar, de forma qualitativa, antigénios específicos de SARS-CoV-2 na nasofaringe e orofaringe. O antigénio é um marcador precoce de infecção e poderá também funcionar como marcador de cura. A forma de colheita da amostra tem a mesma complexidade do PCR, mas os resultados são obtidos

A COVID-19 LANÇOU-NOS UM DESAFIO GLOBAL, NO QUAL TODOS, DESDE A POPULAÇÃO À COMUNIDADE CIENTÍFICA, TEMOS UM PAPEL IMPORTANTE E TODOS TEMOS DE FAZER A NOSSA PARTE. NA ÁREA DO DIAGNÓSTICO, COM TUDO O QUE AINDA DESCONHECEMOS SOBRE ESTE VÍRUS, CONSIDERO IMPORTANTE RECORRER A TODAS AS METODOLOGIAS DISPONÍVEIS

em 30 minutos e não requerem elevado nível de especialização e equipamentos. Esta técnica pode ser útil numa fase de rastreio inicial. Os testes de diagnóstico rápido imunocromatográficos de anticorpos são uma metodologia qualitativa de detecção de anticorpos IgG e IgM, resultantes da exposição ao vírus. Estes testes permitem fazer um rastreio de indivíduos potencialmente expostos, em 10 a 30 minutos, e têm a vantagem de poderem ser feitos no sangue e sem necessidade de recurso a equipamentos e técnicos especializados. Estes testes permitem saber quem tem anticorpos, que, dependendo do tipo, podem ser indício de infecção activa ou de potencial imunidade. Embora as informações sejam mais limitadas e os anticorpos demorem entre sete a dez dias a serem produzidos no organismo, este método pode ser complementar ao RT-PCR e permitir testar um maior número de pessoas, ainda que com precaução.

Existem também no mercado testes de ELISA, que quantificam os anticorpos para o SARS-CoV-2. Estes testes permitem saber a quantidade de anticorpos específicos no sangue e podem ser úteis para avaliar a imunidade de grupo. Sendo este vírus novo, desconhece-se ainda qual a duração dos anticorpos que são desenvolvidos no decorrer da infecção e qual a sua capacidade de induzir imunidade. No entanto, é útil sabermos os níveis de anticorpos da população, principalmente, ao nível da investigação. Este teste pode ser efectuado no seguimento de um teste de diagnóstico rápido, para confirmação e quantificação, após um RT-PCR positivo, para verificar o nível de resposta imunológica, ou após um período de quarentena de um infectado, para perceber o tipo de anticorpos desenvolvido.

É também muito importante ir fazendo a sequenciação do genoma viral, melhorando o conhecimento do vírus, a sua monitorização e controlo. É este conhecimento que vai melhorar a nossa capacidade de resposta, do ponto de vista clínico, mas também permitir desenvolver novas “armas” no combate à COVID-19, como tratamento e vacinação. Existem, também, no mercado soluções inovadoras a este nível, que podem ser úteis como confirmação de diagnóstico, mas, principalmente, ao nível da investigação.

A COVID-19 lançou-nos um desafio global, no qual, todos, desde a população à comunidade científica, temos um papel importante e de fazer a nossa parte. Na área do diagnóstico, com tudo o que ainda desconhecemos sobre este vírus, considero importante recorrer a todas as metodologias disponíveis.

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