Tecnosaúde #13 - Julho/Agosto

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PREVALÊNCIA DE DOENÇASÚLTIMASAUMENTAALÉRGICASNASDÉCADAS Julho/Agosto 2 0 2 2 N.º 13 D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL

Dr. Severino Azevedo traça o panorama actual do cancro do pulmão, a maior causa de morte relacionada com cancro

ENTREVISTA Anton Romani aborda a importância do mercado angolano para a Nutribén Análise à venda de fórmulas infantis e anti-alérgicos nas farmácias Dra. Tatiana Ferreira fala sobre o aumento de prevalência das alergias alimentares

ÍNDICE SAÚDE PARA

2 SAÚDE 0204 Dra. Amélia Baptista fala os benefícios da amamentação

ONU alerta para recuos na luta contra a fome, a nível mundial, em 2021

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Dra. Nádia Noronha Directora Executiva da Tecnosaúde

32 Novo estudo revela como a Covid-19 veio acelerar o futuro dos cuidados de saúde As actividades de Registo de Medicamentos em Angola

Tanto mais que, embora sejam comuns, as alergias podem interferir com a capacidade de uma pessoa completar tarefas diárias e os seus sintomas podem levar, até, a evitar interacções sociais. Quem vive com alergias pode ser propenso a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Esta correlação é motivo de debate contínuo, mas estudos recentes têm apontado nesse sentido. Em 2019, a Faculdade de Medicina Sackler da Universidade de Telavive, em Israel, e a London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido, entre outros, concluíram que o eczema atópico está associado a um aumento de 14% no risco de desenvolver depressão e 17% no risco de um diagnóstico posterior de Urgeansiedade.assim, na resposta a estes pacientes, considerar o seu bem-estar de uma forma holística, considerando os efeitos que a sua condição alérgica poderão ter também ao nível da sua saúde mental.

PERSPECTIVA 26 Dr. Djalme Fonseca analisa de que modo as alergias podem comprometer a saúde da visão SI 40 OMS declara Monkeypox uma emergência de saúde pública de preocupação internacional 4650

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RELATÓRIO

Ecoangola sublinha a importância das áreas verdes nas zonas urbanas

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EDITORIAL

56 Dr. Cláudio Osório aborda o impacto da gestão positiva de talento

Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola Directora: Nádia Noronha E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, n.º3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/ De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as alergias são a quarta maior doença crónica. Estima-se que, em 2050, metade da população do planeta padeça de, pelo menos, uma doença Actualmente,alérgica.as alergias afectam 10% a 30% dos adultos e até 40 % das crianças. O grande problema é que, devido às alterações climáticas, este prognóstico tenderá a piorar muito. Até 2100, a quantidade de pólen produzido durante a época de floração poderá aumentar 40%, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Nature Communications, o que levanta a necessidade urgente de compreender melhor os factores que impulsionam esse aumento e acrescenta mais um motivo à já extensa lista de razões que obrigam a, o quanto antes, travar o aquecimento do planeta. ´

4 SAÚDE AGOSTO É CONHECIDO COMO O MÊS DOURADO, DEDICADO AO ALEITAMENTO MATERNO. NESTA EDIÇÃO, A DRA. AMÉLIA BAPTISTA ABORDA OS BENEFÍCIOS PARA O BEBÉ E PARA A MÃE, ALGUNS DOS MITOS ASSOCIADOS À AMAMENTAÇÃO E AS NECESSIDADES DE MAIS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO. Dra. Amélia Baptista Responsável do Serviço de Cuidados Intensivos Pediátrico e Neonatal da Clínica Girassol ENTREVISTA “TODAS AS CONSEGUEMMÃES COMAMAMENTARSUCESSO”

A maioria dos estudos conclui que as criançasapresentamamamentadasvantagens nas suas funções cognitivas, quando comparadas com as não riscorelacionadoestandobaixoprincipalmenteamamentadas,asdepesoaonascimento,tambémaomenordodesenvolvimento

leites, nem mesmo de água. Em ambientes quentes e secos, o leite materno supre as necessidades de líquido de um bebé. Paralelamente, previne a anemia. O leite materno contém elementos como a vitamina B12 e o ácido fólico, muito importantes para a produção de células vermelhas.

O leite materno também fortalece o sistema imunológico do bebé, por ser rico em anticorpos produzidos no corpo da mãe. A mãe que amamenta transfere para o filho, numa fase em que ele ainda não desenvolveu o seu sistema imune, a sua memória imunológica adquirida. O leite materno é considerado a primeira vacina e confere uma melhor resposta ao esquema de vacinação. Protege contra infecções, de um modo geral, e em particular contra as diarreias infecciosas. Confere também protecção contra as alergias.

Quais os principais benefícios do aleitamento materno para o bebé e para a mãe?

O leite materno é o alimento ideal para o bebé, tanto de termo como pré-termo. É de fácil digestão e promove um melhor crescimento e desenvolvimento. Possui indiscutíveis qualidades.

Em termos nutritivos, o leite carboidratoscomocontémmaternosubstânciasproteínas, e gorduras, quantidadeemebiodisponibilidadeadequadasàsnecessidadesdobebé.Atéaosseismeses,osbebésdevemseralimentadossomentecomleitematerno,nãoprecisamdechás,sumos,outros

A amamentação exclusiva, nos primeiros meses de vida, diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica e outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilância Simultaneamente,recorrente.vários estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de três anos e o tipo de alimentação no início da vida constataram uma menor frequência de sobrepeso/ obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Crianças que recebem fórmula láctea podem ter uma resposta mais intensa à insulina, resultando no acúmulo de gordura no organismo.

O leite materno tem também um efeito positivo na pressão arterial do bebé, a curto e longo prazos, previne a hipercolesterolemia e a diabetes. Bebés amamentados apresentam pressões sistólicas e diastólicas mais baixas, níveis menores de colesterol total e menor risco de apresentar diabetes tipo II. Além disso, contribui para o desenvolvimento do sistema neurológico. Ao amamentar, a mãe oferece ao bebé uma substância chamada DHA (ácido docosahexaenoico), por meio do leite, que é responsável por participar da formação de células nervosas, facilitando a comunicação entre elas. Essa acção é fundamental nos primeiros cinco anos de vida, quando grande parte do cérebro está em desenvolvimento.

SAÚDE5

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O aleitamento materno deve ser exclusivo até aos seis meses de idade e complementar até aos dois anos. Uma forma de sabermos se o bebé está a alimentar-se de forma adequada é pelo controlo de fraldas com urina e fezes, ganho de peso e horas de sono. Caso a mãe esteja a tomar alguma medicação, tem ou teve alguma doença, como tuberculose, HIV, varicela, herpes ou hepatite, ou seja, em qualquer evento de doença materna, deve-se procurar orientação do profissional de saúde quanto ao que fazer em relação à amamentação, sendo que raramente será contraindicada.amamentaçãoAexclusivareduzoriscodemortalidade.Amamentarnãoéfácilerequerumaboaestruturadeapoiopsicossocial.Devemos

SAÚDE do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperactividade (TDAH). Outro dos benefícios para o bebé do aleitamento materno é a promoção do desenvolvimento da cavidade bucal. O exercício que o bebé faz para retirar o leite da mama da mãe é muito importante para o desenvolvimento adequado da sua cavidade oral. O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária e respiração bucal. A amamentação promove ainda, de forma muito especial, o contacto entre a mãe e o seu bebé, sendo uma oportunidade da criança aprender muito cedo a comunicar e relacionar-se com afecto e Simultaneamente,confiança. existem factores económicos a considerar entre os benefícios do aleitamento materno. Ao amamentar de forma exclusiva, reduzem-se os gastos com a compra de leite, biberões, gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não Alémamamentadas.dosinúmeros benefícios da amamentação na vida do bebé, a mãe também acaba por ser protegida e favorecida pela produção de leite e pela amamentação em si. Entre os principais benefícios que a mãe obtém ao amamentar estão a diminuição do sangramento no período pós-parto, daí ser importante amamentar na primeira hora após o parto, a aceleração na perda de peso, a redução da incidência de cancros da mama, ovário e endométrio, a protecção contra doenças cardiovasculares e contra a osteoporose. Quais as principais informações e alertas que devem ser passados a uma mãe no período de amamentação? Todas as mães conseguem amamentar com sucesso. Amamentar na primeira hora de vida tem benefícios não só para o bebé como também para mãe. Logo após o nascimento do bebé, ocorre a descida do colostro, também chamado de ouro líquido, que contém os mesmos nutrientes que o leite maduro, porém com mais proteínas, mais anticorpos e menos gordura. É considerado a “primeira vacina do recém-nascido”, pois o protege contra uma série de doenças e o alimenta muito bem, é altamente concentrado. Deve ser oferecido logo após o nascimento.

É importante ressaltar que o risco de infecção é maior em bebés que fazem aleitamento misto, isto é, recebem fórmula láctea e leite materno.

Dados da UNICEF afirmam que os benefícios sociais, económicos e para a saúde da amamentação estão bem estabelecidos e aceites globalmente. Contudo, quase 60% das crianças não tem os seis meses recomendados de amamentação exclusiva.

Na sua opinião, enquanto especialista, que políticas de apoio à amamentação faltam ser implementadas em Angola para estimular mais as mães a prosseguirem com a amamentação?

SAÚDE7

“SOMOS UM PAÍS EM VIAS DE DESENVOLVIMENTO, COM UM GRANDE ÍNDICE DE MORTALIDADE INFANTIL, PELO QUE A AMAMENTAÇÃO TEM UM PAPEL IMPORTANTE NA REDUÇÃO DESTES ÍNDICES. A PROMOÇÃO, A PROTECÇÃO E O APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO DEVEM SER UM DOS EIXOS ESTRUTURAIS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA, SENDO UMA DAS ACÇÕES ESTRATÉGICAS DE MAIS ELEVADO VALOR NA PROMOÇÃO DA SAÚDE”

estar organizadas para garantir o sucesso da amamentação Existem vários mitos sobre a amamentação, especialmente quando falamos de mães portadoras de algumas doenças, que devem ser esclarecidos na população e mesmo junto dos profissionais de saúde. Uma mulher com HIV ou com hepatite pode ou não amamentar?

A licença maternidade deverá ser alargada para os seis meses, estimular o aleitamento materno na primeira hora de vida, o método Canguru, contacto pele-pele, melhorar os hospitais para que sejam amigos da criança. Com isso melhorará muito este paradigma. Pode definir-se o sucesso do aleitamento por uma amamentação mais prolongada. Porém, isto não é suficiente. Como é que podemos definir o sucesso do aleitamento materno? Outros factores envolvidos no sucesso da amamentação são o ganho de peso, o crescimento e o desenvolvimento adequados do bebé e menos eventos de doenças. A decisão de amamentar é pessoal e sujeita a inúmeras influências, resultantes da socialização de cada mulher. Enquanto profissional de saúde, o seu papel é fulcral na mensagem que passa às mulheres. Como vê a forma como o aleitamento é encarado no nosso país? Poucas mulheres decidem amamentar de forma exclusiva por vários factores, entre eles, o meio social, insegurança, o regresso ao trabalho, factores estéticos. A maioria dos bebés recebe aleitamento misto. Somos um país em vias de desenvolvimento, com um grande índice de mortalidade infantil, pelo que a amamentação tem um papel importante na redução destes índices. A promoção, a protecção e o apoio ao aleitamento materno devem ser um dos eixos estruturais da Política Nacional de Atenção à Saúde da Criança, sendo uma das acções estratégicas de mais elevado valor na promoção da saúde.

A mulher com hepatite B pode amamentar, desde que o bebé receba a vacina e imunoglogulina contra hepatite B antes de iniciar a amamentação. Quanto ao HIV, existe uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a amamentação em países pobres, onde o risco de mortalidade por fome ou outras doenças é muito alto. Contudo, devem ser analisadas várias questões, como o seguimento regular, a carga viral, o momento do diagnóstico e a capacidade financeira, entre outras, antes de promover ou não a amamentação. Várias sociedades são contra a amamentação em mulheres com HIV.

8 SAÚDE MULHERES QUE RECEBEM PARCEIROS DURANTE AMAMENTAÇÃO SÃO MAIS PROPENSAS A ALEITAMENTO AO LONGO ANÁLISEENTREVISTA DE ACORDO COM UM ESTUDO INTERNACIONAL REALIZADO PELA PHILIPS AVENT, SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA AMAMENTAÇÃO DOS RECÉMNASCIDOS, EMBORA OITO EM CADA 10 CASAIS ESTEJAM ENVOLVIDOS EM ACTIVIDADES COMO DAR CONFORTO AO BEBÉ, MENOS DE METADE ASSUME TAREFAS COMO LIMPAR AS BOMBAS DE LEITE E BIBERÕES E APENAS 41% DESPENDE TEMPO À PROCURA DE INFORMAÇÕES SOBRE A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA. ISSO SIGNIFICA QUE HÁ ALGUNS ASPECTOS DOS CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO QUE AINDA SÃO, EM GRANDE PARTE, RESPONSABILIDADE DA MÃE E QUE HÁ UMA NECESSIDADE SIGNIFICATIVA DE FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS COMPANHEIROS. ISSO REFLECTE-SE NOS RESULTADOS DA PESQUISA, EM QUE 76% DAS MÃES CONSIDERA QUE SÃO NECESSÁRIAS MAIS INFORMAÇÕES PARA QUE OS SEUS PARCEIROS POSSAM AUXILIÁ-LAS NO PROCESSO DE AMAMENTAÇÃO.

SAÚDE9

RECEBEM APOIO

Os benefícios da amamentação para a saúde, tanto do bebé como da mãe, são bem conhecidos. Porém, embora as taxas de iniciação à amamentação após o nascimento permaneçam elevadas, entre 60% e 95%, apresentam uma tendência de queda nos últimos anos. Isso traduz-se em taxas de amamentação mais baixas após os seis meses de vida do bebé. Apoiar as mães que desejam amamentar os filhos é primordial, principalmente, quando as mulheres têm cada vez menos tempo para se dedicar à amamentação e devem conciliar a maternidade com a carreira profissional. Os parceiros podem desempenhar um papel mais activo no processo de amamentação, especialmente desde o início da pandemia.

LONGO DO TEMPO

Há cada vez mais evidências que apontam para o facto de que a formação dos pais ou acompanhantes nas vantagens da amamentação pode duplicar a probabilidade dos bebés serem amamentados exclusivamente, durante os primeiros seis meses de vida. Por isso, essa necessidade de informação aos novos pais é Afundamental.pesquisarealizada em 14 países, com uma amostra de 3.594 utilizadores da aplicação Gravidez+, indica que 81% dos pais quer estar mais envolvido no processo de amamentação dos seus filhos. No entanto, apenas metade participa nas atividades de alimentação do bebé durante a noite (50%), ou ajuda a preparar os biberões com leite materno (53%), e apenas 44% se envolve na limpeza das bombas ou dos biberões. Os resultados da pesquisa indicam que praticamente todas as mães entrevistadas desejam que os seus parceiros estejam envolvidos em todos os aspectos dos cuidados com o bebé. De forma global, 65% das mães deseja que os parceiros ajudem a preparar os biberões e 63% espera ajuda para alimentar o recém-nascido durante a noite.

A amamentação requer investimento e apoio em todos os níveis. Com a pandemia, o acesso à amamentação foi limitado pelos requisitos de distanciamento social. Este é um bom momento para criar uma rede ampla e eficaz de apoio à amamentação, que ajudará a criar um ambiente propício para que a amamentação ocorra e funcione. O primeiro elo desta cadeia de apoio passa pelo companheiro da mãe, como parte activa e vital da equipa de amamentação. Família, amigos e profissionais de saúde desempenham um papel importante, mas envolver o parceiro oferece vários benefícios. Na verdade, vários estudos indicam que as mulheres que recebem apoio dos seus parceiros têm maior probabilidade de iniciar e manter a amamentação ao longo do tempo. AMAMENTAÇÃODOS A MANTER

Vantagens do aleitamento materno

Anton Romani Export Director – Alter Farmacia S.A.

10SAÚDE “O MERCADO ANGOLANO É FUNDAMENTAL PARA A NUTRIBÉN”

ENTREVISTAENTREVISTA

ANTON ROMANI ABORDA A IMPORTÂNCIA DO MERCADO ANGOLANO PARA A NUTRIBÉN, ONDE ESTÁ PRESENTE HÁ UMA DÉCADA. COM DAS MAIS MODERNAS FÁBRICAS, A NÍVEL MUNDIAL, DEDICADAS À PRODUÇÃO DE SOLUÇÕES DE ALIMENTAÇÃO INFANTIL, SEGUINDO RIGOROSOS PADRÕES DE QUALIDADE E SEGURANÇA, A NUTRIBÉN ASSUMIU, DESDE HÁ MAIS DE 55 ANOS, UM COMPROMISSO COM A INOVAÇÃO. EM BREVE, TRARÁ MAIS NOVIDADES PARA O NOSSO MERCADO, INCLUINDO UMA FÓRMULA PARA BEBÉS PREMATUROS.

A nossa visão é ser uma referência da alimentação infantil, a nível internacional, pela nossa inovação nutricional avalizada pela comunidade de farmacêuticos e médicos.

ANutribén conquistou a confiança de mães e pais em todo o mundo, ao garantir uma alimentação saudável e equilibrada, adaptada a todas as etapas do crescimento das crianças. Qual é o segredo por detrás do sucesso da marca? Graças aos valores da marca, onde a qualidade, a segurança e a inovação guiam o nosso trabalho, dia após dia. A nossa missão é desenvolver soluções de qualidade, inovadoras e seguras para a alimentação infantil.

Vão apresentar novidades a breve trecho? Definitivamente que sim. O nosso Departamento de Desenvolvimento está sempre a pesquisar novidades para tentar melhorar os nossos produtos e adaptá-los às necessidades de alimentação das crianças dos zero aos quatro anos. Em breve, no mercado angolano, lançaremos um produto específico para bebés prematuros, o Nutribén Low Weight Milk.

Onde são produzidos os produtos da Nutribén? As nossas fábricas de alimentação infantil são algumas das mais inovadoras e modernas do mundo e têm todo o tipo de tecnologias para garantir processos perfeitos e seguros: sistemas de controlo, automação, padrões de higiene máximos, entre outros. Só cuidando do nosso processo de produção em detalhe é que conseguimos a excelência nos nossos produtos para bebés. A nossa última novidade é a fábrica de leite em pó para bebés, em Madrid. Uma referência na inovação e tecnologia no sector. As suas instalações de 8.500 metros quadrados produzem anualmente mais de nove mil toneladas de leite em pó. Todos os vossos produtos estarão disponíveis no mercado angolano? Sim, de facto, todos os produtos Nutribén estão presentes no mercado angolano, atendendo sempre às necessidades deste, com os máximos controlos de segurança e valores-chave de qualidade dos produtos Nutribén.

Como está estruturada a gama da Nutribén? O nosso desejo de melhoria e o nosso compromisso com a qualidade e segurança permitiram-nos alcançar uma trajectória de mais de 55 anos com a gama mais completa de produtos para alimentação infantil, que inclui leites, papas, Potitos adaptados às necessidades nutricionais da criança até aos quatro anos de idade. A Nutribén aposta na excelência e tem uma das mais modernas fábricas de fórmulas lácteas do mundo, que nos permite controlar e garantir um processo de produção perfeito, do início ao fim. Possui ainda duas fábricas inovadoras para a sua gama de papas e Potitos e está presente nos quatro continentes como uma marca líder em nutrição infantil em todo o mundo.

Uma gama de produtos completos de alimentação infantil, que podem satisfazer as necessidades nutricionais das crianças, desde o nascimento até aos quatro anos de idade.

Em que se diferencia a proposta de valor da Nutribén?

SAÚDE11

Oferecemos produtos desde as primeiras etapas até aos quatro anos de idade, para acompanhar as crianças no seu desenvolvimento físico e cognitivo, tendo sempre em conta as necessidades nutricionais de cada fase e com um compromisso sólido com a prevenção da obesidade infantil, porque a alimentação de hoje definirá a saúde do futuro. Que importância tem a inovação para a Nutribén? Inovar é a nossa tradição e é por isso que na Nutribén inovamos continuamente, para oferecer aos bebés produtos de máxima qualidade, sem perder de vista a segurança, algo que prevalece em todos os nossos processos de fabrico. No nosso compromisso, elaboramos todos os nossos produtos seguindo as recomendações da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN).

Com que expectativas aborda a marca o mercado de Angola? O que o torna atractivo? O mercado angolano é fundamental para a Nutribén, uma vez que é um mercado de referência para os nossos produtos. A prova do compromisso da Alter com o mercado angolano é que estamos presentes neste há mais de 10 anos a fornecer produtos inovadores. Que receptividade espera a Nutribén do consumidor angolano? E da comunidade médica? A comunidade médica angolana é muito informada, pelo que a Nutribén tem de fornecer produtos inovadores, com os mais extensos parâmetros de qualidade e segurança, de forma que os pediatras e consumidores possam sentir a qualidade diferencial dos nossos produtos. Que respostas diferenciadoras vai a Nutribén trazer para Angola?

Uma boa alimentação desde a primeira idade define a saúde amanhã, prevenindo doenças cada vez mais comuns e promovendo os bons hábitos, tão necessários como ingerir os nutrientes certos. A nossa missão é o compromisso com a saúde e desenvolvimento das crianças, oferecendo uma gama de alimentos inovadores, seguros e equilibrados, feitos com os mais elevados padrões de qualidade.

12SAÚDE ANTI-ALÉRGICOS:INFANTISFÓRMULASE VENDAS FARMÁCIASNAS ANÁLISEENTREVISTA

Figura 2. Vendas dos produtos por etapa

O preço dos produtos da etapa 2 diminuiu 2,7%, enquanto os da etapa 3 aumentaram 12,9%. No mesmo período, as vendas dos produtos da etapa 2 aumentaram 14%, enquanto os da etapa 3 diminuíram 25%. Em Angola, existem três principais marcas de produtos de fórmulas infantis. Juntas, representam 98% do mercado angolano, sendo que a marca mais vendida representa 76% das vendas, enquanto as outras têm 12% e 10%, respectivamente. Quem compra fórmulas infantis? Verificamos que 60% das compras de fórmulas infantis são realizadas por mulheres, dos 25 aos 34 anos (50%) e dos 35 aos 44 anos (43%). Estas duas faixas etárias representam 93% das compras feitas por mulheres. Para os homens, temos a seguinte distribuição: 52% dos 25 aos 34 anos e 24% dos 35 aos 44 anos, perfazendo um total de 76% das compras feitas por homens.

As fórmulas infantis, ou leites de transição, são soluções fabricadas a partir da modificação do leite de vaca ou do leite de soja. São usadas para substituir ou complementar a alimentação dos bebés durante os primeiros meses de vida. Há um tipo para cada idade: as fórmulas usadas do nascimento até aos seis meses de idade são da etapa 1. Dos seis aos 12 meses de idade são da etapa 2 e a partir de mais de um ano são da etapa 3. Estimamos que esta categoria represente cerca de 4,3% do volume total de vendas das farmácias e é muito procurada, tendo em conta a sua importância na alimentação dos bebés.

SAÚDE13

Em relação à quantidade de produtos vendidos, percebemos que os produtos da etapa 1 foram também os mais vendidos, representando 36% do total. A seguir temos os produtos da etapa 2, com 33%, e da etapa 3, com Percebemos31%.

Considerando a classificação, podemos analisar mais ao detalhe as vendas desta categoria. Os produtos da etapa 1 representam 46% das vendas, seguidos pelos produtos da etapa 3 (29%) e da etapa 2 (25%).

que, apesar dos produtos da etapa 2 terem sido 2% mais vendidos do que os da etapa 3, geraram uma receita 4% menor. Isto é justificado pelo preço dos produtos. O preço médio dos produtos da etapa 2 é de 7.300 AOA, enquanto os da etapa 3 custam, em média, 9.300 AOA. Assim, os produtos da etapa 2 geraram uma receita menor por terem preços relativamente menores (redução de 21,5%) que os da etapa 3. Houve também uma variação nos preços desses produtos em relação ao ano passado.

NESTA EDIÇÃO, ANALISAMOS AS VENDAS DAS CATEGORIAS DE FÓRMULAS INFANTIS E ANTIALÉRGICOS. QUANTOS PRODUTOS SÃO VENDIDOS, A QUE PREÇO E POR QUEM SÃO COMPRADOS SÃO ALGUNS DOS ASPECTOS ABORDADOS.

FórmulasANÁLISE infantis e anti alérgicos: vendas nas farmácias Nesta edição, analisamos as vendas das categorias de fórmulas infantis e anti alérgicos Quantos produtos são vendidos, a que preço e por quem são comprados são alguns dos aspectos abordados.

Quem compra fórmulas infantis? Verificamos que 60% das compras de fórmulas infantis são realizadas por mulheres, dos 25 aos 34 anos (50%) e 35 aos 44 anos (43%) Estas duas faixas etárias representam 93% das compras feitas por mulheres. Para os homens, temos a seguinte distribuição: 52% dos 25 aos 34 anos e 24% dos 35 aos 44 anos, perfazendo um total de 76% das compras feitas por homens

As fórmulas infantis, ou leites de transição, são soluções fabricadas a partir da modificação do leite de vaca ou leite de soja. São usadas para substituir ou complementar a alimentação dos bebés durante os primeiros meses de vida. Há um tipo para cada idade: as fórmulas usadas do nascimento até aos seis meses de idade são da etapa 1. Dos seis aos 12 meses de idade são da etapa 2 e a partir de mais de um ano são da etapa 3. Estimamos que esta categoria represente cerca de 4,3% do volume total de vendas das farmácias e são muito procurados, tendo em conta a sua importância na alimentação dos bebés. Tendo em conta a classificação, podemos analisar mais ao detalhe as vendas desta categoria. Os produtos da etapa 1 representam 46% das vendas, seguidos pelos produtos da etapa 3 (29%) e etapa 2 (25%). Figura 1. Quantidade de produtos vendidos por etapaFigura 1. Quantidade de produtos vendidos por etapa Em relação à quantidade de produtos vendidos, percebemos que os produtos da etapa 1 foram também os mais vendidos, representando 36% do total. A seguir temos os produtos da etapa 2, com 33%, e da etapa 3, com 31%. Figura 2. Vendas dos produtos por etapa Percebemos que, apesar dos produtos da etapa 2 terem sido 2% mais vendidos do que os da etapa 3, geraram uma receita 4% menor Isto é justificado pelo preço dos produtos O preço médio dos produtos da etapa 2 é de 7. 300 AOA, enquanto os da etapa 3 custam, em média, 9 300 AOA. Assim, os produtos da etapa 2 geraram uma receita menor por terem preços relativamente menores (redução de 21,5%) que os da etapa 3 Houve também uma variação nos preços desses produtos em relaçã o ao ano passado. O preço dos produtos da etapa 2 diminuiu 2,7%, enquanto os da etapa 3 aumentaram 12,9%. No mesmo período, as vendas dos produtos da etapa 2 aumentaram 14%, enquanto os da etapa 3 diminuíram 25% Em Angola, existem três principais marcas de produtos de fórmulas infantis. Juntas, representam 98% do mercado angolano, sendo que a marca mais vendida representa 76% das vendas, enquanto as outras têm 12% e 10%, respectivamente

Identificamos 25 produtos anti alérgicos que são vendidos nas farmácias 80% destas vendas estão concentradas em sete destes produtos, ou seja, menos de um terço dos produtos. A fatia

Podemos perceber que as fórmulas infantis representam uma boa fatia de mercado das vendas das farmácias. Identificamos como público-alvo as mães e pais dos 25 aos 44 anos, com destaque para as mães, responsáveis por 60% das vendas.

14SAÚDE

Estimamos que a venda dos produtos antialérgicos represente cerca de 1,6% do volume total de vendas das farmácias e 3% de todos os Identificámosmedicamentos.25 produtos anti-alérgicos que são vendidos nas farmácias. 80% destas vendas estão concentradas em sete destes produtos, ou seja, menos de um terço dos produtos. A fatia de mercado de cada um destes sete produtos varia de 6% a 15%, indicando que não há um único produto que domine o mercado de forma significativa. Há alguma variação no preço médio destes produtos, desde o preço mais baixo a 3.900 AOA (14% das vendas) ao mais alto a 9.000 AOA (6% das vendas). Os demais têm uma média de 7.400 AOA. Quem compra anti-alérgicos? Não há muita diferença entre homens e mulheres no consumo de anti-alérgicos. 52% das compras são feitas por homens e 48% por mulheres. Isto era de se esperar, uma vez que as doenças alérgicas não afectam um grupo de pessoas de forma desproporcional. A faixa etária da maioria dos consumidores é de 25 a 44 anos (80% das vendas). Na província de Luanda, a distribuição desta categoria segue a mesma tendência dos demais produtos. Há uma concentração das vendas nos municípios de Luanda (59%), Talatona (15%) e Belas (8%). É também nestes municípios onde há maior oferta dos produtos pelas farmácias: Luanda (59%), Talatona (18%) e Belas (16%).

Na província de Luanda, a maioria das vendas destes produtos está concentrada nos seguintes municípios: Luanda (59%), Talatona (15%) e Belas (14%), num total de 88% das vendas. É também nestes municípios que há maior oferta destes produtos pelas farmácias: Luanda (56%), Belas (21%) e Talatona (12%), num total de 89%. É importante destacar que esta classificação foi feita por municípios.

O município de Talatona inclui a região do Benfica e o município de Belas inclui a centralidade do Kilamba.

Anti-alérgicos Produtos anti-alérgicos são medicamentos usados para tratar as doenças alérgicas. Quando o corpo é exposto a uma substância à qual é alérgico, algumas células produzem histamina. A histamina liga-se às células do corpo, fazendo com que estas inchem. Esta é a reacção característica das alergias. Os antialérgicos impedem a produção de histamina e diminuem esses sintomas e, por isso, são também chamados de anti-histamínicos. São, geralmente, usados no tratamento da rinite alérgica, sinusite, dermatites e outras doenças.

Na província de Luanda, a maioria das vendas destes produtos est á concentrada nos seguintes municípios: Luanda (59%), Talatona (15%) e Belas (14%), total de 88% das vendas . É também nestes municípios que há maior oferta destes produtos pelas farmácias: Luanda (56%), Belas (21%) e Talatona (12%), num total de 89% É importante destacar que esta classificação foi feita por municípios. O município de Talatona inclui a região do Benfica e o município de Belas inclui a centralidade do Kilamba.

Podemos perceber que as fórmulas infantis representam uma boa fatia de mercado das vendas das farmácias. Identificamos como público alvo as mães e pais dos 25 aos 44 anos, com destaque para as mães, responsáveis por 60% das vendas. Anti alérgicos Produtos anti alérgicos são medicamentos usados para tratar as doenças alérgicas. Quando o corpo é exposto a uma substância à qual é alérgico, algumas células produzem histamina. A histamina liga se às células do corpo, fazendo com que e stas inchem. Esta é a reacção característica das alergias. Os anti alérgicos impedem a produção de histamina e diminuem esses sintomas e, por isso, são também chamados de anti histamínicos. São, geralmente, usados no tratamento da rinite alérgica, sinusite, dermatites e outras doenças. Estimamos que a venda dos produtos anti alérgicos represente cerca de 1,6% do volume total de vendas das farmácias e 3% de todos os medicamentos

SAÚDE15 docomCuidadoapeleseubebé +244 926 567 330 Geral@kilogistica.co.ao

ALIMENTARES:ALERGIAS PROBLEMAGRANDE DE SAÚDE PÚBLICAO

16SAÚDE

A PREVALÊNCIA DE DOENÇAS ALÉRGICAS TEM CRESCIDO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS E A ALERGIA ALIMENTAR APRESENTA-SE COMO UMA IMPORTANTE CAUSA DESSE AUMENTO.

presente trabalho teve como objectivo uma revisão de literatura sobre as alergias alimentares, focando, principalmente, na incidência e predisposição nos tipos de alérgenos alimentares na imunopatogénese e nas manifestações clínicas. Para tal, foi realizada uma revisão de literatura onde as bases consultadas foram a PubMed, a LILACS, a SciELO e a AScienceDirect.alergiaalimentar é definida como resposta imunológica adversa aos alimentos proteicos, que afecta cerca de 6% das crianças e 4% dos adultos.

As reacções alérgicas induzidas pelos alimentos são responsáveis por uma variedade de sintomas que envolvem a pele, tracto gastrointestinal e respiratório, podendo ser mediadas, ou não, por IgE celular. Os principais alimentos responsáveis por essas reacções são o ovo, o leite, o amendoim, a soja, as nozes, as castanhas, o trigo, o peixe e os Comocrustáceos.estesalimentos fazem parte do cardápio diário da maioria da população, são necessários estudos actuais de caracterização

PERSPECTIVAENTREVISTA

Dra. Tatiana Ferreira Nutricionista. Licenciatura em Nutrição e Dietética na Universidade de Belas

do alérgeno e dos mecanismos imunológicos, que irão fornecer uma melhor compreensão da imunopatologia dessas doenças e novas formas mais específicas de diagnóstico e de terapêutica.

Alguns mecanismos responsáveis pelo impedimento da imunização desencadeada por antígenos alimentares estão relacionados com o próprio intestino. A produção de muco e de enzimas digestivas funciona como A PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS ALÉRGICAS TEM AUMENTADO EM TODO O MUNDO, ESPECIALMENTE NOS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS. CERCA DE 6% DAS CRIANÇAS COM MENOS DE TRÊS ANOS DE IDADE E APROXIMADAMENTE 4% DA POPULAÇÃO ADULTA SÃO AFECTADOS POR VÁRIAS DESORDENS ALÉRGICAS INDUZIDAS POR ALIMENTOS

Introdução A maioria dos indivíduos ingere cerca de três a seis refeições diariamente, fazendo com que os alimentos estejam envolvidos numa grande variedade de distúrbios, gerando, assim, um balanço negativo que conduz ao aparecimento de algumas patologias, como a obesidade ou a Adesnutrição.prevalência de doenças alérgicas tem crescido nas últimas décadas e a alergia alimentar é um importante factor deste aumento. As alergias alimentares tornaramse um grande problema de saúde pública, estando associadas a um impacto negativo na qualidade de vida da população. Os riscos para o bem-estar aumentam à medida que os alimentos consumidos por uma população são cada vez mais processados e complexos, além de conterem rótulos inadequados. Este artigo de revisão apresenta uma actualização, enfatizando a incidência e predisposição da alergia alimentar nos dias de hoje. Método A revisão de literatura foi realizada com base em periódicos nacionais e internacionais, abordando assuntos na área de alergia Asalimentar.basesconsultadas foram a PubMed, a LILACS, a SciELO, a ScienceDirect, textos didácticos e revisões publicadas, tendo como critérios de inclusão os trabalhos mais representativos nessa área. Absorção de antígenos da dieta O intestino está rotineiramente exposto a uma variedade de macromoléculas de diversas origens, que podem agir como antígenos. A penetração desses antígenos pela via digestiva pode causar repercussões sistémicas, tais como tolerância ou imunização orais.

Estudos têm demonstrado que a indução da tolerância ou da imunização depende de diversos factores, tais como a idade, a raça, a microbiota intestinal, o ambiente e a dose administrada do antígeno.

2. Ferreira CT, Seidman E. Food allergy: a practical update from the gastroenterological viewpoint. J Pediatr (Rio J). 2007;83(1):7-20.

A alergia alimentar aparece, principalmente, nos primeiros dois anos de vida e diminui com a idade. Os alimentos introduzidos durante os primeiros anos de vida, como o leite, o ovo, a soja, o trigo e o amendoim, possuem maior capacidade de induzir reacção alérgica. Essa alergia pode persistir durante toda vida ou desaparecer com o passar dos anos.

O recém-nascido necessita de imunoglobulina A e imunoglobulina M (IgM), cujas concentrações estão ausentes no nascimento e continuam baixas durante os primeiros meses de vida.

Conclusão Nos últimos cinco anos, observou-se um enorme crescimento nos estudos na área da alergia alimentar. Uma das mudanças mais notáveis é a preocupação com o problema, já que os estudos epidemiológicos apontam que 6% das crianças menores de três anos de idade e cerca de 4% da população em geral são afectados por alergias alimentares.

3. Cianferoni A, Spergel JM. Food allergy: review, classi barreia não imunológica à penetração de material antigénico pela via digestiva. A barreira imunológica é gerada pela produção de imunoglobulina A (IgA), que é específica ao antígeno e produzida tanto no lúmen da mucosa como no soro. Essa IgA liga-se a moléculas antigénicas, dificultando a sua penetração no organismo. A imaturidade ou a deficiência desses mecanismos podem comprometer a integridade da mucosa intestinal e permitir o quadro de imunização sistémica. A actividade proteolítica intestinal não alcança níveis maduros até aproximadamente dois anos.

Os dados da literatura relatam vários factores que predispõem o indivíduo às reacções anafiláticas induzidas por alimentos, incluindo história pessoal ou familiar de atopia, idade e dieta. Pacientes atópicos com asma têm risco aumentado de desenvolvimento mais grave de reacções alérgicas alimentares. Estudos recentes feito por universidades de São Paulo e dos Estados Unidos demonstraram que os casais com historial clínico de alergias apresentam maior propensão de terem filhos alérgicos.

Os estudos atuais de caracterização do alérgeno e dos mecanismos imunológicos devem fornecer melhor compreensão da imunopatologia dessas doenças e novas formas mais específicas de diagnóstico e de terapêutica.

A alergia alimentar na fase infantil tem sido relacionada com o desenvolvimento de colite ulcerativa e Doença de Crohn na fase adulta. Alérgenos alimentares Durante os últimos 10 anos, muitos alérgenos foram identificados e caracterizados tanto bioquímica como imunologicamente. Esses estudos demonstraram que a resposta alérgica depende da integridade estrutural da proteína, onde epítopos ligantes à IgE são responsáveis pela actividade funcional alergénica.

18SAÚDE

1.Referências:SichererSH, Sampson HA. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2010;125(2 Suppl 2):S116-25.

Alergia alimentar: definições A alergia alimentar é definida como uma resposta imunológica adversa aos antígenos alimentares. A Organização Mundial de Alergia (World Allergy Organization) propôs, em 2003, uma nova nomenclatura, definindo a alergia alimentar como um grupo de distúrbios gastrointestinais com resposta imunológica anormal ou exagerada, que aparecem após a ingestão de determinadas proteínas alimentares que podem ser medidas por IgE, ou Outrasnão.reacções adversas aos alimentos não mediadas imunologicamente podem ser causadas por vários mecanismos, como deficiências de enzimas digestivas (intolerância à lactose ou toxinas). A hipersensibilidade alimentar é uma reacção clínica adversa que se manifesta após a ingestão de alérgenos presentes em alguns Oalimentos.termohipersensibilidade deve ser usado para descrever sintomas ou sinais reprodutíveis causados pela exposição a esses Umalérgenos.outrotermo utilizado nos estudos da alergia alimentar é a atopia, que é caracterizada por uma combinação genética, impelida por uma indução de anticorpo IgE ao alérgeno alimentar. Incidência e predisposição Durante as últimas décadas, a prevalência das doenças alérgicas tem aumentado em todo o mundo, especialmente nos países industrializados. Cerca de 6% das crianças com menos de três anos de idade e aproximadamente 4% da população adulta são afectados por várias desordens alérgicas induzidas por alimentos.

Aconsciencialização pública sobre saúde e doença nunca foi tão pronunciada como nos últimos anos, com as doenças infecciosas, o cancro e a saúde mental a estarem no topo das agendas. É interessante, portanto, que a doença crónica mais comum, actualmente, não caia em nenhuma destas categorias, apesar de estar a crescer silenciosamente. As alergias afectam até 30% das pessoas, em grande parte crianças e jovens, e mostram poucos sinais de abrandamento. As opções de tratamento também são bastante restritas, o que significa que há um aumento dos encargos para os sistemas de saúde e uma necessidade premente de novas soluções terapêuticas e de diagnóstico.

DESVENDAR A RESPOSTA IMUNITÁRIA, EM TEMPO REAL, NA ALERGIA AO AMENDOIM É O OBJECTIVO DE UM ESTUDO DESENVOLVIDO PELOS INVESTIGADORES DO INSTITUTO DE SAÚDE DO LUXEMBURGO (LIH, NA SIGLA EM INGLÊS). NESTA QUE É A PRIMEIRA INVESTIGAÇÃO DO GÉNERO, FOI POSSÍVEL IDENTIFICAR MARCADORES BIOLÓGICOS EM CRIANÇAS, QUE PODERÃO AJUDAR A AVALIAR COMO E EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS O CORPO PODE REAGIR, O QUE CONTRIBUIRÁ PARA CRIAR MELHORES TRATAMENTOS E ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DESTE TIPO DE ALERGIAS.

A Dra. Annette Kuehn e os seus colegas do Departamento de Infecção e Imunidade (DII) do LIH têm procurado resolver esta necessidade, monitorizando as reacções imunitárias antes e durante o aparecimento de sintomas alérgicos na ingestão de amendoins. “As alergias alimentares têm disparado nas últimas duas décadas e não há fim à vista para esse aumento de prevalência. Inicialmente, tratava-se sobretudo de uma doença pediátrica (cerca de 5% nos pré-escolares), mas, hoje em dia, cada vez mais adultos são afectados. As opções terapêuticas são limitadas, por isso, há uma grande necessidade de acção neste domínio”, avisa a Dra. Annette Kuehn.

20SAÚDE NOTÍCIA ESTUDO INOVADOR VAI MAPEAR ALERGIAS EM TEMPO REAL

1.ª investigação do género Este foi o primeiro estudo do género a investigar este aspecto dependente da resposta imunitária em seres humanos, tornando-se um marco no campo. Foram avaliadas 26 crianças com uma idade média de sete anos e meio, bem como sete adultos tolerantes a amendoins incluídos como controlo. As amostras foram retiradas dos participantes antes, durante e uma hora após o início de quaisquer sintomas, após a administração de doses controladas de amendoim sob supervisão médica no CHL. Pelos seus resultados, a equipa conseguiu tirar conclusões encorajadoras. Em primeiro lugar, a partir das assinaturas imunitárias dos participantes, foi possível discriminar entre aqueles com ou sem resposta alérgica. Nos casos de uma resposta alérgica, verificou-se geralmente que as células imunitárias específicas do sangue tendiam a ser menos numerosas, mas com uma expressão acrescida de “marcadores de localização”, indicações de que estas células estão mais bem equipadas para entrar nos tecidos afectados, resultando em sintomas. Os pacientes sem uma resposta alérgica, apesar de terem recebido uma dose de alergénio suficientemente alta, ainda apresentavam sinais de inflamação contínua, mas de uma forma muito mais controlada, com células menos capazes de penetrar nos tecidos afectados.

Um dos maiores problemas com as alergias alimentares é que se manifestam de forma extremamente personalizada. Alguns pacientes experimentam sintomas no tracto gastrointestinal, alguns na pele, outros asma aguda grave ou inchaço na garganta, com diferentes graus de gravidade com base em diferentes limiares do alergénio. A severidade da alergia alimentar numa base individual é difícil de prever. Como resultado, isto pode dificultar muito o trabalho dos médicos que tentam avaliar uma resposta alérgica. No novo estudo liderado pela Dra. Anette Kuehn e pelo Professor Markus Ollert, em estreita colaboração com o parceiro médico Dr. MorelCodreanu da Unidade Nacional de AlergologiaImunologia do Centro Hospitalar do Luxemburgo (CHL), o objectivo era procurar diferentes marcadores biológicos no sangue de crianças com suspeitas de alergia a amendoins, ao longo de uma exposição controlada. Ao fazê-lo, o objectivo dos investigadores era identificar marcadores que lhes permitissem prever como um indivíduo poderia responder à exposição ao amendoim. Estas previsões podem incluir não só se uma criança reagiria ou não aos amendoins, mas com que sintomas e com base na quantidade de amendoim. Isto poderia, portanto, funcionar como uma poderosa ferramenta de diagnóstico para os médicos, eliminando a necessidade de abordagens laboriosas e dispendiosas.

Um segundo sucesso foi a capacidade de identificar grupos de crianças que toleravam doses maiores ou inferiores de amendoins antes de desenvolverem uma resposta alérgica, baseada em variações na abundância de certos glóbulos brancos e outras células imunitárias chave. Os resultados foram mesmo capazes de determinar se os sintomas experimentados estavam principalmente relacionados com a pele ou tracto gastrointestinal. Como tal, isto significa que este tipo de análise poderá revelar-se extremamente útil no diagnóstico e monitorização de respostas alérgicas. “Este é o primeiro estudo em humanos a analisar directamente a resposta imune in-vivo durante as reacções alérgicas aos alimentos. Não só os biomarcadores de sangue poderão ajudar a reduzir os desafios alimentares de diagnóstico, mas o conhecimento que ganhamos, analisando a nossa resposta imune in-vivo, pode, em última análise, permitir-nos tratar melhor e prevenir alergias alimentares no futuro”, explica a estudante de doutoramento e co-autora do estudo, Rebecca OCzolk.estudo foi recentemente publicado na revista académica “Allergy”, sob o título completo “Highdimensional immune profiles correlate with phenotypes of peanut allergy during food-allergic reactions”.

SAÚDE21

22SAÚDE PERSPECTIVA PELE: UM DOS ÓRGÃOS FREQUENTEMENTEMAIS ACOMETIDOS POR ALÉRGICOSPROCESSOS

Quando falamos em doenças alérgicas, as mesmas são muito frequentes e a sua gravidade também é muito variável, pelo que o diagnóstico realizado por um especialista e o tratamento adequado são fundamentais.

Existem vários factores que podem estar relacionados com as alergias, desde a genética ao estilo de vida, poluição, consumo de medicamentos, entre outros. Na maioria dos casos, possuem origem genética, podendo também surgir em qualquer fase da vida do indivíduo. Assim, uma pessoa que nunca teve alergia a um determinado agente/factor pode, surpreendentemente, desenvolver o distúrbio ao longo do tempo.

Os produtos a aplicar nestas regiões devem ser hipoalergénicos e calmantes, com vista a aliviar o desconforto e a acalmar a irritação na pele e, simultaneamente, hidratantes. Um outro aliado importante poderá ser a água termal, excelente nos casos de alergia cutânea pelas suas características anti-inflamatórias, calmantes e hidratantes. Noutras situações, poderá ser necessário recorrer a outro tipo de medidas, como os anti-histamínicos. Neste caso, deve optarse pelos de segunda geração, pela maior Oselectividade.recursoacorticóides também pode ser necessário, como é o caso da hidrocortisona ou mometasona, que ajudam a aliviar os sintomas da alergia. Porém, estes medicamentos não devem ser utilizados sem acompanhamento do dermatologista devido ao seu efeito rebound. Não é possível prevenir alergias, contudo, é possível prevenir comportamentos de risco. Para começar, deve-se evitar o contacto directo com as substâncias com as quais sabemos que o indivíduo é alérgico. Evitar o contacto com potenciais alérgenos e a manutenção de uma pele saudável são Emfundamentais.casodedúvidas ou suspeitas, o ideal é consultar o dermatologista, pois é o especialista indicado para identificar e tratar este tipo de problemas.

A pele é um dos órgãos mais frequentemente acometidos por processos alérgicos, sendo que as alergias cutâneas também podem ter diferentes causas e manifestações, desde regiões da pele como mãos, pés, braços, axilas, pescoço, pernas, entre outras zonas corporais.

Quando nos referimos à sintomatologia das alergias cutâneas, cada indivíduo apresenta as suas próprias manifestações clínicas. Além disso, cada organismo tende a reagir de forma única, o que origina uma grande variação do quadro sintomatológico. Contudo, podemos sintetizar os principais sintomas em: Comichão Vermelhidão na pele Descamação Irritação Rash cutâneo (presença de manchas ou Estaborbulhas).sintomatologia aparece logo após o contacto com o alérgeno, ou pode demorar horas ou dias até ao seu desenvolvimento. Como tratar? Normalmente, as alergias cutâneas são problemas que causam ao paciente algum desconforto, sendo consideradas dermatites não contagiosas, não havendo, portanto, qualquer problema da partilha de objectos ou transmissão para outros. Idealmente, assim que surgem os primeiros sintomas, é importante lavar abundantemente com água e sabão, sendo que este deve ter um pH neutro.

23SAÚDE A 8 DE JULHO, CELEBRA-SE O DIA MUNDIAL DA ALERGIA, UMA DATA INSTITUÍDA PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE QUE VISA ALERTAR A POPULAÇÃO PARA OS INÚMEROS TIPOS DE ALERGIAS. MAS, AFINAL, O QUE SÃO ALERGIAS?

As alergias são consideradas respostas exageradas do nosso organismo após o contacto com determinado ambiente, podendo-se mesmo caracterizá-las como um “excesso de defesas”, por oposição a outras situações clínicas com que nos deparamos, em que o nosso organismo tem falta de defesas.

INTRODUÇÃO PRECOCE DE ALIMENTOS PODE REDUZIR RISCO DE ALERGIAS EM CRIANÇAS OS BEBÉS QUE CONSUMIRAM PEQUENAS PORÇÕES DE AMENDOIM, LEITE DE VACA, TRIGO E OVO, A PARTIR DOS TRÊS MESES, APRESENTARAM UM RISCO MENOR DE DESENVOLVER ALERGIA AOS ALIMENTOS, AOS TRÊS ANOS DE IDADE. A CONCLUSÃO É DE UM ESTUDO CONDUZIDO NA SUÉCIA E NA NORUEGA, PUBLICADO NA REVISTA CIENTÍFICA THE LANCET. NOTÍCIAENTREVISTA

quatro grupos, que passaram por intervenções diferentes durante o período de avaliação. O primeiro grupo, o de controlo, reuniu bebés que não foram expostos aos alimentos em nenhum momento. O segundo envolveu os expostos a contacto cutâneo, por exemplo, por meio de cremes contendo esses ingredientes. Já no terceiro ficaram os bebés que consumiram pequenas porções desses alimentos com regularidade, a partir dos três meses. No último, foram enquadrados os que passaram por uma combinação da ingestão e contacto pela pele. O amendoim foi introduzido primeiro, seguido pelo leite de vaca, após uma semana, e depois a farinha de trigo e o ovo. Os pais foram instruídos a deixarem o bebé provar a comida, pelo menos, quatro dias por semana, junto com sua alimentação regular. Após os seis meses de idade, foram encorajados a incluir os quatro alimentos como parte da dieta regular da criança. “Estamos a falar de pequenas quantidades - um bebé chupando um dedo coberto com manteiga de amendoim, digamos, ou saboreando de uma colher de chá”, explica o Dr. Björn Nordlund, líder do grupo de pesquisa do Departamento de Saúde da Mulher e da Criança do Instituto Karolinska. Incidência de alergias Quando os bebés atingiram os três anos, os investigadores analisaram a incidência de alergias nos quatro grupos. Foram diagnosticadas alergias alimentares em 44 das crianças: 32 ao amendoim, 12 ao ovo e quatro ao leite de vaca. A alergia alimentar foi diagnosticada em 14 (2,3%) dos 596 bebés do grupo de não intervenção, 17 (3%) dos 574 bebés do grupo de intervenção cutânea, seis (0,9%) dos 641 bebés do grupo de intervenção alimentar e sete (1,2%) dos 583 bebés do grupo de intervenção combinada. Na Suécia, as recomendações da Agência Nacional de Alimentos sobre alimentação infantil sugerem que os bebés experimentem alimentos regulares, a partir dos quatro meses de idade, desde que as quantidades sejam pequenas o suficiente para não comprometerem a amamentação. No estudo, a introdução dos alimentos a partir de três meses não afectou o aleitamento materno, com cerca de 90% dos bebés em todos os grupos a continuarem a ser amamentados até, pelo menos, aos seis meses. No entanto, a Organização Mundial da Saúde orienta que, até aos seis meses, o bebé seja alimentado exclusivamente com leite materno. Após essa idade, pode ser incluída a alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até ao segundo ano de vida da criança ou mais.

As alergias alimentares, que podem causar desde reacções alérgicas leves a agudas, que podem colocar em risco a própria vida, afectam 2% a 5% das crianças. Alguns estudos anteriores tinham já indicado que a introdução precoce de alimentos alergénicos, como amendoins e ovos, pode reduzir o risco de alergias alimentares em crianças sensíveis. No entanto, faltavam provas de que poderia ser eficaz nas crianças em geral. Os resultados do novo estudo “Early food intervention and skin emollients to prevent food allergy in young children (PreventADALL): a factorial, multicentre, cluster-randomised trial” do Instituto Karolinska (Suécia), do Hospital Universitário Karolinska de Estocolmo (Suécia), da Universidade de Oslo (Noruega) e do Hospital Trust de Östfold (Noruega), que envolveu 2.397 bebés, mostram que as crianças que foram expostas precocemente a alguns alimentos tinham um risco de 1,1% de desenvolver uma reacção alérgica a um dos alimentos introduzidos aos três anos de idade, em comparação com um risco de 2,6% entre as crianças que não tinham qualquer Paracontacto.chegar a esta conclusão, os investigadores dividiram aleatoriamente os bebés da Suécia e da Noruega em

25SAÚDE

Dr. Djalme Fonseca Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

26SAÚDE ALERGIAS OCULARES PODEM AFECTAR A VISÃO TAL COMO AS RESTANTES ALERGIAS PODEM AFECTAR O NOSSO ORGANISMO, AS ALERGIAS OCULARES PODEM AFECTAR SERIAMENTE A QUALIDADE DE VIDA E QUOTIDIANO DOS PACIENTES. OCULARRUBRICA

Quais são os sintomas da alergia ocular? De acordo com a alergia ocular contraída pelos pacientes, os sintomas podem variar consideravelmente, contudo, podemos sintetizá-los pelos mais comuns: Vermelhidão Coceira Sensibilidade à luz Sensação de dor Sensação de ardor e queimadura Inchaço da pálpebra Inchaço da conjuntiva Diminuição da visão Nariz escorrendo ou espirros

Em primeiro lugar, vamos definir o que é uma alergia ocular. Trata-se de uma reacção inflamatória da superfície do olho a partículas (alérgenos) no ambiente. É bastante comum e afecta pessoas de todas as idades. A inflamação pode ser assintomática ou causar sintomas dramáticos e, em casos graves, perda grave de visão. Existem diversos tipos de alergias oculares que, de acordo com o tipo e intensidade, podem afectar a visão de forma mais ou menos complexa, com menor ou maior gravidade. Quais são os diferentes tipos de alergia ocular? Para percebermos melhor, vamos agrupar e classificar as alergias oculares. Existem cinco

Estas duas últimas são doenças potencialmente causadoras de cegueira, exigindo um cuidado ainda maior por parte dos pacientes que venham a sofrer desta patologia. O que causa a alergia ocular? A exposição de indivíduos susceptíveis a alérgenos, como pólen ou pêlos de animais, pode permitir que essas partículas se liguem a receptores de anticorpos especiais que desencadeiam uma cascata de eventos inflamatórios, envolvendo a libertação de histamina e a activação de células inflamatórias chamadas mastócitos (e, por vezes, em menor número de eosinófilos).

• Ceratoconjuntivite atópica (CCA), também grave, com sintomas alérgicos pronunciados, e associada a alergia sistémica e atopia.

•tipos:Conjuntivite alérgica sazonal, ou conjuntivite da febre do feno, que ocorre durante certas estações, quando os alérgenos ambientais são mais abundantes • Conjuntivite alérgica perene, que é semelhante, mas dura um ano

• Conjuntivite papilar gigante (GPC), resultado de partículas que aderem às lentes de contacto, que fazem com que grandes montes de células inflamatórias se acumulem sob a superfície interna da pálpebra

Como descrito anteriormente, as alergias oculares podem ser assintomáticas, ou mais provavelmente como não percebidas, o que obriga o paciente a uma consulta com o seu oftalmologista para o devido tratamento e terapêutica medicamentosa.

Que outras condições médicas estão associadas à alergia ocular?

A alergia ocular pode ocorrer por forma espontânea, mas geralmente ocorre em conjunto com rinite alérgica ou sinusite. Não é incomum ver quem sofre de alergia ter outras doenças sistémicas, como eczema ou asma, especialmente no AKC.

Ceratoconjuntivite vernal (CCV), uma forma grave, geralmente ocorrendo em pacientes mais jovens e em climas quentes, que, de um modo geral, causa secreções mucosas espessas e fibrosas e vermelhidão e coceiras intensas

27SAÚDE

Partículas que aderem às lentes de contacto, ou mesmo alguns colírios tópicos, também podem ser gatilhos desencadeadores de alergias oculares. A histamina faz com que os vasos sanguíneos vazem fluidos, proteínas e células inflamatórias na área de exposição, causando muitos dos sintomas de alergia. As células inflamatórias podem propagar, ainda mais, a resposta e, em alergia ocular grave, como VKC ou AKC, podem libertar enzimas que danificam a córnea, levando ao crescimento de novos vasos sanguíneos, cicatrizes e perda permanente da visão.

Como a alergia ocular é diagnosticada? Vermelhidão e outros sintomas que ocorrem junto com as alergias sazonais, ou em certas épocas do ano, também sugerem alergia.

Compressas frias ajudam a aliviar os sintomas e podem diminuir a inflamação. A terapia tópica com colírios, que combatem tanto a histamina quanto os mastócitos, tornouse uma importante arma contra a alergia, podendo ser usada diariamente.

Medicamentos anti-alérgicos orais podem ser usados para tratar alergias sazonais, juntamente com os sintomas oculares de condução do Tambémcomponente.éimportante tratar quaisquer condições coexistentes que possam afectar a superfície do olho. A terapia imunomoduladora com ciclosporina oral também pode ser usada para casos graves e não responsivos de CCA com sucesso.

Abster-se do uso de lentes de contacto, temporária ou permanentemente, pode ser a única solução para os pacientes com GPC. Aqueles com GPC em desenvolvimento podem ser aconselhados a limitar o uso de lentes de contacto para que não desenvolvam intolerância completa às Qualquerlentes. pessoa com alergias crónicas ou graves deve consultar um alergologista, que pode realizar testes de diagnóstico de alergia, fazer recomendações para tratar a alergia sistémica e, se necessário, fornecer injecções regulares para ajudar a limitar as reacções. A cirurgia da córnea pode ser tentada para aqueles com cicatrizes na córnea central ou nos casos em que a fricção crónica dos olhos resultou em astigmatismo irregular grave ou queratocone.

28SAÚDE

A revisão do histórico médico de eczema e asma e um histórico familiar de doença alérgica também são importantes.

Em suma, é de extrema importância que os pacientes com sintomas que possam ser indicativos de alergias oculares consultem, o mais breve possível, o seu profissional de saúde ocular para impedir que problemas mais complexos e mais graves, como a cegueira, possam afectá-los.

É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA QUE OS PACIENTES COM SINTOMAS QUE POSSAM SER INDICATIVOS DE ALERGIAS OCULARES CONSULTEM, O MAIS BREVE POSSÍVEL, O SEU PROFISSIONAL DE SAÚDE OCULAR PARA IMPEDIR QUE PROBLEMAS MAIS COMPLEXOS E MAIS GRAVES, COMO A CEGUEIRA, POSSAM AFECTÁ-LOS

A análise da biópsia conjuntival, às vezes, pode sugerir alergia em pacientes com conjuntivite crónica. Quais são as complicações da alergia ocular? As complicações da alergia ocular, além do agravamento debilitante, não são comuns. A fricção crónica dos olhos pode eventualmente resultar numa mudança na sua curvatura, tornando-a mais parecida com um cone do que com uma esfera, uma condição chamada queratocone. A má saúde da córnea pode torná-la mais susceptível a infecções. Quando a doença é grave, novos vasos sanguíneos e cicatrizes que ocorrem na córnea podem causar grandes diminuições na visão e só podem ser reparados por cirurgia.

Os corticosteroides tópicos são úteis para controlar a inflamação activa, mas todos os esforços para tratar sem dependência de esteroides devem ser feitos, para evitar outras complicações desses medicamentos; um corticosteroide tópico leve, às vezes, é necessário.

Qual é o tratamento para alergia ocular? Evitar o desencadeamento de alérgenos é a forma número um de tratar a alergia. Outras medidas conservadoras costumam ser bem-sucedidas no tratamento de alergias leves e incluem o uso frequente de colírios lubrificantes, refrigerados, se possível, e de preferência sem conservantes.

A resposta dos sintomas à medicação antialérgica pode ajudar a indicar se a alergia está Testesenvolvida.de alergia e revisão da vida do paciente, de cima para baixo, podem revelar possíveis fontes, algumas que existem há anos e desconhecidas para o paciente, como causadoras da inflamação.

O exame com lâmpada de fenda (efectuado durante a consulta de oftalmologia ou optometria), geralmente, revela inchaços característicos na conjuntiva, especialmente sob as pálpebras superiores e inferiores, que correspondem a inchaço e colecções de células Raramente,inflamatórias.casos graves podem mostrar disseminação de novos vasos sanguíneos em direcção ao meio da córnea, geralmente irreversível, ou, pior ainda, cicatrização e crescimento da conjuntiva em toda a córnea, levando à perda quase completa da visão.

ATAQUES RANSOMWAREDE A ORGANIZAÇÕES DESAÚDE AUMENTARAM 94% EM 2021 A SOPHOS, FORNECEDOR GLOBAL DE SOLUÇÕES DE CIBERSEGURANÇA, PUBLICOU UM NOVO RELATÓRIO SOBRE O SECTOR DA SAÚDE, “THE STATE OF RANSOMWARE IN HEALTHCARE 2022”. OS RESULTADOS REVELAM UM AUMENTO DE 94% NOS ATAQUES DE RANSOMWARE ÀS ORGANIZAÇÕES INQUIRIDAS. A PROPORÇÃO DE ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE DIRECTAMENTE AFECTADAS PELO RANSOMWARE QUASE DUPLICOU EM 12 MESES: DE POUCO MAIS DE UM TERÇO, EM 2020, PARA DOIS TERÇOS, EM 2021. DE FACTO, EM 2021, 66% SOFREU UM ATAQUE, CONTRA 34% NO ANO ANTERIOR. Oaumento dos ataques bem-sucedidos de ransomware faz parte de um ambiente de ameaças cada vez mais desafiante que afectou mais os cuidados de saúde do que qualquer outro sector. Os cuidados de saúde registaram o maior aumento do volume de ciberataques (69%) e da complexidade dos mesmos (67%), face à média transversal de 57% e 59%, respectivamente. Em termos do impacto destes ciberataques, os cuidados de saúde foram o segundo sector mais afectado (59%), em comparação com a média global de 53%. “Os ataques de ransomware a organizações de saúde são mais complexos do que noutras indústrias, tanto em termos de protecção como de recuperação”, explica John Shier, Senior Security Expert da Sophos. “Os dados que as organizações de saúde recolhem são extremamente sensíveis e valiosos, o que os torna muito apetecíveis para os atacantes. Para além disso, a necessidade de acesso eficiente e generalizado a este tipo de dados – para que os profissionais de saúde possam prestar os cuidados adequados – implica que a típica autenticação de dois factores e as tácticas de defesa Zero Trust nem sempre sejam viáveis. Isto deixa as organizações de saúde particularmente vulneráveis e, quando atacadas, muitas optam por pagar um resgate para manter o acesso aos dados pertinentes e, muitas vezes, fundamentais para salvar a vida dos pacientes. Devido a estes factores únicos, as organizações de saúde necessitam de ampliar as suas defesas contra o ransomware, combinando a tecnologia de segurança com ‘threat hunting’ liderado por humanos, para se defenderem contra os ciberatacantes sofisticados de hoje em dia”

30SAÚDE

O desafio do ransomware que as organizações enfrentam continua a crescer. A proporção de organizações de saúde directamente afectadas quase duplicou em 12 meses, de pouco mais de um terço, em 2020, para dois terços, em 2021. O ransomware tem impacto nas

ANÁLISEENTREVISTA

SAÚDE31 operações de saúde, negócios e receitas. De acordo com o estudo, as organizações de saúde registaram o segundo maior custo médio de recuperação de um ataque de ransomware (1,85 milhões de dólares), levando, em média, uma semana a recuperar do Masmesmo.embora as organizações de saúde sejam as que mais frequentemente pagam o resgate dos dados (61%), são também as que pagam o menor valor médio (aproximadamente 197 mil dólares). Das organizações que pagaram o resgate, apenas 2% recebeu todos os seus dados de volta. O lado positivo é, no entanto, que as instituições do sector da saúde estão a melhorar a sua forma de lidar com as consequências dos ataques de ransomware. De acordo com os dados do inquérito, 99% recebeu de volta, pelo menos, alguns dos seus dados após os cibercriminosos os terem encriptado durante os Háataques.também cada vez mais organizações da área da saúde (78%) a optar por contratar ciberseguros. Contudo, 93% reporta mais dificuldades em obter cobertura de apólices no último ano. Com o ransomware a ser o maior impulsionador de pedidos de seguros, 51% relata que o nível de cibersegurança necessário para se qualificar é maior, colocando mais pressão sobre as instituições de saúde com orçamentos mais baixos e menos recursos técnicos disponíveis. Melhores práticas À luz dos resultados do inquérito, os especialistas da Sophos recomendam algumas melhores práticas para todas as organizações, em todos os sectores:

• Procurar proactivamente ameaças para identificar e deter os adversários antes que estes possam executar os seus ataques. Se a equipa não tiver tempo ou competências para o fazer internamente, sugere-se a subcontratação de um especialista em Detecção e Resposta Geridas (Managed Detection and Response – MDR)

Alguns dados a reter sobre o sector da saúde: 66% atingido por ransomware no ano passado 61% dos ataques resultou em encriptação de dados 69% de aumento do volume de ciberataques, o mais alto em todos os sectores 67% de aumento da complexidade dos ciberataques, o mais alto em todos os sectores 59% de aumento do impacto dos ciberataques, o segundo mais alto em todos os sectores

• Estar preparado para o pior. Saber o que fazer se ocorrer um ciberataque e manter o plano de acção actualizado.

• Fazer backups e praticar o seu restauro, para que a organização possa voltar a funcionar o mais rapidamente possível, com o mínimo de transtorno

• Reforçar o ambiente de tecnologias da informação, procurando e colmatando as principais lacunas de segurança: dispositivos sem patches, máquinas desprotegidas e portas de Remote Desktop Protocol abertas. As soluções de Detecção e Resposta Ampliadas (Extended Detection and Response – XDR) são ideais para ajudar a suprir estas lacunas

• Instalar e manter defesas de alta qualidade, em todos os pontos do ambiente de uma organização. Rever regularmente os controlos de segurança e certificar-se de que continuam a satisfazer as necessidades da organização

Entretanto, novos estudos sobre a Covid longa podem dar novos dados a respeito da coagulação sanguínea, encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crónica (ME/CFS) e outras condições que têm sido associadas ao vírus. A obesidade e os níveis de vitaminas, nomeadamente de vitamina D, também estão sob o microscópio, enquanto a telemedicina, a medicina digital (HealthTech) e o aumento da colaboração já estão a reformular a forma como os cuidados de saúde públicos são prestados.

O relatório “COVID-19: Como a pandemia acelerou o Futuro da Assistência Médica” da Allianz Partners examina, assim, o impacto da pandemia no futuro da assistência médica, da ciência e da tecnologia. Desenvolvido pelo futurista Ray Hammond, explora a aceleração sem precedentes das tendências. “Como resultado da Covid-19, o futuro, de repente,

FUTURO

O MÉDICAASSISTÊNCIADA

A COVID-19 PROVOCOU A MORTE DE MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO. NO ENTANTO, AS INOVAÇÕES MÉDICAS RESULTANTES DA PANDEMIA PODEM VIR A SALVAR A VIDA DE TAMBÉM MILHÕES, REVELA UM NOVO ESTUDO SOBRE O FUTURO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA.

Os progressos em áreas-chave da investigação médica foram acelerados em 10 vezes durante a pandemia de Covid-19, resultando na utilização de novos tratamentos e medicamentos muito antes do que havia sido previsto. Os métodos de prestação de cuidados de saúde públicos também foram transformados pelas lições aprendidas à medida que o mundo continuava, e ainda continua, a monitorizar e a conter a propagação do vírus. Mas este progresso teve um custo terrível. Em pouco mais de dois anos, a pandemia reclamou mais de 15 milhões de vidas e ainda não acabou. Tem sido um desastre para as pessoas em todo o mundo, para os serviços de saúde, para as economias e para a sociedade. Nas próximas décadas, iremos sofrer por aqueles que perdemos e, ao mesmo tempo, pelos enormes custos económicos e sociais derivados da pandemia. Em termos económicos, o Fundo Monetário Internacional estima que já custou à economia mundial mais de 12,5 biliões de dólares. As lições aprendidas – e as novas normas de investigação que, entretanto, se solidificaram – estão, contudo, a transformar a ciência médica. Espera-se agora que os milhares de milhões (de dólares, euros, ienes, etc.) investidos em vacinas e investigação conexa produzam dividendos médicos e científicos que continuarão a proporcionar benefícios durante décadas. O mundo está à beira de uma série de avanços potencialmente significativos, principalmente graças à investigação em curso sobre vacinas de alta tecnologia, baseadas em genes, que podem agora beneficiar pacientes com cancro, doenças cardíacas, bem como uma série de doenças infecciosas.

32SAÚDE ANÁLISEENTREVISTA COVID-19 TRAÇA

A Universidade de Oxford, no Reino Unido, trabalhou com a farmacêutica AstraZeneca para produzir uma “vacina vectorial” altamente eficaz. Neste tipo de vacina, o material genético do vírus é colocado dentro de uma versão modificada de um vírus diferente (no mesmo vector viral). As vacinas vectoriais virais não fazem com que o receptor seja infectado com o vírus da Covid-19 ou com o vírus do vector viral. Uma vacina vectorial alternativa também foi produzida pela Janssen/ Johnson & Johnson.

Ao longo de um ano, naquela que foi a maior campanha de vacinação da história, foram administradas mais de 11,9 mil milhões de doses em 184 países, de acordo com dados recolhidos pela Bloomberg. A última taxa foi de cerca de 20,8 milhões de doses por dia. Nunca a imunização em massa tinha sido realizada tão rapidamente e numa escala tão gigantesca. Em Dezembro de 2021, mais de 4,4 mil milhões de pessoas já tinham recebido uma ou mais doses de uma das

ficou um pouco mais próximo, especialmente em termos de inovações na medicina e na assistência médica. Muitas das minhas previsões de 2019 já se tornaram realidade. Assim, este relatório solicitado pela Allianz Partners é extremamente oportuno. A pandemia levou muitas vidas e vamos lamentar a perda dessas pessoas para sempre. No entanto, esse momento terrível na nossa história também teve uma consequência muito positiva: a transformação na ciência e na assistência médica. Esperamos que a pesquisa sobre ataques cardíacos, doenças mortais e outras condições médicas salve muitas vidas, nos próximos anos”, comenta Ray Hammond. Vasto potencial das tecnologias mRNA O avanço mais significativo na medicina, desde o início da pandemia, foi o rápido desenvolvimento, implementação e aplicação de tecnologias genéticas mRNA. As vacinas criadas pela PfizerBioNTech e pela Moderna em menos de um ano empregam essas tecnologias para combater a Covid-19. Quando decorreram os ensaios clínicos destas vacinas geneticamente modificadas, foi a primeira vez que as terapias de mRNA foram testadas em humanos. Mas embora o conceito seja novo para o público, a investigação sobre o mRNA existe desde o início dos anos 90. As vacinas tradicionais treinam o sistema imunitário expondo-o a versões inofensivas de vírus inteiros. O corpo aprende a reconhecer as principais características do vírus, como a famosa proteína spike do SARS-CoV-2. Normalmente, o desenvolvimento de vacinas para um novo vírus demora entre 10 e 15 anos, mas estas novas vacinas mRNA forneceram uma forma mais elegante de atingir o mesmo objectivo em menos de um ano. Uma segunda nova tecnologia foi usada para acelerar a produção de vacinas contra a Covid-19.

a pandemia está a obrigar os prestadores de cuidados de saúde a adoptar práticas de trabalho que só deveriam ser utilizadas, de um modo generalizado, em meados de 2030. Um relatório original intitulado “O futuro da saúde e do bem-estar” previa que a assistência médica seria realizada de forma remota, até 2040, usando tecnologia digital. Mesmo que apenas 20% dos pacientes usasse as novas tecnologias para assumir mais responsabilidade pelo seu bemestar, nos próximo 10 anos, a sobrecarga nos consultórios e nos hospitais seria substancialmente Areduzida.Covid-19 acelerou essa prática de forma drástica, já que o uso da telemedicina, das enfermarias virtuais e da tecnologia se tornou comum em todo o mundo.

Adopção acelerada da tecnologia na saúde O relatório original previa, então, que, em pouco tempo, os pacientes bem informados estariam a monitorizar a sua própria pressão arterial, níveis de glicose no sangue, níveis de potássio

A implementação de novas tecnologias e da saúde digital reduziu muito a sobrecarga dos hospitais e dos médicos, durante a pandemia, e essas tendências vieram para ficar. Por exemplo, pacientes não críticos podem ser tratados em casa, através de uma enfermaria virtual equipada com uma série de sensores corporais, incluindo oxímetros de dedo, que medem os níveis de oxigénio na corrente sanguínea. Outros sensores detectam e registam os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, os padrões de sono, os níveis de glicose no sangue, os níveis de respiração e a actividade eléctrica do coração. Pacientes com problemas respiratórios podem usar um estetoscópio sem fios, que permite ao médico escutar remotamente o seu desempenho pulmonar. Para os bebés, existem “meias inteligentes” para monitorizar os sinais vitais.

34SAÚDE

vacinas - cerca de 56% da população mundial. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, publicado nesse mesmo mês, estimou que 470 mil mortes tenham sido evitadas, em 33 países, em europeus com idade igual ou superior a 60 anos. Hoje, as novas tecnologias desenvolvidas para produzir vacinas a esta velocidade estão a ser alavancadas para desenvolver mais tratamentos. Investigadores da Yale School of Medicine, em parceria com a farmacêutica Novartis, estão a trabalhar numa vacina contra a malária, que em 2021 continuou a ser a principal causa de morte por doenças infecciosas: mais de 600 mil pessoas, na sua maioria crianças pequenas. Poderá ser testada, pela primeira vez, em seres humanos dentro de dois anos. No King’s College London está a ser desenvolvido um estudo em animais que mostra que é possível regenerar com sucesso o tecido do coração danificado durante ataques cardíacos. O novo tratamento mRNA tem o potencial de transformar a medicina cardiovascular e é provável que evite que milhões de futuras vítimas de ataque cardíaco desenvolvam insuficiência cardíaca. Por sua vez, a Moderna já iniciou testes para uma vacina contra o HIV. Se for bem-sucedida, uma única dose oferecerá protecção vitalícia contra o vírus que pode levar ao desenvolvimento da SIDA. E a mesma tecnologia mRNA também está a ser estudada para ver se pode ajudar a controlar condições que normalmente são resistentes aos tratamentos, tais como a raiva, o zika, o citomegalovírus, o herpes e vários tipos de cancro, como o do cólon, da pele e da mama, entre outros. Só a Moderna está a desenvolver ensaios para, pelo menos, 30 outros tratamentos baseados em mRNA em seis categorias diferentes. Assistência médica remota No auge da pandemia, os pacientes foram também obrigados a consultar os seus médicos assistentes e enfermeiros através do telefone, online ou por videochamada, dependendo das suas necessidades. O risco de propagação de uma infecção tão contagiosa era demasiado grande para consultas presenciais. Para muitos doentes, as consultas telefónicas foram suficientes e o uso global da telemedicina foi 78 vezes maior, em Fevereiro de 2021, do que tinha sido um ano antes. Os primeiros relatos sugerem que a satisfação dos pacientes com a telemedicina tem sido elevada, o que pode ser uma surpresa para muitos profissionais médicos. Os inquéritos aos pacientes em todo o mundo reportam tipicamente níveis de satisfação superiores a 70%, embora muitos apontem que a confiança estabelecida anteriormente entre o médico e o paciente é um componente-chave da satisfação Essencialmente,reportada.

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A nova vacina multi-variante está actualmente a passar pela primeira fase dos ensaios em humanos. Esta vacina universal inclui múltiplos fragmentos de coronavírus que podem desencadear respostas imunitárias a diferentes estirpes da Covid-19, com a esperança de aumentar a imunidade contra mais variantes. Também será estável à temperatura ambiente, tornando-se potencialmente mais acessível a nível global. É evidente que o mundo ainda não tem estruturas políticas nem capacidade organizativa para monitorizar e identificar eficazmente novas ameaças à saúde global, à medida que estas emergem. Como nota o estudo, haverá, sem dúvida, novos agentes patogénicos capazes de se transformar numa pandemia e o nosso estilo de vida moderno torna tais eventos extremamente prováveis. O crescimento da população global, as alterações climáticas, a agricultura intensiva (desflorestação), o consumo crescente de carne, o crescente comércio de animais selvagens, uma maior mobilidade pessoal e viagens internacionais facilmente disponíveis permitem que novas doenças emerjam e se espalhem pelo mundo mais rapidamente do que nunca. “A resposta global inicial à chegada da Covid-19 foi pobre, descoordenada e, por vezes, um ponto de disputa entre nações. Em alguns países, foi distorcida para fins políticos. Com o custo humano a ultrapassar 15 milhões de vidas e o custo económico de mais de 12,5 biliões de dólares, o mundo não pode voltar a cometer os mesmos erros. Por conseguinte, a tarefa que os líderes mundiais enfrentam agora, mesmo que continuem a lidar com a Covid-19, é trabalhar em conjunto para garantir que o mundo está mais bem preparado para a próxima ameaça”, pode lerse no estudo.

ou quaisquer outros indicadores de saúde com wearables, sem a necessidade de equipamentos complicados ou exames de sangue invasivos. A Covid-19 acelerou consideravelmente essa prática e, agora, as capacidades tecnológicas estão mais presentes na saúde do que nunca. Actualmente, a tecnologia na saúde vai muito além do smartwatch tradicional, com dispositivos que oferecem aos pacientes e aos médicos uma amostra virtual dos sinais. À medida que o conceito de enfermaria virtual se desenvolve e que mais pacientes recebem tratamento em casa, outros sensores e monitores fornecem aos médicos informações adicionais sobre a sua saúde e o bem-estar. Esses sensores sem fios incluem tapetes que podem detectar alterações na marcha do paciente, câmaras para observação do paciente, sensores de movimento, sensores de tomadas e interruptores eléctricos, sensores de porta, sensores de humidade e sensores de temperatura ambiente.

O filantropo e bilionário Bill Gates publicou recentemente um livro intitulado “Como Prevenir Uma Pandemia”, onde defende que é necessário um organismo supranacional, uma espécie de “corpo de bombeiros global”. De facto, já temos a OMS, que na década de 1980 conseguiu uma redução global de 99,9% nos casos de poliomielite. Mas só a OMS não será capaz de fornecer a vigilância de 24 horas que Bill Gates requer. O custo para financiar tal agência seria, segundo ele, de mil milhões de dólares por ano. Entretanto, a própria comunidade científica está a trabalhar numa forma de mitigar ameaças futuras. Uma spin-off da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, espera que as sequências genéticas de vírus descobertos nas fezes dos animais dêem pistas para criar uma vacina e ajudar a prevenir futuras pandemias.

Num futuro monitorizarpróximo,pacientesnasenfermariasvirtuaisintroduzidasnosúltimosdoisanostonar-se-ámaiseficiente,àmedidaqueossistemasdeinteligênciaartificialassumiremopapeldemonitorizarospacientes24horaspordia.

Preparar-se para a próxima pandemia Embora a pandemia esteja longe de terminar, a atenção dos investigadores está agora a virar-se para a concepção de novas e melhores formas de combater quaisquer novas variantes do vírus que possam evoluir. Estão também a tentar encontrar métodos para evitar que futuros vírus emergentes se desenvolvam em epidemias e pandemias completamente novas.

No Instituto de Investigação do Exército Walter Reed, em Maryland, nos Estados Unidos da América, por exemplo, os cientistas têm trabalhado no desenvolvimento de uma vacina universal contra novas variantes da Covid-19.

36SAÚDE IMPACTO DA COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS SIGNIFICATIVOEADOLESCENTES,JOVENSÉ ANÁLISEENTREVISTA

37SAÚDE CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS PODERÃO SENTIR O IMPACTO DA COVID-19 NA SUA SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR DURANTE MUITOS ANOS, ALERTOU A UNICEF NO RELATÓRIO “THE STATE OF THE WORLD’S CHILDREN 2021; ON MY MIND: PROMOTING, PROTECTING AND CARING FOR CHILDREN’S MENTAL HEALTH”. ESTE IMPACTO É SIGNIFICATIVO, MAS PODERÁ SER SOMENTE A PONTA DO ICEBERGUE. NOVAS ANÁLISES INDICAM QUE OS TRANSTORNOS MENTAIS ENTRE JOVENS ACARRETAM UMA REDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA A ECONOMIA MUNDIAL DE QUASE 390 MIL MILHÕES DE DÓLARES POR ANO. antecedeu Catherine Russell. “O impacto é significativo e é apenas a ponta do icebergue. Mesmo antes da pandemia, muitas crianças estavam sobrecarregadas com o peso de problemas de saúde mental não resolvidos. Muito pouco investimento está a ser feito pelos governos para atender a essas necessidades críticas. Não está a ser dada importância suficiente à relação entre a saúde mental e os resultados futuros na vida das crianças e adolescentes”. Preço da pandemia Na verdade, a pandemia cobrou o seu preço. De acordo com resultados preliminares de uma pesquisa internacional com crianças e adultos em 21 países, conduzida pela UNICEF e a Gallup, em média, um em cada cinco adolescentes e jovens de 15 a 24 anos (19%) disse que, muitas vezes, se sente deprimido ou tem pouco interesse em fazer coisas. Com a pandemia no seu terceiro ano, o impacto sobre a saúde mental e o bem-estar de crianças e jovens continua a pesar muito. Segundo os últimos dados disponíveis da UNICEF, globalmente, pelo menos uma em cada sete crianças foi directamente afectada pelos confinamentos, enquanto mais de 1,6 mil milhões sofreram alguma perda relacionada com a educação. A ruptura com as rotinas, a educação, a recreação e a preocupação com a renda familiar e com a saúde estão a deixar muitos jovens com medo, irritados e preocupados com seu futuro. Por exemplo, uma pesquisa online realizada na China, no início de 2020, citada no relatório, indicou que cerca de um terço dos entrevistados relatou sentir medo ou ansiedade. Transtornos mentais diagnosticados –incluindo transtorno do défice de atenção com hiperactividade (TDAH), ansiedade, autismo, transtorno bipolar, transtorno de conduta, depressão, transtornos alimentares, deficiência intelectual e esquizofrenia – podem prejudicar significativamente a saúde, a educação, as conquistas e a capacidade financeira de crianças, adolescentes e jovens no futuro. Embora o impacto na sua vida seja Mesmo antes da Covid-19, as crianças, os adolescentes e os jovens já carregavam o fardo das condições de saúde mental não serem alvo de um investimento significativo na sua resolução. Segundo as últimas estimativas disponíveis, calcula-se que, globalmente, mais de um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos viva com algum transtorno mental diagnosticado. Quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano, uma das cinco principais causas de morte nessa faixa Enquantoetária.isso, persistem grandes lacunas entre as necessidades de saúde mental e o financiamento de políticas voltadas para essa área. O relatório da UNICEF constata que apenas cerca de 2% dos orçamentos governamentais de saúde, em todo o mundo, são alocados para gastos com a saúde mental. “Com os confinamentos nacionais e restrições de movimento relacionados com a pandemia, as meninas e os meninos passaram anos indeléveis da sua vida longe da família, dos amigos, das salas de aula, das brincadeiras – elementos-chave da infância”, notou a Dr. Henrietta Fore, ex-directora executiva da UNICEF, que

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• Quebrar o silêncio em torno da saúde mental, fomentar a cultura da escuta sem preconceitos - escuta empática -, promovendo uma melhor compreensão da saúde mental e levando a sério as experiências de crianças, adolescentes e jovens

• Preparar pais, familiares, cuidadores e educadores para abordar o tema da saúde mental como parte da saúde integral

incalculável, uma nova análise da London School of Economics, incluída no relatório, estima que transtornos mentais que levam jovens à incapacidade ou à morte acarretam uma redução de contribuições para as economias de quase 390 mil milhões de dólares por ano. Factores de protecção O relatório observa que uma mistura de factores genéticos, de experiência e ambientais, desde os primeiros dias, incluindo o cuidado dos pais, relação com o ambiente escolar, qualidade dos relacionamentos interpessoais, exposição a violência ou abuso, discriminação, pobreza, crises humanitárias e emergências de saúde, como a Covid-19, molda e afecta a saúde mental das crianças, ao longo da vida. Embora os factores de protecção, como cuidadores amorosos, ambientes escolares seguros e relacionamentos positivos com colegas, possam ajudar a reduzir o risco, barreiras significativas, incluindo estigma e falta de financiamento, estão a impedir que muitas crianças tenham uma saúde mental positiva ou tenham acesso ao apoio de que Oprecisam.relatório pede que governos e parceiros dos sectores público e privado se comprometam, comuniquem e ajam para promover a saúde mental de todas as crianças, todos os adolescentes e cuidadores, proteger os que precisam de ajuda e cuidar dos mais vulneráveis, incluindo: • Investimento urgente em saúde mental de crianças e adolescentes em todos os sectores, não apenas na saúde, a fim de apoiar uma abordagem intersectorial, incluindo toda a sociedade para prevenção, promoção e cuidados

• Valorizar a rede de apoio entre pares, promovendo e valorizando esse diálogo entre os próprios adolescentes sobre a saúde mental. “A saúde mental faz parte da saúde física – não podemos continuar a vê-la de outra forma”, reforçou a Dra. Henrietta Fore. “Por muito tempo, em países ricos e pobres, temos visto muito pouco entendimento e muito pouco investimento num elemento crítico para maximizar o potencial de cada criança. Isso precisa mudar”

Incerteza sobre o futuro preocupa jovens angolanos Um inquérito sobre bem-estar em tempos de Covid-19, realizado em Maio de 2021 junto de cerca de 14 mil rapazes e raparigas, por meio da plataforma SMS Jovem, destacou que mais de 30% dos respondentes manifestou preocupação e inquietação pelo facto de não saber como seria a vida com a Covid-19. Trata-se de um sinal de que a pandemia mudou significativamente a rotina de vários jovens e das suas famílias e de que muitas restrições impostas como parte das medidas de prevenção tiveram impacto na sua saúde mental. “Esta situação vem sublinhar, uma vez mais, a necessidade de que, junto com parceiros como a Organização Mundial da Saúde, governos, académicos e muitos outros, todos devemos mostrar compromisso com a liderança e investimento para melhor apoiar a saúde mental”, sublinhou o Dr. Andrew Trevett, representante adjunto da UNICEF. “Nos próximos meses, a UNICEF deverá reforçar o trabalho para ajudar o bem-estar mental de crianças e jovens em algumas das situações mais desafiadoras. Prevê-se a apoiar a realização de um inquérito sobre saúde mental para adolescentes e jovens com o Instituto Nacional de Estatística, apoiar a adaptação de instrumentos para a formação de educadores de pares e ainda apoiar o Ministério da Saúde no seu programa de saúde mental”, acrescentou.

• Investir em serviços públicos de qualidade - integração e ampliação de intervenções baseadas em evidências nos sectores de saúde, educação e protecção social –, incluindo programas para os pais que promovam cuidados responsivos e de atenção integral, e garantia de que as escolas apoiam a saúde mental por meio de serviços de qualidade e relacionamentos positivos

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40SAÚDE MONKEYPOX DECLARADA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DE PREOCUPAÇÃO INTERNACIONAL

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) DECLAROU O SURTO DE VARÍOLA DOS MACACOS (MONKEYPOX) COMO UMA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DE PREOCUPAÇÃO INTERNACIONAL. ESTÃO NOTIFICADOS MAIS DE 16 MIL CASOS EM 75 PAÍSES, PELO QUE A OMS ELEVOU O NÍVEL DE ALERTA.

PHEIC, na sigla em inglês, uma emergência de saúde pública de preocupação internacional é definida como “um evento extraordinário, grave, repentino, incomum ou inesperado”, com implicações para a saúde pública para além da fronteira nacional de um Estado afectado e que pode exigir uma acção internacional imediata. Esta é a sétima vez que a OMS declara a emergência internacional, depois de o ter feito para a Gripe A, em 2009, para o Ébola, em 2014 e 2018, para a Poliomielite, em 2014, para o Zika, em 2017, e para a Covid-19, em 2020, esta ainda em vigor. Monkeypox A Varíola dos Macacos, ou Monkeypox, é causada por um vírus do género Orthopoxvirus, da família Poxviridae. Trata-se de uma zoonose viral, que ocorre principalmente em áreas de floresta tropical da África Central e Ocidental e é esporadicamente exportada para outras regiões. Os sinais clínicos de Monkeypox são,

REPORTAGEMENTREVISTA

“ Temos um surto que se está a espalhar rapidamente à volta do mundo, do qual sabemos muito pouco e que cumpre os critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, afirmou o director geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), após reunião do Comité de Emergência para avaliar a evolução da doença no mundo. O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinhou que o surto global de Monkeypox representa uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.

geralmente, febre, erupção cutânea e nódulos linfáticos inchados e pode levar a uma série de complicações médicas. De um modo geral, é uma doença auto-limitativa, com sintomas que duram duas a quatro semanas. Pode causar sintomas graves e a taxa de mortalidade ronda, actualmente, os 3% a 6%. O vírus da Varíola dos Macacos é transmitido aos seres humanos por contacto próximo com uma pessoa infectada ou com um animal ou material contaminado pelo vírus. De uma pessoa para outra, é transmitido por contacto próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupa de cama.

A imagem clínica da Monkeypox assemelha-se à da varíola, erradicada em todo o mundo, em 1980, mas é menos contagiosa e causa doença menos grave. Com a erradicação da varíola, e a subsequente cessação da vacinação contra a mesma, a Monkeypox tornou-se o ortopoxvirus mais importante para a saúde pública. Os hospedeiros animais incluem uma variedade de roedores e primatas não humanos.

Surtos A Varíola dos Macacos foi detectada, pela primeira vez, em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, num menino de nove anos, numa região onde a varíola tinha sido erradicada, em 1968. Desde então, a maioria dos casos tem sido relatada em regiões florestais tropicais rurais da Bacia do Congo, particularmente na República Democrática do Congo, e mais alguns casos em toda a África Central e Ocidental. Desde 1970, foram relatados casos humanos em 11 países africanos: Benim, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul. O verdadeiro fardo desta doença é desconhecido. Mas a Monkeypox é uma doença importante para a saúde pública global uma vez que afecta não só os países da África Ocidental e Central, mas também o resto do mundo. Em 2003, o primeiro surto fora de África ocorreu nos Estados Unidos da América e estava relacionado com o contacto com cães da pradaria infectados. Estes animais tinham sido alojados com ratos gambianos e anões africanos importados do Gana. Este surto causou mais de 70 casos. A doença também foi reportada em pessoas que viajaram da Nigéria para Israel, em Setembro de 2018, para o Reino Unido em Setembro de 2018, Dezembro de 2019, Maio de 2021 e Maio de 2022, para Singapura em Maio de 2019 e para os Estados Unidos da América em Julho e Novembro de 2021.

• O período de invasão (até cinco dias), caracterizado por febre, dor de cabeça severa, linfaadenopatia (nódulos linfáticos inchados), dor lombar, mialgia (dores musculares) e astenia grave (falta de energia). A linfaadenopatia é uma característica distintiva que diferencia a Monkeypox de outras doenças que podem inicialmente parecer semelhantes, como a varicela, o sarampo e a varíola.

A erupção cutânea evolui sequencialmente de máculas (lesões com base plana) para pápulas (lesões firmes ligeiramente elevadas), vesículas (lesões limpas cheias de fluidos), pústulas (lesões amareladas cheias de líquido) e cicatrizes que secam e caem. O número de lesões varia de algumas a vários milhares. Em casos graves, as lesões podem juntar-se e fazer com que grandes secções de pele se Osdescasquem.casosgraves ocorrem mais frequentemente em crianças e imunodeprimidos e a sua evolução depende

Em Maio, vários casos de Monkeypox foram identificados em vários países não endémicos. Actualmente, estão em curso estudos para melhor compreender a epidemiologia, as fontes de infecção e as características da transmissão. Transmissão A transmissão animal-homem ocorre através do contacto directo com o sangue, fluidos corporais ou lesões da pele ou mucosas de animais infectados. Em África, evidências de infecção do vírus foram encontradas em muitos animais. Embora o reservatório natural ainda não tenha sido identificado, os roedores são a opção mais provável. Comer carne mal cozinhada e outros produtos de animais infectados é um possível factor de risco. As pessoas que vivem em áreas arborizadas ou próximas podem também sofrer de exposição indirecta ou de baixo nível a animais Jáinfectados.atransmissão de pessoa para pessoa pode ocorrer através de um contacto estreito com secreções das vias respiratórias ou lesões cutâneas de uma pessoa infectada, ou com objectos recentemente contaminados. A transmissão através de gotículas respiratórias requer, normalmente, um contacto face a face prolongado, aumentando o risco para profissionais de saúde, membros do agregado familiar e outros contactos próximos dos casos activos. A transmissão também pode ocorrer da mãe para o feto através da placenta, o que pode levar a casos de Monkeypox congénita, ou por contacto próximo durante e após o nascimento.

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O período de incubação da Varíola dos Macacos é, geralmente, de seis a 13 dias, embora possa variar entre cinco e 21 dias. De acordo com a OMS, a infecção pode ser dividida em dois períodos:

• A erupção cutânea, geralmente, começa em um a três dias após o início da febre. As áreas mais afectadas são o rosto (em 95% dos casos), as palmas das mãos e as solas dos pés (em 75% dos casos). As membranas mucosas orais (em 70% dos casos), os genitais (30%) e as conjuntivas (20%), bem como a córnea também são afectados.

Tratamento A OMS recomenda que os cuidados clínicos para a Monkeypox devem ser optimizados ao máximo para aliviar os sintomas, controlar complicações e evitar sequelas a longo prazo. Líquidos e alimentos devem ser oferecidos aos pacientes para manterem um estado de nutrição adequado. As infecções bacterianas secundárias devem ser tratadas segundo o indicado. Em 2022, na sequência da análise de dados obtidos em estudos com animais e humanos, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) autorizou a utilização para a Monkeypox de um antiviral chamado tecovirimat, que tinha sido desenvolvido para a varíola. Ainda não está amplamente disponível. Através de vários estudos observacionais, demonstrou-se que a eficácia da vacinação contra a varíola na prevenção da Varíola dos Macacos ronda os 85%. Portanto, a vacinação anterior contra a varíola pode tornar a doença mais suave. “Sensibilizar para os factores de risco e educar as pessoas sobre as medidas que podem tomar para reduzir a exposição ao vírus é a principal estratégia de prevenção da Monkeypox”, alerta a OMS. Estão a ser realizados estudos científicos para avaliar a viabilidade e adequação da vacinação para a sua prevenção e controlo e alguns países têm ou estão a desenvolver políticas para vacinar grupos de risco, como o pessoal de laboratório, as equipas de resposta rápida e os trabalhadores da saúde.

“Embora reconheçamos incertezas sobre como este surto irá evoluir, temos de responder à epidemiologia que temos diante de nós, focando-nos no modo de transmissão mais dominante -contacto pele a pele durante encontros sexuais -e nos grupos com maior risco de infecção”, defendeu o Dr. Hans Kluge, responsável europeu da OMS, na conferência de imprensa

do grau de exposição ao vírus, do estado de saúde do paciente e da natureza das complicações. Embora a vacinação contra a varíola tenha conferido protecção no passado, hoje em dia, pessoas com menos de 40 a 50 anos de idade (dependendo do país) podem ser mais susceptíveis à Varíola dos Macacos, devido à cessação das campanhas de vacinação em todo o mundo, após a erradicação da doença.

Emergência Entre 1 de Janeiro e 20 de Julho, 14.533 casos de Monkeypox foram reportados em 72 países das seis regiões da OMS, tanto prováveis como confirmados em laboratório, incluindo cinco mortes na Nigéria e duas na República Centro-Africana. Mas o número de novos casos reportados aumentou 48% na semana de 18 a 24 de Julho, em comparação com a anterior, elevando para 16.016 as infecções em 75 países. O vírus está a transmitir-se em muitos países que não tinham reportado casos da doença.

Os países das regiões da OMS da Europa e das Américas são os que registam mais casos. Até 22 de Julho, os 10 países que registaram o maior número acumulado, a nível mundial, foram a Espanha (3.125), os Estados Unidos da América (2.316), a Alemanha (2.268), o Reino Unido (2.137), a França (1.453), os Países Baixos (712), o Canadá (615), o Brasil (592), Portugal (588) e a Itália (374), refere a epidemiológicaactualizaçãodaOMS. De acordo com a organização, estes 10 países representam, no seu conjunto, 89% dos casos reportados globalmente até àquela data.

desconhecida.assintomáticasdetaxaperdaconsequentedaencefalitesíndromebroncopneumonia,secundárias,séptica,einfecçãocórneacomdevisão.Adeincidênciainfecçõesé

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As complicações podem ser infecções

Recomendações

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A OMS estabeleceu ainda recomendações para quatro grupos de países. O primeiro desses grupos inclui os países que ainda não reportaram casos de Monkeypox ou que não têm registo de contágios há mais de 21 dias. O segundo grupo abrange os países com casos recentes importados e com transmissão entre humanos. O terceiro grupo de países são os que apresentam transmissão do vírus entre animais e humanos e o quarto inclui os países com capacidade de produção de testes, vacinas e tratamentos. “Para além das nossas recomendações aos países, apelo também às organizações da sociedade civil, incluindo as que têm experiência em trabalhar com pessoas que vivem com o VIH, que trabalhem connosco na luta contra o estigma e a discriminação. Com as ferramentas que temos agora, podemos parar a transmissão e controlar este surto”, concluiu o Dr. Tedros Ghebreyesus.

realizada no passado dia 23 de Julho, após a reunião do Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde. Epidemiologia A maioria dos casos, de acordo com a OMS, regista-se em homens e a maior parte identifica-se como homossexual ou bissexual ou relata ter sexo com homens. Vivem em zonas urbanas. Também foram relatados casos de crianças afectadas, algumas das quais sem ligações epidemiológicas a pessoas Tambéminfectadas.se observou um aumento significativo do número de casos em alguns países da África Ocidental e Central, embora o padrão demográfico observado seja distinto do da Europa e da América, porque a doença afecta mais as mulheres e as crianças. De acordo com os modelos matemáticos usados, a taxa de infecção é superior a 1 em homens que fazem sexo com homens e menos de 1 noutros grupos. Por exemplo, as estimativas indicam que esta taxa é de 1,8 em Espanha, 1,6 no Reino Unido e 1,4 em Portugal. Nesse sentido, a OMS recomendou recentemente a estes grupos que risco que reduzam o número de parceiros sexuais. “Para os homens que fazem sexo com homens, isso também significa, no momento, reduzir o número dos parceiros sexuais e trocar informações com qualquer novo parceiro para poder contactá-lo em caso de aparecimento de sintomas, para que se possa isolar”, explicou o Dr. Tedros Ghebreyesus durante a conferência de imprensa realizada em Genebra, na Suíça. O director geral da OMS adiantou, ainda, que a sua decisão de declarar a emergência de saúde pública de preocupação internacional não foi fácil, mas baseou-se em informações que mostram que o vírus se espalhou rapidamente a nível global, assim como nas “muitas incógnitas” face aos dados ainda insuficientes sobre a Monkeypox. “Sei que este não foi um processo fácil ou simples e que existem pontos de vista divergentes entre os membros”, referiu. “Embora declare uma emergência de saúde pública de interesse internacional, neste momento, este é um surto que se concentra entre homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais. Isto significa que este é um surto que pode ser travado com as estratégias certas nos grupos certos. Por isso, é essencial que todos os países trabalhem em estreita colaboração com as comunidades visadas, que concedam e forneçam informações e serviços eficazes e adotem medidas que protejam a saúde, os direitos humanos e a dignidade das comunidades afectadas. Estigma e discriminação podem ser tão perigosos como qualquer vírus”, sublinhou.

“PARA ALÉM DAS NOSSAS RECOMENDAÇÕES AOS PAÍSES, APELO TAMBÉM ÀS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL, INCLUINDO AS QUE TÊM EXPERIÊNCIA EM TRABALHAR COM PESSOAS QUE VIVEM COM O VIH, QUE TRABALHEM CONNOSCO NA LUTA CONTRA O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO. COM AS FERRAMENTAS QUE TEMOS AGORA, PODEMOS PARAR A TRANSMISSÃO E CONTROLAR ESTE SURTO”

46SAÚDE ENTREVISTA “CERCA DE 25% DOS PACIENTES COM DE CANCRO DO PULMÃO NÃO SINTOMAS”APRESENTA

47SAÚDE

Agrande problemática relacionada com o cancro do pulmão é o diagnóstico muito tardio, sendo que a maioria dos doentes é diagnosticada numa fase tardia da doença. Quais são os principais sintomas para os quais as pessoas devem estar atentas e consultar o seu médico? Cerca de 25% dos pacientes com de cancro do pulmão não apresentam sintomas, são assintomáticos e, quando estão presentes, é sinal de que está em fase avançada ou metastático. Mas vale realçar que, quando há sintomas, dependem do tipo, da sua localização e da maneira como se propaga dentro dos pulmões ou para áreas próximas ou outras partes do corpo.

Um dos sintomas mais comuns é a tosse persistente ou, em pessoas com tosse crónica, uma mudança nas características da mesma. Algumas pessoas expectoram sangue ou muco com estrias de sangue (hemoptise). Raramente, o cancro do pulmão cresce num vaso sanguíneo subjacente e pode causar sangramentos graves. Outros sintomas não específicos do cancro do pulmão incluem perda de apetite e de peso, fadiga, dor torácica, dispneia e fraqueza. Que tipos de cancro do pulmão existem e qual é o mais frequente na nossa população? O cancro do pulmão é o que se origina nas células pulmonares. O cancro primário do pulmão pode surgir nas vias respiratórias que se ramificam da traqueia para abastecer os pulmões (os brônquios) ou nos pequenos sacos de ar do pulmão (os Existemalvéolos).duas categorias principais de cancro primário do pulmão: • Cancro do pulmão de células não pequenas: cerca de 85% dos cancros do pulmão está nessa categoria. Esse cancro cresce mais lentamente do que o carcinoma do pulmão de células pequenas. Entretanto, quando cerca de NO DIA 1 DE AGOSTO, CELEBRA-SE O DIA MUNDIAL DO CANCRO DO PULMÃO, A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE RELACIONADA COM CANCRO EM TODO MUNDO. CERCA DE 85% DOS CASOS ESTÁ RELACIONADO COM O TABAGISMO. OS SINTOMAS PODEM INCLUIR TOSSE, DOR OU DESCONFORTO TORÁCICO, PERDA PONDERAL E, MENOS COMUMENTE, HEMOPTISE. MAS MUITOS PACIENTES APRESENTAM DOENÇA METASTÁTICA SEM NENHUM SINTOMA CLÍNICO. O DIAGNÓSTICO É TIPICAMENTE FEITO POR RADIOGRAFIA DO TÓRAX OU POR TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA E CONFIRMADO POR BIÓPSIA. DEPENDENDO DA FASE DA DOENÇA, O TRATAMENTO REQUER CIRURGIA, QUIMIOTERAPIA E/OU RADIOTERAPIA, AGENTES DIRECCIONADOS E IMUNOTERAPIA. PARA SABERMOS MAIS SOBRE ESTA NEOPLASIA, CONVERSÁMOS COM O DR. SEVERINO AZEVEDO, SECRETÁRIO DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE ONCOLOGIA DA ORDEM DOS MÉDICOS DE ANGOLA. Dr. Severino Chova de Azevedo Médico oncologista, licenciado em Medicina pela Universidade Agostinho Neto e secretário do Colégio de Especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos de Angola

Relativamente ao tratamento disponível em Angola, o que temos actualmente para os nossos doentes? Dentro das modalidades de tratamento para o cancro do pulmão, temos cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo direccionada (bevacizumabe, gefitinibe, erlotinibe, crizotinibe, vemurafenibe e dabrafenibe) e imunoterapia (nivolumabe, pembrolizumabe, durvalumabe, ipilimumabe e atezolizumabe).

Entretanto, apenas nos restam as duas outras modalidades, que são a radioterapia e a quimioterapia, de forma combinada para tratamento definitivo ou isolado para controlo da doença e dos respectivos sintomas. A ciência não pára de avançar e a área da oncologia é uma das com mais benefícios na investigação. Actualmente, como é que está o prognóstico do cancro do pulmão?

Em Angola, baseando–se na nossa experiência, a cirurgia para cancro do pulmão é extremamente rara e apenas temos um único fármaco para terapia alvo direccionada (bevacizumabe).

Tipos raros de cancro do pulmão incluem tumores carcinoides brônquicos (que também podem ser não cancerosos), carcinomas brônquios glandulares, linfomas e mesotelioma (devido à exposição ao amianto). Respondendo directamente à questão, baseado em estudos retrospectivo e prospectivo que estão em curso sobre o cancro do pulmão na população (que decorrem na nossa instituição), para o tipo de cancro do pulmão de células não pequenas, o carcinoma espinocelular encontra–se em primeiro lugar, seguido do adenocarcinoma.

Entretanto, pessoas que são tratadas de forma definitiva no estágio inicial do cancro do pulmão e que sobrevivem, mas continuam a fumar, têm alto risco de desenvolver outro cancro do pulmão. Durante as últimas décadas, o prognóstico para um paciente com cancro do pulmão era mau. Apenas 15% dos pacientes sobrevivia por mais de cinco anos, a partir do momento do diagnóstico. Em pacientes com estágio IV da doença (metástases), a taxa de sobrevida geral em cinco anos era inferior a 1%. Entretanto, os desfechos melhoraram devido à identificação de certas mutações que podem ser alvo 40% dos indivíduos é diagnosticado o cancro já se propagou para outras partes do corpo fora do tórax. Os tipos mais comuns de cancro de pulmão de células não pequenas são carcinomas de células escamosas, adenocarcinoma e carcinoma de células grandes.

48SAÚDE cancroO do pulmão tem um prognóstico reservado. Em média, pessoas com cancro do pulmão de células não pequenas não tratado sobrevivem seis meses. Mesmo com tratamento, pessoas com cancro do pulmão de células pequenas extensivo ou cancro do pulmão de células não pequenas avançado têm um prognóstico especialmente ruim, com uma taxa de sobrevida de cinco anos de menos de 1%.

O diagnóstico precoce melhora a sobrevida. Pessoas com cancro do pulmão de células não pequenas em estágio inicial têm uma oportunidade de sobrevida de cinco anos de 60% a 70%.

• Cancro do pulmão de células pequenas: por vezes denominado carcinoma de células tipo grão de aveia, esse cancro é responsável por cerca de 15% de todos os cancros do pulmão. É muito agressivo e propaga-se rapidamente. Quando a maioria dos indivíduos é diagnosticada, o cancro já se espalhou para outras partes do corpo.

Não temos a nova modalidade de tratamento para cancro do pulmão, isto é, a imunoterapia.

49SAÚDE

“DURANTE AS ÚLTIMAS DÉCADAS, O PROGNÓSTICO PARA UM PACIENTE COM CANCRO DO PULMÃO ERA MAU. APENAS 15% DOS PACIENTES SOBREVIVIA POR MAIS DE CINCO ANOS, A PARTIR DO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO. EM PACIENTES COM ESTÁGIO IV DA DOENÇA (METÁSTASES), A TAXA DE SOBREVIDA GERAL EM CINCO ANOS ERA INFERIOR A 1%. ENTRETANTO, OS DESFECHOS MELHORARAM DEVIDO À IDENTIFICAÇÃO DE CERTAS MUTAÇÕES QUE PODEM SER ALVO DE TRATAMENTO ” de tratamento. As taxas actuais de sobrevida em cinco anos são de 19% (23% para mulheres e 16% para homens). É possível fazer o rastreio do cancro do pulmão? Na sua opinião, seria uma maisvalia para a detecção precoce? Sim, é possível fazer rastreio de cancro do pulmão. O rastreio é feito em indivíduos identificados com alto risco para desenvolver o cancro do pulmão sem sintomas, para procurar evidências de uma doença quando está num estágio inicial. Para o cancro do pulmão, o exame inclui tomografia computorizada de baixa dosagem.

O estudo definiu a população de alto risco como ex-tabagistas ou tabagistas activos, principalmente entre os 55 e os 74 anos, que fumam, pelo menos, 30 maços de cigarro por ano e, se ex-fumantes, que pararam nos últimos 15 anos.

O rastreio para cancro do pulmão beneficia os pacientes com doença em fase inicial, especialmente com carcinoma de pulmão de não pequenas células precoce, tratável com ressecção cirúrgica e, agora, recomendada em populações de alto risco. Um grande estudo demonstrou que o rastreio anual utilizando a tomografia computorizada helicoidal de baixa dose resultou numa redução de 20% nas mortes por cancro do pulmão em comparação com o rastreio com radiografia de tórax.

Em Angola, temos protocolos de controlo desta neoplasia? Sim, nos finais de 2020, o Instituto Angolano de Controlo de Câncer (IACC) elaborou o primeiro protocolo para abordagem do cancro do pulmão (aguardando aprovação) em Angola, sob orientação do Ministério da Saúde, onde constam as grandes directrizes para abordagem do cancro do pulmão.

Um estudo recente do rastreamento de pacientes de alto risco mostrou maior sobrevida em pacientes que receberam o rastreamento por tomografia computorizada helicoidal de baixa dose baseado no volume de nódulos e tempo de duplicação de volume. No entanto, o rastreamento com tomografia computorizada helicoidal de baixa dose pode não ser apropriado para pacientes que não são de alto risco. Além disso, a U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) recomenda o rastreio anual com tomografia computorizada helicoidal de baixa dose para tabagistas assintomáticos com 50 a 80 anos e história de tabagismo de mais de 20 maços de cigarro por ano, que actualmente fumam ou pararam de fumar há menos de 15 anos. Devem ocorrer discussões para que haja partilha da tomada de decisão entre o profissional e o paciente, antes do rastreio. A tomada de decisão partilhada em relação ao rastreamento deve incluir discussões para excluir pacientes que não beneficiariam da detecção precoce, como aqueles que recusam o tratamento ou que não são capazes de o realizar devido a outras condições de saúde graves. Além disso, recomenda-se que o rastreamento com tomografia computorizada helicoidal de baixa dose seja feito em centros com proficiência em tomografia computorizada helicoidal de baixa dose comprovada e adesão aos protocolos estabelecidos para o diagnóstico e tratamento de acompanhamento. No futuro, a triagem do cancro pulmonar pode envolver alguma combinação de análise molecular para marcadores genéticos (por exemplo, K-ras, p53 e EGFR), citometria de escarro e detecção de compostos orgânicos voláteis relacionados ao cancro (por exemplo, alcano e benzeno) no ar expirado. Sendo o cancro considerado um problema de saúde pública mundial, e com graves repercussões sociais e económicas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que fossem desenvolvidos programas de controlo de cancro para reduzir a incidência e a mortalidade associada a esta doença.

CAPADETEMA Relatório da ONU: Fome afectou 828 milhões de pessoas em 2021 MUNDO ESTÁ A ANDAR PARA TRÁS NOS ESFORÇOS PARA ELIMINAR A FOME E DESNUTRIÇÃOA ANÁLISE Fotos: JLwarehouse / Shutterstock.com

Quase 3,1 mil milhões de pessoas não puderam pagar uma alimentação saudável em 2020, um aumento de 112 milhões em relação a 2019, reflectindo os efeitos da inflação nos preços dos alimentos decorrentes dos impactos económicos da pandemia e das medidas implementadas para a Estima-seconter. que 45 milhões de crianças com menos de cinco anos sofriam da forma mais severa de desnutrição, o que aumenta o seu risco de morte até 12 vezes. Além disso, 149 milhões de crianças com menos de cinco anos tiveram um crescimento e desenvolvimento atrofiados, devido à falta crónica de nutrientes essenciais nas suas dietas, enquanto 39 milhões tinham excesso de Estãopeso. a ser feitos progressos na amamentação exclusiva, com quase 44% dos bebés com menos de seis meses a ter sido exclusivamente amamentado em 2020. Mas ainda está aquém da meta de 50%, até 2030. De grande preocupação, duas em cada três crianças não são alimentadas com a dieta mínima e diversificada de que precisam para crescer e desenvolver-se em todo o seu potencial.

Futuro Olhando para o futuro, as projecções apontam para que cerca de 670 milhões de pessoas (8% da população mundial) continuarão a enfrentar a fome, em 2030, mesmo que seja tomada em consideração uma recuperação económica global. Trata-se de um número semelhante ao de 2015, quando foi lançado o objectivo de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição, até ao final desta década, no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Na altura em que este relatório foi publicado, a guerra na Ucrânia, que envolve dois dos maiores produtores mundiais de cereais de base, oleaginosas e fertilizantes, estava, e está, a perturbar as cadeias de abastecimento internacionais e a aumentar os preços dos cereais, fertilizantes, energia, bem como dos alimentos terapêuticos prontos a utilizar para crianças com desnutrição grave. Isto acontece porque as cadeias de abastecimento já estavam a

Quase 924 milhões de pessoas (11,7% da população global) enfrentaram insegurança alimentar em níveis severos, um aumento de 207 milhões em dois anos. O fosso entre géneros na insegurança alimentar continuou a aumentar em 2021: 31,9% das mulheres era moderada ou severamente inseguro, contra 27,6% dos homens, uma diferença superior a quatro pontos percentuais, contra três pontos percentuais em 2020.

Números pintam quadro sombrio Cerca de 828 milhões de pessoas foram afectadas pela fome, em 2021, mais 46 milhões do que um ano antes e mais 150 milhões do que em 2019. Após se ter mantido relativamente inalterada desde 2015, a proporção de pessoas afectadas pela fome subiu em 2020 e continuou a aumentar em 2021, para 9,8% da população mundial. Isto compara com 8%, em 2019, e 9,3%, em 2020.

SAÚDE51

O NÚMERO DE PESSOAS AFECTADAS PELA FOME, A NÍVEL MUNDIAL, SUBIU PARA 828 MILHÕES EM 2021, UM AUMENTO DE CERCA DE 46 MILHÕES DESDE 2020 E 150 MILHÕES DESDE O SURTO DE COVID-19, DE ACORDO COM UM RELATÓRIO DAS ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, (ONU) QUE FORNECE NOVAS EVIDÊNCIAS DE QUE O MUNDO ESTÁ A AFASTAR-SE DO SEU OBJECTIVO DE ACABAR COM A FOME, INSEGURANÇA ALIMENTAR E DESNUTRIÇÃO, EM TODAS AS SUAS FORMAS, ATÉ 2030. Aedição de 2022 do relatório “The State of Food Security and Nutrition in the World (SOFI)” apresenta actualizações sobre a situação de segurança alimentar e nutrição em todo o mundo, incluindo as últimas estimativas do custo e acessibilidade de uma alimentação saudável. O relatório analisa também as formas pelas quais os governos podem redireccionar o seu actual apoio à agricultura para reduzir os custos das dietas saudáveis, tendo em conta os limitados recursos públicos disponíveis em muitas partes do mundo. O relatório foi publicado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Cerca de 2,3 mil milhões de pessoas no mundo (29,3%) eram moderada ou severamente inseguras, do ponto de vista alimentar, em 2021, mais 350 milhões do que antes da pandemia.

“Todos os anos, 11 milhões de pessoas morrem devido a dietas pouco saudáveis. O aumento dos preços dos alimentos significa que isto só vai piorar. A OMS apoia os esforços dos países para melhorarem os sistemas alimentares através da tributação de alimentos não saudáveis e da subsidiação de opções saudáveis, protegendo as crianças de marketing prejudicial e garantindo rótulos nutricionais claros. Temos de trabalhar em conjunto para alcançar as metas globais de nutrição para 2030, para combater a fome e a desnutrição e para garantir que os alimentos são uma fonte de saúde para todos”, afirmou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS.

A UNICEF estima que, pelo menos, 40 milhões de crianças são severamente inseguras nutricionalmente nos 15 países mencionados, o que significa que não recebem o mínimo e diverso alimento de que precisam para crescer e desenvolver-se na primeira infância. Entretanto, o preço dos alimentos terapêuticos prontos a utilizar, que são utilizados para tratar a desnutrição grave, disparou 16%, devido a um aumento acentuado do custo das matérias-primas, deixando mais 600 mil crianças em risco de morrer sem acesso a tratamentos que podem salvar-lhes a vida.

As evidências sugerem que, se os governos reutilizarem os recursos que estão a usar para incentivar a produção, fornecimento e consumo de alimentos nutritivos, contribuirão para tornar as dietas saudáveis menos dispendiosas, mais acessíveis e equitativas para todos.

52SAÚDE

ser afectadas negativamente por eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, especialmente em países de baixo rendimento, e tem implicações potencialmente sérias para a segurança alimentar e nutrição a nível global. Reaproveitar as políticas agrícolas O relatório assinala que o apoio mundial ao sector alimentar e agrícola atingiu uma média de quase 630 mil milhões de dólares por ano, entre 2013 e 2018. A maior parte foi direccionada a agricultores individuais, através de políticas comerciais e de incentivos fiscais. No entanto, não só muito deste apoio está a distorcer o mercado, como não está a chegar a muitos agricultores, prejudica o ambiente e não promove a produção de alimentos nutritivos que compõem uma alimentação saudável. Isso deve-se, em parte, ao facto dos subsídios visarem frequentemente a produção de alimentos de base, lacticínios e outros alimentos de origem animal, especialmente em países de alto e médio rendimento. O arroz, o açúcar e as carnes de vários tipos são os produtos alimentares mais incentivados em todo o mundo, enquanto as frutas e os produtos hortícolas são relativamente menos apoiados, particularmente em alguns países de baixo rendimento.

Com a ameaça de recessão global que se aproxima, e as implicações que isso terá nas receitas e despesas públicas, uma forma de apoiar a recuperação económica implica a reposição de apoios alimentares e agrícolas para direccionar os alimentos nutritivos onde o consumo per capita ainda não corresponde aos níveis recomendados para dietas saudáveis.

A cada minuto, uma criança sofre de desnutrição grave Segundo a UNICEF, cerca de oito milhões de crianças com menos de cinco anos, em 15 países afectados pela crise da fome, correm o risco de morrer, a menos que recebam alimentos e cuidados terapêuticos imediatos, e o número está a aumentar ao minuto. Desde o início do ano, a crescente crise alimentar global fez com que mais 260 mil crianças – ou uma criança a cada 60 segundos –sofressem de desnutrição grave nos 15 países mais afectados pela crise, incluindo o Corno de África e o Sahel Central. “Estamos agora a ver o barril de pólvora que criou as condições para níveis extremos de desnutrição infantil a começar a pegar fogo”, disse a directora executiva da UNICEF, Catherine Russell. “A ajuda alimentar é fundamental, mas não podemos salvar crianças famintas com sacos de trigo. Precisamos de chegar a estas crianças agora com tratamento terapêutico, antes que seja tarde demais” O aumento dos preços dos alimentos causado pela guerra na Ucrânia, a seca persistente devido às alterações climáticas em alguns países – por vezes, combinada com conflitos – e o impacto económico actual da Covid-19 continuam a exacerbar a insegurança alimentar e nutricional das crianças em todo o mundo, resultando em níveis catastróficos de desnutrição grave entre crianças com menos de cinco anos. Em resposta, a UNICEF está a expandir os seus esforços nos 15 países mais afectados. Afeganistão, Burkina Faso, Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Quénia, Madagáscar, Mali, Níger, Nigéria, Somália, Sudão, Sudão do Sul e Iémen serão incluídos num plano de aceleração para tentar evitar uma explosão do número de mortes de crianças e mitigar os danos, a longo prazo, da desnutrição severa. A desnutrição severa – quando as crianças são demasiado magras para a sua estatura – é a forma mais visível e letal de desnutrição.

Por último, o relatório salienta também que os governos poderiam fazer mais para reduzir as barreiras comerciais aos alimentos nutritivos, como frutas, legumes e leguminosas.

O enfraquecimento do sistema imunitário aumenta o risco de morte em crianças com menos de cinco anos até 11 vezes mais do que entre as crianças bem nutridas.

Solo As árvores regulam os ciclos hídricos e evitam enchentes, deslizamentos de terra e erosão.

Ar As árvores são importantes filtros no ar das cidades, fazendo a retenção de pó e de microorganismos e diminuindo o nível de ruído (poluição sonora).

Clima As árvores ajudam a equilibrar as temperaturas, absorvendo parte dos raios solares e ajudando a reter a humidade do solo.

Visual O ser humano sente-se melhor em áreas naturais onde existe um conforto visual conferido pela vegetação. Diversidade Há um ciclo natural que não pode ser rompido para que a vida renasça. As árvores e a vegetação servem de abrigo para a fauna.

54SAÚDE PORQUE AS ÁREAS VERDES SÃO TÃO IMPORTANTES NOS CENTROS URBANOS? AMBIENTALRUBRICAENTREVISTA

De acordo com a Avaliação das Necessidades Pós-Desastre da Seca em Angola, coordenada pela Comissão Nacional de Protecção Civil do Governo de Angola (2016), durante o período de 2011/12, as províncias afectadas incluíam Cabinda, Zaire, Uíge, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Malange, Benguela, Huambo, Bié, Huíla e Cunene (11 províncias). A mesma 3-2-1-Referências:https://news.un.org/pt/story/2019/05/1674041http://www.fao.org/dryla…/background/what-are-drylands/en/https://www.recoveryplatform.org/…/Angola_Droughts_2012

Regiões secas em Angola As regiões secas são definidas pela escassez de água, afectando os ecossistemas naturais e os sistemas de produção agrícolas e pecuária e influenciando negativamente no fornecimento de serviços ambientais, como a polinização, decomposição, regulação do clima, produção de oxigénio, entre outros. Estas áreas tendem a ser vulneráveis à erosão causada pela água e/ou vento, deixando o solo exposto e sem material orgânico na sua camada superficial, causando desagregação mineral intensiva e deixando-o infértil.

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avaliação também diz que, nos anos de 2013/14, houve uma mudança do quadro e as províncias afectadas passaram a ser apenas seis, sendo Kwanza Sul, Benguela, Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango. Esta mudança pode sugerir uma possível melhoria (o que não é o caso real) e também que os dados fornecidos pelo Governo não são precisos, pois no período de apenas um ano é muito difícil haver uma mudança de padrão tão grande. É importante ressaltar que o relatório incluía as suas limitações, como a inconsistência e falta de dados para esta Apesaravaliação.dasprovíncias do Cunene, Namibe e Huíla estarem definidas como prioritárias e as suas populações terem vindo a receber ajuda humanitária das Nações Unidas, queremos alertar a sociedade para o risco a que as outras províncias estão expostas, com o aumento de temperaturas, baixa precipitação e as práticas insustentáveis de produção. Ao diminuirmos a pressão que metemos no ambiente, estaremos a contribuir para a melhoria do bem-estar social e preservação da natureza.

56SAÚDE O IMPACTO DE UMA GESTÃO POSITIVA DO FELICIDADENOORGANIZACIONALTALENTONÍVELDE VAMOS SER SINCEROS: NINGUÉM QUER FAZER O MESMO TRABALHO PARA SEMPRE. A MAIORIA DAS PESSOAS ANSEIA POR CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL NO LOCAL DE TRABALHO. UMA PESQUISA REALIZADA PELO INSTITUTO DE EMPREGO E EMPREGABILIDADE (EMPLOYMENT AND EMPLOYABILITY INSTITUTE) AFIRMA QUE 90,6% DOS PROFISSIONAIS ACTIVOS APONTA AS OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM E CRESCIMENTO COMO PRINCIPAL MOTIVADOR DA SUA FELICIDADE NO TRABALHO. A IDENTIFICAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO DENTRO DE UMA ORGANIZAÇÃO TRADUZEM-SE EM VALOR REAL PARA O NEGÓCIO, DESDE A AGREGAÇÃO DE VALOR COMERCIAL À MARCA, A CRIAÇÃO DE UMA CULTURA EMPRESARIAL POSITIVA, ATÉ À MELHORIA DO PRÓPRIO DESEMPENHO ORGANIZACIONAL. PARA ISTO SER POSSÍVEL, A ESTRATÉGIA DE GESTÃO DE TALENTOS DEVE ESTAR TOTALMENTE ALINHADA COM OS OBJECTIVOS E METAS DO NEGÓCIO.

FELICIDADEDARUBRICAENTREVISTA

Dr. Cláudio Osório Co-founder & Head of Experience Design da empresa OKU HUMAN. Licenciado em Psicologia Aplicada e Mestre em Psicologia Social e das Organizações pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Chief Hapiness Officer pela Happiness Business School.

Tal como na experiência de cliente o Net Promoter Score (NPS) é sustentado pela vontade que o consumidor tem de recomendar a empresa, o produto ou o serviço, no Employer Branding, o OffBoarding é crucial na consolidação da sua credibilidade para a comunidade. Adicionalmente, quando bem organizado e monitorizado, o Off-Boarding pode evitar conflitos internos, manter o nível de produtividade e garantir a manutenção do conhecimento Tudointerno.começa por criar uma cultura empresarial comprometida com a felicidade do Colaborador. É preciso investir tempo para entender as principais fontes de motivação das pessoas, os seus valores e as suas perspectivas, de forma a encontrar uma maneira de direccionar a sua energia para a concretização de metas que considere significativas.

O Off-Boarding no Employer Branding O Off-Boarding é um processo que contribui para a construção de uma cultura positiva. A experiência do colaborador nesta etapa reflecte directamente (interna e externamente) como a organização demonstra empatia e se preocupa genuinamente com o desenvolvimento das suas pessoas.

57SAÚDE

Cada colaborador precisa de ser visto como um investimento a longo prazo. A economia de custos introduzida pelo recrutamento interno pode garantir o sucesso de um programa de carreiras. Contratar internamente mantém constante a possibilidade de desafio profissional para os colaboradores e oferece à liderança uma rápida adaptação aos métodos e processos facilitadores da produtividade. Sustentabilidade no desenvolvimento O design de oportunidades de desenvolvimento e crescimento na estrutura organizacional deve espelhar justiça, meritocracia, rigor, consistência, estímulo cognitivo e o acesso destas deve estar democratizado. Para o desenvolvimento e a implementação dos programas de capacitação, é essencial o buy-in da administração, não só em termos financeiros, mas também no que toca ao seu envolvimento e ao empoderamento das lideranças na gestão das equipas.

Cada acção de um plano estratégico da gestão de talentos deve ser estruturada para fazer a empresa prosseguir como uma marca consolidada. Os objectivos estratégicos estabelecidos em partilha por todos os agentes corporativos devem ser desdobrados por toda a estrutura organizacional, para que a liderança e os recursos humanos envolvam os high flyers nos desafios existentes e desenvolvam espaços dinâmicos e de positividade com foco no desenvolvimento pessoal e profissional.

Adequação à cultura organizacional O Talent Acquisition e o recrutamento não devem estar apenas focados em hard skills. É importante lembrarmonos de que as pessoas desenvolvem constantemente novos conhecimentos, mas a moralidade, a ética e a personalidade não se ensinam. Os profissionais que se aproximam mais do quadro cultural da organização têm de fazer menos esforço na adequação do seu perfil comportamental, estão mais disponíveis para trazer novas e interessantes perspectivas e têm mais probabilidade de se tornarem estrelas, ao longo do seu ciclo de vida enquanto colaboradores.

A cultura da positividade tem o potencial de conduzir a marca e a reputação da organização –funcionários felizes disponibilizam um melhor serviço ao cliente, permitindo, assim, potenciais oportunidades de negócio, agora e no futuro.

Investir nos colaboradores e manter o foco no recrutamento interno Contratar com base na cultura exige uma mudança interna na gestão e no desenvolvimento.

O USO IRRACIONAL OU INADEQUADO DE MEDICAMENTOS

É UM DOS MAIORES PROBLEMAS A NÍVEL MUNDIAL. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) ESTIMA QUE MAIS DE METADE DE TODOS OS MEDICAMENTOS SÃO PRESCRITOS, DISPENSADOS OU VENDIDOS DE FORMA INADEQUADA E QUE METADE DE TODOS OS PACIENTES NÃO OS UTILIZA CORRECTAMENTE.

58SAÚDE DIVULGAÇÃO DAS ACTIVIDADES DO REGISTO MEDICAMENTOSDOS

REGULAMENTARRUBRICAENTREVISTA

No passado dia 29 de Julho, foi promovido um encontro pela Agência Reguladora de Medicamentos e Tecnologias de Saúde (ARMED), no Instituto Angolano de Controlo do Câncer, com intuito de proceder à divulgação das actividades do Registo dos Medicamentos, em Angola. Numa nota introdutória, a directora geral da ARMED, Dra. Katiza Mangueira, abordou o estado do sector farmacêutico no país, mais especificamente, o âmbito da ARMED e actualizações implementadas face à antiga Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos (DNME), que foi transformada na actual ARMED, devido à crescente necessidade do reforço dos sistemas regulatórios do medicamento, conforme normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), e da adequação da legislação farmacêutica nacional à Lei Modelo da União Africana (UA) sobre a Regulação dos Produtos Farmacêuticos.

A ARMED é um organismo público com capacidade jurídica, dotada de autonomia administrativa, patrimonial e financeira, encarregue de desenvolver acções de regulação, regulamentação, orientação, licenciamento, fiscalização e controlo das actividades no domínio dos medicamentos de uso humano e das tecnologias de saúde, visando garantir a sua qualidade, eficácia e segurança (artigo 1.º do Decreto Presidencial n.º 136/21, de 1 de Junho). Este organismo prevê nas atribuições as nove competências previstas para as Autoridades Reguladoras Farmacêuticas pela OMS: Sistema regulamentar Acompanhamento dos ensaios clínicos Registo/autorização de introdução no mercado Inspecção farmacêutica

• Módulo 1 – Informação administrativa, regional e nacional

Fonte:

• Módulo 5 – Relatórios dos ensaios clínicos.

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# DNME ARMED 1

Ao contrário de Moçambique, o processo de submissão de AIM não será exclusivo de distribuidores farmacêuticos, uma certeza há muito ansiada pelos vários elementos da cadeia, devido ao grave impacto negativo que esta medida teria se fosse aplicada no país. Assim sendo, o titular de AIM e/ou representante de laboratório farmacêutico deve ter representação em Angola, cumprindo com os requisitos conforme normas em vigor (circular n.º 1 da DNME/ MINSA/2021, de 6 de Janeiro). Apresentação Dra. Katiza Mangueira realizada no dia 29 de Julho, no âmbito da divulgação das actividades do Registo dos Medicamentos. Direcção Nacional Instituto Público Órgão dependente do MINSA Unidade

• Módulo 2 – Sumário geral de qualidade, sumário e avaliação crítica pré-clínica e sumário e avaliação crítica clínica

Análise laboratorial/controlo de qualidade Supervisão e controlo do mercado farmacêutico Farmacovigilância

Licenciamento de entidades farmacêuticas Libertação de lotes (biotecnológicos). No que concerne à transformação deste organismo relativamente à DNME, foram aplicados os seguintes updates:

O CTD está organizado em cinco módulos:

• Módulo 3 – Documentação química, farmacêutica e biológica

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orçamentada, isto é, auto sustentabilidade e renumeração suplementar 3 Actos realizados em nome do MINSA Autonomia administrativa (actos em nome da ARMED) 4 Património MINSA Património ARMED 5 Luanda Abrangência Nacional (serviços locais) 6 Inspecção Farmacêutica na IGASF Com Inspecção Farmacêutica 7 Licencia e fiscaliza entidades farmacêuticas Licencia e fiscaliza entidades farmacêuticas, laboratório controlo qualidade (LCQ) 8 Director Nacional DG (1) farmacêutico, DG Adjuntos (2), Conselho Fiscal MINFIN (1) / MINSA (2) 9 3 departamentos 7 departamentos 10 Chefes nomeadosdepartamentopeloMINSA Chefes departamento nomeados pelo DG 11 Dependente da DNRH (50 funcionários) Actualmente, 71 funcionários, com previsão de aumento para 156. Pode contratar RH (recursos próprios) Nível Nacional • ARMED/MINSA Nível Regional • regiãoregulamentarHarmonizaçãoporeconómica • Zazibona/SADCAMRH/UA:Propjecto ••ContinentalNívelEstruturacentralizadapararegulamentaçãofarmacêuticaAgênciaAfricanadeMedicamentos(AMA) # DNME ARMED 1 Direcção Nacional Instituto Público 2 Órgão dependente do MINSA Unidade orçamentada, isto é, auto sustentabilidade e renumeração suplementar 3 Actos realizados em nome do MINSA Autonomia administrativa (actos em nome da ARMED) 4 Património MINSA Património ARMED 5 Luanda Abrangência Nacional (serviços locais) 6 Inspecção Farmacêutica na IGASF Com Inspecção Farmacêutica 7 Licencia e fiscaliza entidades farmacêuticas Licencia e fiscaliza entidades farmacêuticas, laboratório controlo qualidade (LCQ) 8 Director Nacional DG (1) farmacêutico, DG Adjuntos (2), Conselho Fiscal MINFIN (1) / MINSA (2) 9 3 departamentos 7 departamentos 10 Chefes nomeadosdepartamentopeloMINSA Chefes departamento nomeados pelo DG 11 Dependente da DNRH (50 funcionários) Actualmente, 71 funcionários, com previsão de aumento para 156. Pode contratar RH (recursos próprios) Nível Nacional • ARMED/MINSA Nível Regional • regiãoregulamentarHarmonizaçãoporeconómica • Zazibona/SADCAMRH/UA:Propjecto ••ContinentalNívelEstruturacentralizadapararegulamentaçãofarmacêuticaAgênciaAfricanadeMedicamentos(AMA)

• Módulo 4 – Relatórios dos ensaios toxicológicos e farmacológicos da substância activa e do medicamento

Em relação às entidades envolvidas no processo de regulamentação farmacêutica em Angola, existe o seguinte cenário: Segundo a directora geral da ARMED, a equipa tem vindo a preparar-se para o lançamento oficial dos registos dos medicamentos, previsto já para Novembro deste ano, através de formações e encontros presenciais nas sessões de avaliação da Zazibona, com a adesão ao CRP (Procedimento de Registo Colaborativo) da OMS e ao I2ES do INCB, uma plataforma que visa facilitar e agilizar o processo de emissão de autorizações de importações e exportações de substâncias Parapsicotrópicas.oarranque deste processo, que começará por três áreas terapêuticas específicas, nomeadamente, medicamentos oncológicos, antimaláricos e medicamentos antituberculosos, este organismo contará com o apoio de um software para o registo que foi desenvolvido com o apoio da USAID. Os procedimentos para a solicitação de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) constam no artigo 10.º/anexo III do Decreto Presidencial n.º 315/20, de 17 de RecordamosDezembro.que a AIM é a autorização de comercialização de determinado medicamento no mercado nacional que, após a sua avaliação pela ARMED, culmina com a emissão de um Certificado de Autorização de Introdução no Mercado (CAIM), válido por cinco anos. Para a submissão de pedidos de AIM, será utilizado o formato de Dossier Técnico Comum (CTD), do inglês Common Technical Document, e a “variante electrónica” eCTD para submissões Oelectrónicas.formatodo CTD (dossier de AIM) surgiu em 2000, tendo sido posteriormente alterado em 2005, e trata-se de um formato que se aplica a todos os tipos de pedido de AIM, alterações aos termos da AIM, novos Drug Master Files (DMF) e respostas a pedidos de elementos, independentemente do procedimento, e a todos os tipos de Medicamentos de Uso Humano.

LÍDERES DEFENDEMMUNDIAIS GLOBAISSTANDARDS NOTÍCIA

Alberto Sanna relatou, ainda, as principais vantagens da implementação de um sistema deste género, entre as quais se destacam a rapidez e segurança da operação, visibilidade da tarefa em tempo real e uma gestão optimizada do stock de produtos.

Eric Hans Eddens, do International Consortium for Health Outcomes Measurement (ICHOM), falou sobre a importância da rastreabilidade de dispositivos médicos e da qualidade dos dados recolhidos, não só para alcançar a melhor eficiência, mas sobretudo para reduzir custos ao longo de toda a cadeia de valor. “O valor real está na oportunidade de reunir todas as informações, que conduzirão a uma boa relação custobenefício”, concluiu. Ainda nesta sessão, ficou claro que todos os intervenientes acreditam que ter uma linguagem global, que seja implementada de forma correcta, é uma mais-valia para todo o sector da saúde, desde o fornecedor ao paciente.

Na sessão “How do digital technology and global standards improve clinical outcomes?”, os especialistas debateram como podem os standards globais trazer dados relevantes, sobretudo num sector em constante e rápida mudança. Os intervenientes do painel acreditam que estes dados poderão ajudar os líderes do sector da saúde a tomarem decisões informadas e apoiar as equipas médicas para proporcionarem um melhor serviço e melhores resultados.

desafios que o sector enfrenta é a capacidade de fazer convergir as múltiplas dinâmicas da indústria numa solução que assegure a interoperabilidade dos vários elos da cadeia de valor”. Já Paul Coplan, da Johnson & Johnson, destacou a importância da recolha de dados reais sobre dispositivos médicos para aplicação em ensaios clínicos. “A inclusão de UDI - Unique Device Identifiers - em bases de dados de saúde melhora e facilita a investigação sobre segurança, eficácia e qualidade dos dispositivos médicos”, indicou. Paul Coplan alertou ainda que, para isso, são necessárias novas soluções para incluir UDI nessas bases de dados.

No caso da World Federation of Hemophilia, Georgios Ampartzidis explicou que todos os produtos doados à instituição têm um número de identificação que permite rastreá-los em qualquer ponto da cadeia de valor. “Todos os movimentos são registados através de uma aplicação que permite que todos tenham visibilidade de onde está cada produto”, esclareceu. Além disso, “se um produto atinge a data de validade, uma mensagem é enviada para o local onde o produto está, com um alerta. Da mesma forma, quando um produto é administrado, fica registado na aplicação quando e onde teve lugar essa administração. A aplicação permite a rastreabilidade completa de todos os produtos” Sobre os benefícios desta partilha, transparência e interoperabilidade dos dados, Georgios Ampartzidis destacou “uma maior visibilidade e confiança, dados em tempo real, melhor gestão do stock, diminuição do risco de mercado negro e de falsificação de produtos e a redução da necessidade de controlo manual e dos custos de auditoria”. Embora estas vantagens sejam reconhecidas, “os utilizadores finais, nomeadamente, alguns médicos, pessoal de enfermagem e administradores hospitalares vêem este processo como uma tarefa adicional indesejada”, concluiu.

Ao longo de três dias, o evento contou com mais de 700 participantes de 85 países, que quiseram perceber como podem os standards globais ajudar a melhorar os resultados clínicos e processos de abastecimento, de que forma estão a ser utilizados para garantir a segurança da cadeia de valor e obter informação sobre regulamentos importantes neste sector.

Alberto Sanna, director do San Raffaele Hospital, em Itália, partilhou o caso de sucesso implementado através de um sistema denominado Medication Management Platform. “Esta plataforma garante a rastreabilidade e monitorização de produtos médicos através de um veículo que retira medicamentos de forma automática de um dispensário, assegurando o total controlo e segurança dos produtos administrados”

Na sessão “Helping Healthcare emerge smarter: What does the future of healthcare need to consider?”, especialistas do sector reflectiram sobre de que forma podem os standards globais, combinados com os avanços tecnológicos, gerar mudanças impactantes não só para o paciente, como para o corpo clínico e o próprio sistema de cuidados de saúde. William Smart, do Dedalus Group, explicou que “as empresas já fizeram muito, mas ainda há outro tanto a ser feito no sector de saúde, no que diz respeito à tecnologia. Um dos maiores A GS1, REDE GLOBAL QUE PROMOVE A EFICIÊNCIA AO LONGO DE TODA A CADEIA DE VALOR, PROMOVEU RECENTEMENTE A TERCEIRA EDIÇÃO DA “GS1 HEALTHCARE ONLINE SUMMIT”, QUE CONTOU COM A INTERVENÇÃO DE 45 PALESTRANTES DE TODO O MUNDO, QUE PARTILHARAM A SUA EXPERIÊNCIA DA APLICAÇÃO DE STANDARDS GLOBAIS NO SECTOR DA SAÚDE. UMA DAS SESSÕES DE MAIOR DESTAQUE FOI SUBORDINADA AO TEMA “PHARMACEUTICAL REGULATION SPOTLIGHT”, EM QUE FORAM APRESENTADOS CASOS DE SUCESSO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA IDENTIFICAÇÃO ÚNICA PARA A RASTREABILIDADE NO COMBATE À FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS E DISPOSITIVOS MÉDICOS.

VITILIGO, UMA DOENÇA CLARAETIOLOGIASEM EM ANGOLA, CONHECIDO TAMBÉM POR “NGONGA”, DESCONHECESE O NÚMERO DE CASOS EXISTENTES DE VITILIGO. CONTUDO, O PRECONCEITO E A FALTA DE CONHECIMENTO AINDA SÃO GRANDES EM TORNO DESTA DOENÇA, PELO QUE SE TORNA ESSENCIAL DESMISTIFICÁ-LA. PERSPECTIVA

O vitiligo é uma doença que se caracteriza pela alteração da função ou mesmo ausência das células melanocíticas, células responsáveis pela produção de melanina, pigmento que dá cor à pele, cabelo e olhos. Na ausência destas, há aparecimento de manchas esbranquiçadas no corpo, de tamanho e extensão variável. Estas áreas hipopigmentadas/despigmentadas são, geralmente, bem demarcadas e simétricas. Esta hipopigmentação pode envolver um ou dois locais – vitiligo focal - ou segmentos do corpo – vitiligo segmentar - e, mais raramente, se generaliza, envolvendo quase toda a superfície corporal – vitiligo Ouniversal.diagnóstico deve ser sempre realizado por um profissional de saúde especializado (dermatologista), por meio da avaliação das despigmentações, assim como dos locais onde as mesmas aparecem. Em alguns casos, o

Uma doença crónica, que afecta até 2% da população, o vitiligo não apresenta uma etiologia clara, causando áreas de despigmentação cutâneas de várias extensões. Apesar de ter uma causa desconhecida, acredita-se que factores genéticos, ambientais e imunológicos estejam relacionados, podendo ser desencadeados por alterações auto-imunes ou situações de stress. Surge em qualquer idade, embora com maior frequência no adulto jovem. A evolução do vitiligo é muito variável, no que diz respeito à idade, número de lesões e progressão.

dermatologista pode indicar ao utente que realize uma biópsia das manchas, com vista a investigar a presença/ausência de melanócitos, assim como a realização do exame com a lâmpada de Wood, para identificar as áreas de vitiligo que emitem fluorescência específica quando submetidas à luz ÉUV.importante referir que esta doença, apesar de não ter cura, não é contagiosa, existindo, actualmente, diversos tratamentos que ajudam a melhorar a aparência da pele, reduzindo a inflamação do local e estimulando a repigmentação das regiões afectadas. Com a orientação de um dermatologista, os principais tratamentos disponíveis vão desde o tratamento com imunossupressores, corticoterapia ou Ofototerapia.aconselhamento médico é fulcral nesta patologia, visto que as áreas sem melanina estão mais desprotegidas, estando, portanto, mais susceptíveis aos raios solares. Deste modo, pessoas portadoras de vitiligo devem utilizar roupas que cubram essas áreas e fazer uso de um protector solar com FPS alto. Pessoas portadoras de vitiligo correm um risco acrescido de queimaduras solares e cancro de pele. Outros problemas relacionam-se com problemas de visão, como inflamação da íris, perda de audição e alguns efeitos secundários dos tratamentos, como pele seca e comichão.

Sendo uma patologia muito estética, o stress social e psicológico está também muitas vezes associado, podendo ser também interessante o acompanhamento psicológico, especialmente se o diagnóstico for realizado em crianças, uma vez que não conseguem ainda interpretar bem as suas diferenças de pigmentação de pele. Para além do mais, apesar de não ser contagioso, ainda existe algum preconceito da sociedade na aceitação de portadores de vitiligo, pelo que o acompanhamento psicológico se torna importante para aprender a viver e a lidar com a patologia. Não existem formas de prevenção do vitiligo, visto a causa da patologia ser ainda desconhecida. Sabe-se, contudo, que em cerca de 30% dos casos existe um histórico familiar da doença, pelo que os parentes de indivíduos afectados devem realizar uma vigilância mais próxima. Um outro factor de risco, que se julga associado a esta patologia, são outras doenças auto-imunes, nomeadamente, problemas da tiroide. Deste modo, apesar da prevenção primária não ser possível de implementar, é aconselhável e recomendável a prevenção secundária das complicações.

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