Tecnosaúde#26 - Setembro/Outubro

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N.º 26

Setembro/Outubro 2 0 2 4

D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA

P U

A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL

Dra. Nádia Noronha

Cuidar do Nosso Coração, Cuidar do Nosso Futuro

No Dia Mundial do Coração, celebrado a 29 de Setembro, temos a oportunidade de reflectir sobre a importância do coração para a nossa saúde e bem-estar. Este órgão vital, que pulsa incessantemente desde o momento em que nascemos até ao nosso último suspiro, é o centro da nossa vida. Ainda assim, muitas vezes negligenciamos os cuidados essenciais que requer para funcionar corretamente.

Em Angola, as doenças cardiovasculares representam uma crescente ameaça à saúde pública, reflectindo um problema global que afecta milhões de pessoas. A combinação de estilos de vida sedentários, uma alimentação inadequada, o uso de tabaco e o aumento do stresse coloca uma pressão extra no coração, aumentando o risco de ataques cardíacos, AVCs e outras complicações. Estes factores, associados à falta de acesso regular a cuidados de saúde, tornam ainda mais urgente a necessidade de consciencialização e prevenção.

O Dia Mundial do Coração não é apenas uma data para sensibilizar as pessoas sobre os cuidados que devem ter com o coração, mas também um lembrete de que a saúde é um compromisso contínuo. Em Angola, devemos continuar a investir na educação em saúde, no acesso a diagnósticos precoces e tratamentos adequados e na criação de ambientes que promovam hábitos saudáveis.

O coração é o motor da nossa vida. Ao cuidarmos dele, estamos a garantir um futuro mais saudável e próspero para nós e para as próximas gerações.

Neste Dia Mundial do Coração, façamos a escolha de proteger e fortalecer o nosso coração – porque a saúde de Angola depende, em grande parte, de corações saudáveis.

Cuide do seu coração. Viva mais, viva melhor.

SAÚDE PARA SI

EDITORIAL

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NOTÍCIA

Promover a saúde digital pode ajudar a evitar milhões de mortes por doenças não transmissíveis

Mpox: breve revisão e situação actual pelo Dr. Celestino Teixeira

OMS pré-qualifica primeira vacina contra a Mpox

PERSPECTIVA

Dia Mundial do Coração e a importância da prevenção, pela Dra. Lourette Cardona

Análise: Prevalência de doenças cardiovasculares quase duplica

Dr. Daniel Sebaiti aborda a prevenção do enfarte agudo do miocárdio

Erik Jeorge detalha os biomarcadores cardíacos e a sua importância no diagnóstico

Dra. Yolanda Luamba destaca o papel do farmacêutico no acompanhamento do doente cardiovascular

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Rubrica Regulamentar: Dra. Zola João homenageia o farmacêutico

RUBRICA OCULAR

Dr. Djalme Fonseca aborda a importância dos cuidados primários de saúde ocular em crianças

Dra. Madalena Bengue enumera as alergias em bebés e as suas principais causas

Rubrica ambiental: Os efeitos do calor na saúde

Notícia: OMS destaca a ligação entre saúde mental e trabalho

Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana

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Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola

Directora: Nádia Noronha

E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net

Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center

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Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/

PROMOVER A SAÚDE DIGITAL PODE AJUDAR

A EVITAR MILHÕES DE MORTES POR DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

SE HOJE SE COMEÇAR A INVESTIR MAIS 0,24 DÓLARES POR PACIENTE, POR ANO, EM INTERVENÇÕES DE SAÚDE DIGITAL, COMO TELEMEDICINA, MENSAGENS MÓVEIS E CHATBOTS, PODE AJUDAR A SALVAR MAIS DE DOIS MILHÕES DE VIDAS DE DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA PRÓXIMA DÉCADA, DIZ UM NOVO RELATÓRIO DIVULGADO CONJUNTAMENTE PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E PELA UNIÃO INTERNACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES (UIT). ESTE INVESTIMENTO TAMBÉM PODERIA EVITAR APROXIMADAMENTE SETE MILHÕES DE EVENTOS AGUDOS E HOSPITALIZAÇÕES, REDUZINDO SIGNIFICATIVAMENTE A PRESSÃO SOBRE OS SISTEMAS DE SAÚDE EM TODO O MUNDO.

Apublicação, intitulada “Going digital for noncommunicable diseases: the case for action”, foi lançada num evento organizado pelo Governo da Gâmbia durante a 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em colaboração com a UIT e a OMS. “O futuro da saúde é digital. Mas, para tornar essa visão numa realidade, precisamos de recursos e colaboração”, disse o director geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.

De facto, nenhuma organização pode fazê-lo sozinha, daí o apelo aos governos, parceiros e doadores para que se unam, invistam estrategicamente e garantam que estas inovações cheguem àqueles que mais delas precisam. “A revolução digital tem potencial para desencadear uma revolução na saúde”, afirmou a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin. “O digital é um catalisador para o cumprimento de metas em sectores-chave, como saúde e educação. Apelamos a uma maior colaboração entre os sectores da saúde e da tecnologia, incluindo o desenvolvimento de infraestruturas públicas digitais sólidas, essenciais para a prestação de serviços de saúde digitais que possam beneficiar as pessoas em todo o lado, sem deixar ninguém para trás”

Doenças não transmissíveis

As doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, cancro, diabetes e doenças respiratórias crónicas, são responsáveis por mais de 74% das mortes globais anualmente, muitas das quais evitáveis. Embora tenham sido feitos progressos significativos no combate às doenças não transmissíveis, a integração das tecnologias digitais de saúde nos sistemas de saúde gerais continua a ser um desafio. O relatório mostra que há uma necessidade urgente de aproveitar essas tecnologias para ampliar intervenções eficazes e mitigar a crescente carga sobre os sistemas de saúde, em todo o mundo.

Quatro grandes factores de risco ligados ao ambiente diário – consumo de tabaco, dieta não saudável, consumo nocivo de álcool e inactividade física – impulsionam respostas

que também aumentam o risco de doenças não transmissíveis: tensão arterial elevada, obesidade, glicose no sangue e colesterol elevados. As ferramentas digitais, incluindo mensagens móveis e chatbots, podem ajudar os indivíduos a compreender os seus factores de risco modificáveis e incentiválos a desenvolver hábitos mais saudáveis.

As pessoas que vivem com doenças não transmissíveis necessitam de acompanhamento regular e gestão contínua e muitas precisam de cuidados especializados e a longo prazo. As ferramentas digitais, como a telemedicina, podem ajudá-las a ultrapassar os obstáculos ao acesso aos cuidados de saúde. Dados e ferramentas em tempo real para profissionais de saúde também podem ajudá-los a tomar decisões informadas sobre os seus pacientes.

Embora mais de 60 % dos países tenha desenvolvido uma estratégia de saúde digital, verifica-se frequentemente uma falta de integração de novas tecnologias na infraestrutura de saúde existente. O relatório apela aos países para que invistam em infraestruturas públicas digitais e promovam normas e interoperabilidade que possam ultrapassar barreiras críticas, para concretizar todo o potencial da saúde digital.

OS HOSPITAIS DO FUTURO

OS HOSPITAIS DO FUTURO SERÃO RADICALMENTE TRANSFORMADOS DEVIDO AOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS, IMPACTANDO A VIDA DAS POPULAÇÕES SIGNIFICATIVAMENTE. A DIGITALIZAÇÃO E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL IRÃO OPTIMIZAR A GESTÃO HOSPITALAR E MELHORAR O DIAGNÓSTICO E A MONITORIZAÇÃO DOS PACIENTES. EMBORA ESSAS MUDANÇAS PROMETAM UM SISTEMA DE SAÚDE MAIS EFECTIVO E EFICIENTE, O SECTOR TERÁ DE SUPERAR DESAFIOS COMO A ESCASSEZ DE PROFISSIONAIS E A INTEGRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL.

Os especialistas da multinacional tecnológica

Stratesys, cuja missão é transformar as empresas, orientando os seus investimentos tecnológicos para o futuro, definiram os factores que devem ser considerados nesta transformação que está a impactar o sector da saúde.

Hospitais inteligentes e digitais

Os hospitais do futuro serão ambientes altamente digitais, onde a inteligência artificial (IA) e a robotização, juntamente com a IoT (rede de dispositivos conectados, equipados com sensores que os habilitam a receber e transmitir dados), desempenharão papéis cruciais.

A gestão hospitalar será automatizada para optimizar a eficiência operacional e reduzir custos. Os sistemas de IA serão utilizados para analisar grandes volumes de dados clínicos, permitindo diagnósticos mais precisos e rápidos. As tecnologias IoT integrarão dispositivos médicos conectados, facilitando a monitorização contínua e remota dos pacientes. A tecnologia 6G permitirá que intervenções de cirurgia robótica (tal como os robôs de sistemas cirúrgicos Da Vinci) sejam realizadas com os melhores especialistas, independentemente da sua localização, sem latência ou possíveis erros de comunicação.

Atendimento personalizado e medicina sob procura

O atendimento ao paciente será transformado num modelo de medicina 100% personalizado. Essa abordagem concentrar-se-á em tratamentos específicos com base nas características genéticas de cada paciente. A sequenciação do genoma e a medicina de precisão permitirão identificar as susceptibilidades genéticas às doenças e personalizar os tratamentos em função dessas vulnerabilidades.

Avanços genéticos e terapias inovadoras No campo da genética, os próximos 10 anos vão trazer avanços significativos na alteração de genes e terapias genéticas. Tecnologias como a CRISPRCas9 permitirão modificações precisas do ADN, oferecendo a possibilidade de corrigir mutações genéticas responsáveis por doenças hereditárias e potencialmente eliminar doenças mortais, como certos tipos de cancro e doenças genéticas raras.

Essas intervenções não só previnem a doença, mas também melhoram a qualidade de vida e a longevidade dos pacientes. É aqui que reside a esperança de que as chamadas doenças raras

possam ser tratadas, mesmo que tenham um impacto num pequeno volume da população.

Tratamento de doenças crónicas e semi-crónicas

A medicina para pacientes com doenças crónicas, semi-crónicas e poli-doenças também evoluirá significativamente. A telemedicina e a gestão remota serão essenciais, permitindo que os pacientes realizem procedimentos no conforto de casa e reduzindo a necessidade de visitas frequentes ao hospital, reduzindo o impacto negativo que é gerado, especialmente em áreas distantes das grandes cidades.

Desafios para atingir esses objectivos

A escassez de profissionais de saúde é crítica e a formação, a digitalização e a retenção de pessoal qualificado serão essenciais para lidar com a crescente procura de serviços. Além disso, os

O HOSPITAL DO FUTURO SERÁ ESTENDIDO À CASA DE CADA PACIENTE, PERMITINDO QUE OS SERVIÇOS DE SAÚDE TENHAM

UMA GESTÃO REMOTA E DE FORMA PERSONALIZADA, GRAÇAS À TECNOLOGIA

serviços precisarão de ser redimensionados e digitalizados para responder adequadamente ao aumento da população e incremento da esperança média de vida.

Outro grande desafio é o tratamento das doenças mentais, que estão a aumentar em prevalência. Os hospitais do futuro precisarão de integrar serviços de saúde mental mais robustos e acessíveis, utilizando tecnologias como telepsiquiatria e plataformas digitais de apoio.

Finalmente, o hospital do futuro será estendido à casa de cada paciente, permitindo que os serviços de saúde tenham uma gestão remota e de forma personalizada, graças à tecnologia.

“A saúde do futuro será um ecossistema interconectado e personalizado, onde a tecnologia avançada e a medicina de precisão se unem para fornecer cuidados de saúde mais eficazes e eficientes”, explica Eneko Sainz-Ezquerra, partner da Stratesys e responsável pelo sector de Healthcare da multinacional. “Os avanços genéticos irão permitir tratamentos inovadores que podem erradicar doenças mortais, enquanto a gestão de doenças crónicas será optimizada através da telemedicina, de forma remota. Finalmente, a possibilidade de reverter o envelhecimento celular abre uma nova fronteira na melhoria da qualidade de vida e no prolongamento da longevidade humana”

PARA GERAR MAIS INFORMAÇÕES BASEADAS NA

CIÊNCIA SOBRE SAÚDE E BEM-ESTAR

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E A REDE SOCIAL TIKTOK ANUNCIARAM UMA COLABORAÇÃO DE UM ANO PARA FORNECER INFORMAÇÕES DE SAÚDE CONFIÁVEIS E BASEADAS NA CIÊNCIA.

As redes sociais podem ser importantes fontes de informação que influenciam decisões e comportamentos relacionados com a saúde. Um em cada quatro jovens adultos procura activamente conteúdo informativo nas redes sociais, incluindo o TikTok. Mas a desinformação encontra nesses canais digitais uma forma de acesso à população.

A nova colaboração entre a OMS e o TikTok visa ajudar a enfrentar esses desafios, promovendo conteúdo baseado em evidências e incentivando diálogos positivos sobre saúde. “Esta colaboração pode ser um ponto de viragem na forma como as plataformas reforçam a sua responsabilidade social.

A intersecção entre saúde e tecnologia oferece a oportunidade de alcançar pessoas de todas as idades, onde quer que estejam e a qualquer momento”, disse o Dr. Jeremy Farrar, director científico da OMS. “Ao colaborar com o TikTok e outras redes sociais, contribuímos para o acesso a informações confiáveis e a participação num discurso científico que, colectivamente, ajuda a moldar um futuro mais saudável para todas as pessoas”

Rede Fides

A comunidade global no TikTok conta com mais de mil milhões de pessoas. “Sabemos que milhões de pessoas vêm ao TikTok, todos os dias, para partilhar experiências e construir laços sociais em todas as áreas das suas vidas, incluindo o seu bem-estar, e tentamos garantir que encontrem informações confiáveis sobre esse importante tópico. É por isso que temos o prazer de colaborar com a rede Fides da Organização Mundial da Saúde, que reúne influenciadores neste campo, para fortalecer ainda mais esse compromisso, oferecendo conteúdo envolvente e autorizado sobre bem-

estar mental para a nossa comunidade”, afirmou Valiant Richey, director global de Divulgação e Parcerias para Confiança e Segurança no TikTok.

A rede Fides, que começou sua jornada em 2020, mobilizou criadores de conteúdos relacionados com saúde para combater a desinformação e dar mais relevância ao conteúdo baseado em evidências. Com uma comunidade de mais de 800 criadores, que alcança 150 milhões de pessoas através de várias plataformas, a Fides pode contribuir para comunicações mais concretas e credíveis, para que as pessoas possam aceder a melhores informações sobre saúde.

O Dr. Alain Labrique, director de Saúde Digital e Inovação da OMS, destacou a importância desta iniciativa. “Os criadores que entendem as necessidades dos seus públicos têm uma oportunidade única de preencher a lacuna entre a ciência e a vida quotidiana. É aqui que a OMS pode intervir para apoiar os influenciadores na disseminação de informações baseadas em evidências, garantindo que as conversas sobre saúde em plataformas como o TikTok sejam impactantes e baseadas em informações precisas”

A colaboração expandirá os esforços em torno de uma série de tópicos de saúde pertinentes, traduzindo informações baseadas na ciência em conteúdo de vídeo relacionável e fácil de digerir, com mais apoio para influenciadores por meio dos programas de formação de criadores do TikTok.

MPOX: BREVE REVISÃO E SITUAÇÃO ACTUAL

EA MPOX, ANTERIORMENTE CONHECIDA COMO MONKEYPOX OU VARÍOLA DOS MACACOS, É UMA DOENÇA VIRAL ZOONÓTICA CAUSADA PELO VÍRUS MONKEYPOX (MPOX VÍRUS), UMA ESPÉCIE DO GÉNERO ORTHOPOXVIRUS. EXISTEM DOIS CLADOS (ORGANISMOS DA MESMA ORIGEM E DIFERENTES GENETICAMENTE) DISTINTOS DO VÍRUS: O CLADO I, COM OS SUBCLADOS IA E IB, E O CLADO II, COM OS SUBCLADOS IIA E IIB 1, 2.

Dr. Celestino Francisco Teixeira

Coordenador da área de Vigilância Epidemiológica do Luanda Medical Center. Licenciatura em Medicina - Faculdade de Medicina, UAN (2001). Mestrado em Epidemiologia de Campo e Laboratorial - Faculdade de Medicina, UAN (2013)

sta doença reemergente constitui um importante problema de saúde pública, principalmente nos países onde é endémica, assim como nos fronteiriços e não só, que têm sido considerados de risco, desde que haja circulação do vírus. A Mpox foi descrita, pela primeira vez, em 1958, entre primatas não humanos (macacos) enviados de Singapura para laboratórios na Dinamarca.

Cinco momentos, no nosso entender, foram e têm sido particularmente importantes do ponto de vista histórico, evolutivo e epidemiológico. Nomeadamente, a década de 1970, pela detecção do primeiro caso numa criança de 9 meses na República Democrática do Congo (RDC), confirmado em laboratório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moscovo, e nesta altura já com provável transmissão humana.

Na década de 1980, devido à sua erradicação e suspensão da vacinação da Varíola humana, houve uma consequente redução da capacidade da população imune servir como barreira, impedindo que um transmissor da doença infecte outra pessoa. A década 1990 (1996-97) coincidiu com surgimento de vários surtos nas zonas endémicas (floresta tropical de África).

Mais recentemente, realce para dois grandes surtos em áreas domiciliares e hospitalares, como o que ocorreu em 2022, devido ao Mpox Vírus clado IIb, com início na Nigéria e progressão para vários países da região Ocidental de África e países de outras regiões do mundo não endémicas.

Para finalizar, o surto de 2024 na RDC, devido ao Mpox Vírus clado Ib, mais virulento e com maior transmissibilidade, que levou a OMS, num período de dois anos, a declarar a Mpox uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) 1-3

Epidemiologia

A cronologia do surgimento de casos de Mpox teve início na década seguinte ao primeiro caso em humanos, em 1970, com 59 casos na África Ocidental e Central. De 2000 a 2015, houve indicativos de surtos de casos suspeitos na RDC, com 760 casos confirmados em laboratório entre 2005 e 2007. Entre 2018 e 2021, sete casos foram diagnosticados no Reino Unido e, no surto global de 2022, os primeiros 47 casos foram relatados à OMS em Maio. Desde então, o número de casos continuou a aumentar em todo o mundo, até atingir, em 2024, mais de 103 mil casos e mais de 220 mortes.

Segundo o CDC África, em 2024 já foram reportados mais de 22.800 casos e acima de 622 mortes em 13 países, desde Janeiro. No entanto, em Angola, até ao momento da conclusão deste trabalho, haviam sido notificados 10 casos suspeitos (três em

SEGUNDO O CDC ÁFRICA, EM 2024 JÁ

FORAM REPORTADOS MAIS DE 22.800

CASOS E ACIMA DE 622 MORTES EM 13 PAÍSES, DESDE JANEIRO. NO ENTANTO, EM ANGOLA, ATÉ AO MOMENTO DA CONCLUSÃO DESTE TRABALHO, HAVIAM

SIDO NOTIFICADOS 10 CASOS SUSPEITOS

(TRÊS EM CABINDA, UM EM BENGUELA, DOIS EM LUANDA, DOIS NO LUNDA-NORTE, UM NO LUNDA-SUL E UM NO ZAIRE) NÃO

CONFIRMADOS LABORATORIALMENTE

PELO INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO EM SAÚDE (INIS)

Cabinda, um em Benguela, dois em Luanda, dois no Lunda-norte, um no Lunda-sul e um no Zaire) não confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS).

Transmissão

A infecção em humanos terá sido devido a manipulação por toque, limpeza, mordedura e/ou arranhões durante a caça de animais infectados (ratos gigantes, esquilos africanos e macacos). A mesma ocorre por contacto directo com sangue, fluidos corporais, lesões externas de animais infectados e carne inadequadamente cozida.

No entanto, a transmissão de pessoa a pessoa ocorre pelo contacto próximo prolongado com gotículas respiratórias infectadas, lesões da pele ou contacto indirecto por objectos contaminados e pode ocorrer também transmissão de mãe para filho. Ainda assim, na maioria dos casos em humanos, desconhece-se a fonte de infecção 1-5

Período de incubação, manifestações clínicas e evolução

O período de incubação consiste no intervalo de tempo que ocorre desde o momento da infecção até ao surgimento dos sintomas, de seis a 13 dias, podendo variar de cinco a 21 dias 1-5

Clinicamente, a Mpox tem uma evolução em duas fases, que geralmente tem uma duração de três a quatro semanas

Nomeadamente, a fase de infecção ou invasiva, que surge desde o momento da inoculação até ao quinto dia, caracterizada por febre acima de 38ºC com calafrio, dores de cabeça, gânglios linfáticos inflamados (íngua), dor nas costas, dores musculares e fraqueza, assim como a fase de erupção cutânea, que surge um a três dias após o início da febre, caracterizada pelo surgimento de lesões na pele evolutivas (tipo manchas), pápulas, vesículas, pústulas e crostas, mais frequentemente encontradas em 95% dos casos na face, em 75% dos casos nas palmas das mãos e plantas dos pés e em 70% dos casos na boca (mucosa oral) 4,5

Diagnóstico, tratamento e prevenção

A confirmação da Mpox é feita laboratorialmente pela identificação do ácido nucleico, através da Reacção em Cadeia da Polimerasse em tempo real (RTPCR), tendo como melhores amostras as lesões da pele (líquido, coberta superior e crosta) 5

O manuseamento dos casos está baseado no tratamento de suporte específico para os sintomas, evitar complicações (cardíacas, encefálicas, desidratação e malnutrição grave, sepse, falência de múltiplos órgãos e morte) e prevenir sequelas.

As vacinas de primeira geração usadas para prevenir a varíola humana também protegem, em grande medida, os vacinados contra a Mpox, devido a memória imunológica que pode durar décadas, embora esta protecção cruzada contra a Mpox diminua também ao longo do tempo 2-4

Referências bibliográficas:

Do ponto de vista de prevenção, recomendase aos profissionais de saúde que atendem pacientes ou manipulam amostras que tenham em conta as medidas de precaução por contacto directo e/ou exposição a gotículas respiratórias. A saber:

• Lavar as mãos antes e depois de atender um paciente, tocar em locais do ambiente ou manipular amostras;

• Utilizar Equipamento de Protecção Individual (EPI) adequado, como batas, luvas, máscaras, óculos e botas;

• Assegurar o isolamento do paciente no hospital ou no domicílio;

• Garantir a eliminação adequada dos resíduos e a descontaminação da área;

• Garantir um funeral seguro e digno.

As medidas de prevenção dirigidas à população geral estão centradas nas acções de promoção da saúde que permitem reduzir a exposição das pessoas ao Mpox Vírus:

• Compreender o risco de manipular ou consumir animais selvagens e evitar o contacto;

• Utilizar luvas e outro material de protecção para manipular ou sacrificar animais;

• Evitar o contacto próximo com outros pacientes, durante um surto de Mpox.

Em termos de conclusão, e de acordo com a OMS, a Mpox é uma doença emergente. A doença não está circunscrita a África e aos países endémicos, pode surgir em qualquer parte do mundo. Devemos informar as autoridades locais sobre a existência de qualquer caso suspeito e tomar todas as precauções para evitar o contágio 4, 5

1. World Healht Organization (WHO). Mpox. 2024. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/mpox. Acedido a 2 de Outubro de 2024

2. Mitja O et al. Monkeypox. National Library of Medicine. Lancet. 2022. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9671644/. Acedido a 2 de Outubro de 2024

3. Reynolds MG et al. Monkeypox re-emergence in Africa: a call to expand the concept and practice of One Health. National Library of Medicine. 2019. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6438170/. Acedido a 2 de Outubro de 2024

4. World Healht Organization (WHO). OpenWHO.org. Varíola dos Macacos: Curso introdutório para contexto de surtos africanos. 8 million envolvments/possibilities. 2020. Disponível em https://openwho.org/courses?q=introdu%C3%A7%C3%A3o+mpox&button=&channel=&lang=&category=&topic=. Acedido a 2 de Outubro de 2024

5. Ministério da Saúde/Direcção Nacional de Saúde Pública. Manual de vigilância epidemiológica integrada de doenças e resposta. Luanda. 2021.

6. Centers for Desease Control and Prevention (CDC). Clade I Mpox Outbreak Originating in Central Africa. 2024. Disponível em https://www.cdc.gov/mpox/ outbreaks/2023/index.html. Acedido a 4 de Outubro de 2024

7. Karagoz A et al. Monkeypox (mpox) virus: Classification, origin, transmission, genome organization, antiviral drugs, and molecular diagnosis. National Library of Medicine. J Infect Public Health. 2023. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36801633/. Acedido a 2 de Outubro de 2024

OMS PRÉ-QUALIFICA A PRIMEIRA VACINA

CONTRA A MPOX

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) ANUNCIOU

A VACINA MVA-BN COMO A PRIMEIRA VACINA CONTRA A MPOX, OU VARÍOLA DOS MACACOS, A SER ADICIONADA

À SUA LISTA DE PRÉ-QUALIFICAÇÃO. ESPERA-SE QUE FACILITE O ACESSO ATEMPADO E ALARGADO EM COMUNIDADES COM NECESSIDADES URGENTES, PARA REDUZIR A TRANSMISSÃO E AJUDAR A CONTER O SURTO.

Aavaliação da OMS para a préqualificação é baseada em informações enviadas pelo fabricante, a Bavarian Nordic A/S, e na revisão pela Agência Europeia de Medicamentos, a reguladora de registo para esta vacina.

“Esta primeira pré-qualificação de uma vacina contra a mpox é um passo importante na nossa luta contra a doença, tanto no contexto dos actuais surtos em África, como no futuro”, disse o director geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Precisamos agora de uma escala urgente na aquisição, doações e lançamento para garantir o acesso equitativo às vacinas onde estas são mais necessárias, juntamente com outras ferramentas de saúde pública, para prevenir infecções, parar a transmissão e salvar vidas”

A vacina MVA-BN pode ser administrada em pessoas com mais de 18 anos, em duas doses com quatro semanas de intervalo. O Grupo Consultivo Estratégico de Peritos da OMS sobre Imunização analisou todas as provas disponíveis e recomendou a utilização da vacina MVA-BN no contexto de

um surto de mpox para pessoas com elevado risco de exposição. Embora a MVA-BN não esteja actualmente licenciada para pessoas com menos de 18 anos, pode ser usada em bebés, crianças e adolescentes e em grávidas e pessoas imunocomprometidas. Isto significa que a utilização da vacina é recomendada em contextos de surto em que os benefícios da vacinação superam os potenciais riscos.

A OMS também recomenda o uso de uma dose única em situações de surto com restrição de oferta, mas enfatiza a necessidade de recolher mais dados sobre a segurança e eficácia das vacinas nestas circunstâncias.

Os dados disponíveis mostram que uma vacina MVA-BN de dose única administrada antes da exposição tem uma eficácia estimada de 76% na protecção das pessoas contra a mpox. O esquema de duas doses alcança uma eficácia estimada de 82%. A vacinação após a exposição é menos eficaz do que a vacinação préexposição.

Emergência de saúde pública de importância internacional

A escalada do surto na República Democrática do Congo e noutros países levou à declaração de emergência de saúde pública de importância internacional pelo director geral da OMS, a 14 de Agosto de 2024. Mais de 120 países confirmaram mais de 103 mil casos de mpox desde o início do surto global, em 2022, e só em 2024 houve 25.237 casos suspeitos e confirmados e 723 mortes por diferentes surtos em 14 países da Região Africana, com base em dados de 8 de Setembro.

A varíola dos macacos é uma doença viral causada pelo vírus mpox (MPVX), que pertence ao género dos Orthopoxviruses. Existem dois clados distintos do vírus: o clado I (que tem os subclados Ia e Ib) e o clado II (que tem os subclados IIa e IIb). Em 2022-2023, houve um surto global de mpox causado por uma cepa do clado IIb.

Os sintomas comuns da mpox são erupções cutâneas ou lesões mucosas que podem durar duas a quatro semanas, acompanhadas de febre, dor de cabeça, dores musculares, nas costas, falta de energia e inchaço dos gânglios linfáticos.

A mpox pode ser transmitida por contacto próximo com pessoas que têm a doença, materiais contaminados ou animais infectados. Durante a gravidez, o vírus pode ser transmitido ao feto ou ao recém-nascido durante ou após o nascimento.

A mpox é tratada através da prestação de cuidados de suporte para sintomas como dor e febre, prestando especial atenção à nutrição, hidratação, cuidados com a pele, prevenção de infecções secundárias e tratamento de infecções concomitantes, como o VIH, quando presente. A maioria das pessoas recupera completamente, mas algumas ficam gravemente doentes. A pele pode ficar infectada com bactérias que causam abcessos ou lesões cutâneas graves. Outras complicações incluem pneumonia, infecção da córnea com perda de visão, dor ou dificuldade em engolir líquidos, vómitos e diarreia que causam desidratação ou desnutrição e infecções do sangue (sepse), cérebro (encefalite), coração (miocardite), reto (proctite), órgãos genitais (balanite) ou trato urinário (uretrite). Nalguns casos, a mpox pode ser fatal.

O reservatório natural do vírus é desconhecido, mas vários pequenos mamíferos, como esquilos e macacos, são vulneráveis. A transmissão de animal para humano ocorre por mordidas ou arranhões de animais infectados, ou por caçar, esfolar, cozinhar, comer ou manusear as suas carcaças.

Surtos

O vírus mpox foi descoberto na Dinamarca, em 1958, em macacos destinados à investigação. O primeiro caso em seres humanos notificado foi o de uma criança de nove meses da República Democrática do Congo, em 1970. Após a erradicação da varíola, em 1980, e o fim da vacinação em todo o mundo, a mpox emergiu gradualmente na África Central, Oriental e Ocidental. Desde então, houve casos esporádicos na África Central e Oriental (clado I) e na África Ocidental (clado II).

Em 2003, houve um surto nos Estados Unidos da América envolvendo animais selvagens importados (clado II). Desde 2005, milhares de casos têm sido relatados na República Democrática do Congo, todos os anos. Em 2017, a mpox fez um retorno na Nigéria, onde continua a espalhar-se.

Em Maio de 2022, houve um surto repentino de mpox que se espalhou rapidamente pela Europa, pelas Américas e, eventualmente, pelas seis regiões da OMS. Este surto afectou principalmente, mas não exclusivamente, homossexuais e bissexuais e espalhou-se de pessoa para pessoa através de redes de contactos sexuais. Em 2022, também ocorreram surtos do vírus em campos de refugiados na República do Sudão.

DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO

O DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO É CELEBRADO

ANUALMENTE A 29 DE SETEMBRO, COM O OBJECTIVO DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA A NECESSIDADE DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV). ESTA INICIATIVA FOI CRIADA PARA SENSIBILIZAR A POPULAÇÃO PARA A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E CUIDADOS COM A SAÚDE CARDIOVASCULAR, PARA UM CORAÇÃO SAUDÁVEL, E O DESTAQUE CADA VEZ MAIS URGENTE DA CORRECÇÃO DOS CHAMADOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULARES (FRCV), COM A ADOPÇÃO DE UMA DIETA MEDITERRÂNICA, DA ACTIVIDADE FÍSICA REGULAR, DO CONTROLO DA PRESSÃO ARTERIAL E DO COLESTEROL, ALÉM DE ALERTAR PARA OS RISCOS DO EXCESSO DE PESO INTRINSECAMENTE LIGADOS À ALIMENTAÇÃO COPIOSA E/OU NÃO SAUDÁVEL, BEM COMO AO SEDENTARISMO, AO TABAGISMO E CONSUMO EXCESSIVO DE SAL E ÁLCOOL.

Dra. Lorette Cardona

Cardiologista do Luanda Medical Center. Experiência profunda no diagnóstico, tratamento e prevenção de diferentes doenças cardíacas e cardiovasculares, para melhorar o bem-estar e qualidade de vida do paciente. Extensas habilidades de UTI Coronária, para cuidar de pacientes com problemas cardíacos graves

Cada vez mais, é preciso repensar a saúde cardiovascular, pois as DCV são a principal causa de morte em todo o mundo, responsáveis por cerca de 17,9 milhões de mortes a cada ano. Referem-se a um grupo de doenças do coração e dos vasos sanguíneos e incluem doenças coronárias, cerebrovasculares, cardíacas reumáticas e outras condições.

Mais de quatro em cada cinco mortes por DCV são devidas a “ataques cardíacos” (enfarte agudo do miocárdio) e a acidentes vasculares cerebrais (AVC) e um terço destas mortes ocorre prematuramente em pessoas com menos de 70 anos de idade. São as estatísticas mundiais.

Para África, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes a 2019, indicam que as DCV são responsáveis por cerca de 13% de todas as mortes. A África Subsariana regista uma das maiores taxas de mortalidade cardiovascular do mundo, em parte devido à alta prevalência de hipertensão arterial (HTA) não controlada e as suas consequências, como o AVC, mas também ao registo, elevado ainda, de febre reumática.

A incidência de morte por DCV tem vindo a aumentar, actualmente 18 milhões de mortes registadas, devido a vários factores, como envelhecimento da população, aumento de FRCV como obesidade, mas também dificuldade no acesso a saúde.

É urgente promover uma maior e melhor saúde CV, apostar na formação, num serviço de saúde mais equitativo, humanizado e acessível, na investigação clínica e, certamente, na prevenção, para que possamos reduzir a mortalidade CV.

Os cuidados com a saúde do coração devem começar desde cedo, com a adopção de hábitos saudáveis. A melhor conduta para a prevenção é estar atento aos FRCV, sejam eles de transmissão hereditária ou condições congénitas, ou aqueles de factores externos, como o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade.

Em Angola, os níveis elevados de stresse, alimentação inadequada que leva aos extremos - quer obesidade, quer desnutrição -, bem como condições sanitárias precárias e dificuldade de acessos de saúde (falta de infraestruturas, de recursos humanos e rede de cuidados, serviços privados com custo elevado e deficiente educação para a saúde) contribuem para aumento das DCV, nomeadamente da HTA e suas consequências (AVC, enfarte, doença renal crónica), mas também para a febre reumática.

O termo reumático está relacionado a dois sintomas que essa doença pode causar: febre e reumatismo (dor nas articulações).

É uma doença inflamatória provocada por algumas bactérias do grupo Streptococcus, muito comuns no nosso dia-a-dia. É comum na infância, entre os 3 e os 15 anos de idade, manifestando-se como uma amigdalite ou faringite, mas que pode ser um factor desencadeante de febre reumática. Se afectar o coração, pode deixar sequelas por toda a vida, até mesmo levar a cirurgia cardíaca ainda na infância ou mais tarde na vida adulta. O mais importante é que pode ser tratada e prevenida atempadamente.

De igual modo, as mulheres têm FRCV que os homens não têm, por exemplo, alterações hormonais, doenças do ovário, complicações da gravidez, entre outras. A gravidez e o período peri-parto são fases particularmente vulneráveis para a saúde CV da mulher. Os dados clínicos mostram que até duas em cada 10 mulheres desenvolve HTA, Diabetes Mellitus tipo 2 e pré-eclâmpsia durante a gravidez, que aumentam o risco de desenvolver a doença e a mortalidade CV. Por outro lado, depois da menopausa, o risco CV aumenta significativamente. Infelizmente, as mulheres têm sintomas atípicos que contribuem para o diagnóstico tardio de DCV.

São apenas alguns exemplos que merecem ser repensados e prevenidos atempadamente, quando falamos em saúde e prevenção CV, em fases específicas da vida.

É URGENTE PROMOVER UMA MAIOR E MELHOR SAÚDE CV, APOSTAR NA FORMAÇÃO, NUM SERVIÇO DE SAÚDE MAIS EQUITATIVO, HUMANIZADO E ACESSÍVEL, NA INVESTIGAÇÃO CLÍNICA E, CERTAMENTE, NA PREVENÇÃO, PARA QUE POSSAMOS REDUZIR A MORTALIDADE CV

Sendo as DCV maioritariamente doenças de estilos de vida, o que implica ter anos de vida, com o avançar da idade, é premente adoptar hábitos de vida saudáveis e estar atento à prevenção CV regular, sobretudo após os 45 anos de idade para o homem e na mulher na pré-menopausa.

Seja saudável. Previna-se e cuide do seu coração. Procure o seu médico. A vida agradece.

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES QUASE DUPLICA

AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES SÃO A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NO MUNDO. COMBINADAS, AS DOENÇAS QUE AFECTAM O CORAÇÃO OU OS VASOS SANGUÍNEOS, COMO ATAQUE CARDÍACO, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, MATAM MAIS DE 20,5 MILHÕES DE PESSOAS TODOS OS ANOS. A MAIORIA DESSAS MORTES ACONTECE EM PAÍSES DE BAIXA E MÉDIA RENDA, SEGUNDO INDICA A WORLD HEARTH FEDERATION (WHF).

Ocoração humano é apenas do tamanho de um punho, mas é o músculo que mais trabalha no corpo. A cada batimento cardíaco, o coração bombeia sangue, transportando oxigénio e nutrientes para todas as partes do corpo. Bate cerca de 100 mil vezes e bombeia até 7.500 litros de sangue, todos os dias.

Em apenas 20 anos, a prevalência de doenças cardiovasculares (DCV) quase duplicou, passando de 271 milhões em 1990, para 523 milhões em 2019.

As DCV afectam homens e mulheres de forma diferente. Os homens, especialmente aqueles com idade compreendida entre 30 e 60 anos, são mais propensos a serem afectados, mas as mulheres na Ásia Central, Oceânia, Norte de África, Médio Oriente e Europa de Leste ainda experimentam altas taxas de mortalidade e de incapacidade, devido a DCV.

As DCV são uma classe de doenças que afectam o coração ou veias e artérias. Podem ser causadas por uma combinação de factores de risco socioeconómicos, comportamentais e ambientais, incluindo tensão arterial elevada, dieta pouco saudável, colesterol alto, diabetes, poluição atmosférica, obesidade, consumo de tabaco, doença renal, sedentarismo, consumo nocivo de álcool e stresse. A história familiar, a origem étnica, o sexo e a idade também podem afectar o risco de doença cardiovascular de uma pessoa.

Uma em cada três mortes por DCV ocorre prematuramente em pessoas com menos de 70 anos de idade. 85% das mortes deve-se a

ataque cardíaco e a acidente vascular cerebral e mais de 75% ocorre em países de baixa e médio renda.

DCV

A doença cardíaca coronária, também chamada de doença cardíaca isquémica, é o tipo mais comum de doença cardíaca. Referese a problemas causados pelo estreitamento das artérias coronárias que fornecem sangue ao músculo cardíaco.

Para algumas pessoas, o primeiro sinal de doença cardíaca coronária é o ataque cardíaco, ou enfarte do miocárdio. Ocorre quando algo, geralmente um coágulo sanguíneo, corta o fluxo de sangue para o coração. Sem oxigénio e nutrientes, o músculo cardíaco começa a morrer. Um ataque cardíaco pode não ser fatal, especialmente se receber atenção médica e tratamento imediatos, mas, ainda assim, pode causar danos duradouros ao coração.

Outra DCV comum é o acidente vascular cerebral (AVC), que ocorre quando o fornecimento de sangue ao cérebro é interrompido, fazendo com que este perca o seu fornecimento vital de oxigénio e de nutrientes. Um AVC pode ser causado por um coágulo sanguíneo na artéria cerebral ou quando um vaso sanguíneo no cérebro rebenta e sangra, danificando o tecido cerebral.

Outras condições incluem:

• Arritmia – batimento cardíaco irregular ou anormal;

• Doença da aorta (incluindo aneurisma da aorta) – uma doença que faz com que a aorta se alargue ou rasgue

• Cardiomiopatias – doenças do músculo cardíaco;

• Doença cardíaca congénita – problemas com o coração ou vasos sanguíneos que existem à nascença;

UMA EM CADA TRÊS MORTES POR DCV OCORRE PREMATURAMENTE EM PESSOAS COM MENOS DE 70 ANOS DE IDADE. 85% DAS MORTES DEVE-SE A ATAQUE CARDÍACO E A ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E MAIS DE 75% OCORRE EM PAÍSES DE BAIXA E MÉDIO RENDA

Dia Mundial do Coração

Até 2030, os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas visam reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis. As doenças cardiovasculares, incluindo as doenças cardíacas e os acidentes vasculares cerebrais, são a doença não transmissível mais comum, a nível mundial, sendo responsáveis por quase 20,5 milhões de mortes, das quais mais de três quartos ocorre em países de baixo e médio rendimento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% de todos os ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais é evitável

O Dia Mundial do Coração constitui uma oportunidade para a OMS e os seus Estados-Membros se juntarem ao apelo mundial para aumentar a sensibilização para a saúde cardíaca e acelerar as acções de prevenção, detecção e gestão das doenças cardiovasculares. Em 2019, quase 400 milhões de anos de vida saudável (quantificados como anos de vida ajustados por incapacidade) foram perdidos devido a doenças cardiovasculares.

• Trombose venosa profunda e embolia pulmonar – coágulos sanguíneos nas veias das pernas, que podem soltar-se e viajar para o coração e pulmões;

• Insuficiência cardíaca –quando o coração não está a bombear tão bem quanto deveria;

• Doença das válvulas cardíacas – uma doença das válvulas que mantêm o sangue a fluir através do coração;

• Doença pericárdica (pericardite) – inflamação do saco de tecido fino que envolve o coração;

• Doença cardíaca reumática (DHR) – dano no músculo cardíaco e válvulas cardíacas causado pela febre reumática, originada por bactérias estreptocócicas;

• Doença vascular (doença dos vasos sanguíneos) – qualquer condição que afecte o sistema circulatório;

• Doença vascular periférica (incluindo doença arterial periférica) – uma doença dos vasos sanguíneos que irrigam os braços e pernas;

• Doença cerebrovascular – uma doença dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro;

• Doença de Chagas – descoberta há mais de 100 anos, pode causar danos irreversíveis no coração e outros órgãos.

Sintomas

Muitas vezes, não há sintomas subjacentes de DCV e o primeiro sinal pode ser um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral. Quando existem, variam de acordo com a condição e podem incluir:

• Dor, aperto, pressão e desconforto no peito;

• Dor, fraqueza ou dormência nas pernas e/ou braços;

• Dor ou desconforto nos braços, pescoço, ombro, maxilar e costas;

• Dificuldade em respirar;

• Cansaço fácil durante o exercício ou actividade;

• Alterações no ritmo cardíaco;

• Batimento cardíaco muito rápido ou lento, palpitações ou vibração no peito;

• Tonturas, atordoamento ou desmaio;

• Fraqueza ou fadiga;

• Inchaço das mãos, pernas, tornozelos ou pés;

• Febre;

• Erupções cutâneas ou manchas invulgares;

• Tosse seca ou persistente.

Os sintomas do ataque cardíaco nos homens são dor intensa no peito, no braço esquerdo ou mandíbula e dificuldade em respirar. As mulheres podem ter alguns dos mesmos sintomas, mas a dor pode ser mais difusa, espalhando-se para os ombros, pescoço, braços, abdómen e costas. As mulheres podem sentir dor mais parecida com indigestão e pode não ser consistente. Pode não haver dor, mas ansiedade inexplicável, náuseas, tonturas, palpitações e suores frios. Os ataques cardíacos em mulheres podem ser precedidos por fadiga inexplicável. As mulheres também tendem a ter primeiros ataques cardíacos mais graves, que levam mais frequentemente à morte, em comparação com os homens.

Diagnóstico

As DCV, incluindo as doenças cardíacas, são mais fáceis de tratar quando detectadas precocemente e são diagnosticadas através de uma série de exames laboratoriais e de imagiologia. Alguns dos exames usados incluem:

• Análises ao sangue;

• Prova de esforço;

• Raio X ao tórax;

• Electrocardiograma;

• Ecocardiograma;

• Tomografia computadorizada;

• Imagiologia por ressonância magnética;

• Tomografia computadorizada por feixe de electrões;

• Cateterismo cardíaco e angiografia coronária.

Existem muitos factores de risco associados a DCV. Alguns, como a história familiar, não podem ser modificados, enquanto outros, como a tensão arterial elevada, podem ser alterados através de intervenções no estilo de vida e tratamento.

Os factores de risco comportamentais mais importantes das DCV são uma alimentação pouco saudável, a inactividade física, o consumo de tabaco e o consumo nocivo de álcool.

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ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO: COMO PREVENIR?

TODOS OS ANOS, AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES TÊM UM CUSTO MUITO ELEVADO, DO PONTO DE VISTA FINANCEIRO, NOS PAÍSES DO MUNDO INTEIRO, TANTO PARA OS RESPECTIVOS GOVERNOS COMO TAMBÉM A NÍVEL DAS FAMÍLIAS. ESTÃO TAMBÉM NA ORIGEM DE INCAPACIDADE FÍSICA DE DIVERSOS GRAUS. NA GRANDE MAIORIA DOS CASOS, AS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES TÊM ETIOLOGIAS MULTIFACTORIAIS, DESDE FACTORES GENÉTICOS, IDADE, SEXO, ATÉ FACTORES ADQUIRIDOS AO LONGO DA VIDA. A PREVENÇÃO CENTRA-SE, NOS TEMPOS ACTUAIS, NO CONTROLO DE FACTORES DE RISCO MODIFICÁVEIS. ESTES FACTORES MODIFICÁVEIS TAMBÉM TÊM UMA INFLUÊNCIA

IMPORTANTE NOS FACTORES GENÉTICOS, LEVANDO À EXPRESSÃO DE DETERMINADOS GENES EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS DE VÁRIOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS. EXISTE UM EFEITO CUMULATIVO, QUANTO MAIOR O NÚMERO DE FACTORES DE RISCO, MAIOR É O RISCO DE DESENVOLVER PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES.

Dr. Daniel Sebaiti

Cardiologista a exercer na Clínica Sagrada Esperança Ilha e Belas. Diferenciação em dispositivos cardíacos implantáveis. Certificação em ecocardiografia transtorácica e transesofágica pela Sociedade Europeia de Cardiologia

Actualmente, a grande maioria dos indivíduos é tratada em contexto de estabilização de quadros instalados e prevenção secundária de novos eventos cardiovasculares. Não havendo cura para a grande maioria das patologias cardiovasculares, tornam-se condições clínicas crónicas.

Desde o início do século XX, identificou-se um padrão hereditário em várias doenças cardiovasculares. No século XXI, conseguiuse identificar genes específicos que estão ligados à doença arterial coronária que, muitas vezes, culminam em enfarte agudo do miocárdio (obstrução aguda de uma artéria do coração, cortando a circulação do sangue numa determinada região do mesmo). O músculo do coração, desprovido de sangue, não recebe os elementos fundamentais para o seu funcionamento e acaba por morrer se não houver um tratamento em tempo útil, levando a complicações graves, até mesmo à morte.

A adopção de um estilo de vida saudável e o controlo adequado de todos os factores de risco evita ou atrasa o surgimento e a progressão destas patologias, aumentando, assim, a esperança de vida. O ganho maior, em termos de impacto socioeconómico,

situa-se na prevenção primária, isto é, prevenir as doenças, os seus factores de risco predisponentes, antes de surgirem, controlando, de forma rigorosa, todos os factores que estão na origem, ou que actuam juntamente com outros factores de risco na potencialização do surgimento das mesmas.

Os principais factores de risco modificáveis do enfarte agudo do miocárdio são hipertensão arterial, obesidade, diabetes, sedentarismo, dislipidemia e tabagismo. Falar de prevenção primária do enfarte agudo do miocárdio é abordar todos estes factores e controlar, de forma rigorosa, as condições que podem permanecer de forma crónica (como a diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia).

Na prevenção do enfarte agudo do miocárdio e das doenças cardiovasculares no geral, não deve interessar apenas pessoas que têm factores de risco cardiovasculares identificados. A prevenção deve ser feita de forma transversal, em todas as faixas etárias, principalmente no que diz respeito à aquisição de conhecimentos e hábitos sobre um estilo de vida saudável e a aplicação dos conhecimentos deve ter início na mais tenra idade. Inicialmente, no seio familiar, orientada pelos pais e, posteriormente, dando às crianças, as ferramentas para manter o estilo de vida saudável de forma autónoma. Um hábito é sempre mais fácil de ser adquirido o mais cedo possível, para ter maior sucesso ao longo de toda a vida, formando adultos saudáveis e uma sociedade onde prevalecem as escolhas mais saudáveis.

Alguns estudos demonstraram que os depósitos de ateroma começam muito cedo no ciclo da vida, fazendo maior sentido iniciar hábitos de vida saudáveis desde o início, mantendo-os ao longo de todo o ciclo. Muitos estudos vêm demonstrando a importância de começar o mais cedo possível o controlo dos factores de risco cardiovasculares, nas fases em que o indivíduo ainda é classificado como tendo um risco cardiovascular baixo, porque o que se faz mais à frente é tratar as complicações já instaladas ao longo da vida.

Por este motivo, a prevenção do enfarte agudo do miocárdio e das doenças cardiovasculares, no geral, deve interessar a todas as pessoas, independentemente da idade, género, história familiar ou etnia. O processo de envelhecimento é transversal e há formas de reduzir o impacto das doenças cardiovasculares.

Mudar o estilo de vida faz uma grande diferença na redução do risco de doenças cardíacas, mesmo para pessoas geneticamente predispostas, reduzindo de forma muito significativa a ocorrência de eventos de enfarte agudo do miocárdio (alguns estudos mostram uma redução de mais de 5% de eventos em 10 anos, apenas com a alteração do estilo de vida em doentes com múltiplos factores de risco cardiovasculares). Indivíduos com um estilo de vida pouco saudável têm um risco de ocorrência de eventos cardiovasculares entre 70% e 120%

DE FORMA GLOBAL, PARA REDUZIR O RISCO DO ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO E DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO GERAL, DEVEM SER CONSIDERADAS AS INTERVENÇÕES NO ESTILO DE VIDA, COMEÇANDO PELA PARTE INFORMATIVA E EDUCATIVA, A FIM DE CADA INDIVÍDUO PERCEBER A IMPORTÂNCIA DE ADOPTAR UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL E O IMPACTO FORTE QUE TEM NA ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA, MORBILIDADE E MORTALIDADE, A NÍVEL INDIVIDUAL. SÓ ASSIM AS ALTERAÇÕES PODERÃO SER ACEITES E IMPLEMENTADAS COM MAIOR SUCESSO E TEREMOS UMA SOCIEDADE E UM MUNDO COM ESCOLHAS MAIS SAUDÁVEIS

maior do que aqueles com um estilo de vida saudável. Estas diferenças não são pequenas. O risco de um enfarte agudo do miocárdio em 10 anos pode ser reduzido para metade apenas com a alteração do estilo de vida.

Segundo a Sociedade Europeia de Cardiologia, nas últimas recomendações sobre prevenção de doenças cardiovasculares, a doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA) constitui uma causa significativa de morbilidade e de mortalidade. A forma mais importante de prevenir consiste na promoção de um estilo de vida saudável, especialmente não fumar.

Têm sido desenvolvidos tratamentos eficazes e seguros dos factores de risco e a maioria dos fármacos está disponível a um custo variável, consoante os países, tornando este ponto um desafio nos países em desenvolvimento, onde os fármacos não são comparticipados pelo Estado. A prevenção das doenças cardiovasculares, ao tratar os factores de risco, é habitualmente feita numa perspectiva permanente ao longo da vida. Neste pensamento, a avaliação do risco deve ser feita em todas as etapas do ciclo da vida e a aquisição de hábitos saudáveis deve começar no início deste ciclo.

Os pilares para um estilo de vida saudável são:

• Saúde mental e convívio social;

• Alimentação equilibrada e não estar acima do peso;

• Exercício físico;

• Sono reparador.

Recomendações específicas da Sociedade Europeia de Cardiologia sobre um estilo de vida saudável

• Os adultos de todas as faixas etárias devem esforçar-se para praticar actividade física aeróbica de intensidade moderada, pelo

menos, 150 a 300 minutos por semana ou, no caso de intensidade vigorosa, 75 a 150 minutos por semana, ou uma combinação equivalente de ambas, para reduzir a mortalidade por todas as causas cardiovasculares. Aos adultos que não podem realizar 150 minutos de intensidade moderada recomenda-se que se mantenham tão activos quanto as suas capacidades e condições de saúde o permitam.

• Uma dieta saudável como base fundamental de prevenção da doença cardiovascular em todos os indivíduos. Substituir gorduras saturadas por insaturadas. Reduzir a ingestão de sal. Escolher um padrão alimentar à base de vegetais, rico em fibra, que inclua cereais, fruta, vegetais, leguminosas, nozes, peixe (pelo menos, uma a duas vezes por semana) e restringir a carne processada (a carne vermelha deve ser reduzida a um máximo de 350 a 500 gramas por semana). Restringir o consumo de álcool a um limite máximo de 100 gramas por semana e o de açúcar, em especial de refrigerantes açucarados, a um limite máximo de 10% de ingestão calórica.

• Recomenda que as pessoas obesas e com excesso de peso se esforcem para a diminuição do mesmo. Deste modo, melhora o perfil de risco cardiovascular. Embora uma gama de dietas seja eficaz para a perda de peso, recomenda-se a manutenção,

ao longo do tempo, de uma dieta saudável, visando a redução do risco cardiovascular.

• A saúde psicossocial é fundamental para uma vida saudável. Os doentes com distúrbios mentais necessitam de atenção reforçada e de apoio para melhorar a adesão às alterações do estilo de vida e à terapêutica farmacológica. Os doentes com manifestações de stresse devem ser considerados para referenciação para tratamento de stresse por psicoterapia.

De forma global, para reduzir o risco do enfarte agudo do miocárdio e das doenças cardiovasculares no geral, devem ser consideradas as intervenções no estilo de vida, começando pela parte informativa e educativa, a fim de cada indivíduo perceber a importância de adoptar um estilo de vida saudável e o impacto forte que tem na esperança média de vida, morbilidade e mortalidade, a nível individual. Só assim as alterações poderão ser aceites e implementadas com maior sucesso e teremos uma sociedade e um mundo com escolhas mais saudáveis.

BIOMARCADORES CARDIOVASCULARES: O QUE SÃO E SUA IMPORTÂNCIA NO DIAGNÓSTICO

AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES REPRESENTAM UM CONJUNTO DE PATOLOGIAS QUE AFECTAM O CORAÇÃO E OS VASOS SANGUÍNEOS. ESSAS CONDIÇÕES, GERALMENTE, ESTÃO ASSOCIADAS AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E SÃO FREQUENTEMENTE RELACIONADAS A ESTILOS DE VIDA NÃO SAUDÁVEIS, CARACTERIZADOS POR DIETAS RICAS EM GORDURA E SEDENTARISMO. NO ENTANTO, É RELEVANTE DESTACAR QUE ALGUMAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES, COMO AS CARDIOPATIAS CONGÉNITAS, PODEM SER DIAGNOSTICADAS DESDE O NASCIMENTO.

Essas enfermidades podem surgir como consequências de infecções por vírus, fungos ou bactérias, que resultam na inflamação do coração, como observado em casos de endocardite e miocardite.

A adequada abordagem e tratamento das doenças cardiovasculares são fundamentais, uma vez que, além de provocarem sintomas debilitantes, como dispneia, dor torácica e edema, essas condições são a principal causa de mortalidade a nível global.

Entre as principais doenças cardiovasculares constam a hipertensão, enfarte agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, cardiopatia congénita, endocardite, arritmias cardíacas, angina, miocardite, valvuloplastias e doença reumática cardíaca. Em Angola, 27% das mortes é causado por doenças cardiovasculares, destacando-se a hipertensão arterial como principal.

A hipertensão arterial é definida pelo aumento da pressão arterial, geralmente considerado acima de 130 x 80 mmHg, e pode comprometer o adequado funcionamento do coração. Esse quadro pode ser resultante de

diversos factores, incluindo o envelhecimento, sedentarismo, aumento de peso e consumo excessivo de sódio. Além disso, a hipertensão pode ser secundária a condições como Diabetes Mellitus e doenças renais.

É importante observar que o aumento da pressão arterial, em muitos casos, não apresenta sintomas evidentes. Contudo, em determinadas situações, pode manifestar-se por meio de sintomas como tonturas, cefaleias, alterações visuais e dor no peito. Reconhecer esses sinais é fundamental para a identificação e manuseio adequado da hipertensão arterial.

Biomarcadores

Os contínuos avanços na medicina têm propiciado o desenvolvimento de novas alternativas para a facilitação do diagnóstico de diversas patologias. Na esfera da cardiologia, os biomarcadores cardíacos emergem como ferramentas fundamentais, possibilitando a detecção precoce de doenças cardíacas, frequentemente desde os estágios iniciais.

Os biomarcadores exercem um papel crucial na prevenção e diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares, uma vez que permitem a identificação de alterações no estado de saúde do coração, possibilitando intervenções antes que os problemas se agravem.

Biomarcadores cardíacos são substâncias ou moléculas que fornecem informações relevantes sobre a saúde do coração. Estas moléculas são libertadas na corrente sanguínea em resposta a danos ou alterações no músculo cardíaco ou nos vasos sanguíneos, podendo ser quantificadas por meio de exames laboratoriais.

Os nossos parceiros da Boditech puderam desenvolver equipamentos de bancada e “point of care” que fazem o diagnóstico quantitativo por ensaio de imunofluorescência de biomarcadores. Estes equipamentos são relativamente fáceis de usar, podendo também ser adaptados a áreas remotas pelo funcionamento a baterias, como o equipamento semiautomático, o Ichroma-II, que possibilita a testagem de uma amostra para uma variedade de parâmetros.

Erik Jeorge

BIOMARCADORES CARDÍACOS SÃO SUBSTÂNCIAS OU MOLÉCULAS QUE FORNECEM INFORMAÇÕES RELEVANTES

SOBRE A SAÚDE DO CORAÇÃO. ESTAS MOLÉCULAS SÃO LIBERTADAS NA CORRENTE SANGUÍNEA EM RESPOSTA A DANOS OU ALTERAÇÕES NO MÚSCULO CARDÍACO OU NOS VASOS SANGUÍNEOS, PODENDO SER QUANTIFICADAS POR MEIO DE EXAMES LABORATORIAIS

• BNP (Peptídeo Natriurético tipo B) e NTpróBNP: hormonas produzidas pelas células do músculo cardíaco em resposta ao aumento da pressão nas paredes ventriculares. Esses marcadores são frequentemente utilizados para avaliar a sobrecarga do músculo cardíaco, especialmente em casos de insuficiência cardíaca;

• CK-MB: uma enzima encontrada predominantemente no tecido cardíaco, apresentando concentrações significativamente mais baixas no músculo esquelético. A quantificação da CK-MB é uma prática comum na análise da enzimologia cardíaca, sendo particularmente útil no diagnóstico do enfarte agudo do miocárdio.

Para a automação e testes de seis amostras em simultâneo, a Boditech apresenta o equipamento de bancada AFIAS-6.

Ambos têm tempo de processamento de até 13 minutos, contendo parâmetros cardíacos como:

• Dímero-D: um marcador biológico que indica alterações no processo de coagulação, sendo libertado na corrente sanguínea durante a degradação da fibrina, uma proteína essencial na formação de coágulos. A presença elevada desse marcador pode ser indicativa de diversas condições, incluindo trombose venosa profunda e embolia pulmonar;

• Mioglobina: uma proteína associada à musculatura. O aumento dos níveis de mioglobina no sangue pode ser consequência de várias condições, incluindo enfarte do miocárdio e doenças musculares;

Além desses marcadores principais, os equipamentos da marca Boditech são capazes de detectar também o colesterol LDL, BNP, ST2 e realizar testes simultâneos de marcadores cardíacos, como Tn-I, CK-MB e mioglobina. Esses avanços tecnológicos na detecção de biomarcadores cardíacos são fundamentais para a avaliação e o manuseamento das doenças cardiovasculares, contribuindo para a promoção da saúde cardiovascular.

O tratamento das doenças cardiovasculares é adaptado conforme a gravidade da condição. No caso de cardiopatias congénitas graves, é recomendado que intervenções cirúrgicas ou transplantes de coração sejam realizados ainda no primeiro ano de vida. Essa abordagem precoce é fundamental para garantir a saúde e o desenvolvimento adequado da criança.

Para as cardiopatias leves, o tratamento visa principalmente o alívio dos sintomas. Nesses casos, o cardiologista pode prescrever medicamentos, como diuréticos e betabloqueadores, com o objectivo de regular a frequência cardíaca e melhorar a função cardiovascular. A escolha do tratamento adequado deve sempre ser individualizada, levando em consideração as particularidades de cada paciente e a evolução clínica da doença.

Os marcadores cardíacos desempenham um papel fundamental no diagnóstico precoce e na monitorização de pacientes com condições cardíacas. Quando utilizados em conjunto com outros exames e avaliações clínicas, estes marcadores oferecem informações valiosas que auxiliam os médicos na tomada de decisões, possibilitando um tratamento mais ágil e eficaz. Assim, a realização de testes para a detecção desses marcadores é de suma importância para a gestão adequada das doenças cardiovasculares e para a melhoria do prognóstico dos pacientes.

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NO 1.º CONGRESSO HOSPITALAR REGIONAL SUL E APRESENTA

SOLUÇÕES DE BIOLOGIA MOLECULAR

A AUSTRALPHARMA, UMA DAS PRINCIPAIS DISTRIBUIDORAS FARMACÊUTICAS DE ANGOLA, REAFIRMOU O SEU COMPROMISSO COM A INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA SAÚDE NO PAÍS, AO PARTICIPAR ACTIVAMENTE NO PRIMEIRO CONGRESSO HOSPITALAR REGIONAL SUL. O EVENTO, QUE DECORREU NO HOSPITAL CENTRAL DO LUBANGO, REUNIU ESPECIALISTAS, PROFISSIONAIS DE SAÚDE E REPRESENTANTES DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES, TENDO COMO OBJECTIVO CENTRAL PROMOVER DISCUSSÕES SOBRE OS DESAFIOS DO SECTOR HOSPITALAR E APRESENTAR NOVAS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS E TERAPÊUTICAS.

Aapresentação foi realizada pela profissional Leonilde Contreiras, gestora comercial de Diagnóstico da Australpharma, que abordou de forma detalhada as soluções de biologia molecular, destacando a importância dessas tecnologias na melhoria dos serviços de saúde.

Durante a sessão, Leonilde Contreiras explicou como as ferramentas de biologia molecular podem trazer avanços significativos para o diagnóstico precoce e o tratamento de doenças, especialmente em áreas como doenças infecciosas, genética e oncologia.

A biologia molecular tem ganhado cada vez mais relevância no cenário médico global e Angola não fica de fora dessa revolução científica. Ao longo da sua apresentação, Leonilde Contreiras ressaltou como a utilização dessas técnicas tem o potencial de transformar o atendimento médico no país, proporcionando diagnósticos mais rápidos e precisos,

o que, por sua vez, pode resultar em tratamentos mais eficazes e personalizados para os pacientes.

“Com o avanço das tecnologias de biologia molecular, é possível detectar com maior precisão e rapidez a presença de agentes patogénicos, alterações genéticas e biomarcadores de diversas condições de saúde. Isso permite uma abordagem mais assertiva tanto no diagnóstico quanto no tratamento de doenças, beneficiando directamente os pacientes e o sistema de saúde como um todo”, afirmou Leonor Contreiras durante sua apresentação.

A utilização dessas soluções representa um avanço significativo para o sector hospitalar em Angola, onde o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos eficazes são desafios ainda presentes. Além disso, a Australpharma está comprometida em trabalhar junto das instituições de saúde para garantir que essas inovações cheguem aos hospitais e centros de diagnóstico do país, contribuindo para a elevação dos padrões de atendimento médico.

Para a Australpharma, participar de eventos como o Congresso Hospitalar Regional Sul é parte da sua missão de promover o acesso à saúde de qualidade em Angola. Fundada em 2007, a empresa tem como objectivo não apenas distribuir produtos farmacêuticos, mas também contribuir para o desenvolvimento do sector de saúde como um todo.

A Australpharma acredita que a sua actuação vai além da simples oferta de produtos, trata-se de colaborar com o sistema de saúde angolano para identificar soluções que possam ser implementadas de forma sustentável, beneficiando toda a população.

Neste contexto, a biologia molecular não representa apenas um avanço técnico, mas também uma oportunidade para Angola dar um salto na qualidade do diagnóstico e tratamento médico.

IMPORTÂNCIA DA CLASSE FARMACÊUTICA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV) SÃO ALTERAÇÕES QUE AFECTAM O CORAÇÃO E OS VASOS SANGUÍNEOS E INCLUEM DIVERSAS PATOLOGIAS CARDÍACAS, CEREBROVASCULARES E A DOENÇA PERIFÉRICA ARTERIAL. ACTUALMENTE, AS DCV SÃO AS CAUSAS MAIS COMUNS DE MORBIDADE E A PRINCIPAL CAUSA DE MORTALIDADE EM TODO O MUNDO. ANUALMENTE, ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS, ISQUEMIAS, HIPERTENSÃO ARTERIAL E OUTRAS CARDIOPATIAS SÃO RESPONSÁVEIS POR CERCA DE 15,9 MILHÕES DE ÓBITOS.

Dra. Yolanda de Fátima Martins Batoca Luamba

Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Brasil. Pós-graduada em Farmácia Clínica e Hospitalar em Pediatria pela Universidade Unyleya, Brasil. Actualmente, trabalha como Técnica de Planeamento e Compras na Clínica Girassol

Ao longo das últimas décadas, têm sido identificados factores de risco (FR) fortemente associados ao surgimento de DCV. Além da idade e de antecedentes familiares de DCV prematura, os principais FR incluem o tabagismo, dieta inadequada, inactividade física, obesidade, elevação da pressão arterial (PA), elevação dos lípidos séricos, elevação da glicemia e ingestão excessiva de álcool.

Contudo, estes FR são modificáveis, ou controláveis, por estarem relacionados com o estilo de vida, ou por decorrerem de alterações metabólicas. Deste modo, são prioritárias intervenções de saúde pública que promovam a prevenção das DCVs através do controlo destes FR.

Intervenção do farmacêutico

A principal forma de prevenir as DCVs ateroscleróticas é a adopção de estilos de vida saudáveis, bem como a detecção

precoce e o tratamento farmacológico dos FR, quando apropriado. O seu controlo e tratamento adequado têm demonstrado diminuir a morbimortalidade por DCV. O envolvimento dos farmacêuticos, desde a triagem até ao início e seguimento da terapêutica, tem sido fundamental para a obtenção de resultados clínicos positivos em utentes com certos FR e DCV.

Os farmacêuticos podem proactivamente identificar e acompanhar indivíduos em RCV elevado, de modo a prevenir o desenvolvimento de DCV (prevenção primária), bem como indivíduos com DCV prévia, com o objectivo de evitar novos eventos cardiovasculares ou morte (prevenção secundária). A sua intervenção pode contribuir para a prevenção e controlo dos FR e para a redução da carga das DCV, através da implementação de programas de rastreio e detecção precoce de FR, do aconselhamento e educação para a saúde, bem como através da gestão da terapêutica e promoção da adesão.

Alguns estudos mostram que o envolvimento do farmacêutico em programas de educação e seguimento de utentes com FR ou DCV favorece a adopção

de alterações ao estilo de vida e melhora os resultados de intervenções em prevenção primária e secundária e a percentagem de utentes que alcançam os objectivos terapêuticos em FR como a dislipidemia, HTA e a DM.

O farmacêutico, por ser capacitado para identificar e solucionar problemas relacionados ao uso de medicamentos, pode oferecer significativa contribuição à equipa multiprofissional de saúde no que tange ao acompanhamento da farmacoterapia de pacientes internados e ambulatoriais, colaborando para a optimização da terapia farmacológica, identificação de efeitos adversos e interacções medicamentosas, educação ao paciente, desenvolvimento de autonomia e responsabilidade no autocuidado com a saúde e identificação prévia de erros de prescrição e utilização de medicamentos.

Para o seguimento clínico dos pacientes com DCVs, existem alguns serviços farmacêuticos de grande importância. Dentre eles destacam-se os seguintes:

• Conciliação de medicamentos na admissão e alta hospitalar

A conciliação de medicamentos é um serviço que visa aumentar a segurança da farmacoterapia através da obtenção de uma lista completa e precisa de todos os medicamentos que o paciente utiliza, com suas concentrações e doses correspondentes, frequência de uso, vias de administração, apresentação comercial, duração do tratamento e outras informações pertinentes.

Nas transcrições de cuidados assistenciais de saúde, a conciliação constitui uma etapa indispensável do processo, visto que possibilita a comparação entre a lista completa de medicamentos que o paciente usava anteriormente à transição de cuidados e as medicações prescritas após a mesma. As discrepâncias identificadas neste processo, e não justificadas pela equipa médica, são consideradas erros de conciliação. É importante que o farmacêutico esteja envolvido em todas as actividades que visem assegurar a efectividade da conciliação, colhendo informações por meio de entrevistas aos assistidos e acompanhantes e examinando receituários médicos e medicamentos dos pacientes. Uma conciliação de medicamentos minuciosa pode evitar erros de posologia ou vias de administração, duplicidade de prescrição, omissão de farmacoterapia necessária e associações medicamentosas inadequadas.

• Identificação de problemas relativos à farmacoterapia

A revisão das prescrições médicas constitui uma das actividades essenciais no quotidiano dos farmacêuticos hospitalares e contribui para que o uso dos medicamentos seja adequado e racional, com consequente aumento da segurança terapêutica do paciente.

A revisão da prescrição propicia ao farmacêutico sugerir ajustes e discutir com médicos e enfermeiros alternativas para solucionar ou amenizar os problemas identificados e optimizar a terapia farmacológica. Estudos mostram que grande parte dos erros relativos às farmacoterapias acontece entre as etapas de prescrição e administração da medicação, o que oportuniza a contribuição dos farmacêuticos, já que os medicamentos só ficam, normalmente, disponíveis para uso após serem dispensados pelo serviço de farmácia.

É importante que os farmacêuticos das unidades hospitalares elaborem, com base na literatura científica e auxílio dos outros membros da equipa multiprofissional de saúde, materiais de consulta, como manuais e protocolos, com informações de preparo, diluição, doses máximas e outros dados relevantes que agilizem o serviço farmacêutico de revisão das prescrições e sirvam de orientação para prescritores médicos.

• O cuidado farmacêutico ambulatorial: prevenção e tratamento das DCVs

A maioria das DCVs decorre de factores de risco modificáveis, que incluem o hábito do tabagismo, hipertensão e diabetes não controlados, sedentarismo, dieta alimentar hiperlipídica e obesidade, que, embora sejam muito conhecidos, ainda não recebem a merecida importância por grande parte da população e dos portadores de DCVs, sendo assim monitorizados de forma deficitária.

possibilidade de provocar a redução do efeito de medicamentos diuréticos, betabloqueadores e IECA, favorecer a elevação da pressão arterial média e prejudicar a pressão renal.

Considerações finais

Embora o aproveitamento clínico do farmacêutico nos serviços de cardiologia ainda seja discreto, estudos evidenciam que a actuação deste profissional, tanto nas transições assistenciais, quanto nos cuidados oferecidos a pacientes internados e ambulatoriais, contribui para reduzir a incidência de erros referentes à prescrição e uso de medicamentos, optimizar a eficácia e segurança farmacoterapêuticas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, é necessário investir na formação profissional do farmacêutico, para que ofereça um serviço clínico eficiente e seguro aos assistidos.

EMBORA O APROVEITAMENTO CLÍNICO DO FARMACÊUTICO NOS SERVIÇOS DE CARDIOLOGIA AINDA SEJA DISCRETO, ESTUDOS EVIDENCIAM QUE A ACTUAÇÃO DESTE PROFISSIONAL, TANTO NAS TRANSIÇÕES ASSISTENCIAIS, QUANTO NOS CUIDADOS OFERECIDOS A PACIENTES INTERNADOS E AMBULATORIAIS, CONTRIBUI PARA REDUZIR A INCIDÊNCIA DE ERROS REFERENTES À PRESCRIÇÃO E USO DE MEDICAMENTOS, OPTIMIZAR A EFICÁCIA E SEGURANÇA FARMACOTERAPÊUTICAS E MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES

Quanto às interacções medicamentosas, o farmacêutico deve estar atento, visto que algumas associações colocam em risco a eficácia terapêutica e a segurança do paciente. Como muitos portadores de DCVs são polipatológicos e polimedicados, ficam susceptíveis a potenciais interacções decorrentes do uso concomitante de medicamentos prescritos por médicos de diferentes especialidades. O uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides, por exemplo, pode prejudicar o tratamento da hipertensão e de cardiopatias, em decorrência da

Referências bibliográficas: BORGES EP, MACEDO AF. Omissão de fármacos modificadores do risco cardiovascular em idosos admitidos numa unidade de acidentes vasculares cerebrais. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 2011. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Serviços Farmacêuticos directamente destinados ao paciente, a família e a comunidade: contextualização e arcabouço conceitual. Brasilia,2016; 200p. CEBRIAN BR, et al. Conciliación de la medicación en pacientes mayores de 75 anos. Revista de la Calidad Asistencial, 2016. CRUZ TF, et al. Análise do serviço de farmácia clínica em um hospital universitário. HURevista,2019.

MIRANDA TMM, et al. Intervenções realizadas pelo farmacêutico clínico na unidade de primeiro atendimento. Einstein, 2012.

OPAS–ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Revisto em 2017. Doenças Cardiovasculares. REIS WCT, et al. Análise das intervenções de farmacêuticos clínicos em um hospital de ensino terciário do Brasil. Einstein, 2013. RUIZ BSJ, et al. Conciciación de la medicación al ingresso: resultados e identificación de Pacientes diana. Revista de la Calidad Asistencial, 2016.

STORPIRTIS S, et al. Novas directrizes para assistência farmacêutica hospitalar: Atenção farmacêutica/Farmácia clínica.

In:GOMES MJVM, REIS AMM. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em Farmácia Hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2003.

O FARMACÊUTICO

UMA PEQUENA HOMENAGEM AO FARMACÊUTICO: OS MEDICAMENTOS SÃO APENAS SUBSTÂNCIAS MISTURADAS, QUE ATÉ PODEM ALIVIAR AS DORES, MAS O VERDADEIRO PRINCÍPIO ACTIVO ESTÁ NA SUA DOSE DE AMOR FARMACÊUTICO.

Dra. Zola Mayamputo João Técnica Média de Farmácia pelo IMS de Luanda. Licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola/Ciências Farmacêuticas. Agente de Segurança Higiene e Saúde no Trabalho. Directora Técnica da Australpharma

Ainda sobre o Dia Internacional do Farmacêutico, desejamos um feliz dia a todos os que desenvolvem a actividade farmacêutica em diversas áreas de actuação. Os farmacêuticos são os profissionais amigos, confidentes, rigorosos e até conselheiros. O dia 25 de Setembro tem como objectivo promover a profissão farmacêutica no mundo e destacar a importância destes profissionais para a saúde pública. A data foi escolhida pelo Conselho da Federação Internacional Farmacêutica, no final dos anos 2000, em Istambul, Turquia.

A importância dos farmacêuticos e o reconhecimento da sua actuação nos serviços prestados ficaram bem evidenciados por toda a sua dedicação e empenho em contribuir para a sociedade, por meio da promoção da saúde, preservação do ambiente, prevenção, ensino, investigação, melhoria alimentar e muito mais, onde se destaca a responsabilidade tremenda do cuidado à saúde, a vida.

O papel do farmacêutico a eliminar perdas Graças aos cientistas farmacêuticos, temos medicinas essenciais. É o papel do farmacêutico abordar sobre a importância de estar atento a todos os aspectos que interferem na segurança, orientar sobre posologia, efeitos colaterais e as possíveis interacções medicamentosas e promover o uso racional de medicamentos.

É graças ao medicamento que conseguimos reconhecer, reportar, recolectar, analisar, actuar, comunicar, prevenir, eliminar, retirar, cortar, excluir, fazer sair, expulsar um elemento de um organismo vivo, eliminar as toxinas através da urina, provocar a

morte de ou suicidar-se, acabar com, afastar, expelir do organismo. São dos muitos focos com que, diariamente, o farmacêutico se debate para ajudar a melhorar a saúde da população em todo o mundo, na funcionalidade da segurança dos medicamentos.

O que muitos esquecem ou não sabem é que existem diferentes tipos de gastos e um gasto pode ser um custo, uma despesa ou uma perda. As perdas são os gastos imprevistos, sem retorno às empresas e indústrias, no que toca aos produtos vencidos no stock, incêndios, desperdícios de dinheiro, acidentes de trabalho, controlo dos gastos dentro das instituições.

É de extrema importância estar sempre atento para evitar perdas, na gestão de riscos, análises de incidentes e planeamento de seguros.

O nosso muito obrigado, Farmacêutico, por cuidar tão bem de pessoas como nós!

Esta é a tarefa mais reconhecida do farmacêutico, que desenvolve, organiza os medicamentos solicitados pelo paciente e prepara-os para o uso.

Perca ou perda: quando usar?

Indique as orações em que perca ou perda foram usadas de forma incorrecta e corrija:

Significou uma grande perca para a sociedade; Não percam a cabeça com isso; Isso não é motivo para perda de controlo; Eu não perco tempo com isso; A sua perca de peso é uma perda de tempo, reescreva…

AUSTRALPHARMA REFORÇA COMPROMISSO COM A SAÚDE OCULAR AO APOIAR O PROJECTO BOLSA DO GLAUCOMA

A AUSTRALPHARMA REAFIRMOU O SEU COMPROMISSO COM A SAÚDE PÚBLICA EM ANGOLA, AO PARTICIPAR DO LANÇAMENTO OFICIAL DO PROJECTO BOLSA DO GLAUCOMA, PROMOVIDO PELA ÓPTICA OPTIOPTIKA. A INICIATIVA, QUE VISA OFERECER TRATAMENTO GRATUITO PARA PESSOAS DIAGNOSTICADAS COM GLAUCOMA E SEM CONDIÇÕES FINANCEIRAS DE ARCAR COM OS CUSTOS, DESTACA-SE POR DISPONIBILIZAR MEDICAÇÃO, CONSULTAS E EXAMES DE ROTINA, COM O OBJECTIVO DE PREVENIR A PROGRESSÃO DA DOENÇA E EVITAR A PERDA IRREVERSÍVEL DA VISÃO.

Odirector da Australpharma, Marco Correia, participou da cerimónia de lançamento e destacou a importância de iniciativas que garantem o acesso a tratamentos essenciais, especialmente num país onde as desigualdades no acesso à saúde ainda são evidentes.

Esta é mais uma demonstração do compromisso da Australpharma com a saúde dos angolanos. Projectos como a Bolsa do Glaucoma representam uma oportunidade para impactar positivamente a vida de milhares de pessoas, ajudando-as a manter a sua visão e, com isso, a sua qualidade de vida.

O glaucoma, uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, afecta especialmente

as populações mais vulneráveis. Em Angola, a falta de diagnóstico precoce e o custo elevado do tratamento são barreiras significativas. O projecto Bolsa do Glaucoma visa suprir essa lacuna, garantindo que pacientes em condições de fragilidade económica recebem o tratamento adequado e contínuo.

A Australpharma, como parceira estratégica do projecto, não apenas colabora com a distribuição dos medicamentos necessários, mas também oferece suporte técnico e logístico para garantir que os tratamentos cheguem a todas as regiões do país. A participação activa da empresa reflecte o seu papel no sector farmacêutico angolano, fortalecendo a sua missão de melhorar o acesso à saúde de qualidade.

Além disso, o projecto está alinhado com os objectivos de responsabilidade social corporativa da Australpharma, que tem investido em acções voltadas para o bem-estar da comunidade.

O BENEFÍCIO DOS CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE OCULAR PARA CRIANÇAS

Dr. Djalme Fonseca

Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e PósCirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

O DIA MUNDIAL DA VISÃO COMEMORA-SE ANUALMENTE A CADA SEGUNDA QUINTAFEIRA DO MÊS DE OUTUBRO (SENDO, EM 2024, ASSINALADO A 10 DE OUTUBRO) E É UM EVENTO GLOBAL COM O OBJECTIVO DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA A CEGUEIRA E A DEFICIÊNCIA VISUAL. FOI CRIADO ORIGINALMENTE PELA SIGHTFIRTSCAMPAIGN DA FUNDAÇÃO LIONS CLUB INTERNATIONAL E É ACTUALMENTE COORDENADO EM COOPERAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS).

AAgência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) lançou a sua campanha anual na preparação para o Dia Mundial da Visão, a 10 de Outubro de 2024, que destacará a importância crítica de priorizar a saúde ocular infantil e dará às crianças, em todos os lugares, a oportunidade de amar os seus olhos.

Coordenado pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) sob o mote Ame Seus Olhos, o Dia Mundial da Visão 2024 está a colocar as crianças no centro da campanha. “Todos nós sabemos que, em crianças, uma deficiência visual não corrigida pode impactar severamente a sua educação. Pesquisas dizem que crianças com acesso a consultas de saúde ocular, e tendo óculos prescritos, podem reduzir as taxas de falha em 44%. Foi conhecimento como este que nos levou a fazer do Dia Mundial da Visão de 2024 um evento dedicado às crianças ao redor do mundo”, afirma Peter Holland, CEO da IAPB.

Assim, iremos abordar a importância da integração dos cuidados primários de saúde ocular nos sistemas de saúde e o seu impacto na visão nas crianças.

O atendimento primário integrado à saúde ocular é essencial para a detecção precoce, encaminhamento e tratamento de problemas oculares que afectam crianças pequenas. Em 2020, o Vision Loss Expert Group estimou que há 70,2 milhões de crianças de 0 a 14 anos

A INTERVENÇÃO OPORTUNA É

EXTREMAMENTE IMPORTANTE EM CONDIÇÕES OCULARES DE INÍCIO

PRECOCE, POIS QUANTO MAIOR O ATRASO ANTES DO TRATAMENTO, MAIOR O IMPACTO NEGATIVO, NÃO APENAS NA VISÃO AO LONGO DA VIDA DA CRIANÇA, MAS TAMBÉM NO SEU DESENVOLVIMENTO MOTOR, COGNITIVO, SOCIAL E EMOCIONAL

com deficiência visual, 1,44 milhão das quais cego. Esses números são maiores em países do sul da Ásia e da África Subsariana, devido à maior prevalência estimada de cegueira e às maiores populações infantis nessas regiões.

Diversos estudos indicam que a maioria das crianças cegas nasce cega, devido a condições congénitas, ou fica cega antes dos 5 anos, devido a condições adquiridas. Aproximadamente 40% a 50% dessas causas é evitável, o que significa que podem ser prevenidas ou tratadas. A intervenção oportuna é extremamente importante em condições oculares de início precoce, pois quanto maior o atraso antes do tratamento, maior o impacto negativo, não apenas na visão ao longo da vida da criança, mas também no seu desenvolvimento motor, cognitivo, social e emocional. Por exemplo, catarata, glaucoma e retinoblastoma podem estar presentes no nascimento ou desenvolver-se durante a infância ou a primeira infância.

Na maioria dos países, os profissionais de saúde primários estão em contacto com as mães e crianças de 0 a 5 anos no período pré-natal, quando as mães comparecem em unidades de saúde primárias para monitorização da gravidez, e em centros de saúde primários, onde as crianças comparecem regularmente para monitorização do crescimento, suplementação de vitamina A e imunizações. Os profissionais de saúde primários estão, portanto, muito bem posicionados para identificar e encaminhar adequadamente crianças com problemas oculares; no entanto, precisam do conhecimento, das habilidades e do equipamento para o fazer, o que geralmente é limitado.

O que os profissionais de saúde primários podem fazer?

• Promover olhos saudáveis: incentivar as mães a comparecer a clínicas pré-natais onde podem ser examinadas e tratadas para doenças sexualmente transmissíveis, para

prevenir a oftalmia neonatal. Educar as mães sobre uma dieta saudável e higiene facial;

• Prevenir doenças oculares: administrar profilaxia ocular (antibióticos) imediatamente após o nascimento, para prevenir a oftalmia neonatal. Promover e fornecer suplementação de vitamina A para crianças de 6 meses a 5 anos (onde isso for recomendado) e oferecer imunização contra sarampo em bebés, para prevenir cegueira da córnea;

• Tratar doenças oculares: tratar doenças oculares comuns, como conjuntivite;

• Encaminhar doenças complexas: identificar e encaminhar crianças com condições graves, como úlceras de córnea, catarata e retinoblastoma;

• Reabilitar crianças com condições incuráveis: encorajar pais e crianças a usarem os seus óculos, se necessário.

Componentes dos cuidados primários de saúde ocular para crianças O objectivo dos cuidados primários de saúde ocular para crianças é prevenir e reduzir a cegueira em crianças. As dez principais actividades para olhos saudáveis em crianças da Organização Mundial da Saúde fornecem um modelo claro do que precisa ser feito,

ao nível de cuidados primários. As actividades abordam tanto a prevenção quanto a gestão activa de doenças oculares em crianças. As actividades enquadram-se em três categorias:

• Promoção da saúde para mães (por exemplo, amamentação, lavagem do rosto e boa nutrição);

• Garantir alta cobertura de medidas preventivas específicas (por exemplo, suplementação de vitamina A, imunização contra sarampo e profilaxia ocular para prevenir oftalmia neonatal);

ESTAMOS A CHAMAR A ATENÇÃO

PARA 1,1 MIL MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO QUE NÃO TÊM ACESSO À SAÚDE OCULAR, IMPULSIONANDO MUDANÇAS NOS CONSUMIDORES E NO MERCADO, APELANDO AO SECTOR PARA QUE FAÇA CAMPANHA A UM NOVO NÍVEL E COMBATA OS ESTEREÓTIPOS NEGATIVOS, À CONSTRUÇÃO DE PARCERIAS PÚBLICAS E PRIVADAS E CRIAÇÃO DO AMBIENTE REGULAMENTAR ADEQUADO PARA ENVOLVER O PÚBLICO, MOBILIZAR O SECTOR EDUCACIONAL E CAPACITAR O SECTOR DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

• Detectar e encaminhar crianças com condições oculares tratáveis (por exemplo, catarata, glaucoma, úlceras de córnea e retinoblastoma).

Os profissionais de saúde primários precisam de ter habilidades em promoção da saúde e colecta de histórico e devem saber como instilar medicamentos para os olhos e como realizar um exame ocular simples e teste de reflexo vermelho, para que possam reconhecer condições que devem ser encaminhadas a um profissional de saúde ocular. Isso inclui:

• Pupilas brancas ou reflexo vermelho anormal;

• Olhos anormalmente pequenos ou grandes;

• Trauma grave;

• Olhos vermelhos e doloridos;

• Preocupações sobre a visão de uma criança expressas pelos pais ou responsáveis.

Integração dos cuidados primários de saúde ocular nos programas de saúde infantil Integrar a saúde ocular na saúde infantil significaria que todos os profissionais de saúde primários que cuidam de crianças seriam treinados para prevenir, detectar e encaminhar doenças oculares em crianças. Muitas das principais intervenções já são componentes de programas de saúde infantil, como a imunização contra o sarampo, mas haveria algumas novas habilidades clínicas essenciais para os profissionais de saúde primários aprenderem, como o teste do reflexo vermelho e o exame básico dos olhos das crianças, usando uma lanterna.

O benefício dos cuidados primários de saúde ocular para crianças como uma componente integral dos serviços de saúde infantil é potencialmente enorme, pois aumentaria o acesso à promoção da saúde ocular e medidas preventivas, bem como triagem e tratamento, para todas as crianças.

Em suma, estamos a chamar a atenção para 1,1 mil milhões de pessoas no mundo que não têm acesso à saúde ocular, impulsionando mudanças nos consumidores e no mercado, apelando ao sector para que faça campanha a um novo nível e combata os estereótipos negativos, à construção de parcerias públicas e privadas e criação do ambiente regulamentar adequado para envolver o público, mobilizar o sector educacional e capacitar o sector das organizações não governamentais. Isto é especialmente útil para membros mais pequenos, que podem não ter recursos para realizar as suas próprias campanhas.

AUSTRALPHARMA REFORÇA PRESENÇA

NO SEGUNDO DIA DO

4.º CONGRESSO DA CLÍNICA GIRASSOL

A AUSTRALPHARMA, DISTRIBUIDORA LÍDER NO SECTOR FARMACÊUTICO EM ANGOLA, CONTINUA A SUA PARTICIPAÇÃO NO QUARTO CONGRESSO DA CLÍNICA GIRASSOL, REAFIRMANDO O SEU COMPROMISSO COM A SAÚDE E INOVAÇÃO NO PAÍS. COM O LEMA “QUE FUTURO QUEREMOS?”, O EVENTO REUNIU ESPECIALISTAS DA ÁREA MÉDICA E FARMACÊUTICA, ALÉM DE EMPRESAS DE DESTAQUE NO SECTOR DA SAÚDE, PARA DEBATER O FUTURO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA EM ANGOLA.

nutrição especializada PARA O SEU BEBÉ

ALERGIAS EM BEBÉS: TIPOS COMUNS. PRINCIPAIS CAUSAS

A FUNÇÃO INTEGRADORA E ESSENCIAL DO SISTEMA

IMUNOLÓGICO PARA A VIDA FAZ DA ALERGOLOGIA

E IMUNOLOGIA UMA ESPECIALIDADE FASCINANTE

E QUE TRANSVASA TODOS OS GRUPOS ETÁRIOS, DESPERTANDO O INTERESSE, EM ESPECIAL, DO MÉDICO QUE ASSISTE CRIANÇAS.

Dra. Madalena Benge

Licenciada pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto.

Imunoalergologista e membro do Colégio de Especialidade da Ordem dos Médicos de Angola

As doenças imunoalérgicas apresentam elevada prevalência, principalmente após o melhor controlo das doenças infecciosas, e acometem preferencialmente crianças e adolescentes, que se encontram ainda vulneráveis devido ao crescimento e desenvolvimento incompletos do sistema imunológico.

A elevada presença dessas afecções na prática médica diária torna essencial um maior aprofundamento desse tema.

Tipos mais comuns de alergias em bebés Embora os bebés sejam menos propensos a ter alguns tipos de alergias do que crianças mais velhas, ainda assim, as reacções alérgicas podem aparecer. Tais como:

• Alergia às fraldas ou produtos de uso diário;

• Dermatite atópica;

• Asma;

• Rinite alérgica;

• Urticária.

Coceiras, espirros, lesões na pele e, até, dificuldades em respirar são sintomas típicos de um quadro alérgico. Mas, quando se trata de alergia em bebés, sobretudo nos dois primeiros anos de vida da criança, muitos pais e cuidadores ficam ainda mais preocupados. Saber identificar os diferentes tipos de reacções alérgicas que os bebés podem apresentar, e saber como actuar, é muito tranquilizador.

Como os bebés têm a pele bastante sensível, podem desenvolver erupções cutâneas, que aparecem em casos de eczemas (quadro também conhecido como dermatite atópica). A alergia alimentar, por sua vez, pode surgir durante a amamentação ou introdução de alguns alimentos. Alergias aos alergénios inalantes (respiratórias), com sintomas como tosse alérgica, em bebés, são mais difíceis de aparecer antes de completar os 2 anos de idade, mas é importante esta abordagem no caso do bebé ser acometido por alguma delas. Os cinco tipos mais

AS DOENÇAS IMUNOALÉRGICAS

APRESENTAM ELEVADA PREVALÊNCIA, PRINCIPALMENTE APÓS O MELHOR CONTROLO

DAS DOENÇAS INFECCIOSAS, E ACOMETEM PREFERENCIALMENTE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, QUE SE ENCONTRAM AINDA VULNERÁVEIS DEVIDO AO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INCOMPLETOS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO. A ELEVADA PRESENÇA DESSAS AFECÇÕES

NA PRÁTICA MÉDICA DIÁRIA

TORNA ESSENCIAL UM MAIOR APROFUNDAMENTO NESSE TEMA

frequentes de reacções alérgicas que podem aparecer no início da vida vão desde a alergia na pele do bebé até às que perturbam as vias respiratórias

Alergia às fraldas ou produtos de uso diário Por ter a pele mais sensível, é muito comum que os recém-nascidos tenham alergia às fraldas, ou seja, ao contacto directo com as fezes e urina na pele. Por serem substâncias irritantes, a pele começa a coçar e assemelha-se a assadura, que provoca dor e ardor.

Dermatite atópica

Cerca de 60% dos casos de dermatite atópica ocorre no primeiro ano de vida do bebé (tão precocemente quanto 3 meses de idade). A alergia em bebés é uma doença de origem genética e que está relacionada com um processo inflamatório da pele, que melhora e piora ao longo dos anos.

Pele seca, irritada e coceira intensa, que gera feridas, são os sintomas clássicos da dermatite atópica.

A distribuição das lesões é específica da idade. Em lactentes, as lesões caracteristicamente ocorrem na face, no couro cabeludo, no pescoço, nas sobrancelhas e nas superfícies extensoras dos membros. Em crianças maiores, as lesões ocorrem nas superfícies flexurais, como o pescoço, e fossas antecubital e poplítea.

Urticária

Ainda falando sobre alergias na pele do bebé, a urticária é uma entidade clínica caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas papulares, em placas pruriginosas eritematosas bem circunscritas e migratórias

na pele, vergões avermelhados que surgem em qualquer parte do corpo e podem juntarse, formando placas que coçam.

Apesar das lesões da urticária em bebés terem o perfil de diminuir nalgumas horas, as manchas podem continuar a surgir na pele por vários dias.

Também existe a urticária colinérgica. Esse é um tipo de alergia ao calor. Em bebés, as manchas vermelhas surgem pelo aumento da temperatura corporal.

Asma

A asma é um distúrbio pulmonar inflamatório recorrente, no qual certos estímulos (factores desencadeantes) inflamam as vias respiratórias e fazem com que as mesmas se estreitem temporariamente, o que resulta em dificuldades em respirar.

A asma é mais um dos tipos de alergia em bebés. Nesta doença, o pulmão é afectado e ocorre uma inflamação crónica dos brônquios, que são os tubos que transportam o ar para dentro dos pulmões.

É por isso que, durante um episódio de asma desencadeada por alergia (também conhecida como bronquite alérgica), há chiado no peito, falta de ar e tosse persistente.

Rinite alérgica

De acordo com os consensos internacionais de alergologia, a rinite é pouco frequente antes dos 12 meses de idade, mas pode aparecer em qualquer período da vida.

Entre os tipos de alergia em bebés, esta é caracterizada pela inflamação das mucosas que revestem as narinas, resultando em crises de espirros, coriza, coceira no nariz,

nos olhos e na garganta e congestão nasal. A tosse também pode estar presente nos quadros de rinite. A tosse alérgica em bebés e crianças mais crescidas é caracterizada por ser seca e irritativa, que parece nunca se acalmar. Esse mecanismo natural do corpo é útil para eliminar o gotejamento pós-nasal, quando o muco escorre pela garganta, que ocorre em quadros como esse.

Entre outros tipos de alergia em bebé, vale destacar as alergias alimentares, que ocorrem numa parcela dos bebés quando é introduzido o leite de vaca e alimentos como ovos, nozes e amendoim e frutos do mar. Essa reacção também pode estar relacionada com alergias aos alimentos que a mãe ingere e são veiculados pelo leite materno.

Um bebé com alergia alimentar pode apresentar erupções na pele, olhos vermelhos, espirros e coriza, agravamento da asma, entre outros sintomas.

Principais causas de alergia em bebés Quando pensamos sobre o que é alergia, a principal causa é a resposta exagerada do sistema imunológico, ao expor-se a determinadas substâncias estranhas para o organismo de pessoas sensibilizadas. E existem diversos agentes que servem de gatilho para essa reacção.

Quando falamos em dermatite atópica, que provoca alergia no rosto do bebé e outros locais do corpo, tende a ser hereditária e pode estar associada à asma ou rinite. Os sintomas podem aparecer a partir do contacto com:

• Ácaros e fungos;

• Alérgenos de animais, como cães e gatos;

• Ingestão de alimentos que são gatilhos;

• Fragrâncias;

• Suor.

Já a urticária alérgica pode ser consequência de factores semelhantes aos anteriores e alguns adicionais:

• Poeira e mofo;

• Pólen;

• Alérgenos presentes nos animais de estimação;

• Látex;

• Ingestão de alimentos como leite, nozes e frutos do mar;

• Contacto com produtos químicos.

A urticária pode, ainda, ser consequência da exposição ao frio ou calor (urticária colinérgica).

No caso da asma alérgica, essa alergia em bebés pode ser persistente, principalmente quando as mães fumaram durante a gravidez, quando os pais têm histórico de asma e há pessoas que fumam dentro de casa. Se o bebé tiver dermatite atópica, o risco também aumenta.

Algumas das causas da asma alérgica são:

• Alérgenos presentes nos animais de estimação;

• Ácaros presentes na poeira;

• Pólen;

• Mudanças bruscas de temperatura que acentuam os sintomas.

Na rinite alérgica, os principais desencadeadores do quadro são:

• Alérgenos presentes nos animais de estimação;

• Ácaros presentes na poeira;

• Pólen;

• Perfumes;

• Fungos;

• Mudanças bruscas de temperatura acentuam os sintomas.

No campo da alergia alimentar, essa reacção ocorre quando o bebé recebe alimentos que o organismo reconhece como “ameaça”. A predisposição genética e as alterações na microbiota intestinal parecem ter um papel importante nessa alergia em bebés.

Com os cuidados certos, é possível controlar as alergias em bebés e proporcionar-lhes mais conforto e qualidade de vida.

CALOR E SAÚDE

O CALOR PODE TER UM ENORME IMPACTO NA SAÚDE. A INSOLAÇÃO É A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE RELACIONADA COM O CLIMA E PODE AGRAVAR DOENÇAS COMO A DIABETES, A ASMA, AS PERTURBAÇÕES MENTAIS, AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES, ENTRE OUTRAS, E AUMENTAR O RISCO DE ACIDENTES E DE CERTAS DOENÇAS INFECCIOSAS. TRATA-SE DE EMERGÊNCIAS MÉDICAS ASSOCIADAS A UMA ELEVADA TAXA DE MORTALIDADE.

Onúmero de pessoas expostas ao calor extremo está a aumentar exponencialmente, devido às alterações climáticas, em todas as regiões do mundo. De acordo com a Lancet, entre o período compreendido de 2000 a 2004 e o de 2017 a 2021, a mortalidade relacionada com o calor em pessoas com mais de 65 anos aumentou cerca de 85%.

Estudos realizados entre 2000 e 2019 apuraram que 489 mil pessoas morrem, a cada ano, devido ao calor. 45% e 36% dessas mortes ocorrem na Ásia e na Europa, respectivamente. Em 2023, entre Junho e Agosto, 70 mil pessoas morreram na Europa como resultado do calor.

A vulnerabilidade ao calor depende de factores fisiológicos, como a idade e o estado de saúde, e de outros que aumentam a exposição ao mesmo, como o estatuto socioeconómico e o emprego.

Os danos para a saúde causados pelo calor podem ser amplamente previstos e prevenidos, através de políticas de saúde pública direccionadas e intervenções que abrangem vários sectores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou orientações para ajudar as instituições de saúde pública a identificar e responder aos riscos colocados pelo calor extremo

Ondas de calor

As ondas de calor ocorrem quando existem dias e noites de calor excessivo, num mesmo local, durante um período invulgarmente longo. Devido às alterações climáticas, a frequência, duração, intensidade e magnitude das ondas de calor e do calor excessivo e prolongado estão a aumentar. Durante períodos prolongados de altas temperaturas diurnas e noturnas, o corpo fica sobrecarregado e há um risco aumentado de doenças, e até mesmo de morte, por exposição ao calor. As vagas de calor podem afectar

gravemente grandes grupos da população durante curtos períodos, conduzir frequentemente a emergências de saúde pública e causar mortalidade excessiva e efeitos socioeconómicos em cascata, como, por exemplo, a perda de capacidade de trabalho e de produtividade. Além disso, podem ocorrer declínios na capacidade de prestação de serviços de saúde quando acompanhados por interrupções no fornecimento de electricidade, que podem afectar as instalações de saúde, os meios de transporte e as infraestruturas de abastecimento de água, alerta a OMS.

Em resultado do envelhecimento da população e do aumento da prevalência de doenças não transmissíveis, como a diabetes, a demência, as doenças respiratórias e cardiovasculares, a insuficiência renal e as perturbações músculoesqueléticas, a população é mais vulnerável aos efeitos negativos do calor. O planeamento urbano não tem em conta a necessidade de reduzir a produção e a acumulação de calor. Em muitas cidades, não existem espaços verdes suficientes e parte dos edifícios é construída com materiais inadequados, como, por exemplo, telhados metálicos, que aumentam a exposição das pessoas ao calor excessivo.

Como o calor afecta a saúde?

Segundo explica a OMS, a quantidade de calor armazenada no corpo humano depende da combinação de:

a) a incapacidade de remover o calor gerado internamente por processos metabólicos, devido ao stresse térmico do ambiente (por exemplo, alta temperatura e/ou humidade, vento baixo e alta radiação térmica);

b) vestuário, que cria uma barreira à perda de calor;

c) o ganho de calor do ambiente.

A incapacidade do corpo de regular a temperatura interna e eliminar o ganho de calor nessas condições aumenta o risco de insolação e esgotamento. A sobrecarga a que o corpo está sujeito, ao tentar arrefecer, também afecta o coração e os rins. Como resultado, o calor extremo pode exacerbar os riscos para a saúde decorrentes de doenças crónicas (como diabetes e doenças

A SOBRECARGA A QUE O CORPO ESTÁ SUJEITO AO TENTAR ARREFECER TAMBÉM AFECTA O CORAÇÃO E OS RINS. COMO RESULTADO, O CALOR EXTREMO PODE EXACERBAR OS RISCOS PARA A SAÚDE DECORRENTES DE DOENÇAS CRÓNICAS (COMO DIABETES E DOENÇAS CARDIOVASCULARES, MENTAIS E RESPIRATÓRIAS) E LEVAR A LESÕES RENAIS

AGUDAS

cardiovasculares, mentais e respiratórias) e levar a lesões renais agudas.

A magnitude e a natureza dos efeitos do calor na saúde dependem do momento, intensidade e duração dos eventos, bem como do grau de aclimatação e adaptabilidade da população, infraestruturas e instituições locais ao clima prevalecente.

Que medidas deve a população tomar?

Não se expor ao calor:

• Não sair ou praticar actividades extenuantes durante as horas mais quentes do dia;

• Ficar na sombra. A temperatura percebida ao sol pode ser 10°C a 15°C mais elevada;

• Passar duas a três horas por dia num local fresco;

• Quando se estiver dentro de água, não esquecer o risco de afogamento. Nunca nadar sozinho;

• Ficar atento aos alertas oficiais de calor.

Manter a casa fresca:

• Aproveitar o ar noturno para arrefecer a casa, abrindo as janelas ao entardecer, quando a temperatura exterior é mais baixa do que a interior;

• Durante o dia, quando a temperatura exterior é superior à temperatura interior, fechar as janelas e cobri-las com estores ou persianas para bloquear a luz solar directa. Desligar o maior número possível de aparelhos eléctricos;

• Usar ventiladores eléctricos apenas quando as temperaturas estiverem abaixo de 40°C. Se a temperatura for superior, o efeito é inverso e o que se consegue com o uso de ventiladores é aquecer o corpo;

• Quem tem ar condicionado, regular o termostato para 27°C e ligar um ventilador eléctrico, o que fará com que o ambiente seja quatro graus mais baixo. Além disso, pode-se economizar até 70% na conta de luz.

Proteger bebés e crianças:

• Nunca deixar crianças e animais dentro de um veículo estacionado, pois as temperaturas podem subir rapidamente para níveis perigosos;

• Crianças e bebés não devem ficar sob luz solar directa durante as horas mais quentes. A sombra pode reduzir a sensação de calor em mais de 10 graus;

• Nunca cobrir um carrinho de bebé com uma fralda ou pano seco, pois aumenta o calor no interior. Em vez disso, usar um pano fino e húmido, que deve ser humedecido novamente, quando necessário, para baixar a temperatura. Combinar com o uso de um ventilador portátil para um ainda maior resfriamento;

• Vestir as crianças com roupas leves e largas que cubram a pele e usar chapéus de abas largas, óculos de sol e protector solar para as proteger dos raios solares.

A LIGAÇÃO ENTRE A SAÚDE MENTAL

E O TRABALHO

NESTE DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL, ASSINALADO A 10 DE OUTUBRO, A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) ESTÁ A UNIR-SE A PARCEIROS PARA DESTACAR A LIGAÇÃO VITAL ENTRE A SAÚDE MENTAL E O TRABALHO. AMBIENTES DE TRABALHO SEGUROS E SAUDÁVEIS PODEM FUNCIONAR COMO UM FACTOR DE PROTECÇÃO DA SAÚDE MENTAL. AS CONDIÇÕES

INSALUBRES, INCLUINDO O ESTIGMA, A DISCRIMINAÇÃO E A EXPOSIÇÃO A RISCOS COMO O ASSÉDIO E OUTRAS MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO, PODEM REPRESENTAR RISCOS SIGNIFICATIVOS, AFECTANDO A SAÚDE MENTAL, A QUALIDADE DE VIDA EM GERAL E, CONSEQUENTEMENTE, A PARTICIPAÇÃO OU A PRODUTIVIDADE NO TRABALHO.

Com 60% da população mundial empregada, a OMS considera ser necessária uma acção urgente para garantir que o trabalho previne riscos para a saúde mental e a protege e apoia. “É essencial que os governos, os empregadores, as organizações que representam os trabalhadores e outras partes interessadas responsáveis pela saúde e segurança dos trabalhadores colaborem para melhorar a saúde mental no trabalho. As acções destinadas devem ser tomadas com a participação significativa dos trabalhadores e dos seus representantes, bem como das pessoas com experiência vivida de problemas de saúde mental. Ao investir esforços e recursos em abordagens e intervenções no trabalho baseadas em dados concretos, podemos garantir que todos têm a oportunidade de prosperar no trabalho e na vida. Vamos agir hoje para um futuro mais saudável”, sustenta a OMS.

12 milhões de dias perdidos Só a depressão e a ansiedade resultam na perda de aproximadamente 12 mil milhões de dias de trabalho, por ano. Uma saúde mental deficiente pode levar a uma diminuição do desempenho, a absentismo e a uma maior rotatividade do pessoal.

Um ambiente de trabalho favorável promove a saúde mental, proporcionando propósito e estabilidade. Mas más condições de trabalho podem prejudicar o bemestar mental, reduzindo tanto a satisfação no trabalho como a produtividade.

Existem vários riscos para a saúde mental que os trabalhadores podem enfrentar, incluindo discriminação, más condições de trabalho ou autonomia limitada. Os empregos mal remunerados ou precários carecem frequentemente de protecções adequadas, deixando os trabalhadores mais expostos a riscos psicossociais.

Em 2019, estimou-se que 15% dos adultos em idade activa tinha um transtorno mental. Globalmente, o custo dos dias perdidos devido à depressão e ansiedade ascende a um bilião de dólares por ano em perda de produtividade.

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