Tecnosaúde#25 - Julho/Agosto

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N.º 25

Julho/Agosto 2 0 2 4

D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA

P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL

AGOSTO DOURADO, AMAMENTAÇÃO PARA TODOS

Dra. Nádia Noronha

Directora Executiva da Tecnosaúde

O mês de Agosto é marcado pela campanha Agosto Dourado, um movimento de extrema relevância para a saúde pública que busca promover, proteger e apoiar a amamentação. “Dourado” simboliza o padrão ouro que o leite materno representa na alimentação infantil, destacando a importância vital desse acto para o desenvolvimento saudável dos bebés e para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho.

Amamentar é um acto natural, mas que precisa ser apoiado e incentivado em diversas esferas da sociedade. O leite materno é reconhecido mundialmente como o alimento mais completo para o recém-nascido, oferecendo todos os nutrientes necessários para o crescimento nos primeiros seis meses de vida, além de anticorpos que protegem o bebé contra infecções e doenças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade, com a continuidade da amamentação junto a alimentos complementares até, pelo menos, aos 2 anos. O leite materno não é apenas alimento; é o primeiro passo para garantir a saúde física e emocional das futuras gerações.

Apesar dos benefícios inquestionáveis, muitas mães ainda enfrentam desafios significativos para amamentar. A falta de informação, o retorno ao trabalho, a pressão social pelo desmame precoce e, nalguns casos, a falta de apoio da rede familiar e de saúde são barreiras que precisam ser superadas. É aqui que entra a importância do Agosto Dourado, que não apenas celebra a amamentação, como também serve como um poderoso lembrete de que a sociedade, como um todo, deve criar um ambiente favorável para que as mães possam amamentar com tranquilidade e segurança.

O Agosto Dourado, portanto, não é apenas um mês de consciencialização, mas uma chamada à acção para que todos assumam a sua responsabilidade na promoção de um dos direitos mais fundamentais. Somente através de um esforço colectivo poderemos garantir que mais crianças tenham o melhor início de vida possível, iluminando o futuro com as cores do ouro.

SAÚDE PARA SI

EDITORIAL

ANÁLISE

Hepatites virais ceifam 3.500 vidas por dia

Níveis de vacinação infantil estagnam em 2023

Enf. Ana Paula Duarte aborda a preparação para o nascimento 14

PERSPECTIVA

Dra. Nayole Pinto reforça a importância das consultas de puericultura

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Conferência no Huambo destaca a importância multissectorial do planeamento familiar

Dr. Argenis Quintero Venero resume os fundamentos básicos da RM fetal

Dra. Liliana Aragão Cassule enumera os benefícios e desafios do aleitamento materno

A correcta extracção, armazenamento e descongelação do leite materno

Dra. Drielle Parreira de Souza aborda os riscos da automedicação durante a amamentação

ENTREVISTA

Dra. Elisa Gaspar comenta os desafios e perspectivas do Banco de Leite Humano de Angola

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Perspectiva:A digitalização da Saúde, por Ana Rita Fernandes

Dr. Djalme Fonseca descreve o papel das tecnologias avançadas na saúde ocular

Rubrica Diagnóstico: Importância dos dispositivos médicos hospitalares na minimização das infecções nosocomiais

58 Australpharma Partner Day

Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria

Nacionalidade: Angolana

Edifício Presidente Business Center

Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola

Directora: Nádia Noronha

E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net

Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center

Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola

Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/

HEPATITES VIRAIS CEIFAM 3.500 VIDAS POR DIA

DE ACORDO COM O RELATÓRIO MUNDIAL DE HEPATITES 2024 DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), O NÚMERO DE VIDAS PERDIDAS PARA AS HEPATITES VIRAIS ESTÁ A AUMENTAR. SÃO A SEGUNDA PRINCIPAL CAUSA DE MORTE INFECCIOSA NO MUNDO, COM 1,3 MILHÃO DE MORTES POR ANO, O MESMO QUE A TUBERCULOSE.

Orelatório, divulgado na Cimeira Mundial das Hepatites, destaca que, apesar da melhoria das ferramentas de diagnóstico e tratamento e da diminuição dos preços dos produtos, as taxas de cobertura de testes e tratamentos estagnaram. No entanto, alcançar a meta de eliminação da OMS para 2030 é possível, se forem tomadas medidas rápidas.

Os novos dados de 187 países mostram que o número estimado de mortes por hepatites virais aumentou de 1,1 milhão em 2019, para 1,3 milhão em 2022. Destas, 83% foi causado pela hepatite B e 17% pela hepatite C. Todos os dias, 3.500 pessoas morrem, em todo o mundo, devido às hepatites B e C.

“Este relatório traça um quadro preocupante: apesar dos progressos globais na prevenção das infecções pelo vírus da hepatite, as mortes estão a aumentar porque muito poucas pessoas com hepatite são diagnosticadas e tratadas”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “A OMS está empenhada em apoiar os países a usarem todas as ferramentas à sua disposição – a preços acessíveis – para salvar vidas e mudar esta tendência”

De acordo com estimativas actualizadas da OMS, 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 50 milhões com hepatite C, em 2022. Metade da carga de infecções crónicas pelo vírus da hepatite B e C está entre pessoas de 30 a 54 anos e 12% entre pessoas com menos de 18 anos de idade. Os homens representam 58% de todos os casos.

As novas estimativas de incidência indicam uma ligeira diminuição em comparação com 2019, mas a incidência global de hepatites virais permanece elevada. Em 2022, registaram-se 2,2 milhões de novas infecções, contra 2,5 milhões em 2019. Estas incluem 1,2 milhão de novas infecções pelo vírus da hepatite B e quase um milhão de novas infecções pelo vírus da hepatite C. Todos os dias, ocorrem mais de seis mil novas infecções pelo vírus da hepatite.

Progressos globais

No final de 2022, em todas as regiões, apenas 13% das pessoas com infecção crónica pelo vírus da hepatite B tinha sido diagnosticado e aproximadamente 3% (sete milhões) tinha recebido tratamento antiviral. Quanto à hepatite C, 36% das pessoas tinha sido diagnosticado e 20% (12,5 milhões) tinha recebido tratamento.

Estes resultados ficam muito aquém das metas globais de tratar 80% das pessoas que vivem com hepatite B e C crónicas, até 2030. No entanto, indicam uma ligeira, mas constante, melhoria na cobertura do diagnóstico e tratamento desde as últimas estimativas reportadas em 2019. Especificamente, o diagnóstico de hepatite B aumentou de 10% para 13% e o seu tratamento de 2% para 3%. Já o diagnóstico de hepatite C aumentou de 21% para 36% e o seu tratamento de 13% para 20%.

A carga das hepatites virais varia de região para região. A Região Africana da OMS é responsável por 63% das novas infecções pelo vírus da hepatite B, mas, apesar deste fardo, apenas 18% dos recém-nascidos na região recebe a dose de vacinação contra a hepatite B à nascença.

O NÚMERO ESTIMADO DE MORTES

POR HEPATITES VIRAIS AUMENTOU DE 1,1 MILHÃO EM 2019, PARA 1,3 MILHÃO EM 2022. DESTAS, 83% FOI

CAUSADO PELA HEPATITE B E 17%

PELA HEPATITE C. TODOS OS DIAS, 3.500 PESSOAS MORREM, EM TODO O MUNDO, DEVIDO ÀS HEPATITES B E C

Hepatite

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode causar uma série de problemas de saúde e pode ser mortal. As cinco principais estirpes do vírus da hepatite são os tipos A, B, C, D e E. Embora todos causem doença hepática, diferem particularmente nos modos de transmissão, gravidade da doença, distribuição geográfica e métodos de prevenção.

Em particular, os tipos B e C causam doenças crónicas em centenas de milhões de pessoas e, juntos, são a causa mais comum de mortes relacionadas com cirrose hepática, cancro e hepatite viral. Em todo o mundo, estima-se que 325 milhões de pessoas sofram de hepatite B e/ou C e, para a maioria, os testes e o tratamento permanecem inacessíveis. Alguns tipos de hepatite podem ser prevenidos por vacinação. Um estudo da OMS apurou que cerca de 4,5 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas, em países de baixa e média renda, até 2030, por meio da vacinação, testes de diagnóstico, medicamentos e campanhas de educação. A estratégia global da OMS para a hepatite, aprovada por todos os Estadosmembros, visa reduzir as novas infecções em 90% e as mortes por hepatite em 65%, entre 2016 e 2030

Na região do Pacífico Ocidental, onde ocorre 47% das mortes por hepatite B, a cobertura do tratamento é de 23% entre os diagnosticados, uma percentagem demasiado baixa para reduzir a mortalidade.

O Bangladesh, a China, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, a Nigéria, o Paquistão, as Filipinas e a Federação Russa suportam, em conjunto, quase dois terços do fardo global das hepatites B e C. Alcançar o acesso universal à prevenção, diagnóstico e tratamento, nestes 10 países, até 2025, juntamente com a intensificação dos esforços na Região Africana, é essencial para que a resposta global volte ao bom caminho para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

Disparidades

Apesar da disponibilidade de medicamentos genéricos a preços acessíveis contra as hepatites virais, muitos países não conseguem adquiri-los a estes preços mais baixos. As disparidades de preços persistem entre as regiões da OMS, e no interior das mesmas, com muitos países a pagarem preços acima dos valores de referência mundiais, incluindo medicamentos que não estão patenteados nem incluídos em acordos de licenciamento voluntário. Por exemplo, embora o tenofovir para o tratamento da hepatite B não esteja patenteado e esteja disponível a um preço de referência global de 2,4 dólares por mês, apenas sete dos 26 países que forneceram dados pagaram preços iguais ou inferiores ao de referência. Do mesmo modo, está disponível um regime pan-genotípico de sofosbuvir/daclatasvir para o tratamento da hepatite C a um preço de referência global de 60 dólares, mas apenas quatro dos 24 países que comunicaram informações pagaram preços iguais ou inferiores ao de referência. Apenas 60% dos países que forneceram dados oferece total ou parcialmente serviços gratuitos de despistagem e tratamento das hepatites virais no sector público. A protecção financeira é mais baixa na Região Africana, onde apenas um terço dos países declarantes oferece estes serviços gratuitamente.

Acelerar a eliminação da hepatite

O relatório descreve uma série de medidas para promover uma abordagem de saúde pública às hepatites virais, a fim de acelerar os progressos no sentido de acabar com esta epidemia, até 2030:

• Alargar o acesso à testagem e ao diagnóstico;

• Implementar eficazmente políticas para alcançar um tratamento equitativo;

• Reforçar os esforços de prevenção nos cuidados primários;

A REGIÃO AFRICANA DA OMS É RESPONSÁVEL POR 63% DAS NOVAS INFECÇÕES PELO VÍRUS DA HEPATITE B, MAS, APESAR DESTE FARDO, APENAS 18% DOS RECÉMNASCIDOS NA REGIÃO RECEBE A DOSE DE VACINAÇÃO CONTRA A HEPATITE B À NASCENÇA

• Simplificar a prestação de serviços e optimizar a regulação e o fornecimento de produtos;

• Defender o investimento em países prioritários;

• Mobilizar financiamento inovador;

• Utilizar dados melhorados para agir;

• Envolver as comunidades afectadas e a sociedade civil e promover a investigação para melhorar o diagnóstico e os potenciais tratamentos da hepatite B.

CANCRO DO PULMÃO

FOI O MAIS FREQUENTE EM TODO O MUNDO

O CENTRO INTERNACIONAL DE INVESTIGAÇÃO DO CANCRO (CIIC) DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) DIVULGOU AS ÚLTIMAS ESTIMATIVAS DA CARGA GLOBAL DESTA DOENÇA. ESTIMA-SE QUE HOUVE 20 MILHÕES DE NOVOS CASOS DE CANCRO E 9,7 MILHÕES DE MORTES, EM 2022. O CANCRO DO PULMÃO FOI O MAIS FREQUENTE EM TODO O MUNDO.

De acordo com novas estimativas do Observatório Global do Cancro do CIIC, 10 tipos de cancro representaram, no seu conjunto, cerca de dois terços dos novos casos e mortes em todo o mundo, em 2022. Os dados abrangem 185 países e 36 tipos de cancro.

O cancro do pulmão foi o cancro mais comum em todo o mundo, com 2,5 milhões de novos casos, representando 12,4% dos mesmos. O cancro de mama feminino ficou em segundo lugar (2,3 milhões de casos; 11,6%), seguido pelo cancro colo-rectal (1,9 milhão de casos; 9,6%), pelo cancro da próstata (1,5 milhão de casos; 7,3%) e pelo cancro do estômago (970 mil casos; 4,9%).

O cancro do pulmão foi também a principal causa de morte por cancro (1,8 milhões de mortes, representando 18,7% de todas as mortes por cancro), seguido do cancro colo-rectal (900 mil mortes; 9,3%), do cancro do fígado (760 mil mortes; 7,8%), do cancro da mama (670 mil mortes; 6,9%) e do cancro do estômago (660 mil mortes; 6,8%).

A recorrência do cancro do pulmão como o tipo mais comum está provavelmente relacionada com a persistência do consumo de tabaco na Ásia.

Principal causa de morte entre os homens Nas mulheres, o cancro mais frequentemente diagnosticado, e a principal causa de morte por cancro, foi o da mama, enquanto nos homens foi o do pulmão.

Nos homens, os cancros da próstata e colo-rectal foram o segundo e terceiro tipos de cancro mais comuns, enquanto os cancros do fígado e colo-rectal foram a segunda e terceira causas mais comuns de morte por cancro. Nas mulheres, o cancro do pulmão e colo-rectal ocuparam o segundo e terceiro lugares em novos casos e mortes.

O cancro do colo do útero foi o oitavo cancro mais comum, a nível mundial, e a nona causa de morte por cancro, com 661.044 novos casos e 348.186 mortes. É o cancro mais comum entre as mulheres em 25 países, muitos dos quais na África Subsariana.

Aumento previsto da incidência até 2050 São esperados mais de 35 milhões de novos casos de cancro em 2050, um aumento de 77% em comparação com os 20 milhões de casos estimados em 2022. O rápido crescimento do peso global do cancro reflecte tanto o envelhecimento e o crescimento da população, como alterações na exposição das pessoas a factores de risco, muitos dos quais associados ao desenvolvimento socioeconómico. O tabaco, o álcool e a obesidade são factores-chave no aumento da incidência do cancro, enquanto a poluição atmosférica continua a ser um dos principais factores de risco ambientais.

NÍVEIS GLOBAIS DE VACINAÇÃO INFANTIL ESTAGNAM EM 2023

A COBERTURA GLOBAL DE VACINAÇÃO INFANTIL

ESTAGNOU EM 2023, DEIXANDO 2,7 MILHÕES DE CRIANÇAS NÃO VACINADAS OU SEM TODAS AS DOSES, EM COMPARAÇÃO COM OS NÍVEIS PRÉ-PANDEMIA (2019), DE ACORDO COM DADOS DIVULGADOS PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E PELA UNICEF.

Apesar da imunização ser uma das intervenções de saúde pública mais eficazes, a cobertura vacinal estagnou na década anterior à pandemia de Covid-19. A pandemia, as interrupções que causou e as actividades de vacinação sobrecarregaram os sistemas de saúde, em 2020 e 2021, levando a graves atrasos na imunização. Os dados de 2023 mostram que os níveis de 2019 ainda não foram restabelecidos.

O número de crianças que receberam três doses da vacina contra difteria, tétano e tosse convulsa (DTP) em 2023 – um marcador fundamental da cobertura vacinal global – permaneceu estável em 84% (108 milhões). No entanto, o número de crianças que não receberam uma única dose da vacina aumentou de 13,9 milhões

em 2022, para 14,5 milhões em 2023. Mais de metade das crianças não vacinadas vive em 31 países com contextos frágeis, afectados por conflitos, onde as crianças são particularmente vulneráveis a doenças evitáveis, devido a perturbações e à falta de acesso a serviços de segurança, nutrição e saúde.

Outros 6,5 milhões de crianças não completaram a terceira dose da vacina DTP, necessária para alcançar a protecção contra a doença durante a infância e nos primeiros anos de vida.

Estas tendências, que mostram que a cobertura vacinal global permaneceu praticamente inalterada desde 2022 e, mais alarmante, ainda não regressou aos níveis de 2019, reflectem os desafios contínuos colocados por interrupções nos serviços de saúde, questões logísticas, hesitação e desigualdades no acesso aos serviços.

Surtos de sarampo

Devido à sua alta transmissibilidade, o sarampo actua como um alerta precoce, expondo rapidamente deficiências de imunidade na população. Mesmo assim, a primeira dose da vacinação de rotina contra o sarampo não foi aplicada em 22,2 milhões de crianças, um número longe dos 19,3 milhões registados em 2019.

Os dados mostram uma estagnação das taxas de vacinação contra o sarampo, uma doença mortal, deixando quase 35 milhões de crianças desprotegidas ou apenas parcialmente protegidas.

ESTAS TENDÊNCIAS, QUE MOSTRAM QUE A

COBERTURA VACINAL GLOBAL PERMANECEU

PRATICAMENTE INALTERADA DESDE 2022 E, MAIS ALARMANTE, AINDA NÃO REGRESSOU AOS NÍVEIS DE 2019, REFLECTEM OS DESAFIOS CONTÍNUOS COLOCADOS POR INTERRUPÇÕES NOS SERVIÇOS DE SAÚDE, QUESTÕES LOGÍSTICAS, HESITAÇÃO E DESIGUALDADES NO ACESSO AOS SERVIÇOS

Cobertura vacinal

• A cobertura da administração das três doses da vacina DTP (difteria, tétano e tosse convulsa), em 2023, foi de 84%

• A proporção de crianças que receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo foi de 83% em 2023, contra 86% em 2019

• A cobertura global da primeira dose da vacina contra o papilomavírus humano em raparigas aumentou de 20% em 2022, para 27% em 2023

• A cobertura vacinal contra a febre amarela, nos países ameaçados por esta doença, é de 50%, bem abaixo do valor recomendado de 80%

Em 2023, apenas 83% das crianças em todo o mundo recebeu a primeira dose da vacina contra o sarampo através dos serviços de saúde de rotina, enquanto o número de crianças que receberam a segunda dose aumentou apenas modestamente, em relação ao ano anterior, atingindo 74%. Estes números ficam aquém da cobertura de 95% necessária para prevenir surtos, evitar mortes desnecessárias pela doença e atingir as metas de eliminação do sarampo.

Nos últimos cinco anos, os surtos de sarampo afectaram 103 países, onde vivem cerca de três quartos das crianças do mundo. A baixa cobertura vacinal (80% ou menos) foi um factor importante. Em contrapartida, 91 países com elevada cobertura vacinal contra o sarampo não tiveram surtos.

Vacinação contra o HPV entre as raparigas aumenta

Os novos dados também destacam alguns pontos positivos na cobertura vacinal. A introdução contínua de vacinas novas e subutilizadas, incluindo as contra o papilomavírus humano (HPV) e a meningite, pneumococo, poliomielite e rotavírus, continua a expandir o âmbito de protecção, especialmente nos 57 países apoiados pela Gavi, a Aliança para as

Por exemplo, a proporção de meninas adolescentes, em todo o mundo, que receberam, pelo menos, uma dose da vacina contra o HPV, que fornece

Indonésia e Nigéria. O uso do esquema de dose única da vacina contra o HPV também ajudou a aumentar a cobertura vacinal.

No entanto, a cobertura vacinal contra o HPV está bem abaixo da meta de 90%, para eliminar o cancro do colo do útero como um problema de saúde pública, atingindo apenas 56% das meninas adolescentes em países de alta renda e 23% em países de baixa e média renda. Uma pesquisa recente junto de mais de 400 mil utilizadores da plataforma digital da UNICEF para jovens, a U-Report, descobriu que mais de 75% não sabe ou não tem certeza do que é o HPV, ressaltando a necessidade de melhorar a acessibilidade à vacina e a consciencialização pública. Quando informadas sobre o vírus, a sua relação com o cancro e a existência de uma vacina, 52% das pessoas inquiridas indicou que queria receber a vacina contra o HPV, mas foi impedido de o fazer por constrangimentos financeiros (41%) e indisponibilidade (34%). Embora algumas regiões, como África e os países de baixa renda, tenham feito progressos modestos, as últimas estimativas destacam a necessidade de acelerar os esforços para atingir as metas da Agenda 2030 para a Imunização (IA2030), que prevê uma cobertura de 90% e uma redução para menos de 6,5 milhões de crianças com zero doses, em todo o mundo, até 2030.

Valorizamos a sua lealdade e estamos entusiasmados em apresentar o 1.º Plano de Fidelização para Farmácias, projectado exclusivamente para o recompensar.

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Urbanização Park Gest, Km24 Estrada do Catete, Luanda - Angola

PREPARAÇÃO PARA O NASCIMENTO

COM O NASCIMENTO DE UM FILHO, NASCE UMA NOVA

FAMÍLIA, COM TODAS AS ALEGRIAS E ANSIEDADES

QUE ISSO PODE ACARRETAR. AS DÚVIDAS RELATIVAS

AO PAPEL PARENTAL ATORMENTAM MUITOS PAIS – A ANSIEDADE RELATIVA AO CUIDAR DO RECÉM-NASCIDO, O MOMENTO DO PARTO E O MEDO DE NÃO CONSEGUIR

AMAMENTAR. A GRÁVIDA, ALÉM DAS CONSULTAS

MENSAIS DE VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL, PODE PARTICIPAR EM REUNIÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE PROMOVIDAS

PELA INSTITUIÇÃO, PRATICAR EXERCÍCIO FÍSICO E UMA

ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA, CUIDAR DA SUA SAÚDE

EMOCIONAL E PREPARAR O COMPANHEIRO/PESSOA

SIGNIFICATIVA PARA O MOMENTO DO PARTO, ASSIM COMO UMA REDE DE APOIO, APÓS O MESMO.

Enfermeira Ana Paula Duarte

Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica, Conselheira em Aleitamento Materno, Coordenadora da Maternidade, Luanda Medical Center

Apreparação para a parentalidade e nascimento têm como objectivo capacitar a mulher/casal para a vivência e experiência de um parto positivo e responsável. O Curso de Preparação para o Nascimento é fundamental, na medida em que empodera o casal para a promoção do trabalho de parto espontâneo, movimentação livre e suporte contínuo durante o trabalho de parto, abolição das intervenções médicas desnecessárias e também do parto em posição ginecológica, contacto e vinculação precoces (contacto pele a pele) e alojamento conjunto.

As técnicas de alívio da dor não farmacológicas incluem a utilização da bola de Pilates, massagens, deambulação, hidroterapia, aromoterapia, musicoterapia e técnicas de relaxamento.

O Plano de Nascimento/Parto é importante para o casal decidir, em consciência, o seu parto e a forma como quer que decorra. É um testemunho pessoal elaborado, de preferência, entre as 28 e as 32 semanas de gestação. Ao longo da preparação deste documento, o casal terá oportunidade de conversar com os profissionais de saúde que o acompanham, acedendo a informações e conhecimentos relacionados com o trabalho de parto e parto, de forma a tomar as suas próprias decisões (com base nas suas crenças e valores), assim como a escolha de um acompanhante, para que esse momento seja único, mas também seguro.

A consulta de amamentação destina-se a todas as mães, ainda durante a gravidez e após o parto, e tem como objectivos:

• Melhoria da experiência de amamentação: ajuda a mãe a iniciar e manter a amamentação de forma mais confortável e eficaz;

• Prevenção de complicações: reduz o risco de problemas comuns, como a mastite e fissuras nos mamilos, através da uma orientação preventiva;

• Apoio personalizado: oferece suporte adaptado às necessidades individuais da mãe e do bebé;

• Promoção da saúde: contribui para a saúde e bem-estar da mãe e do recém-nascido, promovendo uma nutrição adequada e um vinculo emocional saudável.

Nesta consulta, são abordados temas como:

• Vantagens do leite materno;

• Fisiologia da lactação;

• Técnicas de amamentação;

• Extracção e conservação do leite materno;

• Prevenção e tratamento de dificuldades na amamentação;

• Recomendações da OMS.

Após o parto, esta consulta tem como objectivo a avaliação da mamada, o estado geral do recém-nascido e a eliminação (urina e mecónio), no sentido de descartar qualquer tipo de desidratação.

Sugere-se ainda uma visita à maternidade, no sentido de familiarizar o casal com o local de parto.

DIA DO PEDIATRA: IMPORTÂNCIA DAS CONSULTAS DE PUERICULTURA

A PUERICULTURA É UMA ÁREA DA MEDICINA E DA SAÚDE QUE SE DEDICA AO ACOMPANHAMENTO E CUIDADO DA CRIANÇA, DESDE O NASCIMENTO ATÉ À ADOLESCÊNCIA, COM FOCO NO SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO, EMOCIONAL E SOCIAL. MUITAS VEZES, É CONFUNDIDA COM A PEDIATRIA, OU APENAS SE RELACIONA COM PRODUTOS PARA BEBÉS E CRIANÇAS, MAS A PUERICULTURA COMPREENDE A CRIANÇA COMO UM TODO. DESDE A PRÓPRIA CRIANÇA, SUA FAMÍLIA, CONTEXTO SOCIOCULTURAL EM QUE CADA CRIANÇA INSERE, TENDO EM CONTA TAMBÉM A PARTE BIOLÓGICA E PSICOLÓGICA. A PUERICULTURA PROMOVE E PROTEGE A SAÚDE DOS RECÉM-NASCIDOS, DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES, DANDO UMA ATENÇÃO INTEGRAL E COMPREENDENDO A CRIANÇA COMO UM SER EM DESENVOLVIMENTO, COM AS SUAS PRÓPRIAS PARTICULARIDADES.

Afunção da puericultura é promover o crescimento saudável, o desenvolvimento integral das crianças, desde o nascimento até à adolescência, garantindo que estas cresçam de forma saudável, atingindo todo o seu potencial físico, cognitivo, emocional e social.

Acima de tudo, a puericultura é uma espécie de “medicina preventiva para crianças”. Por ser dedicada à detecção precoce de problemas, o serviço de puericultura diferencia-se do diagnóstico e do tratamento clínico. Nesta subespecialidade da pediatria, o pediatra terá condições de detectar precocemente quaisquer problemas de saúde e intervir assim que essas alterações forem observadas.

A puericultura tem um papel fundamental na monitorização dos factores de risco ao longo do desenvolvimento da criança.

Qual é a diferença entre pediatria e puericultura?

A puericultura concentra-se na monitorização do crescimento e desenvolvimento infantil.

A pediatria é uma especialidade médica que trata do diagnóstico e tratamento de doenças em crianças.

Quais são as etapas da puericultura?

A puericultura deve ser realizada desde os primeiros dias de vida, estendendo-se até ao final da adolescência. Tem papel fundamental no suporte à amamentação, na orientação vacinal, na introdução de novos alimentos na dieta e na monitorização dos factores de risco ao longo do desenvolvimento da criança.

Objectivos e para que serve?

Diferentemente de uma simples consulta ao pediatra, quando a criança é levada ao médico por conta de algum sintoma específico ou alterações, a puericultura não precisa de um “motivo” pontual para ser accionada. A ideia é que esteja presente ao longo da vida da criança, para acompanhar os seus avanços, independentemente da criança ter alguma condição clínica que demande cuidados constantes, ou alteração no seu quadro de saúde.

A consulta de puericultura envolve a avaliação sobre o processo de desenvolvimento infantil, abarcando aspectos como:

A FUNÇÃO DA PUERICULTURA É PROMOVER O CRESCIMENTO SAUDÁVEL, O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS CRIANÇAS, DESDE O NASCIMENTO ATÉ À ADOLESCÊNCIA, GARANTINDO QUE ESTAS CRESÇAM DE FORMA SAUDÁVEL, ATINGINDO TODO O SEU POTENCIAL FÍSICO, COGNITIVO, EMOCIONAL E SOCIAL. ACIMA DE TUDO, A PUERICULTURA É UMA ESPÉCIE DE “MEDICINA PREVENTIVA PARA CRIANÇAS”

Dra Nayiole Pinto
Médica Pediatra do Consultório Peandra

• Estado nutricional e histórico alimentar;

• Cobertura vacinal;

• Desenvolvimento neuropsicomotor;

• Visão, audição e desenvolvimento intelectual;

• Desempenho escolar;

• Saúde bucal.

Uma avaliação constante que envolve, ainda, a análise do histórico e relação familiar do pequeno.

Para além do exame clínico, portanto, a puericultura também se baseia na escuta. Afinal, saber qual o contexto, a origem e o ambiente onde a criança e adolescente se inserem é igualmente importante para um cuidado completo e humanizado de saúde.

Consulta de puericultura: qual a importância?

O lema “prevenir é melhor que remediar” faz todo o sentido quando o assunto é medicina preventiva. E a puericultura é também uma forma de antecipar possíveis problemas ou alterações que a criança possa ter. Além de englobar o desenvolvimento social, motor e cognitivo da criança, essa especialidade é uma importante aliada na detecção precoce de problemas de saúde. Com isso, torna-se possível reverter ou prevenir determinado quadro antes que as consequências se tornem irreversíveis.

importante, e sair da consulta com todas as dúvidas esclarecidas. Não se deve fazer “chantagens” mentirosas com a criança, como, por exemplo, “se não comeres o médico vai dar uma injecção” ou “comporta-te senão o médico vai internar-te”, enfim, o pediatra é um amigo da criança, não um carrasco. Não esquecer de levar uma troca de roupa, fralda, biberão ou uma fruta, caso ocorra algum atraso. As crianças que bebem leite materno têm o melhor leite, gratuito e prático, em qualquer situação e

Caso tenha feito exames anteriores ou consultas com outros médicos, deve-se levar os exames e receitas, para actualização

Deve-se evitar levar irmãos, primos ou outros acompanhantes não necessários.

A consulta tem de ser focada no paciente do dia. A consulta é individual, pelo que se deve evitar discutir problemas do irmão, do vizinho, do parente, cada caso é um caso.

Como marcar a consulta e com que frequência recorrer ao pediatra?

• 0 a 6 meses: mensal

• 6 a 12 meses: bimestral

• 12 a 18 meses: trimestral

• 1 ½ a 5 anos: semestral

• 5 a 18 anos: anual

Dicas antes de ir a uma consulta de puericultura:

Deve-se levar a Caderneta de Saúde da Criança, onde se encontram as vacinas, o acompanhamento do peso, os seus gráficos e muitas informações fundamentais; preparar por escrito todas as dúvidas e necessidades, para não esquecer de nenhuma questão

Ao entrar no consultório, deve-se desligar o telefone. O foco é a consulta da criança. Tocar o telefone ou, pior, atender durante a consulta é deselegante e um desrespeito ao profissional.

A consulta de puericultura não é um evento. Deve-se evitar fotografar ou filmar, existe legislação que preserva o direito de imagem do médico e da criança.

nutrição especializada PARA O SEU BEBÉ

CONFERÊNCIA NO HUAMBO DESTACA A IMPORTÂNCIA MULTISSECTORIAL DO PLANEAMENTO

FAMILIAR

NUM ENCONTRO MARCADO PELA PRESENÇA DE LÍDERES MÉDICOS E COMUNITÁRIOS, A ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGISTAS E OBSTETRAS DE ANGOLA (AGOA) LIDEROU UMA CONFERÊNCIA SOBRE O “IMPACTO MULTISSECTORIAL DO PLANEAMENTO FAMILIAR”, TENDO LUGAR NO HUAMBO, NO DIA 14 DE JUNHO. COM APOIO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E DA AGÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL (USAID), A CONFERÊNCIA DESTACOU-SE NÃO APENAS PELO SEU CONTEÚDO INOVADOR, MAS TAMBÉM PELA PARTICIPAÇÃO DE SUA MAJESTADE ARTUR MOÇO, REI DO HUAMBO, REFORÇANDO A RELEVÂNCIA DO EVENTO PARA A COMUNIDADE LOCAL E NACIONAL.

Sua Majestade Artur Moço, Rei do Huambo

Aconferência foi inaugurada com um discurso de abertura pelo Dr. Valentim Catolo, Chefe do Departamento Provincial de Saúde Pública, em representação do Director Provincial de Saúde, o Dr. Lucas Nhamba. As principais discussões focaram no planeamento familiar e na saúde reprodutiva em Angola, enfatizando a sua importância para o desenvolvimento sustentável e a saúde pública. Notavelmente, o Dr. Mário Bundo, Presidente da AGOA, brindou os presentes com uma apresentação sobre o planeamento familiar e crescimento populacional em Angola, destacando o papel crucial da contracepção pós-parto. “A contracepção imediatamente após o parto é uma oportunidade de ouro para prevenir gestações subsequentes”, enfatizou. A discussão prosseguiu, ressaltando-se unanimemente a importância dos métodos contraceptivos de longa duração, como o dispositivo intra-uterino (DIU) e os implantes, no espaçamento saudável e recomendado das gravidezes.

O Dr. Ketha Francisco, Chefe do Departamento de Cuidados Primários de Saúde na Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP), apresentou uma visão geral sobre o planeamento familiar em Angola, fornecendo insights valiosos sobre práticas actuais e estratégias futuras. Adicionalmente, a Dra. Márcia Umba, Técnica do Programa de Saúde da Mulher na DNSP, destacou a contribuição da plataforma Kassai no fortalecimento das competências e conhecimentos dos profissionais de saúde nas áreas da saúde sexual e reprodutiva e planeamento familiar (SSR/PF). Até Julho de 2024, 2.224 profissionais de saúde já obtiveram certificados de SSR/PF no Kassai, num total de 7.272 certificados emitidos nesta área de saúde. Actualmente, a plataforma conta com 22 cursos nas áreas da malária, SSR/PF, saúde materno-infantil, COVID-19, semiologia médica, nutrição e gestão de resíduos. Em fase de finalização estão os cursos de contracepção de longa duração, um sobre o DIU e outro sobre os implantes contraceptivos, que poderão brevemente contribuir para o reforço da qualidade nos serviços prestados nesta área de importância crucial. O diálogo entre ciência e fé foi representado pela intervenção do Reverendo Euclides dos Santos, do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), que destacou o papel da educação religiosa na mudança de percepções sobre o planeamento familiar. “Utilizamos a Bíblia para desconstruir vários tabus em torno do planeamento familiar, mostrando que não é um pecado, mas um processo onde os casais planeiam as suas vidas, decidem quantos filhos querem ter e criam todas as condições necessárias. O planeamento familiar ajuda na organização e planeamento e, mais importante, combate a pobreza no nosso país”, explicou o

Reverendo, evidenciando a importância de abordagens culturais sensíveis na promoção de práticas de saúde reprodutiva. O evento não só fortaleceu dos laços entre os profissionais de saúde, líderes religiosos e autoridades tradicionais, como também colocou em destaque a importância de uma abordagem holística para o planeamento familiar em Angola, promovendo um diálogo construtivo sobre como essas práticas podem auxiliar no combate à pobreza e na melhoria da qualidade de vida em todo o país.

A AGOA tem sido um parceiro-chave no projecto “Saúde para Todos”, financiado pela USAID, e esta conferência marca a primeira vez que foi realizada fora de Luanda. O evento sublinhou os benefícios multissectoriais do planeamento familiar e fortaleceu a colaboração entre profissionais de saúde, líderes religiosos e autoridades tradicionais na promoção da saúde reprodutiva e do desenvolvimento sustentável em Angola.

Reverendo Euclides dos Santos
Dr. Valentim Catolo
Dr. Ketha Francisco
Dra. Márcia Umba
Dr. Mário Bundo

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FETAL

A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) FETAL É UMA MODALIDADE AVANÇADA DE IMAGEM QUE UTILIZA CAMPOS MAGNÉTICOS INTENSOS E ONDAS DE RADIOFREQUÊNCIA PARA GERAR IMAGENS DETALHADAS DAS ESTRUTURAS FETAIS. A RM NÃO UTILIZA RADIAÇÃO IONIZANTE, TORNANDO-SE UMA OPÇÃO SEGURA PARA A AVALIAÇÃO PRÉ-NATAL. EMBORA TRADICIONALMENTE CONSIDERADA CONTRAINDICADA NO PRIMEIRO TRIMESTRE, DEVIDO A PREOCUPAÇÕES TEÓRICAS DE SEGURANÇA, ESTUDOS RECENTES SUGEREM QUE, SOB CERTAS CONDIÇÕES, A RM NESTE PERÍODO PODE SER SEGURA E ÚTIL.

Dr. Argenis Quintero Venero

Especialista em Ginecologia-Obstetrícia do Luanda Medical Center. Treino em Medicina Materno-Fetal, ultrassom genético e ecografia perinatal, ecocardiografia fetal, doppler fetal-materno, amniocintese e questões relativas a pacientes com alto risco perinatal

As imagens são geradas através de sequências especiais que incluem ponderação em T1, ponderação em T2, sequências ponderadas em difusão e sequências de tempo de voo (TOF). Cada tipo de sequência oferece informações únicas sobre a anatomia e fisiologia do feto. Por exemplo, as sequências ponderadas em T1 são úteis para a avaliação de tecidos moles e diferenciação de órgãos, enquanto as sequências ponderadas em T2 são ideais para a visualização de líquidos e detecção de anomalias que envolvem alterações no sinal do líquido cefalorraquidiano.

A resolução espacial da RM fetal melhorou significativamente com os avanços na tecnologia de imagem, permitindo a visualização de estruturas anatómicas com grande detalhe. Isso é crucial para a avaliação precisa de anomalias estruturais complexas, como malformações cerebrais e cardíacas.

Considerações de segurança e limitações

Apesar das suas vantagens diagnósticas, a RM fetal levanta considerações importantes de segurança. As principais preocupações incluem o aquecimento dos tecidos e os possíveis efeitos sobre o desenvolvimento fetal, especialmente no primeiro trimestre. No entanto, pesquisas recentes sugerem que, quando realizada sob directrizes rigorosas e com equipamentos adequadamente calibrados, a RM fetal pode ser segura durante toda a gravidez.

As limitações técnicas incluem a necessidade de movimentos mínimos do feto para obter imagens de alta qualidade, bem como a necessidade de experiência especializada na interpretação de imagens fetais. Além disso, o custo e a disponibilidade da RM fetal podem ser proibitivos nalguns ambientes.

Aplicações clínicas da Ressonância Magnética Fetal

• Sistema nervoso central

A RM fetal é particularmente valiosa na avaliação de anomalias do sistema nervoso central (SNC) fetal. Permite a detecção detalhada de malformações cerebrais, como holoprosencefalia, lise segmentar do tronco

cerebral e agenesia do corpo caloso. Além disso, é útil na avaliação de anomalias do tubo neural, como espinha bífida e anencefalia.

• Coração fetal

A avaliação cardíaca fetal por RM fornece informações detalhadas sobre a morfologia e função cardíaca. É especialmente benéfica na avaliação de defeitos cardíacos complexos, como tetralogia de Fallot, transposição dos grandes vasos e anomalias da conexão venosa pulmonar. A capacidade de visualizar em 3D e 4D permite uma melhor compreensão da relação espacial das estruturas cardíacas e vasculares.

• Tecidos moles e órgãos abdominais

A RM fetal também é utilizada para avaliar anomalias em órgãos abdominais, como rins, fígado, sistema gastrointestinal e trato urinário. Detecta malformações renais, como displasia renal, anomalias do trato gastrointestinal como atresia esofágica e gastrosquise, além de tumores abdominais como teratomas sacrococcígeos.

• Placenta e cordão umbilical

A RM fetal pode fornecer informações detalhadas sobre a localização, morfologia e perfusão da placenta, auxiliando na avaliação de condições como placenta prévia, placenta acreta e insuficiência placentária. Também pode detectar anomalias do cordão umbilical, como nós e torções, que podem afectar o fluxo sanguíneo e o desenvolvimento fetal.

A equipa clínica da Maternidade do Luanda Medical Center

Comparação com ultrassonografia

Embora a ultrassonografia continue a ser a ferramenta inicial para a avaliação pré-natal, devido à sua disponibilidade, acessibilidade e capacidade de fornecer imagens em tempo real, a RM fetal oferece benefícios complementares significativos em casos complexos.

A ultrassonografia é excelente para avaliação dinâmica e monitorização fetal contínua, enquanto a RM fornece informações detalhadas sobre morfologia e anatomia estrutural.

A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FETAL REPRESENTA UMA FERRAMENTA DIAGNÓSTICA AVANÇADA, COMPLEMENTAR À

ULTRASSONOGRAFIA E SEGURA PARA AVALIAÇÃO PRÉ-NATAL DE ANOMALIAS ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS COMPLEXAS. APESAR DOS DESAFIOS TÉCNICOS E ÉTICOS, A SUA CAPACIDADE DE FORNECER IMAGENS DETALHADAS E NÃO INVASIVAS É INESTIMÁVEL NO PLANEAMENTO DA GESTÃO PRÉNATAL E PÓS-NATAL

Preparação para a RM Fetal

Antes de entrar na sala de RM, a paciente deve preencher um formulário de rastreio de metais, para garantir que não tem dispositivos em ou dentro de si que não sejam seguros para a imagiologia. Será solicitado que retire todos os itens de metal e joias antes do exame.

A paciente não deve consumir cafeína ou alimentos açucarados quatro horas antes do procedimento de RM, pois estes produzem mais actividade no feto e tornarão mais difícil obter imagens sem movimento.

A bexiga deve estar vazia antes da RM, por razões de conforto. Pode ouvir música durante o exame.

Prefere-se que a grávida se deite de costas durante o procedimento de RM. Se não conseguir, será colocado um suporte sob os joelhos, para ajudar a aliviar a pressão na lombar. Deitar-se parcialmente de lado é uma opção alternativa.

Alguns pacientes sentem claustrofobia durante os procedimentos de RM. Para aliviar esta sensação, pode-se administrar oxigénio ou permitir a presença de um acompanhante na sala durante o procedimento.

O exame de RM geralmente dura entre 30 e 45 minutos. O técnico de RM falará com a paciente durante todo o procedimento, para garantir que está confortável e para fornecer instruções de respiração.

Após a realização da RM, todas as imagens são minuciosamente analisadas por um radiologista responsável. Esta informação é, então, reportada ao especialista em medicina materno-fetal.

Futuras direcções e avanços tecnológicos O campo da RM fetal continua a evoluir, com avanços em técnicas de imagem, como a ressonância magnética funcional fetal, que permite a avaliação da actividade cerebral fetal in vivo. Além disso, a integração da RM com técnicas de imagem molecular pode melhorar a detecção precoce de anomalias genéticas e metabólicas, fornecendo informações adicionais sobre o prognóstico fetal e opções de tratamento.

Em resumo, a ressonância magnética fetal representa uma ferramenta diagnóstica avançada, complementar à ultrassonografia e segura para avaliação pré-natal de anomalias estruturais e funcionais complexas. Apesar dos desafios técnicos e éticos, a sua capacidade de fornecer imagens detalhadas e não invasivas é inestimável no planeamento da gestão pré-natal e pós-natal. Com o contínuo avanço tecnológico e pesquisa neste campo, espera-se que a RM fetal continue a desempenhar um papel crucial na medicina fetal.

Para mais informações sobre o uso da ressonância magnética e imagiologia fetal, recomenda-se os seguintes três artigos:

• The Usefulness of Fetal MRI for Prenatal Diagnosis;

• Fetal MRI: A Developing Technique for the Developing Patient;

• Pregnant Patients and MR Procedures.

REFORÇA PRESENÇA EM ANGOLA COM INTEGRAÇÃO NO AUGMA GROUP

A AUSTRALPHARMA, UMA DAS PRINCIPAIS EMPRESAS DO SECTOR FARMACÊUTICO EM ANGOLA, ANUNCIOU A SUA INTEGRAÇÃO NO RECÉM-LANÇADO AUGMA GROUP, UMA NOVA MARCA CORPORATIVA QUE REÚNE AS SETE EMPRESAS DO UNIVERSO QUILABAN. ESTA NOVA FASE REPRESENTA UM IMPORTANTE PASSO PARA A AUSTRALPHARMA, QUE REFORÇA A SUA PRESENÇA NO MERCADO NACIONAL, PERTENCENDO A UM GRUPO COM ACTUAÇÃO GLOBAL.

Amarca Augma Group inclui as empresas Australpharma, Quilaban, Cordeiro Saúde, Tecnosaúde, MDS, Quilaban Pharma Trading e Nôlab.

Com sede em Portugal, o Augma Group é um grupo empresarial internacional com presença significativa em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Índia. O grupo está comprometido em desenvolver soluções inovadoras e parcerias estratégicas para promover a saúde global.

O Augma Group tem como objectivo atingir um volume de negócios consolidado superior a 90 milhões de euros, até 2027. Para alcançar essa meta ambiciosa, estão previstos investimentos de 12 milhões de euros, nos próximos três anos, além do reforço no quadro de trabalhadores altamente qualificados e a introdução de novas tecnologias.

Marco Correia, director geral da Australpharma, expressou entusiasmo com a integração. “Estamos orgulhosos de fazer parte do Augma Group. Esta mudança não só reforça a nossa capacidade de inovação e excelência, mas também fortalece o nosso compromisso com a saúde e o bem-estar da população angolana. Com esta nova identidade, poderemos expandir a nossa actuação, mantendo a essência e os valores que sempre nos distinguiram. Pertencer ao Augma Group representa uma oportunidade única para alavancarmos a nossa ‘expertise’ e recursos, oferecendo produtos e serviços ainda mais robustos aos nossos clientes. Estamos preparados para enfrentar novos desafios e continuar a crescer de forma sustentável”

A Australpharma reafirma o seu compromisso em fornecer produtos farmacêuticos de alta qualidade, equipamentos de diagnóstico de última geração e serviços de assistência técnica e consultoria. Com a nova identidade do Augma Group, a empresa está pronta para fortalecer sua posição no mercado angolano.

Marco Correia

ALEITAMENTO MATERNO: BENEFÍCIOS E DESAFIOS PARA MÃES E BEBÉS

AMAMENTAR É MUITO MAIS DO QUE NUTRIR UMA CRIANÇA. É UM PROCESSO QUE ENVOLVE UMA PROFUNDA INTERACÇÃO ENTRE A MÃE E O BEBÉ, COM REPERCUSSÕES POSITIVAS NO ESTADO NUTRICIONAL DA CRIANÇA, NA SUA HABILIDADE DE SE DEFENDER DE INFECÇÕES, NA SUA FISIOLOGIA E NO SEU DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E EMOCIONAL, ALÉM DE TER IMPLICAÇÕES NA SAÚDE FÍSICA E PSÍQUICA DA MÃE.

ESTÁ CIENTIFICAMENTE COMPROVADO

QUE CRIANÇAS QUE BENEFICIAM DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO TÊM MELHOR RESPOSTA À VACINAÇÃO E ADOECEM CERCA DE DUAS VEZES E MEIA MENOS DO QUE AS ALIMENTADAS PRECOCEMENTE COM OUTROS ALIMENTOS. MESMO QUANDO ADOECEM, RECUPERAM

MAIS RAPIDAMENTE

São recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que o aleitamento materno se inicie na sala de parto (idealmente, na primeira hora de vida), que seja exclusivo até ao sexto mês de vida e complementado até, pelo menos, aos 2 anos de idade.

A partir dos 6 meses, a criança deve beneficiar de outros alimentos, com a introdução segura, gradual e nutricionalmente adequada, mantendo o aleitamento materno, pois é a mais sábia estratégia natural de vínculo afectivo, protecção

Dra. Liliana Aragão Cassule

Médica Pediatra. Chefe do Departamento de Pediatria da Clínica Sagrada Esperança. Membro do Núcleo de Aleitamento Materno da Sociedade Angolana de Pediatria. Presidente do Colégio de Especialidade de Pediatria da Ordem dos Médicos de Angola

e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, económica e eficaz intervenção para a redução da morbimortalidade infantil.

Benefícios do aleitamento materno para o bebé

• Nutrição completa: O leite materno é um alimento natural e dinâmico, já que as suas características vão-se alterando em função da idade do bebé. Tem na sua composição todos os nutrientes necessários para o correcto crescimento e adequado desenvolvimento, além de estar sempre pronto. Não se deteriora e contém factores imunológicos. Possui a concentração adequada de água, hidratos de carbono, lípidos, proteínas e enzimas necessárias à sua digestão e adequada à idade/ necessidade da criança amamentada.

• Desenvolvimento imunológico: o leite materno é uma fonte natural de oligossacarídeos, conferindo desde cedo imunidade ao bebé, através do aparelho digestivo. Está cientificamente comprovado que crianças que beneficiam do aleitamento materno exclusivo têm melhor resposta à vacinação e adoecem cerca de duas vezes e meia menos do que as alimentadas precocemente com outros alimentos. Mesmo quando adoecem, recuperam mais rapidamente.

• Desenvolvimento cognitivo: contribui para um impacto positivo no Quociente de Inteligência (QI) e no desenvolvimento

neurológico. O aleitamento materno está associado a um correcto desenvolvimento do sistema nervoso central, das suas conexões axonais, dando origem a adultos mais inteligentes, atingindo maior grau de escolaridade. Apresentam um efeito positivo na inteligência, alcançando um QI superior aos 15 anos em 3.16 pontos para bebés a termo e em 5.18 para prematuros.

• Vínculo afectivo: um dos benefícios mais gratificantes é a promoção do vínculo afectivo entre a mãe e o bebé, proporcionando uma experiência maravilhosa durante todo o processo da amamentação. O acto de amamentar proporciona um ambiente rico em estímulos sensoriais: o contacto pele a pele, o olhar e a comunicação entre mãe e bebé, durante a amamentação, favorecem o desenvolvimento emocional e cognitivo.

• Prevenção de doenças: está descrita uma redução de 15% na incidência de Diabetes Mellitus tipo 2 para cada ano de lactação. Dessa forma, o aleitamento materno tem como vantagens reduzir o risco de Hipertensão Arterial (HTA), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), Hipercolesterolémia e Cancro.

Benefícios do aleitamento materno para a mãe

• Recuperação pós-parto: o aleitamento materno facilita a involução uterina mais precoce, ou seja, a mãe recupera mais rapidamente o seu peso, após o parto.

• Redução de risco de cancro: menor probabilidade de desenvolver cancro da mama, do colo do útero e ovário.

• Saúde mental: amamentar diminui o risco de depressão materna no pós-parto.

• Economia e praticidade: o leite materno constitui o método mais barato e seguro de alimentar os bebés. É fundamental que todas as seguintes condições sejam cumpridas: aleitamento materno praticado em regime livre, sem intervalos noturnos, sem suplementos de outro leite, nem complementado com qualquer outro tipo de alimento até aos 6 meses.

Desafios do aleitamento materno Físicos:

• Dor e desconforto: fissuras nos mamilos resultantes de uma má técnica da amamentação - “pega incorrecta” -, podendo evoluir para mastite.

• Produção de leite: baixa produção por estímulo reduzido ou atraso na descida do leite.

• Alimentação e hidratação: necessidade de uma dieta equilibrada por parte da mãe, para manter as condições nutricionais adequadas para manter o processo da amamentação sem intercorrências.

Emocionais e sociais:

• Pressão e expectativas: a pressão causada pela sociedade e as expectativas dos familiares sobre a amamentação podem actuar como factores indutores do desmame precoce, dependendo da segurança e informação que a mulher que esteja a amamentar possui.

O ACTO DE AMAMENTAR PROPORCIONA UM AMBIENTE RICO EM ESTÍMULOS SENSORIAIS: O CONTACTO PELE A PELE, O OLHAR E A COMUNICAÇÃO ENTRE MÃE E BEBÉ, DURANTE A AMAMENTAÇÃO, FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E COGNITIVO

• Equilíbrio com a vida profissional: desafios para mães que retornam ao trabalho, uma vez que a licença de maternidade, nalguns países, como o nosso, ainda é inferior a seis meses, tempo recomendado para a oferta do leite materno em exclusividade. O retorno ao trabalho poderá conferir um desafio para a mulher que amamenta, pelo que a informação sobre a possibilidade de ordenhar o seu leite e conservá-lo, para posteriormente ser ofertado ao bebé, mesmo na sua ausência, de preferência com o auxílio de um copo ou colher, evitando a tetina do biberão, para não causar a confusão dos bicos, deverá ser precocemente passada.

• Apoio familiar e social: importância do suporte de familiares, amigos e profissionais de saúde, formando uma rede de apoio para a mulher que amamenta.

Falsas contraindicações:

• Relacionadas à mãe:

Muitas são as situações especiais relacionadas à mãe, durante o processo de amamentação, que podem variar desde uma

nova gestação a doenças infecciosas (virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias) ou medicação prescrita, incluindo antibióticos, psicofármacos ou até mesmo antirretrovirais. Raras são as contraindicações absolutas para o aleitamento materno. Neste grupo, englobam-se as doenças neoplásicas e o respectivo tratamento dirigido (radioterapia, quimioterapia, etc.). Todas as outras situações enquadram-se nas contraindicações relativas, reservando-se alguma prudência na tomada de decisão, avaliando-se sempre o riscobenefício para o bebé, evitando que um profissional, de forma isolada, oriente a suspensão do aleitamento materno.

• Relacionadas ao bebé:

À semelhança da condição materna, os bebés também apresentam situações especiais (prematuridade, gemelaridade, malformações oro-faciais, doenças neurológicas e erros inatos do metabolismo) que deverão necessitar, por parte dos profissionais de saúde, de alguma atenção para a orientação mais acertada, uma vez conhecidos todos os benefícios do aleitamento materno.

Referência:

- Estudos científicos e artigos relevantes - Directrizes de organizações de saúde (OMS, UNICEF) - Livros e publicações especializadas em amamentação

Estratégias para Superar os Desafios Várias estratégias têm sido levadas a cabo para o sucesso da amamentação. A nível mundial, é comemorada, há anos, a Semana Mundial da Amamentação, toda a primeira semana do mês de Agosto, em mais de 150 países, com um lema diferente a cada ano, com a finalidade de consciencializar a população para esta causa que vale ouro, conferindo a este mês o título de Agosto Dourado. Para este ano de 2024, o lema é “Amamentação: Apoie em todas as situações”. Por isso, devem ser difundidas todas as medidas que visam a protecção e promoção da amamentação, como:

• Educação e informação: cursos de preparação para a amamentação, acesso a informações confiáveis, para aumentar a literacia das comunidades.

• Profissional: consultores de lactação, pediatras e enfermeiros especializados devem veicular as orientações actualizadas e mais acertadas para apoiar as situações especiais.

• Políticas públicas e direitos das mães: licença de maternidade, espaços de amamentação em locais públicos e no trabalho e subsídio de amamentação, respeitando a legislação de cada país.

Conclusão

Importa reafirmar a importância do aleitamento materno, que é um alimento completo e a escolha mais acertada para os menores de 6 meses, em exclusividade. Devemos reconhecer os desafios que podem ser enfrentados durante o processo da amamentação, que, para algumas mulheres, pode ser mais facilitado, ao contrário de outras. Cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo de aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe-bebé como da sua família, incentivando à busca de informação e à ajuda profissional, sempre que se justifique.

IMPORTÂNCIA DA CORRECTA EXTRACÇÃO, ARMAZENAMENTO E DESCONGELAÇÃO DO LEITE

MATERNO

O LEITE MATERNO É CONSIDERADO O ALIMENTO DE ELEIÇÃO NOS PRIMEIROS

SEIS MESES DE VIDA DE UM BEBÉ, SENDO RECOMENDADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) COMO

ALIMENTO EXCLUSIVO ATÉ ESTA IDADE E COMO ALIMENTO COMPLEMENTAR DOS 6

MESES AOS 2 ANOS, DEVIDO AOS SEUS

BENEFÍCIOS TANTO PARA O BEBÉ COMO PARA A MÃE.

Acomposição do leite materno vai variando ao longo do tempo, adaptando-se constantemente às necessidades do bebé e ao seu ritmo de crescimento. Produz-se inicialmente o colostro, seguindo-se o leite de transição e, posteriormente, o leite maduro.

Colostro

• É produzido em pequena quantidade até ao segundo a terceiro dias após o parto;

• Cor amarelada e/ou transparente;

• É pobre em gorduras e lactose;

• Muito rico em proteínas e anticorpos que vão proteger o bebé contra infecções;

• Tem efeito laxante e promove a maturação do intestino.

Leite de transição

• É produzido entre o terceiro e o quinto dias após o parto;

• Tem uma cor mais parecida com a do leite;

• Tem maior concentração de gorduras, vitaminas e lactose;

• Corresponde à “subida do leite”, que consiste na produção de leite pela mãe. As mamas ficam mais pesadas, duras e quentes, causando desconforto. A subida do leite ocorre porque ainda não foi criado, na mama, um equilíbrio entre a quantidade de

Dra. Margarida Carvalho Farmacêutica, licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

leite que produz e a que necessita produzir, pelo que compensa com excesso. Nos dias seguintes, o processo tende a normalizar e as mamas produzem a quantidade de leite de que o bebé necessita.

Leite maduro

• Surge a partir do 15.º dia;

• Durante a mamada, inicialmente, o leite é mais líquido e açucarado, rico em água e hidratos de carbono, e vai tornando-se cada vez mais espesso e rico em lípidos (gorduras).

Extracção do leite materno

Nalgumas situações, é necessário proceder à extracção do leite materno, como, por exemplo, numa fase precoce da vida, onde o recém-nascido prematuro não tem maturidade que lhe permita digerir aquele que é o seu alimento por excelência (o leite materno), quando a mãe precisa de se ausentar, viajar ou regressar ao trabalho, para aumentar a produção de leite ou para manter a lactação quando o bebé está hospitalizado e não pode mamar.

A necessidade de extrair e guardar este leite, por algum tempo, torna-se, assim, inevitável.

O leite materno é um alimento vivo e os seus constituintes alteram-se de diferentes maneiras, sob distintas condições. Vários factores interferem na estabilidade das propriedades do leite. São eles a higiene na manipulação, os métodos de conservação, o tipo de recipiente e de bomba utilizados na

colheita do leite e o aquecimento.

A extracção do leite impõe uma higiene rigorosa das mãos, mamas e roupas. A manipulação do leite feita em deficientes condições de higiene leva a um aumento da contaminação, diminuindo a capacidade imunológica do leite.

A extracção do leite materno pode ser feita manualmente, embora desta forma não seja possível extraí-lo na totalidade. Como o último leite extraído é o mais rico em gordura, perde-se uma parte importante de calorias e algumas vitaminas.

Parece ser mais eficaz a extracção feita com uma bomba eléctrica. Esta executa movimentos rítmicos capazes de simular a sucção, criando uma pressão negativa e conseguindo extrair até ao ponto de obter a parte do leite rica em gordura.

VÁRIOS FACTORES INTERFEREM NA ESTABILIDADE DAS PROPRIEDADES DO LEITE.

SÃO ELES A HIGIENE NA MANIPULAÇÃO, OS MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO, O TIPO DE RECIPIENTE E DE BOMBA UTILIZADOS NA COLHEITA DO LEITE E O AQUECIMENTO

Conservação do leite materno Saber conservar correctamente o leite materno extraído é essencial para maximizar as suas qualidades nutricionais e antiinfecciosas. O leite materno recém extraído é preferível ao refrigerado e o refrigerado é preferível ao congelado, porque tem as melhores propriedades para o combate às bactérias e um teor mais elevado de antioxidantes, vitaminas e gordura.

Apesar da forma mais simples de guardar o leite materno ser à temperatura ambiente, e se, por um lado, a ausência de alterações significativas de temperatura tende a preservar melhor a composição bioquímica do leite, por outro, também aumenta o risco de contaminação, uma vez que temperaturas próximas da temperatura ambiente tendem a favorecer o crescimento de bactérias e fungos. Por isso, o armazenamento à temperatura ambiente, normalmente, não é o mais indicado, a não ser que o leite seja consumido num intervalo de tempo curto. Devido à actividade dos seus factores antimicrobianos, o leite materno pode ser mantido à temperatura ambiente (<25ºC),

durante seis a oito horas, sem que haja um desenvolvimento anormal de bactérias.

Durante esse tempo, contudo, vão sendo degradadas algumas substâncias que auxiliam a digestão do leite.

A conservação do leite materno no frigorífico (4ºC) é referida como segura até três dias, uma vez que a maioria das bactérias é inactiva àquela temperatura, enquanto os factores antimicrobianos do leite mantêm-se activos.

Este método de conservação leva à perda de algumas células de defesa, sobretudo por aderirem às paredes dos recipientes. Também o teor de vitamina C vai diminuindo, ao longo do tempo de refrigeração.

O leite materno pode manter-se congelado a -20ºC até seis meses, apesar do perfil nutricional e imunológico alterar-se permanentemente durante o armazenamento. Alguns congeladores mantêm o leite, embora congelado, a uma temperatura superior a -20ºC. Se for o caso, o tempo de conservação não deve exceder as duas ou três semanas. Como a congelação separa a fase lipídica da fase aquosa do leite, as partículas de gordura aderem mais facilmente às paredes dos recipientes, o que leva a uma perda de gordura progressiva ao longo do tempo. Também algumas vitaminas e células de defesa vão diminuindo.

Recipientes para conservação do leite

• Para conservar o leite materno deve utilizarse sempre um recipiente esterilizado;

• Os recipientes adequados para guardar o leite materno são os de plástico ou vidro duro ou sacos específicos para armazenamento de leite materno;

• Os recipientes escolhidos devem garantir um fecho hermético, ou seja, uma ausência de contacto do leite com o meio externo;

• Os sacos de congelação são mais apropriados para curtos períodos de conservação (72 horas) e os frascos de vidro ou plástico com tampa para períodos mais alargados (>3 meses);

• Os sacos são de utilização única e os frascos de vidro ou de plástico são reutilizáveis após esterilização.

Cuidados na conservação do leite materno

• Sempre que possível, extrair o leite directamente para o recipiente onde se vai conservar, evitando contaminações e perdas;

• Conservar pequenas porções no frio, em diferentes recipientes, para arrefecerem todas separadamente, quando não se consegue encher um recipiente totalmente;

• Logo que se obtenha a quantidade pretendida, deve-se congelar o leite;

• Pode-se congelar o leite mesmo que tenha ficado 48 horas sempre no frigorífico;

O LEITE MATERNO PODE MANTERSE CONGELADO A -20ºC ATÉ SEIS MESES, APESAR DO PERFIL NUTRICIONAL E IMUNOLÓGICO

ALTERAR-SE PERMANENTEMENTE DURANTE O ARMAZENAMENTO. ALGUNS CONGELADORES MANTÊM O LEITE, EMBORA CONGELADO, A UMA TEMPERATURA SUPERIOR A -20ºC. SE FOR O CASO, O TEMPO DE CONSERVAÇÃO NÃO DEVE EXCEDER AS DUAS OU TRÊS SEMANAS

• Nunca juntar leite acabado de extrair a leite frio ou congelado;

• Não encher os frascos ou os sacos mais de três quartos da sua capacidade, pois o leite materno expande-se durante o congelamento;

• Identificar os recipientes com a quantidade, data e hora de extracção, no frasco ou saco, para poder controlar a sua validade;

• Consumir em primeiro lugar o leite materno guardado há mais tempo.

Descongelação do leite materno

Para descongelar o leite materno, deve-se preferir uma descongelação lenta. Por isso, o ideal é colocar o leite congelado no frigorífico (4ºC) e deixar descongelar por completo, o que geralmente leva cerca de 12 horas. O leite materno descongelado pode ser conservado no frigorífico durante 24 horas, não sendo aconselhado voltar a congelar o que se descongelou.

O leite materno pode ser ligeiramente aquecido sob água quente corrente, sendo desaconselhado o banho-maria (com água fervente) e o uso do micro-ondas, que leva à diminuição de propriedades imunológicas e nutricionais.

Uma vez aquecido à temperatura ambiente, deverá ser utilizado dentro de um período até duas horas, ou deitado fora. Após esse período, o leite materno deve ser descartado, para evitar o risco de contaminação desse alimento. O leite materno conservado tende a separar-se em camadas, com a gordura (nata amarelada) em cima e, por baixo, uma aguadilha, devendo ser agitado antes de consumir.

É de extrema importância seguir as orientações da correcta extracção, conservação e descongelação do leite materno, para garantir as suas propriedades, evitar contaminações e mantê-lo como um alimento de qualidade superior para os bebés.

AMAMENTAÇÃO: UMA DAS FORMAS

MAIS EFICAZES DE GARANTIR A SAÚDE E A SOBREVIVÊNCIA DA CRIANÇA

CONTRARIAMENTE ÀS RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), MENOS DE METADE DAS CRIANÇAS COM MENOS DE 6 MESES DE IDADE SÃO EXCLUSIVAMENTE AMAMENTADAS. DE ACORDO COM A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, TODOS OS LACTENTES E CRIANÇAS TÊM DIREITO A UMA BOA ALIMENTAÇÃO. CONTUDO, O NÚMERO ESTIMADO DE MORTES INFANTIS DEVIDO À DESNUTRIÇÃO É DE 2,7 MILHÕES, REPRESENTANDO 45% DE TODAS AS MORTES INFANTIS. SE TODAS AS CRIANÇAS COM IDADES COMPREENDIDAS ENTRE OS 0 E OS 23 MESES FOSSEM AMAMENTADAS DE FORMA IDEAL, MAIS DE 820 MIL CRIANÇAS COM MENOS DE 5 ANOS DE IDADE PODERIAM TER AS SUAS VIDAS SALVAS, TODOS OS ANOS.

Benefícios da amamentação

O aleitamento materno exclusivo, durante os primeiros 6 meses de vida, traz muitos benefícios, tanto para a criança quanto para a mãe. Estes incluem a protecção contra infecções gastrointestinais, que é observada não só em países em desenvolvimento, como também em países industrializados. Os bebés que não são amamentados têm 14 vezes mais probabilidades de morrer antes do primeiro aniversário do que aqueles que são exclusivamente amamentados. O leite materno também é uma importante fonte de energia e de nutrientes para crianças de 6 a 23 meses.

Aalimentação de lactentes e crianças pequenas é fundamental para melhorar a sobrevivência infantil e promover o crescimento e desenvolvimento saudáveis. Os primeiros dois anos de vida são especialmente importantes, uma vez que uma nutrição ideal, durante este período, reduz a morbilidade e a mortalidade, bem como o risco de doenças crónicas, e melhora o desenvolvimento global.

A OMS e a UNICEF recomendam o início imediato do aleitamento materno na primeira hora de vida, aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses e a introdução de alimentos complementares seguros e nutricionalmente adequados a partir desta idade, continuando a amamentação até aos 2 anos ou mais. No entanto, muitos lactentes e crianças não recebem a nutrição ideal. Por exemplo, em média, apenas 36% das crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 6 meses foi amamentado exclusivamente, durante o período de 2007 a 2014. As recomendações foram revistas para ter igualmente em conta as necessidades dos bebés cujas mães estão infectadas com o VIH. Os tratamentos antirretrovirais actuais permitem que estas crianças sejam amamentadas exclusivamente até aos 6 meses e continuem a ser amamentadas até, pelo menos, aos 12 meses, com um risco significativamente menor de transmissão do VIH.

A OMS E A UNICEF RECOMENDAM O INÍCIO IMEDIATO DO ALEITAMENTO MATERNO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA, ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO NOS PRIMEIROS 6 MESES E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES SEGUROS E NUTRICIONALMENTE ADEQUADOS A PARTIR DESTA IDADE, CONTINUANDO A AMAMENTAÇÃO ATÉ AOS 2 ANOS OU MAIS

Taxas de aleitamento materno aumentam em todo o mundo

As taxas globais de aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida aumentaram 10 pontos percentuais, na última década, e estão em 48% (2023), perto da meta da Assembleia Mundial da Saúde de 50%, até 2025. O progresso está a acontecer em diferentes regiões e vários países de África, Ásia, Europa e Oceânia documentaram grandes aumentos no aleitamento materno exclusivo, com aumentos de mais de 10 pontos percentuais em 22 países, desde 2017.

O Global Breastfeeding Scorecard examina as práticas actuais de amamentação em todo o mundo, considerando o momento da iniciação, exclusividade nos primeiros 6 meses de vida e continuação até aos 2 anos de idade. O Scorecard 2023 documenta o progresso e os desafios na melhoria da amamentação e destaca histórias de sucesso em vários países que reforçaram as suas políticas e programas de amamentação.

Dos 100 países que actualizaram os seus dados sobre aleitamento materno exclusivo desde que o Global Breastfeeding Scorecard foi publicado, pela primeira vez, em 2017, 70 documentaram um aumento. Destes, 22 países registaram um aumento de mais de 10 pontos percentuais. Não obstante, o Banco Mundial estima que é necessário um investimento de 4,70 dólares por cada recém-nascido para atingir a meta global da Assembleia Mundial da Saúde para o aleitamento materno exclusivo.

A

OMS ESTÁ EMPENHADA

EM APOIAR OS PAÍSES NA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO GLOBAL SOBRE NUTRIÇÃO MATERNA E INFANTIL, ADOPTADO PELOS ESTADOS-MEMBROS EM MAIO DE 2012. O PLANO TEM SEIS METAS, UMA DAS QUAIS É AUMENTAR A TAXA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO DURANTE OS PRIMEIROS 6 MESES DE VIDA PARA, PELO MENOS, 50% ATÉ

2025

Pode fornecer mais de metade das necessidades energéticas de uma criança entre os 6 e os 12 meses e um terço entre os 12 e os 24 meses. Crianças e adolescentes que foram amamentados têm menos probabilidade de ter excesso de peso ou ser obesos.

A maior duração da amamentação também contribui para a saúde e bem-estar das mães. Reduz o risco de cancro do ovário e da mama e ajuda a espaçar a gravidez, uma vez que o aleitamento materno exclusivo de crianças com menos de 6 meses de idade tem um efeito hormonal que, muitas vezes, induz a amenorreia.

A OMS está empenhada em apoiar os países na implementação e acompanhamento do Plano de Implementação Global sobre Nutrição Materna e Infantil, adoptado pelos Estadosmembros em Maio de 2012. O plano tem seis metas, uma das quais é aumentar a taxa de aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida para, pelo menos, 50%, até 2025.

Progressos

Na última década, a prevalência do aleitamento materno exclusivo aumentou 10 pontos percentuais, para 48%, em todo o mundo. Países tão diversos como a Costa do Marfim, as Filipinas, as Ilhas Marshall, a Somália e o Vietname conseguiram grandes aumentos nas taxas de aleitamento materno, demonstrando que é possível progredir quando a amamentação é promovida e apoiada. No entanto, para atingir a meta global de 70% até 2030, é necessário abordar os obstáculos que as mulheres e as famílias enfrentam para atingir as metas em matéria de amamentação.

A Semana Mundial do Aleitamento Materno é realizada na primeira semana de Agosto de cada ano, com o apoio da Organização Mundial da Saúde, da UNICEF e de muitos Ministérios da Saúde e parceiros da sociedade civil. O tema para 2024 é “Fechar a lacuna: Apoio à amamentação para todos”.

Todos os produtos indicados desde os primeiros dias de vida !

RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO DURANTE O ALEITAMENTO MATERNO

AMAMENTAR É SEMPRE UM DOS

MAIORES DESAFIOS DA GRANDE VIAGEM DA MATERNIDADE E TAMBÉM UM DOS MOMENTOS DE MAIOR APROXIMAÇÃO

ENTRE MÃE E FILHO. PORÉM, TAMBÉM SE ENFRENTAM DIVERSAS DIFICULDADES, ONDE MUITAS MÃES PASSAM POR BAIXA PRODUÇÃO DE LEITE, MASTITES, DIFICULDADE EM PEGAR O BEBÉ PARA

AMAMENTAR, ENTRE OUTROS FACTORES, O QUE FAZ COM QUE MUITAS PROCUREM FORMAS DE AS SANAR E ACABEM POR AUTOMEDICAREM-SE.

Dra. Drielle Parreira de Souza Farmacêutica Graduada. Especialista em Farmácia Hospitalar e Auditoria ISO 9001. Coordenadora de Farmácia Ambulatorial

Existem muitos estudos a relatar que o aleitamento materno está directamente associado a benefícios para o sistema imunológico da criança, como também é o mais completo alimento nutricional para os primeiros meses de vida. Por isso, é sempre fundamental orientar as mães para que o foco esteja sempre voltado para esse acto e evitar o desmame precoce. Estão presentes no leite materno inúmeros nutrientes necessários para que o bebé cresça saudável e nutrido, pelo que qualquer medicamento ou substância utilizados pela mãe estarão presentes no seu sangue e directamente no leite, que será o alimento do bebé, passando assim para criança.

A ingestão de medicamentos pode interferir no desenvolvimento saudável do bebé e também causar reacções adversas (náuseas, sonolência, distúrbios intestinais). Por isso, é aconselhável que, durante o período de amamentação, a mãe não ingira nenhum tipo de medicamento, a não ser que seja extremamente necessário e indispensável para a sua saúde.

São muitas as literaturas já disponíveis e estudos sobre o risco de exposição dos lactentes a algumas medicações. Mas a informação sobre a relação medicamento versus aleitamento não é levada, algumas vezes, em consideração, principalmente pela classe médica que, muitas vezes, prefere interromper a amamentação, ao invés de se esforçar por

compatibilizar a utilização dos medicamentos com o aleitamento, ou pelo simples desconhecimento.

A automedicação tem vindo a crescer cada vez mais e a tornar-se um fenómeno mais relevante na sociedade, motivada por vários factores desencadeantes, como o aumento da oferta de medicamentos, a disponibilidade e venda de medicamentos sem receita e a divulgação de produtos farmacêuticos pelos vários canais de informação. Factores como os valores das consultas médicas, o tempo de espera em sistemas públicos de saúde, as condições económicas e a influência de pessoas conhecidas também influenciam a automedicação. Alguns estudos mostram que cerca de 96% das mulheres que amamentam recebeu medicamentos no período pós-parto imediato. Outros estudos, um alemão e um australiano, estabelecem esta percentagem entre 50% e 66%, respectivamente. As principais causas para a toma de medicamentos na lactação são a depressão pós-parto (17%) e a mastite (14%). As mães também experimentam infecções do trato urinário, infecções respiratórias, dor musculoesquelética e problemas dentários. Atopia (3%), diminuição da secreção de leite (3%) e desejo de contracepção (4%) são outras razões para consumir e prescrever medicamentos (ROCCI; FERNANDES, 2014).

O período de amamentação é de extrema importância para a mãe e para o bebé, tanto na parte afectiva, na criação do vínculo entre mãe e filho, como na parte nutricional. Além disso, os benefícios do aleitamento podem ser sentidos até mesmo na vida adulta, com um adulto saudável desde a sua infância e com menores riscos de doenças crónicas, como a diabetes.

MÃES QUE AMAMENTAM NÃO DEVEM FAZER USO DE MEDICAMENTOS, MESMO QUE SEJAM NATURAIS, OU DE QUALQUER OUTRA SUBSTÂNCIA, SEM CONSULTAR UM PROFISSIONAL DEVIDAMENTE HABILITADO

PARA A REALIZAÇÃO DAS DEVIDAS ORIENTAÇÕES

Nessa linha, a automedicação é uma prática ainda realizada em todo o mundo e que deve ser combatida, devido aos diversos efeitos adversos do uso de medicamento e de substâncias sem prescrição médica e orientação, principalmente farmacêutica. Esta prática torna-se mais perigosa quando ocorre em mulheres em fase de amamentação, uma vez que a automedicação pode afectar directamente a saúde da criança que se alimenta do leite materno. Nesse sentido, estudar os efeitos da automedicação sobre mulheres e bebés é de extrema importância e problemas como a excreção do fármaco através do leite e alteração das propriedades do leite materno são citados, mostrando a necessidade dessa prática ser sempre acompanhada por um profissional responsável, que zele pelo respeito e, principalmente, pela saúde da mãe e do bebé.

Mães que amamentam não devem fazer uso de medicamentos, mesmo que sejam naturais, ou de qualquer outra substância, sem consultar um profissional devidamente habilitado para a realização das devidas orientações.

Referência: ROCCI, Eliana; FERNANDES, Rosa Aurea Quintella. Dificuldades no aleitamento materno e influência no desmame precoce. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 67, n. 1, p. 22-27, 2014

“SE PARA ALGUMAS PESSOAS O LEITE MATERNO É APENAS LEITE, PARA OS BEBÉS É VIDA”

O BANCO DE LEITE HUMANO DE ANGOLA PRESTA ACTUALMENTE AUXÍLIO A CERCA DE 60 BEBÉS INTERNADOS NA UTI NEONATAL DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM. SÃO BEBÉS PREMATUROS OU DE BAIXO, PESDO PARA QUEM AS DOAÇÕES FEITAS AO BANCO DE LEITE HUMANO SÃO FUNDAMENTAIS. A DRA.

ELISA GASPAR, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS MÉDICOS DE ANGOLA E COORDENADORA DO BANCO DE LEITE HUMANO DE ANGOLA, EXPLICA O FUNCIONAMENTO, DESAFIOS E PERSPETIVAS FUTURAS DESTE CENTRO ESPECIALIZADO, CUJA MISSÃO É TER LEITE HUMANO PASTEURIZADO COM QUALIDADE E EM QUANTIDADE SUFICIENTE PARA OS BEBÉS QUE DELE NECESSITEM.

Dra. Elisa Gaspar, Bastonária da Ordem dos Médicos de Angola e Coordenadora do Banco de Leite Humano

O que é o Banco de Leite Humano de Angola?

Qual é a sua principal missão?

O Banco de Leite Humano é um centro especializado de recolha, processamento, controlo de qualidade e distribuição de leite humano para o público-alvo. A nossa missão é poder ter leite humano pasteurizado com qualidade e em quantidade suficiente para os bebés que dele necessitam.

Que profissionais de saúde fazem parte da equipa do Banco de Leite Humano?

A equipa do Banco de Leite Humano é multidisciplinar e formada por médica coordenadora, enfermeira chefe, biomédica, outras enfermeiras, psicóloga, nutricionista, fonoaudióloga, vigilante, motorista e voluntárias.

Em média, qual é a capacidade de recolha de litros de leite?

A capacidade de recolha de litros de leite depende muito do número de doadoras. Até ao momento, o Banco de Leite Humano tem tido quantidade suficiente para atender os recém-nascidos internados na UTI Neonatal da Maternidade Lucrécia Paim, que é, por enquanto, o nosso foco.

Quantos bebés, em média, são beneficiados com esta doação? Qual é o critério de prioridade na selecção desses bebés?

São beneficiados cerca de 60 a 66 bebés com esta doação. Atendemos os bebés prematuros, prematuros com baixo peso e a termo com baixo peso.

Dada a sua experiência na área, quais são os benefícios do leite materno que destaca como fundamentais para o desenvolvimento saudável destes bebés?

O leite materno é o alimento padrão ouro para a alimentação infantil. Ao vermos uma mãe a amamentar o seu filho com um belo sorriso no rosto, esbanjando beleza e tranquilidade na sua bela poltrona, temos a impressão de que o aleitamento materno é algo simples e totalmente natural. Mas nem sempre é assim. É por conta, principalmente, das dificuldades geradas por esse momento que há a necessidade de se incentivar a este acto de amor e os benefícios da amamentação para a mãe e bebé, sendo essa uma escolha que tem reflexos positivos até na vida adulta, ao reduzir o risco de se desenvolver diversas doenças.

É com a amamentação que a mãe começa o processo de passar o melhor de si para o bebé, do carinho à nutrição, num acto de total doação. O leite materno é o alimento essencial de todas as espécies de mamíferos, sendo extremamente completo, sem necessidade de complementação, composto por proteínas, minerais, gorduras e imunoglobinas de suma importância para o sistema imunológico desta nova vida. Além disso, o contacto pele a pele entre mãe e bebé fortalece o vínculo entre ambos, trazendo tranquilidade para os dois nesta nova relação que acaba de surgir e criando crianças mais seguras e preparadas para enfrentar o futuro, tanto psicológica como nutricionalmente.

Dra. Ana Paula do Sacramento Neto, Ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher
Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, Secretário de Estado para a Saúde Pública

Sendo o único Banco de Leite Humano do país, como cooperam com o apoio às restantes instituições?

Como somos o único Banco de Leite Humano em Angola, estamos a criar condições de abertura de salas de ordenha e recolha de leite humano nas diferentes maternidades para o Banco de Leite Humano processar, fazer o controlo de qualidade e devolver à referida unidade para oferta ao público-alvo.

Qual a importância do incentivo à doação do leite materno?

A doação de leite materno é fundamental para ampliar as possibilidades de recuperação de bebés prematuros e/ou de baixo peso que estão internados em UTIs neonatais, além de proporcionar um desenvolvimento mais saudável para toda a vida.

Que critérios tem a doadora de reunir para estar apta para a doação de leite materno?

Toda a mulher saudável que está a amamentar é uma possível doadora de leite humano. Para doar, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação.

Na extracção manual, a mãe comprime o peito com a mão em direcção ao mamilo e provoca a saída do leite. Na extracção com bombas de leite, manuais ou eléctricas, remove-se o leite por sucção, simulando a amamentação pelo bebé.

Que cuidados devem ser tomados na extracção e conservação do leite materno?

O leite deve estar em torno de 40ºC, levemente acima da temperatura corporal humana. Quando descongelado, deve-se retirar apenas a quantidade que será consumida pelo bebé. O restante deve ser conservado no frigorífico até 12 horas. Após este período, o leite que estiver refrigerado deve ser descartado.

Como se garante que o leite doado é seguro para os bebés?

Conseguimos garantir que o leite doado é seguro para os bebés pelo processamento e controlo de qualidade do leite humano pasteurizado.

“TODA A MULHER SAUDÁVEL QUE ESTÁ A AMAMENTAR É UMA POSSÍVEL DOADORA DE LEITE HUMANO. PARA DOAR,

BASTA SER SAUDÁVEL E NÃO TOMAR NENHUM

MEDICAMENTO QUE INTERFIRA NA AMAMENTAÇÃO”

Quais são os principais desafios enfrentados pelo Banco de Leite Humano?

Os principais desafios que o Banco de Leite Humano enfrenta são a falta de orçamento e de recursos humanos, assim como a sua expansão para outras unidades em Luanda e noutras províncias.

Quais as perspectivas futuras para o Banco de Leite Humano? Na sua opinião, que necessidades ainda se encontram em falta?

As perspectivas futuras para o Banco de Leite Humano passam pela sua expansão, como uma política de saúde pública de redução da mortalidade infantil, em todo país, formação e enquadramento de técnicos.

Que mensagem gostaria de deixar, alusiva à Semana Mundial da Amamentação, considerando o actual contexto no país?

Amamentar é bom não só para a saúde do bebé, mas também para a da mulher, pois o sangramento pós-parto diminui, assim como as possibilidades de desenvolver anemia, cancro de mama e de ovário, diabetes e infarto do coração. A amamentação também ajuda a mulher a perder mais rápido o peso que ganhou durante a gravidez.

Se para algumas pessoas o leite materno é apenas leite, para os bebés é vida.

Abertura da Semana Mundial da Amamentação

No passado dia 1 de Agosto, decorreu na Baía de Luanda uma actividade em alusão à Semana Mundial da Amamentação, que contou com a presença de mais de mil mulheres a amamentarem os seus bebés.

O acto central da abertura da Semana Mundial da Amamentação foi feito por sua Excelência a Ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ana Paula do Sacramento Neto. Foram abordados temas como a importância do aleitamento materno exclusivo, as suas vantagens para as mães e para os bebés e o papel do Banco de Leite Humano no auxílio a bebés prematuros e com baixo peso ao nascer, contribuindo para fomentar o conhecimento e incentivar a esta prática tão importante nos primeiros meses de vida dos bebés.

AUMENTO DA DIFERENÇA ENTRE O DIA E A NOITE A VIDA NA TERRA

Num novo estudo, publicado na Nature Communications, uma equipa internacional reinvestigou o fenómeno do aquecimento assimétrico e descobriu que o padrão inverteu-se. Entre 1961 e 2020, o aquecimento global diurno acelerou, enquanto a taxa de aquecimento da temperatura noturna ficou relativamente constante. Esta tendência invertida no aquecimento assimétrico levou a um aumento da diferença de temperatura entre o dia e a noite.

INVESTIGADORES DA UNIVERSIDADE DE TECNOLOGIA DE CHALMERS, NA SUÉCIA, DESCOBRIRAM UMA MUDANÇA NO QUE OS CIENTISTAS SABIAM SOBRE A DINÂMICA DO AQUECIMENTO GLOBAL. DESDE A DÉCADA DE 1950, ERA AMPLAMENTE ACEITE QUE OS AUMENTOS DA TEMPERATURA GLOBAL NÃO ERAM CONSISTENTES AO LONGO DO DIA E DA NOITE, OBSERVANDO-SE UM MAIOR AQUECIMENTO NOTURNO. NO ENTANTO, O ESTUDO RECENTE REVELA UMA MUDANÇA NESTA DINÂMICA, COM UM MAIOR AQUECIMENTO DIURNO A OCORRER DESDE A DÉCADA DE 1990. ESTA MUDANÇA SIGNIFICA QUE A DIFERENÇA DE TEMPERATURA ENTRE O DIA E A NOITE ESTÁ A AUMENTAR, AFECTANDO POTENCIALMENTE TODA A VIDA NA TERRA.

Oaumento da temperatura média global da superfície é uma das principais características das alterações climáticas induzidas pelo homem. No entanto, o aumento da temperatura não é uniforme ao longo do dia e da noite e as temperaturas noturnas aumentaram a um ritmo mais rápido do que as diurnas, na segunda metade do século XX. Este padrão de aquecimento, com variações entre o dia e a noite, é denominado de “aquecimento assimétrico” e pode dever-se tanto às actividades humanas como aos fenómenos naturais.

“Inicialmente, procurávamos confirmar o fenómeno, anteriormente observado, de que o aquecimento noturno superava o diurno. Para nossa surpresa, não apenas a tendência de aquecimento assimétrico cessou, como as nossas análises indicam uma reversão completa desse padrão nas últimas três décadas”, diz Ziqian Zhong, investigador de pós-doutoramento em Chalmers.

Clareamento global: causa potencial Uma explicação provável para essa mudança é um fenómeno chamado de “clareamento global”, que tem sido observado desde o final da década de 1980.

DE TEMPERATURA

PODE AFECTAR TODA

“É o resultado de uma menor cobertura de nuvens, o que faz com que mais luz solar atinja a superfície da Terra, levando a temperaturas diurnas mais altas e, como resultado, a uma diferença mais ampla entre as temperaturas diurnas e as noturnas nas últimas décadas”, indica Ziqian Zhong.

Existe actualmente uma incerteza significativa quanto às razões subjacentes às alterações na cobertura de nuvens. O clareamento global pode ser atribuído a uma interacção complexa entre atmosferas sem nuvens e nubladas, bem como ao efeito de pequenas partículas na atmosfera, conhecidas como aerossóis. Estes aerossóis podem ser derivados de processos naturais, como a pulverização do mar e incêndios florestais, mas também de actividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, e podem ter um efeito profundo em muitos aspectos do ambiente. Além dos efeitos do clareamento global, os investigadores sugerem outra razão para o aquecimento assimétrico invertido. O aumento de eventos regionais de seca e de ondas de calor sugere um potencial enfraquecimento do efeito de resfriamento devido à evaporação na superfície da Terra, o que, normalmente, resultaria num aumento mais rápido nas temperaturas diurnas. Os investigadores descobriram que a maioria do

planeta, 81% da área total, experimentou um maior aquecimento noturno de 1961 a 1990. No entanto, no período subsequente ,de 1991 a 2020, ocorreu uma mudança, com 70% da área terrestre observada a experimentar um maior aquecimento diurno.

A MAIOR DIFERENÇA DE TEMPERATURA ENTRE O DIA E A NOITE PODE POTENCIALMENTE AFECTAR O RENDIMENTO DAS CULTURAS, O CRESCIMENTO DAS PLANTAS, O BEMESTAR ANIMAL E A SAÚDE HUMANA. POR EXEMPLO, É RECONHECIDO COMO UM DOS FACTORES DE STRESSE AMBIENTAL QUE PODEM LEVAR A UMA FREQUÊNCIA CARDÍACA E TENSÃO ARTERIAL ELEVADAS, AUMENTANDO CONSEQUENTEMENTE A CARGA DE TRABALHO CARDÍACO E A MORTALIDADE E MORBILIDADE DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS.

Afecta toda a vida na Terra A maior diferença de temperatura entre o dia e a noite pode potencialmente afectar o rendimento das culturas, o crescimento das plantas, o bemestar animal e a saúde humana. Por exemplo, é reconhecido como um dos factores de stresse ambiental que podem levar a uma frequência cardíaca e tensão arterial elevadas, aumentando consequentemente a carga de trabalho cardíaco e a mortalidade e morbilidade das doenças cardiovasculares e respiratórias.

“Isso indica a necessidade de ajustar estratégias em diferentes áreas afectadas pelas variações de temperatura entre o dia e a noite, como agricultura, saúde pública e gestão florestal, para enfrentar os desafios colocados por essas mudanças climáticas”, adverte Ziqian Zhong.

Certas espécies arbóreas em zonas húmidas podem aumentar a sua capacidade de sequestro de carbono, devido ao aumento da diferença de temperatura entre o dia e a noite. No entanto, esta pode ser desvantajosa para as árvores em regiões secas, uma vez que temperaturas diurnas mais altas podem aumentar a evaporação, levando à deficiência de água no solo e condições desfavoráveis para o crescimento das árvores.

SAÚDE DIGITAL: APPS E DISPOSITIVOS

WEARABLES NA MONITORIZAÇÃO DA SAÚDE

NO MUNDO MODERNO, A TECNOLOGIA TEM SIDO UM CATALISADOR DE MUDANÇAS EM QUASE TODAS AS INDÚSTRIAS E A SAÚDE NÃO É, NATURALMENTE, EXCEPÇÃO. ENTRE AS INOVAÇÕES MAIS IMPACTANTES NA EXPERIÊNCIA DAS PESSOAS COM A NOVA FORMA COMO OLHAMOS PARA A SAÚDE ESTÃO OS APLICATIVOS DE SAÚDE E OS DISPOSITIVOS WEARABLES, QUE ESTÃO A TRANSFORMAR A FORMA COMO MONITORIZAMOS E GERIMOS A NOSSA SAÚDE.

Os dispositivos wearables, como os smartwatches ou os fitness trackers, tornaramse comuns na vida diária. Estes dispositivos são equipados com sensores avançados, capazes de monitorizar uma variedade de métricas de saúde em tempo real, incluindo frequência cardíaca, níveis de oxigénio no sangue, actividade física, sono e, até mesmo, sinais precoces de arritmias cardíacas.

Ora, isto traz uma imensidão de novidade naquilo que é a visão da saúde na perspectiva mais moderna, em que passamos da perspectiva da doença para a da prevenção e, aqui, a alimentação, a saúde mental, o exercício físico e até o sono ganharam peso e posição na saúde dos dias de hoje.

Uma das maiores vantagens dos dispositivos wearables é a capacidade de proporcionar uma monitorização contínua. Diferente das visitas esporádicas ao médico, estes dispositivos permitem uma vigilância constante e isto facilita a detecção precoce de potenciais problemas de saúde.

Outra coisa que traz novidade na prevenção e na detecção de situações de urgência é que estes dispositivos podem integrar-se com apps de saúde que, por sua vez, também estão integradas nos sistemas de saúde dos hospitais e isto permite uma articulação dos dados de saúde das pessoas, de forma a criarem recomendações personalizadas e que, obviamente, melhoram a gestão das doenças crónicas e a prevenção de potenciais doenças, porque, muitas vezes, algumas condições de saúde podem ser encontradas precocemente, quando ainda é possível reverter casos.

As apps de saúde, por sua vez, são plataformas que podem ser instaladas nos nossos smartphones ou em tablets e estas ferramentas desempenham também um papel fundamental na gestão de saúde individual.

As apps de saúde representam uma escalada muito significativa na área da saúde, transformando a forma como cuidamos de nós mesmos. Além de facilitarem o acesso a informações e serviços de

saúde, estas ferramentas possibilitam a criação de um histórico de saúde completo e acessível em qualquer momento e em qualquer lugar. A integração de dados entre diferentes sistemas de saúde abre portas para novas possibilidades de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, moldando o futuro da medicina e a forma como vemos a nossa saúde.

A pandemia de Covid-19 escalou a necessidade dos serviços de saúde saírem dos locais geográficos, para alargarem a uma abordagem online. Perante a necessidade de continuar a tratar da saúde, as pessoas viram-se confrontadas com o valor da telemedicina. Os aplicativos de saúde permitem, com relativa facilidade, o acesso aos médicos através de consultas virtuais, reduzindo a necessidade de deslocamento e exposição a ambientes potencialmente contagiosos. Isto abriu as portas para o novo mundo da saúde, em que o hospital ou o centro de saúde deixaram de ser unicamente acessíveis num espaço geolocalizado, para estar dentro dos nossos smartphones ou tablets.

À medida que a tecnologia continua a evoluir, o potencial dos dispositivos wearables e apps de saúde só têm tendência a crescer. Com os

UMA DAS MAIORES VANTAGENS DOS DISPOSITIVOS WEARABLES É A CAPACIDADE DE PROPORCIONAR UMA MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA. DIFERENTE DAS VISITAS ESPORÁDICAS AO MÉDICO, ESTES DISPOSITIVOS PERMITEM UMA VIGILÂNCIA CONSTANTE E ISTO FACILITA A DETECÇÃO PRECOCE DE POTENCIAIS PROBLEMAS DE SAÚDE

avanços em inteligência artificial e machine learning, poderemos ver uma personalização cada vez maior dos cuidados de saúde e os dados colectados serão, num futuro cada vez mais próximo, utilizados para prever e prevenir doenças antes mesmo que os sintomas apareçam. Isto representa uma total inovação na forma como olhamos para a saúde actualmente e, daqui a 50 anos, provavelmente, as pessoas irão viver mais de 100 anos.

No entanto, é crucial que as questões de privacidade e segurança dos dados sejam abordadas. A confidencialidade das informações dos doentes é um tema quente e urgente nas autoridades de saúde e nas organizações internacionais, para garantir a protecção dos dados contra acessos não autorizados.

A saúde digital está, efectivamente, a revolucionar a monitorização e a gestão da saúde individual e das organizações. Estas ferramentas não só oferecem uma monitorização contínua e personalizada, como também promovem um maior envolvimento dos doentes com a sua própria saúde.

PAPEL DAS TECNOLOGIAS AVANÇADAS NA SAÚDE OCULAR: INOVAÇÕES E BENEFÍCIOS

O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A INOVAÇÃO AUMENTARAM RECENTEMENTE NO DOMÍNIO DA MEDICINA, COMO INDÚSTRIA. ESTA EXPANSÃO, POR VEZES, PERTURBOU AS ACTUAIS TECNOLOGIAS E OS CUSTOS RELACIONADOS NA PRÁTICA DA MEDICINA. A OFTALMOLOGIA PRÁTICA FOI PARTICULARMENTE AFECTADA POR ESTE AUMENTO TECNOLÓGICO, EM VÁRIOS CAMINHOS. ESTE CAPÍTULO DISCUTE COMO A TECNOLOGIA PERMITIU A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS IMEDIATOS E OPORTUNOS, À PORTA DE CASA, ENQUANTO ALCANÇOU CUSTOS RELATIVAMENTE BAIXOS.

Dr. Djalme Fonseca Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

As três áreas da tecnologia necessárias para tornar abrangente o sistema de cuidados acessíveis a todos são:

1. Tecnologia para melhorar o acesso a sistemas oftalmológicos para rastreio remoto e diagnóstico;

2. Tecnologia para melhorar a prestação de cuidados oftalmológicos remotos (entrega em tempo real de tratamento);

3. Tecnologia para desenvolvera capacidade de monitorização para cuidados oftalmológicos globais.

Tecnologia para melhorar o acesso a sistemas oftalmológicos para triagem e diagnóstico remoto

O espectro contínuo de doenças não transmissíveis, como a diabetes, doenças relacionadas com a idade, degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) e outros factores (idade, estilo de vida e nutrição, distúrbios relacionados que afectam a população global), impulsionaram a tecnologia que permite detectar doenças precocemente, usando recursos remotos e locais. Neste cenário, a actual tecnologia pode melhorar a

Em todas as áreas, devido a diferentes perspectivas, o desenvolvimento tecnológico evolui continuamente. Muito partiu de plataformas tecnológicas relativamente simples, adequadas para a triagem em sistemas mais complexos e capazes de diagnóstico e intervenção em parâmetros de tratamento.

Embora exista uma série de tecnologias relacionadas aos cuidados da visão, existem plataformas novas e que estão em constante melhoria. Várias das tecnologias que, entretanto, surgiram esforçam-se por melhorar o acesso global de alta qualidade e a capacidade de cuidados oftalmológicos.

detecção precoce de patologias no local. Isto é útil na redução da carga clínica e pode ajudar a reduzir a quantidade de pacientes convocados de volta às clínicas, com base na suspeita diagnóstica.

Os argumentos acima, combinados com sensores e fontes de luz eficientes, ecrãs de smartphones e tablets e chips de poder computacional aprimorados, direccionaram os esforços para melhorar e construir dispositivos de diagnóstico portáteis. Este desenvolvimento tecnológico ajudou de várias maneiras: ao poupar recursos valiosos que um paciente gasta na obtenção do tratamento médico necessário e na alocação de recursos locais

para prestadores de cuidados médicos. Isto continua a ser importante para os países em desenvolvimento e dentro de sistemas com recursos limitados.

A portabilidade do dispositivo também abriu outra área de desenvolvimento e oportunidade, como o uso no domínio da população de ferramentas de triagem em ambientes externos de saúde pública.

Muitas complexidades envolvidas em grandes programas e estudos de triagem populacional foram efectivamente reduzidas, como resultado da disponibilidade desses dispositivos. Esses dispositivos de triagem também são capazes de ajudar a fornecer aconselhamento eficaz para pessoas “em risco”.

Um desenvolvimento significativo também ocorreu em dispositivos de fotografia de fundo de olho de alta qualidade e capacidade, especialmente dispositivos não midriáticos. Outras áreas específicas incluem a classificação da catarata, a avaliação do filme lacrimal e imagens do segmento anterior.

Paralelamente, o desenvolvimento de dispositivos com boa especificidade e sensibilidade permitiu a triagem, embora estes não possam ser usados para diagnóstico, mas aproveitados no segmento de baixo custo para pacientes em massa. Para permitir maior capacidade, foi incorporada a multifuncionalidade, que adicionou a capacidade de atendimento médico acessível, como a fusão de imagens do segmento posterior, a classificação de catarata e medições de acuidade visual.

OS AVANÇOS NA TECNOLOGIA

TAMBÉM ESTÃO A IMPACTAR A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E A MELHORAR O TREINAMENTO DE HABILIDADES CIRÚRGICAS. O REALISMO

APRIMORADO EM MATERIAIS

NÃO BIOLÓGICOS E MODELOS COMO O SISTEMA DE SIMULAÇÃO OCULAR CIRÚRGICA (REINO UNIDO) REDUZIRAM O CUSTO DE ALTERNATIVAS AO TRADICIONAL LABORATÓRIO HÚMIDO DE OLHOS DE ANIMAIS

Um desafio constante para o desenvolvimento de dispositivos de diagnóstico e de rastreio tem sido criar uma entidade autónoma viável, capaz de detectar, armazenar e partilhar informações numa variedade de condições ambientais, incluindo variações climáticas e flutuações na rede eléctrica. Outro desafio tem sido proporcionar esterilidade, segurança e facilidade de uso para que pessoas não treinadas e semi treinadas possam utilizar dispositivos em ambientes não clínicos. Esses objectivos são os critérios para adicionar valor em dispositivos portáteis de triagem/diagnóstico para oftalmologia global.

Tecnologia para desenvolver capacidade de entrega de cuidados oftalmológicos de alta qualidade

Além do desenvolvimento de infraestruturas de diagnóstico de doenças, continua a ser importante o “on-the-go”, gerir, analisar e partilhar informações críticas de saúde. À medida que a base de pacientes aumenta continuamente, o número de relatórios exigidos aos médicos também cresce exponencialmente. Para ajudar os médicos a oferecerem serviços de alta qualidade a um maior número de pacientes, a baixo custo, actualmente, estão a ser utilizadas diversas tecnologias. Esses desenvolvimentos tecnológicos estão focados em diversas áreas: organizar, comunicar e actualizar dados, bem como analisar dados.

Num esforço para melhorar a organização, comunicação e armazenamento dos serviços de Internet, existem chips de memória seguros e nuvens com sistemas de gestão de bases de dados e sistemas de registos médicos electrónicos. Milhões de registos estão agora disponíveis online e podem ser acedidos por utilizadores autorizados em locais remotos. Esses bancos de dados podem armazenar grandes massas de informações de saúde, como o histórico do paciente, resultados de exames, relatórios operatórios e dados demográficos, com segurança e acessíveis a qualquer momento. Para permitir que o médico permaneça eficiente, bem como reduzir a habilidade subjacente a definir requisitos para análise de registos electrónicos de pacientes, estão disponíveis ferramentas automatizadas para análise de dados, segmentação de indicadores de doenças e sistemas automatizados de apoio à decisão. Essas tecnologias são amplamente utilizadas na análise de imagens de fundo de olho

HÁ UMA

AMPLA ACEITAÇÃO

DOS SISTEMAS DE TREINAMENTO EM RV, COMO O FUTURO DO TREINAMENTO, DEVIDO AO SEU POTENCIAL PARA MELHORAR AS TRAJECTÓRIAS DE TREINAMENTO E OS RESULTADOS CIRÚRGICOS DOS ESTAGIÁRIOS

para a detecção da retinopatia diabética, bem como de outros distúrbios da retina, a classificação de catarata, morbidades visuais e medidas de visão funcional. Detectam doenças e também podem disparar um alarme para que o médico veja características diagnósticas específicas. Imagens de análise e segmentação também estão a ajudar os médicos a realizar exames oftalmológicos eficientes e de alta qualidade.

Os avanços na tecnologia também estão a impactar a qualidade da prestação de serviços e a melhorar o treinamento de habilidades cirúrgicas. O realismo aprimorado em materiais não biológicos e modelos como o sistema de simulação ocular cirúrgica (Reino Unido) reduziram o custo de alternativas ao tradicional laboratório húmido de olhos de animais. Combinando com a utilização de avanços na metodologia de treinamento de habilidades, esses modelos melhoraram a eficácia do treinamento cognitivo e psicomotor précirúrgico.

O mundo da formação baseado em realidade virtual (VR) está a explodir no campo da oftalmologia global e, como resultado, aumenta o acesso dos médicos a serviços de formação de classe mundial. O padrão ouro para o treinamento em VR inclui a aparência e a sensação de viver

experiências cirúrgicas para uma solução completa de treinamento. A imersão total em ambiente virtual de treinamento cirúrgico é uma meta adequada, dada a demanda por redução da dependência dos olhos dos animais e a prioridade de maior segurança e eficiência no treinamento. Estudos de validade de construto sugerem que o potencial da tecnologia como ferramenta de treinamento é elevado, mas a sua eficácia para melhorar o desempenho na sala de cirurgia ainda não foi demonstrada. Estudos mostram uma pequena redução no tempo de execução da tarefa (capsulorrexis) para o cirurgião iniciante e a revisão de custos de Lowry et al. O treinamento cirúrgico de catarata em RV, para cirurgiões residentes de catarata, ainda não é rentável, especialmente para programas menores. Apesar dessas limitações, há uma ampla aceitação dos sistemas de treinamento em RV, como o futuro do treinamento, devido ao seu potencial para melhorar as trajectórias de treinamento e os resultados cirúrgicos dos estagiários.

O potencial para um maior desenvolvimento de ambientes de formação virtuais acessíveis, utilizando simulação de altafidelidade, continua atractivo, tanto em termos de segurança como de eficácia. A indústria da aviação há anos adopta com sucesso o desenvolvimento e implantação de simulação de nível D na sua indústria, que é agora o requisito padrão para todo o treinamento comercial e não comercial.

Com base neste modelo de aviação, o desenvolvimento de simulação de uma abordagem alternativa foi proposto pela HelpMeSee, uma organização humanitária formada para abordar o problema da cegueira por catarata usando um ambiente de treinamento virtual como a pedra angular de um sistema de treinamento escalável para MSICS (manual small-incision cirurgia de catarata).

Conclusão

Os recentes avanços tecnológicos permitiram que a nossa capacidade global de acesso aos cuidados de visão evoluísse de várias maneiras. A maioria dos produtos é nova e está em constante actualização. Por isso, as opções disponíveis estão em curso.

Por último, com capacidades técnicas melhoradas, os produtos e tecnologias actuais, no momento em que este artigo foi escrito, tornar-se-ão rapidamente obsoletos, à medida que mais melhorias e mais tecnologias cheguem ao mercado global.

IMPORTÂNCIA

DOS DISPOSITIVOS MÉDICOS HOSPITALARES/ CONSUMÍVEIS PARA MINIMIZAÇÃO DE INFECÇÕES NOSOCOMIAIS

O DIREITO À SAÚDE INCLUI, POR PARTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, O COMPROMISSO COM A SEGURANÇA DO INDIVÍDUO. ISSO SIGNIFICA QUE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DEVEM ACTUAR SEMPRE EM BENEFÍCIO DO MESMO, RESPEITANDO A SUA DIGNIDADE, AUTONOMIA E INDIVIDUALIDADE. É SEU DEVER PRESTAR CUIDADOS DE SAÚDE ESTRUTURADOS, ATRAVÉS DE UM CONJUNTO DE PRÁTICAS ASSENTES NO CONHECIMENTO TEÓRICO, PRÁTICO E CIENTÍFICO E NOS PRINCÍPIOS ÉTICOS E DEONTOLÓGICOS QUE NORTEIAM O SEU COMPORTAMENTO EM MATÉRIA DE CUIDADOS DE SAÚDE. ESTE ARTIGO É BASEADO EM PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E EM ESTUDOS ACADÉMICOS VARIADOS, DESCRITIVOS, COM UMA ABORDAGEM QUALITATIVA, SEM LIMITAÇÕES DE TEMPO E IDIOMA. PARA ISSO, FORAM CONSULTADAS DIVERSAS BASES DE DADOS, COMO SCIELO, WEB OF SCIENCE, SAGE E LILACS. TAMBÉM FORAM CONSIDERADOS DADOS DO JORNAL BRASILEIRO DE ANESTESIA, FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA), ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), JOINT COMMISSION INTERNATIONAL (JCI) E INSTITUTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (IPP), ALÉM DE RELATOS E OPINIÕES DE PROFISSIONAIS.

Enfermeira Iolanda Almeida

Enfermeira Coordenadora do Bloco Operatório do Luanda Medical Center

Odireito à saúde e à vida é um direito universal e pressupõe cuidados de saúde prestados com a máxima segurança e qualidade. A segurança e a qualidade dos cuidados prestados devem ser a preocupação central dos profissionais, serviços de saúde e ainda da comunidade (literacia para a saúde).

Um indivíduo é tanto mais saudável quanto melhor for a saúde da sua comunidade. As infecções nosocomiais, ou IACS (infecção associada aos cuidados de saúde), como actualmente são denominadas, representam um desafio significativo. O impacto individual, profissional e ainda socioeconómico e ambiental tem sido amplamente discutido, transcendendo inclusive a vertente biológica, pois exige investimento pessoal, científico, emocional, socioeconómico

e tecnológico. Deste modo, instituições governamentais, como a OMS, e os serviços de saúde têm desenvolvido, divulgado e promovido a implementação de recomendações de boas práticas, integradas no desenvolvimento de políticas de qualidade nos serviços de saúde.

Pretende-se que sejam eficazes, quer na prevenção, quer no tratamento e controlo das IACS.

A manifestação do contributo das mesmas para o aumento das taxas de morbilidade e mortalidade e para o acréscimo significativo das despesas com a saúde, sendo uma clara demonstração do impacto causado e importância da prevenção e controlo, é dada através dos inúmeros estudos epidemiológicos desenvolvidos ao longo dos anos, quer a nível local, quer a nível global.

As IACS ocorrem, essencialmente, devido à exposição a microrganismos patógenos por meio da interacção com profissionais de saúde e outros indivíduos (visitas), o uso indiscriminado de antibióticos e a utilização indevida de dispositivos médicos hospitalares e consumíveis, tais como instrumentos médicos e itens de uso único, como cateteres, seringas, agulhas e outros. Estão, geralmente, relacionadas com a não adesão às boas práticas por parte dos profissionais de saúde.

Do ponto de vista estrutural, este artigo está dividido em cinco capítulos, organizados da seguinte forma: prevenção e controlo de infecções, importância dos dispositivos médicos e consumíveis, riscos associados à sua utilização, medidas de prevenção padrão e conclusão. No primeiro capítulo, irei explorar e contextualizar a vertente histórica ao longo

do tempo, considerando as etapas que mais contribuíram para a evolução do conhecimento até aos nossos dias. Nos capítulos seguintes, pretendo destacar a importância da utilização adequada dos dispositivos médicos e consumíveis hospitalares e quais as medidas que visam a qualidade dos cuidados prestados ao indivíduo e, como consequência, a melhoria dos serviços de saúde. Este artigo tem como objectivo explorar os aspectos de segurança para o indivíduo, associados à utilização de consumíveis nos serviços de saúde, de forma a realçar a importância na prevenção de infecções

A INFECÇÃO NOSOCOMIAL, SEGUNDO VÁRIOS AUTORES, É DEFINIDA COMO UMA INFECÇÃO ADQUIRIDA PELO INDIVÍDUO OU PELO PROFISSIONAL, DURANTE

A ESTADIA EM AMBIENTE HOSPITALAR, NÃO DIAGNOSTICADA AQUANDO DA ADMISSÃO, PODENDO MANIFESTAR-SE MESMO APÓS SER

DADA ALTA

nosocomiais e a prevenção de riscos e acidentes resultantes do uso indevido. Pretende, ainda, sugerir medidas que possam ser implementadas pelos profissionais na sua prática diária para minimizar o impacto das mesmas na vida do indivíduo e das instituições.

Prevenção e controlo de infecções

A infecção nosocomial, segundo vários autores, é definida como uma infecção adquirida pelo indivíduo ou pelo profissional, durante a estadia em ambiente hospitalar, não diagnosticada aquando da admissão, podendo manifestar-se mesmo após ser dada alta. A busca pelo conhecimento e entendimento desta problemática remonta à antiguidade. Vários povos antigos, destacando-se Varrão e Columela (século I a.C.), faziam referência às doenças, como sendo causadas por seres vivos invisíveis (animalia minuta). Estes penetravam no corpo através dos alimentos e o ar ingerido. O tratamento era feito intuitivamente, através de isolamento dos indivíduos doentes, como forma de controlar surtos entre a comunidade (Figueiredo, 1995).

Contudo, foi durante a Idade Média que Fracastorious, médico, através das viagens marítimas que realizou, foi um dos primeiros a descrever a doença infecciosa e a fazer, pela primeira vez, referência ao contágio de doença entre os marinheiros (SciELO).

No decorrer do Renascimento, com a pesquisa de doenças como a varíola e a tifo e a descoberta de instrumentos para medir a temperatura, assim como com o surgimento da imprensa, observaramse avanços na medicina, surgindo as primeiras associações a revistas científicas. Essa partilha de conhecimento fomentou também avanços na melhoria da qualidade da saúde pública (SciELO).

No século XVII, com a descoberta de um instrumento simples, Anton Leeuwenhock observou e descreveu microrganismos. Este acontecimento foi fundamental para

o desenvolvimento das bases da bacteriologia e permitiu esclarecimentos acerca das vias de transmissão e ainda do perfil epidemiológico. No século XIX, Pasteur, ao tentar solucionar o problema da acidificação do vinho, causada por microrganismos que viviam no ar e que dava origem a enormes prejuízos para a indústria vinícola, percebeu que, ao aumentar a temperatura dos lagares a 60ºC, eliminava os mesmos. Este processo ficou conhecido por pasteurização.

Alguns anos mais tarde, juntamente com Chamberland, Pasteur criou o primeiro Autoclave, dispositivo este que, após

modificações significativas, é utilizado até aos dias de hoje. Durante esta época, as infecções cirúrgicas eram frequentes. Face à necessidade de implementar medidas que asseguravam a redução do número de infectados e de melhorar a prática clínica, vários foram os cirurgiões que procuraram encontrar maneiras de diminuir estes acontecimentos, entre eles Joseph Lister (1860). Baseandose no trabalho de Pasteur, introduziu novas técnicas com o objectivo de reduzir as infecções cirúrgicas. Acreditava que as mesmas aconteciam com a entrada de ar nocivo nas feridas cirúrgicas e defendia que as propriedades sépticas da atmosfera eram devidas a germes em suspensão no ar e depositados nas superfícies. Por essa razão, Joseph Lister passou a pulverizar o ar da sala operatória com ácido fénico e a desinfectar os instrumentos cirúrgicos com ácido carbólico (Fontana, 2006), surgindo, assim, o conceito de assepsia.

Porém, foram Semmelweis, médico obstetra, e Florence Nightingale e Mary Sacole, ambas enfermeiras, que desenvolveram alguns dos conceitos que mais contribuíram para a prevenção da infecção hospitalar como conhecemos actualmente. Semmelweis, ao demonstrar a importância da relação entre a contaminação das mãos e a transmissão da febre puerperal, descrevia a gravidade da transmissão cruzada, exigindo consequentemente a assepsia e a lavagem das mãos com solução clorada, medida que instituiu a todos os indivíduos (médicos, enfermeiras e estudantes) que estivessem em contacto com as puérperas. Esta medida reduziu a mortalidade materna de 12,24% para 1,2% (Fontana, 2006).

Florence Nightingale e Mary Sacole, durante a Guerra da Crimeia, ao assistirem os feridos, desenvolveram actividades cujos princípios ainda são utilizados até aos dias de hoje, contribuindo para a mudança da realidade dos hospitais da época, através da criação de barreiras de enfermagem, e demonstrando como ocorria a transmissão da infecção, em especial com matéria orgânica. Essas medidas consistiam, essencialmente, na melhoria das condições higieno-sanitárias, alimentação e conforto dos doentes e ainda na melhoria das condições de quem cuidava deles (criação de lavandarias, cozinhas e estruturas arquitectónicas adequadas, de forma a melhorar a ventilação, entre outras).

Estas medidas reduziram visivelmente as taxas de mortalidade de 42% para 2,2% (Alves et Al, 2007).

Na década de 70, em finais século XX, foi introduzido o conceito de isolamento dos

doentes, tendo em conta as características epidemiológicas das doenças, nas “Guidelines for Infection Precautions in Hospitals”, pelo Center for Disease Control (CDC), sendo revistas e actualizadas em 1983. Estas procuravam eliminar as medidas de isolamento excessivas, no entanto, os outros doentes permaneceram expostos ao risco de transmissão de infecção, devido a erros no diagnóstico, demonstrando ser ineficazes (Alves at Al, 2007).

Uma década mais tarde, devido à epidemia da SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida), ficou evidente a necessidade de identificação célere dos indivíduos infectados, de maneira a travar o aumento significativo da doença, pelo que foi desenvolvido pelo CDC, em 1987, um conjunto de medidas universais, mais conhecido como precaução padrão. Consistia num conjunto de cuidados básicos prestados e aplicados a todos os fluidos orgânicos e a todos os indivíduos, independentemente do diagnóstico que tivessem (Pereira at Al, 2095).

A descoberta dos antimicrobianos, no século XX, veio revolucionar o tratamento das infecções. Este facto fez com que a comunidade médica acreditasse que o problema estivesse finalmente resolvido, sendo actualmente de menor significância

(Corrêa,2008). No entanto, sabemos que não é bem assim, o aparecimento de pandemias tem demonstrado que ainda estamos condicionados e que a prevenção e controlo são ainda uma das formas mais relevantes de minimizar o risco e as consequências que daí advêm.

Importância dos dispositivos médicos e dos consumíveis hospitalares

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como dispositivos e consumíveis médicos hospitalares “qualquer instrumento, aparato, utensílio ou artigo, intencionado pelo fabricante para ser usado em humanos, com a proposta de diagnóstico, prevenção, monitoramento, tratamento ou alívio de doença ou agravo, investigação, substituição ou modificação da anatomia ou processo fisiológico ou controlo de concessão e nos quais não se realiza a sua acção principal, dentro ou fora do corpo humano, por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos” ( Costa ET all, 2008).

A crescente demanda nos serviços de saúde, devido às IACS, representa um risco para todos, uma vez que estas:

• Levam ao aumento da mortalidade e morbilidade, pois aumenta o risco de mais complicações;

• Causam impacto psicológico, pois lidar emocionalmente com uma nova patologia, quando ainda se está a tratar de outra, origina um aumento do nível de stress emocional;

• Causam impacto socioeconómico e ambiental, pois aumentam consideravelmente os custos de internamento, afectam directamente o indivíduo internado e, como consequência, o serviço de saúde. Inclusive, a qualidade do próprio serviço fica diminuída. Quanto maior a percentagem de IACS, menor a qualidade do serviço de saúde, maior o desperdício e, como consequência, maiores serão os gastos;

• Causam resistência à utilização de antibióticos, pois, com o aumento da resistência microbacteriana, verificam-se complicações no tratamento e, ainda, o aumento do tratamento inadequado.

Esta realidade, tão bem conhecida pelos profissionais de saúde, motiva a indústria farmacêutica e a inovação tecnológica a desenvolverem novos dispositivos médicos hospitalares, que incluem uma vasta gama de produtos, como, por exemplo, cateteres, seringas, agulhas, máscaras, entre outros, assim como potencia novos tratamentos e contribui para a

criação de novos instrumentos de trabalho. Durante os anos 80, com o aparecimento da SIDA, popularizou-se a utilização desses produtos, representando uma parcela significativa da capacidade de resposta, ganhando destaque na diminuição do risco de transmissão cruzada entre indivíduo–indivíduo, entre indivíduo–profissional e ainda entre profissional-indivíduo. Desde então, são um forte aliado, uma vez que aumentam a qualidade e segurança e ainda a melhoria dos serviços prestados. São vitais para a realização de diagnósticos, tratamentos e vigilância e para melhoria das condições de saúde.

Riscos associados à utilização de dispositivos médicos e consumíveis hospitalares

O conhecimento e a utilização destes dispositivos devem ter em conta os riscos associados ao uso indevido, tais como:

• IACS, o principal risco. A utilização indevida de cateteres intravenosos, agulhas e seringas é a principal causa de infecções da corrente sanguínea. O manuseio incorrecto, a inserção inadequada, a contaminação dos mesmos e ainda a conservação e manutenção incorrectas são factores de risco significativos;

• Erros de utilização, devido à falta de conhecimento/formação dos profissionais de saúde, propiciam o aumento do risco, uma vez que potenciam o mau funcionamento dos mesmos;

• Utilização sem que se respeitem as instruções de uso e reutilização inadequada de consumíveis de uso único são medidas que comprometem a segurança e a qualidade dos cuidados prestados.

Medidas de prevenção padrão

Não é demais recordar o impacto que as IACS causam nas sociedades, a nível individual, socioeconómico, ambiental, institucional e comunitário. A segurança dos serviços de saúde e a qualidade dos cuidados prestados ao indivíduo representam, actualmente, o grau de qualidade das instituições de saúde e das suas comunidades. Tal facto tem impacto na prática diária dos profissionais de saúde, que são, eles também, personagens de destaque nestas ocorrências.

A garantia de assepsia e o conhecimento, falo aqui de formação profissional, são ingredientes fundamentais para a implementação de estratégias e de medidas que assegurem a prevenção, controlo e combate de IACS. Podemos apontar algumas medidas, contudo, ressalvo a importância das mesmas estarem alinhadas com os princípios universais de prevenção e controlo de infecções, assim como comprometidas com a segurança das comunidades, obviamente com cada indivíduo, e com a qualidade das instituições de saúde.

Em função da demanda, considero as seguintes medidas padrão:

• Existência ou criação de protocolos de higienização e desinfecção de áreas e superfícies, nomeadamente, o uso adequado de soluções desinfectantes, e de consumíveis, assim como o descarte seguro do lixo hospitalar, a lavagem correcta das mãos e a esterilização adequada dos instrumentos cirúrgicos, entre outros;

• Formação profissional contínua deve ser proporcionada aos profissionais, assim como oportunidades de aprendizagem no decorrer do seu percurso profissional. Este facto facilita o processo de adaptação aos novos desafios, aumenta a satisfação do profissional e garante o conhecimento na utilização de dispositivos e consumíveis. Os profissionais têm impacto na qualidade dos cuidados prestados e, subsequentemente, na qualidade e melhoria das instituições. São precursores das boas práticas;

A GARANTIA DE ASSEPSIA E O CONHECIMENTO, FALO AQUI DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL, SÃO INGREDIENTES FUNDAMENTAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

E DE MEDIDAS QUE ASSEGUREM A PREVENÇÃO, CONTROLO E COMBATE DE IACS

• Utilização de novos dispositivos/tecnologias em segurança. Sistemas que permitam o uso e resolução de problemas, em tempo real, e que facilitam as intervenções são necessários, pelas razões acima descritas;

• O desenvolvimento de sistemas de vigilância e monitorização da utilização destes dispositivos e ainda do resultado dos mesmos na prevenção e tratamento é crucial, pois permitem responder rapidamente à situação;

O APARECIMENTO DA RESISTÊNCIA MICROBIANA É, ACTUALMENTE, UMA

REALIDADE QUE EXIGE ATENÇÃO E ATÉ

MAIOR INVESTIMENTO NAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO, CONTROLO E TRATAMENTO DAS IACS

• A vigilância contínua da ocorrência de IACS e análise dos dados, através de estudos epidemiológicos, serve de base para minimizar o risco de transmissão de infecções e identificar tendências. As novas tecnologias dão aqui o seu contributo valioso e promovem também a implementação de medidas de prevenção mais eficientes. Recordo a importância da existência de equipas multidisciplinares, já que a implementação destas medidas cabe a todos os intervenientes do cenário dos serviços de saúde, inclusive, da comunidade.

Conclusão

A segurança do indivíduo que recorre aos serviços de saúde representa um dos aspectos mais relevantes sobre a qualidade dos cuidados prestados pelos mesmos. A prevenção e controlo de infecções, pelas razões já descritas, e a minimização de riscos associados a esta realidade exigem cada vez mais de todos os intervenientes. O profissional de saúde deve capacitar-se de todo o conhecimento existente, assim como aplicálo eticamente. A grande maioria dos resultados obtidos nestes eventos deve-se ao compromisso ético que, como profissionais, assumimos e à responsabilidade dos serviços de saúde na manutenção dos factores que influenciam a qualidade dos serviços prestados. A utilização de dispositivos médicos hospitalares e consumíveis deve ser adequada e em conformidade com as instruções de uso adequado. As inúmeras questões relacionadas com a sustentabilidade e o impacto ambiental

que a utilização desses dispositivos e consumíveis poderão gerar devem, na minha opinião, ser repensadas cuidadosamente aquando da tomada de decisões, de forma a manter presente a preservação do equilíbrio custo–benefício e efectividade, mantendo a viabilidade económica, assim como a responsabilidade ético-profissional, sendo prioridade definir a quem recorrer quando há incidentes, entidades que advogam pelo direito à saúde. São muitos os argumentos contra e a favor sobre este assunto, sendo um grande desafio encontrar caminhos eficientes, cujo equilíbrio seja realmente eficaz, pois estamos também confrontados com questões relacionadas com o ambiente.

O aparecimento da resistência microbacteriana é, actualmente, uma realidade que exige atenção e até maior investimento nas medidas de prevenção, controlo e tratamento das IACS. Este facto transporta as equipas multidisciplinares, e até mesmo a comunidade, a novos quebra-cabeças. A utilização excessiva de antibióticos, as mudanças e a evolução tecnológica e o aparecimento de estirpes multirresistentes potenciam o aparecimento de fenómenos pandémicos. Estes abatem–se sobre a humanidade, como, por exemplo, a pandemia de Covid-19, mais recentemente, que veio demonstrar que ainda somos limitados e que todas as medidas que sejam passíveis de contribuir para a diminuição destes eventos devem ser implementadas, respeitando as características individuais de cada um. Devemos evoluir e, contudo, preservar os componentes inalienáveis à nossa condição de seres humanos.

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DAY

ENFATIZA A IMPORTÂNCIA DOS CONSUMÍVEIS HOSPITALARES NA

REDUÇÃO DE INFECÇÕES NOSOCOMIAIS

NUM ESFORÇO CONJUNTO PARA COMBATER AS INFECÇÕES NOSOCOMIAIS E MELHORAR A QUALIDADE DOS CUIDADOS DE SAÚDE EM ANGOLA, A AUSTRALPHARMA, EM PARCERIA COM A BECTON & DICKINSON (BD), E COM A ORGANIZAÇÃO DA TECNOSAÚDE, REALIZOU O AUSTRALPHARMA PARTNER DAY. O EVENTO, CUJO TEMA FOI “IMPORTÂNCIA DOS CONSUMÍVEIS HOSPITALARES NA REDUÇÃO DE INFECÇÕES NOSOCOMIAIS”, DECORREU NA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS – ENAPP, REUNINDO 70 PROFISSIONAIS DE SAÚDE.

ABecton & Dickinson, uma das maiores empresas globais de tecnologia médica, destacou o seu extenso portfólio de produtos e soluções, durante o evento. A empresa é reconhecida pela sua actuação nas áreas de medicina, consumíveis clínicos e hospitalares, diagnóstico e prestação de cuidados.

Marco Correia, director geral da Australpharma, conduziu a sessão de abertura, destacando os principais marcos da empresa e a importância das parcerias para o desenvolvimento da saúde em Angola. Em seguida, Erik Jeorge, gestor internacional de Diagnóstico da Quilaban, apresentou informações sobre o problema das infecções hospitalares, com base no Relatório Global sobre Prevenção de Infecções da Organização Mundial da Saúde.

Iolanda Almeida, enfermeira coordenadora do bloco operatório do Luanda Medical Center, discutiu a importância dos consumíveis hospitalares na redução das infecções associadas aos cuidados de saúde, partilhando a sua vasta experiência na área. Robyn Fehersen, Gerente de Desenvolvimento de Produto e Mercado da BD, apresentou alternativas de dispositivos de administração

de medicamentos desenvolvidas pela empresa.

O evento contou com uma sessão de discussão interactiva, onde os profissionais de saúde presentes puderam questionar as diversas alternativas apresentadas pela BD, demonstrando grande interesse e reconhecendo a importância dessas soluções para a melhoria do dia-a-dia de trabalho nos hospitais.

No final, Artur Silva, director da Área de Negócio de Diagnóstico da Quilaban, encerrou a sessão com um agradecimento aos participantes e destacou a importância da parceria com a BD para o desenvolvimento da saúde em Angola. Atribuiu ainda um prémio de mérito à BD, reconhecendo a sua contribuição fundamental para o sucesso do evento.

O Australpharma Partner Day reforçou o compromisso das empresas envolvidas com a melhoria dos cuidados de saúde em Angola, destacando a importância da colaboração e da inovação para a redução de infecções nosocomiais e a promoção de um ambiente hospitalar mais seguro e eficiente.

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