N.º 24
Maio/Junho 2 0 2 4
D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA
P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
N.º 24
Maio/Junho 2 0 2 4
D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA
P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
Dra. Nádia
Noronha
Directora Executiva da Tecnosaúde
A doença das células falciformes, também conhecida como anemia falciforme, é uma condição genética grave que afecta a forma e a funcionalidade dos glóbulos vermelhos. Caracterizada pela presença de hemoglobina S, a doença faz com que os glóbulos vermelhos assumam uma forma de foice, o que dificulta a sua passagem pelos pequenos vasos sanguíneos, resultando em obstruções e complicações dolorosas.
Estima-se que a doença afecte milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais prevalente em populações de origem africana, mediterrânea, do Médio Oriente e da Índia.
Os sintomas da anemia falciforme podem variar, desde dores crónicas e crises dolorosas agudas, até complicações mais graves. A dor, frequentemente descrita como intensa e incapacitante, é um dos principais desafios enfrentados pelos pacientes. Além disso, a doença aumenta o risco de infecções e pode levar a complicações como a síndrome torácica aguda, uma condição potencialmente fatal que exige intervenção médica urgente.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O teste do pezinho, realizado em recém-nascidos, é crucial para detectar a doença logo após o nascimento, permitindo intervenções precoces que podem reduzir significativamente as complicações.
Apesar dos avanços no tratamento e na gestão da doença, muitos dos desafios permanecem. O acesso desigual a cuidados de saúde de qualidade, especialmente em regiões de baixa renda, continua a ser um grande obstáculo. A consciencialização pública e a educação sobre a doença são essenciais para promover a prevenção e o apoio aos pacientes e às suas famílias. As campanhas de sensibilização e o incentivo à pesquisa científica são necessários para desenvolver novas terapias e, quem sabe, um dia, encontrar uma cura definitiva para a anemia falciforme.
A luta contra esta doença é uma corrida contra o tempo, na qual cada avanço científico e cada esforço de consciencialização trazem esperança e alívio para milhões de vidas afectadas. A solidariedade e o compromisso contínuo da sociedade são fundamentais para vencer esta batalha.
SAÚDE PARA SI
EDITORIAL
Os bastidores do bloco operatório, segundo a Enfermeira Iolanda Almeida
O cuidado no pré-operatório na criança, na visão da Enfermeira Maria Oliveira 06 08
12
16
20
22
O papel da AHA, segundo o Dr. Benilson Domingos
18% das crianças angolanas tem o traço falciforme
Perspectivas: Dr. Luís Bernardino aborda as formas e complicações da ACF nas crianças e a sua epidemiologia e perspectivas de controlo
Dr. Feliciano Mangovo destaca a genética por detrás da anemia falciforme
As Estatísticas Mundiais da Saúde da OMS
30
Dra. Melanie González aborda a importância da monitorização dos parâmetros glicémicos e tensionais
Riscos da pré-eclâmpsia/eclâmpsia, pela Dra. Ana Van-Dúnem 38
Rubrica Farmacêutica: o papel do farmacêutico na atenção ao doente hipertenso, pela Dra. Márida da Silva 42
Dra. Marinela Tito destaca os riscos na introdução de alimentos sólidos 28
Rubrica Dermocosmética: Principais cuidados com a pele do bebé 46
Rubrica Ambiental: Ameaça das alterações climáticas para a saúde 50
Rubrica Ocular: Evento de promoção da saúde ocular infantil Optiotika/Nutribén
Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria
Nacionalidade: Angolana
Edifício Presidente Business Center
Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola
Directora: Nádia Noronha
E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net
Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center
Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola
Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/
O BLOCO OPERATÓRIO É UMA UNIDADE HOSPITALAR COMPOSTA POR TRÊS ÁREAS DISTINTAS, ONDE PROFISSIONAIS ALTAMENTE DEDICADOS DESEMPENHAM AS SUAS FUNÇÕES. AS EQUIPAS, NUMEROSAS E DILIGENTES, AGEM COM EFICÁCIA, ATENDENDO ÀS DIVERSAS NECESSIDADES DOS PACIENTES. PRIORIZAR A SEGURANÇA, PREVENIR ACIDENTES E ENVOLVER O PACIENTE NO SEU PRÓPRIO PROCESSO, DURANTE O PERÍODO PERI-OPERATÓRIO, COM EMPATIA SÃO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA GARANTIR O RESULTADO DESEJADO.
Enfermeira Iolanda Almeida
Enfermeira Coordenadora do Bloco Operatório do Luanda Medical Center
Obloco operatório está equipado com recursos materiais de alta tecnologia e precisão, para a realização de cirurgias, das mais simples às mais complexas. Pelas razões descritas, é um local com um ambiente associado a níveis elevados de stress e de ansiedade, mas também de esperança.
Nos corredores deste espaço, ao longo dos anos, já ouvi ecoarem orações, risos e até mesmo playlists para todos os gostos.
“O paciente não é só o paciente, ele é o amor da vida de alguém...”
Humanizar o bloco operatório é uma das premissas essenciais. Dentro desse contexto, o enfermeiro, em conjunto com a restante equipa, desempenha um papel crucial. Durante o período peri-
operatório, as acções nos bastidores são primariamente lideradas pelos enfermeiros, que elaboram estratégias para tornar a experiência, muitas vezes tumultuada, o mais tranquila possível. Destacam-se pelo contacto directo com o paciente:
• Desde o acolhimento (literacia para a saúde) até à preparação e gestão das salas e dos materiais/equipamentos;
• Colaboração com o cirurgião durante o procedimento cirúrgico;
• Ao longo do percurso até à transferência do paciente para as unidades de internamento;
• Acompanhamento e esclarecimento de dúvidas após a alta clínica.
A diminuição dos riscos inerentes à cirurgia está sempre ligada ao empenho desses profissionais. Mesmo que o seu trabalho seja, por vezes, invisível, contribuem de maneira significativa para assegurar que os procedimentos transcorram conforme os padrões de qualidade universalmente reconhecidos.
“A cirurgia é o esforço no qual o intelecto e a destreza se encontram no mais alto nível na criação de uma realização humana incomparável” (R. Schaus)
HUMANIZAR O BLOCO OPERATÓRIO É UMA DAS PREMISSAS ESSENCIAIS. DENTRO DESSE CONTEXTO, O ENFERMEIRO, EM CONJUNTO COM A RESTANTE EQUIPA, DESEMPENHA UM PAPEL CRUCIAL. DURANTE O PERÍODO PERI-OPERATÓRIO, AS ACÇÕES NOS BASTIDORES SÃO PRIMARIAMENTE LIDERADAS PELOS ENFERMEIROS, QUE ELABORAM ESTRATÉGIAS PARA TORNAR A EXPERIÊNCIA, MUITAS VEZES TUMULTUADA, O MAIS TRANQUILA POSSÍVEL
O ACTO DE CUIDAR EM PEDIATRIA FOI-SE MODIFICANDO, AO LONGO DOS TEMPOS, COM MAIOR DESTAQUE NA HOSPITALIZAÇÃO, EM QUE O INTERNAMENTO DA CRIANÇA DEVE SER O ÚLTIMO RECURSO, COMO REFEREM OS DIREITOS DA CRIANÇA HOSPITALIZADA, QUE MENCIONAM, NO SEU PRIMEIRO PARÁGRAFO, QUE “SÓ DEVE TER LUGAR QUANDO OS CUIDADOS NECESSÁRIOS À SUA DOENÇA NÃO PODEM SER PRESTADOS EM CASA, EM CONSULTA EXTERNA OU EM HOSPITAL DE DIA”. AINDA NO SEU SEGUNDO PARÁGRAFO, REFEREM QUE UMA “CRIANÇA HOSPITALIZADA TEM DIREITO A TER OS PAIS PRESENTES OU OS SEUS SUBSTITUTOS” (CARTA DOS DIREITOS DA CRIANÇA HOSPITALIZADA).
No acto de cuidar em pediatria, faz todo o sentido a parceria baseada na “filosofia do cuidado centrado na família”, em que a família é uma constante na vida da criança. Neste contexto, os cuidados na criança devem ser fundamentados na protecção, estímulo e amor, uma vez que os pais são os elementos fundamentais no suporte emocional e psicológico.
É de reforçar que os pais não são visitas, nem técnicos, mas parceiros no cuidado. Para que seja efectivo, é necessário que o enfermeiro desenvolva competências que possibilitem trabalhar em parceria com a família. Deste modo, o papel do enfermeiro é o de supervisão, intervindo se os cuidados forem especializados. Porém, são necessárias estratégias de apoio, com a finalidade de envolver os pais nos cuidados, nas quais se dá o desenvolvimento da relação de ajuda na tríade criança, pais e enfermeiro.
A relação de ajuda entre pais e enfermeiros deverá ser sustentada nos conhecimentos e experiência vivenciada pelos pais, identificando modos de actuação e de suporte com a intenção de diminuir o stress sentido
Enfermeira Maria Joaquina Oliveira
Enfermeira Coordenadora do Serviço de Pediatria do Luanda Medical Center
pelos mesmos perante uma situação de hospitalização. Para tal, são elementares a capacitação e o empoderamento da família, através da partilha de conhecimentos, das habilidades e dos recursos existentes, constituindo os princípios básicos dos cuidados centrados na família. Sendo que essa capacitação e empoderamento são essenciais perante a criança que vai ser submetida a uma cirurgia.
É significativo que capacitação/ empoderamento dos pais seja a preparação pré-operatória, em que a comunicação entre o enfermeiro e os pais constitui a chave de sucesso. A comunicação deve ser clara, objectiva, eficiente e dirigida sobre os procedimentos a que a criança irá ser submetida e o que poderá ser realizado para minimizar os efeitos dos mesmos.
Também contribui para uma comunicação de sucesso a atitude de não julgamento da família (nomeadamente, nas questões culturais), o respeito pelo conhecimento parental (por vezes, baseado na sua cultura), a valorização do papel que cumpre junto da criança, a redução da ansiedade e, evidentemente, o favorecimento de uma prestação de cuidados de modo singular.
Reforçando esta percepção, a Carta dos Direitos da Criança Hospitalizada, no seu número 4, assinala que a criança e os pais têm o direito de receber informação sobre a doença e os tratamentos adequada à sua idade e compreensão, a fim de poderem participar nas decisões que lhes dizem respeito. No seu número 8, assinala ainda que a equipa de saúde deve ter formação adequada para dar resposta às necessidades psicológicas e emocionais da criança e família.
É nesta perspectiva que, para cuidar da criança no pré-operatório, é importante o envolvimento da família, pois são os pais que melhor transmitem aos seus filhos a segurança e a informação de acordo com a idade da criança, para que possa ultrapassar a ansiedade, o stress e a angústia provocadas quer pela hospitalização, quer pela posterior cirurgia. Para além da informação aos pais (na consulta de enfermagem pré-operatória) sobre o processo cirúrgico, mais de “domínio
A CRIANÇA E OS PAIS TÊM
O DIREITO DE RECEBER INFORMAÇÃO SOBRE A DOENÇA
E OS TRATAMENTOS ADEQUADA
À SUA IDADE E COMPREENSÃO,
A FIM DE PODEREM PARTICIPAR NAS DECISÕES QUE LHES DIZEM RESPEITO
técnico”, também é significativa a informação sobre as medidas não farmacológicas (de acordo com a idade da criança) que deverão ser utilizadas, como brincar, realizar actividades lúdicas (como desenho, jogos, dramatização recorrendo ao manuseamento de objectos como o estetoscópio, a seringa, vestir uma bata do bloco), a consulta de livros/sites (de acordo com a idade da criança) de imagens do ambiente hospitalar (nomeadamente, o ambiente do bloco de operatório). Ou seja, articular cuidados antecipatórios com cuidados oportunistas, com enfoque na diminuição da ansiedade das crianças e dos pais sobre o processo cirúrgico e sobre o que esperar antes, durante e após a cirurgia.
Um cuidado de enfermagem como preparação pré-operatória da criança, que envolve a família, respeitando as suas particularidades e singularidades de modo atempado, adequado e de acordo com o tipo de cirurgia (segundo alguns autores) pode reduzir complicações pós-operatórias, o tempo de internamento e, por conseguinte, os custos em saúde.
A ASSOCIAÇÃO DE HEMOTERAPIA DE ANGOLA (AHA) É UMA ORGANIZAÇÃO DE TEMPO INDETERMINADO, DEDICADA A MELHORAR OS SERVIÇOS DE HEMOTERAPIA EM ANGOLA. COM UMA VISÃO CLARA E VALORES SÓLIDOS, A AHA TEM DESEMPENHADO UM PAPEL VITAL NA PROMOÇÃO DA SEGURANÇA E QUALIDADE DAS TRANSFUSÕES DE SANGUE.
Dr. Benilson Rolão Domingos
Presidente da Associação de Hemoterapia de Angola. Licenciado em Análises Clínicas e Saúde Pública
AAHA possui uma série de tarefas fundamentais que guiam as suas actividades e iniciativas:
• Promover o intercâmbio de conhecimentos entre os profissionais: facilitar a troca de informações e experiências entre os profissionais da área da hemoterapia, para aprimorar as práticas e o conhecimento científico;
• Visão: ser uma associação reconhecida nacional e internacionalmente pelas suas capacidades científicas, técnicas, estratégicas, de assessoria e de influência, contribuindo para a consolidação do conhecimento e melhoria das práticas em favor do cidadão;
• Valores: honestidade e integridade, altruísmo e solidariedade, defesa dos cidadãos e das condições de trabalho seguro, aperfeiçoamento contínuo, investigação e translação do conhecimento;
• Missão inclusiva: a missão da AHA é um imperativo ético que envolve profissionais, decisores e cidadãos. As estratégias adoptadas são inclusivas, construtivas, determinadas, transparentes e efetivas;
• Honrar a história da hemoterapia em Angola: melhorar a representatividade nacional da associação, aumentar a produção e divulgação do conhecimento, expandir a formação e a investigação e promover a associação de maneira dinâmica e científica;
• Coordenação com órgãos governamentais: coordenar as suas actividades com o Ministério da Saúde (MINSA) e o Instituto Nacional de Sangue (INS), os principais órgãos responsáveis pelos actos de doação e transfusão em Angola;
• Missão específica: promover o estudo das infecções associadas aos cuidados de saúde e contribuir para a prevenção e controlo deste problema de saúde pública, em coordenação com universidades e institutos de saúde.
Fins da Associação de Hemoterapia de Angola
A AHA tem uma série de objectivos estratégicos:
• Organização de eventos científicos: organizar congressos, cursos, conferências, reuniões científicas, palestras, workshops, simpósios e formações, incluindo webinars;
• Constituição de grupos de trabalho: criar comissões específicas e grupos de trabalho em diversas áreas do conhecimento relacionadas à hemoterapia;
• Solução de falta de sangue nos hospitais: cooperar para resolver a escassez de sangue nos hospitais, garantindo a disponibilidade de sangue seguro para transfusões;
• Promoção de projectos de investigação: promover projectos de investigação e de estudo na área da hemoterapia, bem como a divulgação dos resultados dessas pesquisas.
Capacitação de profissionais na área da hemoterapia
A AHA desenvolve um trabalho contínuo de capacitação dos profissionais de saúde na área da hemoterapia. Através de cursos de formação inicial, workshops de actualização e programas de intercâmbio com instituições internacionais, a associação garante que os profissionais estejam actualizados com as melhores práticas globais.
A formação contínua é crucial para manter a qualidade e segurança dos serviços de hemoterapia em Angola.
AS PRINCIPAIS PRIORIDADES
DA AHA INCLUEM A EXPANSÃO DAS CAMPANHAS DE DOAÇÃO DE SANGUE, O FORTALECIMENTO DA TRIAGEM DE SANGUE, PARA GARANTIR A SEGURANÇA TRANSFUSIONAL, E A AMPLIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE CAPACITAÇÃO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Desafios e oportunidades
A AHA enfrenta desafios como a escassez de recursos financeiros e a necessidade de aumentar a conscientização e participação da população na doação de sangue. No entanto, também vê diversas oportunidades, como o uso crescente das tecnologias de comunicação digital para campanhas de sensibilização e o fortalecimento de parcerias com influenciadores e líderes comunitários.
Prioridades e metas futuras
As principais prioridades da AHA incluem a expansão das campanhas de doação de sangue, o fortalecimento da triagem de sangue, para garantir a segurança transfusional, e a ampliação dos programas de capacitação para profissionais de saúde. Metas específicas incluem o aumento do número de doadores regulares.
Projecto Carro Móvel de Dádiva
A AHA tem em carteira o lançamento de um projecto inovador de dádiva de sangue com carro móvel. Este projecto visa facilitar o acesso à doação de sangue e sensibilizar a população sobre a importância deste acto vital.
Projecto Eu Sou Universitário, Eu Salvo Vidas
Educação do público e segurança das transfusões
A AHA realiza diversas iniciativas para educar o público sobre a importância da doação de sangue e a segurança das transfusões. Campanhas de sensibilização são conduzidas através de redes sociais, rádio, televisão e eventos comunitários. Além disso, a associação organiza campanhas de doação de sangue em escolas, universidades e empresas, para aumentar a conscientização e participação da população.
Colaboração com outras instituições
A colaboração é um pilar fundamental das actividades da AHA. A associação trabalha em estreita colaboração com hospitais, centros de saúde, universidades e organizações não governamentais, tanto nacionais quanto internacionais. Essas parcerias permitem a partilha de recursos, conhecimentos e melhores práticas, além de facilitar programas de formação e pesquisa conjunta.
A AHA orgulhosamente tem levado a cabo o projecto Eu Sou Universitário, Eu Salvo Vidas, uma iniciativa destinada a envolver estudantes universitários na doação de sangue. Este projecto visa aumentar os stocks de sangue nos hospitais e sensibilizar os jovens sobre a importância da doação regular. Ao promover campanhas de doação de sangue nos campus universitários, a AHA espera criar uma cultura de solidariedade e altruísmo entre os futuros líderes do país.
Considerações finais
A Associação de Hemoterapia de Angola desempenha um papel crucial na melhoria da saúde pública em Angola. Com uma visão clara e um compromisso inabalável com a segurança e a disponibilidade de sangue, a AHA está a transformar a hemoterapia no país. Para continuar a avançar, a associação precisa do apoio contínuo da comunidade, dos governos locais e das organizações internacionais. Este artigo destaca a importância do trabalho da AHA e as muitas maneiras pelas quais a associação está a impactar positivamente a vida dos angolanos.
Valorizamos a sua lealdade e estamos entusiasmados em apresentar o 1º Plano de Fidelização para Farmácias, projectado exclusivamente para o recompensar..
+244 923 190 840
geral@australpharma.net
Urbanização Park Gest, Km24 Estrada do Catete, Luanda - Angola
18% DAS CRIANÇAS ANGOLANAS NASCE COM O TRAÇO FALCIFORME E 2,4% TEM A DOENÇA, SEGUNDO AS ESTIMATIVAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE ANGOLA (MINSA). AS ESTATÍSTICAS INDICAM QUE, ANUALMENTE, SURGEM MAIS DE 15 MIL NOVOS CASOS DE DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES EM TODO TERRITÓRIO ANGOLANO. UM GRAVE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA, A ANEMIA FALCIFORME, OU DREPANOCITOSE, AFECTA MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO. AS ESTIMATIVAS DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) DÃO CONTA DA EXISTÊNCIA DE 20 MILHÕES A 25 MILHÕES DE PESSOAS A VIVER COM A DOENÇA, DAS QUAIS 75% A 85% ESTÃO NO CONTINENTE AFRICANO, ONDE 50% A 80% DAS CRIANÇAS AFECTADAS CORREM O RISCO DE MORRER ANTES DE COMPLETAR 5 ANOS DE IDADE.
Os dados foram tornados públicos, em 2023, no âmbito do seminário “Doença de células falciformes”, que visou capacitar os profissionais de saúde angolanos para o atendimento qualificado dos pacientes com células falciformes, a nível dos cuidados primários de saúde. Em Angola, anualmente, desde 2010, são registados mil novos casos da doença, sendo Luanda e Cabinda as províncias com maior número. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), das 323.930 crianças submetidas a rastreio, entre Julho de 2011 e Setembro de 2018, nas províncias de Luanda e Cabinda, 7.748 (2,39%) revelaram ter esta doença. Outros 58.043 cidadãos (17,91%) foram diagnosticados, no mesmo período, como portadores do traço falciforme.
A taxa de prevalência da doença de células falciformes em Angola, comparativamente à da região Austral, é considerada elevada pelos especialistas do sector. Dos 300 mil testes realizados em recém-nascidos, 2,5% deu positivo. Em concreto, estima-se que 25 pacientes, em cada mil testados em Angola, apresentam resultados positivos, numa altura em que a prevalência da doença na região Austral de África é de 10 casos por mil testes.
Dificuldades no combate à doença
A anemia falciforme foi descrita, pela primeira vez, pelo médico norte-americano James Herrick, em 1910, a partir de
amostras de sangue de um indivíduo da ilha de Granada, no Caribe. 114 anos após a sua descoberta, continua sem cura. A cada ano, a 19 de Junho, assinala-se o Dia Mundial da Consciência Sobre Doença Falciforme, para elevar o nível de consciencialização sobre esta patologia que afecta gravemente a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, representa um elevado fardo em termos económicos e que ainda convive com o preconceito.
Em Angola, o sector da saúde enfrenta dificuldades no combate à doença, relacionadas, sobretudo, com o aumento da cobertura do rastreio neonatal em todas as províncias, bem como à intensificação do acesso aos cuidados médicos e aos medicamentos. Segundo a Associação Angolana de Apoiantes dos Portadores de Falciformação, constituem fortes obstáculos a inexistência de uma associação de nível nacional, a falta de diagnóstico, a fraca assistência multidisciplinar e a ausência de uma efectiva percepção e reconhecimento deste problema.
Não obstante, o rastreio neonatal, a atenção à saúde das mulheres grávidas com anemia falciforme, o tratamento profilático sintomático das pessoas com anemia falciforme, a capacitação de profissionais de saúde e a vigilância epidemiológica fazem parte das acções do plano estratégico do MINSA para responder a este problema de saúde pública.
DE ACORDO COM DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), DAS 323.930 CRIANÇAS SUBMETIDAS A RASTREIO, ENTRE JULHO DE 2011 E SETEMBRO DE 2018, NAS PROVÍNCIAS DE LUANDA E CABINDA, 7.748 (2,39%) REVELARAM TER ESTA DOENÇA. OUTROS 58.043 CIDADÃOS (17,91%) FORAM DIAGNOSTICADOS, NO MESMO PERÍODO, COMO PORTADORES DO TRAÇO FALCIFORME
Predominante em África
Que não é exclusivo de Angola. De acordo com a OMS, aproximadamente 5% da população mundial é portadora de genes indicativos de distúrbios da hemoglobina, principalmente doença falciforme e talassemia. Nalgumas regiões, esta percentagem pode elevar-se a 25%. Em países como Camarões, República do Congo, Gabão, Gana e Nigéria, a prevalência está entre 20% e 30%, enquanto nalgumas partes do Uganda chega a 45%.
Estas condições são mais prevalentes em regiões tropicais; no entanto, a migração populacional espalhou-as para a maioria dos países. As talassemias são mais comuns na Ásia, na bacia do Mediterrâneo e no Médio Oriente. Já a doença falciforme predomina em África. Mais de 66% dos 120 milhões de pessoas afectadas em todo o mundo pela doença falciforme vive em África.
As perturbações da hemoglobina são herdadas dos pais, da mesma forma que o tipo sanguíneo, a cor e a textura do cabelo, a cor dos olhos e outras características físicas. Todos os anos, nascem mais de 300 mil bebés com distúrbios graves da hemoglobina, a maioria em países de baixo e médio rendimento.
No caso da doença falciforme, estes distúrbios são caracterizados por uma modificação na forma dos glóbulos vermelhos, de uma forma lisa, em forma de rosca, para uma forma crescente ou em meia-lua. As células disformes carecem de plasticidade e podem bloquear pequenos vasos sanguíneos, prejudicando o fluxo sanguíneo. Esta condição leva a uma redução da sobrevivência dos glóbulos vermelhos e subsequente anemia, frequentemente chamada anemia falciforme. Baixos níveis de oxigénio no
NA REGIÃO AFRICANA, FORAM
REGISTADAS 38.403 MORTES POR
DOENÇA FALCIFORME EM 2019, UM AUMENTO DE 26% EM RELAÇÃO A 2000. ESTE MAIOR PESO DECORRE
DO BAIXO INVESTIMENTO NOS ESFORÇOS DE COMBATE À
DOENÇA
sangue e bloqueios dos vasos sanguíneos em pessoas com doença falciforme podem levar a síndromes de dor aguda crónica nas costas, peito, mãos e pés, infecções bacterianas graves e necrose (morte dos tecidos).
Na região africana, foram registadas 38.403 mortes por doença falciforme em 2019, um aumento de 26% em relação a 2000. Este maior peso decorre do baixo investimento nos esforços de combate à doença. “A maioria dos países africanos não tem os recursos necessários para fornecer cuidados abrangentes às pessoas com doença falciforme, apesar da disponibilidade de intervenções comprovadamente eficazes em termos de custos para a prevenção, diagnóstico precoce e gestão desta condição”, afirma a Dra. Matshidiso Moeti, directora Regional da OMS para África. “Temos de chamar a atenção para esta doença e ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com a mesma”
Resposta da OMS
Segundo a OMS, a estratégia mais eficaz, em termos de custos, para reduzir o peso das perturbações da hemoglobina consiste em complementar a gestão da doença com programas de prevenção. Exames de sangue confiáveis podem identificar os casais em risco de ter filhos afectados. Este rastreio é especialmente oportuno antes do casamento ou da gravidez, permitindo que os casais discutam a saúde da sua família.
O aconselhamento genético subsequente informa os portadores de traços sobre os riscos da doença ser transmitida aos filhos, o tratamento necessário, se afectado por um distúrbio da hemoglobina, e as possíveis opções para o casal.
Os órgãos dirigentes da OMS adoptaram duas resoluções sobre as perturbações da hemoglobina. A resolução sobre a doença falciforme da 59.ª Assembleia Mundial da Saúde, em Maio de 2006, e a resolução sobre a talassemia da 118.ª reunião do Conselho Executivo da OMS apelam aos países afectados e ao secretariado da OMS para que reforcem a sua resposta a estas condições. Além disso, foi apresentada uma resolução sobre a prevenção e o tratamento das malformações congénitas, incluindo a anemia das células falciformes e as talassemias, adoptada pela 63.ª Assembleia Mundial da Saúde, em Maio de 2010.
DADA A GRANDE PREVALÊNCIA DA ANEMIA DE CÉLULAS FALCIFORMES EM ANGOLA, OS CLÍNICOS GERAIS E OS PEDIATRAS SÃO CONFRONTADOS COM FREQUÊNCIA COM ESTA DOENÇA, PELAS SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, QUE SÃO PRECOCES E FREQUENTES. QUANDO SE FAZ A SUA PROSPECÇÃO NA MATERNIDADE, NA ALTURA DO NASCIMENTO, O DIAGNÓSTICO PODE SER ANTECIPADO PELO TESTE DO PEZINHO, EM QUE SE VAI PROCURAR (NO SANGUE COLHIDO NUMA PICADA NO CALCANHAR DO RECÉM-NASCIDO) SE O SEU TIPO É AA (NORMAL), AS (PORTADOR) OU SS (DOENTE). NÃO HAVENDO ESTA OPORTUNIDADE DE DIAGNÓSTICO PRECOCE, SERÁ A APRESENTAÇÃO DOS SINTOMAS, LOGO A PARTIR DOS 6 MESES DE VIDA (QUANDO A TAXA DE HEMOGLOBINA F PROTECTORA JÁ BAIXOU), QUE VAI SUGERIR A DOENÇA.
Dr. Luís Bernardino
Médico licenciado pela Universidade de Lisboa. Especialista em Pediatria em Glasgow. Clínico Geral na Argélia e Residente dos Hospitais Ingleses (1964-1974). Pediatra no Serviço Nacional de Saúde Angolana e Docente da Faculdade de Medicina de Luanda (1975-2013). Director do Hospital Pediátrico de Luanda durante 15 anos. Professor aposentado da Faculdade de Medicina da UAN
Acriança pode apresentar crises dolorosas com inflamação e necrose dos ossos. A medula óssea hipertrofia-se numa tentativa de aumentar a produção de glóbulos vermelhos, para compensar a curta vida destes na circulação. Há uma inflamação (osteíte) nas trabéculas ósseas, o osso aumenta de volume e é doloroso. As dores são, por vezes, muito intensas. Pode haver invasão bacteriana e formação de pus (osteomielite).
Uma localização típica desta inflamação nos ossos das mãos e dos pés observa-se no bebé nos primeiros meses de vida, segundo algumas séries, em 60% dos doentes: a síndrome mãos-pés (figuras 1 e 2). Por vezes, a tumefacção dos dedos é apenas uma osteíte que cede espontaneamente ou com anti-inflamatórios, mas pode haver complicações com infecção e formação de pus, requerendo drenagem e levando a sequelas e, por vezes, ao encurtamento dos dedos (figura 3).
Na criança maior, as localizações ósseas são predominantemente nos ossos longos do braço, antebraço, coxa e tíbia e, aí, a dor mais ou menos intensa pode coincidir com apenas inflamação autolimitada ou com agravamento e complicação para osteomielite e mesmo necrose óssea, implicando intervenção ortopédica (figura 4) com ablação do osso necrosado (sequestro).
Na necrose asséptica da cabeça do fémur, há destruição e achatamento da cabeça do fémur, revelados por dor local e coxeio. Ocorre, em geral, depois da puberdade e é mais frequente no sexo feminino (figura 5).
Anemia e subicterícia
Nestas crianças, a hiperactividade da medula (evidenciada pelo aumento de hemácias imaturas na circulação – os reticulócitos) não compensa a curta vida dos glóbulos vermelhos e a hemoglobina está sempre abaixo do normal. Isso é visível clinicamente por inspecção das palmas das mãos (figura 6) e comprovado no laboratório (tabela 1). Havendo um aumento do produto de degradação da hemoglobina, a Bilirrubina, o seu leve ou moderado aumento no sangue, pode observar-se
1 Índices hematológicos de uma série de doentes do CADA do HPDB
pela coloração subictérica das conjuntivas que muitos doentes apresentam (figura 7).
Úlcera da perna
As úlceras maleolares ocorrem por volta da puberdade, são superficiais, mas podem ser muito extensas e devastadoras, desde a sua fase inicial (figura 8) até à forma crónica bilateral (figura 9). Com uma enfermagem competente e os novos produtos de penso, pode haver uma regressão satisfatória.
Acidentes vasculares cerebrais
Embora possam ocorrer, em 25% das crianças, microinfartos silenciosos por obstrução da microcirculação cerebral por células falciformadas (só visíveis por ressonância magnética), os mais importantes são a ocorrência súbita de hemiplegia, por redução unilateral do fluxo sanguíneo de grandes artérias (carótida ou artérias cerebrais) por hiperplasia fibrosa do endotélio vascular e da camada muscular. São quadros graves e que podem ser recidivantes.
Priapismo
Alguns rapazes, mesmo antes da puberdade, podem experimentar erecção (nos mais novos, em geral, é a erecção matinal ou da bexiga cheia), a qual, longe de desfazer, persiste e pode prolongar-se por horas, criando mal-estar e dor. A persistência da erecção deve-se à dificuldade de esvaziamento dos corpos cavernoso e esponjoso do pénis, por obstrução do fluxo do sangue, tornado mais viscoso pelas hemácias falciformadas. Trata-se de uma emergência que pode ser superada com medidas de suporte, mas, por vezes, implica a intervenção de cirurgia vascular.
Imagens colhidas em doentes do CADA (Centro de Apoio Ao Doente Anémico) do Hospital Pediátrico David Bernardino
Referência: Luís Bernardino “ANEMIA DE CÉLULAS FALCIFORMES, PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DOENÇA E O SEU MANUSEAMENTO”, Luanda, 2019
A DREPANOCITOSE OU ANEMIA DE CÉLULAS
FALCIFORMES (ACF) CONSTITUI, A PAR DAS DOENÇAS INFECCIOSAS AGUDAS (E CADA VEZ MAIS, À MEDIDA QUE CONTINUAREM OS PROGRESSOS NO CONTROLO DESTAS), O MAIOR PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA DAS CRIANÇAS EM ANGOLA, TENDO EM VISTA A SUA PREVALÊNCIA E O SEU GRAU DE MORTALIDADE.
Dr. Luís Bernardino
Médico licenciado pela Universidade de Lisboa. Especialista em Pediatria em Glasgow Clínico Geral na Argélia e Residente dos Hospitais Ingleses (1964-1974). Pediatra no Serviço Nacional de Saúde Angolana e Docente da Faculdade de Medicina de Luanda (1975-2013). Director do Hospital Pediátrico de Luanda durante 15 anos. Professor aposentado da Faculdade de Medicina da UAN
AACF afecta 1,5% das crianças nascidas, cujo número presentemente excede um milhão por ano. Portanto, todos os anos, nascem cerca de 15 mil crianças doentes.
A doença manifesta-se desde os primeiros meses de vida, causa grande sofrimento às crianças afectadas e tem um conjunto de complicações que diminuem a qualidade de vida e determinam uma morte precoce.
A Sociedade Americana de Hematologia estimava, em 2016, que, de cada 100 crianças nascidas em África com ACF, apenas 10 atingiam a idade adulta.
Perspectivas de controlo
A tomada de medidas de controlo da doença deve fundar-se nas seguintes premissas:
• É uma doença para a qual não há cura, enquanto a consolidação das técnicas genéticas e de implantação da medula óssea não as tornarem procedimentos seguros e ao alcance da maioria da população;
• É uma doença genética resultante da aquisição de um gene recessivo de um dos progenitores, que só se manifesta se o outro progenitor doar o outro gene recessivo. Os progenitores, eles próprios, tendo um gene recessivo da doença, dominado por um gene normal, não manifestam a doença clinicamente (não são doentes, são portadores);
• A ACF tem uma prevalência aproximadamente igual em todas as províncias do país, onde se estima que uma em cada cinco pessoas é portadora do gene da doença;
• A doença evolui frequentemente segundo um padrão de:
(a) maior gravidade nos cinco primeiros anos de vida;
(b) menor sintomatologia e melhor qualidade vida (dos sobreviventes) até à puberdade, no que alguns autores chamam “a lua de mel”;
(c) recrudescimento e agravamento na adolescência. Há, contudo, uma grande variabilidade individual, por factores conhecidos e não conhecidos;
• A assistência precoce aos doentes, se possível desde o nascimento, pode prevenir as complicações infecciosas e hematológicas, combater atempadamente a dor e aumentar a qualidade e a esperança de vida do doente.
Medidas prioritárias de controlo da ACF
Por ordem de execução, as medidas prioritárias de controlo da ACF são:
• Criar em todas as províncias um núcleo com recursos laboratoriais e clínicos para diagnóstico e tratamento da doença;
• Educar sobre a doença e como se transmite, nomeadamente, junto dos pais e, sobretudo, dos futuros pais, disponibilizando a toda a população a oportunidade de fazer um teste para identificar a eventualidade de ser portador e, portanto, da conveniência de não constituir família com outro portador;
• Montar nas maternidades provinciais e municipais dispositivos para o diagnóstico neonatal;
A SOCIEDADE AMERICANA DE HEMATOLOGIA ESTIMAVA, EM 2016, QUE, DE CADA 100 CRIANÇAS NASCIDAS EM ÁFRICA COM ACF, APENAS 10 ATINGIAM A IDADE ADULTA
• Assegurar o funcionamento de clínicas dedicadas ao seguimento periódico da doença e ao tratamento das crises e que devem obrigatoriamente incluir:
1. Controlo da nutrição, crescimento e vacinação;
2. Profilaxia diária com penicilina oral nos primeiros cinco anos;
3. Suplementação de ácido fólico;
4. Administração de hidroxiureia;
5. Vigilância de complicações cerebrovasculares pela realização periódica de Doppler das artérias cerebrais;
6. Apoio ortopédico para complicações;
7. Vigilância de complicações renais;
8. Vigilância de complicações oculares.
Medidas executadas em Angola Infelizmente, várias das medidas propostas não estão a ser executadas:
• Inexistência de uma rede nacional de diagnóstico e tratamento, já proposta há alguns anos, e que é a condição necessária para implementar as outras medidas;
• Não existe, senão esporadicamente, educação para evitar o nascimento de crianças doentes através da despistagem de portadores e aconselhamento pré-matrimonial;
• Há dois anos que se suspendeu o diagnóstico neonatal nas clínicas onde o programa apoiado pela Chevron se tinha estabelecido;
• Continua a não se executar, pelo menos a partir dos 12 meses, exames Doppler regulares das artérias cerebrais;
• Continua a não haver apoio para a maioria das crianças beneficiarem do uso profilático da hidroxiureia, vendida a preços elevados à minoria que pode pagar.
Em conclusão, não será tão cedo que atingiremos países em que se tomaram as medidas apropriadas e as crianças doentes puderam ser adultas.
DOENÇA FALCIFORME É O NOME
GENÉRICO QUE SE DÁ A UM GRUPO DE ALTERAÇÕES GENÉTICAS DA HEMOGLOBINA, PIGMENTO QUE
DÁ COR VERMELHA AO SANGUE E TRANSPORTA O OXIGÉNIO DOS PULMÕES
PARA OS DIVERSOS TECIDOS DO ORGANISMO, CARACTERIZADAS POR UM PREDOMÍNIO DA HEMOGLOBINA
S E QUE INCLUI A VARIANTE HOMOZIGÓTICA (HEMOGLOBINOPATIA
SS, OU SEJA, ANEMIA FALCIFORME)
E A HETEROZIGÓTICA COMPOSTA, QUANDO EXISTE UMA ASSOCIAÇÃO
ENTRE A HEMOGLOBINA S E UMA OUTRA HEMOGLOBINA
ANORMAL (HEMOGLOBINOPATIAS
SC, HEMOGLOBINOPATIA SD, HEMOGLOBINOPATIA Sβ+, TALASSEMIA OU Sβ0 TALASSEMIA).
Dr. Feliciano Mangovo
Especialista em Hematologia do Instituto Hematológico Pediátrico Dra. Victória do Espírito Santo
Nas pessoas com a doença falciforme, os glóbulos vermelhos ficam mais rígidos e com maior dificuldade de fluir pelos vasos sanguíneos de pequeno calibre, formando aglomerados que impedem a oxigenação dos tecidos. Essa dificuldade gera áreas não oxigenadas e micro infartos locais, provocando crises dolorosas e comprometimento progressivo de diversos órgãos.
A anemia falciforme é uma doença genética (causada por uma alteração permanente num gene) e hereditária (que se transmite de geração em geração), já que se transmite de pais para filhos. Tem um padrão de herança de carácter autossómico recessivo, o que quer dizer que ambos os progenitores devem possuir a hemoglobina S, sendo portadores do traço falciforme (indivíduos AS) ou doentes (indivíduos SS). Vale realçar que as pessoas AS não devem ser consideradas doentes.
Etimologia
A doença pode ser denominada como anemia falciforme ou anemia drepanocítica, tendo em conta a origem da palavra, visto que Falx vem do latim e Drepanon do grego. Fazem referência ao que é a hoz (foice). Em inglês, nomeia-se com a sigla SCA (Sickle cell Anemia) ou SCD (Sickle cell Disease). É daí que vem a letra S que se dá à designação da hemoglobina que se está a formar.
Herança genética
A mutação ocorre no braço curto do cromossoma 11, que dará lugar à produção do ácido glutâmico ao invés da valina na posição 6 da cadeia beta da hemoglobina, resultando, dessa forma, o surgimento da hemoglobina S em detrimento da hemoglobina A.
A anemia falciforme manifesta-se entre as pessoas que herdam dois genes com alterações na hemoglobina S (um do pai e outro da mãe), conhecidos como indivíduos SS ou com anemia falciforme.
Quando a pessoa herda essa alteração apenas do pai ou da mãe, é considerada portadora do traço falciforme (o que chamamos de AS) e não terá a doença.
A ANEMIA FALCIFORME É UMA DOENÇA
GENÉTICA (CAUSADA POR UMA ALTERAÇÃO PERMANENTE NUM GENE) E HEREDITÁRIA (QUE SE TRANSMITE DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO), JÁ QUE SE TRANSMITE DE PAIS PARA FILHOS. TEM UM PADRÃO DE HERANÇA DE CARÁCTER AUTOSSÓMICO RECESSIVO, O QUE QUER DIZER QUE AMBOS OS PROGENITORES DEVEM POSSUIR A HEMOGLOBINA S, SENDO PORTADORES DO TRAÇO FALCIFORME (INDIVÍDUOS AS) OU DOENTES (INDIVÍDUOS SS). VALE REALÇAR QUE AS PESSOAS AS NÃO DEVEM SER CONSIDERADAS DOENTES
Exemplos:
Casal 1: Se o pai for portador do traço falciforme (AS) e a mãe for normal (AA), não terão filhos com anemia falciforme, mas 50% de possibilidade de ter um filho AS e 50% de possibilidade de ter um filho AA, em cada gestação do casal.
Casal 2: Se pai for AA e a mãe for paciente com anemia falciforme (SS), não terão filhos com a doença. Vale realçar que 100% dos filhos dessa relação serão portadores do traço falciforme, ou seja, serão AS.
Casal 3: Se o pai e a mãe forem AS, em cada gestação, o casal terá 25% de possibilidade de ter um filho AA, 25% de possibilidade de ter um filho com anemia falciforme (SS) e 50% de possibilidade de ter um filho AS.
Casal 4: Se o pai e a mãe forem SS, todos os filhos que surgirem dessa relação serão SS, tal como os pais, visto que transmitirão apenas a hemoglobina S aos filhos.
Vale realçar que a hemoglobina S não é a única hemoglobina anormal, daí a importância da realização de uma electroforese de hemoglobina quantitativa e não apenas o teste de falciformação, já que, para o progenitor que não tiver o traço falciforme, este teste é negativo, o que não exclui o risco de nascimento de uma criança heterozigótica composta, herdando a hemoglobina S de um pai e uma outra hemoglobina anormal da mãe, ou vice-versa.
A ÚLTIMA EDIÇÃO DAS ESTATÍSTICAS MUNDIAIS DE SAÚDE DIVULGADAS PELA
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) REVELA QUE A PANDEMIA DE COVID-19 INVERTEU A TENDÊNCIA DE AUMENTO CONSTANTE DA ESPERANÇA DE VIDA À NASCENÇA E DA ESPERANÇA DE VIDA SAUDÁVEL À NASCENÇA. ENTRE 2019 E 2021, A ESPERANÇA DE VIDA GLOBAL CAIU 1,8 ANOS, PARA 71,4 ANOS (UMA DESCIDA EM RELAÇÃO AO NÍVEL OBSERVADO EM 2012). DA MESMA FORMA, A ESPERANÇA DE VIDA SAUDÁVEL GLOBAL CAIU 1,5 ANOS, PARA 61,9 ANOS EM 2021 (TAMBÉM UM DECLÍNIO EM RELAÇÃO AO NÍVEL OBSERVADO EM 2012).
Orelatório, que contém dados até 2022, destaca a estagnação nos últimos anos no progresso relacionado com diferentes indicadores-chave de saúde, o que contrasta com as tendências observadas no período entre 2000 e 2015. Alerta igualmente para a ameaça crescente colocada pelas doenças não transmissíveis e pelas alterações climáticas e apela a uma resposta coordenada e decisiva.
O relatório inclui estatísticas actualizadas sobre os estragos da pandemia na saúde global, contribuindo para o retrocesso contínuo no progresso para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Em 2020-2021, a Covid-19 causou uns chocantes 336,8 milhões de anos de vida perdidos em todo o mundo, ou uma média de 22 anos de vida perdidos por cada morte extra.
EM 2020-2021, A COVID-19 CAUSOU UNS CHOCANTES 336,8 MILHÕES DE ANOS DE VIDA PERDIDOS EM TODO O MUNDO, OU UMA MÉDIA DE 22 ANOS DE VIDA PERDIDOS POR CADA
MORTE EXTRA
Desde 2000, assistimos a melhorias significativas na saúde materna e infantil, com as mortes a diminuírem num terço e meio, respectivamente. A incidência de doenças infecciosas como o VIH, a tuberculose e a malária também diminuiu e o risco de mortes prematuras por doenças não transmissíveis e lesões foi reduzido. Tudo isto contribuiu para um aumento da esperança de vida global de 67 anos em 2000, para 73 anos em 2019.
A pandemia, no entanto, afastou muitos indicadores relacionados com a saúde da sua meta e contribuiu para desigualdades no acesso a cuidados de saúde de alta qualidade, vacinação de rotina e protecção financeira. Como resultado, as tendências positivas na malária e na tuberculose inverteram-se e o número de pessoas tratadas para doenças tropicais negligenciadas diminuiu.
Desigualdade
O relatório destaca como os efeitos foram sentidos de forma desigual em todo o mundo. As regiões da OMS para as Américas e Sudeste Asiático foram as mais afectadas: entre 2019 e 2021, houve uma redução na esperança de vida de aproximadamente três anos e na esperança de vida saudável de 2,5 anos. Em contraste, a região do Pacífico Ocidental foi minimamente afectada durante os dois primeiros anos da pandemia: houve perdas de menos de 0,1 anos na esperança de vida e de 0,2 anos na esperança de vida saudável.
“Grandes avanços continuam a ser feitos na saúde global: milhares de milhão de pessoas desfrutam de melhor saúde, melhor acesso aos serviços de saúde e melhor protecção contra emergências de saúde”, afirma o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “Mas devemos lembrar o quão frágil pode ser o progresso. Em apenas dois anos, a pandemia de Covid-19 apagou uma década de ganhos na esperança de vida. É por isso que o novo Acordo sobre a Pandemia é tão importante: não apenas para fortalecer a segurança sanitária global, mas também para proteger os investimentos de longo prazo em saúde e promover a equidade dentro e entre os países”
Doenças não transmissíveis continuam a ser a principal causa de morte
A Covid-19 rapidamente se tornou uma das principais causas de morte, classificando-se como a terceira principal causa de morte em todo o mundo em 2020 e a segunda em 2021. Durante este período, perderam-se quase 13 milhões de vidas. As estimativas mais recentes revelam que, excepto nas regiões de África e do Pacífico Ocidental, a Covid-19 foi uma das cinco principais causas de morte e, especificamente, a principal causa de morte nas Américas durante os dois anos.
O relatório da OMS destaca ainda que as doenças não transmissíveis, como a doença isquémica cardíaca e o acidente vascular cerebral, os cancros, a doença pulmonar obstrutiva crónica, a doença de Alzheimer e outras demências e a diabetes eram as principais causas de morte antes da pandemia, sendo responsáveis por 74% de todas as mortes em 2019. Mesmo durante a pandemia, as doenças não transmissíveis continuaram a ser responsáveis por 78% das mortes não Covid.
Apesar dos ganhos gerais em termos de saúde, a percentagem de mortes causadas por doenças não transmissíveis, todos os anos, tem aumentado de forma constante e, hoje, estas são responsáveis por quase três quartos de todas as vidas perdidas. Se esta tendência se mantiver, espera-se que representem cerca de 86% dos 90 milhões de mortes por ano, até meados do século. Ou seja, serão a causa de 77 milhões de mortes, um aumento de quase 90% em termos absolutos desde 2019.
Aumento da obesidade e da subnutrição O mundo enfrenta um enorme e complexo problema de uma dupla carga de malnutrição: a subnutrição coexiste com o excesso de peso e a obesidade. Em 2022, mais de mil milhões de pessoas com 5 anos ou mais viviam com obesidade, enquanto mais de 500 milhões estavam abaixo do peso. A malnutrição infantil também foi impressionante, com 148 milhões de crianças com menos de 5 anos a sofrer de atraso de crescimento (demasiado pequenas para a sua
A PERCENTAGEM DE MORTES CAUSADAS POR DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, TODOS OS ANOS, TEM AUMENTADO DE FORMA CONSTANTE E, HOJE, ESTAS DOENÇAS SÃO RESPONSÁVEIS POR QUASE TRÊS QUARTOS DE TODAS AS VIDAS PERDIDAS. SE ESTA TENDÊNCIA SE MANTIVER, ESPERA-SE QUE REPRESENTEM CERCA DE 86% DOS 90 MILHÕES DE MORTES POR ANO ATÉ MEADOS DO SÉCULO
idade), 45 milhões a sofrer de emagrecimento (demasiado magras para a altura) e 37 milhões a ter excesso de peso.
O relatório salienta igualmente os importantes problemas de saúde com que se deparam as pessoas com deficiência, os refugiados e os migrantes. Em 2021, cerca de 1,3 mil milhões de pessoas, ou 16% da população mundial, tinham deficiência. Este grupo é desproporcionadamente afectado pelas desigualdades no domínio da saúde resultantes de doenças evitáveis e injustas.
O acesso a cuidados de saúde para refugiados e migrantes continua a ser limitado, com apenas metade dos 84 países inquiridos entre 2018 e 2021 a fornecer a estes grupos serviços de saúde financiados pelo governo a níveis comparáveis aos dos seus cidadãos. Este facto realça a necessidade urgente dos sistemas de saúde se adaptarem e responderem às desigualdades persistentes e à evolução das necessidades demográficas das populações mundiais.
Progressos na consecução dos ODS
Apesar dos retrocessos causados pela pandemia, o mundo avançou no caminho para a metas e em relação aos indicadores de saúde dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Desde 2018, mais 1,5 mil milhões de pessoas conseguiram melhorar a sua saúde e bem-estar. Não obstante, o aumento da obesidade, o elevado consumo de tabaco e a poluição atmosférica persistente estão a dificultar os progressos.
A cobertura universal de saúde foi ampliada para mais 585 milhões de pessoas, ficando aquém da meta de mil milhões. Além disso, é provável que, até 2025, apenas haja mais 777 milhões de pessoas devidamente protegidas de emergências de saúde, o que significa que a meta de mil milhões estabelecida no 13.º Programa Geral de Trabalho da OMS não foi atingida. Esta protecção é cada vez mais importante, uma vez que os efeitos das alterações climáticas e de outras crises globais ameaçam cada vez mais a segurança sanitária.
“Embora tenhamos feito progressos no sentido de atingir os três mil milhões de objectivo desde 2018, ainda há muito a fazer. Os dados são a superpotência da OMS. Precisamos usá-los melhor para alcançar maior impacto nos países”, disse Samira Asma, directora geral assistente da OMS para dados, análises e conformidade para o impacto. “Sem acelerar o progresso, é improvável que qualquer um dos ODS de saúde seja cumprido até 2030”
O TABACO MATARÁ MAIS DE OITO MILHÕES DE PESSOAS, NO MUNDO, TODOS OS ANOS, ATÉ 2030, SE AS ATUAIS TENDÊNCIAS SE MANTIVEREM, ESTIMA A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). 80% DAS MORTES OCORRERÁ EM PAÍSES DE BAIXA RENDA.
Num relatório lançado a 23 de Maio, a OMS define o consumo de tabaco como “uma epidemia global que assola países e regiões inteiros”, causando a maior parte dos danos nos países mais vulneráveis.
O consumo de tabaco continua a ser a principal causa de morte evitável a nível global, matando quase seis milhões de pessoas, todos os anos, devido ao cancro, doenças cardíacas, doenças respiratórias, doenças infantis, entre outras. Em todo o mundo, os prejuízos relacionados ascendem a biliões de dólares, todos os anos.
No relatório lançado em antecipação do Dia Mundial Sem Tabaco, assinalado a 31 de Maio, a OMS e a STOP, a entidade fiscalizadora da indústria do tabaco a nível global, destacam a forma como a indústria do tabaco e da nicotina “concebe produtos, lança campanhas de marketing e trabalha para moldar ambientes políticos propícios ao consumo”.
Cigarros electrónicos O relatório estima que existam cerca de 37 milhões de crianças de 13 a 15 anos que consomem tabaco, observando que, em muitos países, a taxa de consumo de cigarros electrónicos entre adolescentes excede a da população adulta. Na região europeia da OMS, 20% dos jovens de 15 anos inquiridos declarou ter consumido cigarros electrónicos nos 30 dias anteriores.
Estudos mostram que o consumo de cigarros electrónicos é quase três vezes superior ao de cigarros convencionais, especialmente entre os jovens não fumadores.
As tácticas para captar jovens consumidores passam por lançar produtos com uma enorme variedade de sabores e anúncios que os peritos consideram não ser dirigidos a adultos. Nesse sentido, a OMS pede aos governos que implementem medidas que desincentivem o consumo, como o aumento do preço do tabaco, já que a indústria continua a lançar produtos e prefere pagar multas.
A DISPONIBILIZAÇÃO DE VACINAS, A EXISTÊNCIA DE ÁGUA POTÁVEL E O SANEAMENTO BÁSICO E O DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS PARA PREVENIR INFECÇÕES PODERIAM EVITAR ANUALMENTE 750 MIL MORTES LIGADAS À RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA, INDICA UM ESTUDO DA REVISTA THE LANCET. AS ESTIMATIVAS SÃO DE QUE, TODOS OS ANOS, 7,7 MILHÕES DE MORTES, A NÍVEL MUNDIAL, SÃO CAUSADAS POR INFECÇÕES BACTERIANAS, O QUE REPRESENTA UMA EM CADA OITO.
4,95 milhões destas mortes estão associadas a bactérias que desenvolveram resistência aos antibióticos, refere a The Lancet. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma lista actualizada, incluindo 15 bactérias consideradas uma ameaça à saúde humana, devido à sua crescente resistência aos antibióticos. “O acesso a antibióticos eficazes é essencial para doentes em todo o mundo. O não fornecimento destes coloca-nos em risco de não cumprirmos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU relativos à sobrevivência infantil e ao envelhecimento saudável”, afirma a Professora Iruka Okeke, da Universidade de Ibadan, na Nigéria, co-autora da série de estudos da The Lancet. “Antibióticos eficazes prolongam vidas, reduzem incapacidades, limitam os custos de saúde e permitem outras acções médicas que salvam vidas, como a cirurgia. No entanto, a resistência antimicrobiana está a aumentar, acelerada pelo uso inadequado de antibióticos durante a pandemia de Covid-19, ameaçando a espinha dorsal da medicina moderna e levando a mortes e doenças que outrora teriam sido evitadas”
Grupos mais vulneráveis
Os bebés e as crianças, os idosos e os que sofrem de doenças crónicas são os mais vulneráveis à resistência antimicrobiana, devido ao seu maior risco de contrair infecções bacterianas em geral. Calculase que um terço das mortes de recémnascidos em todo o mundo é causado por infecções e metade destas por sépsis.
No caso dos idosos e doentes crónicos, os hospitais representam um “risco significativo”. A resistência antimicrobiana “compromete a segurança de procedimentos
médicos comuns, como transplantes de órgãos, substituições de articulações, quimioterapia e tratamento de doenças não transmissíveis, como diabetes, doenças cardiovasculares e pulmonares crónicas”, diz o estudo.
Prevenção
Para lutar contra a resistência antimicrobiana, os co-autores do estudo Joseph Lewnard, Professor na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Yewande Alimi, dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças – África, defendem que o mais importante deve ser a prevenção de infecções.
Das 750 mil mortes ligadas à resistência antimicrobiana que poderiam ser evitadas todos os anos, estima-se que melhorar a prevenção e o controlo de infecções nos estabelecimentos de saúde poderia salvar até 337 mil pessoas, o acesso universal à água potável e ao saneamento eficaz perto de 247.800 e o alargamento da imunização pediátrica e a introdução de novas vacinas 181.500.
Reduzir a utilização de antibióticos, quando o benefício para os doentes é limitado, e investir no acesso global a novos antibióticos, vacinas e testes de diagnóstico são outras das medidas defendidas no estudo, assim como um maior financiamento para programas de prevenção específicos.
Para 2030, o estudo propõe “metas globais ambiciosas, mas alcançáveis”, como uma redução de 10% na mortalidade por resistência antimicrobiana, através da intensificação das intervenções de saúde pública para prevenir infecções, de 20% no uso inapropriado de antibióticos em humanos e de 30% na utilização inadequada destes em animais.
“A
RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA COMPROMETE A SEGURANÇA DE PROCEDIMENTOS MÉDICOS COMUNS, COMO TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS, SUBSTITUIÇÕES DE ARTICULAÇÕES, QUIMIOTERAPIA E TRATAMENTO DE DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, COMO DIABETES, DOENÇAS CARDIOVASCULARES E PULMONARES CRÓNICAS”
A HIPERTENSÃO ARTERIAL (HTA) É UMA DOENÇA
DE EVOLUÇÃO GRADUAL, COM DURAÇÃO LONGA
OU INCERTA, E QUE APRESENTA MÚLTIPLAS
CAUSAS, CARACTERIZADA PELO AUMENTO PERSISTENTE DA PRESSÃO SANGUÍNEA NAS
ARTÉRIAS ACIMA DOS NÍVEIS NORMAIS, IGUAL
OU SUPERIOR A 140 MMHG SISTÓLICO E 90 MMHG DIASTÓLICO.
“O farmacêutico é o primeiro ponto de acesso à saúde, sendo veículo de informação, cuidado e acompanhamento; fundamental no processo de adesão e continuidade no tratamento medicamentoso de doenças crónicas, como a Hipertensão Arterial”.
Dra. Márida Santana da Silva
Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Jean Piaget de Angola, actuando em farmácias comunitárias desde 2015. Actualmente, Directora Técnica da Farmácia Sagrada Esperança –Novifarma Maianga e das Farmácias de Coimbra
Por se tratar de uma doença silenciosa, pacientes com histórico familiar, obesidade, sedentarismo, ansiedade e stress, tabagismo, alcoolismo e alimentação com sal em excesso devem prestar atenção aos sinais e sintomas desta doença e optar por um estilo de vida melhor, combinado com rastreios da pressão arterial.
Quando não controlada, esta doença é catalisadora do acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma, insuficiência cardíaca, ataque cardíaco e doença renal crónica. Desta forma, é imprescindível o controlo de sintomas como:
• Dores de cabeça, sobretudo na parte posterior;
• Vertigens;
• Zumbido no ouvido;
• Visão embaçada;
• Sangramento nasal;
• Desmaios.
O tratamento eficaz da HTA requer uma abordagem multidisciplinar, com o envolvimento de diversos profissionais de saúde. Para isso, o farmacêutico é o agente de saúde mais acessível às comunidades, desempenhando um papel activo e fulcral na educação do paciente relativamente à prevenção de doenças crónicas, à melhor e maior adesão ao tratamento medicamentoso e ao melhor acompanhamento do tratamento, caso existam evidências da doença, à intervenção no controlo dos parâmetros da pressão arterial e à interacção com os médicos para correcções e ajustes na terapêutica.
Desta forma, o farmacêutico actuará no âmbito do rastreio, aproveitando as oportunidades conferidas pelas visitas ocasionais do doente à farmácia, e no seguimento do doente, onde terá oportunidade de:
• Diagnosticar um regime farmacoterapêutico inadequado (dosagem demasiado baixa, associações inadequadas de anti-hipertensores ou interacções medicamentosas);
• Avaliar a eficácia da terapêutica;
• Promover a adopção de um estilo de vida saudável, uma dieta rica em fruta e vegetais, bem como medidas complementares, como a automedição da pressão arterial;
• Promover e reforçar a adesão à terapêutica e a toma de suplementos alimentares.
Essas responsabilidades realizadas pelo farmacêutico junto das comunidades, dentro e fora de farmácias comunitárias, através de acções de conscientização sobre a hipertensão arterial, configuram um impacto positivo para a população, desde a garantia da informação a todos os níveis, desmistificando conceitos errados sobre a patologia, reduzindo o número de pacientes que vão a óbito por intoxicação ou não adesão ao tratamento e o agravamento de doenças renais que contribuem negativamente para os custos do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
É importante que o farmacêutico angolano se capacite continuamente e perceba a importância do seu trabalho em prol da saúde da comunidade em que se encontra inserido, pois existe uma enorme janela de oportunidades para desenvolver-se e destacar-se como profissional de saúde.
Fontes:
1. Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redon J, Zanchetti A,
2. Cheema E, Sutcliffe P, Singer DR. The impact of interventions by pharmacists in community pharmacies on control of hypertension:
controlled trials. Br J Clin Pharmacol. 2014. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/bcp.12452/epdf
and
of
NESTE ARTIGO CIENTÍFICO, IREI ABORDAR A IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO DE PARÂMETROS GLICÉMICOS E TENSIONAIS PARA A PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES EM PACIENTES DIABÉTICOS. ESTA PRÁTICA É FUNDAMENTAL PARA GARANTIR UM BOM CONTROLO DA DIABETES E EVITAR POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES GRAVES NO FUTURO.
MDra. Melanie Carla Cordeiro da Silva Neto González Médica especialista em Endocrinologia, Metabolismo e Nutrição. Membro da Sociedade Angolana de Endocrinologia e do Colégio de Especialidades de Endocrinologia. Responsável por diagnosticar e tratar doenças relacionadas com as hormonas e o metabolismo, cuida também de doenças muito prevalentes, como diabetes, obesidade, andropausa e menopausa, osteoporose, alterações de crescimento e puberdade em crianças e adolescentes, distúrbios na tiroide, até outras mais raras, como acromegalia e síndrome de Cushing. Endocrinologista efectiva da Clínica Sagrada Esperança
anter um acompanhamento regular dos parâmetros glicémicos e tensionais, seja através de exames de sangue, medição da pressão arterial e uso de dispositivos como glucómetros ajuda no ajuste do tratamento e na identificação precoce de qualquer alteração que possa surgir.
É sempre importante seguir as orientações do seu médico e manter um registo dessas medições. Dessa forma, terá um controlo maior sobre a sua saúde e poderá agir rapidamente, caso algo saia do esperado.
Novas abordagens no tratamento da diabetes têm sido objecto de intensa pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos. Alguns dos avanços mais promissores incluem:
• Terapias com insulina: novas formulações de insulina de acção mais rápida ou prolongada têm sido desenvolvidas para melhorar o controlo glicémico e facilitar a administração para os pacientes;
• Medicamentos incretínicos: fármacos que actuam no sistema incretínico, como os agonistas do receptor GLP-1 e os inibidores da DPP-4, têm-se mostrado eficazes no controlo da glicemia e na redução de complicações da diabetes;
• Monitoramento contínuo da glicose: dispositivos de monitoramento contínuo da glicose, como os sensores implantáveis ou os sistemas flash, permitem um acompanhamento mais preciso dos níveis de glicose e facilitam o ajuste da terapêutica;
• Pâncreas artificial: a tecnologia de pâncreas artificial combina a bomba de insulina com um monitor contínuo de glicose, permitindo um controlo automatizado da glicemia e reduzindo as oscilações nos níveis de açúcar no sangue;
• Terapias celulares e genéticas: pesquisas em terapias celulares, como o transplante de ilhotas pancreáticas ou a terapia com células-tronco, assim como em terapias genéticas visam restaurar a produção de insulina ou corrigir defeitos genéticos relacionados à diabetes.
Estas são apenas algumas das novas abordagens que estão a ser exploradas no tratamento da diabetes, com o objectivo de melhorar o controlo da doença, prevenir complicações e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes. É
importante ressaltar que cada pessoa com diabetes é única e o tratamento deve ser personalizado, de acordo com suas necessidades específicas.
Sem um acompanhamento adequado, os pacientes diabéticos correm o risco de desenvolver uma série de complicações de saúde. Algumas das complicações que podem surgir são:
• Hiperglicemia persistente: quando os níveis de glicose no sangue permanecem elevados por longos períodos. Isso pode levar a danos nos vasos sanguíneos, nervos e órgãos;
• Hipoglicemia: a falta de monitorização adequada da glicose também pode resultar em episódios de hipoglicemia, que são quedas perigosas nos níveis de açúcar no sangue;
• Doença cardiovascular: a diabetes mal controlada está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais;
• Problemas renais: a nefropatia diabética é uma complicação comum da diabetes, que pode levar à insuficiência renal se não for tratada precocemente;
• Problemas nos olhos: a retinopatia diabética é uma condição que afecta os olhos e pode levar à perda de visão, se não for diagnosticada e tratada a tempo.
Estas são apenas algumas das complicações que podem surgir em pacientes diabéticos sem um acompanhamento adequado. Por isso, é crucial manter um cuidado regular com a saúde, seguir as orientações médicas e realizar as monitorizações necessárias. Lembre-se de priorizar sua saúde em primeiro lugar.
É UMA DOENÇA MULTISSISTÉMICA DA MULHER GRÁVIDA, PRINCIPALMENTE A PARTIR DA 20.ª SEMANA, E PROGRIDE ATÉ AO PARTO E PUERPÉRIO, OU SÓ SE INICIA NO PUERPÉRIO. A RESPOSTA DEPENDE DA PROGRESSÃO DA MESMA, UMA VEZ QUE É UMA DOENÇA DA PLACENTA, E É INCURÁVEL SE NÃO SE PROCEDER À INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO. APESAR DAS DISCUSSÕES, DOS AVANÇOS, DOS ESTUDOS, DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO CORRECTO, A PRÉ-ECLÂMPSIA E A ECLÂMPSIA SÃO RESPONSÁVEIS POR ELEVADAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE MATERNA E PERINATAL.
Dra. Ana Van-Dúnem
Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Colégio de Especialidades do MINSA. Docente da Universidade Agostinho Neto - Faculdade de Medicina, no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Mestranda de Educação Médica e Consultora para a Área de Ginecologia e Obstetrícia da Clínica Sagrada Esperança
Apré-eclâmpsia é uma doença idiopática multissistémica, específica da gestação e puerpério. É responsável por cerca de 200 mil mortes maternas por ano, no mundo.
A sua incidência mundial é de 5% a 8 % e na população geral é de 3%. Consoante as gestações vão aumentando em número, vai reduzindo a percentagem de pré-eclâmpsia nas gravidezes subsequentes, quando se mantém o parceiro.
A pré-eclâmpsia gravídica, como doença multissistémica, ocorre na segunda metade da gestação. É caracterizada classicamente por hipertensão arterial sistólica (maior ou igual a 140-160 mg de Hg) e diastólica (maior ou igual a 90 -110 mg de Hg), medida em duas ocasiões com intervalo de quatro horas, proteinuria não selectiva, com proteínas de diferentes pesos moleculares, sendo a albumina a mais importante, com valores superiores a cinco gramas por litro nas 24 horas ou maior que 30 miligramas por decilitro (duas cruzes no teste quantitativo) em duas amostras ocasionais com intervalo de quatro horas, na ausência de sinais de infecção do trato urinário.
A determinação da proteinuria nas 24 horas é mais precisa, mas é demorada e passível de problemas na recolha. Deve-se fazer a determinação do quociente proteína/creatinina numa amostra ocasional de urina, realizando um teste rápido para avaliar a perda de proteínas. Tomando como nível significativo de proteína o limiar de 300 miligramas por litro, Stout et al. concluíram que a determinação ocasional de níveis
do quociente proteína/creatinina < 0,8 corresponde a proteinuria negativa e, no caso de > 1,19, a proteinuria é significativa. O resultado entre estes limites deve ser confirmado pela determinação quantitativa da urina das 24 horas.
É uma patologia caracterizada essencialmente por controvérsias, dúvidas, incertezas, qualquer que seja o aspecto considerado. Talvez por isso, seja a complicação obstétrica mais estudada e a que desperta mais interesse e mais discussão entre os pesquisadores.
Complicações
As complicações da pré-eclâmpsia/eclâmpsia são:
• Síndrome HELLP, que é caracterizada pelo atingimento do fígado, o principal órgão alvo das complicações da pré-eclâmpsia/eclâmpsia.
É UMA PATOLOGIA CARACTERIZADA
ESSENCIALMENTE POR CONTROVÉRSIAS, DÚVIDAS, INCERTEZAS, QUALQUER QUE SEJA O ASPECTO CONSIDERADO. TALVEZ POR ISSO, SEJA A COMPLICAÇÃO
OBSTÉTRICA MAIS ESTUDADA E A QUE DESPERTA MAIS INTERESSE E MAIS DISCUSSÃO ENTRE OS PESQUISADORES
Provoca esteatose micro vesicular (fígado gordo agudo da gravidez) ou apresenta-se sob o quadro de síndrome HELLP (hemólise, elevação das enzimas hepáticas, trombocitopenia). A síndrome HEELP é responsável por altas taxas de mortalidade materna até 24% e perinatal entre 30% a 40%. A gravidade da síndrome HELLP depende do número de plaquetas e divide-se em três classes (Martin et al): I II III. É, por vezes, confundida com os quadros de púrpura trombocitopénica trombótica (PTT) ou de coagulação intravascular disseminada, CID, situações muito mais raras do que a préeclâmpsia grave.
• Oligúria e insuficiência renal aguda. A oligúria, definida como uma redução do débito urinário inferior a 30 mililitros por hora ou inferior a 500 mililitros por 24 horas, que pode ser de origem renal ou pré-renal, está relacionada com as perturbações hemodinâmicas da doença. A hipovolémia característica do quadro, devida ao intenso vaso-espasmo, não permite tentar a sua correcção com a infusão de volumes significativos de fluidos, devido ao risco de insuficiência cardíaca congestiva e edema agudo de pulmão.
• Edema agudo de pulmão pode ser observado antes, durante e após o parto e é geralmente devido a sobrecarga hídrica, de origem heterogénica por excessiva administração de fluidos e consequente descompensação cardíaca. Mas também pode ter como génese a importante
diminuição da pressão coloide-oncótica característica da pré-eclâmpsia. Nas situações de eclâmpsia, o edema agudo de pulmão pode ser desencadeado por aspiração do conteúdo gástrico durante as convulsões.
• Coagulação intravascular disseminada (CID). Um quadro de CID pode ser identificado pelos testes correntes em cerca de 20% das grávidas com pré-eclâmpsia/ eclâmpsia, mas só se evidencia clinicamente em menos de 10%. Na pré-eclâmpsia, os factores desencadeantes estão relacionados com as alterações do endotélio, a libertação de factores tromboplastinicos (placenta, LA, etc.), a micro angiopatia provocada pelo vaso espasmo, o consumo local de plaquetas e fibrinogénio, entre outros factores. A gravidez é implicada obrigatoriamente neste processo, pelo que sempre que se associam a deterioração da função renal ou hepática ou as hemorragias espontâneas. O tratamento exige a interrupção da gestação.
• Complicações visuais. Devido à hipertensão arterial, podem surgir escotomas, até a amaurose de origem central, que deverão atribuir-se aos espasmos arteriolares, ao edema ou, raramente, ao descolamento de retina.
Outras complicações
Epigastrialgia ou dor no hipocôndrio direito, sintoma álgido causado pelo edema hepático ou hemorragia subcapsular relacionamse habitualmente com o agravamento da situação clínica, podendo preceder de perto ao desencadeamento de convulsões, em caso de pré-eclâmpsia grave. As convulsões provocadas pelo edema cerebral, pelo aumento da pressão intracraniana e pelas hemorragias perivasculares podem ocorrer antes, durante ou nas primeiras 48 horas após o parto.
A PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA É
UMA PATOLOGIA QUE PROVOCA
AUMENTO DA MORTALIDADE
MATERNO-FETAL, INSUFICIÊNCIA
RENAL, EDEMA AGUDO DO PULMÃO, ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO
HEPÁTICA E HEMATOLÓGICAS, COM
SURGIMENTO DA SÍNDROME HELLP, COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR
DISSEMINADA, HEMORRAGIA
CEREBRAL E MORTE, QUE PODE SER
MATERNA E FETAL
As convulsões na eclâmpsia são precedidas de um quadro de pré-eclâmpsia com aura, pelo que se deve proteger a língua, para evitar mordedura e aspiração do líquido consequente. Nos casos em que surge hemorragia menos grave, pode instalarse uma hemiplegia como sequela; nos casos mais graves, com hemorragia cerebral maciça, a consequência é a morte súbita da grávida.
Um coma persistente ou uma profunda alteração da consciência estão habitualmente ligados a edema cerebral importante. A apneia, durante as convulsões, um estado de hipoxia hipercapnia e acidose láctica, instala-se porque o feto pode apresentar sinais cardiotocógrafos de hipoxia aguda (bradicardia), que, se persistir por mais de alguns minutos, poderá ser indicativo de despreendimento prematuro de placenta normalmente inserida (DPPNI).
Em conclusão, pode se dizer que a préeclâmpsia/eclâmpsia é uma patologia que provoca aumento da mortalidade maternofetal, insuficiência renal, edema agudo do pulmão, alterações da função hepática e hematológicas, com surgimento da síndrome HELLP, coagulação intravascular disseminada, hemorragia cerebral e morte, que pode ser materna e fetal.
Hemorragias do primeiro trimestre
A referência a uma perda de sangue de presumida origem genital é um dos mais frequentes motivos de recurso aos serviços de urgência ou de queixa em consulta por parte das grávidas. Os principais objectivos da abordagem inicial destas situações são identificar a origem da hemorragia e avaliar a sua gravidade e a repercussão sobre o estado geral da grávida e a evolução da gravidez. A anamnese deve tentar esclarecer com clareza a duração e as características da perda, as circunstâncias do seu aparecimento e a presença de sintomas acompanhantes, nomeadamente dores pélvicas.
A existência eventual de queixas urinárias ou anais deve, de igual modo, ser explorada e valorizada, dado que a origem do sangue poderá, de facto, não residir na esfera genital. A inspecção perineal e dos genitais externos e o exame ao
espéculo permitirão verificar a existência da hemorragia e a sua abundância, aspecto e origem anatómica. Será possível atribuir o sangramento ao interior do útero ou do canal cervical ou, pelo contrário, a uma outra localização: caso não seja evidente uma hemorragia activa, deve sempre pressupor-se a sua origem uterina.
O toque vaginal bimanual identifica o útero e regiões anexais, definindo eventuais alterações de tamanho, forma e consistência e a presença ou não de dor à exploração.
A confirmação de uma gravidez, através de um teste imunológico de gravidez na urina da doente, é essencial para o prosseguimento da orientação clínica da situação.
Face a uma hemorragia de origem intrauterina, ou pressupostamente intrauterina, numa mulher grávida, três hipóteses de diagnóstico obstétrico se perfilam: aborto, gravidez ectópica e doença trofoblástica gestacional. O exame ecográfico pélvico constituirá o instrumento decisivo para a orientação diagnósticoterapêutica ulterior.
Aborto precoce
O aborto é considerado precoce quando ocorre nas primeiras 12 semanas de gestação e tardio após esta idade gestacional e é identificado clinicamente num quarto das mulheres, ao longo da sua vida reprodutiva.
Cerca de uma em cada sete gerações clinicamente identificadas tem por desfecho um aborto, que ocorre nas primeiras 12 semanas em 80% dos casos.
Modelos probabilísticos baseados num conjunto grande, mas heterogéneo, de dados empíricos indicam que cerca de 25% a 30% de todas as fecundações perdem-se numa fase pré-clínica.Nas gestações identificadas clinicamente, a taxa de aborto rondará os 10% a 15%.
O aborto espontâneo precoce é, assim, um acontecimento comum do ponto de vista dos prestadores de cuidados de saúde, mas é sempre um acidente inesperado e de contornos mais ou menos dramáticos para os casais.
Os factores de risco são:
• Idade materna: aos 20 anos, o risco de aborto é de cerca de 12% e aos 40 anos de 26%;
• Idade gestacional: o risco de aborto reduz-se rapidamente depois das 12 semanas;
• Antecedentes de aborto: o risco de novo aborto, após um anterior, é de 20%, subindo para 28% após dois abortos e para 43% após três abortos.
O mecanismo pelo qual é promovida a expulsão do conteúdo uterino, no aborto espontâneo precoce, tem semelhanças biológicas com mecanismos de trabalho de parto (PT), relacionando-se com a activação local da síntese e com a libertação de prostaglandinas (PG), que conduzem ao desencadeamento de contracções uterinas e dilatação do colo.
São várias as causas possíveis do aborto espontâneo precoce: dominam as anomalias intrínsecas do produto de concepção, com particular saliência para as cromossomopatias, sendo a prevalência destas menor à medida que aumenta a idade gestacional.
Os factores que causam aborto precoce são:
• Anomalias ovulares;
• Doenças maternas;
• Exposição a agentes físicos e químicos;
• Factores imunológicos;
• Trombofilias;
• Anomalias anatómicas uterinas;
• Disfunções endócrinas.
As formas de apresentação de aborto espontâneo precoce são:
• Ameaça de aborto;
• Aborto retido ou aborto diferido;
• Aborto em evolução;
• Aborto incompleto;
• Aborto completo;
• Aborto de repetição ou recorrente.
Orientação clínica:
• Ameaça de aborto Repouso; Terapêutica hormonal; Prognóstico após ameaça de aborto.
• Aborto retido/aborto incompleto Atitude expectante; Terapêutica médica; Tratamento cirúrgico (curetagem- aspiração); Cuidados complementares e complicações.
• Orientação após aborto Aconselhamento contraceptivo; Quando iniciar o contraceptivo?
Bibliografia: Graça, LM, Hipertensão Arterial na Grávida – Medicina Materno-Fetal, 5.ª edição 2018, 424:442
Júlio Catarina, Francisco Carla, Dias Elsa, Campos Ana – Pré-eclâmpsia Protocolos de Actuação da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, 2.ª edição 2011, 39:48
WHO: Mathai Matthews, Sanghvi Harshad, Guidotti Richard J. – Manejo das Complicações na Gestação e no Parto 2005, 135:148 Correa Júnior, Mário Dias, Correa, Mário Dias – Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia, Noções Prácticas de Obstetrícia 14.ª edição, 2011, 401:425 Barbosa Montenegro, C.A., Resende Filho, Jorge de Obstetrícia Fundamental, Toxémia Gravídica – Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia, 14.ª edição, 2018, 323:343
A 12 DE MAIO, CELEBRAMOS OS ENFERMEIROS DE TODAS AS ÁREAS E EM TODO O MUNDO, DESTACANDO A SUA HABILIDADE EMOCIONAL, EMPATIA, ÉTICA, CONHECIMENTO, RESPONSABILIDADE, COMPETÊNCIA, EM SUMA, A SUA SABESTANIA.
Enfermeira Iolanda Almeida
Enfermeira Coordenadora do Bloco Operatório do Luanda Medical Center
Àprimeira vista, a actuação do enfermeiro parece simples e desprovida de mistérios. No entanto, ao aprofundarmos o nosso entendimento, quer enquanto profissionais da área, quer enquanto pessoas com necessidade de cuidados de saúde, percebemos rapidamente a abrangência da mesma.
O impacto causado pela presença dos enfermeiros é notório em diversos sectores da saúde e a mesma é decisiva nos variados níveis hierárquicos.
Estima-se que sejamos aproximadamente 44 mil enfermeiros e técnicos registados, de entre os 28 milhões profissionais no mundo (de acordo com um estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde sobre o estado da enfermagem no mundo, em 2020).
Sou enfermeira desde Setembro de 1995. Ao longo deste período, acompanhei a evolução social, científica e tecnológica dos últimos anos. Abordar a evolução da enfermagem como profissão, actualmente, leva-me a pensar que a definição estabelecida, embora precisa, deve capturar com determinação os ventos da mudança e fazer acontecer.
NO CONTEXTO ACTUAL EM QUE VIVEMOS, DEPARAMONOS DIARIAMENTE COM NOVAS TENDÊNCIAS, QUE INFLUENCIAM DIRECTAMENTE A NOSSA EXPERIÊNCIA
ENQUANTO PROFISSIONAIS. POR UM LADO, OBSERVAMOS UM AVANÇO SIGNIFICATIVO NOS SABERES TEÓRICOCIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS; POR OUTRO LADO, O AUMENTO EXPRESSIVO DAS EXIGÊNCIAS E CARÊNCIAS, QUE POTENCIA O RISCO DE DECLÍNIO NAS COMPETÊNCIAS HUMANAS E COMPORTAMENTAIS
No contexto actual em que vivemos, deparamonos diariamente com novas tendências, que influenciam directamente a nossa experiência enquanto profissionais. Por um lado, observamos um avanço significativo nos saberes teóricocientíficos e tecnológicos; por outro lado, o aumento expressivo das exigências e carências, que potencia o risco de declínio nas competências humanas e comportamentais. Sendo que também se observa o inverso.
Repensar a profissão e implementar estratégias que visem equilibrar estes aspectos são medidas cruciais. Na minha perspectiva, tais acções podem constituir os pilares fundamentais para a adaptação às exigências actuais, representando uma oportunidade para promover mudanças que
elevem a dignidade e, assim, evitem a redução do contingente de profissionais ao longo do tempo. Deste modo, potenciamos novos saberes, que nos permitem criar meios que vão adicionar competências mais adaptadas à realidade actual e corresponder às necessidades do profissional enquanto pessoa.
Na essência, somos indivíduos com a responsabilidade de cuidar de outrem na sua infinitude.
Feliz Dia do Enfermeiro.
A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA, DESDE O NASCIMENTO ATÉ OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA, TEM REPERCUSSÕES AO LONGO DE TODA A VIDA DO INDIVÍDUO. O ALEITAMENTO MATERNO É UM IMPORTANTE COMPONENTE DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL ÓPTIMA, SENDO QUE O LEITE MATERNO, ISOLADAMENTE, É CAPAZ DE NUTRIR ADEQUADAMENTE A CRIANÇA NOS PRIMEIROS 6 MESES DE VIDA. PORÉM, APÓS ESTA IDADE, DEVE SER COMPLEMENTADO COM OUTROS ALIMENTOS.
As fases iniciais da vida são de extrema importância para o desenvolvimento humano e sofrem influências dos factores nutricionais e metabólicos determinantes para o crescimento e desenvolvimento saudáveis. Estes hábitos alimentares adquiridos vão repercutir-se na fase adulta e provocam implicações no estado de saúde.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda-se que a introdução de alimentos sólidos ou líquidos tenha início logo após os 6 meses, fase em que a criança já necessita de suplementação para suprir as suas
DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), RECOMENDA-SE QUE A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS SÓLIDOS OU LÍQUIDOS TENHA INÍCIO LOGO APÓS OS 6 MESES, FASE EM QUE A CRIANÇA JÁ NECESSITA DE SUPLEMENTAÇÃO PARA SUPRIR AS SUAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS
E DE FERRO
necessidades energéticas e de ferro. Além disso, o sistema digestivo da criança não se encontra fisiologicamente preparado para receber alimentos sólidos antes do período recomendado. A recomendação é que a amamentação seja mantida paralelamente a esta introdução de alimentos sólidos ou líquidos até, pelo menos, os 2 anos de idade.
A introdução de outros alimentos à dieta do lactente é uma fase crítica pela alta susceptibilidade de levar a criança ao défice nutricional e ao desenvolvimento de doenças infecciosas e alergias alimentares.
A introdução alimentar precoce parece directamente relacionada com o aumento do risco de crianças em idade pré-escolar apresentarem diagnóstico de excesso de peso, alergias alimentares, desnutrição e anemia.
Inicialmente, os alimentos sólidos devem ser introduzidos após aleitamento materno ou uso de biberão, para garantir uma nutrição adequada. Em geral, recomenda-se a introdução de um único alimento novo a cada intervalo curto de dias, de forma que se possa identificar possíveis alimentos com potencial alergénico. Os alimentos não precisam ser introduzidos numa ordem específica, embora devam ser introduzidos gradualmente, aumentando-se a textura dos mesmos.
Além disso, a definição do período adequado para iniciar a introdução dos alimentos deve levar em consideração a maturidade fisiológica e neuromuscular da criança (mastigação, deglutição, digestão e excreção), que a habilita a receber outros alimentos além do leite materno. Até aos 4 meses de idade, a criança ainda não atingiu o desenvolvimento fisiológico necessário para que possa receber alimentos sólidos, não obtém o controlo neuromuscular da cabeça e do pescoço para mostrar desinteresse ou saciedade, afastando a cabeça ou jogando-a para trás.
INADEQUADAS RECORRENTES NA INTRODUÇÃO ALIMENTAR PRECOCE FEREM DIRECTAMENTE A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA É FUNDAMENTAL PARA O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. CONTUDO, MUITAS CRIANÇAS AINDA RECEBEM A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR INDEVIDA, PELA FALTA DE ORIENTAÇÃO E INFORMAÇÕES DOS PAIS, ACARRETANDO PROBLEMAS FUTUROS
Dra. Cristina Henriques
Farmacêutica e Marketing Manager na Baldacci Portugal
A PELE DO BEBÉ É O FOCO DE ATENÇÃO NOS PRIMEIROS MESES. SE É PAPÁ OU MAMÃ, PRINCIPALMENTE DE PRIMEIRA VIAGEM, E ESTÁ SOBRECARREGADO COM INFORMAÇÕES E CONSELHOS DE QUE NEM SEMPRE PRECISA, NÃO ENTRE EM PÂNICO. VAMOS TENTAR AJUDÁ-LO!
Mas porque é que a pele do bebé é tão sensível? E tão fina?
Devido à sua imaturidade, a pele do bebé é sensível, fina, frágil e com pH neutro, o que diminui, significativamente, a sua função de defesa contra a excessiva proliferação microbiana e a torna mais susceptível ao ressecamento, ao traumatismo e à toxicidade. Assim, dermocosméticos destinados à sua higiene, hidratação e protecção requerem uma formulação especial.
Existem três fases em que os cuidados com a pele do bebé são principais:
Banho
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda-se que o primeiro banho seja dado apenas 24 horas após o parto, devido ao risco de hipotermia durante e após o banho. Deve ser de curta duração, no máximo cinco minutos, e a temperatura da água deve estar próxima da temperatura corporal (37ºC a 37,5ºC). O banho deve ser diário ou em dias alternados.
No bebé com pele saudável, os produtos para o banho devem ser suaves, sem sabão agressivo, com pH neutro (ou o mais próximo possível). O Lauroderme® Champô, Lauroderme® Gel de Banho, Lauroderme® Sabonete são indicados para os bebés desde os primeiros dias de vida, dermatologicamente testados e com pH próximo do neutro.
Após o Banho Recomenda-se aplicar um emoliente adequado que, além de tratar a pele seca, proteja a integridade do estrato córneo e da barreira cutânea. A utilização dos emolientes, após e durante o banho, também pode ter algum benefício em crianças com maior risco de desenvolver atopia (com historial familiar). O Lauroderme® Creme Hidratante Corporal protege a pele do bebé, tendo uma composição enriquecida em ingredientes com acção emoliente, hidratante, antimicriobiana e antioxidante, que hidratam e confortam a pele do bebé.
DERMOCOSMÉTICOS
DESTINADOS À SUA HIGIENE, HIDRATAÇÃO E PROTECÇÃO
REQUEREM UMA FORMULAÇÃO ESPECIAL
Zona da fralda/muda fralda
A irritação na área da fralda é causada pelo contacto prolongado com urina e fezes, pelo calor, pela humidade e pela fricção. Manter esta zona seca é a chave para a prevenção da irritação da pele. O Lauroderme® Muda Fralda protege a pele do seu bebé das assaduras no uso das fraldas, visto ser enriquecido com óleos vegetais, extracto de camomila, vitamina E e pantenol. Os seus óleos vegetais, juntamente com óxido de zinco, ajudam a repelir a humidade e formam uma barreira protectora da pele.
Em resumo, para cuidar do seu bebé, precisa de ter em consideração 4 passos muito simples:
• Lavar: escolha produtos adequados para bebés;
• Secar: depois do banho, seque com pequenos toques com a toalha de algodão macia, não esfregando, tendo em atenção todas as preguinhas;
• Proteger: escolha tecidos hipoalergénicos e de algodão;
• Hidratar: escolha produtos nutritivos para o rosto e corpo.
Na marca Lauroderme®, encontrará todos os cuidados para o seu bebé, desde a higiene, hidratação e muda da fralda. Não descuramos o cuidado da mamã, que é muito importante também.
Na amamentação, é fulcral proteger, amaciar e manter hidratada a pele dos mamilos e auréolas. O Lauroderme® Lanolina, constituído por lanolina pura e óleo de lanolina, irá ter uma acção nutritiva e preventiva no aparecimento de fissuras durante a amamentação.
Lauroderme® é uma marca com mais de 70 anos de mercado. Prescrita, aconselhada e reconhecida pelos profissionais de saúde e utentes, é, assim, uma marca de confiança para toda a família, desde os mais novos aos mais idosos.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DA SAÚDE (OMS) CONGRATULOU-SE COM O TRABALHO DOS ESTADOS-MEMBROS PARA MELHORAR A SAÚDE DAS POPULAÇÕES, DURANTE A 77.ª ASSEMBLEIA MUNDIAL DA SAÚDE, RECENTEMENTE REALIZADA.
“Esta é a única das três metas que estimamos que será alcançada, prevendo-se que 1,5 mil milhões de pessoas desfrutem de melhor saúde e bem-estar até 2025”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Segundo a OMS, em 150 países, o consumo de tabaco está a diminuir. Face há dois anos, há menos 19 milhões de fumadores. Entre 2020 e 2022, mais de 90 países aumentaram os impostos sobre o tabaco.
Também em 2023, 13 países aprovaram ou implementaram medidas para eliminar as gorduras trans, encontradas sobretudo em alimentos ultra processados. “Quase metade da população mundial está agora protegida por tais medidas, em comparação com apenas 7% em 2018”, adiantou. A OMS calcula que aquelas medidas reduziram em dois terços o número das mortes devido às gorduras trans.
Emergências
O ano passado, a OMS respondeu a 65 emergências, incluindo os terramotos na Turquia e na Síria e os conflitos em Gaza, na Ucrânia, na
Etiópia, no Haiti, no Sudão, em Myanmar e na República Democrática do Congo, entre outros. Os surtos de doenças mais preocupantes foram os de cólera, dengue, difteria, hepatite E, sarampo e varíola dos macacos.
De acordo com as contas da agência das Nações Unidas para a saúde, até 2025, 777 milhões de pessoas estarão mais bem protegidas contra emergências de saúde, o que representa três quartos do objectivo estabelecido.
O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus indicou também que 2023 foi no apoio ao acesso a medicamentos e outros produtos de saúde.
“Pré-qualificámos 120 medicamentos, vacinas, diagnósticos e outros produtos para o VIH, malária, tuberculose multirresistente, ébola, poliomielite e Covid-19, bem como os primeiros análogos de insulina de acção prolongada”, detalhou o director geral da OMS, adiantando ainda que foram emitidos oito alertas para produtos médicos de qualidade inferior ou falsificados.
A OMS também continua a apoiar os países na resposta à crescente crise de resistência antimicrobiana, que mata, pelo menos, 1,3 milhões de pessoas todos os anos.
Cobertura universal de saúde
Em relação à meta de mais mil milhões de pessoas beneficiarem da cobertura universal de saúde até 2025, o responsável lamentou que as estimativas apontem apenas para 585 milhões.
As alterações climáticas poderão ser a maior ameaça para a saúde, pelo que 149 países assinaram a declaração sobre o tema saída da Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP28), no final de 2023.
AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ESTÃO A CONTRIBUIR DIRECTAMENTE PARA EMERGÊNCIAS HUMANITÁRIAS
DECORRENTES DE VAGAS DE CALOR, INCÊNDIOS FLORESTAIS, INUNDAÇÕES, TEMPESTADES TROPICAIS E FURACÕES E ESTÃO A AUMENTAR EM ESCALA, FREQUÊNCIA E INTENSIDADE. AS PESQUISAS MOSTRAM QUE 3,6 MIL MILHÕES DE PESSOAS VIVEM EM ÁREAS ALTAMENTE SUSCEPTÍVEIS
ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.
ENTRE 2030 E 2050, PREVÊ-SE QUE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
PROVOQUEM CERCA DE 250 MIL
MORTES ADICIONAIS POR ANO, SÓ POR SUBNUTRIÇÃO, MALÁRIA, DIARREIA E STRESS TÉRMICO.
As alterações climáticas constituem uma ameaça fundamental para a saúde humana. Afectam o ambiente físico, bem como todos os aspectos dos sistemas naturais e humanos, incluindo as condições sociais e económicas e o funcionamento dos sistemas de saúde. São, portanto, um multiplicador de ameaças, minando e potencialmente revertendo décadas de progresso na saúde.
À medida que as condições climáticas mudam, observam-se eventos meteorológicos e climáticos mais frequentes e cada vez mais intensos, incluindo tempestades, calor extremo, inundações, secas e incêndios florestais. Estes perigos meteorológicos e climáticos afectam a saúde directa e indirectamente, aumentando o risco de mortes, doenças não transmissíveis, o aparecimento e propagação de doenças infecciosas e emergências sanitárias. Estima-se que os custos dos danos directos para a saúde (excluindo os custos em sectores determinantes para a saúde, como a agricultura, a água e o saneamento) se situem entre dois mil e quatro mil milhões de dólares por ano, até 2030, refere a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Impacto das alterações climáticas na saúde O Sexto Relatório de Avaliação (RA6) do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (PIAC) concluiu que os riscos climáticos estão a aparecer mais rapidamente e tornar-se-ão mais graves mais cedo do que anteriormente se esperava.
Apesar de contribuírem minimamente para as emissões globais, os países de baixo rendimento e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento sofrem os impactos mais severos na saúde. Nas regiões vulneráveis, a taxa de mortalidade por eventos climáticos extremos, na última década, foi 15 vezes maior do que nas menos vulneráveis.
As alterações climáticas estão a afectar a saúde de inúmeras formas, provocando a morte e a doença devido a fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais
ESTIMA-SE QUE OS CUSTOS DOS DANOS DIRECTOS PARA A SAÚDE (EXCLUINDO OS CUSTOS EM SECTORES DETERMINANTES PARA A SAÚDE, COMO A AGRICULTURA, A ÁGUA E O SANEAMENTO) SE SITUEM ENTRE DOIS MIL E QUATRO MIL MILHÕES DE DÓLARES POR ANO, ATÉ 2030, REFERE A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
frequentes, como vagas de calor, tempestades e inundações, perturbações dos sistemas alimentares, aumento das zoonoses e das doenças transmitidas por alimentos, água e vectores e problemas de saúde mental. Além disso, estão a minar muitos dos determinantes sociais para uma boa saúde, como os meios de subsistência, a igualdade e o acesso aos cuidados de saúde e às estruturas de apoio social.
Estes riscos para a saúde sensíveis ao clima são sentidos de forma desproporcionada pelos mais vulneráveis e desfavorecidos, incluindo as mulheres, as crianças, as minorias étnicas, as comunidades pobres, os migrantes ou as pessoas deslocadas, as populações idosas e as pessoas com problemas de saúde subjacentes.
Dados da OMS indicam que dois mil milhões de pessoas carecem de água potável e 600 milhões sofrem de doenças transmitidas por alimentos anualmente, sendo as crianças com menos de 5 anos responsáveis por 30% das mortes transmitidas por alimentos. Em 2020, 770 milhões enfrentaram a fome, predominantemente em África e na Ásia. As alterações climáticas afectam a disponibilidade, a qualidade e a diversidade dos alimentos, agravando as crises alimentares e nutricionais.
As alterações de temperatura e precipitação potenciam a propagação de doenças transmitidas por vectores. Sem medidas preventivas, as mortes por estas doenças, actualmente superiores a 700 mil por ano, podem aumentar.
Pesquisas recentes atribuem 37% das mortes relacionadas ao calor às mudanças climáticas induzidas pelo homem. As mortes relacionadas com o calor entre as pessoas com mais de 65 anos aumentaram 70% em duas décadas. Em 2020, mais 98 milhões experimentaram insegurança alimentar em comparação com a média de 1981-2010.
A OMS projecta, de forma conservadora, 250 mil mortes anuais adicionais, até à década de 2030, devido aos impactos das alterações climáticas em doenças como a malária e as inundações costeiras.
DADOS DA OMS INDICAM QUE DOIS MIL MILHÕES DE PESSOAS CARECEM DE ÁGUA POTÁVEL E 600 MILHÕES SOFREM DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS ANUALMENTE, SENDO AS CRIANÇAS COM MENOS DE 5 ANOS RESPONSÁVEIS POR 30%
DAS MORTES TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS
Alterações climáticas e equidade
A crise climática ameaça desfazer os últimos 50 anos de progresso. Compromete gravemente a realização da cobertura universal de saúde de várias formas, incluindo ao agravar a carga de doença existente e ao exacerbar as barreiras existentes ao acesso aos serviços de saúde, muitas vezes nos momentos em que são mais necessários. Mais de 930 milhões de pessoas – cerca de 12% da população mundial – gastam, pelo menos, 10% do seu orçamento familiar para pagar cuidados de saúde. Com as pessoas mais pobres em grande parte sem seguro, os choques e as tensões na saúde empurram actualmente cerca de 100 milhões de pessoas para a pobreza todos os anos, com os impactos das alterações climáticas a agravarem esta tendência.
Embora ninguém esteja a salvo destes riscos, as pessoas cuja saúde está a ser prejudicada, em primeiro lugar e pior, pela crise climática são as que menos contribuem para as suas causas e que são menos capazes de se proteger a si próprias e às suas famílias.
Abordar a carga das mudanças climáticas ressalta o imperativo de equidade: os maiores responsáveis pelas emissões devem arcar com os maiores custos de mitigação e adaptação, enfatizando a equidade em saúde e a priorização de grupos vulneráveis.
Necessidade de medidas urgentes Para evitar impactos catastróficos na saúde e evitar milhões de mortes relacionadas com as alterações climáticas, o mundo deve limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Cada décimo adicional de um grau de aquecimento terá um sério impacto na vida e na saúde das pessoas.
NO SÁBADO, DIA 15 DE JUNHO, A OPTIOPTIKA, EM COLABORAÇÃO COM A NUTRIBÉN, REALIZOU UM EVENTO DEDICADO À PROMOÇÃO DA SAÚDE OCULAR INFANTIL. A INICIATIVA, QUE TEVE LUGAR NAS INSTALAÇÕES DA ÓPTICA OPTIOPTIKA, PROPORCIONOU UMA SÉRIE DE ACTIVIDADES FOCADAS NA PREVENÇÃO E DETECÇÃO PRECOCE DE PROBLEMAS VISUAIS EM CRIANÇAS COM IDADES ENTRE OS 5 E OS 12 ANOS.
Durante o evento, foram realizadas dezenas de rastreios visuais, permitindo identificar várias patologias oculares que necessitam de tratamento urgente. A detecção precoce é crucial para o tratamento eficaz e para a prevenção de complicações futuras, destacando a importância deste tipo de iniciativas na saúde pública.
A Nutribén, parceira neste evento, desempenhou um papel fundamental ao consciencializar as crianças sobre a relevância de uma alimentação equilibrada para a saúde geral e ocular. Através de palestras e sessões informativas, foi enfatizado como uma nutrição adequada pode influenciar positivamente o desenvolvimento e a manutenção da saúde ocular.
Além dos aspectos educacionais e preventivos, o evento foi planeado para incluir momentos de lazer e interacção. As crianças tiveram a oportunidade de participar em diversas actividades lúdicas, promovendo um ambiente alegre e acolhedor. Esta abordagem ajudou
a tornar o evento não apenas educativo, mas também divertido, garantindo que as crianças se sentissem confortáveis e envolvidas durante os exames.
Os feedbacks recebidos dos pais e responsáveis foram extremamente positivos, elogiando a organização e a importância das informações recebidas.
A equipa da Óptica Optioptika destacou a satisfação em poder contribuir para a saúde ocular das crianças e reafirmou o compromisso de continuar a realizar eventos semelhantes no futuro.
Em resumo, “o evento foi um grande sucesso, atingindo os seus objectivos de promoção da saúde ocular e consciencialização sobre a nutrição infantil. A parceria entre a Óptica Optioptika e a Nutribén mostrou-se eficaz e essencial para o alcance dos resultados esperados”
Com base no impacto positivo desta iniciativa, há planos para a realização de novas edições, em breve, consolidando este evento como uma referência na promoção da saúde infantil.
Distribuidor de referência
Oferta de Soluções Integradas Serviços de qualidade
Logística e Distribuição Farmacêutica
Soluções de Diagnóstico
Assistência Técnica
Gastáveis clínicos e hospitalares
Soluções de Point of Care
Procurement e Sourcing Internacional
Formação*
Representação Comercial*
*em parceria com Tecnosaúde
Consultoria
Assuntos Regulamentares
+ 3550 Produtos em portefólio
86,9% Nível de satisfação dos clientes
17 Províncias com clientes activos
2.500 m2 Armazém