N.º 27
NOVEMBRO/DEZEMBRO 2 0 2 4
D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA
P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
N.º 27
NOVEMBRO/DEZEMBRO 2 0 2 4
D ISTRIBUIÇÃO GRATUITA
P U B LIC A ÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
Dra. Nádia Noronha
A diabetes tornou-se uma epidemia global. Segundo um recente estudo publicado na The Lancet, o número de adultos que vivem com esta condição duplicou entre 1990 e 2022, afectando actualmente mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Estes números são alarmantes e apontam para uma realidade que Angola não pode ignorar.
Os desafios relacionados com a diabetes são amplificados por questões estruturais no sistema de saúde e pela falta de conhecimento sobre a prevenção e o tratamento da doença. Dados recentes mostram que menos de 40% das pessoas diagnosticadas com diabetes em África tem acesso a medicamentos adequados, deixando milhões de vidas vulneráveis a complicações evitáveis. É imperativo que o país aposte em campanhas de sensibilização e em políticas públicas que promovam a educação sobre saúde, a adopção de dietas equilibradas e a prática de actividade física.
O ano de 2025 surge como uma oportunidade crucial, com a Quarta Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre doenças não transmissíveis. Este evento deve servir como um catalisador para mobilizar esforços conjuntos, tanto a nível global como local, para enfrentar este problema.
Em Angola, iniciativas que integrem prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento podem não apenas salvar vidas, mas também reduzir o impacto económico sobre as famílias e o sistema de saúde. A experiência de outros países em desenvolvimento mostra que investir em políticas preventivas e no fortalecimento das infra-estruturas de saúde pode fazer uma diferença real. É tempo de acção coordenada e determinada, para que a promessa de um futuro mais saudável não se perca nas estatísticas sombrias que hoje enfrentamos.
A luta contra a diabetes é, acima de tudo, uma luta pela dignidade humana, pela equidade e pela construção de sociedades mais fortes. Angola tem o potencial de liderar pelo exemplo na região, promovendo mudanças estruturais que garantam um futuro mais saudável para todos. Que os números alarmantes de hoje sejam a motivação para uma transformação duradoura e necessária.
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SAÚDE PARA SI 32
Nutribén promove mais uma palestra O Pediatra Aconselha
Tuberculose: principal causa de morte por doenças infecciosas
Reforço das parcerias em Angola na Luta contra o VIH/SIDA 20
A relevância das soluções de diagnóstico rápido do VIH
Dra. Vania Lopez aborda as manifestações bucais do VIH e da Diabetes
Dr. Djalme Fonseca enumera as implicações da Diabetes na saúde ocular
Enfermeira Mariana Botelho destaca a importância dos glucómetros no controlo da glicemia
Dados da Federação Internacional da Diabetes sinalizam gravidade da situação
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Rubrica Farmacêutica: Dra. Austelina Muriel Inglês aborda a farmacoterapêutica das insulinas
Dr. Apolíneo Paxi versa sobre a problemática do cancro da próstata em Angola e no mundo
A parceria entre humanos e IA e a sua aplicação na saúde, por Ana Rita Fernandes
Rubrica Regulamentar: Dra. Zola João destaca a importância da sustentabilidade na actividade farmacêutica
Rubrica Ambiental: A sobreposição crescente entre seres humanos e vida selvagem
Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria
Nacionalidade: Angolana
Edifício Presidente Business Center
Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola
Directora: Nádia Noronha
E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net
Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center
Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola
Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/
NO PASSADO DIA 12 DE OUTUBRO, A NUTRIBÉN PROMOVEU MAIS UMA PALESTRA O PEDIATRA ACONSELHA, EM PARCERIA COM A CLÍNICA ISABEL FANÇONY.
Este projecto da Nutribén Angola e da Australpharma tem dado um contributo valioso para a sociedade angolana, permitindo orientar e educar os pais sobre temas fulcrais relacionados com o desenvolvimento saudável dos seus filhos. Na quarta edição, o foco foram os “Problemas mais comuns na amamentação e como evitá-los?”, abordados pela Dra. Taimi Reyes, médica pediatra da Clínica Isabel Fançony. Este é um tema de extrema importância, dada a recomendação da Organização Mundial da Saúde para o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de idade. Por vezes, a falta de informação ou os problemas associados a esta prática tão valiosa acabam por levar as mães a interromper a amamentação dos seus filhos.
Foram também abordadas as características técnicas de alguns leites específicos, que podem ser uma mais-valia para os bebés quando o aleitamento materno não é possível ou é insuficiente, funcionando como uma alternativa que se assemelha, tanto quanto possível, às características do leite materno.
A palestra foi conduzida de maneira informativa e esclarecedora, proporcionando aos participantes insights valiosos e dicas úteis para cuidar da saúde e bem-estar dos seus filhos.
Além das palestras educativas, os pais tiveram a oportunidade de participar nas degustações dos produtos da Nutribén, conduzidas pela delegada de informação médica Selcia Chissanguela. Esta interacção permitiu aos participantes conhecerem de perto os produtos de uma marca comprometida com a saúde infantil.
O evento também contou com um momento de sorteio, no qual um cesto repleto de produtos da Nutribén foi oferecido ao participante sorteado. O Pediatra Aconselha continua a marcar a diferença na comunidade angolana, contando com especialistas de renome dispostos a orientar os pais, de forma a que a sua jornada parental seja o mais informada possível.
Este evento demonstra o compromisso da Nutribén Angola em proporcionar recursos e apoio aos pais angolanos, capacitando-os para cuidar da saúde e felicidade dos seus filhos desde os primeiros dias de vida.
DE ACORDO COM UM NOVO RELATÓRIO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), O USO ADEQUADO DE VACINAS CONTRA 23 PATÓGENOS (EXCLUINDO A GONORREIA) PODERIA REDUZIR O CONSUMO GLOBAL DE ANTIBIÓTICOS EM 22%, O QUE EQUIVALE A 2,5 MIL MILHÕES DE DOSES DIÁRIAS DEFINIDAS POR ANO. ESTA MEDIDA APOIARIA OS ESFORÇOS GLOBAIS PARA COMBATER A RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS (RAM). ALGUMAS DESSAS VACINAS JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS, MAS SÃO SUBUTILIZADAS, ENQUANTO OUTRAS AINDA PRECISAM DE SER DESENVOLVIDAS E INTRODUZIDAS NO MERCADO.
Aresistência aos antimicrobianos ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas deixam de responder a medicamentos antimicrobianos, tornando as infecções mais difíceis de tratar, aumentando o risco de complicações e mortalidade. Estima-se que, anualmente, quase cinco milhões de mortes estejam associadas à RAM em todo o mundo. As vacinas desempenham um papel fundamental na redução da RAM, prevenindo infecções, diminuindo o uso excessivo de antimicrobianos e retardando a disseminação de patógenos resistentes.
Impacto das vacinas
O novo relatório amplia os dados de um estudo da OMS publicado no jornal BMJ Global Health no ano passado. Estima-se que vacinas existentes contra pneumococos, Haemophilus influenzae tipo B (Hib) e febre tifóide poderiam prevenir até 106 mil mortes associadas à RAM por ano. Outras 543 mil mortes poderiam ser evitadas com o desenvolvimento e uso global de vacinas contra a tuberculose e Klebsiella pneumoniae. Enquanto os ensaios clínicos para vacinas contra a tuberculose já estão em andamento, uma vacina contra Klebsiella pneumoniae ainda está nas fases iniciais de desenvolvimento.
“O combate à resistência aos antimicrobianos começa com a prevenção de infecções e as vacinas estão entre as ferramentas mais poderosas para isso”, afirma o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “É melhor prevenir do que remediar. Aumentar o acesso a vacinas existentes e desenvolver novas para doenças críticas, como a tuberculose, é fundamental para salvar vidas e mudar o curso da RAM”
Benefícios adicionais
As vacinas não apenas reduzem a necessidade de antibióticos, mas também economizam recursos financeiros. Globalmente, os custos hospitalares com o tratamento de patógenos resistentes chegam a 730 mil milhões de dólares por ano. Se todas as vacinas analisadas no
relatório fossem implementadas, seria possível economizar até um terço desses custos.
Por exemplo, as vacinas contra a Streptococcus pneumoniae poderiam economizar 33 milhões de doses de antibióticos por ano, se 90% das crianças e idosos fossem vacinados, conforme a meta da Agenda de Imunização 2030. As vacinas contra febre tifóide poderiam reduzir em 45 milhões as doses de antibióticos anualmente em países com alta carga da doença e as vacinas contra malária causada por Plasmodium falciparum poderiam economizar até 25 milhões de doses de antibióticos, frequentemente usados de forma inadequada para tratar a malária. Já as vacinas contra a tuberculose poderiam gerar o maior impacto, economizando entre 1,2 e 1,9 mil milhão de doses de antibióticos por ano, uma parte significativa das 11,3 mil milhões de doses usadas anualmente para tratar doenças abordadas no relatório.
Compromisso global para enfrentar a RAM
Na 79.ª Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a RAM, realizada em Setembro, os líderes mundiais comprometeram-se a reduzir em 10% as 4,95 milhões de mortes anuais associadas à RAM até 2030. Esta declaração política destacou a importância de ampliar o acesso a vacinas, medicamentos e diagnósticos, além de incentivar a investigação e o desenvolvimento.
EM 2023, 1,25 MILHÃO DE PESSOAS MORRERAM DE TUBERCULOSE, INCLUINDO 161 MIL COM INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (VIH). A TUBERCULOSE É, PROVAVELMENTE, E MAIS UMA VEZ, A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NO MUNDO PROVOCADA POR UM PATÓGENO INFECCIOSO, DEPOIS DE TRÊS ANOS EM QUE A COVID-19 SOBRESSAIU. É TAMBÉM A DOENÇA MAIS MORTAL PARA AS PESSOAS INFECTADAS PELO VIH E UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE RELACIONADAS COM A RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA.
AOrganização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo relatório sobre a tuberculose, revelando que, em 2023, aproximadamente 8,2 milhões de pessoas foram diagnosticadas com a doença pela primeira vez, o maior número registado desde que a OMS começou o rastreamento global da tuberculose, em 1995.
Este valor representa um aumento considerável em comparação com os 7,5 milhões notificados em 2022, colocando a tuberculose novamente como a principal causa de morte por doenças infecciosas, acima da Covid-19, que nos últimos três anos ocupou essa posição.
O Relatório Global sobre a Tuberculose 2024 destaca os progressos desiguais realizados na luta global contra a doença, com desafios persistentes, como o subfinanciamento significativo. Embora o número de mortes relacionadas com a tuberculose tenha diminuído de 1,32 milhão em 2022 para 1,25 milhão em 2023, o número total de pessoas que adoeceram aumentou para cerca de 10,8 milhões em 2023: seis milhões de homens, 3,6 milhões de mulheres e 1,3 milhão de crianças.
87% dos novos casos em 30 países
A tuberculose está presente em todo o mundo, porém, mais de 80% dos casos e mortes ocorre em países de baixa e média renda. Em 2023, o maior número de novos casos foi registado na região do Sudeste Asiático da OMS (45%), seguida de África (24%) e do Pacífico Ocidental (17%). Cerca de 87% dos novos casos ocorreu nos 30 países com uma elevada carga de tuberculose e mais de dois terços do total global concentraram-se no Bangladesh, China, Filipinas, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão e República Democrática do Congo.
“Que tantas pessoas continuem a morrer e adoecer com tuberculose é uma vergonha, quando temos as ferramentas para prevenir, detectar e tratar a doença”, defende o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS, que insta todos os países a honrarem os compromissos concretos que assumiram para intensificar a utilização destes instrumentos e acabar com a tuberculose. Os esforços envidados em todo o mundo, desde 2000, para combater a doença salvaram a vida de quase 79 milhões de pessoas. De acordo com a OMS, são necessários 22 mil milhões de dólares por ano para a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e os cuidados de saúde relacionados com a tuberculose, a fim de alcançar, em 2027, a meta global acordada na reunião de alto nível das Nações Unidas de 2023.
Não obstante, o financiamento global para a prevenção e o tratamento continuou a diminuir e permanece muito abaixo do objectivo. Os países de baixo e médio rendimento, que suportam 98% do fardo da tuberculose, enfrentam uma considerável escassez de financiamento. Em 2023, da meta anual de financiamento, apenas 5,7 mil milhões de dólares estavam disponíveis, o equivalente a 26% da meta global
Uma epidemia impulsionada por factores complexos
Pela primeira vez, o relatório fornece estimativas sobre a percentagem de agregados familiares afectados pela tuberculose que enfrentam custos catastróficos (mais de 20% do rendimento familiar anual) para aceder ao diagnóstico e tratamento em todos os países de baixo e
A TUBERCULOSE ESTÁ PRESENTE EM TODO O MUNDO, PORÉM, MAIS DE 80% DOS CASOS E MORTES OCORRE EM PAÍSES DE BAIXA E MÉDIA RENDA. EM 2023, O MAIOR NÚMERO DE NOVOS CASOS FOI REGISTADO NA REGIÃO DO SUDESTE ASIÁTICO DA OMS (45%), SEGUIDA DE ÁFRICA (24%) E DO PACÍFICO OCIDENTAL (17%)
médio rendimento. As estimativas sugerem que metade dos agregados familiares afectados pela tuberculose enfrenta custos muito significativos.
Não obstante, acabar com a epidemia de tuberculose até 2030 é uma das metas relacionadas com a saúde dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Um número significativo de novos casos de tuberculose deve-se a cinco factores de risco principais: desnutrição, infecção por VIH, transtornos relacionados ao uso de álcool, tabagismo (especialmente entre os homens) e diabetes. A resolução destes problemas, juntamente com determinantes críticas como a pobreza e o PIB per capita, exige uma acção multissectorial coordenada.
“Estamos a enfrentar vários desafios importantes: défices de financiamento e encargos financeiros catastróficos para as pessoas afectadas, mudanças climáticas, conflitos, migração e deslocamento, pandemias e tuberculose resistente a medicamentos, um dos principais impulsionadores da resistência antimicrobiana”, assinala a Dra. Tereza Kasaeva, directora do Programa Global de Tuberculose da OMS. “É imperativo que nos unamos em todos os sectores e com todas as partes interessadas para abordar estas questões prementes e redobrar os nossos esforços”
Crise de saúde pública
De acordo com as estimativas para 2023, 960 mil novos casos de tuberculose foram devidos à desnutrição, 750 mil a distúrbios relacionados com o consumo de álcool, 700 mil ao tabagismo, 610 mil à infecção pelo VIH e 380 mil à diabetes
De facto, a tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas infectadas pelo
Estima-se que, em 2023, 10,8 milhões de pessoas adoeceram com tuberculose em todo o mundo
Um total de 1,25 milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2023 (incluindo 161 mil pessoas com VIH)
Em 2023, os 30 países com uma elevada carga de tuberculose representaram 87% dos novos casos
Em 2023, 1,3 milhão de crianças e adolescentes adoeceram com tuberculose em todo o mundo
6,1% de todos os novos casos de tuberculose em 2023 foi entre pessoas com VIH
VIH, pacientes que têm 16 vezes mais probabilidades de contrair tuberculose do que os que são seronegativos (intervalo de incerteza 14 a 18 vezes superior). A combinação de ambas as infecções é letal, pois uma acelera a evolução da outra. Em 2023, cerca de 161 mil pessoas morreram de tuberculose associada ao VIH
A Região Africana da OMS é a que suporta o maior fardo de tuberculose associada ao VIH. Em 2023, apenas 56% dos doentes com tuberculose com infecção conhecida pelo VIH estava em terapêutica antirretroviral.
A tuberculose é tratada com antibióticos. Quando a doença não responde aos medicamentos padrão, é chamada de resistente e requer tratamento com outros fármacos.
A tuberculose multirresistente continua a ser uma crise de saúde pública e uma ameaça à segurança sanitária, mas apenas duas em cada cinco pessoas com tuberculose resistente aos medicamentos tiveram acesso a tratamento em 2023.
Os marcos e metas globais para reduzir o fardo da tuberculose estão longe de ser alcançados, sendo necessários progressos consideráveis para alcançar outras metas estabelecidas para 2027, antes da segunda reunião de alto nível das Nações Unidas.
A OMS apela aos governos, aos parceiros mundiais e aos doadores para que traduzam urgentemente os compromissos assumidos durante a reunião de 2023 em acções concretas. O aumento do financiamento da investigação, em especial de novas vacinas contra a tuberculose, é essencial para acelerar os progressos e alcançar os objectivos globais fixados para 2027.
10 factos sobre a tuberculose
Apenas 2 em cada 5 pessoas com tuberculose resistente aos medicamentos tiveram acesso a tratamento em 2023
Estima-se que os esforços mundiais de luta contra a tuberculose salvaram 79 milhões de vidas desde 2000
A taxa de sucesso do tratamento para pessoas com tuberculose que foram tratadas com regimes de primeira linha foi de 88% em 2022
Globalmente, a incidência de tuberculose aumentou 4,6% entre 2020 e 2023, revertendo o declínio de cerca de 2% ao ano durante a maior parte das últimas duas décadas
Das cerca de 10,8 milhões de pessoas que adoeceram com tuberculose em 2023, apenas 8,2 milhões foram detectadas
Fonte: OMS
O DIA MUNDIAL DA SIDA, CELEBRADO ANUALMENTE A 1 DE DEZEMBRO, REÚNE PESSOAS DE TODO O MUNDO PARA AUMENTAR A CONSCIENCIALIZAÇÃO SOBRE O VIH/SIDA E DEMONSTRAR SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL NA LUTA CONTRA ESTA EPIDEMIA. ESTA DATA CONSTITUI UMA OPORTUNIDADE PARA QUE PARCEIROS PÚBLICOS E PRIVADOS DISSEMINEM INFORMAÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO ACTUAL E PROMOVAM AVANÇOS NA PREVENÇÃO, NO TRATAMENTO E NOS CUIDADOS RELACIONADOS COM ESTA DOENÇA, A NÍVEL GLOBAL. EM 2024, O TEMA É “SIGA O CAMINHO DOS DIREITOS: A MINHA SAÚDE, O MEU DIREITO!”. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) APELA AOS LÍDERES GLOBAIS E AOS CIDADÃOS PARA QUE DEFENDAM O DIREITO À SAÚDE, ENFRENTANDO AS DESIGUALDADES QUE CONTINUAM A DIFICULTAR O PROGRESSO NA ELIMINAÇÃO DA SIDA.
Acampanha deste ano enfatiza que o mundo pode acabar com a Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (SIDA) se os direitos de todos forem protegidos. Com os direitos humanos no centro e as comunidades na liderança, é possível eliminar a SIDA como uma ameaça à saúde pública até 2030. Contudo, o Vírus da Imunodeficiência
Humana (VIH) continua a ser um importante problema de saúde pública global, tendo causado aproximadamente 42,3 milhões de mortes até ao final do primeiro semestre de 2024. A transmissão persiste em todos os países do mundo. Estima-se que 39,9 milhões de pessoas viviam com o VIH no final de 2023, 65% delas na Região Africana da OMS. Em 2023, aproximadamente 630 mil pessoas morreram por causas relacionadas com o VIH e cerca de 1,3 milhão adquiriram o vírus.
Não há cura para a infecção pelo VIH. No entanto, com acesso a medidas eficazes de prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados, tornou-se uma condição de saúde crónica gerível, permitindo que as pessoas que vivem com o vírus tenham uma vida longa e saudável.
O VIH ataca as células do sistema imunológico, especificamente os linfócitos T CD4, que são cruciais para a defesa do organismo. A destruição progressiva dessas células compromete a capacidade do corpo de combater infecções e certas doenças. A fase mais avançada da infecção é conhecida como SIDA
(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que pode levar anos a desenvolver-se, dependendo do indivíduo. A SIDA é caracterizada pelo surgimento de mais de 20 infecções oportunistas ou cancros relacionados.
Transmissão
O VIH é transmitido através da troca de fluidos corporais, como sangue, leite materno, sémen e secreções vaginais. As principais vias de transmissão incluem relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, transmissão de mãe para filho durante a gravidez, o parto ou a amamentação, partilha de agulhas e seringas contaminadas, transfusões de sangue ou transplantes de tecidos contaminados.
É importante notar que o VIH não é transmitido por contacto casual, como beijos, abraços, apertos de mão ou partilha de objectos pessoais, alimentos ou água.
A prevenção do VIH envolve uma combinação de estratégias, incluindo o uso consistente e correcto de preservativos, testagem regular e aconselhamento para o VIH e outras infecções sexualmente transmissíveis, acesso a terapias antirretrovirais para reduzir a carga viral, diminuindo o risco de transmissão, programas de redução de danos para utilizadores de drogas injectáveis, como o fornecimento de agulhas e seringas esterilizadas, e educação e consciencialização sobre práticas sexuais seguras e redução de comportamentos de risco.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce do VIH é crucial para o manejo eficaz da doença. Testes rápidos e acessíveis estão disponíveis e podem ser realizados em ambientes comunitários.
ESTIMA-SE QUE 39,9 MILHÕES DE PESSOAS VIVIAM COM VIH NO FINAL DE 2023, 65% DELAS NA REGIÃO AFRICANA DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
O tratamento do VIH envolve o uso de terapias antirretrovirais (TAR), que, embora não curem a infecção, suprimem a replicação do vírus, permitindo que o sistema imunológico recupere e prevenindo o avanço para a SIDA. Com a adesão consistente ao tratamento, as pessoas que vivem com o VIH podem alcançar uma carga viral indetectável, reduzindo significativamente o risco de transmissão.
Pessoas que vivem com VIH:
Total: 39,9 milhões
(intervalo de 36,1–44,6 milhões)
Adultos (15+ anos): 38,6 milhões
Crianças (<15 anos): 1,4 milhão
Novas infecções por VIH:
Total: 1,3 milhão (redução de 39% desde 2010)
Adultos: 1,2 milhão
Crianças: 120 mil
Mortes relacionadas com o VIH:
Total: 630 mil (redução de 51% desde 2010)
Adultos: 560 mil
Crianças: 76 mil
CASCATAS DE TESTAGEM, TRATAMENTO E SUPRESSÃO VIRAL
(META 95–95–86 PARA 2030)
Pessoas que conhecem o diagnóstico: Em 2023, 86% das pessoas com VIH conhecia seu estado (meta: 95% até 2025)
Tratamento antirretroviral (TAR): 77% estava em tratamento (meta: 95% até 2025)
Adultos: 77%
Crianças: 57%
Supressão viral: 72% apresentava cargas virais suprimidas (meta: 86% até 2025)
África:
Pessoas que vivem com VIH: 26 milhões
Tratamento: 82%
Supressão viral: 76%
Mortes relacionadas com o VIH: 390 mil
Américas:
Pessoas que vivem com VIH: 4 milhões
Tratamento: 72%
Supressão viral: 66%
Mortes: 44 mil
Sudeste Asiático:
Pessoas que vivem com VIH: 4 milhões
Tratamento: 66%
Supressão viral: 64%
Mortes: 83 mil
Europa:
Pessoas que vivem com VIH: 3,1 milhões
Tratamento: 62%
Supressão viral: Dados incompletos
Mortes: 49 mil
Mediterrâneo Oriental:
Pessoas que vivem com VIH: 530 mil
Tratamento: 28%
Supressão viral: 24%
Mortes: 20 mil
Pacífico Ocidental:
Pessoas que vivem com VIH: 2,3 milhões
Tratamento: 76%
Supressão viral: 73%
Mortes: 53 mil
Metas Globais: Reduzir novas infecções para menos de 370 mil por ano
Reduzir mortes relacionadas com o VIH para menos de 250 mil por ano
Diminuir 90% das infecções e mortes (base de 2010)
• Pessoas que vivem com VIH: 320 mil (intervalo de 280 mil–380 mil)
Crianças (<15 anos): 32 mil (intervalo de 25 mil–39 mil)
Mulheres (15+ anos): 200 mil (intervalo de 170 mil–230 mil)
• Incidência: 0,44 por mil indivíduos não infectados (intervalo de 0,34–0,62)
• Novas infecções: 16 mil (intervalo de 12 mil–22 mil)
• Mortes relacionadas com o VIH: 12 mil (intervalo de 9.300–17 mil)
• Prevalência em adultos (15-49 anos): 1,4% (intervalo de 1,2%–1,7%)
• Pessoas que conhecem o seu estado: 72% (meta: 95% até 2025)
• Cobertura de terapia antirretroviral (TAR):
Total: 50% (intervalo de 43%–59%)
Crianças: 27% (intervalo de 22%–34%)
Adultos: 52% (intervalo de 45%–62%)
• Supressão viral: 50% das pessoas em tratamento (meta: 86% até 2025)
TRANSMISSÃO
• Grávidas que vivem com VIH que receberam TAR: 89% (intervalo de 73%–100%)
• Taxa final de transmissão, incluindo período de amamentação: 13,49%
• Bebés testados nos dois primeiros meses de vida: 13% (intervalo de 11%–17%)
• Redução de novas infecções: 44%
• Redução de mortes com o VIH: 21%
POLÍTICAS NACIONAIS:
• Política de autotestagem: Em desenvolvimento.
• Adesão ao Dolutegravir (DTG) como tratamento de primeira linha: Implementado para adultos, adolescentes e crianças acima de 20 kg
Monitorização da carga viral: Implementado em mais de 95% dos locais de tratamento
• Início rápido de TAR: Início dentro de 7 dias após o diagnóstico Fonte: OMS
A Organização Mundial da Saúde lidera e coordena os esforços globais para combater o VIH, fornecendo orientações técnicas, apoiando a implementação de programas nacionais e monitorizando o progresso em direcção às metas estabelecidas. A OMS trabalha em estreita colaboração com parceiros internacionais, governos e comunidades afectadas para fortalecer os sistemas de saúde e garantir que intervenções eficazes estejam disponíveis para todos os que delas necessitam.
ANGOLA ENFRENTA UM DESAFIO PERSISTENTE NA LUTA CONTRA O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (VIH), COM UMA TAXA DE PREVALÊNCIA DE 2% ENTRE A POPULAÇÃO DE 15 A 49 ANOS, SEGUNDO O INQUÉRITO DE INDICADORES DEMOGRÁFICOS E DE SAÚDE DE 2015/16. EMBORA O PAÍS TENHA FEITO PROGRESSOS, AINDA EXISTEM BARREIRAS SIGNIFICATIVAS PARA A ERRADICAÇÃO DA DOENÇA, ESPECIALMENTE NAS REGIÕES URBANAS E NAS PROVÍNCIAS DO LESTE E DO SUL, COMO LUNDA NORTE, LUNDA SUL E MALANJE. PARA COMBATER ESTE PROBLEMA, O INSTITUTO NACIONAL DE LUTA CONTRA A SIDA (INLS) LANÇOU UMA SÉRIE DE VISITAS ÀS PROVÍNCIAS MAIS AFECTADAS.
Como parte de uma iniciativa mais ampla para acelerar e reforçar a monitorização conjunta, o apoio técnico e as visitas de supervisão durante este ano fiscal, em Junho, o Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA (INLS) iniciou uma série de visitas de campo de advocacia do VIH às províncias de Lunda Norte, Lunda Sul e Malanje. Com o apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o VIH/SIDA (ONUSIDA), da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), da Agência das Nações Unidas para a Defesa e Promoção dos Direitos das Crianças (UNICEF), do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e de organizações da sociedade civil, como a Associação
Comunitária para Apoio e Defesa da Juventude (ACADEJ), a Rede Angolana das Organizações de Serviços de VIH e SIDA (ANASO) e a Rede de Mulheres Vivendo com o VIH e a SIDA (MWENHO), estas visitas visam reforçar as acções de prevenção e tratamento do VIH entre crianças e jovens. Adicionalmente, a iniciativa pretende melhorar a integração dos cuidados primários e dos serviços de saúde sexual e reprodutiva, bem como reduzir a violência baseada no género.
De acordo com a directora do INLS, Dra. Lúcia Furtado, chefe da delegação, a criação de uma comissão multissectorial é essencial para disseminar informações sobre o vírus, formas de transmissão, prevenção e tratamento. “Temos estado a trabalhar na divulgação do programa de eliminação da transmissão vertical, para minimizar a transmissão do vírus de mãe para filho”, acrescentou.
Cerca de 310 mil angolanos vivem com VIH/ SIDA, mas apenas 49% dos adultos e 22% das crianças em necessidade têm acesso ao tratamento antirretroviral. Apesar dos esforços feitos até agora, Angola enfrenta desafios significativos, como barreiras sociais que dificultam a adesão ao tratamento, falta de investimento em estratégias comunitárias que apoiem os programas de saúde e lacunas na coordenação entre sectores para intensificar as medidas de prevenção e tratamento do VIH/SIDA.
Para mitigar estes desafios e atingir as principais metas nacionais e globais, foram realizadas reuniões com os Governadores Provinciais da Lunda Norte, Lunda Sul e Malanje, para discutir dados relevantes sobre o impacto do VIH nas respectivas províncias, destacando a necessidade de uma liderança política mais forte para acções eficazes de prevenção, acesso e adesão ao tratamento, bem como programas de apoio às pessoas que vivem com VIH. Além disso, foram realizadas reuniões com a Direcção Provincial de Saúde das três províncias para avaliar o estado da prestação de serviços de saúde e identificar, com base no sétimo Plano Estratégico Nacional para o VIH, as IST e as Hepatites Virais (PEN7), acções de aceleração em conformidade com as prioridades estabelecidas em cada uma das províncias.
Adicionalmente, a delegação visitou o Assentamento de Refugiados do Lôvua, Kasai, na Lunda Norte, a Maternidade Provincial e o Centro Materno-Infantil na Lunda Sul e em Malanje para compreender os desafios e sucessos na implementação de serviços pediátricos e materno-infantis de VIH.
Um futuro de esperança
O representante da OMS em Angola, Dr. Yoti Zabulon, expressou optimismo durante esta ocasião na Lunda Norte. “Há esperança para mudarmos este cenário. Vamos continuar a trabalhar juntos para prevenir, testar o VIH e garantir que ninguém seja deixado para trás”.
A ONUSIDA também reiterou o seu compromisso com o trabalho comunitário. “Os objectivos globais existem porque sabemos que os podemos alcançar se trabalharmos juntos. Por isso, aqui estamos para ouvir como podemos trabalhar melhor em conjunto, como Nações Unidas, sociedade civil e Governo”, afirmou a Dra. Hege Wagan, representante da ONUSIDA em Angola.
No âmbito da missão de advocacia sobre o VIH, serão visitadas 12 províncias adicionais com uma prevalência de VIH igual ou superior a 2% para divulgar o PEN7 e contribuir com ideias para a diminuição de novas infecções, especialmente entre as crianças e os jovens.
A INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (VIH), CAUSADOR DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA), CONTINUA A SER UM DOS MAIORES DESAFIOS DE SAÚDE PÚBLICA GLOBAL, COM IMPACTO SIGNIFICATIVO EM PAÍSES AFRICANOS. DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E O PROGRAMA CONJUNTO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE VIH/SIDA (UNAIDS), CERCA DE 1,2 MILHÃO DE PESSOAS EM ANGOLA VIVEM COM O VIH, O QUE REPRESENTA APROXIMADAMENTE 2,5% DA POPULAÇÃO. AS MULHERES E OS ADOLESCENTES (15 A 24 ANOS) SÃO OS GRUPOS MAIS AFECTADOS, SENDO QUE AS ESTIMATIVAS APONTAM QUE CERCA DE 6,5% DOS JOVENS ESTÁ INFECTADO PELO VÍRUS.
Embora o número de infecções tenha diminuído ao longo dos anos, o país ainda regista 16 mil novos casos por ano, reflectindo a necessidade urgente de reforçar as estratégias de diagnóstico e de tratamento. Além da redução de novos casos, tem-se verificado também uma diminuição da taxa de mortalidade devido ao tratamento com antirretrovirais. Contudo, o VIH continua a ser uma das principais causas de morte no país. A detecção precoce do VIH é crucial para o início célere do tratamento antirretroviral, que reduz a carga viral e impede a transmissão do vírus. No entanto, muitos casos continuam a ser diagnosticados tardiamente, comprometendo a eficácia do tratamento e dificultando o controlo da epidemia.
Sofia Carneiro
Licenciada em Ciências Biomédicas pela Universidade da Beira Interior. Mestre em microbiologia pela Universidade de Aveiro Gestora de produtos e aplicações da área de diagnóstico internacional da Quilaban
O UNI-GOLD™ HIV APRESENTA UMA SENSIBILIDADE DE 99,76% E UMA ESPECIFICIDADE DE 99,85%, GARANTINDO RESULTADOS FIÁVEIS EM APENAS 10
MINUTOS. ESTA RAPIDEZ PERMITE QUE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE TOMEM DECISÕES IMEDIATAS SOBRE O TRATAMENTO DOS PACIENTES. ALÉM DISSO, POR SER PORTÁTIL E DE FÁCIL UTILIZAÇÃO, ADAPTA-SE PERFEITAMENTE A PROGRAMAS DE PREVENÇÃO, COMO CAMPANHAS DE TESTAGEM EM MASSA E INICIATIVAS DE PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL
Uma solução eficiente para este problema são os testes rápidos, como o Uni-Gold™ HIV, fornecido pelos nossos parceiros Trinity Biotech. Este teste imunocromatográfico detecta anticorpos contra o VIH-1 e o VIH2 em amostras de soro, plasma ou sangue total e destaca-se pelo seu carácter portátil, permitindo a sua utilização em áreas remotas onde o acesso a serviços de saúde é limitado.
O Uni-Gold™ HIV apresenta uma sensibilidade de 99,76% e uma especificidade de 99,85%, garantindo resultados fiáveis em apenas 10 minutos. Esta rapidez permite que os profissionais de saúde tomem decisões imediatas sobre o tratamento dos pacientes. Além disso, por ser portátil e de fácil utilização, adapta-se perfeitamente a programas de prevenção, como campanhas de testagem em massa e iniciativas de prevenção da transmissão vertical. Estes programas são fundamentais para a detecção precoce de infecções, especialmente em mulheres grávidas, permitindo que estas recebam tratamento para evitar a transmissão do vírus aos bebés.
A introdução do Uni-Gold™ HIV em Angola já teve um impacto significativo, melhorando a
cobertura de diagnóstico e aumentando o número de pessoas diagnosticadas precocemente. Com o início atempado do tratamento, contribui-se para a redução da propagação do VIH, permitindo um controlo mais eficaz da epidemia e evitando futuras complicações de saúde.
Além disso, ao melhorar a capacidade de diagnóstico em regiões mais remotas, o Uni-Gold™ HIV tem facilitado o acesso ao tratamento e aos cuidados necessários, o que é essencial para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Assim, o Uni-Gold™ HIV continua a ser uma solução inovadora e estratégica no combate à SIDA, promovendo um avanço significativo na luta contra o VIH em Angola.
EXISTEM DIVERSAS DOENÇAS CRÓNICAS E INFECÇÕES ADQUIRIDAS QUE ENFRAQUECEM O SISTEMA IMUNOLÓGICO DO PACIENTE. ENTRE ESTAS TEMOS A DIABETES MELLITUS E A INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (VIH). A CAVIDADE ORAL, COM O SEU CONJUNTO DE ESTRUTURAS E TECIDOS, TAMBÉM APRESENTA MANIFESTAÇÕES PATOGNOMÓNICAS DESSAS DOENÇAS, SENDO, POR VEZES, A ÚNICA E/OU PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DO PACIENTE SINALIZANDO A PRESENÇA DE DETERMINADA DOENÇA.
Ainfecção pelo VIH e a sua evolução para a Síndrome da Imunodeficiência
Dra. Vania Lopez
Doutorada em Ciências Estomatológicas e Especialista em Periodontologia, com cerca de 27 anos de experiência
Adquirida (SIDA) inclui uma diversidade de manifestações clínicas decorrentes da debilidade imunológica provocada pelo vírus, principalmente uma diminuição considerável dos linfócitos TCD4. As lesões bucais ocorrem com frequência em pacientes infectados pelo VIH, podendo ser a representação dos primeiros sinais da doença ou a única manifestação clínica apresentada pelo paciente, independentemente da fase da doença em que se encontre.
Santana Garay, classificou as lesões orais como:
Grupo 1: fortemente associadas à infecção:
• Candidíase oral: pseudomembranosa, eritematosa e hiperplástica
• Sarcoma de Kaposi
• Leucoplasia pilosa
• Sarcoma não-Hodgkin
• Periodontites e gengivites associadas pela infecção
• Gengivite necrosante pelo VIH.
Grupo 2: pouco associadas:
• Ulcerações atípicas
• Doença das glândulas salivais
• Infecções virais que não sejam por Epstein Barr
• Infecção pelo vírus do Herpes Simplex
• Infecção pelo Vírus Papiloma Humano
• Infecção pelo Citomegalovírus
• Infecção pelo vírus da Varicela Zóster
• Condiloma acuminado
• Hiperplasia epitelial focal e púrpura trombocitopénica.
Grupo 3: menos associadas:
• Infecções bacterianas (excluem-se as gengivites e as periodontites): Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis, Actinomyces israelii
• Doença da arranhadura do gato
• Reacções medicamentosas (ulceração, eritema multiforme, lesão liquenoide)
• Exacerbação da periodontite apical
• Infecções fúngicas (excepto candidíase): Cryptococcus neoformans, Geotrichum candidum, Histoplasma capsulatum, Mucoraceae (mucormicose), Aspergillus flavus
• Hiperpigmentação melanocítica
• Distúrbios neurológicos: neuralgia do trigémeo, paralisia facial
• Osteomielite
• Sinusite
• Celulite submandibular
• Carcinoma de células escamosas
• Epidermofitose.
A presença e gravidade das lesões depende do estado do paciente, contagem de linfócitos T CD4, carga viral e terapia antirretroviral que este utilizar. Note-se que a terapia antirretroviral pode causar efeitos secundários que agravariam as manifestações bucais. Estas, sobretudo as lesões periodontais, e a sua gravidade podem ser um indicativo que a contagem de linfócitos está baixa, ou que a terapia antirretroviral (TAR) não está a ser efectiva. Estas variáveis têm de ser controladas.
Vale também realçar que, dentro da cadeia de assistência à saúde, o cirurgião dentista tem um papel fundamental e decisivo no reconhecimento precoce e tratamento
oportuno dessas lesões bucais. Mesmo com os movimentos de consciencialização e tratamento de suporte de alta performance, o número de pacientes seropositivos ainda é considerado alto.
A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA MOSTRA QUE EXISTE UMA RELAÇÃO BIDIRECCIONAL
ENTRE DIABETES E PERIODONTITE.
DA MESMA FORMA, CONSIDERA-SE
QUE A DIABETES ESTÁ ASSOCIADA AO AUMENTO DA INCIDÊNCIA E PROGRESSÃO
DA PERIODONTITE E QUE, POR SUA VEZ, A INFECÇÃO PERIODONTAL
ESTÁ ASSOCIADA AO MAU CONTROLO GLICÉMICO EM DIABÉTICOS
Por outro lado, a Diabetes Mellitus, como doença crónica não transmissível, apresenta mudanças no corpo e no sistema como um todo, nomeadamente:
• Complicações na cicatrização: pacientes diabéticos apresentam cicatrização deficiente. Existem diversas teorias que tentam explicar este evento, nomeadamente, uma pior vascularização, uma diminuição da actividade plaquetária ou alterações na síntese de colagénio.
• Redução da quimiotaxia dos neutrófilos polimorfonucleares: que, por sua vez, reduz a resistência imunológica dos tecidos.
A redução da síntese e metabolismo do colagénio faz com que os pacientes diabéticos tenham um maior risco de sofrer infecções ou outras doenças graves e patológicas, como:
a) Cárie: a incidência deveria ser menor, devido à baixa ingestão de açúcar, mas confirma-se que esta e a sua agressividade aumentam em pacientes mal controlados;
b) Úlceras orais: os pacientes diabéticos desenvolvem-nas mais facilmente do que os não diabéticos;
c) Candidíase oral: pacientes diabéticos mal controlados podem desenvolver esta patologia. A incidência aumenta e está associada a alterações atróficas da linguagem. Requer tratamento com antifúngicos. Em casos mais graves, pode ocorrer mucormicose, que causa cefaleia intensa, exoftalmia e oftalmoplegia.
Geralmente, ocorre em pacientes com controlo metabólico muito deficiente. Este último caracteriza-se por apresentar elevada mortalidade;
d) Glossite: alterações nas papilas filiformes podem aparecer acompanhadas de sensação de queimadura na boca, muitas vezes, na ausência de alterações físicas perceptíveis;
e) Xerostomia: há uma alteração qualitativa e quantitativa na saliva, uma neuropatia autonómica e/ou alteração na flora bacteriana. É mais comum em pacientes com diabetes tipo 2 e, às vezes, pode ser acompanhada de inflamação das glândulas salivares (sialadenite);
f) Líquen plano, leucoplasia e reacções liquenoides: confirma-se que a incidência aumenta devido à imunossupressão e/ou aos medicamentos utilizados para o tratamento da diabetes. A síndrome de Grinspan também pode desenvolver-se, causando diabetes, líquen plano e hipertensão;
g) Alterações no desenvolvimento dentário: pode haver aceleração ou desaceleração, dependendo do aparecimento da Diabetes Mellitus. Uma maior incidência de fissura de palato também foi descrita em neonatos de pacientes diabéticos e com mau controlo metabólico.
Diabetes e doença periodontal A evidência científica mostra que existe uma relação bidireccional entre diabetes e periodontite. Da mesma forma, considera-se que a diabetes está associada ao aumento da incidência e progressão da periodontite e que, por sua vez, a infecção periodontal está associada ao mau controlo glicémico em diabéticos.
• Periodontite como factor de risco para diabetes: os estudos que examinam os efeitos da doença periodontal na diabetes concentramse no efeito do tratamento periodontal no controlo metabólico.
• Diabetes como factor de risco para periodontite: a relação entre a diabetes e a periodontite foi extensivamente estudada e foi demonstrado que a presença da primeira aumenta a prevalência, incidência e gravidade da segunda.
Ao longo de dois anos, foram propostos múltiplos mecanismos que tentam explicar a associação entre diabetes e periodontite. Poderiam ser divididos em três grandes grupos:
• Aqueles que não se concentram directamente no efeito da diabetes na periodontite;
• Aqueles que se focam na relação oposta, ou
seja, não afectam directamente a doença periodontal na diabetes;
• Aqueles que propõem a existência de um caminho patológico comum a ambas as doenças, o que determinaria a existência de um hospedeiro susceptível a ambas.
Diabetes como factor de risco para periodontite: confirma-se que a diabetes pode ser um factor de risco para periodontite, pois modifica a expressão da periodontite em termos de produção de AGEs e apoptose celular, ambas aumentadas em pacientes diabéticos. Consequentemente, este conjunto de processos explicaria o aumento da susceptibilidade a infecções, alterações vasculares e dificuldades de cicatrização presentes em pacientes diabéticos, principalmente pela deficiência no metabolismo do colagénio.
Periodontite como factor de risco para diabetes: o alto nível de vascularização do tecido periodontal inflamado torna-se fonte de mediadores inflamatórios. Demonstrou-se que
herança familiar muito forte, ambas apresentando uma associação entre susceptibilidade genética e o genótipo HLA. Parece, portanto, possível que uma determinada combinação de alelos HLA possa resultar num hospedeiro susceptível a ambas as condições. Por outro lado, ambas podem ser consideradas respostas inadequadas do sistema imunitário aos factores ambientais que afectam um hospedeiro predisposto. No caso da periodontite, esses factores são a placa bacteriana, o tabaco e o stresse. Para a diabetes tipo 1, são os vírus, as micobactérias, os agentes tóxicos, o stresse emocional e os constituintes dietéticos. Para a tipo 2, a alimentação excessiva e a ausência da prática de exercício físico.
Para gerir um plano de tratamento de um paciente diabético, há uma série de medidas que devemos adoptar na clínica odontológica, como:
• Garantir que o paciente tenha uma boa educação em diabetes;
esses mediadores têm um efeito importante no metabolismo da glicose e dos lipídios, principalmente após infecções agudas ou traumas. De igual modo, demonstrou-se que TNF-α, IL-1 e IL-6 são antagonistas da acção da insulina.
Neste momento, a maioria dos estudos centra-se nos efeitos das infecções agudas, pelo que é necessário verificar se estes resultados se mantêm quando se trata de uma infecção crónica, como a periodontite.
No caso de ter um hospedeiro susceptível a ambos os casos, os mecanismos genéticos e imunológicos intervêm. Em relação ao primeiro, tanto a diabetes quanto a periodontite apresentam um padrão de
• Apoiar a glicemia controlada, pois as cirurgias podem ser planeadas;
• Dar instruções de higiene oral, uma vez que as consultas devem ser realizadas sem necessidade de reduzir o risco de hipoglicemia;
• Registar quaisquer complicações sistémicas na história clínica, principalmente nefropatia para o manuseamento da antibioticoterapia;
• Tentar controlar a hemoglobina glicosada. O valor de HbAc1 <7% indica um bom controlo nos últimos três meses, 7% a 9% um controlo regular e >9% o principal controlo metabólico;
• Planear visitas em períodos não superiores a três meses.
DELEGAÇÕES DE MAIS DE 110 PAÍSES REUNIRAM-SE EM NOVEMBRO PARA DESENVOLVER ROTEIROS NACIONAIS E NEGOCIAR UMA DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE SAÚDE ORAL, NA PRIMEIRA REUNIÃO MUNDIAL SOBRE O TEMA, ORGANIZADA PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). ESPERA-SE QUE A DECLARAÇÃO EXPONHA OS COMPROMISSOS COLECTIVOS DOS ESTADOS-MEMBROS PARA IMPULSIONAR A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE ACÇÃO GLOBAL PARA A SAÚDE ORAL (2023-2030).
As condições de saúde oral são as doenças não transmissíveis mais comuns globalmente, afectando aproximadamente 3,5 mil milhões de pessoas. Frequentemente, a saúde oral é erroneamente interpretada como relacionada apenas aos dentes, negligenciando a sua importância mais ampla. Entre as doenças orais estão as cáries dentárias, doenças periodontais (das gengivas), perda de dentes, cancro oral, noma e malformações congénitas que afectam a boca, os dentes e estruturas faciais essenciais para comer, respirar e falar.
“A saúde oral é uma parte importante do bem-estar, mas milhões de pessoas não têm acesso aos serviços necessários para protegê-la e promovê-la. A OMS apela a todos os países para que priorizem a prevenção e ampliem o acesso a serviços de saúde oral acessíveis, como parte do caminho para a cobertura universal de saúde”, afirma o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS.
Este evento sem precedentes, acolhido pelo Governo do Reino da Tailândia, faz parte do processo preparatório para a Quarta Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Prevenção e Controlo de Doenças Não Transmissíveis, prevista para 2025. O objectivo é acelerar os esforços para prevenir e controlar doenças não transmissíveis, com foco em doenças orais, para alcançar a cobertura universal de saúde até 2030.
ANO APÓS ANO, A 14 DE NOVEMBRO, A COMUNIDADE INTERNACIONAL COMEMORA O DIA MUNDIAL DA DIABETES. ESTA EFEMÉRIDE SERVE PARA DESPERTAR CONSCIÊNCIAS EM RELAÇÃO AO CRESCENTE FARDO DESTA DOENÇA E ÀS ESTRATÉGIAS NECESSÁRIAS PARA PREVENIR E ENFRENTAR A AMEAÇA QUE REPRESENTA.
Dr. Djalme Fonseca
Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e PósCirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika
As estatísticas da diabetes em África são reveladoras da profundidade do desafio: com efeito, 24 milhões de adultos vivem actualmente com diabetes, prevendo-se que esse número aumente para 55 milhões, ou seja um acréscimo de 129% até 2045
No ano passado, a Diabetes Mellitus ceifou a vida a 416 mil pessoas no continente e prevê-se que se torne uma das principais causas de morte em África até 2030
É importante referir que a diabetes é a única doença não transmissível cujo risco de morte precoce está a aumentar, em vez de diminuir. Os factores de risco conhecidos incluem o historial familiar e o envelhecimento, juntamente com os factores de risco modificáveis, como o excesso de peso e a obesidade, os estilos de vida sedentários, as dietas pouco saudáveis, o tabagismo e o consumo de álcool. Infelizmente, estes factores de risco modificáveis estão a aumentar em todos os países da Região Africana da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A diabetes pode levar a várias complicações debilitantes, como ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiência renal, amputações dos membros inferiores, deficiências visuais, cegueiras e lesões nos nervos, se não for controlada e se as pessoas afectadas não fizerem alterações no seu estilo de vida. Além disso, as pessoas com diabetes apresentam também um risco mais elevado de desenvolverem sintomas graves da Covid-19.
O que é doença ocular diabética?
Doença ocular diabética é um grupo de problemas oculares que podem afectar pessoas com diabetes. Estas condições incluem retinopatia diabética, edema macular diabético, cataratas e glaucoma
Com o tempo, a diabetes pode causar danos aos olhos, o que pode levar à visão turva ou, até mesmo, à cegueira.
Mas podemos tomar medidas para prevenir a doença ocular diabética, ou evitar que piore, cuidando da diabetes. As melhores formas de controlar a diabetes e manter os olhos saudáveis são:
• Controlar a glicemia, pressão arterial e colesterol, frequentemente chamados de ABC da diabetes;
• Procurar ajuda para deixar de fumar;
• Realizar exames oculares completos e dilatados regularmente, pois muitas vezes não há sinais de alerta de doença ocular diabética ou de perda de visão nos estágios iniciais.
Como é que a diabetes pode afectar os olhos?
A diabetes afecta os olhos quando a glicose no sangue (também chamada de açúcar no sangue) está muito elevada. A curto prazo, é improvável que a pessoa perca a visão, devido à alta glicemia.
No entanto, nalgumas situações, as pessoas podem experimentar visão turva por alguns dias ou semanas, especialmente quando ajustam o plano de tratamento da diabetes ou medicamentos. Tal se deve ao facto da glicemia alta poder alterar os níveis de fluidos ou causar inchaço nos tecidos dos olhos que ajudam a focar. Este tipo de visão turva é temporário e desaparece à medida que os níveis de glicemia se aproximam do normal.
Se a glicemia permanecer elevada por longos períodos, pode causar danos nos pequenos vasos sanguíneos na parte posterior dos olhos. Este dano pode começar durante o pré-diabetes, quando os níveis de glicemia estão acima do normal, mas ainda não suficientemente elevados para o diagnóstico de diabetes.
Os vasos sanguíneos danificados podem vazar fluido e causar inchaço. Além disso, novos vasos sanguíneos fracos podem também começar a crescer. Estes podem sangrar na parte central do olho, causar cicatrizes ou pressão perigosamente alta.
A maioria das doenças oculares diabéticas graves começa com problemas nos vasos sanguíneos.
As quatro doenças oculares relacionadas com a diabetes e que podem ameaçar a visão são:
• Retinopatia diabética
A retinopatia diabética ocorre quando os vasos sanguíneos da retina (a camada inter-na do olho que detecta a luz) são danificados.
Na retinopatia diabética inicial, os vasos sanguíneos podem enfraquecer, inchar ou vazar para dentro da retina. Este estágio é chamado de retinopatia diabética não proliferativa
Se a doença piorar, alguns vasos sanguíneos fecham-se, o que faz com que novos vasos sanguíneos cresçam, ou proliferem, na superfície da retina. Esse estágio é chamado de retinopatia diabética proliferativa. Estes novos vasos sanguíneos anormais podem levar a sérios problemas de visão.
DOENÇA OCULAR DIABÉTICA É UM GRUPO DE PROBLEMAS OCULARES QUE PODEM AFECTAR PESSOAS COM DIABETES. ESTAS CONDIÇÕES INCLUEM RETINOPATIA DIABÉTICA, EDEMA MACULAR DIABÉTICO, CATARATA E GLAUCOMA
• Edema macular diabético
A mácula, parte da retina responsável pela visão nítida (o que nos permite ler, conduzir e ver rostos, por exemplo, pode inchar devido à diabetes, dando origem ao edema macular diabético. Com o tempo, esta doença pode causar perda de visão parcial ou cegueira. O edema macular geralmente desenvolve-se em pessoas que já apresentam outros sinais de retinopatia diabética.
• Glaucoma
Glaucoma é um grupo de doenças oculares que podem danificar o nervo óptico, o fei-xe de nervos que conecta o olho ao cérebro. A diabetes duplica as probabilidades de se ter glaucoma, o que pode levar à perda de visão e cegueira se não for tratado preco-cemente. Os sintomas dependem do tipo de glaucoma apresentado pelo paciente.
• Cataratas
As lentes dentro dos nossos olhos (cristalino), estruturas transparentes que permitem ter uma visão nítida, tendem a ficar turvas à medida que envelhecemos. Pessoas com diabetes têm mais probabilidades de desenvolver lentes turvas, chamadas de cataratas, precocemente. Os investigadores acreditam que os altos níveis de glicose causam depósitos no cristalino.
Quais são os sintomas da doença ocular diabética?
Frequentemente, não há sintomas iniciais de doença ocular diabética. O paciente pode não sentir dor e ou alterações na sua visão, numa fase inicial, particularmente com a retinopatia diabética.
Quando os sintomas ocorrem, podem incluir:
• Visão turva ou ondulada
• Visão em mudança frequente - às vezes de um dia para o outro
• Áreas escuras ou perda de visão
• Má visão de cores
• Manchas ou fios escuros (também chamados de moscas volantes)
• Flashes de luz
Deve-se conversar com um profissional de saúde ocular na presença de algum destes sintomas.
O que fazer para proteger os olhos?
Para prevenir a doença ocular diabética, ou para evitar que piore, deve-se controlar os ABCs da diabetes - glicemia, pressão arterial e colesterole parar de fumar.
Além disso, deve-se fazer um exame de dilatação ocular, pelo menos, uma vez por ano, ou com mais frequência, se recomendado pelo oftalmologista. Estas acções permitem proteger a saúde dos olhos e podem prevenir a cegueira.
Quanto mais cedo se trabalhar para controlar a diabetes e outras condições de saúde, melhor. Nunca é tarde para começar.
O que fazer em caso de perda de visão devido à diabetes?
Deve-se procurar apoio de profissionais de saúde ocular especializados em reabilitação e baixa visão. Estes profissionais podem ajudar a controlar a perda de visão, a maximizar o uso da visão residual e a manter uma vida activa e independente.
A DIABETES É UMA DOENÇA METABÓLICA CRÓNICA QUE AFECTA MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO. É CARACTERIZADA PELA PRODUÇÃO INSUFICIENTE DE INSULINA OU PELA INCAPACIDADE DO CORPO DE A UTILIZAR CORRECTAMENTE, O QUE RESULTA EM NÍVEIS ELEVADOS DE AÇÚCAR NO SANGUE. A INSULINA, UMA HORMONA ESSENCIAL PRODUZIDA PELO PÂNCREAS, É RESPONSÁVEL POR TRANSPORTAR A GLICOSE DO SANGUE PARA AS CÉLULAS, ONDE ESTA É CONVERTIDA EM ENERGIA. QUANDO ESTE PROCESSO NÃO FUNCIONA DE FORMA ADEQUADA, OS NÍVEIS DE GLICOSE NO SANGUE PERMANECEM ELEVADOS, LEVANDO A COMPLICAÇÕES GRAVES, TANTO A CURTO COMO A LONGO PRAZO.
Fontes:
Mariana Botelho
Licenciada em Enfermagem, desde 2016. 7 anos de experiência em ambiente hospitalar. Pós-graduação em Gestão de Saúde, desde 2023. Actualmente, Especialista de Produto Diabetes na Quilaban
Existem três principais tipos de diabetes:
• Diabetes tipo 1: condição autoimune em que o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas. Geralmente surge na infância ou adolescência, mas pode manifestar-se em qualquer idade. É irreversível e requer tratamento contínuo com insulina.
• Diabetes tipo 2: é a forma mais comum da doença, frequentemente associada a factores como obesidade, estilo de vida sedentário e predisposição genética. É mais prevalente em adultos, mas o aumento dos índices de obesidade tem feito com que também seja diagnosticada em jovens.
• Diabetes gestacional: ocorre durante a gravidez e, embora geralmente desapareça após o parto, aumenta o risco de a mãe e o bebé desenvolverem diabetes tipo 2 no futuro.
Embora a diabetes tipo 2 se desenvolva frequentemente de forma silenciosa, existem sinais de alerta que não devem ser ignorados. Os sintomas mais comuns incluem sede excessiva, urinação frequente, fome constante, perda de peso inexplicável, cansaço, visão turva, feridas que demoram a cicatrizar e infecções frequentes, como as da pele ou do trato urinário. Identificar estes sintomas atempadamente é fundamental para prevenir complicações e iniciar o tratamento adequado.
Prevenção e controlo da doença
A prevenção da diabetes tipo 2 é possível e passa, sobretudo, pela adopção de hábitos de vida saudáveis. Entre os factores de risco estão o excesso de peso, o histórico familiar de diabetes tipo 2, a síndrome metabólica, o sedentarismo e a idade avançada. Para reduzir o risco, é essencial manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e fibras, evitar alimentos ultraprocessados, praticar exercício físico regularmente e realizar rastreios frequentes, especialmente para quem apresenta factores de risco. Para quem já vive com diabetes, o controlo eficaz da doença é essencial para evitar complicações graves, como problemas cardiovasculares, danos nos rins, perda de visão ou neuropatia, entre outros. Este controlo inclui:
• Seguir uma dieta equilibrada;
• Praticar actividade física;
• Monitorizar regularmente os níveis de glicose no sangue;
• Aderir ao tratamento médico prescrito. Cuidar da saúde dos pés também é crucial, uma vez que as pessoas com diabetes têm maior risco de desenvolver feridas ou infecções que podem evoluir para problemas mais graves.
Papel da tecnologia no controlo da diabetes
Os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel crucial no controlo da diabetes, permitindo uma monitorização mais eficaz dos níveis de glicemia. Os glucómetros actuais são pequenos, fáceis de usar e altamente precisos, facilitando o controlo diário.
Por exemplo, o glucómetro Element destacase pela rapidez (apresenta resultados em três segundos), precisão e funcionalidades úteis, como a necessidade de uma amostra reduzida de sangue. Estes dispositivos ajudam a identificar padrões e a ajustar o tratamento de forma personalizada, sempre em conjunto com o profissional de saúde.
A diabetes é uma condição desafiadora, mas com o diagnóstico precoce, a adopção de um estilo de vida saudável e a adesão ao tratamento, é possível viver bem e prevenir complicações.
Controlar hoje, para viver melhor amanhã.
Organização Mundial da Saúde (OMS): Relatórios e directrizes sobre a diabetes, incluindo dados epidemiológicos, prevenção e tratamento. World Health Organization. “Diabetes” Disponível em: https://www.who.int
International Diabetes Federation (IDF): Relatórios anuais e guias sobre a diabetes, como o “IDF Diabetes Atlas”. International Diabetes Federation. “IDF Diabetes Atlas, 10th Edition.” Disponível em: https://www.idf.org American Diabetes Association (ADA): Publicações científicas e orientações sobre diagnóstico, gestão e complicações da diabetes. American Diabetes Association. “Standards of Medical Care in Diabetes - 2024”. Diabetes Care
Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD): Publicações e iniciativas voltadas para a prevenção e controlo da diabetes em Portugal. Sociedade Portuguesa de Diabetologia. “Relatórios Anuais da Diabetes”. Disponível em: https://www.spd.pt
A DIABETES, UMA DAS DOENÇAS CRÓNICAS MAIS PREVALENTES NO MUNDO, ESTÁ A TORNAR-SE UMA PREOCUPAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA CADA VEZ MAIS GRAVE EM ANGOLA E NA REGIÃO AFRICANA. DADOS RECENTES SUBLINHAM O IMPACTO ALARMANTE DESTA CONDIÇÃO, O QUE EXIGE UMA RESPOSTA COORDENADA E ABRANGENTE PARA MINIMIZAR AS SUAS CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS.
540 milhões de pessoas têm diabetes a nível mundial
Em 2045, 1 em cada 8 adultos terá diabetes
Mais de 90% dos diabéticos padece de diabetes tipo 2
Urbanização, envelhecimento da população, sedentarismo e excesso de peso/obesidade são os factores que contribuem para o aumento da diabetes tipo 2
Entre 2000 e 2021, o número de adultos (20 a 79 anos) com diabetes em Angola aumentou de 185,3 mil para 584,5 mil. Este crescimento exponencial está projectado para alcançar 1,45 milhão em 2045, representando um aumento de quase 700%.
A prevalência ajustada pela idade também subiu, passando de 2,9% em 2000 para 5% em 2045, indicando um aumento contínuo da carga da doença, revela o Atlas da Diabetes publicado pela Federação Internacional de Diabetes
Além disso, mais de metade dos casos de diabetes no país permanece por diagnosticar, exacerbando as complicações associadas, como doenças cardiovasculares e insuficiência
renal. Este cenário é agravado pelo elevado número de indivíduos com tolerância à glicose comprometida (IGT) e glicemia em jejum alterada (IFG), condições que frequentemente antecedem a diabetes.
Os gastos com a saúde relacionados com a diabetes também revelam uma pressão crescente sobre o sistema de saúde. Em 2021, Angola gastou aproximadamente 303,8 milhões de dólares em cuidados com a diabetes, valor que poderá mais que dobrar até 2045.
ENTRE 2000 E 2021, O NÚMERO DE ADULTOS (20 A 79 ANOS) COM DIABETES EM ANGOLA AUMENTOU DE 185,3 MIL PARA 584,5 MIL. ESTE CRESCIMENTO EXPONENCIAL ESTÁ PROJECTADO PARA ALCANÇAR 1,45 MILHÕES EM 2045, REPRESENTANDO UM AUMENTO DE QUASE 700%
Impacto
Globalmente, cerca de 537 milhões de adultos viviam com diabetes em 2021, o equivalente a 10,5% da população adulta, e este número poderá atingir 783 milhões até 2045, o que supõe um aumento de 46%, de acordo com o mesmo estudo. Três em cada quatro pessoas afectadas residem em países de baixa e média renda, destacando a necessidade de políticas eficazes para mitigar os factores de risco, como a obesidade, o envelhecimento populacional e os estilos de vida sedentários.
No contexto africano, mais de 24 milhões de pessoas convivem com a doença, sendo que mais de metade dos casos não estão diagnosticados. África enfrenta a maior taxa de crescimento global da diabetes, colocando desafios adicionais para sistemas de saúde já sobrecarregados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) adoptou recentemente um quadro de implementação do Pacto Mundial para a Diabetes na região africana.
Um estudo recente da Federação Internacional de Diabetes (FID) revelou um dado alarmante: mais de dois terços (72%) das pessoas diagnosticadas com diabetes só descobrem a doença após apresentarem complicações graves, como problemas de visão, danos nos nervos ou doenças cardíacas. Além disso, 94% dos entrevistados relatou ter enfrentado pelo menos uma complicação ao longo da vida. As complicações associadas à diabetes podem ser devastadoras, afectando órgãos vitais como o coração, os olhos, os rins e os pés e, muitas vezes, comprometendo severamente a qualidade de vida dos pacientes. Para reduzir estes riscos, o diagnóstico precoce, os tratamentos adequados e a prática de autocuidado são cruciais. No entanto, 62% dos pacientes acredita que os profissionais de saúde poderiam ter feito mais para prevenir tais complicações.
A diabetes tipo 2, responsável por mais de 90% dos casos, desenvolve-se de forma silenciosa, muitas vezes sem sintomas aparentes. Este atraso no diagnóstico contribui para que, em muitos casos, as complicações já estejam presentes no momento da descoberta da doença. O estudo reforça a necessidade de aumentar a consciencialização, melhorar o acesso aos cuidados de saúde e adoptar estilos de vida saudáveis como medidas preventivas.
A FID apela aos governos para que invistam em programas de diagnóstico e tratamento eficazes, garantindo que mais pessoas possam identificar e controlar a diabetes antes que as complicações surjam. A educação em saúde e o acesso a recursos adequados são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida das pessoas com diabetes e prevenir os impactos mais graves desta condição.
Este plano ambicioso visa:
• Fortalecer os serviços de atenção primária, integrando o cuidado com a diabetes nos níveis comunitários;
• Aumentar o acesso a medicamentos e tecnologias acessíveis, como insulina e monitorização da glicose;
• Promover estilos de vida saudáveis para prevenir novos casos, com foco em reduzir factores de risco como o sedentarismo e a obesidade;
• Ampliar a vigilância e a investigação, garantindo dados confiáveis para monitorizar o progresso.
Foram definidos objectivos ambiciosos para 2030, incluindo a meta de diagnosticar 80% das pessoas com diabetes e garantir que 100% dos pacientes com diabetes tipo 1 tenha acesso à insulina a preços acessíveis.
Futuro mais saudável
Embora os desafios sejam imensos, a diabetes pode ser controlada através de esforços conjuntos que priorizem a educação em saúde, diagnósticos precoces e a promoção de políticas de saúde pública sustentáveis. Em Angola, isso requer um maior investimento em infraestruturas de saúde, campanhas de consciencialização e uma abordagem intersectorial para combater os determinantes sociais da doença.
A colaboração entre governos, organizações internacionais e comunidades locais será essencial para criar um impacto duradouro. Com acções consistentes, pode-se reduzir a carga da diabetes e melhorar a qualidade de vida das populações afectadas.
A Federação Internacional de Diabetes (FID) destaca a importância de uma alimentação saudável como parte essencial da gestão da doença. Seguir uma dieta equilibrada não só ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue, como também reduz o risco de complicações graves associadas à diabetes. Além disso, uma perda de peso intencional e moderada, aliada a uma alimentação nutritiva e à prática regular de actividade física, pode prevenir ou atrasar o aparecimento da diabetes tipo 2.
Recomendações
• Escolher alimentos de baixo índice glicémico (IG) frutas, vegetais, legumes, cereais integrais e frutos secos ajudam a regular os níveis de glicose no sangue de forma mais eficaz.
• Adoptar a Dieta Mediterrânica alimentos de origem vegetal, gorduras saudáveis e baixo consumo de carne vermelha, esta dieta é recomendada para uma melhor saúde cardiovascular e controlo da diabetes.
• Incluir alimentos ricos em fibras vegetais e leguminosas promovem uma digestão mais lenta, ajudando a estabilizar os níveis de glicose.
• Preferir água, chá ou café sem açúcar açucaradas, que podem causar picos nos níveis de glicose.
• Controlar as porções e horários das refeições planeamento alimentar adequado é essencial para manter níveis de glicose consistentes.
A FID enfatiza que mudanças no estilo de vida, como uma alimentação equilibrada, exercício regular e controlo do peso, são essenciais para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida de quem vive com diabetes.
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NOVA PUBLICAÇÃO, DESENVOLVIDA PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), PELA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (FID) E PELA UNIVERSIDADE DE NEWCASTLE, REVELA QUE ABANDONAR O TABACO PODE DIMINUIR O RISCO DE DESENVOLVER DIABETES TIPO 2 EM 30% A 40%.
Actualmente, estima-se que 537 milhões de pessoas convivem com diabetes, tornando esta condição a nona causa de morte globalmente. A diabetes tipo 2, responsável por mais de 90% dos casos, é uma das doenças crónicas mais prevalentes no mundo, mas, muitas vezes, pode ser evitada.
Deixar de fumar não só reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2, como também melhora significativamente o seu controlo e diminui o risco de complicações associadas à doença. Evidências científicas indicam que o tabaco influencia negativamente a capacidade do organismo de regular os níveis de açúcar no sangue, contribuindo para o desenvolvimento da diabetes tipo 2.
Além disso, fumar aumenta o risco de complicações graves relacionadas com a diabetes, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal e perda de visão. Também retarda a cicatrização de feridas e aumenta o risco de amputações dos membros inferiores, gerando um peso significativo para os sistemas de saúde.
A FID incentiva fortemente as pessoas a deixarem de fumar para reduzir o risco de diabetes e, para
“A
MENSAGEM É CLARA: DEIXAR DE FUMAR NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE SAÚDE PULMONAR OU CARDÍACA; É TAMBÉM UMA FORMA CONCRETA DE REDUZIR O RISCO DE DIABETES TIPO 2”
quem já tem a condição, evitar complicações.
A entidade também apela aos governos para que implementem políticas que desencorajem o tabagismo e eliminem o fumo de tabaco de todos os espaços públicos.
“A mensagem é clara: deixar de fumar não é apenas uma questão de saúde pulmonar ou cardíaca; é também uma forma concreta de reduzir o risco de diabetes tipo 2”, afirma o Prof. Akhtar Hussain, presidente da FID.
Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial ao motivar e orientar as pessoas a deixarem o tabaco, especialmente aquelas com diabetes tipo 2. Ao mesmo tempo, é essencial que os governos adoptem medidas para garantir ambientes totalmente livres de fumo em locais públicos e de trabalho e transportes públicos. Estas intervenções são salvaguardas importantes contra o início e a progressão desta e de outras doenças crónicas.
A mensagem é clara: deixar de fumar não se trata apenas de ter pulmões e corações mais saudáveis; é também um passo concreto para reduzir o risco de diabetes tipo 2.
A INSULINA É UMA HORMONA PRODUZIDA PELO PÂNCREAS, PERTENCENTE AO GRUPO DOS MODULADORES METABÓLICOS, E TEM A FUNÇÃO DE QUEBRAR AS MOLÉCULAS DE GLICOSE (AÇÚCAR), TRANSFORMANDO-AS EM ENERGIA PARA A MANUTENÇÃO DAS CÉLULAS DO NOSSO ORGANISMO. PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1), MAIS COMUMMENTE CHAMADOS DE INSULINODEPENDENTES, TÊM DEFICIÊNCIA ABSOLUTA DE INSULINA ENDÓGENA, RAZÃO PELA QUAL A INSULINOTERAPIA É OBRIGATÓRIA NO TRATAMENTO.
Existem vários tipos de insulina, que apresentam diferentes características quanto à velocidade de início de acção, período de concentração máxima (pico de acção) e duração da acção.
Principais tipos de insulina:
• Insulina Basal
• Insulina Bolus
• Insulinas Bifásicas (insulina lenta + insulina rápida).
Principais características das insulinas
A Insulina Basal tem a particularidade de cobrir as necessidades do organismo entre as refeições e durante a noite, ou seja, ao longo do dia. É uma insulina de acção lenta (prolongada) ou intermediária.
A Insulina Bolus é uma insulina de acção mais rápida, destinada a evitar a hiperglicemia pós-prandial, relacionada com a refeição. É aplicada antes das refeições e promove a libertação de insulina pelo pâncreas.
As Insulinas Bifásicas (insulina lenta + insulina rápida) contêm sempre dois tipos de insulina, de modo a proporcionar picos e tempos de duração diferentes.
A insulina está disponível em quatro formas principais, divididas pela velocidade de início de acção, período de concentração máxima (pico de acção) e duração da açcão:
• Insulina de acção rápida: inclui as insulinas Lispro, Asparte e Glulisina São as insulinas mais rápidas, atingindo o pico de actividade em cerca de uma hora e continuando a actuar por três a cinco horas. São injectadas no início de uma refeição ou até 15 minutos antes.
• Insulina de acção curta: inclui a Insulina Regular. Actua mais lentamente do que a insulina de acção rápida, alcançando a actividade máxima entre duas a quatro horas, com efeitos que duram de seis a oito horas. Deve ser administrada 30 minutos antes da refeição.
• Insulina de acção intermediária: inclui a insulina Isofana (Protamina Neutra de Hagedorn ou NPH) e insulina U500 Começa a actuar entre 30 minutos a duas horas, atinge o pico de actividade entre quatro a 12 horas e mantém-se eficaz por 13 a 26 horas. Pode ser administrada pela manhã, para actuar durante o dia, ou ao entardecer, para actuar durante a noite.
• Insulina de acção prolongada: inclui insulinas como Glargina, Detemir, Glargina U-300 ou Degludec. Oferecem cobertura prolongada, entre 20 a 40 horas, com um efeito mínimo nas primeiras horas.
As insulinas bifásicas (insulina lenta + insulina rápida), actualmente, encontram-se disponíveis nas seguintes combinações:
• Humalog Mix® 25: 25% de solução de insulina Lispro (rápida) e 75% de suspensão de insulina Lispro Protamina (lenta);
• Humalog Mix® 50/50: 50% de solução de insulina Lispro (rápida) e 50% de suspensão de insulina Lispro Protamina (lenta);
• NovoMix® 30: 30% de insulina Asparte (rápida) e 70% de insulina Asparte com protamina (lenta);
• Novolin N: 30% de Insulina Regular e 70% de insulina NPH;
• Humulin N: 30% de Insulina Regular e 70% de insulina NPH.
A insulina inalada, Afrezza, está recomendada em situações em que os pacientes não conseguem ou não estão dispostos a receber injecções. Disponível na forma de inalador
O TRATAMENTO INTENSIVO COM O USO DE ESQUEMA BASAL-BOLUS COM MÚLTIPLAS DOSES DE INSULINA NPH HUMANA E INSULINA REGULAR HUMANA TORNOU-SE O TRATAMENTO PRECONIZADO PARA PACIENTES COM DM1, DESDE A DÉCADA DE 90. ALÉM DO CONTROLO DOS SINTOMAS DE HIPERGLICEMIA, ESTE ESQUEMA MOSTROUSE CAPAZ DE REDUZIR O APARECIMENTO E A PROGRESSÃO DAS COMPLICAÇÕES CRÓNICAS MICRO E MACROVASCULARES DA DIABETES
(similar ao inalador para a asma), deve ser utilizada várias vezes ao dia. Requer monitorização periódica da função pulmonar, com exames realizados entre seis a 12 meses. O tratamento intensivo com o uso de esquema Basal-Bolus com múltiplas doses de insulina NPH humana e insulina regular humana tornou-se o preconizado para pacientes com DM1, desde a década de 90. Além do controlo dos sintomas de hiperglicemia, este esquema mostrou-se capaz de reduzir o aparecimento e a progressão das complicações crónicas micro e macrovasculares da diabetes.
Entretanto, o esquema insulínico intensivo acarreta maior risco de hipoglicemias, incluindo hipoglicemias graves. O risco destas hipoglicemias pode ser três vezes maior quando em tratamento intensivo, em comparação ao tratamento não intensivo, sendo um relevante factor limitante à eficácia da terapia insulínica intensiva.
O esquema de insulinoterapia deve sempre respeitar alguns factores, como a faixa etária e o peso do paciente, o gasto energético diário, incluindo a actividade física, e a sua dieta, levando-se em consideração a possível resistência à acção da insulina e a farmacocinética destes medicamentos.
Administração e conservação das insulinas
A via de administração usual das insulinas
é a subcutânea (SC) e pode ser realizada nos braços, abdómen, coxas e nádegas. A velocidade de absorção varia conforme o local de aplicação, sendo mais rápida no abdómen, intermediária nos braços e mais lenta nas coxas e nádegas.
A insulina regular também pode ser aplicada pelas vias intravenosa (IV) e intramuscular (IM), em situações que requerem efeito clínico imediato, o que requer cautela e a indicação de um profissional com conhecimento específico para o efeito.
É importante conservar a insulina, mantendo-a refrigerada enquanto não for aberta. Depois da embalagem aberta, deve manter-se protegida do sol e do calor, não devendo ser utilizada por mais de um mês.
Seringas e canetas de insulina
As insulinas são administradas por meio de seringas graduadas em unidades internacionais (UI) ou canetas de aplicação. Assim como as seringas, as canetas podem ser usadas com agulhas de diferentes comprimentos. A escolha da agulha e das técnicas de aplicação das insulinas pela caneta segue, em geral, as mesmas orientações da aplicação por meio de seringas.
As canetas de aplicação de insulinas têm-se tornado uma opção mais popular nos últimos anos. Entre as suas vantagens em relação à seringa, está a praticidade no manuseio e transporte, além da opção de uso com agulhas mais curtas e finas. Essas vantagens proporcionam maior aceitação social e melhor adesão ao tratamento, melhorando, consequentemente, o controlo glicémico. Por existirem vários tipos de insulinas, os pacientes com DM1 devem ser atendidos e educados, preferencialmente, em ambiente hospitalar ou em consultórios, por endocrinologistas e por uma equipa de saúde multiprofissional. Estes pacientes devem ser avaliados periodicamente quanto à adesão ao tratamento, ao conhecimento sobre a doença, à eficácia do tratamento, à necessidade de ajuste de doses das insulinas e ao desenvolvimento de possível toxicidade aguda ou crónica.
Fontes:
Acedido no dia 14 de Novembro de 2024 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK278938/#insulin-pharmacology.PHYSICAL_AND_CHEMIC
Acedido no dia 14 de Novembro de 2024 https://diabetesjournals.org/care
Acedido no dia 14 de Novembro de 2024 https://ada.silverchair-cdn.com/ada/content_public/journal/care/issue/47/supplement_1/10/standards-of-care-2024.pdf
Acedido no dia 14 de Novembro de 2024 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_terapeuticas_diabete_melito.pdf
Dr. Apolíneo Paxi
Médico especialista em Urologia e Uro-Oncologia
pela Faculdade de Medicina do ABC, Brasil – SP. Fellowship em Andrologia e Infertilidade Masculina pelo Projecto Alfa de Fertilidade, Brasil – SP. MBA em Gestão Executiva de Hospitais e Sistemas de Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC, Brasil – SP. Fundador do Projecto UROCENTER LUANDA
O CANCRO DA PRÓSTATA, UMA NEOPLASIA QUE SE DESENVOLVE NA PRÓSTATA, GLÂNDULA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO, TEM UMA HISTÓRIA QUE REMONTA A SÉCULOS. O PRIMEIRO CASO DOCUMENTADO FOI DESCRITO EM 1853 POR J. ADAMS, UM CIRURGIÃO DO HOSPITAL DE LONDRES, QUE MENCIONOU A DOENÇA COMO UMA CONDIÇÃO RARA. ANTES DISSO, HAVIA REGISTOS DE QUADROS SEMELHANTES EM ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DE MÚMIAS COM MAIS DE DOIS MIL ANOS. EM 1904, NOS ESTADOS UNIDOS, HUGH HAMPTON YOUNG REALIZOU A PRIMEIRA CIRURGIA RADICAL DE CANCRO DA PRÓSTATA, MARCANDO UM AVANÇO SIGNIFICATIVO NA ABORDAGEM CIRÚRGICA DA DOENÇA. DESDE ENTÃO, O CONHECIMENTO SOBRE O CANCRO DA PRÓSTATA EVOLUIU CONSIDERAVELMENTE, COM AVANÇOS NA DETECÇÃO PRECOCE E NO TRATAMENTO, AUMENTANDO AS PROBABILIDADES DE CURA.
Ocancro da próstata é o segundo tipo de cancro mais comum entre os homens em todo o mundo, com mais de 1,4 milhão de novos casos diagnosticados anualmente. A incidência varia amplamente entre diferentes regiões, sendo menos comum no Sul e Leste da Ásia e mais prevalente na Europa e nos Estados Unidos. Países como os Estados Unidos registam mais de 170 mil novos casos por ano. Com cerca de 40 mil mortes, é a segunda maior causa de mortes por cancro entre os homens, atrás apenas do cancro do pulmão. Factores como genética, dieta e estilo de vida têm sido associados ao desenvolvimento do cancro da próstata.
Epidemiologia em Angola Em Angola, o cancro da próstata é uma das principais preocupações de saúde pública. Dados do Instituto Angolano de Controlo do Câncer indicam que, semanalmente, são diagnosticados entre 12 e 13 novos casos da doença. A maioria desses casos é diagnosticada em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e reduz as probabilidades de cura.
A falta de um registo de base populacional em Angola dificulta a obtenção de dados precisos, mas estudos indicam que o cancro da próstata é um dos tipos mais comuns no país, seguido pelo cancro da mama e do colo do útero. A maioria dos casos ocorre em homens acima dos 50 anos, reflectindo uma tendência global. Angola é classificada como o 23.º país mais afectado pelo cancro da próstata no mundo. No top 50 das principais causas de morte, o cancro da próstata ocupa o 11.º lugar.
Vantagens do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce do cancro da próstata é crucial para aumentar as probabilidades de cura e reduzir a mortalidade. Quando detectado em estágios iniciais, estas podem ultrapassar os 90%.
O diagnóstico precoce permite opções de tratamento menos agressivas e mais eficazes, como a cirurgia minimamente invasiva e a radioterapia de intensidade modulada. Exames de rotina, como o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque rectal, são fundamentais para a detecção precoce. Homens com histórico familiar de cancro da próstata ou factores de risco devem realizar exames regulares para monitorizar a saúde da próstata.
Últimos avanços no tratamento
Os avanços no tratamento do cancro da próstata, nos últimos anos, têm sido significativos. A cirurgia robótica e a videolaparoscopia são técnicas minimamente invasivas que oferecem maior precisão e menos complicações pósoperatórias. A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) permite doses precisas de radiação directamente no tumor, preservando as células saudáveis.
ANGOLA É CLASSIFICADA COMO O 23.º
PAÍS MAIS AFECTADO PELO CANCRO DA PRÓSTATA NO MUNDO. NO TOP 50 DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE, O CANCRO DA PRÓSTATA OCUPA O 11.º
LUGAR
Novas terapias hormonais, quimioterapias e imunoterapias têm mostrado resultados promissores no tratamento do cancro da próstata avançado. Além disso, radiofármacos, como o Rádio-223 e o Lutécio-177, têm sido utilizados para tratar metástases ósseas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Recentemente, Angola tem investido em tecnologia e formação no sector da saúde para melhorar o diagnóstico e o tratamento do cancro da próstata. A cirurgia robótica, por exemplo, tem sido destacada como uma opção menos invasiva e mais precisa, permitindo uma recuperação mais rápida e menos complicações a longo prazo. Além disso, campanhas de consciencialização e rastreio têm sido realizadas em várias províncias para aumentar a detecção precoce da doença.
Conclusão
O cancro da próstata continua a ser um desafio significativo para a saúde pública global e em Angola. No entanto, os avanços na detecção precoce e no tratamento oferecem esperança para melhores resultados e maior qualidade de vida para os pacientes. A consciencialização sobre a importância do diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos modernos são fundamentais para combater esta doença de forma eficaz.
A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) ANUNCIOU UM MARCO IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DO CANCRO DO COLO DO ÚTERO, AO APROVAR O USO DA VACINA CECOLIN NUM ESQUEMA DE DOSE ÚNICA CONTRA O VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO (HPV). ESTA DECISÃO FOI BASEADA EM NOVOS DADOS CIENTÍFICOS QUE ATENDERAM AOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS NAS RECOMENDAÇÕES DE 2022 PARA USO ALTERNATIVO E NÃO AUTORIZADO DE VACINAS CONTRA O HPV. COM A INCLUSÃO DA CECOLIN, A OMS AMPLIA PARA QUATRO O NÚMERO DE VACINAS CONTRA O HPV APROVADAS PARA USO EM DOSE ÚNICA.
Chegada de mais de 1 milhão de vacinas
Cecolin a Angola, para combater o cancro do colo do útero
Ocancro do colo do útero, causado em mais de 95% dos casos pelo HPV, afecta aproximadamente 660 mil mulheres em todo o mundo a cada ano, sendo responsável por uma morte a cada dois minutos. A maioria destas mortes ocorre em países de baixa e média renda, onde o acesso à imunização é limitado. Dos 20 países mais afectados, 19 estão localizados em África, uma região que sofre com a escassez de recursos de saúde. “Diferentemente da maioria dos outros tipos de cancro, temos a capacidade de eliminar o do colo do útero e as dolorosas desigualdades que causa”, declarou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, directorgeral da OMS. “Ao adicionar mais uma opção ao esquema de vacinação de dose única, estamos a avançar significativamente para relegar esta doença ao passado.”
Resposta à crise global de abastecimento Desde 2018, a introdução das vacinas contra o HPV tem enfrentado desafios significativos devido à escassez global de suprimentos. Em 2024, problemas de
produção agravaram ainda mais a situação, ameaçando a imunização de milhões de meninas em África e na Ásia. Para enfrentar esta crise, a OMS tem incentivado a adopção do esquema de dose única, uma estratégia que não só optimiza os recursos disponíveis, como também simplifica os programas de imunização. De acordo com a Dra. Kate O’Brien, directora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, “a inclusão de uma nova vacina de dose única é uma vitória significativa para os países que lutam para alcançar as suas metas de imunização”. Em Julho de 2024, dados globais revelaram que a cobertura de dose única entre meninas de 9 a 14 anos aumentou de 20% em 2022 para 27% em 2023. O número de países que adoptaram o esquema de dose única subiu de 37 em 2023 para 57 até Setembro de 2024.
Estima-se que esta abordagem permitiu a vacinação de mais seis milhões de meninas apenas em 2023.
O financiamento internacional tem sido crucial para esses avanços. Em Março deste ano, governos e organizações comprometeram quase 600 milhões de dólares para a eliminação do cancro do colo do útero. Este montante inclui 180 milhões da Fundação Bill e Melinda Gates, 10 milhões da UNICEF e 400 milhões do Banco Mundial. Com o suporte contínuo da Gavi, estas iniciativas devem ampliar ainda mais o alcance das vacinas contra o HPV até 2030.
Novos horizontes
A vacina Cecolin, inicialmente aprovada para esquemas de duas doses, faz agora parte das orientações técnicas da OMS para uso em dose única. Esta inclusão segue a lógica de que, quando novos dados indicam benefícios claros para a saúde pública, as autoridades podem recomendar usos alternativos antes mesmo de ajustes formais nos documentos técnicos dos fabricantes.
Adicionalmente, a OMS anunciou a préqualificação de uma quinta vacina contra o HPV, a Walrinvax, em Agosto. Embora ainda aprovada
apenas para esquemas de duas doses, há expectativas de que novos estudos possam ampliar a sua aplicação para dose única, contribuindo ainda mais para a sustentabilidade do fornecimento global.
A estratégia global da OMS para eliminar o cancro do colo do útero inclui três pilares principais: vacinação de 90% das meninas antes dos 15 anos, rastreamento em 70% das mulheres e tratamento em pelo menos 90% dos casos diagnosticados. A inclusão de novas opções de vacina de dose única é um passo decisivo para alcançar estas metas, especialmente em regiões com recursos limitados.
À medida que o número de produtos disponíveis aumenta, espera-se que mais países possam implementar programas de vacinação mais amplos.
Angola recebe vacinas
Mais de 1,4 milhão de doses de vacinas contra o HPV chegaram, no dia 16 de Setembro, a Angola para a imunização de raparigas dos 9 aos 12 anos, no âmbito da estratégia nacional de prevenção e protecção contra o cancro do colo do útero. Seguiu-se outro lote, completando 2,2 milhões de doses de vacinas, necessárias para garantir a vacinação de cerca de 2,136 milhões de meninas entre os 9 e os 12 anos de idade em todo o país.
Segundo a Ministra da Saúde de Angola, Dra. Silvia Lutucuta, “esta é uma oportunidade única para proteger as nossas futuras gerações de uma doença devastadora. Vamos unir forças e garantir que todas as meninas de Angola, independentemente de onde vivam, recebam esta vacina que salva vidas”. Dados do Instituto Angolano de Controlo do Cancro revelam que, em Angola, só em 2022, foram tratados 915 casos de cancro do colo do útero, representando cerca de 17% de todos os casos de cancro. Além disso, as autoridades de saúde estimam que a incidência real de casos no país seja provavelmente ainda maior, devido às limitações no diagnóstico.
O cancro do colo do útero é um grave problema de saúde pública, afectando cinco vezes mais e matando sete vezes mais mulheres africanas do que mulheres em países desenvolvidos. A OMS estima que cerca de 117.300 mulheres em África sejam diagnosticadas com cancro do colo do útero todos os anos, e mais de 76 mil morrem da doença. Estes números sublinham a urgência de um combate efectivo a este problema de saúde pública, que o Governo angolano iniciou com a aquisição da vacina Cecolin, fabricada pelo laboratório INOVAX. Esta vacina foi pré-qualificada pela OMS e é considerada altamente eficaz e segura. A nível mundial, mais de 50 milhões de doses da vacina contra o cancro do colo do útero já foram administradas sem reacções adversas significativas.
QUANDO SE FALA EM AUTOMAÇÃO
NO SECTOR DA SAÚDE, ESTE PODE PARECER UM CONCEITO TÉCNICO
E DISTANTE, MAS, NA PRÁTICA, É SIMPLES: TRATA-SE DE USAR TECNOLOGIA PARA REALIZAR
TAREFAS ROTINEIRAS DE FORMA MAIS RÁPIDA E EFICIENTE, POUPANDO
TEMPO E ESFORÇO AO SER HUMANO. MAS ATENÇÃO, AUTOMAÇÃO NÃO É SINÓNIMO DE SUBSTITUIR PESSOAS
–LONGE DISSO! TRATA-SE DE DAR APOIO, SIMPLIFICAR PROCESSOS
E, ACIMA DE TUDO, DEVOLVER AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE CONCENTRAREM NO ESSENCIAL: CUIDAR DAS PESSOAS.
Ecomo acontece esta transformação nos hospitais? Quando um sistema organiza horários de consultas ou exames de forma inteligente, reduz filas ou até responde automaticamente às dúvidas mais frequentes dos clientes, é de automação que estamos a falar. Quando algoritmos conseguem analisar resultados de exames em segundos e alertar médicos para potenciais problemas de saúde, isto também é automação.
A ideia é permitir que as máquinas realizem o que é mecânico e repetitivo, deixando o lado humano para os humanos – a empatia, a escuta, a comunicação, a atenção e o cuidado.
O poder da automação: exemplos reais
A automação já é uma realidade em muitos hospitais ao redor do mundo. No Mount Sinai, em Nova Iorque, a inteligência artificial (IA) ajuda a gerir agendamentos e a prever necessidades, para que as urgências não fiquem sobrelotadas. Em Portugal, na CUF Saúde, os chatbots realizam uma triagem inicial de doentes antes das consultas presenciais, ajudando a reduzir o trabalho administrativo. O SNS 24, uma linha de apoio telefónico, desenvolveu um projecto baseado em automação e machine learning (ML) para fazer triagens e encaminhar doentes de forma mais eficiente para os serviços de saúde. Outro exemplo prático é o sistema EPIC, amplamente utilizado nos Estados Unidos, que digitaliza registos médicos, organiza-os e até alerta os médicos sobre interacções medicamentosas perigosas. Este sistema não só reduz a margem de erro, como também acelera o processo de decisão, permitindo mais tempo para o que importa: cuidar das pessoas. Mesmo em hospitais de mercados emergentes, tecnologias simples, como mensagens automáticas para lembrar consultas ou a toma de medicação, já fazem uma grande diferença na saúde preventiva e na longevidade das pessoas.
Atendimento ao cliente mais personalizado Agora imagine que vai ao hospital e todo o processo de admissão é mais rápido e adaptado às suas necessidades ou ao motivo da sua visita. Com automação, isto é possível. Sistemas inteligentes podem analisar dados, como o histórico médico de um doente ou até dados genéticos (em casos mais avançados), para recomendar tratamentos específicos e eficazes.
Humanos e IA: uma parceria inovadora Ao contrário do que muitas pessoas temem, a automação não substitui as pessoas –complementa-as. As máquinas fazem o que sabem fazer melhor: processar dados, analisar grandes volumes de informação e executar tarefas repetitivas. Os humanos, por outro lado, oferecem o que só eles podem dar: criatividade,
empatia e julgamento. Nos hospitais, esta parceria já acontece de forma eficaz. Algoritmos de IA ajudam a interpretar exames de imagem, como mamografias ou ressonâncias magnéticas, identificando anomalias que poderiam passar despercebidas. No entanto, o papel do médico continua a ser fundamental para interpretar dados e explicar os resultados aos pacientes. Afinal, ninguém quer máquinas a dar más notícias – queremos, sim, alguém que nos ouça e apoie.
Os desafios da automação Mas nem tudo são rosas. Existem desafios que não podemos ignorar. A privacidade dos dados dos pacientes, especialmente em saúde, é uma preocupação séria. É crucial garantir que as informações estejam protegidas. Além disso, é essencial assegurar que a tecnologia não se torne tão complexa ao ponto de afastar, em vez de ajudar, os profissionais de saúde.
Por isso, o investimento na formação das equipas de saúde é imprescindível. Não basta instalar tecnologia de ponta – é necessário garantir que os profissionais saibam utilizá-la e confiem nela. Só assim será possível criar um ambiente de colaboração harmoniosa entre IA e pessoas.
No final, o objectivo da automação não é substituir, mas apoiar. Ao optimizar tarefas, reduzir erros e oferecer soluções mais rápidas, criamos um sistema de saúde onde as pessoas se sentem mais bem cuidadas e onde os profissionais têm mais tempo para o que realmente importa.
Estamos a entrar numa era onde tecnologia e humanidade não devem competir, mas sim complementar-se. O futuro da medicina não é apenas mais eficiente – é também mais humano. E isto, para mim, é que é o verdadeiro avanço.
A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) ESTÁ A MOLDAR UMA NOVA ERA NOS CUIDADOS DE SAÚDE, PROMETENDO DIAGNÓSTICOS MAIS PRECISOS, TRATAMENTOS PERSONALIZADOS E UMA GESTÃO HOSPITALAR MAIS EFICIENTE. ESTUDOS RECENTES E RELATÓRIOS INTERNACIONAIS, COMO O DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), TÊM EXPLORADO AS MÚLTIPLAS FORMAS COMO ESTA TECNOLOGIA PODE TRANSFORMAR O SECTOR, MAS TAMBÉM DESTACAM OS DESAFIOS ÉTICOS, TÉCNICOS E OPERACIONAIS QUE PRECISAM DE SER SUPERADOS PARA GARANTIR QUE A REVOLUÇÃO SEJA INCLUSIVA, SEGURA E EFICAZ.
Oestudo “Tendências Emergentes da Inteligência
Artificial na Saúde: Análise Bibliométrica” revelou como técnicas avançadas, como machine learning e deep learning, estão a redefinir a prática médica. Segundo os autores, “a investigação em inteligência artificial na saúde está a expandir-se através da utilização dos modelos de machine learning e de deep learning, de forma a melhorar os cuidados de saúde e a permitir um atendimento mais personalizado (por exemplo: medicina de precisão) no diagnóstico, prognóstico e tratamento do doente” Efectivamente, redes neurais convolucionais (CNNs) têm sido utilizadas para analisar imagens médicas, como radiografias e tomografias, com níveis de precisão que superam os métodos tradicionais. Estas ferramentas são capazes de identificar sinais precoces de doenças como o cancro ou condições cardiovasculares, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes. Além disso, a IA tem contribuído para a expansão da medicina personalizada. Com base na análise de perfis genéticos, os algoritmos podem prever como diferentes pacientes irão reagir a determinados tratamentos, optimizando os resultados clínicos e reduzindo os efeitos
adversos. Este avanço coloca a personalização do tratamento no centro dos cuidados de saúde, alinhandose à promessa de uma medicina mais humana e eficiente.
Por outro lado, a integração de Big Data na saúde tem sido crucial para a criação de bases de dados robustas que permitem previsões mais precisas sobre o desenvolvimento de doenças. Contudo, o estudo aponta que o impacto da IA ainda é limitado nalgumas áreas, devido à falta de diversidade nos dados e à dificuldade de generalização dos modelos. “Os resultados obtidos indicam que é ao nível do diagnóstico e prognóstico de doenças que a aplicação destes modelos é mais evidenciada, com um maior foco nas áreas de oncologia, neurologia e cardiologia”.
IA ao serviço das unidades de saúde Outro estudo, intitulado “O Impacto da Inteligência
Artificial na Área da Saúde”, aprofunda como os algoritmos de IA podem agregar valor directamente às unidades de saúde, com impactos tanto no tratamento dos pacientes como na gestão operacional.
No âmbito da gestão hospitalar, a IA tem ajudado a optimizar recursos, reduzindo custos operacionais em até 20% e aumentando a precisão dos diagnósticos em condições críticas. Estas melhorias traduzem-se em sistemas de saúde mais ágeis e acessíveis.
Um exemplo notável é o uso de algoritmos na triagem de pacientes em serviços de urgência, priorizando os casos mais graves com base na análise automática dos sintomas. Outras aplicações são a previsão de ocupação de leitos hospitalares e a monitorização em tempo real de sinais vitais, alertando os profissionais para mudanças críticas no estado dos pacientes. Estes avanços mostram como a tecnologia pode aliviar a sobrecarga do sistema de saúde, mas a resistência à adopção por parte de alguns profissionais ainda é uma barreira significativa.
COM BASE NA ANÁLISE DE PERFIS GENÉTICOS, OS ALGORITMOS PODEM PREVER COMO DIFERENTES PACIENTES IRÃO REAGIR A DETERMINADOS TRATAMENTOS, OPTIMIZANDO OS RESULTADOS CLÍNICOS E REDUZINDO OS EFEITOS ADVERSOS. ESTE AVANÇO COLOCA A PERSONALIZAÇÃO DO TRATAMENTO NO CENTRO DOS CUIDADOS DE SAÚDE, ALINHANDO-SE À PROMESSA DE UMA MEDICINA
MAIS HUMANA E EFICIENTE
Desafios de uma revolução tecnológica
Embora as promessas da IA sejam inegáveis, os desafios éticos e técnicos não podem ser ignorados. Questões como a privacidade e segurança dos dados dos pacientes são preocupações centrais, especialmente num sector que lida com informações altamente sensíveis. O relatório da OMS, “Ética e Governança da Inteligência Artificial para a Saúde”, publicado em 2021, oferece uma visão abrangente sobre os princípios fundamentais para o uso responsável da IA no sector da saúde. A organização destaca seis princípios éticos que devem guiar a aplicação da tecnologia, incluindo a protecção da autonomia humana, a promoção do bem-estar, a garantia de justiça e a transparência. “Sem uma governança ética sólida, o uso da IA na saúde pode perpetuar desigualdades e comprometer a segurança dos pacientes”, alerta o relatório. Entre os principais riscos identificados estão a possibilidade de discriminação em algoritmos enviesados, a opacidade dos sistemas (o chamado black box problem) e as ameaças à privacidade e segurança dos dados de saúde, que são extremamente sensíveis. A OMS reforça a necessidade de regulamentações claras e de uma colaboração estreita entre governos, desenvolvedores de tecnologia e profissionais de saúde, para garantir que as ferramentas de IA sejam usadas de forma equitativa e benéfica.
De facto, a resistência à mudança por parte dos profissionais da saúde é destacada como um obstáculo. Muitos ainda consideram os sistemas de IA complexos ou desafiadores para integrar nas suas rotinas, o que aponta para a necessidade de formação e sensibilização adequadas. Como tal, a OMS sugere que as soluções devem começar pela capacitação dos profissionais, garantindo que compreendam e confiem nos sistemas de IA. Além disso, recomenda a criação de bases de dados mais diversificadas e inclusivas para evitar enviesamentos nos algoritmos. Outro ponto crítico é a interoperabilidade. Para que a IA alcance todo o seu potencial, é essencial que os sistemas existentes e as novas tecnologias sejam capazes de se integrar de forma fluida, algo que ainda está longe de ser uma realidade em muitos contextos hospitalares.
Promessa que requer responsabilidade
A inteligência artificial tem o potencial de revolucionar a saúde, desde a análise de imagens médicas à gestão operacional, passando pela medicina personalizada. No entanto, a concretização dessa promessa depende da resolução de questões éticas e operacionais fundamentais. Relatórios como o da OMS são cruciais para orientar o sector rumo a uma integração responsável da IA. Governança responsável, transparência e inclusão são palavraschave para garantir que esta revolução tecnológica seja acessível a todos, preservando os direitos e a dignidade dos pacientes.
Ao mesmo tempo, a colaboração entre governos, empresas tecnológicas, investigadores e profissionais da saúde será crucial para criar um ecossistema que permita a plena integração da IA no sector. Somente assim será possível transformar a promessa em realidade, garantindo que a tecnologia seja uma aliada inquestionável no futuro dos cuidados de saúde.
A SUSTENTABILIDADE NA ACTIVIDADE E NA
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA É UMA NECESSIDADE
ESTRATÉGICA E ÉTICA, QUE DESEMPENHA UM
PAPEL CRUCIAL NO ENFRENTAMENTO DOS
DESAFIOS AMBIENTAIS, NO ATENDIMENTO
ÀS EXPECTATIVAS DOS CONSUMIDORES E NA
PROMOÇÃO DE UM FUTURO MAIS SUSTENTÁVEL.
Dra. Zola Mayamputo João
Técnica Média de Farmácia pelo IMS de Luanda. Licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola/Ciências Farmacêuticas. Agente de Segurança Higiene e Saúde no Trabalho. Directora Técnica da Australpharma
Garantir as melhores práticas farmacêuticas inclui o uso sustentável e racional dos medicamentos, contribuindo para a saúde pública e para a preservação ambiental. Num mundo em constante evolução, a indústria farmacêutica assume um papel essencial na saúde e bem-estar da sociedade. Contudo, é imperativo que este sector se comprometa com práticas sustentáveis, tanto ambientais quanto sociais, assegurando um futuro melhor para as próximas gerações.
Sustentabilidade: do ciclo de produção aos resíduos
A sustentabilidade na indústria farmacêutica abrange desde a produção até à eliminação de resíduos. Este sector tem a responsabilidade de adoptar práticas produtivas mais limpas e eficientes, investir em tecnologias sustentáveis e reduzir o desperdício ao longo de toda a cadeia de valor.
É urgente que tanto a indústria como os farmacêuticos assumam a dianteira na adopção de práticas responsáveis, promovendo a sustentabilidade em toda a cadeia de produção. O compromisso com acções concretas e transformadoras é inadiável.
Educação
A educação e a investigação são pilares fundamentais dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reforçando a necessidade de colaboração multidisciplinar e um contrato social entre líderes mundiais e a sociedade.
Os ODS representam um plano global de acção para o planeta e as pessoas, que deve ser continuamente reforçado e implementado. É essencial que todos, incluindo os farmacêuticos, contribuam para a concretização destas metas.
Compromisso dos farmacêuticos com a sustentabilidade Cuidar da saúde e do bem-estar é indissociável do compromisso com a construção de um mundo mais sustentável. Este objectivo deve ser uma prioridade nas práticas organizacionais e nos serviços farmacêuticos.
O desenvolvimento sustentável visa satisfazer as necessidades actuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras. Num contexto de pressão crescente sobre os sistemas, a responsabilidade global dos profissionais farmacêuticos exige acesso à informação e uma abordagem colaborativa.
Avançar juntos
É URGENTE QUE TANTO
A INDÚSTRIA COMO OS FARMACÊUTICOS
ASSUMAM A DIANTEIRA NA ADOPÇÃO DE PRÁTICAS RESPONSÁVEIS, PROMOVENDO A SUSTENTABILIDADE EM TODA A CADEIA DE PRODUÇÃO. O COMPROMISSO COM ACÇÕES CONCRETAS E TRANSFORMADORAS É INADIÁVEL
A sustentabilidade deve ser encarada como uma vantagem competitiva, uma licença para operar e uma oportunidade estratégica. Ela minimiza riscos, promove inovação e diferencia as organizações no mercado.
A mensagem é clara: não há “farmacêutico
B”. Todos têm um papel a desempenhar na construção de soluções inovadoras e sustentáveis. O momento para agir é agora e o compromisso com a sustentabilidade precisa de ser colectivo.
CERCA DE 75% DAS DOENÇAS EMERGENTES EM HUMANOS É DE ORIGEM ZOONÓTICA, OU SEJA, PODEM SER TRANSMITIDAS DE ANIMAIS PARA HUMANOS. MUITAS DOENÇAS QUE PREOCUPAM AS AUTORIDADES DE SAÚDE
MUNDIAIS, INCLUINDO A COVID-19 OU A GRIPE DAS AVES, PROVAVELMENTE, TIVERAM ORIGEM NA VIDA SELVAGEM. ORA, SEGUNDO UM ESTUDO DA UNIVERSIDADE DE MICHIGAN, DEVIDO AO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL, NOS PRÓXIMOS 50 ANOS, 57% DO TERRITÓRIO DO PLANETA IRÁ REGISTAR UM AUMENTO DA SOBREPOSIÇÃO DE HUMANOS E VIDA SELVAGEM. À MEDIDA QUE ESTA SOBREPOSIÇÃO AUMENTA, EXISTE TAMBÉM UM MAIOR POTENCIAL DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS, PERDA DE BIODIVERSIDADE, ANIMAIS MORTOS POR PESSOAS E ANIMAIS SELVAGENS A ATACAR GADO E PLANTAÇÕES.
Cálculo da sobreposição
Para calcular a futura sobreposição homem-vida selvagem, os investigadores criaram um índice que combinou estimativas de onde as pessoas provavelmente viverão com as distribuições espaciais de 22.374 espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos terrestres. “O índice que criámos mostrou que a maioria das terras globais experimentará aumentos na sobreposição homem-vida selvagem e essa sobreposição crescente é o resultado da expansão da população humana muito mais do que das mudanças na distribuição das espécies causadas pelas alterações climáticas”, diz o autor principal do estudo, Dr. Deqiang Ma. Para o índice, foi extraída informação sobre
Até 2070, a sobreposição entre humanos e mais de 22 mil espécies de vertebrados aumentará em quase 57% do território da Terra, de acordo com uma pesquisa da Universidade do Michigan, publicada na Science
Advances
“Isso dá-nos um alerta precoce de onde podemos esperar ver aumentos futuros na degradação do habitat, conflito entre humanos e vida selvagem ou perda de biodiversidade”, alerta a Dra. Briana Abrahms, co-autora do estudo. “Precisamos de prestar atenção especialmente às áreas florestais, que é onde projectamos que grande parte do aumento da sobreposição homem-vida selvagem ocorra”
a distribuição espacial dos vertebrados a partir de dados publicados anteriormente, que também prevê onde as espécies viverão com base nos seus nichos ecológicos e climáticos. As estimativas de onde as pessoas provavelmente viverão foram baseadas em projecções de desenvolvimento económico, sociedade global e demografia.
“Em muitos lugares ao redor do mundo, mais pessoas interagirão com a vida selvagem nas próximas décadas e, muitas vezes, essas comunidades de vida selvagem compreenderão tipos de animais diferentes do que os que lá vivem agora”, diz o autor sénior, Dr. Neil Carter. “Isso significa que todos os tipos de novas interacções, boas e más, entre as pessoas e a vida selvagem surgirão num futuro próximo”.
Os investigadores descobriram que as áreas que têm altos níveis de sobreposição homem-vida selvagem estão em grande parte concentradas em regiões onde a densidade populacional humana já é alta, incluindo a China e a Índia.
Além disso, projectam que a sobreposição homem-vida selvagem aumentará em áreas florestais, particularmente em África (70,6%) e na América do Sul (66,5%), dois continentes com altos níveis de biodiversidade ameaçados pela actividade humana. A riqueza média de espécies – a variedade de espécies numa determinada área – diminuirá na maioria das florestas em ambos os continentes.
EM TODO O MUNDO, OS SERES
HUMANOS E A VIDA SELVAGEM
COMPETEM CADA VEZ MAIS
POR UM ESPAÇO LIMITADO DE TERRA. ESTA SITUAÇÃO PODE
CONDUZIR A RESULTADOS
PREJUDICIAIS, COMO CONFLITOS
ENTRE O HOMEM E A VIDA
SELVAGEM E A PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS ENTRE SERES
HUMANOS E ANIMAIS
Em contrapartida, a Europa terá a maior proporção de terras com uma diminuição da sobreposição homem-vida selvagem (21,4 %).
Preservar a biodiversidade
Em todo o mundo, os seres humanos e a vida selvagem competem cada vez mais por um espaço limitado de terra. Esta situação pode conduzir a resultados prejudiciais, como conflitos entre o homem e a vida selvagem e a propagação de doenças entre seres humanos e animais. Mas preservar a biodiversidade tem benefícios reais, de acordo com o estudo.
Por exemplo, parte da análise incidiu sobre as aves que comem insectos em áreas agrícolas e examinou para onde irão devido às alterações climáticas. Apurou-se que mais de dois terços das terras agrícolas que deverão experimentar um aumento da sobreposição homem-vida selvagem até 2070 terão um declínio nas espécies de aves que podem ajudar a reduzir as pragas das culturas. Estudos também mostraram que os necrófagos, como os abutres e as hienas, desempenham papéis críticos, removendo resíduos de áreas urbanas e outras paisagens, o que reduz a prevalência de doenças como a raiva, o carbúnculo e a tuberculose bovina, entre outras.
É importante gerir as interacções de forma a minimizar os impactos negativos e maximizar os benefícios. Este é um objectivo fundamental do Quadro Global de Biodiversidade que as nações adoptaram em 2022, como um plano para conservar a vida na Terra e desacelerar a perda de espécies selvagens.
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Logística e Distribuição Farmacêutica
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