N.º 21
Novembro/Dezembro 2023
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
PUBLICAÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
CANCRO DA PRÓSTATA: RASTREIO É FUNDAMENTAL
ÍNDICE SAÚDE PARA SI
02 04 07 08
Dra. Nádia Noronha Directora Executiva da Tecnosaúde
Ao nos despedirmos da maré de consciencialização sobre o cancro da mama representada pelo Outubro Rosa, é crucial redireccionar a nossa atenção para outro inimigo silencioso que afecta milhões de homens em todo o mundo. Novembro marca a celebração do Novembro Azul, um mês dedicado à consciencialização sobre o cancro da próstata, o segundo cancro mais comum nos homens a nível mundial, com cerca de 1,4 milhões de novos casos notificados só em 2020. A doença representa uma ameaça significativa para a saúde, mas a discussão em torno da mesma é, muitas vezes, silenciosa. Um dos elementos-chave do Novembro Azul é enfatizar a importância do rastreio proactivo e da detecção precoce. Rastreios regulares, incluindo testes PSA e exames de toque rectal, podem ser cruciais para identificar a doença precocemente, quando é mais tratável. Também é imperativo desmistificar equívocos comuns em torno do cancro da próstata. Alguns homens podem evitar o rastreio devido a receios sobre a invasividade dos exames ou a preocupações sobre os potenciais efeitos secundários do tratamento. Promover uma cultura de “desestigmatização” em torno das questões relacionadas com a saúde masculina é essencial para incentivar os homens a priorizarem o seu bem-estar e a procurarem aconselhamento médico, quando necessário. A discussão em torno do cancro da próstata não é apenas uma questão masculina; é uma responsabilidade colectiva. Parceiros, famílias e comunidades devem juntar-se à conversa para apoiar e fomentar um sentimento de unidade face a este desafio de saúde. Criar um ambiente onde os homens se sintam à vontade para discutir as suas preocupações e procurar ajuda é crucial para ultrapassar as barreiras que impedem o diagnóstico e o tratamento atempados. Ao abraçarmos o Novembro Azul, comprometamo-nos a transformar este mês num catalisador de mudança. Através da consciencialização e educação, podemos garantir que o Novembro Azul se torne um farol de esperança, levando a melhores resultados e a um futuro mais brilhante e saudável para todos.
2 SAÚDE
Dia Mundial da Pneumonia: combater a pneumonia em todas as frentes
Tuberculose: um flagelo à escala mundial
ENTREVISTA
Dra. Lúcia Furtado, directora do Instituto de Luta Contra a SIDA, e as metas relativas ao VIH VIH: 1.700 mortes a cada dia Doenças Sexualmente Transmíssiveis na Adolescência Sensibilização para o Cancro da Próstata “Desmistificando a Diabete Mellitus”, pela Dra. Sandra Martins Medidas Não Farmacológicas no Tratamento da Diabetes
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ANÁLISE
Iniciativa “Educar para a Sustentabilidade”
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EDITORIAL
RUBRICA FARMACÊUTICA Dra. Cristiana Barbosa aborda o tratamento farmacológico da Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus e as doenças oculares Pé Diabético, prevenção e tratamentos Benefícios da Vitamina D Rubrica Diagnóstico: Diagnóstico Sindrómico
Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola Directora: Nádia Noronha E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/
Feliz Natal Nutribén
3 SAÚDE
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SAÚDE
ANÁLISE
1 MORTE A CADA 13 SEGUNDOS O DIA MUNDIAL DA PNEUMONIA É COMEMORADO TODOS OS ANOS, DESDE 2009, A 12 DE NOVEMBRO. A DATA TEM COMO OBJECTIVO CONSCIENCIALIZAR E EDUCAR PESSOAS, GOVERNOS E OUTRAS PARTES INTERESSADAS A TOMAR MEDIDAS PARA COMBATER A PNEUMONIA EM TODAS AS FRENTES. INFECÇÃO DOS PULMÕES CAUSADA POR BACTÉRIAS, VÍRUS OU FUNGOS, A PNEUMONIA PODE COLOCAR A VIDA EM RISCO, ESPECIALMENTE EM CRIANÇAS E IDOSOS. O TEMA DO DIA MUNDIAL DA PNEUMONIA 2023 DESTACA O SIGNIFICADO DE CADA RESPIRAÇÃO E SUBLINHA A IMPORTÂNCIA E URGÊNCIA DA DETECÇÃO PRECOCE, TRATAMENTO E PREVENÇÃO. SÓ EM 2019, A PNEUMONIA CUSTOU A VIDA A 2,5 MILHÕES DE PESSOAS, INCLUINDO 672 MIL CRIANÇAS, DE ACORDO COM A COLIGAÇÃO EVERY BREATH COUNTS. OS NÚMEROS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) SÃO AINDA MAIS PESADOS: MAIS DE 740 MIL MORTES DE CRIANÇAS COM MENOS DE 5 ANOS, REPRESENTANDO 14% DE TODOS OS ÓBITOS NESTA FAIXA ETÁRIA.
Mas são os muito jovens e os muito velhos que estão em maior risco. As crianças que vivem em áreas com taxas de vacinação em declínio, desnutrição crescente devido à escassez de alimentos e em habitações que usam combustíveis poluentes para cozinhar e para aquecimento são particularmente vulneráveis. Os idosos expostos à poluição atmosférica, sobretudo devido à queima de combustíveis fósseis, e ao tabagismo também estão em risco. Quase metade dos cerca de 1,6 milhões de mortes por pneumonia entre adultos com mais de 50 anos são atribuíveis à poluição atmosférica e ao tabagismo, detalha a Every Breath Counts.
O
s efeitos combinados da pandemia de Covid-19, das alterações climáticas e dos conflitos estão a alimentar uma crise de pneumonia, colocando milhões de pessoas em risco de infecção e de morte. Em 2021, a carga estimada de mortes por infecções respiratórias foi de seis milhões, de acordo com a coligação Every Breath Counts, a primeira parceria público-privada do mundo que apoia países de baixo e médio rendimento na redução das mortes por pneumonia.
Maior causa de morte por infecção A coligação global de agências das Nações Unidas, organizações não governamentais, fundações, empresas e instituições académicas coloca a pneumonia como a maior causa de morte infecciosa no mundo, ceifando 2,5 milhões de vidas só em 2019. O que equivale a uma morte a cada 13 segundos. No entanto, a pneumonia continua a ser uma doença negligenciada. Tragicamente, em 2021, a Covid-19 acrescentou 3,5 milhões ao número de mortes por pneumonia, elevando o total de mortes por infecção respiratória para seis milhões. Nenhuma outra infecção causa nem perto este fardo. “A menos que tomemos medidas agora para reduzir as mortes
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Saúde no centro dos planos nacionais de luta contra as alterações climáticas Apenas 0,5 % do financiamento global da acção climática é actualmente atribuído a projectos explicitamente dedicados a proteger ou melhorar a saúde das pessoas. Na véspera da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou sua “Revisão 2023 da Saúde em Contribuições Nacionalmente Determinadas e Estratégias de Longo Prazo”, destacando as acções necessárias para garantir que a saúde das pessoas seja priorizada e integrada nos planos nacionais de mudança climática. As alterações climáticas já estão a prejudicar a saúde e o bemestar das pessoas. Desde doenças causadas por fenómenos meteorológicos extremos até ao aumento da incidência e propagação de doenças transmitidas por vectores, bem como o aumento das doenças cardiovasculares e respiratórias causadas pelo calor extremo e pela poluição atmosférica, respectivamente, os impactos do clima na saúde das pessoas são inevitáveis. “A saúde das pessoas e do planeta estão inextricavelmente ligadas e, após anos de promessas, precisamos urgentemente de uma resposta rápida para proteger ambos”, afirma o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “Só as políticas climáticas motivadas pelos resultados em termos de saúde resultarão nas acções necessárias para salvar vidas, prevenir doenças e construir sociedades mais saudáveis e justas”. Apesar destes progressos, existem ainda enormes lacunas nas acções que estão a ser implementadas contra a poluição atmosférica e que permitem salvar vidas. A poluição atmosférica é um dos maiores riscos ambientais para a saúde. A poluição do ar interior e atmosférico causam, em conjunto, cerca de sete milhões de mortes prematuras por ano devido a doenças isquémicas cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, cancro do pulmão e doenças respiratórias, como asma e pneumonia, que afectam desproporcionadamente as crianças em países de baixo e médio rendimento. Ao intensificar as acções para reduzir as emissões de carbono, os países também colherão maiores benefícios para a saúde. Por exemplo, incentivar as deslocações a pé e de bicicleta e apoiar a transição para regimes alimentares sustentáveis e saudáveis melhora a saúde e reduz os impactos no clima. Além disso, espera-se que os países percebam os benefícios para a saúde que superem os investimentos financeiros necessários para mitigar as mudanças climáticas. Por exemplo, as estratégias de longo prazo dos Estados Unidos da América para o desenvolvimento de baixas emissões estimam que as melhorias na qualidade do ar decorrentes das medidas de mitigação das alterações climáticas poderiam evitar até 300 mil mortes e poupar entre 150 mil e 250 mil dólares em danos à saúde e ao clima até 2030.
por pneumonia e o risco de novas pandemias de infecção respiratória, milhões de adultos e crianças morrerão de pneumonia na próxima década”, alerta a Every Breath Counts. Grupos vulneráveis A pneumonia é uma forma de infecção respiratória aguda que afecta os pulmões.
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Estes são constituídos por pequenos sacos, chamados de alvéolos, que se enchem de ar quando uma pessoa saudável respira. Quando um indivíduo tem pneumonia, os alvéolos são preenchidos com pus e líquido, o que torna a respiração dolorosa e limita a ingestão de oxigénio. A pneumonia é causada por vários agentes infecciosos, incluindo vírus, bactérias e fungos. O Streptococcus pneumoniae é a causa mais comum de pneumonia bacteriana em crianças. Por sua vez, o Haemophilus influenzae tipo b (Hib) é a segunda causa mais comum de pneumonia bacteriana. Já o vírus sincicial respiratório é a causa viral mais comum de pneumonia. Em crianças infectadas com VIH, o Pneumocystis jiroveci é uma das causas mais comuns, responsável por, pelo menos, um quarto de todas as mortes por pneumonia neste grupo. São as crianças e os adultos expostos a factores específicos que correm maior risco de morrer de pneumonia. Pessoas com múltiplas doenças e condições também são especialmente vulneráveis. A falta de acesso à vacinação e a um diagnóstico e tratamento atempados e precisos aumentam estes riscos. Reduzir a pneumonia significa identificar as populações que enfrentam os maiores riscos e garantir que estão protegidas, em primeiro lugar.
EMBORA AS MORTES POR PNEUMONIA ESTEJAM A CAIR DE UMA FORMA GERAL, INCLUINDO NAS CRIANÇAS, O RITMO É MUITO LENTO PARA ALCANÇAR O OBJECTIVO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE SOBREVIVÊNCIA INFANTIL ATÉ 2030. E AS MORTES POR PNEUMONIA ESTÃO ATÉ A AUMENTAR ENTRE OS ADULTOS, ESPECIALMENTE NAQUELES COM MAIS DE 50 ANOS, IMPULSIONADAS PELA TRIPLA AMEAÇA DE POLUIÇÃO, TABAGISMO E FALTA DE ACESSO À LAVAGEM DAS MÃOS Embora as mortes por pneumonia estejam a cair de uma forma geral, incluindo nas crianças, o ritmo é muito lento para alcançar o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável de sobrevivência infantil até 2030. E as mortes por pneumonia estão até a aumentar entre os adultos, especialmente naqueles com mais de 50 anos, impulsionadas pela tripla ameaça de poluição, tabagismo e falta de acesso à lavagem das mãos.
RUBRICA AMBIENTAL
MINISTÉRIOS LANÇAM CAMPANHA NACIONAL “EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE” O MINISTÉRIO DO AMBIENTE, EM PARCERIA COM OS MINISTÉRIOS DA EDUCAÇÃO E TELECOMUNICAÇÕES E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO, LANÇOU, NO DIA 24 DE NOVEMBRO, A CAMPANHA NACIONAL “EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE”.
O
evento foi realizado no Instituto Médio de Economia de Luanda, nas presenças da senhora Philomene Carlos, Directora Provincial da Educação de Luanda, João Demba, Director Nacional do Gabinete de Tecnologias de Informação e Comunicação Institucional do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Clemente Fernandes, Director Geral do Instituto Médio de Economia de Luanda , PCA, directores nacionais e gerais dos vários sectores, parceiros e membros da sociedade civil, professores e estudantes. A campanha tem como objectivo implementar as iniciativas previstas na Estratégia Nacional de Educação Ambiental, garantindo a efectiva adopção em Angola, a criação e implementação de valor sociais, conhecimentos,
hábitos, atitudes e competências voltadas para a conservação do ambiente, exploração e utilização sustentável dos recursos em prol da melhoria da qualidade de vida e da sua sustentabilidade. O desenvolvimento de programas de educação ambiental voltados para a sociedade permite congregar diversos grupos sociais, nomeadamente, famílias, estudantes, professores, técnicos das empresas e instituições públicas e privadas. A realização desta campanha de educação ambiental, acompanhada dos seus processos, pode servir de antecâmara para resolução de muitos problemas socioambientais, olhando na perspectiva de criação de uma cultura de sustentabilidade que irá contribuir, de forma substancial, para o desenvolvimento das capacidades.
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ENTREVISTA ANÁLISE
“ESCREVER O CAPÍTULO FINAL NA HISTÓRIA DA TUBERCULOSE” 8 SAÚDE
EM 2022, 1,3 MILHÕES DE PESSOAS MORRERAM DE TUBERCULOSE (INCLUINDO 167 MIL PESSOAS COM VIH). A TUBERCULOSE É A SEGUNDA DOENÇA INFECCIOSA MAIS MORTAL, À FRENTE DO VIH E DA SIDA. ESTIMA-SE QUE 10,6 MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO ADOECERAM COM TUBERCULOSE EM 2022: 5,8 MILHÕES DE HOMENS, 3,5 MILHÕES DE MULHERES E 1,3 MILHÕES DE CRIANÇAS. EMBORA ESTEJA PRESENTE EM TODOS OS PAÍSES E FAIXAS ETÁRIAS, É UMA DOENÇA QUE PODE SER CURADA E PREVENIDA.
O
s esforços envidados em todo o mundo, desde 2000, para combater a tuberculose salvaram a vida de 75 milhões de pessoas. O Relatório Global de Tuberculose 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a recuperação global significativa na ampliação dos serviços de diagnóstico e tratamento, em 2022, e observa uma tendência encorajadora, com os efeitos prejudiciais das interrupções causadas pela Covid-19 nos serviços de tratamento da tuberculose a começarem a diminuir. Usando dados de 192 países e áreas, o relatório mostra que 7,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com tuberculose em 2022, o maior número registado desde que a OMS começou a monitorização global da tuberculose, em 1995. O aumento é atribuído à boa recuperação no acesso e na prestação de serviços de saúde em muitos países. Índia, Indonésia e Filipinas, que juntas representaram mais de 60% da redução global no número de pessoas com tuberculose recém-diagnosticada em 2020 e 2021, recuperaram em 2022 e superaram os níveis de 2019. “Durante milénios, os nossos antepassados sofreram e sucumbiram à tuberculose, sem saber o que era, o que a causou ou como detê-la”, afirma o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “Hoje, temos conhecimentos e ferramentas que nem
GLOBALMENTE, ESTIMA-SE QUE 10,6 MILHÕES DE PESSOAS ADOECERAM COM TUBERCULOSE EM 2022, CONTRA 10,3 MILHÕES EM 2021. GEOGRAFICAMENTE, EM 2022, A MAIORIA DAS PESSOAS QUE ADOECERAM VIVIA NAS REGIÕES DA OMS DO SUDESTE ASIÁTICO (46%), ÁFRICA (23%) E PACÍFICO OCIDENTAL (18%)
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10 factos sobre a tuberculose 1. Estima-se que 10,6 milhões de pessoas em todo o mundo adoeceram com tuberculose em 2021: seis milhões de homens, 3,4 milhões de mulheres e 1,2 milhões de crianças. Embora esteja presente em todos os países e grupos etários, é uma doença que pode ser curada e prevenida. 2. 1,3 milhões de pessoas morreram de tuberculose em 2022. 3. Em 2022, os 30 países com uma elevada carga de tuberculose representaram 87% dos novos casos. Oito países representam dois terços do total: Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Nigéria, Filipinas e Paquistão. 4. Em 2022, 1,3 milhões de crianças em todo o mundo adoeceram com tuberculose. A tuberculose na infância e na adolescência é muitas vezes negligenciada pelos profissionais de saúde, o que pode ser difícil de diagnosticar e tratar. 5. A tuberculose é a principal causa de morte de pessoas infectadas pelo VIH. 6,3% de todos os novos casos de tuberculose em 2022 foram entre pessoas com VIH: esta proporção tem vindo a diminuir, de forma constante, há vários anos. Em 2022, 671 mil pessoas que vivem com o VIH adoeceram com tuberculose e o fardo foi mais elevado nos países da Região Africana da OMS. 6. A tuberculose multirresistente continua a representar uma crise de saúde pública e uma ameaça à segurança sanitária. Apenas duas em cada cinco pessoas com tuberculose resistente aos medicamentos tiveram acesso a tratamento em 2022. Casos de tuberculose multirresistente ainda mais grave podem desenvolver-se devido ao tratamento inadequado. 7. Os esforços mundiais de luta contra a tuberculose salvaram cerca de 75 milhões de vidas desde 2000, mas ainda existem lacunas significativas em termos terapêuticos e de diagnóstico. A taxa de sucesso do tratamento para pessoas com tuberculose que foram tratadas com regimes de tratamento de primeira linha foi de 88% em 2021. 8. Globalmente, a incidência de tuberculose aumentou 3,9% entre 2020 e 2022, compensando quedas de 2% ao ano na maior parte das últimas duas décadas. Ainda assim, este declínio é mais lento do que o necessário para atingir as metas de 2020 da estratégia da OMS para acabar com a tuberculose (4% a 5% por ano, acelerando 10% ao ano até 2025 e, em seguida, atingindo uma média anual de 17% entre 2025 e 2035). 9. Das cerca de 10,6 milhões de pessoas que adoeceram com tuberculose em 2022, apenas 7,5 milhões foram detectadas e notificadas, levando a uma lacuna de 3,1 milhões de casos. Acabar com a epidemia de tuberculose até 2030 é uma das metas de saúde dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. 10. Os progressos na redução dos encargos com a tuberculose exigem um financiamento adequado e sustentado, ao longo de muitos anos. Os gastos em países de baixa e média renda aumentaram de 5,4 mil milhões de dólares para 5,8 mil milhões de dólares. Este valor está muito abaixo da meta de 13 mil milhões de dólares por ano até 2022, estabelecida na primeira reunião de alto nível das Nações Unidas sobre a tuberculose. Para pesquisa e desenvolvimento, pelo menos mil milhões de dólares adicionais anualmente são necessários para acelerar o desenvolvimento de novas ferramentas.
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ESTA DOENÇA CONTINUA A SER A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE ENTRE AS PESSOAS COM VIH, QUE TÊM 16 VEZES MAIS PROBABILIDADES DE A CONTRAIR. A COMBINAÇÃO DA INFECÇÃO PELO VIH E DA TUBERCULOSE É LETAL, POIS UMA ACELERA A EVOLUÇÃO DA OUTRA. SEM TRATAMENTO ADEQUADO, MORREM EM MÉDIA 60% DAS PESSOAS SERONEGATIVAS E QUASE TODAS AS PESSOAS SEROPOSITIVAS COM TUBERCULOSE. EM 2022, CERCA DE 167 MIL PESSOAS MORRERAM DE TUBERCULOSE ASSOCIADA AO VIH
imaginavam. Temos o compromisso político e temos uma oportunidade que nenhuma geração na história da humanidade teve: escrever o capítulo final da história da tuberculose”. ¼ da população mundial infectado Globalmente, estima-se que 10,6 milhões de pessoas adoeceram com tuberculose em 2022, contra 10,3 milhões em 2021. Geograficamente, em 2022, a maioria das pessoas que adoeceram vivia nas regiões da OMS do Sudeste Asiático (46%), África (23%) e Pacífico Ocidental (18%), com percentuais menores no Mediterrâneo Oriental (8,1%), nas Américas (3,1%) e na Europa (2,2%). Cerca de 87% dos novos casos ocorreu nos 30 países de alta carga de tuberculose, com mais de dois terços do total global concentrados no Bangladesh, na China, na República Democrática do Congo, na Índia, na Indonésia, na Nigéria, no Paquistão e nas Filipinas. São necessários anualmente 13 mil milhões de dólares para a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e os cuidados de saúde da tuberculose, a fim de cumprir a meta global acordada na reunião de alto nível das Nações Unidas sobre a tuberculose de 2018. Acabar com a epidemia de tuberculose até 2030 é uma das metas relacionadas com a saúde dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo estimativas da OMS, cerca de um quarto da população mundial foi infectado pelo bacilo da tuberculose e entre 5% e 10% destas pessoas acabou
por desenvolver sintomas e adoecer. As condições e comportamentos que podem aumentar o risco de contrair tuberculose incluem a diabetes (hiperglicemia), um sistema imunitário enfraquecido (por exemplo, devido à infecção pelo VIH ou SIDA), desnutrição e consumo de tabaco. Em 2022, 2,2 milhões de novos casos foram atribuídos à desnutrição, 890 mil novos casos a transtornos relacionados ao consumo de álcool, 700 mil ao tabagismo e 370 mil à diabetes. Tuberculose e VIH O número total de mortes relacionadas com a tuberculose, incluindo as de pessoas que vivem com VIH, foi de 1,3 milhões em 2022. Durante o período de 2020 a 2022, as interrupções causadas pela Covid-19 levaram a mais meio milhão de mortes por tuberculose. Esta doença continua a ser a principal causa de morte entre as pessoas com VIH, que têm 16 vezes mais probabilidades de contrair a doença. A combinação da infecção pelo VIH e da tuberculose é letal, pois uma acelera a evolução da outra. Sem tratamento adequado, morrem em média 60% das pessoas seronegativas e quase todas as pessoas seropositivas
Prevenção Estes passos ajudam a prevenir a infecção por tuberculose e a propagação da doença: • Procurar assistência médica ao desenvolver sintomas como tosse prolongada, febre e perda de peso inexplicável, pois o tratamento precoce pode ajudar a impedir a sua propagação e aumentar as hipóteses de recuperação; • Fazer um teste para a infecção por tuberculose em caso de maior risco, como ter VIH ou se estar em contacto em casa ou no local de trabalho com pessoas com tuberculose. • Se for prescrito tratamento para prevenir a tuberculose, deve-se tomar todo o regime de tratamento prescrito pelo seu médico. • Quem tem tuberculose, deve adoptar práticas de higiene da tosse, como evitar o contacto com outras pessoas e usar máscara, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e descartar correctamente o escarro e os tecidos usados. • Medidas específicas, como uso de máscara e ventilação, são importantes para reduzir a infecção em instalações de saúde e outras.
com tuberculose. Em 2022, cerca de 167 mil pessoas morreram de tuberculose associada ao VIH. A Região Africana da OMS é a que suporta o maior fardo de tuberculose associada ao VIH. Apenas 54% dos pacientes com tuberculose com infecção conhecida pelo VIH estavam em tratamento antirretroviral em 2021. Crise de saúde pública A tuberculose multirresistente continua a ser uma crise de saúde pública. Cerca de 410 mil pessoas contraíram tuberculose resistente a vários medicamentos em 2022, mas apenas duas em cada cinco tiveram acesso ao tratamento. A reunião de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a tuberculose de 2023 reafirmou os compromissos e metas de 2018 e estabeleceu novas metas para o período de 2023 a 2027. As novas metas incluem fazer levar os serviços de prevenção e cuidados para 90% das pessoas que deles necessitam, utilizar testes rápidos recomendados pela OMS como primeiro método de diagnóstico da tuberculose, proporcionar um pacote de benefícios sociais e de saúde a todas as pessoas com a doença, assegurar a disponibilidade de, pelo menos, uma nova vacina que seja segura e eficaz e colmatar as lacunas de financiamento para a implementação de acções e investigação no domínio da tuberculose até 2027.
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ENTREVISTA
“SÓ TEREMOS SAÚDE COM A PARTICIPAÇÃO ACTIVA DE TODAS E DE TODOS, A TODOS OS NÍVEIS”
Dra. Lúcia Furtado Médica especialista em Saúde Pública. Licenciatura em Medicina de Clínica Geral na Universidade de Medicina de Bogomolets, Kiev, na Ucrânia. Mestrado em Gestão de Saúde na Universidade Privada de Angola (UPRA), em Luanda. Especialista em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública de Angola (ENSPA), em Luanda. Directora do Instituto de Luta Contra a SIDA (INLS)
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1 DE DEZEMBRO É ASSINALADO COMO O DIA MUNDIAL DA LUTA CONTRA A SIDA. EM TODO O MUNDO, 9,2 MILHÕES DE PESSOAS NÃO TÊM ACESSO AO TRATAMENTO DE QUE PRECISAM, DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). A CADA DIA, PERDEM-SE 1.700 VIDAS POR CAUSAS RELACIONADAS COM O VIH E 3.500 PESSOAS SÃO INFECTADAS. MUITAS DELAS DESCONHECEM O SEU ESTADO OU NÃO TÊM ACESSO AO TRATAMENTO, O QUE CONTRIBUI PARA ALIMENTAR A ESPIRAL. EM ANGOLA, A ESTIMATIVA DE PREVALÊNCIA DO VIH É DE CERCA DE 2% DA POPULAÇÃO SEXUALMENTE ACTIVA, DE ACORDO COM A DRA. LÚCIA FURTADO. A DIRECTORA DO INSTITUTO DE LUTA CONTRA A SIDA ACONSELHA TODOS A SABEREM O SEU ESTADO SEROLÓGICO, PORQUE SÓ COM UMA PARTICIPAÇÃO ACTIVA DE TODAS AS PARTES INTERESSADAS SE PODERÃO ALCANÇAR AS METAS RELATIVAS AO VIH.
Qual é a diferença entre VIH e SIDA? Uma pessoa infectada por VIH obrigatoriamente tem SIDA? O VIH é o Vírus da Imunodeficiência Humana. É o VIH que infecta uma pessoa. Após infectar-se, esta pode permanecer durante muitos anos a viver sem apresentar nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa é portadora do VIH, ou seja, que vive com o VIH. O VIH tem como principal alvo o sistema imunológico, que é responsável pela defesa do nosso organismo contra as doenças. Este vírus infecta o sistema imunológico e causa danos, como a diminuição da capacidade do organismo se defender. Quando o dano no sistema de defesa chega a um nível profundo, começam a aparecer sinais e sintomas relacionados com as infecções que chamamos de oportunistas. Esta é a fase em que o paciente manifesta SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Assim, a pessoa pode estar infectada pelo VIH e não estar doente com SIDA e, por isso, mesmo sem sintomas, quem tem ou já teve algum risco deve fazer um teste ao VIH. Como é feito o diagnóstico da infecção por VIH? O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, que detectam os anticorpos contra o VIH. São exames realizados a partir de uma amostra de sangue e podem ser serologias
realizadas em equipamentos de laboratório ou testes rápidos. Em Angola, os testes rápidos são realizados gratuitamente nas unidades sanitárias do sistema público de saúde. Para o diagnóstico da infecção por VIH com testes rápidos, é realizado um primeiro teste de rastreio e, se o resultado for positivo, são realizados dois testes confirmatórios. Qual a prevalência de VIH/SIDA em Angola? Como Angola, e a maioria dos países de África, ainda não tem um sistema de notificação obrigatória e individual de casos (está a ser implementado), a prevalência é calculada através de estudos em populações específicas e na
“COMO ANGOLA, E A MAIORIA DOS PAÍSES DE ÁFRICA, AINDA NÃO TEM UM SISTEMA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA E INDIVIDUAL DE CASOS (ESTÁ A SER IMPLANTADO), A PREVALÊNCIA É CALCULADA ATRAVÉS DE ESTUDOS EM POPULAÇÕES ESPECÍFICAS E NA POPULAÇÃO GERAL, COM ESTUDOS CONTROLADOS. O INSTITUTO NACIONAL DE LUTA CONTRA A SIDA (INLS) DIVULGA A PREVALÊNCIA ENCONTRADA NO IIMS (2015-16), QUE É DE 2% NA POPULAÇÃO SEXUALMENTE ACTIVA”
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população geral, com estudos controlados. O Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS) divulga a prevalência encontrada no IIMS (201516), que é de 2% na população sexualmente activa. Neste momento, está a decorrer o segundo inquérito de indicadores múltiplos e de saúde, que vai actualizar os dados de prevalência do VIH nas 18 províncias do país, com resultados previstos para o primeiro semestre de 2024. Em que consiste a profilaxia pós-exposição e em que casos poderá ser recomendada? A profilaxia pós-exposição é uma estratégia de prevenção de urgência, utilizada após uma situação de risco de infecção pelo VIH. Tem por base o uso de medicamentos antirretrovirais e deve ser iniciada o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição ao risco e, no máximo, em até 72 horas. A profilaxia deve ser realizada durante 28 dias e a pessoa tem de ser acompanhada pela equipa de saúde, inclusive após esse período, para a realização dos exames necessários. Poderá ser recomendada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de preservativo ou com o seu rompimento) mediante avaliação do risco, acidente ocupacional (com instrumentos perfuro-cortantes ou contacto directo com material biológico).
“SE A MEDICAÇÃO FOR TOMADA CORRETAMENTE, O UTENTE VAI TER UMA QUANTIDADE DE VÍRUS NO SANGUE TÃO BAIXA QUE OS PRÓPRIOS EQUIPAMENTOS PARA DETECÇÃO DO VIH DARÃO O RESULTADO COMO CARGA VIRAL INDETECTÁVEL. UMA PESSOA QUE VIVE COM VIH EM TRATAMENTO CORRECTO E QUE PERMANEÇA INDETECTÁVEL, NÃO VAI ADOECER E TAMBÉM NÃO VAI TRANSMITIR O VIH PELA VIA SEXUAL”
Que acompanhamento deverá ser feito a um indivíduo infectado por VIH? Uma pessoa que vive com o VIH deve iniciar o acompanhamento, registando-se num serviço de saúde, onde vai fazer a avaliação clínica inicial e periódica nas consultas. Desde 2015, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que toda pessoa diagnosticada com VIH, independentemente do seu estado clínico e laboratorial, inicie imediatamente o tratamento com antirretrovirais. Nas consultas, os profissionais de saúde devem estar atentos a manifestações de infecções oportunistas e também a condições psicossociais que possam afectar a adesão do utente ao tratamento. Deve-se prestar informação e apoio ao utente e acompanhante para a aceitação do seu diagnóstico, adesão ao tratamento e a promoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática do exercício físico, alimentação equilibrada e diversificada (à base de frutas e legumes locais). Deve-se explicar ao utente que o mais importante é nunca falhar com a medicação, que na maioria dos casos, hoje, consiste na tomada de um comprimido antirretroviral por dia. Se a medicação for tomada correctamente, o utente vai ter uma quantidade de vírus no sangue tão baixa que os próprios equipamentos para detecção do VIH darão o resultado como carga viral indetectável. Uma pessoa que vive com VIH em tratamento correcto e que permaneça indetectável não vai adoecer e também não vai transmitir o VIH pela via sexual. Aborda-se igualmente estratégias individuais de combate ao estigma e discriminação. Qual é a dificuldade na adesão à terapêutica em pessoas que vivem com o VIH? As barreiras à adesão ao tratamento são múltiplas e dependem do contexto de cada pessoa, mas as principais são comuns a muitos e relacionadas com o preconceito, o estigma e a discriminação associados à doença. Por vezes, as pessoas adoecem e até falecem por medo de que o seu estado serológico seja revelado. As pessoas que vivem com VIH relatam situações de discriminação graves em família, no trabalho, na escola, noutros ambientes sociais e em serviços de saúde. Existem também os factores sociais, como a falta de informação, crenças e tabus (religiosos ou não), a pobreza e a desigualdade de género, assim como factores programáticos, como a qualidade e humanização dos serviços de saúde. Antigamente, os efeitos colaterais e a dificuldade em tomar muitos comprimidos eram uma barreira importante, mas hoje temos esquemas simples, com raros efeitos colaterais. Porque é que ainda existe discriminação em torno desta temática? Existe muita discriminação em torno do VIH. Todos os dias, os utentes enfrentam discriminação e tentativas de criminalização, sustentadas por ambientes jurídicos e políticas hostis que impedem o acesso aos serviços de saúde.
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Para combater a discriminação, é essencial a criação de ambientes jurídicos favoráveis para a resposta eficaz na luta contra o VIH/SIDA e, para tal, é necessário a participação multissectorial, desde o Governo, sociedade civil, pessoas singulares, a comunidade, a família, entre outras partes interessadas. Qual o trabalho levado a cabo pelo Instituto Nacional de Luta contra a SIDA? As principais atribuições do Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS) estão descritas no Decreto 277/14. O INLS é o órgão do Ministério da Saúde que, no âmbito do VIH/SIDA, hepatites virais e outras ITS, é responsável por implantar as políticas, programas e planos nacionais
Virais; o Eixo 4 à Gestão e Fortalecimento das Áreas Transversais para a Resposta ao VIH/SIDA, Hepatites Virais e outras ITS; o Eixo 5 à Garantia dos Direitos Humanos e Redução das Barreiras nos Serviços de VIH/SIDA, TB e Hepatites Virais e o Eixo 6 ao Fortalecimento da Resposta Comunitária ao VIH/SIDA, Hepatites Virais e outras ITS.
“AS BARREIRAS À ADESÃO AO TRATAMENTO SÃO MÚLTIPLAS E DEPENDEM DO CONTEXTO DE CADA PESSOA, MAS AS PRINCIPAIS SÃO COMUNS A MUITOS E RELACIONADAS COM O PRECONCEITO, O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO ASSOCIADOS À DOENÇA. POR VEZES, AS PESSOAS ADOECEM E ATÉ FALECEM POR MEDO DE QUE SEU ESTADO SEROLÓGICO SEJA REVELADO”
direccionados; propor normas de actuação clínica, laboratorial, investigação biomédica, pedagógica e laboral; definir e coordenar as acções de formação, informação, educação, comunicação, aconselhamento, tratamento e seguimento e colaborar com os organismos internacionais que actuam na área. A resposta nacional ao VIH/SIDA, hepatites virais e outras ITS é liderada pela Comissão Nacional de Luta contra a SIDA e Grandes Endemias, onde 14 ministérios participam. O Ministério da Saúde é o coordenador do Comité Técnico desta Comissão. Que acções estão actualmente em vigor? O país tem um Plano Estratégico Nacional da resposta ao VIH, que tem seis eixos, mais de 36 acções prioritárias e mais de 250 actividades previstas para cada ano. As actividades são multissectoriais e, dentro das especificidades de cada eixo, são implementadas pelos ministérios que participam na resposta, pela sociedade civil, parceiros e demais intervenientes. O Eixo 1 refere-se à Promoção da Saúde e Prevenção da Transmissão do VIH, Hepatites Virais, outras ITS e co-infecção VIH/TB; o Eixo 2 ao Diagnóstico do VIH, das Hepatites Virais e outras ITS; o Eixo 3 aos Cuidados e Tratamento das Pessoas que Vivem com VIH e Hepatites
Em que consiste o Programa de Prevenção de Transmissão do VIH de Mãe para Filho (PTMF) e qual a sua aceitação por parte das mulheres seropositivas? O PTMF consiste na implementação de estratégias que, juntas, permitem a redução do risco de transmissão do VIH de mãe para o filho para menos de 5%. Se não levarmos a cabo nenhuma acção, uma mulher que vive com VIH pode transmitir o vírus para o bebé no período intrauterino, no peri-parto e na amamentação. O risco, quando nada é feito, é de 45% de transmissão. Mas, com todas as intervenções que temos disponíveis (diagnóstico da gestante, tratamento com antirretrovirais de todas as gestantes e lactantes que vivem com VIH, parto institucional e uso de medicamentos profiláticos pelo bebé após o nascimento), esse risco cai para cerca de 1%. Os factores sociais são determinantes para o sucesso deste programa, sendo o primeiro deles a adesão à consulta pré-natal, onde o programa está integrado. Que conselho daria a todos os angolanos, em alusão ao Dia Mundial da Luta Contra a SIDA? Como sempre, convidamos todos a conhecerem o seu estado serológico e a trabalharem connosco na promoção da saúde, prevenção do VIH e no reforço da adesão aos cuidados e tratamento, reduzir o estigma e discriminação, pois só teremos saúde com a participação activa de todas e de todos, a todos os níveis.
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ENTREVISTA ANÁLISE
VIH: 1.700 MORTES A CADA DIA O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (VIH), QUE CONTINUA A SER UM DOS MAIORES PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA A NÍVEL MUNDIAL, JÁ CEIFOU 40,4 MILHÕES DE VIDAS. A SUA TRANSMISSÃO PERSISTE EM TODOS OS PAÍSES E, NALGUNS DELES, AS NOVAS INFECÇÕES ESTÃO A AUMENTAR, QUANDO ANTERIORMENTE ESTAVAM EM DECLÍNIO. NO FINAL DE 2022, ESTIMAVASE QUE HAVIA 39 MILHÕES DE PESSOAS A VIVER COM VIH, DOIS TERÇOS DAS QUAIS (25,6 MILHÕES) NA REGIÃO AFRICANA DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS).
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E
m 2022, 630 mil pessoas morreram de causas relacionadas com o VIH e 1,3 milhões contraíram o vírus. Não existe cura para a infecção pelo VIH. No entanto, dado o acesso à prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados eficazes para o VIH e as infecções oportunistas, a infecção pelo VIH tornouse um problema de saúde crónico tratável, que a quem contraiu o vírus viver muitos anos em boa saúde. A OMS, o Fundo Global e a ONUSIDA têm estratégias globais para o VIH que estão em consonância com a meta 3.3 do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a epidemia de VIH até 2030. De acordo com as metas, até 2025, 95% das pessoas que vivem com o VIH deverão ter sido diagnosticadas, 95% estar a tomar terapêutica antirretroviral e 95% das pessoas que vivem com o VIH ter atingido a supressão da carga viral, tanto em benefício da sua saúde como para reduzir a transmissão. Em 2022, essas percentagens foram de 86%, 89% e 93 %, respectivamente.
EM 2022, 630 MIL PESSOAS MORRERAM DE CAUSAS RELACIONADAS COM O VIH E 1,3 MILHÕES CONTRAÍRAM O VÍRUS. NÃO EXISTE CURA PARA A INFECÇÃO PELO VIH. NO ENTANTO, DADO O ACESSO À PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CUIDADOS EFICAZES PARA O VIH E AS INFECÇÕES OPORTUNISTAS, A INFECÇÃO PELO VIH TORNOU-SE UM PROBLEMA DE SAÚDE CRÓNICO TRATÁVEL, QUE A QUEM CONTRAIU O VÍRUS VIVER MUITOS ANOS EM BOA SAÚDE
Panorama geral A infecção pelo VIH ataca o sistema imunitário e a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) é a fase mais avançada da doença. O VIH ataca os glóbulos brancos, enfraquecendo o sistema imunitário, o que facilita a contracção de doenças como a tuberculose, outras infecções e alguns tipos de cancro. O VIH é transmitido através dos fluidos corporais de pessoas infectadas, como sangue, leite materno, sémen e secreções vaginais. Não se propaga através do beijo, do abraço ou da partilha de comida. Também pode ser transmitido de mãe para filho, durante a gravidez e o parto.
Sinais e sintomas Os sintomas da infecção pelo VIH diferem consoante a fase da infecção. A doença é mais facilmente transmitida nos primeiros meses após a infecção, mas muitos casos não sabem que estão infectados até fases mais avançadas. Nas primeiras semanas após a infecção, alguns casos não apresentam sintomas, enquanto outros apresentam uma síndrome semelhante à gripe com febre, dor de cabeça, erupção cutânea e dor de garganta. À medida que a infecção enfraquece progressivamente o sistema imunitário, podem surgir outros sinais e sintomas, como gânglios linfáticos inchados, perda de peso, febre, diarreia e tosse. Na ausência de tratamento podem ocorrer doenças graves, como tuberculose, meningite criptocócica, infecções bacterianas graves e cancros como linfomas ou sarcoma de Kaposi. O VIH também agrava outras infecções, como a hepatite B, a hepatite C ou a varíola dos macacos.
O VIH pode ser tratado e prevenido com terapêutica antirretroviral e, se não for tratado, pode evoluir para SIDA, muitas vezes após muitos anos. A OMS considera que a doença pelo VIH está avançada quando se encontra na fase 3 ou 4 ou quando o número de células CD4 é inferior a 200 por mm3 em adultos e adolescentes. Todas as crianças com VIH com menos de 5 anos de idade são consideradas como tendo doença avançada.
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Factores de risco Existem comportamentos e condições que aumentam o risco de contrair o VIH, como ter relações sexuais, anais ou vaginais, sem preservativo; ter outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, herpes, clamídia, gonorreia ou vaginose bacteriana; ter um consumo nocivo de álcool ou drogas no contexto de relações sexuais; partilhar soluções medicamentosas, agulhas, seringas ou outros materiais injectáveis contaminados; receber injecções, transfusões ou transplantes de tecidos sem garantias de segurança, ou ser-se submetido a procedimentos médicos que impliquem cortes ou perfurações com instrumentos não esterilizados ou picar-se acidentalmente com agulhas, o que é particularmente comum entre os profissionais de saúde. O VIH pode ser diagnosticado através de testes de diagnóstico rápido, que fornecem resultados no mesmo dia. Isso facilita muito o diagnóstico precoce e permite o início da prevenção e do tratamento. Os testes mais utilizados para diagnosticar o VIH detectam anticorpos que são gerados como parte da resposta imune para combater o vírus. Na maioria das pessoas, os anticorpos contra o VIH aparecem no prazo de 28 dias após a infecção. Durante este período, quando ainda não foram gerados anticorpos suficientes para serem detectados por testes comumente usados, o paciente pode transmitir o VIH.
“A LUTA POR FERRAMENTAS DE PREVENÇÃO, TESTAGEM E TRATAMENTO DO VIH POSSIBILITOU QUE 30 MILHÕES DE PESSOAS TIVESSEM ACESSO AO TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL E AJUDOU A PREVENIR UM NÚMERO INCONTÁVEL DE INFECÇÕES. ESTAMOS A TRABALHAR EM CONJUNTO COM AS COMUNIDADES PARA AJUDAR A ACABAR COM A SIDA COMO UMA AMEAÇA À SAÚDE PÚBLICA ATÉ 2030”
18 SAÚDE
Papel das comunidades A OMS tem reconhecido o exemplo de resiliência, dedicação e inovação que os líderes e as organizações de base comunitária estão a dar na resposta à epidemia de VIH. Desde a luta contra o estigma e a discriminação até à defesa do acesso a intervenções a preços acessíveis e serviços geridos pela comunidade focados em pessoas com experiência directa, as comunidades têm vindo a trabalhar na resposta ao VIH há décadas. “As pessoas que vivem com ou são afectadas pelo VIH deixaram uma marca indelével no mundo através do seu activismo”, nota o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “A luta por ferramentas de prevenção, testagem e tratamento do VIH possibilitou que 30 milhões de pessoas tivessem acesso ao tratamento antirretroviral e ajudou a prevenir um número incontável de infecções. Estamos a trabalhar em conjunto com as comunidades para ajudar a acabar com a SIDA como uma ameaça à saúde pública até 2030”. Apesar dos progressos significativos, o VIH continua a ser um problema premente de saúde pública. Em todo o mundo, 9,2 milhões de pessoas não têm acesso ao tratamento de que necessitam. Todos os dias, 1.700 vidas são perdidas por causas relacionadas com o VIH e 3.500 pessoas são infectadas. Faltando menos de sete anos para o atingir da meta, ainda há uma necessidade urgente de continuar financiando programas de VIH, para que os líderes comunitários possam continuar a alcançar as pessoas afectadas. Estes esforços são essenciais para colmatar as desigualdades no diagnóstico e tratamento das crianças que vivem com o VIH e para ajudar todos os países a aproximarem-se das metas 95-95-95, que visam garantir que 95% das pessoas que vivem com o VIH conheça o seu estado, 95% das pessoas diagnosticadas receba tratamento antirretroviral e 95% das pessoas em tratamento consiga suprimir a carga viral.
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PERSPECTIVA
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DSTS) NA ADOLESCÊNCIA AO LONGO DOS TEMPOS, MUITO SE TEM FALADO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DSTS), NO ENTANTO, NUNCA SERÁ UM TEMA ESGOTADO, POIS AINDA HÁ MUITO PARA SER FEITO NO QUE DIZ RESPEITO À PROMOÇÃO DE HÁBITOS E COMPORTAMENTOS SAUDÁVEIS E PREVENÇÃO DAS DOENÇAS, ESPECIALMENTE EM FAIXAS ETÁRIAS MAIS JOVENS. NO MUNDO, A CADA DIA, HÁ MAIS DE UM MILHÃO DE NOVOS CASOS DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTS) CURÁVEIS ENTRE PESSOAS DOS 15 AOS 49 ANOS (OMS). E É JUNTO DOS ADOLESCENTES QUE SE VERIFICA UMA MAIOR URGÊNCIA NESTA SENSIBILIZAÇÃO.
Enfermeira Joana Silva Enfermeira pediátrica no Luanda Medical Center
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N
a fase da adolescência ocorrem muitas mudanças anatómicas, fisiológicas, psíquicas e até sociais que colocam o adolescente numa posição mais vulnerável. Fruto da sua imaturidade, há tendência para a adopção de comportamentos indesejados que colocam a sua saúde em risco. O início da actividade sexual precocemente e a desvalorização ou o desconhecimento das DSTS elevam o risco na aquisição das mesmas e, por este facto, a sensibilização sobre esta temática será sempre o melhor caminho a seguir. As doenças sexualmente transmissíveis são causadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas e são adquiridas principalmente através de relações sexuais desprotegidas, mas também na partilha de objectos cortantes (seringas, lâminas) através de trocas de sangue ou mesmo de mãe para filho aquando da gestação e parto. Algumas das DSTs mais comuns incluem clamídea, sífilis, gonorreia, VIH, herpes genital, HPV e hepatite B. O diagnóstico e seguimento destas doenças é baseado no aparecimento de sintomatologia específica, sendo os mais reportados ardor, prurido, corrimento genital anormal, dor aquando do acto sexual, odor invulgar, aparecimento de lesões cutâneas ou verrugas na região genital e dor abdominal. Muitos doentes são assintomáticos, aumentando o risco de complicações e transmissão de doenças. O rastreio de populações alvo assintomáticas é fundamental para quebrar possíveis cadeias. As DSTs têm um profundo impacto na saúde sexual e reprodutiva. A maioria das doenças pode ser tratada de forma eficaz com medicamentos (antibióticos, antivirais e antifúngicos), no entanto, se não diagnosticada atempadamente, a infecção poderá propagarse pela corrente sanguínea, causando graves danos em órgãos vitais, podendo mesmo comprometer a vida.
É de salientar, de entre as várias doenças sexualmente transmissíveis já mencionadas, a infecção por VIH, de origem viral, ainda sem uma cura conhecida e objecto de estudo em todo o mundo, em busca de um tratamento efectivo. É uma doença envolta pelo estigma, discriminação e incompreensão social, tendo um impacto bastante significativo no seio familiar dos portadores desta doença. Cerca de 2% da população angolana, que é equivalente a aproximadamente 35 milhões de habitantes, é portadora do VIH/SIDA (dados do Instituto Nacional de Luta contra a SIDA de 2022). Podemos minimizar o risco de aquisição de todas estas doenças através da adopção de medidas preventivas, tais como: • Práticas sexuais mais seguras, incluindo o uso de preservativo; • Redução do número de parceiros sexuais; • Testagem regular através da realização de exames analíticos; • Vacinação (HPV, Hepatite B). As doenças sexualmente transmissíveis são um problema de saúde pública, sendo importante batalhar na promoção para a saúde, desmistificando ideias préconcebidas, quebrando tabus e, acima de tudo, consciencializando a população em geral para hábitos e comportamentos saudáveis.
NA FASE DA ADOLESCÊNCIA OCORREM MUITAS MUDANÇAS ANATÓMICAS, FISIOLÓGICAS, PSÍQUICAS E ATÉ SOCIAIS QUE COLOCAM O ADOLESCENTE NUMA POSIÇÃO MAIS VULNERÁVEL. FRUTO DA SUA IMATURIDADE, HÁ TENDÊNCIA PARA A ADOPÇÃO DE COMPORTAMENTOS INDESEJADOS QUE COLOCAM A SUA SAÚDE EM RISCO. O INÍCIO DA ACTIVIDADE SEXUAL PRECOCEMENTE E A DESVALORIZAÇÃO OU O DESCONHECIMENTO DAS DST ELEVAM O RISCO NA AQUISIÇÃO DAS MESMAS E, POR ESTE FACTO, A SENSIBILIZAÇÃO SOBRE ESTA TEMÁTICA SERÁ SEMPRE O MELHOR CAMINHO A SEGUIR
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PERSPECTIVA
SENSIBILIZAÇÃO PARA O CANCRO DA PRÓSTATA O CANCRO DA PRÓSTATA É O TUMOR MALIGNO DA PRÓSTATA, UM ÓRGÃO DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO LOCALIZADO ABAIXO DA BEXIGA E À VOLTA DA URETRA, CANAL ATRAVÉS DO QUAL A URINA PASSA DA BEXIGA PARA O EXTERIOR DO CORPO. ESTA DOENÇA É A SEGUNDA CAUSA DE MORTE POR CANCRO ENTRE A POPULAÇÃO MASCULINA.
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Enfermeira Helena Vaz Martins Enfermeira coordenadora do Serviço de Urgência do Luanda Medical Center
P
ara que se possa detectar precocemente o cancro da próstata, a população masculina deverá proceder anualmente a um rastreio desta patologia. Este rastreio envolve um exame de sangue para a detecção do nível de PSA (prostatic specific antigen) e também a execução do toque rectal por um urologista. Conforme os achados da combinação destes dois exames, o urologista poderá considerar relevante fazer uma biopsia prostática para a observação das células do órgão. Se diagnosticado cancro da próstata, existem várias opções de tratamento, como a imunoterapia, a braquiterapia, a cirurgia laparoscópica, robótica, aberta ou ainda a radioterapia, sendo que a opção terapêutica dependerá do estágio em que a doença é diagnosticada, da condição física do doente, entre outros
doença silenciosa, o que leva a que uma fatia importante da população masculina não sinta necessidade de fazer o rastreio por se sentir bem e sem sintomatologia. Actualmente, as possíveis sequelas do cancro da próstata, como incontinência urinária ou disfunção eréctil são passíveis de serem resolvidas com medicação, fisioterapia ou intervenção cirúrgica. Acções como as desenvolvidas durante a campanha Novembro Azul revestem-se de particular relevância, porque despertam a população masculina para a importância do rastreio, enquanto desmitificam os mitos e receios à volta do rastreio e da doença em si, levando a que a população do sexo masculino cuide mais e melhor da sua saúde.
factores. Apesar de quando detectado precocemente ser relativamente fácil de tratar e de o tratamento poder ser minimamente invasivo, na maior parte dos casos, a população masculina é renitente em fazer o rastreio, seja por receio de fazer o toque rectal, pelos mitos e incertezas em relação a este acto médico, ou ainda por o cancro da próstata ser uma
23 SAÚDE
PERSPECTIVA
DESMISTIFICANDO A DIABETES MELLITUS
Dra. Sandra Martins Médica Endocrinologista pela Universidade de São Paulo (USP), Especialista em Endocrinologia Metabólica do Luanda Medical Center
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A DIABETES MELLITIUS REPRESENTA UM GRUPO DE DOENÇAS METABÓLICAS COM ETIOLOGIAS DIVERSAS, CARACTERIZADO POR HIPERGLICEMIA, QUE RESULTA DE UMA SECREÇÃO DEFICIENTE DE INSULINA PELAS CÉLULAS BETA (β), RESISTÊNCIA PERIFÉRICA À ACÇÃO DA INSULINA OU AMBAS. OU MAIS SIMPLES, É O AUMENTO DO AÇÚCAR NO SANGUE. O PÂNCREAS É O ÓRGÃO QUE PRODUZ A HORMONA INSULINA PELAS CÉLULAS β, SENDO ESSA HORMONA RESPONSÁVEL PELA DESTRUIÇÃO DA GLICOSE NO NOSSO SANGUE. A INSULINA PODE SER PRODUZIDA COM DEFICIÊNCIA OU PODE ESTAR AUSENTE NESSAS CÉLULAS β, ACONTECENDO A DIABETES MELLITUS.
em adultos jovens, afectando igualmente homens e mulheres. A Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) corresponde a 90% a 95% de todos os casos. Possui etiologia complexa e multifactorial, envolvendo componentes genética e ambiental. Geralmente, a DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora se descreva, nalguns países, o aumento na sua incidência em crianças e jovens. Outros tipos de diabetes: doenças endocrinológicas. Diabetes gestacional: a gestação consiste em condição diabetogénica, uma vez que a placenta produz hormonas hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina, com consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à insulina, podendo evoluir com disfunção das células β.
A
Diabetes Mellitus é considerada um problema de saúde pública. Actualmente, no mundo, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF), existem 537 milhões de casos. Em 2030, serão 647 milhões e, em 2045, 785 milhões de casos. Em África, temos 24 milhões de casos. Os países com maior número de casos são China, Índia, Estados Unidos da América e Brasil. A cada minuto morre uma pessoa com complicações da patologia de base. Poliúria, polifagia, polidipsia, perda de peso, prurido, cansaço excessivo, visão turva, dor de cabeça, formigamento e aumento de temperatura na planta dos pés são sinais e sintomas de Diabetes Mellitus. Classificação A Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. Embora a prevalência de DM1 esteja a aumentar, corresponde a apenas 5% a 10% de todos os casos de Diabetes Mellitus. É mais frequentemente diagnosticada em crianças, adolescentes e, nalguns casos,
Factores de risco • História familiar da doença; • Idade avançada: a partir dos 45 anos; • Alimentação inadequada: gorduras saturadas, açúcares; • Obesidade; • Sedentarismo; • Diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes gestacional (DMG); • Presença de componentes da síndrome metabólica, tais como hipertensão arterial e dislipidemia (colesterol elevado); • Consumo excessivo de álcool; • Tabagismo; • Uso de medicamentos.
A DIABETES MELLITUS TIPO 2 É UMA DOENÇA PREVENÍVEL. NÃO EXISTE TIPO DE DIABETES MAIS PERIGOSA, MAIS GRAVE, NÃO EXISTE DIABETES QUE MAIS MATA. A DIABETES MELLITUS TEM UM ÍNDICE DE MORTALIDADE DE 80% QUANDO NÃO FAZEMOS O TRATAMENTO, QUANDO NEGLIGENCIAMOS, QUANDO NÃO FAZEMOS O RECOMENDADO PELO MÉDICO EM CONSULTAS, QUANDO FICAMOS MUITO TEMPO SEM ACOMPANHAMENTO EM CONSULTA DE ESPECIALIDADE
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Diagnóstico • Glicose plasmática e glicemia capilar acima ou igual 126 mg/dl; • Hemoglobina glicada igual ou acima de 6,5%; • Sinais e sintomas com medição de glicemia ao acaso igual ou maior que 200 mg/dl; • Teste de tolerância à glicose oral 75g: tempo 0´ acima ou igual 126mg/dl; após duas horas acima ou igual a 200 mg/dl. Todos os pacientes que tiverem glicemia capilar ou glicose plasmática acima de 100mg/ dl precisam de investigar para pré-diabetes. Tratamento O tratamento tem como base três pilares: • Mudança de estilo de vida: dieta equilibrada e atividade física, com caminhada de 45 minutos a uma hora, três a quatro vezes por semana; • Medicamentos orais e injectáveis; • Prevenção de complicações.
• Crónicas: retinopatia diabética (cegueira, catarata), nefropatia diabética (insuficiência renal, hemodiálise), neuropatia diabética (feridas que não cicatrizam, perda de sensibilidade nos pés, formigamento), doenças do coração (enfarte agudo do miocárdio, morte súbita, arritmias), doenças do cérebro (acidente vascular cerebral - AVC). A Diabetes Mellitus tipo 2 é uma doença prevenível. Não existe tipo de diabetes mais perigosa, mais grave, não existe diabetes que mais mata. A Diabetes Mellitus tem um índice de mortalidade de 80% quando não fazemos o tratamento, quando negligenciamos, quando não fazemos o recomendado pelo médico em consultas, quando ficamos muito tempo sem acompanhamento em consulta de especialidade.
Complicações • Aguda: emergências hiperglicémicas que necessitam, algumas vezes, de tratamento em Unidade de Cuidados Intensivos pela gravidade do quadro clínico do paciente. Fonte: International Diabetes Federation. IDF Atlas. 8. ed. Bruxelas: International Diabetes Federation; 2023 ADA: American Diabetes Association; SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes
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RIGOR E CONFORTO NA MEDIÇÃO DA GLICEMIA
Sistema de auto-codificação Amostra de 0,3 µg/L Leitura em 3 segundos
DIAGNOSTICAR
CONHECER
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SAÚDE
RUBRICA NUTRIÇÃO
MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS NO TRATAMENTO DA DIABETES A DIABETES MELLITUS É UMA DOENÇA METABÓLICA CRÓNICA QUE SE CARACTERIZA PELA ELEVAÇÃO PERMANENTE DA GLICEMIA (CONCENTRAÇÃO DE AÇÚCAR NO SANGUE). A HIPERGLICEMIA (AÇÚCAR ELEVADO NO SANGUE) QUE EXISTE NA DIABETES DEVE-SE, EM ALGUNS CASOS, À INSUFICIENTE PRODUÇÃO, NOUTROS À INSUFICIENTE ACÇÃO, DA INSULINA E, FREQUENTEMENTE, À COMBINAÇÃO DESTES DOIS FACTORES. AS PESSOAS COM DIABETES PODEM VIR A DESENVOLVER UMA SÉRIE DE COMPLICAÇÕES, SENDO POSSÍVEL REDUZIR OS SEUS DANOS ATRAVÉS DE UM CONTROLO RIGOROSO DA HIPERGLICEMIA, DA HIPERTENSÃO ARTERIAL, DA DISLIPIDEMIA, ENTRE OUTROS, BEM COMO DE UMA VIGILÂNCIA PERIÓDICA DOS ÓRGÃOS MAIS SENSÍVEIS (RETINA, NERVOS, RIM, CORAÇÃO, ETC.).
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• Orientação sobre a prática de actividade física, que deve ser realizada regularmente; • Interrupção do alcoolismo e do tabagismo, quando estiverem presentes; • Adopção de programa de educação de pacientes, familiares e cuidadores sobre a doença, consciencializando-os e tornandoos aptos ao maior sucesso terapêutico.
Dra. Margarida Carvalho Farmacêutica, licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
O
acompanhamento a um diabético inicia-se pela indicação da adopção de medidas não farmacológicas, nomeadamente uma alimentação saudável e prática de exercício físico regular, para controlar os níveis de glicemia, e só depois, na incapacidade de se controlar os níveis de glicemia apenas com estas medidas, recorrese à terapêutica farmacológica. As mudanças no estilo de vida de um diabético passam por: • Implementação de um aconselhamento nutricional, com elaboração de dieta apropriada, balanceada, que supra as necessidades básicas do diabético, sem elevar os níveis glicémicos de forma abrupta e frequente;
O sucesso do tratamento não farmacológico é atingido quando o paciente mantém um crescimento normal, com controlo de peso, glicemia em jejum próxima da normalidade (inferior a 120mg/dl) e uma hemoglobina glicada próxima dos seus valores normais. Uma alimentação equilibrada é imprescindível para controlo dos valores de glicemia. Os principais objectivos do controlo da alimentação para diabéticos passam por melhorar os níveis de glucose (açúcar no sangue) e de gordura no sangue, controlar a pressão arterial, diminuir o peso, no caso de excesso de peso, e evitar complicações provocadas pela diabetes (nos órgãos alvo). Os objectivos diferem caso estejamos a falar de um diabético tipo 1 ou 2. Nos casos de diabéticos tipo 1, o objectivo passa por articular a ingestão de alimentos com a administração de insulina, de modo a prevenir flutuações perigosas de glucose; nos diabéticos tipo 2 há o objectivo de adequar o regime alimentar (dieta) de modo a reduzir o risco de doença cardiovascular e a resistência à insulina. O plano alimentar deve ser individualizado, levando em conta, entre outras, as seguintes variáveis do paciente: • Sexo; • Idade; • Estado metabólico; • Situação biológica; • Prática de actividade física;
OS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DO CONTROLO DA ALIMENTAÇÃO PARA DIABÉTICOS PASSAM POR MELHORAR OS NÍVEIS DE GLUCOSE (AÇÚCAR NO SANGUE) E DE GORDURA NO SANGUE, CONTROLAR A PRESSÃO ARTERIAL, DIMINUIR O PESO, NO CASO DE EXCESSO DE PESO, E EVITAR COMPLICAÇÕES PROVOCADAS PELA DIABETES (NOS ÓRGÃOS ALVO)
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• Hábitos socioculturais; • Preferências do paciente; • Disponibilidade dos alimentos; • Tratamento que recebe; • Patologias predominantes. O valor calórico total (VCT) a ser ingerido vai depender do estado nutricional e da actividade física realizada pelo paciente. Existem algumas recomendações gerais, para apoiar uma boa regulação do nível de glucose no sangue: • Fazer refeições ligeiras de três em três horas; • Legumes e hortaliças presentes em todas as refeições; • Reduzir a ingestão de gorduras, principalmente saturadas; • Moderar o consumo de proteínas animais; • Comer fruta todos os dias (duas a três peças de fruta no máximo); • Evitar o açúcar, o mel, refrigerantes e bolos açucarados; • Limitar o consumo de hidratos de carbono, fazer uma distribuição ponderada pelas várias refeições; • Evitar bebidas alcoólicas, uma vez que o álcool tem elevado conteúdo calórico, podendo aumentar o peso corporal e os níveis sanguíneos de triglicéridos; • Beber, pelo menos, dois litros de água por dia; • Redução da ingestão de sal, com maior restrição na presença de hipertensão arterial ou doença renal; • Ajustar as porções consumidas dos alimentos segundo a roda dos alimentos aplicada a doentes diabéticos, gorduras e doces (uma a três porções), leite, queijo e iogurtes (duas a três porções), carne e peixe (uma a cinco porções), leguminosas (uma a duas porções), cereais e massas (quatro a 11 porções), legumes (três a cinco.
A PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO NUM PACIENTE DIABÉTICO PERMITE MELHORIAS NA QUALIDADE DE VIDA, A NÍVEL FÍSICO E PSICOLÓGICO, DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL, MELHORIA DA DISLIPIDEMIA E DIMINUIÇÃO DO PESO CORPORAL, O QUE CONTRIBUI PARA A REDUÇÃO DE FACTORES DE RISCO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES, ASSIM COMO DIMINUIÇÃO DA GLICEMIA, DURANTE E APÓS O EXERCÍCIO, E CONTROLO DA OBESIDADE, ATRAVÉS DA DIMINUIÇÃO E MELHOR DISTRIBUIÇÃO DO TECIDO ADIPOSO
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Imagem 1: Roda dos alimentos para pessoas com Diabetes
A prática de exercício físico num paciente diabético permite melhorias na qualidade de vida, a nível físico e psicológico, diminuição da pressão arterial, melhoria da dislipidemia e diminuição do peso corporal, o que contribui para a redução de factores de risco de doenças cardiovasculares, assim como diminuição da glicemia, durante e após o exercício, e controlo da obesidade, através da diminuição e melhor distribuição do tecido adiposo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a realização de 150 a 300 minutos de actividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crónicas ou incapacidade. Os exercícios recomendados são aqueles de característica aeróbica, como caminhar, nadar, correr, andar de bicicleta, entre outros, com frequência de três a quatro vezes semanais e duração de 20 a 60 minutos. A regularidade e intensidade da prática de exercício físico devem ser ajustadas às características e capacidades de cada paciente. A prática de exercício físico regular e moderado contribui para atenuar a resistência à insulina e controlar a glicemia e dislipidemia e a inclusão de uma alimentação saudável constitui uma estratégia de prevenção e controlo da progressão da patologia, sendo, por isso, as medidas não farmacológicas imperativas para evitar complicações, mantendo a diabetes controlada.
NOTÍCIA
AUSTRALPHARMA REALIZA RASTREIOS DE DIABETES ALINHADOS AOS OBJECTIVOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), A AUSTRALPHARMA, EM PARCERIA COM A FARMÁCIA POPULAR E A TECNOSAÚDE, REALIZOU RASTREIOS GRATUITOS COM O GLUCÓMETRO ELEMENT. NO TOTAL, FORAM MAIS DE 500 OS RASTREIOS REALIZADOS.
C
om esta acção, a empresa reforça a importância do diabético medir diariamente a sua glicemia com um glucómetro, aparelho que mede a glicose (açúcar) no sangue. O Element é um glucómetro da Australpharma fácil de utilizar, que permite resultados fiáveis em apenas três segundos e encontra-se disponível em várias farmácias em Angola. De realçar que o tema do Dia Mundial da Diabetes 2023, comemorado a 14 de Novembro, foi “Educar para Proteger o Futuro”. O objectivo deste ano foi destacar a necessidade de melhor acesso à educação em diabetes para profissionais e para as pessoas com diabetes. Segundo a OMS, mais de 537 milhões de pessoas (uma em cada 10) estão actualmente a viver com diabetes. A maioria desses casos refere-se a diabetes tipo 2, que é amplamente evitável por meio de actividade física regular, uma dieta saudável e equilibrada e a promoção de hábitos de vida saudáveis. Uma em cada duas pessoas que vivem com diabetes não está diagnosticada (240 milhões de pessoas a nível mundial). A maioria dos casos é de diabetes tipo 2. Segundo Leocádia Francisco, Gestora
Comercial de Diagnóstico da Australpharma, “o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para prevenir as complicações da diabetes e obter bons resultados. Todas as famílias são potencialmente afectadas pela diabetes e, portanto, a consciencialização quanto aos sinais, sintomas e factores de risco para todos os tipos de diabetes é vital para ajudar a detectála precocemente”.
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RUBRICA FARMACÊUTICA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DIABETES MELLITUS A DIABETES MELLITUS (DM) É UMA CONDIÇÃO CLÍNICA QUE AFECTA MILHÕES DE INDIVÍDUOS EM TODO O MUNDO. COM UMA ELEVADA TAXA DE MORBILIDADE E UMA SIGNIFICATIVA TAXA DE MORTALIDADE, A DM NÃO ESCOLHE IDADES, RAÇAS OU ESTRATOS SOCIAIS. AS COMPLICAÇÕES QUE ACARRETA, SEJAM ELAS CRÓNICAS (CEGUEIRA, DOENÇAS CARDIOVASCULARES, INSUFICIÊNCIA RENAL) OU AGUDAS (HIPOGLICEMIA, DECOMPOSIÇÕES METABÓLICAS), FAZEM DA DM UM VERDADEIRO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA COM ELEVADOS CUSTOS A NÍVEL PESSOAL, SOCIAL E ECONÓMICO.
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Dra. Cristiana Barbosa Farmacêutica, licenciada em Ciências Farmacêuticas e Gestão Farmacêutica pela Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário. Directora geral das Farmácias Marginal - Evoserv
A
classificação da DM estabelece a existência de quatro tipos clínicos, etiologicamente distintos. Contudo, os mais comuns são a diabetes tipo 1 (DM1) e a diabetes tipo 2 (DM2). A DM1 caracteriza-se pela ausência de produção de insulina por destruição autoimune das células beta das ilhotas pancreáticas. Anteriormente designada por diabetes juvenil ou dependente de insulina, desenvolve-se em crianças ou adolescentes e afecta cerca de 5% a 10% de todos os diabéticos. A forma mais comum de diabetes é a DM2, que geralmente ocorre em adultos e representa cerca de 90% a 95% de todos os casos. Caracteriza-se principalmente por resistência à insulina ou produção insuficiente de insulina. Apesar de ser mais comum em adultos, a taxa de DM2 em crianças tem aumentado, fruto de uma maior incidência da obesidade infantil. A crescente incidência na população tem desafiado a comunidade médica na descoberta de soluções que limitem a progressão da doença e que permitam aumentar a qualidade de vida dos diabéticos. O tratamento da DM é um enorme desafio, uma vez que representa mudanças no estilo de vida, assim como complexos e multidisciplinares esquemas terapêuticos.
A monitorização adequada dos níveis de glicose no sangue é fundamental para evitar as complicações da diabetes. Quando falamos em controlo (monitorização) da glicemia, a vigilância deve ser usada para evitar e/ou ajudar a tratar hipoglicemias potencialmente perigosas. Alguns estudos têm demonstrado uma melhoria significativa no controlo glicémico associado à automonitorização, uma vez que permite ao portador da diabetes obter e utilizar informação em tempo real sobre os níveis de glicemia. Isto facilita uma intervenção atempada para alcançar e manter uma glicemia quase normal. O objectivo principal no controlo da diabetes é reduzir todos os parâmetros glicémicos para valores tão perto do normal quanto possível. Os valores acima do normal providenciam um quadro de referência para iniciar e monitorizar o controlo clínico da glicémia, mas devem ser individualizados, devendo, por isso, ser estabelecidos pelo médico. Actualmente, assistimos a uma evolução tecnológica e inovadora no desenvolvimento de glucómetros capazes de facilitar a gestão do controlo glicémico. Existem dispositivos que precisam de quantidade mínimas de sangue e que podem registar e armazenar muitos resultados glicémicos juntamente com a data, hora e médias das determinações seleccionadas. A maior parte dos dispositivos pode ser ligada aos computadores pessoais e telefones móveis, fornecendo vários tipos de apresentação de dados, incluindo gráficos, ou em situações especiais através de dispositivos áudio (para pessoas com limitações visuais).
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O farmacêutico desempenha um papel fundamental não só no auxílio da monitorização e controlo glicémico, mas também na promoção para o uso racional do medicamento e a respectiva adesão terapêutica. A farmácia e o farmacêutico agregam um conjunto de atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades e responsabilidades, utilizadas na prevenção de doenças e promoção da saúde, tendo como objectivo final o aumento da qualidade de vida do doente com DM. O tratamento farmacológico da DM1 passa pela administração de insulina. A maioria das preparações de insulina é actualmente composta por insulinas humanas recombinantes, eliminando assim as reacções alérgicas aos fármacos (antigamente extraídos de fontes animais). Os tipos de insulina são categorizados de acordo com o tempo de início e duração de acção. De entre dos mais comuns, temos as insulinas de acção rápida, que, tal como o próprio nome indica, são rapidamente absorvidas, reduzindo o valor da glicemia em 15 minutos, mas têm uma curta duração de acção
A primeira estratégia terapêutica é a não farmacológica (regime alimentar mais actividade física) e deve acompanhar todas as linhas subsequentes de terapêutica medicamentosa. A metformina em monoterapia é recomendada para a primeira linha da terapêutica oral da DM2 associada às medidas anteriormente descritas. Esta deve usada com o aumento progressivo da dose até à dose máxima de 2.000 mg/dia ou dose máxima tolerada, quando não houver contraindicação. O tratamento de segunda linha inclui a introdução de medicamentos como a Glicazida e Glimepirida, entre outros, contudo, esta escolha terapêutica para adição à metformina deve ser não só individualizada e ajustada a cada doente, como orientada por diversos vectores. Factores como a presença de doenças cardiovasculares, alterações de peso e risco de hipoglicemia, devem ser avaliados pelo médico, por forma a adequar a melhor terapêutica farmacológica. O tratamento de terceira linha pode incluir
O FARMACÊUTICO DESEMPENHA UM PAPEL FUNDAMENTAL NÃO SÓ NO AUXÍLIO DA MONITORIZAÇÃO E CONTROLO GLICÉMICO, MAS TAMBÉM NA PROMOÇÃO PARA O USO RACIONAL DO MEDICAMENTO E A RESPECTIVA ADESÃO TERAPÊUTICA. A FARMÁCIA E O FARMACÊUTICO AGREGAM UM CONJUNTO DE ATITUDES, VALORES ÉTICOS, COMPORTAMENTOS, HABILIDADES E RESPONSABILIDADES, UTILIZADAS NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE, TENDO COMO OBJECTIVO FINAL O AUMENTO DA QUALIDADE DE VIDA DO DOENTE COM DM (< 4 horas). Estas insulinas são úteis durante as refeições para controlar os picos pós-prandiais de glicose no plasma. As insulinas de acção intermediária têm um início de acção de cerca de duas horas após a injecção e uma duração de cerca de 18 a 26 horas. Por último, as insulinas de acção prolongada não têm uma acção máxima discernível e fornecem um efeito basal constante por 24 horas. A definição de um plano terapêutico para doentes com DM1 deve privilegiar um bom controlo metabólico, crescimento, desenvolvimento e maturação psicossocial normais e potenciar a independência e o autocuidado, a fim de minimizar a manifestação das complicações micro e macro vasculares, a longo prazo. Atendendo que estes doentes se encontram em idades muito jovens, é de especial importância que o tratamento seja precoce e eficaz. O tratamento farmacológico da DM2 evoluiu significativamente, ao longo da última década, envolvendo a inclusão de novas classes terapêuticas com mecanismos de acção inovadores.
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a junção de insulinoterapia para além dos fármacos precedentes nos tratamentos de primeira e de segunda linha. Tratando-se de um tratamento multidisciplinar e complexo, é fundamental que o mesmo seja instituído pelo médico e acompanhado e orientado por este e pelo farmacêutico. O farmacêutico continua a ser a primeira linha de contacto nos cuidados de saúde primários e no tratamento da DM deve igualmente ter um papel activo. Apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos no sentido da evolução terapêutica da DM, os doentes ainda apresentam um mau controlo da doença, aumentando, assim, o risco de, no futuro, virem a desenvolver complicações da DM. Nesse sentido, é primordial reforçar o acompanhamento multidisciplinar dos diabéticos como das suas famílias, colocando à sua disposição acções de promoção para a saúde.
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SAÚDE
RUBRICA ENTREVISTA OCULAR
DIABETES MELLITUS E SUAS IMPLICAÇÕES A NÍVEL OCULAR O DIAGNÓSTICO PRECOCE DAS ALTERAÇÕES OCULARES PROVOCADAS PELA DIABETES MELLITUS É CRUCIAL PARA IMPEDIR A PERDA DE VISÃO E CONSEQUENTE CEGUEIRA. NESTE ARTIGO, PASSAMOS EM RESUMO AS VÁRIAS CONSEQUÊNCIAS OCULARES DA DOENÇA. EFECTUAR EXAMES DE SAÚDE OCULAR ANUALMENTE DEVERÁ SER A NORMA PARA TODOS OS DIABÉTICOS.
Dr. Djalme Fonseca Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika
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O
Dia Mundial da Diabetes é comemorado, desde 1991, a 14 de Novembro, data de aniversário de Sir Frederick Banting, que descobriu a insulina, juntamente com Charles Best. O tema adoptado para as campanhas do período de 2021 a 2023 é “Acesso aos Cuidados da Diabetes”. Globalmente, estima-se que 422 milhões de adultos viviam com a doença em 2014, em comparação com 108 milhões em 1980. A prevalência global quase dobrou desde 1980, passando de 4,7% para 8,5% na população adulta. Isso reflecte o aumento nos factores de
risco associados, como sobrepeso ou obesidade. Novos números da 10.ª edição do Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation (IDF) revelam que 537 milhões de adultos em todo o mundo vivem com a doença, mostrando um aumento global contínuo na sua prevalência e confirmando a diabetes como um desafio global significativo para a saúde e o bem-estar de indivíduos, famílias e sociedades. Tipos A diabetes é uma doença crónica, na qual o corpo não produz ou não consegue empregar adequadamente a insulina – hormona produzida pelo pâncreas e responsável pela manutenção do metabolismo da glicose. A sua falta provoca défice na metabolização da glicose e, consequentemente, diabetes. Caracteriza-se por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia), de forma permanente. Existem vários tipos de diabetes: • Tipo 1: causado pela destruição das células produtoras de insulina, em decorrência de um defeito do
sistema imunológico, em que os anticorpos atacam as células que produzem a insulina. Ocorre em cerca de 5% a 10% dos diabéticos. • Tipo 2: resulta da resistência à insulina e de deficiência na sua secreção. Ocorre em cerca de 90% dos diabéticos. • Diabetes gestacional: é a diminuição da tolerância à glicose, diagnosticada, pela primeira vez, na gestação, podendo ou não persistir após o parto. A sua causa exacta ainda não é conhecida. • Outros tipos: são decorrentes de defeitos genéticos associados com outras doenças ou com o uso de medicamentos. Podem ser defeitos genéticos da função da célula beta ou na acção da insulina, doenças do pâncreas (pancreatite, neoplasia, hemocromatose, fibrose cística, etc.), induzidos por drogas ou produtos químicos (diuréticos, corticoides, betabloqueadores, contraceptivos, etc.). Principais sintomas Os principais sintomas da diabetes tipo 1 são: • Vontade de urinar diversas vezes; • Fome frequente; • Sede constante; • Perda de peso; • Fraqueza;
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• Fadiga; • Nervosismo; • Mudanças de humor; • Náuseas; • Vómitos. Os principais sintomas da diabetes tipo 2 são: • Infecções frequentes; • Alteração visual (visão embaçada); • Dificuldade na cicatrização de feridas; • Formigueiro nos pés; • Furúnculos. Tratamento e prevenção Altas taxas de açúcar no sangue, por tempo prolongado, podem causar sérios danos à saúde: cegueira, insuficiência renal, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e amputação de membros inferiores. O tratamento correcto da diabetes passa por manter uma vida saudável, evitando diversas complicações que surgem em consequência do mau controlo da glicemia. Uma dieta saudável, actividade física e evitar o uso de tabaco podem prevenir ou retardar a diabetes tipo 2. Além disso, a doença pode ser tratada e as suas consequências evitadas ou retardadas com medicamentos, exames regulares e tratamento das complicações. Pode a Diabetes Mellitus afectar a nossa visão? As consequências visuais da diabetes podem ser muito sérias e incluem a cegueira. Na verdade, a diabetes é a principal causa de cegueira em adultos com idades entre 20 e 74 anos. Assim sendo, é primordial que todos os diabéticos efectuem exames de saúde ocular anualmente, com ênfase na avaliação da retina. Devem, então,
ALTAS TAXAS DE AÇÚCAR NO SANGUE, POR TEMPO PROLONGADO, PODEM CAUSAR SÉRIOS DANOS À SAÚDE: CEGUEIRA, INSUFICIÊNCIA RENAL, ATAQUE CARDÍACO, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES
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planear visitas regulares ao oftalmologista. Níveis elevados de açúcar no sangue podem causar problemas como visão embaçada, catarata, glaucoma e retinopatia: • Visão embaçada: não se devem comprar óculos novos assim que se notar a visão embaçada, já que pode ser uma consequência de níveis elevados de açúcar no sangue. O cristalino pode inchar, o que altera a capacidade de ver. Para corrigir este sintoma, é necessário colocar o nível de açúcar no sangue na faixa alvo (70-130 miligramas por decilitro, ou mg/dl antes das refeições e menos de 180 mg/dl uma a duas horas após a refeição). Pode demorar até três meses para que a visão volte totalmente ao normal. O oftalmologista deverá ser informado, para avaliar se se trata de um sintoma de um problema mais sério. • Cataratas: a lente interna natural do olho permite ver e focar uma imagem, assim como uma câmara. Quando a lente fica turva, como uma janela suja ou manchada, isso significa que se formou uma catarata. Qualquer pessoa pode ter catarata, mas os diabéticos tendem a contraí-las mais cedo e pioram mais rapidamente. Quando parte do cristalino está turva, o olho não consegue focar como deveria. Os sintomas incluem visão turva e ofuscamento. • Glaucoma: pessoas com diabetes têm maior probabilidade de ter glaucoma, que pode assumir diversas formas ou tipos. Quando o fluido não consegue drenar como suposto, a pressão aumenta dentro do olho. Isso pode danificar os nervos e vasos sanguíneos e causar alterações na visão. Os medicamentos podem tratar o glaucoma de ângulo aberto, a forma mais comum. Diminuem a pressão ocular, aceleram a drenagem e reduzem a quantidade de líquido que o olho produz (denominado por humor aquoso). Este tipo de glaucoma pode não causar nenhum sintoma até que esteja mais avançado e se tenha uma grande perda de visão. O profissional de saúde ocular poderá detectá-lo mais cedo, durante um exame anual.
Com formas menos comuns da doença, poderá notar-se dores de cabeça, dores nos olhos, visão embaçada, olhos marejados, halos ao redor das luzes e perda de visão. O tratamento pode incluir medicamentos e colírios especiais. Cirurgia e tratamentos a laser podem ajudar a diminuir a pressão ocular. Quem tem diabetes também tem maior probabilidade de contrair uma condição rara chamada glaucoma neovascular, que faz com que novos vasos sanguíneos cresçam na íris, a parte colorida do olho. Estes bloqueiam o fluxo normal de fluido e aumentam a pressão ocular. O tratamento primário do glaucoma neovascular é reverter a formação de novos vasos sanguíneos. Para isso, o oftalmologista poderá usar um laser para reduzir o número de vasos sanguíneos na parte posterior do olho, ou usar uma injecção anti-VEGF, enquanto recorre a outras medidas para diminuir rapidamente a pressão ocular. • Retinopatia diabética: a retina é um grupo de células na parte posterior do olho que capta a luz e transforma em imagens que o nervo óptico envia ao cérebro. Danos aos pequenos vasos sanguíneos da retina causam retinopatia diabética. Esta está relacionada com níveis elevados de açúcar no sangue. Não tratada precocemente, poderá causar cegueira. Pessoas com diabetes tipo 1 raramente desenvolvem a doença antes da puberdade. Em adultos, é raro, a menos que se tenha diabetes tipo 1 há, pelo menos, cinco anos. Mantendo o controlo rígido dos níveis de açúcar no sangue, com uma bomba de insulina ou com várias injecções diárias de insulina, será muito menos provável contrair essa condição. Quem tem diabetes tipo 2 poderá apresentar sinais de problemas oculares quando for diagnosticada. Controlar o nível de açúcar no sangue, a pressão arterial e o colesterol permite retardar ou prevenir a doença. Os fumadores também devem tentar parar de fumar, já que melhorará os seus olhos e a sua saúde geral. Existem outros tipos desta condição, como a retinopatia de fundo, em que os vasos sanguíneos estão danificados, mas ainda se consegue ver bem. Contudo, a visão pode piorar se a diabetes não for bem controlada. A maculopatia, por sua vez, ocorre quando a diabetes afecta a mácula. A mácula é a
AS CONSEQUÊNCIAS VISUAIS DA DIABETES PODEM SER MUITO SÉRIAS E INCLUEM A CEGUEIRA. NA VERDADE, A DIABETES É A PRINCIPAL CAUSA DE CEGUEIRA EM ADULTOS COM IDADES ENTRE 20 E 74 ANOS. ASSIM SENDO, É PRIMORDIAL QUE TODOS OS DIABÉTICOS EFECTUEM EXAMES DE SAÚDE OCULAR ANUALMENTE, COM ÊNFASE NA AVALIAÇÃO DA RETINA. DEVEM, ENTÃO, PLANEAR VISITAS REGULARES AO OFTALMOLOGISTA
área da retina que fornece a melhor visão necessária para ler, conduzir e realizar outras actividades semelhantes. O inchaço pode ser facilmente reversível ou mais grave e difícil de tratar. Já a retinopatia proliferativa acontece quando as células da parte posterior do olho não recebem oxigénio suficiente e novos vasos sanguíneos começam a crescer. Estes são frágeis e podem sangrar e formar um coágulo, o que pode causar cicatrizes e afastar a retina da parte posterior do olho. Se se soltar, a perda de visão não pode ser corrigida. Às vezes, esta condição pode ser tratada. A cirurgia é uma opção, assim como um procedimento a laser que queima os vasos sanguíneos e pode prevenir a cegueira em até metade das pessoas com retinopatia precoce. Estes sintomas podem sinalizar uma emergência: manchas pretas na visão, flashes de luz, “buracos” na visão e visão embaçada.
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RUBRICA DERMOCOSMÉTICA
PÉ DIABÉTICO O PÉ DIABÉTICO É UMA DAS COMPLICAÇÕES MAIS GRAVES DA DIABETES. A PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES E O TRATAMENTO MÉDICO OU CIRÚRGICO, NOS CASOS EM QUE TAL SE JUSTIFIQUE, DEVEM SER ENCARADOS SERIAMENTE PELOS DOENTES, POIS, EM ÚLTIMO CASO, O PÉ DIABÉTICO PODERÁ TER CONSEQUÊNCIAS GRAVES, LEVANDO À AMPUTAÇÃO DE DEDOS, PÉ OU PERNA.
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O
pé diabético é definido pela Organização Mundial da Saúde como o pé de um doente diabético com infecção, ulceração (úlcera) ou destruição do pé provocada por alterações dos nervos ou dos vasos (artérias). Estas alterações dos nervos e das artérias são causadas pela diabetes. Trata-se de uma complicação que tanto pode surgir na diabetes tipo 1, como na diabetes tipo 2, podendo afectar ambos os sexos, de igual modo. Sinais e sintomas do pé diabético O doente diabético pode apresentar sinais e sintomas devido a alterações dos nervos ou das artérias (ou de ambos). As queixas nos pés devido às alterações dos nervos são diminuição da sensibilidade, sensação de “picadas de alfinetes”, choques eléctricos, queimadura, dormência nos pés (“formigueiro ou formigamento”) e pés gelados. Os doentes podem possuir deformidades, calos, fissuras e feridas, pele seca e quebradiça. É frequente o doente diabético apresentar feridas sem dor, porque não possui sensibilidade. Os pacientes também podem apresentar queixas relacionadas com a doença das artérias. A diabetes é um factor de risco para a aterosclerose. Nesta doença, verifica-se a formação de placas de aterosclerose (gordura) nas artérias, que podem levar à oclusão dos vasos. Alguns doentes diabéticos com as artérias ocluídas poderão queixar-se de dor na perna depois de caminharem alguns metros. A dor aparece sempre que o doente caminha a mesma distância. Essa dor na “barriga da perna” chama-se claudicação intermitente.
O PÉ DIABÉTICO É DEFINIDO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE COMO O PÉ DE UM DOENTE DIABÉTICO COM INFECÇÃO, ULCERAÇÃO (ÚLCERA) OU DESTRUIÇÃO DO PÉ PROVOCADA POR ALTERAÇÕES DOS NERVOS OU DOS VASOS (ARTÉRIAS). ESTAS ALTERAÇÕES DOS NERVOS E DAS ARTÉRIAS SÃO CAUSADAS PELA DIABETES
O doente diabético também pode referir dor no pé quando está a dormir. As queixas agravam-se com a elevação do pé e melhoram com o pé para baixo, motivo pelo qual os doentes dormem, habitualmente, com o pé fora da cama. Todavia, os sintomas de dor na “barriga da perna” ao caminhar e dor no pé podem não existir no doente diabético, devido à diminuição da sensibilidade. Com as artérias ocluídas, existe uma menor quantidade de sangue no pé. Assim, se um doente diabético possuir uma ferida, esta pode não cicatrizar porque não existe sangue. O doente possui, assim, um maior risco de ser amputado. Os sintomas iniciais do pé diabético são, muitas vezes, imperceptíveis, ligeiros e desvalorizados pelos doentes. Ferida no pé diabético - o que fazer? A ferida deve ser lavada e protegida com uma gaze. O doente deve recorrer o quanto antes ao seu médico. O doente nunca se deve automedicar, ou seja, tomar ou aplicar qualquer medicamento ou remédio (comprimidos, pomada, etc.) sem prescrição médica, sob pena de poder agravar o problema e aumentar o risco de complicações. Prevenção do pé diabético A prevenção de possíveis complicações é essencial na estratégia de controlo da doença. O doente diabético deve tomar consciência que manter a diabetes controlada é muito importante para evitar complicações nos pés e não só. Para além dos riscos para os pés, a diabetes pode originar diversas outras complicações. Cuidados no pé diabético São vários os cuidados que devemos ter com o pé diabético. A saber: • É preciso observar os pés diariamente, com uma boa iluminação, tentando identificar cortes, bolhas e alteração da cor. Pode ser necessário recorrer à ajuda de um espelho ou de outra pessoa;
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• Os pés devem ser lavados diariamente, mas não devem ser colocados “de molho”. É necessário comprovar a temperatura da água com a mão. Depois de lavados, os pés devem ser bem secos; • Recomenda-se a aplicação de um creme hidratante diariamente, excepto no meio dos dedos; • Não devem ser usados instrumentos cortantes, adesivos ou agentes químicos para cuidar dos pés; • Se os pés estiverem frios, não devem ser usados cobertores eléctricos, lareiras ou botijas de água quente. O doente diabético, pela diminuição da sensibilidade, pode queimar-se. Sugere-se o uso de vários pares de meias; • O doente deve ver e palpar com a mão o interior do sapato, para comprovar que não existe nenhum objecto que possa causar ferida; • As unhas não devem ser cortadas, mas sim limadas em linha recta com uma lima de cartão, pelo menos, uma vez por semana; • Os calos deverão ser tratados, mas apenas por profissionais habilitados para tal. Sapatos e meias para diabéticos O doente diabético deve ter especiais cuidados com o calçado (sapatos, ténis, etc.) e com o uso de meias: • O doente não deve andar descalço; • Nunca deve calçar os sapatos sem meias; • As meias têm de ser mudadas todos os dias. Sugerem-se meias de algodão ou lã, cores claras e não devem ter elásticos ou costuras; • O doente diabético não deve comprar sapatos sem os experimentar. Os sapatos devem ser experimentados no final do dia. Os sapatos novos devem ser usados de forma gradual. Quando se estiver a iniciar o uso de novos sapatos, deve-se observar mais vezes o pé; • O calçado para o diabético não deve ser apertado, nem bicudo, deve ter espaço para os dedos. Deve medir mais um centímetro para além do dedo mais comprido e deve ser alto e largo na ponta. Não deve ter tacão excessivo, nem costuras no seu interior. Deve ser todo fechado, de pele, com velcro ou cordões, com sola grossa em borracha; • O calçado deverá permitir a colocação de palmilhas ou suportes plantares; • Não se deve utilizar chinelos, nem sandálias, mesmo em casa. Estas medidas tanto são aplicadas ao calçado feminino, que, como sabemos, possui habitualmente características particulares, como ao calçado masculino. O calçado mal-adaptado é a causa mais frequente de ferida no pé diabético. As feridas resultam de traumatismos continuados do
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O PÉ DIABÉTICO NÃO TEM CURA, MAS EXISTEM TRATAMENTOS QUE PODEM SER EFECTUADOS CASO SURJAM COMPLICAÇÕES. NUNCA É DEMAIS REFERIR QUE UM CONTROLO ADEQUADO DA DOENÇA (DIABETES) É EXTREMAMENTE IMPORTANTE E QUE DEVEM SER SEGUIDAS TODAS AS MEDIDAS PREVENTIVAS
sapato. Nesse sentido, é muito importante seguir as recomendações enunciadas. O pé diabético tem cura? O pé diabético não tem cura, mas existem tratamentos que podem ser efectuados caso surjam complicações. Nunca é demais referir que um controlo adequado da doença (diabetes) é extremamente importante e que devem ser seguidas todas as medidas preventivas enunciadas. Tratamento do pé diabético O tratamento é adaptado às queixas do doente e às causas subjacentes, após avaliação por parte do médico. Os tratamentos são habitualmente estabelecidos pelo cirurgião vascular (médico especialista em cirurgia vascular), após exame minucioso dos pés. Quando as feridas não cicatrizam pela falta de sangue, é necessário resolver as oclusões das artérias. Estas poderão ser resolvidas por cirurgia de bypass ou dilatadas por balão (com ou sem colocação de stent - rede de metal que ajuda a manter as artérias abertas). Se as feridas estão associadas a alterações dos nervos, é importante aliviar as áreas de pressão do pé próximas das feridas com gessos ou outras técnicas de imobilização. A ferida deve ser tratada com cuidados de penso. O tipo de penso tem de ser adaptado ao tipo e à fase da ferida e deve ser sempre efectuado por um profissional habilitado para o efeito. No caso do pé diabético infectado, o doente deve ser medicado com antibiótico. Pode ser necessária a realização de drenagem de pus. Dependendo do grau da infecção, o antibiótico poderá ser administrado por via oral (comprimidos) ou, nos casos mais graves, por via endovenosa, com necessidade de internamento. Poderá ainda, em caso de risco de morte, ser necessário, para controlar a infecção e salvar a vida ao doente, retirar todo o tecido do pé infectado, através de técnica cirúrgica (desbridamento cirúrgico) ou por amputação. Poderá ser necessário amputar dedos, o pé ou perna, dependendo do quadro clínico em causa.
NOTÍCIA
ANGOLA ACOLHE 1.ª EDIÇÃO DA FEIRA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS EM SAÚDE Por outro lado, explicou Indira Quixito, a organização pensa que faltava um certame em que as startups em saúde pudessem desabrochar e mostrar-se ao mercado, num ambiente que reunisse empresários e permitisse o “pitch” e o “network”, simultaneamente.
LUANDA, ACOLHEU, DE 30 DE NOVEMBRO A 2 DE DEZEMBRO, A PRIMEIRA EDIÇÃO DA FEIRA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS EM SAÚDE EM ANGOLA, SOB O LEMA “INVESTIMENTO E COOPERAÇÃO PARA MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE EM ANGOLA”, NUMA INICIATIVA DA SAÚDE CLUB.
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urante três dias, a feira proporcionou, às empresas e profissionais do sector da saúde, um ambiente para exposição de produtos, parcerias, discussões estratégicas e diálogo. Segundo a porta-voz do evento, Indira Quixito, a primeira edição da Feira Internacional de Negócios em Saúde em Angola pretende promover o investimento privado, empregabilidade, empreendedorismo e, principalmente, a cooperação entre as instituições públicas e privadas. “O grande objectivo é criar o maior ecossistema de negócios em saúde no país, pois acreditamos que um mercado mais forte e diversificado é importante para melhores cuidados de saúde”, referiu a responsável, informando que mais de 150 expositores foram registados pela organização do evento.
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RUBRICA NATUREZA
BENEFÍCIOS DA VITAMINA D CONSUMIR ALIMENTOS COM VITAMINA D É ESSENCIAL DURANTE TODO O ANO, ESPECIALMENTE NOS MESES MAIS FRIOS. NOS DIAS MAIS SOALHEIROS, DEPENDENDO DO TIPO DE PELE, APENAS ALGUNS MINUTOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR DIÁRIA SÃO SUFICIENTES PARA ASSEGURAR O APORTE DIÁRIO DE VITAMINA D. NO ENTANTO, POR VEZES, É NECESSÁRIO REFORÇAR A ALIMENTAÇÃO COM VITAMINA D. A CARÊNCIA DESTA VITAMINA PODE TER CONSEQUÊNCIAS MUITO GRAVES PARA O ORGANISMO
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vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura, que se pode obter através da exposição solar, dos alimentos ou suplementos ricos em vitamina D. Esta vitamina é essencial para manter os ossos e os dentes fortes e o sistema imunitário saudável e por facilitar a absorção de cálcio e fósforo. Como a vitamina D não é encontrada naturalmente em muitos alimentos, a maioria dos profissionais de saúde recomenda a exposição solar diária de cinco a 30 minutos ou a toma de suplementos para atingir a quantidade diária recomendada, que pode variar entre mil unidades internacionais (UI) a 50 mil UI. Infelizmente, quase 50% da população mundial apresenta níveis baixos de vitamina D. As pessoas em risco de deficiência são: • Adultos mais velhos; • Bebés a amamentar; • Indivíduos de pele escura; • Pessoas com exposição solar limitada.
A obesidade é outro factor de risco para esta deficiência. Curiosamente, algumas evidências sugerem que ingerir vitamina D suficiente pode ajudar na perda de peso. Doenças causadas pela falta de vitamina D A falta de vitamina D está associada a diversos problemas de saúde, como doenças neuromusculares, problemas dentários, depressão, fadiga, osteoporose e raquitismo. Assim, alguns dos benefícios da vitamina D estão, precisamente, relacionados com a prevenção destas patologias.
• Fortifica ossos e dentes; • Previne a diabetes; • Fortalece o sistema imunológico; • Diminui inflamações no corpo; • Fortalece e melhora os sistemas cardiovascular, imunitário, cerebral e nervoso; • Potencia o ganho de massa muscular. Quais são os sinais de falta de vitamina D? A falta de vitamina D não é tão óbvia em adultos. Os sintomas podem incluir: • Fadiga; • Dores ósseas; • Fraqueza muscular, cãibras ou dores musculares; • Mudanças de humor. O défice acentuado de vitamina D causa raquitismo, que aparece em crianças com padrões de crescimento incorrectos, fraqueza muscular, dores nos ossos e deformidades nas articulações.
A FALTA DE VITAMINA D ESTÁ ASSOCIADA A DIVERSOS PROBLEMAS DE SAÚDE, COMO DOENÇAS NEUROMUSCULARES, PROBLEMAS DENTÁRIOS, DEPRESSÃO, FADIGA, OSTEOPOROSE E RAQUITISMO 8 alimentos ricos em vitamina D para incluir na dieta A vitamina D é o único nutriente que o corpo produz quando é exposto à luz solar. Por isso, é muito importante saber como repor a vitamina D. Abaixo estão oito alimentos ricos em vitamina D que devem ser incluídos na dieta: • Cogumelo; • Gema de ovos; • Linguado; • Salmão; • Sardinha; • Atum; • Sumo de laranja; • Cereais integrais.
Quais são os benefícios da vitamina D? • Regula os valores da pressão arterial, da insulina e do colesterol; • Ajuda a controlar o peso e a gordura corporal;
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RUBRICA DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO SINDRÓMICO AS TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO CLÍNICO POR BIOLOGIA MOLECULAR TÊM EVOLUÍDO IMENSO E GANHO ESPECIAL IMPORTÂNCIA PELA SUA SENSIBILIDADE, ESPECIFICIDADE E CAPACIDADE DE PESQUISAR A PRESENÇA DE VÁRIOS ALVOS POSSÍVEIS EM SIMULTÂNEO. O DIAGNÓSTICO SINDRÓMICO É O DIAGNÓSTICO BASEADO NOS SINTOMAS DE INFECÇÃO QUE FREQUENTEMENTE SÃO MUITO INESPECÍFICOS E DE DIFÍCIL ASSOCIAÇÃO COM O AGENTE MICROBIANO CAUSADOR.
Dra. Luísa Araújo Farmacêutica, Coordenadora de Diagnóstico Internacional da Australpharma
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maginemos um exemplo prático em que um paciente chega à urgência com dores, tosse e febre, o médico não consegue perceber o agente que está a causar a infecção respiratória, nem se é um vírus ou uma bactéria, acabando por prescrever vários exames que vão demorar muito tempo até terem resultados e um tratamento que pode não ser o mais adequado. Com diagnóstico sindrómico será prescrito ao utente um painel laboratorial respiratório que inclui a pesquisa de vários agentes causadores de infecção respiratória e, com uma reacção em cadeia de polimerase (PCR), conseguimos em uma hora identificar os agentes que estão a causar os referidos sintomas. A principal vantagem do diagnóstico sindrómico é o diagnóstico laboratorial rápido e fiável. Outras vantagens são a melhor gestão do paciente, melhor prognóstico e melhor tratamento, trazendo vantagens evidentes para todos os envolvidos no processo:
Tratando-se de um diagnóstico multiplex, permite também detectar casos de co-infecção por diferentes agentes causadores do mesmo quadro clínico. A Qiagen, marca de referência mundial na área da Biologia Molecular e parceira da Australpharma, em Angola, desenvolveu o equipamento Qiastat Dx, que faz exames de PCR multiplex por painéis sindrómicos. É um equipamento robusto, pequeno, rápido (resultados em aproximadamente uma hora) e de muito fácil utilização, pois não exige nenhuma preparação prévia de amostra e que pode ser acompanhado virtualmente através de uma aplicação. Actualmente, este equipamento disponibiliza os seguintes painéis: • Respiratório: pesquisa em simultâneo quatro bactérias e 19 vírus; • Gastrointestinal: pesquisa em simultâneo 13 bactérias, cinco vírus e quatro parasitas; • Meningites e encefalites: pesquisa em simultâneo oito bactérias, cinco vírus e dois fungos; • Vesicular: pesquisa em simultâneo seis vírus.
A PRINCIPAL VANTAGEM DO DIAGNÓSTICO SINDRÓMICO É O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL RÁPIDO E FIÁVEL. OUTRAS VANTAGENS SÃO A MELHOR GESTÃO DO PACIENTE, MELHOR PROGNÓSTICO E MELHOR TRATAMENTO, TRAZENDO VANTAGENS EVIDENTES PARA TODOS OS ENVOLVIDOS NO PROCESSO
Encontram-se em desenvolvimentos os painéis de identificação de hemoculturas, infecções do tracto urinário, pneumonias e resistência antimicrobiana. Uma outra particularidade deste equipamento, que é de extrema importância, é a monitorização dos valores de Ct das curvas de PCR, que aumentam a confiança dos resultados, funcionam como uma medida de carga de patógenos e gravidade da doença e ajudam a monitorizar a eficácia da terapêutica. Esta abordagem de diagnóstico sindrómico e este equipamento têm vantagens evidentes em diferentes situações, nomeadamente, urgência, quadro clínico grave, pediatria, surtos infecciosos, pandemias e diagnósticos difíceis.
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RUBRICA REGULAMENTAR
A QUÍMICA DO AUTOCONTROLO
É VERDADE, NÃO É METAFISICA E NÃO É ESPIRITUAL, É FÍSICA. É A DOPAMINA, A QUÍMICA DO AUTOCONTROLO, SUBSTÂNCIA QUÍMICA EXISTENTE NO CÉREBRO. LIGA-SE A UMA CADEIA DE AMINOÁCIDOS QUE DESCEM NA CORRENTE SANGUÍNEA, DERRAMASE ATINGINDO TODAS AS CÉLULAS DO CORPO E TEM VÁRIOS TERMINAIS QUE SE ENCACHAM EM SUBSTÂNCIAS DIFERENTES, ONDE POSTERIORMENTE ATINGEM TODAS AS CÉLULAS.
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em segundo, a imunológica. As células do corpo com maior número de receptores são: • A célula neurológica que recebe as descargas (zona neurológica); • A célula imunológica (macrófagos, leucócitos, eosinófilos).
Dra. Zola Mayamputo João Técnica Média de Farmácia pelo IMS de Luanda. Licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola/Ciências Farmacêuticas. Agente de Segurança Higiene e Saúde no Trabalho. Directora Técnica da Australpharma
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uando sente luxúria, o seu rim também sente, o seu baço, os seus ossos, os seus gânglios, as suas gonadas, as suas células excretoras de substâncias. Todas sentem e se manifestam de acordo ao sentimento vivido naquele momento. Também existem outras substâncias químicas responsáveis por estes sentimentos de medo, angústia, sofrimento, raiva, ódio, entre outros. A dopamina é um neurotransmissor monoaminergico, da família das catecolaminas e das feniletilaminas, que desempenha vários papéis importantes no cérebro e no organismo. Os receptores da dopamina são subdivididos em D1, D2, D3, D4 e D5, de acordo com a localização no cérebro e função. O cérebro contém várias vias dopaminérgicas, uma delas desempenha um papel importante no sistema de comportamento motivando a recompensa. A dopamina actua em diversas regiões do cérebro, em diferentes formas no sistema nervoso, e a sua acção influencia e está relacionada com as nossas emoções, aprendizagem e humor. As principais áreas do cérebro responsáveis pela produção de dopamina são a substância negra e o hipotálamo, embora também seja produzida noutras partes do corpo, como o tracto gastrointestinal. A dopamina é um neurotransmissor ligado à sensação de prazer e motivação, quando se encontra em níveis equilibrados. Porém, quando a sua quantidade é baixa, pode provocar depressão, sensação de cansaço ou alterações de movimento. Julgava-se que permanecia no cérebro, mas não. A dopamina derrama-se na corrente sanguínea, mostrando que as células que mais sentem as emoções, em primeiro lugar, são os neurónios e,
Neste contexto, estamos todos convidados para finalizarmos o ano de 2023, que já não volta, com a proposta de ter um próximo ano muito melhor, buscando as emoções e todos os momentos agradáveis e desafiantes que tivemos ao longo deste ano para maior produção de dopamina. Devemos compreender as necessidades e as expectativas das partes interessadas, que somos todos nós - OFA, CRL e todos os membros diretos ou indiretos da grande família dos farmacêuticos ou deste sector - e nos propormos a reflectir em conjunto sobre o caminho percorrido e onde queremos chegar. É um momento particularmente importante, porque nos dá a oportunidade de nos mobilizarmos, individualmente e como equipa, para os grandes desafios que se avizinham. O que fizemos, onde estamos e para onde queremos ir? Como definimos o consumo consciente? Qual é a última mudança sustentável que fizemos nas nossas vidas? A maioria das recompensas aumenta o nível de dopamina no cérebro. Então, vamos reagir com a recompensa de sermos os farmacêuticos de eleição na proclamação da assistência farmacêutica, que é o conjunto de acções voltadas para a promoção, protecção, recuperação da saúde individual e colectiva, tendo como insumo o medicamento, que todos somos parte do consumo do mesmo. Farmacêuticos a trabalhar por mais e melhor saúde em Angola. A cuidar da saúde e bem-estar de pessoas como nós. Fica a dica: “O tempo não para! A pior coisa é pensar que tem tempo para cumprir tudo”.
ESTAMOS TODOS CONVIDADOS PARA FINALIZARMOS O ANO DE 2023, QUE JÁ NÃO VOLTA, COM A PROPOSTA DE TER UM PRÓXIMO ANO MUITO MELHOR, BUSCANDO AS EMOÇÕES E TODOS OS MOMENTOS AGRADÁVEIS E DESAFIANTES QUE TIVEMOS AO LONGO DESTE ANO PARA MAIOR PRODUÇÃO DE DOPAMINA. DEVEMOS COMPREENDER AS NECESSIDADES E AS EXPECTATIVAS DAS PARTES INTERESSADAS, QUE SOMOS TODOS NÓS - OFA, CRL E TODOS OS MEMBROS DIRETOS OU INDIRETOS DA GRANDE FAMÍLIA DOS FARMACÊUTICOS OU DESTE SECTOR - E NOS PROPORMOS A REFLECTIR EM CONJUNTO SOBRE O CAMINHO PERCORRIDO E ONDE QUEREMOS CHEGAR
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A SAÚDE PRÓXIMA DE TODOS
Distribuidor de referência
Serviços de qualidade
Oferta de Soluções Integradas
COMPETÊNCIAS
NÚMEROS
Logística e Distribuição Farmacêutica
+ 3550 Produtos em portefólio
Soluções de Diagnóstico
86,9% Nível de satisfação dos clientes
Assistência Técnica
17 Províncias com clientes activos
Gastáveis clínicos e hospitalares
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Australpharma SAÚDE
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