Tecnosaúde #14 - Setembro/Outubro

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ÍNDICE SAÚDE PARA SI

02 04 08 10 Dra. Nádia Noronha Directora Executiva da Tecnosaúde

Chegaram de ambulância ao Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, em Madrid. Adão e Eva, de Hans Baldung Grien, Vénus e Cupido, de Peter Paul Rubens, e A Maja Nua, de Francisco de Goya, não são as obras originais dos pintores, mas versões digitalmente manipuladas para incluir mulheres mastectomizadas. Um alerta do museu espanhol no âmbito do Outubro Rosa, com o objectivo de consciencializar para o flagelo do cancro da mama e para as repercussões físicas, psicológicas e sociais da mastectomia. Este movimento nasceu nos Estados Unidos da América, na década de 90 do século passado, com o intuito de inspirar a mudança e mobilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama. Desde então, por todo o mundo, a cor rosa é utilizada para homenagear as mulheres que sofrem desta patologia, sensibilizar para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce e apoiar a investigação na área. Dizem os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, todos os anos, o continente africano regista cerca de 1,1 milhões de novos casos de cancro, resultando em mais de 700 mil mortes. O cancro da mama, juntamente com os do colo do útero, da próstata, do fígado e colorrectal representam quase metade dos novos casos. É, assim, urgente redobrar esforços para diminuir o número de novos casos, uma vez que as projecções indicam que as taxas de mortalidade por cancro em África irão aumentar exponencialmente, nos próximos 20 anos, ultrapassando em 30% a média mundial. E são vários os desafios a enfrentar, incluindo a falta de sensibilização e educação, o acesso limitado aos serviços de prevenção primária e a detecção precoce do cancro, juntamente com atrasos no diagnóstico e no tratamento. O acesso a cuidados paliativos e ao alívio da dor é também limitado. O continente africano dispõe de apenas 3% das unidades de tratamento oncológico no mundo, sendo que a radioterapia só se encontra disponível em 22 países da África Subsariana, o que contribui para as fracas taxas de sobrevivência. À medida que os países desenvolvem esforços para implementar cuidados universais de saúde, deve ser dada prioridade aos factores de risco do cancro. Todos temos um papel a desempenhar, seja enquanto indivíduos, governos, parceiros ou sociedade civil.

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ENTREVISTA Dr. Nuno Cardoso, Presidente da ANIFA, aborda os desafios do sector

Perfil: Santos Nicolau, um nome incontornável na OFA Dra. Paula Guerreiro, Directora de Exportação da Bluepharma, comenta os requisitos da profissão

SAÚDE OCULAR Dr. Djalme Fonseca aborda a necessidade de mudança de paradigma na saúde ocular Dr. António Armando analisa a temática do cancro da mama, no âmbito do Outubro Rosa Estudo da Hologic lança alerta sobre as lacunas de acesso das mulheres aos cuidados de saúde Dr. Abednego Chivinda analisa a relação entre a alimentação e a fertilidade masculina As alterações climáticas e o Acordo de Paris

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EDITORIAL

REPORTAGEM Balanço da actividade do Kassai desde o seu lançamento

Dra. Márcia Barros Rocha analisa de que modo se pode manter um coração saudável Dr. Cláudio Osório avalia a relação entre felicidade e sucesso Principais causas de problemas de saúde mental no local de trabalho

Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola Directora: Nádia Noronha E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/


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ENTREVISTA

“HÁ GRANDES DESAFIOS NO MERCADO FARMACÊUTICO, EM ANGOLA, NOS PRÓXIMOS ANOS” A 27 DE OUTUBRO ACONTECEU A TOMADA DE POSSE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE ANGOLA (ANIFA). A ASSOCIAÇÃO É COMPOSTA POR CERCA DE DUAS DEZENAS DE EMPRESAS MULTINACIONAIS DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA OU SEUS REPRESENTANTES E ASSUME A MISSÃO DE PRIMAR PELA QUALIDADE E SEGURANÇA DOS PRODUTOS FARMACÊUTICOS DISPONÍVEIS EM ANGOLA, EM PROL DA SAÚDE DA POPULAÇÃO. NUNO CARDOSO, PRESIDENTE DA ANIFA, ABORDA OS PRINCIPAIS DESAFIOS A QUE A ASSOCIAÇÃO PRETENDE DAR RESPOSTA, NOMEADAMENTE, A GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA DOS PRODUTOS FARMACÊUTICOS DISPONÍVEIS NO MERCADO ANGOLANO, COMBATENDO A CONTRAFACÇÃO E A ENTRADA DE MEDICAMENTOS NÃO CONTROLADOS E DE QUALIDADE DUVIDOSA.

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Nuno Cardoso Presidente da ANIFA


pretendem continuar a contribuir para um sistema de saúde moderno, robusto, eficiente, sustentável e regulamentado com base nas normas internacionais.

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27 de Outubro aconteceu a tomada de posse da Associação Nacional da Indústria Farmacêutica de Angola. Com que expectativa foi encarado este momento? Este momento foi encarado com bastante expectativa e responsabilidade. A expectativa de quem iniciou este projecto, há vários anos, e vê agora tornar-se uma realidade, e a responsabilidade de representar uma instituição que quer contribuir para o desenvolvimento do sector farmacêutico, sempre com o foco no sistema de saúde, nos nossos doentes e na população angolana e no seu bem-estar em geral. Que balanço pode fazer da jornada percorrida até que este momento pudesse ser concretizado? Foi uma jornada longa, mas que nos permitiu consolidar processos e juntar as empresas farmacêuticas, já há muito com presença sólida e investimentos no mercado angolano e que

EM TEMAS COMO A REGULAMENTAÇÃO FARMACÊUTICA, NOMEADAMENTE, AO NÍVEL DO REGISTO E CONTROLO DOS MEDICAMENTOS APROVADOS E COMERCIALIZADOS EM ANGOLA, A TRANSPARÊNCIA NAS ACTIVIDADES DOS DIFERENTES INTERVENIENTES DA SAÚDE, A QUESTÃO DOS PREÇOS E DA SUSTENTABILIDADE DO SECTOR DA SAÚDE, NÃO DEIXANDO DE PARTE A POSSÍVEL E BENÉFICA IMPLEMENTAÇÃO DE ENSAIOS CLÍNICOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA, APENAS COM O CONTRIBUTO DE TODOS OS PARCEIROS CONSEGUIREMOS CHEGAR AO NÍVEL DE MATURIDADE QUE TODOS DESEJAMOS

Como é composta a associação? A associação é composta por cerca de duas dezenas de empresas multinacionais da indústria farmacêutica ou seus representantes, que detêm a responsabilidade da gestão de qualquer produto farmacêutico disponível no mercado angolano. Podem ser associadas da ANIFA todas as entidades singulares ou colectivas que, no território nacional, investiguem, desenvolvam, produzam, importem, representem, comercializem e exportem produtos farmacêuticos, incluindo matérias-primas ou subsidiárias, desde que estejam oficialmente autorizadas a fazê-lo e não sejam meros armazenistas. Qual é a principal missão da ANIFA? A principal missão da ANIFA é representar os seus associados na defesa dos seus interesses comuns, primando pela qualidade e segurança dos produtos farmacêuticos disponíveis em Angola, em prol da saúde da população angolana. Para isso, planeamos dinamizar uma série de actividades que contribuam para o desenvolvimento e progresso da actividade farmacêutica, nomeadamente, em áreas como a da regulação do sector farmacêutico, da qualidade e segurança do medicamento em termos gerais, da formação e difusão de conhecimentos técnicocientíficos e de informação sobre os diferente produtos e áreas terapêuticas, bem como da própria prática farmacêutica em si, advogando e promovendo a melhoria das condições para o exercício da actividade farmacêutica, em Angola. Para que isso ocorra, acreditamos também na importância do nosso papel enquanto parceiro das autoridades nacionais, academias e de todas as instituições públicas e privadas do sector da saúde. A que grandes desafios espera a ANIFA dar resposta? De que modo? Há grandes desafios no mercado farmacêutico, em Angola, nos próximos anos. Um dos maiores desafios é a implementação do registo de medicamentos, a nível nacional, e a farmacovigilância dos mesmos. A ANIFA quer dar o seu contributo e trabalhar estreitamente com as autoridades para, de forma responsável, ser o parceiro de eleição para garantir a

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qualidade e a segurança dos produtos farmacêuticos disponíveis no mercado angolano, combatendo a contrafacção e a entrada de medicamentos não controlados e de qualidade duvidosa, bem como garantindo o acompanhamento e controlo de possíveis reacções adversas e eventos decorrentes das terapêuticas e medicamentos aprovados. Para isso, é essencial a existência e implementação de um quadro legislativo que urge pôr em prática de acordo com as normas internacionais do sector. Como analisa o mercado farmacêutico em Angola? O mercado farmacêutico em Angola, apesar dos esforços e melhorias verificados nos últimos anos, tem ainda um longo caminho pela frente. Em temas como a regulamentação farmacêutica, nomeadamente, ao nível do registo e controlo dos medicamentos aprovados e comercializados em Angola, a transparência nas actividades dos diferentes intervenientes da saúde, a questão dos preços e da

APESAR DE CONSIDERARMOS QUE A QUESTÃO DO PREÇO PODE SER DISCUTÍVEL, ALERTAMOS PARA O FACTO DE SER UMA QUESTÃO COMPLEXA E QUE NÃO ENVOLVE APENAS OS INTERVENIENTES DO SECTOR. ESTAMOS A FALAR DE PRODUTOS MAIORITARIAMENTE IMPORTADOS, QUE, NOMEADAMENTE PELA ACTUAL SITUAÇÃO GEOPOLÍTICA, TÊM VERIFICADO ENORMES FLUTUAÇÕES DE PREÇO. TODOS NÓS VERIFICÁMOS, AO LONGO DOS ÚLTIMOS MESES, UM CRESCIMENTO BRUTAL DO PREÇO DAS MATÉRIAS-PRIMAS E DOS TRANSPORTES, ALGO QUE IMPACTA NEGATIVAMENTE NO PREÇO DOS PRODUTOS, INCLUSIVE OS FARMACÊUTICOS sustentabilidade do sector da saúde, não deixando de parte a possível e benéfica implementação de ensaios clínicos e investigação científica, apenas com o contributo de todos os parceiros, se conseguirá chegar ao nível de maturidade que todos desejamos. Com que expectativa vê a ANIFA criação de um organismo regulador do medicamento em Angola? Considera que existe um problema de falta de regulamentação do mercado angolano de fármacos? Pensamos que a criação do organismo regulador, a ARMED, foi uma medida muito positiva e que permite olhar para o sector com grande optimismo. Acreditamos ser este o organismo por excelência para trilhar as

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regras do mercado farmacêutico em todas as vertentes e gostaríamos que a ANIFA fosse vista como um parceiro activo na implementação dessas medidas. Não consideramos que haja um problema de falta de regulamentação. A legislação já existe, a ARMED foi criada e, por isso, temos já as bases para esta regulamentação. A sua implementação será uma questão que virá a seu tempo e depende, obviamente, de diversos constrangimentos, quer a nível de recursos, quer de questões inerentes ao próprio mercado angolano. Pensamos que a ARMED tem todas as condições para avançar com a regulamentação do sector e tantos outros temas prementes, a breve trecho. A ANIFA viu com agrado as intenções do Executivo em melhorar o sector da saúde? Considera que só com uma união de esforços a descida do preço dos medicamentos será uma realidade? Concordamos que só existindo uma união de esforços e estreita colaboração entre o Executivo, a indústria farmacêutica, os importadores e as farmácias é possível fazer algo em relação a este tema. Apesar de considerarmos que a questão do preço pode ser discutível, alertamos para o facto de ser uma questão complexa e que não envolve apenas os intervenientes do sector. Estamos a falar de produtos maioritariamente importados, que, nomeadamente pela actual situação geopolítica, têm verificado enormes flutuações de preço. Todos nós verificámos, ao longo dos últimos meses, um crescimento brutal do preço das matérias-primas e dos transportes, algo que impacta negativamente no preço dos produtos, inclusive os farmacêuticos. Há, no entanto, espaço para que, todos em conjunto, nos debrucemos sobre este tema e trabalhemos sobre o que está ao nosso alcance, evitando a flutuação desproporcional e a especulação injustificada de preços dos medicamentos no nosso país. Que mensagem gostaria de deixar ao sector? Gostaríamos de deixar uma mensagem de optimismo e de esperança. Esperança de que todas as iniciativas legislativas tenham impacto positivo no sector, ao nível da regulamentação do mesmo, e optimismo por acreditar que este sector pode evoluir muito positivamente, nos próximos anos. A ANIFA acredita poder vir a ser parte integrante desta evolução positiva.

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PERFIL

SANTOS NICOLAU: UM NOME INCONTORNÁVEL NA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS DE ANGOLA NO DIA 25 DE SETEMBRO, COMEMOROU-SE O DIA INTERNACIONAL DO FARMACÊUTICO. NESTA EDIÇÃO, SANTOS NICOLAU, BASTONÁRIO DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS EM ANGOLA, FALA-NOS SOBRE A SUA TRAJECTÓRIA ENQUANTO PROFISSIONAL DA ÁREA E OS DESAFIOS DA PROFISSÃO NO MERCADO ANGOLANO.

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sua história na área da saúde iniciou ainda criança. Incentivado pelo pai a estudar Medicina, Santos Nicolau rumou a Cuba onde teve, desde a quinta classe, aulas práticas de laboratório de botânica, geologia e anatomia, experiências que tornaram inelutável a escolha da profissão como farmacêutico. “Todas estas disciplinas criaram em mim uma certa inclinação para trabalhar em laboratórios. Não foi difícil optar por Ciências Farmacêuticas. Para mim, era mais prático ser farmacêutico do que ser médico, como o meu pai queria, porque identificava-me mais a trabalhar em laboratórios, com animais, células e preparar soluções… É o que me fascina, poder visualizar, ter dados e filosofar”, conta Santos Nicolau. Formado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Oriente, Santos Nicolau regressou à Angola e abraçou o desafio na Direcção Nacional de Medicamentos como farmacêutico técnico, primeiro na área de produção de medicamentos e, mais tarde, na área de controlo e qualidade das produções. Do seu percurso profissional fazem parte várias experiências, desde a responsabilidade dos serviços farmacêuticos no Hospital do Prenda e na Maternidade Lucrécia Pain. Após ganhar uma bolsa de estudo em Espanha, onde se doutorou em Farmacologia Neurodegenerativa na Universidade Autónoma de Madrid, Santos Nicolau regressou ao país para ocupar o cargo de vice-decano da Faculdade de Medicina Agostinho Neto e, cinco anos depois, foi nomeado decano da mesma instituição.

Desafios Actualmente como bastonário da Ordem dos Farmacêuticos em Angola (OFA), Santos Nicolau explica que o grande desafio é a organização. “Se não houver organização, dificilmente a OFA dará saltos quantitativos e qualitativos. Precisamos de ter o alicerce consolidado e é esse alicerce que estamos a tratar de construir em dois anos”, afirma. Questionado sobre as metas que pretende preconizar, o responsável pela Ordem dos Farmacêuticos em Angola conta que já há um software que permite que todo farmacêutico que esteja inscrito na ordem possa emitir um documento sem ter de se deslocar à OFA. “Desde a sua casa ou serviço, poderá solicitar, através da plataforma, o documento de que precisa. Apenas faz o pagamento por “TRABALHAR COM referência, porque o software LABORATÓRIOS, já está vinculado ao banco e, ANIMAIS, CÉLULAS em tempo real, conseguimos E PREPARAR satisfazer a necessidade do SOLUÇÕES… É O QUE técnico”. ME FASCINA, PODER O responsável elucida VISUALIZAR, TER que, actualmente, as DADOS E FILOSOFAR” províncias de Luanda, Huambo, Benguela, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Malanje e Uíge já têm o seu conselho regional, que já trabalha para consolidar a classe, a nível nacional. “Pretendemos organizar de forma provincial, para que os problemas das províncias não dependam de Luanda, mas sejam resolvidos localmente. Esse é o nosso grande desafio, não podemos dar passos grandes, como a organização de congressos, quando nem sequer sabemos quantos somos. Precisamos de saber primeiro quantos somos, onde estamos e qual é a valência de cada um”, explica. Ser farmacêutico em Angola Segundo Santos Nicolau, o caminho está a ser feito, o farmacêutico em Angola ainda precisa de afirmar-se e só é possível granjear esses méritos de firmeza na sociedade se todos estiverem inscritos na Ordem dos Farmacêuticos de Angola.

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ENTREVISTA

“O MERCADO FARMACÊUTICO EM ANGOLA EVOLUIU POSITIVAMENTE, NOS ÚLTIMOS ANOS” NESTA EDIÇÃO, E NO ÂMBITO DO DIA DO FARMACÊUTICO, ASSINALADO EM SETEMBRO, CONVERSÁMOS COM A DRA. PAULA GUERREIRO, DIRECTORA DE EXPORTAÇÃO DA BLUEPHARMA. OS PRINCIPAIS REQUISITOS DA PROFISSÃO E OS DESAFIOS DO SECTOR EM ANGOLA FORAM ALGUNS DOS TEMAS ABORDADOS.

Q Dra. Paula Guerreiro Directora de Exportação da Bluepharma

uando começou a sentir a “paixão” pela área da saúde e como se tornou farmacêutica? Desde cedo, na escola, tive sempre uma maior apetência pela área das ciências. Quando chegou a hora de decidir sobre uma área futura de estudo, foi fácil enveredar pelo ramo científico direccionado para a saúde, pois sempre gostei muito das disciplinas de Química e de Biologia. Após concluir o ensino secundário, a entrada na Faculdade de Farmácia para estudar Ciências Farmacêuticas foi um caminho natural, visto que a licenciatura abrangia inúmeras disciplinas relacionadas com o meu gosto pela química. Como foi o seu percurso profissional? Durante o curso, nunca tive o objectivo de trabalhar em Farmácia Comunitária, nem a ambição de ser proprietária de uma farmácia. Tinha uma amiga mais velha que tinha saído da faculdade e enveredou pela indústria farmacêutica. Conversando com ela, fui percebendo que a indústria seria uma boa opção para mim. E assim foi, mal terminei o estágio, respondi a alguns anúncios de emprego e entrei para a Roche, em 1995, onde iniciei a minha carreira profissional como Delegada de Informação Médica. Decorridos cerca de dois anos, tive a oportunidade de evoluir dentro da empresa e integrei a área do marketing

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farmácia ou noutra profissão, é ser-se empenhado e interessado, responsável, ter gosto por fazer bem e saber trabalhar em equipa. Quando falamos concretamente da área da saúde, considero que, para além destes requisitos, devemos ter competências humanas. Qual a importância da actualização, capacitação e formações constantes desses profissionais? Os farmacêuticos, bem como todos os profissionais da área do medicamento, devem fazer formações com regularidade, estudar, ler sobre novas matérias, porque a ciência está em constante evolução, levando ao aparecimento de novos fármacos, novos conceitos e novas terapêuticas. Só assim se consegue adquirir e manter um conhecimento técnico-científico que nos permita fazer a diferença no desempenho da nossa função enquanto profissionais de saúde. Que avaliação faz do mercado farmacêutico em Angola? O mercado farmacêutico em Angola evoluiu positivamente, nos últimos anos. Tem havido um esforço, por parte das autoridades, no controlo da entrada de medicamentos com qualidade, na garantia das boas condições de armazenamento e distribuição dos mesmos e na implementação de processos de farmacovigilância. No entanto, considero que a garantia da qualidade e segurança do medicamento só se conseguirá alcançar com a regulação do sector farmacêutico, à semelhança do que tem acontecido noutros países africanos. e das vendas com a função de Gestora de Produto, que desempenhei até ao ano 2000. No início de 2001, abracei um novo projecto na actual GSK, como Directora de Unidade de Negócio. Mais tarde, e por opção familiar, tive uma passagem pela farmácia hospitalar, experiência de que gostei muito e onde pude dar o meu contributo como farmacêutica. No final de 2008, cheguei a Angola com a minha família, opção que tomámos pela situação profissional que o meu marido tinha na altura. Durante uns anos, trabalhei num projecto que não estava relacionado com a saúde e, no início de 2012, surgiu, por mero acaso, o cruzamento com a Bluepharma e a oportunidade de iniciar um projecto relacionado com a indústria farmacêutica, o qual abracei com imenso gosto e vontade de fazer e onde me encontro até hoje. Na sua óptica, quais são os requisitos profissionais para se tornar um bom farmacêutico? Na minha óptica, os principais requisitos para se ser um bom profissional, quer seja na área da

Quais são os principais desafios que as empresas farmacêuticas enfrentam em Angola? O principal desafio no sector farmacêutico, em Angola, neste momento, é poder contribuir para a regulação do sector, fazendo o melhor que sabemos. Continuar a disponibilizar medicamentos de qualidade, seguros, eficazes, a preços competitivos, melhorando a acessibilidade da população ao medicamento e levando ao sucesso terapêutico. Em Outubro assinala-se, mundialmente, a luta contra o cancro de mama e o cuidado com a saúde do coração. Que mensagem de incentivo deixa para as mulheres que vivem esta realidade? A mensagem que deixo para as mulheres que vivem esta realidade é a de nunca desistirem de lutar contra a doença, acreditarem na ciência e nunca perderem a esperança de que vão conseguir ganhar esta batalha.

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PERSPECTIVA ENTREVISTA RUBRICA REGULAMENTAR

PRINCIPAIS REQUISITOS PARA A DISTRIBUIÇÃO SEGURA E COM QUALIDADE BOAS PRÁTICAS DE DISTRIBUIÇÃO O USO IRRACIONAL OU INADEQUADO DE MEDICAMENTOS É UM DOS MAIORES PROBLEMAS A NÍVEL MUNDIAL. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) ESTIMA QUE MAIS DE METADE DE TODOS OS MEDICAMENTOS É PRESCRITA, DISPENSADA OU VENDIDA DE FORMA INADEQUADA E QUE METADE DE TODOS OS PACIENTES NÃO OS UTILIZA CORRECTAMENTE.

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odemos começar com a seguinte pergunta, o que é a distribuição? Resposta: o principal objectivo de uma gestão de logística de distribuição é disponibilizar a quantidade de mercadorias certa, no momento certo e no lugar certo. Ou quando o veículo é totalmente carregado no depósito, com a lotação completa e transporta a carga de um ponto ao outro, podendo ser farmácias, hospitais ou outros centros como canais de distribuição. Todo o cuidado deve ser tomado em relação à distribuição, armazenamento e ao transporte dos medicamentos. É necessário o armazenamento em local bem situado, bem construído, bem organizado e seguro, adequado para garantir uma boa distribuição. Os medicamentos têm uma vital importância no tratamento da maioria das doenças e urge a necessidade de um abastecimento adequado do sistema de distribuição, para garantir que o cliente/paciente receba os medicamentos de acordo com as necessidades ou a prescrição. Além disso, há grandes investimentos para que a medicação possa chegar a uma pessoa que dela necessita, pelo sistema geral/único da saúde ou pelo sector privado, em perfeitas condições. Não atender as exigências do fabricante e as normas estipuladas pela ANVISA, OMS, INFARMED e pelo órgão de direito local, ARMED, é colocar em risco a saúde da população e quebrar os padrões de qualidade dos medicamentos.

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Dra. Zola Mayamputo João Técnica média de Farmácia pelo IMS de Luanda. Licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola/Ciências Farmacêuticas. Agente de Segurança Higiene e Saúde no Trabalho. Directora técnica da Australpharma


Para um bom armazenamento, é imprescindível que o ciclo da selecção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensa tenha a qualidade e a racionalidade necessárias, de modo a disponibilizar medicamentos seguros e eficazes, no momento certo e nas quantidades adequadas. Existem manuais que oferecem normas e procedimentos básicos que possam assegurar a qualidade e a segurança dos medicamentos distribuídos, tanto na rede pública, como na rede privada. A distribuição deve suprir as necessidades das unidades de saúde, seguir um cronograma, evitar atrasos e desabastecimentos: • Estabelecer e divulgar o fluxo e cronograma de distribuição • Distribuir em quantidades correctas com qualidade • Transportar adequadamente • Controlar a distribuição e manter a situação físicofinanceira actualizada e de forma eficiente • A periodicidade da distribuição deve considerar a capacidade e condições de armazenamento das unidades, bem como o seu potencial de consumo. A distribuição deve obedecer a regras e outras exigências. Temos as estratégias existentes para a distribuição de medicamentos no mercado: o exclusivo, o selectivo e o intensivo. No exclusivo, é o próprio fabricante que escolhe o seu revendedor, para que, assim, possa autorizá-lo a distribuir os seus produtos de forma exclusiva. O selectivo trata de produtos de alto consumo, onde o revendedor deve ser considerado um dos melhores no mercado, assegura um melhor serviço aos consumidores e pode contribuir para favorecer o progresso económico. No intensivo é quanto mais melhor e existe uma grande disponibilidade de mercadoria em inúmeros pontos de venda, ao mesmo tempo. As empresas envolvidas na distribuição de medicamentos devem observar os seguintes critérios: • Na distribuição dos medicamentos, é preciso verificar se as demais condições de armazenamento e transporte foram respeitadas • É preciso que a documentação do lote, data de validade, bem como quantidades recebidas está de acordo com o pedido efectuado e as notas fiscais • A carga deve estar sem nenhum tipo de violação. Em caso de não cumprimento de qualquer um dos itens referenciados, devem ser devolvidos até que seja verificada a sua integridade e disposição para entrega. A ARMED, em conformidade com os poderes delegados nos termos do n.º 1 do artigo 8.º do Decreto Presidencial n.º 136/21, de 1 de Junho, que aprova o estatuto orgânico da agência reguladora de medicamentos e tecnologias de saúde, determina estes requisitos referenciados para os medicamentos

na generalidade e fitoterapêuticos (incluindo medicamentos naturais industrializados). A distribuição é afectada por vários factores fisiológicos e pelas propriedades físico-químicas de cada substância envolvida, podendo sofrer, assim, restrições na sua distribuição se não forem cumpridas com rigor as normas já estabelecidas e revistas pelos órgãos de direito. O distribuidor recebe um pedido e logo começa a última etapa do processo, dentro do armazém ou depósito, onde são separados os produtos, embalados atendendo as exigências e características de saúde e segurança do fármaco para a acção do planeamento da logística, que fará com que cada item seja entregue no prazo e nas condições exigidas e préestabelecidas pelo fabricante, segundo a natureza de cada um dos mesmos. Atendendo a importância da distribuição, é necessário:

• Avaliar a eficácia do sistema de qualidade • Identificar oportunidades de melhoria • O grau de cumprimento dos requisitos da distribuição • Determinar objectivos • O âmbito de extensão e limites para abranger o sistema no seu todo, de acordo com as acções correctivas e correcções para aperfeiçoar o serviço/processo • Prevenir ou reduzir os efeitos indesejados. A implementação de um protocolo de validação na distribuição é necessária porque, mais do que qualquer tipo de transporte, o de medicamentos requer cuidados diferenciados, desde a acomodação até à entrega. Dentro da dinâmica da responsabilidade dos serviços de uma boa distribuição, estará a ser um parceiro de referência nos objectivos estratégicos nesta área e para o cuidado da saúde pública.

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ENTREVISTA ANÁLISE

PRODUTOS OCULARES E SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA MULHERES

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Para a nossa análise, classificámos os produtos nas seguintes subcategorias: • Produtos para tratamento da hipertensão ocular • Produtos para tratamento de infecções • Anti-inflamatórios e antialérgicos • Adstringentes e lubrificantes. Tendo em conta esta classificação, podemos analisar mais ao detalhe as vendas desta categoria. Os produtos para tratamento da hipertensão ocular representam a maior parte das vendas (61%), seguidos pelos produtos para tratamento de infecções (22%), adstringentes e lubrificantes (10%) e antiinflamatórios e antialérgicos (8%). Adstringentes e lubrificantes 10% Tratamento de infecções 22% Anti-inflamatórios e antialérgicos 8%

NESTA EDIÇÃO, ABORDAMOS AS VENDAS EM FARMÁCIA DE PRODUTOS OCULARES E SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA MULHERES A PARTIR DOS 45 ANOS. QUAIS OS PRODUTOS MAIS VENDIDOS, QUAL O SEU PREÇO MÉDIO, ONDE SÃO COMERCIALIZADOS E QUAL O SEU PÚBLICO-ALVO SÃO ALGUNS DOS TEMAS ABORDADOS.

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Hipertensão ocular 61% Figura 1. Vendas dos produtos por categoria

onsideramos produtos oculares todos aqueles que servem para manter a saúde ocular. Isto inclui medicamentos para tratamento de doenças oculares (como glaucoma e conjuntivite), bem como soluções oftálmicas, colírios, hidratantes e outros. Estimamos que esta categoria represente cerca de 2,1% do volume total de vendas das farmácias.

IDENTIFICAMOS COMO PÚBLICO-ALVO DE PRODUTOS OCULARES OS ADULTOS DOS 25 AOS 44 ANOS DE IDADE, COM DESTAQUE PARA OS HOMENS, QUE REPRESENTAM 60% DAS VENDAS

Em relação à quantidade de produtos vendidos, percebemos que os produtos para tratamento de infecções foram também os mais vendidos, representando 49% do total das vendas. A seguir temos os produtos para tratamento de infecções (35%), adstringentes e lubrificantes (8%), anti-inflamatórios e antialérgicos (8%).

Adstringentes e lubrificantes 8% Tratamento de infecções 35% Anti-inflamatórios e antialérgicos 8%

Hipertensão ocular 49%

Figura 2. Quantidade de produtos vendidos por categoria

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Quem compra produtos oculares? Verificamos que 59% das compras de produtos oculares são realizadas por homens, dos 25 aos 34 anos (65%) e dos 35 aos 44 anos (32%), num total de 97% das vendas. Para as mulheres, temos a seguinte distribuição: 43% dos 25 aos 34 anos, 31% dos 55 aos 64 anos e 21% dos 35 aos 44 anos, perfazendo um total de 95% das compras feitas por mulheres. Na província de Luanda, a maioria das vendas destes produtos está concentrada nos municípios de Luanda (69%), Talatona (12%) e Belas (11%), com um total de 92% das vendas. É também nestes municípios onde há maior oferta destes produtos pelas farmácias: Luanda (64%), Talatona (15%) e Belas (11%), num total de 90%. Identificamos como público-alvo de produtos oculares os adultos dos 25 aos 44 anos de idade, com destaque para os homens, que representam 60% das vendas.

Identificamos como público-alvo de produtos oculares os adultos dos 25 aos 44 anos de idade, com destaque para os homens, que representam 60% vendidos das vendas. em grande Apesar de serem

quantidade, representando 35% dos produtos

Suplementos alimentares para mulheres a partir dos 45 anos comercializados, a fatia de mercado Temos nesta categoria os suplementos alimentares especificamente formuladosdos para mulheres a partir dos 45 anos.produtos Estes suplementos ajudam a reduzir sintomas da reduz para tratamento deosinfecções menopausa, que é característica dessa faixa etária. consideravelmente quando analisamos a Estimamos que a venda destes produtos represente cerca de 0,3% do volume total das vendas percentagem de vendas Isto deve-se das farmácias. Era de se esperar este volume reduzido, uma vez(22%). que o público-alvo é muito específico e pode indicar também que alguns destesprodutos produtos possam serocomercializados por ao facto destes terem menor preço outras instituições (por exemplo, centros ópticos). categoria, comdestas um vendas valorestão de 5.050 Identificamos cinco diferentesmédio produtosda desta categoria. 83% concentradas em dois deles, com 56% e 27% s. Assim, há dois principais produtos que AOA. dominam o mercado. Os produtos mais vendidos (hipertensão Há alguma variação no preço médio destes produtos, desde o preço mais baixo de 11.800 AOA ocular) têm(27% também o preço médio mais (2% das vendas) ao mais alto de 40.800 AOA das vendas). Os demais têm um preço médio de 25.700 AOA. alto: 10.500 AOA. Os demais produtos têm

os seguintes preços médios: adstringentes e

Distribuição por localização lubrificantes 9.900segue AOAa mesma e anti-inflamatórios Na província de Luanda, a distribuição desta categoria tendência dos demaise produtos, havendo uma concentração das vendas nos municípios antialérgicos 7.000 AOA. de Luanda (43%), Belas (32%), Cacuaco (10%) e Talatona (7%). Já a oferta destes produtos pelas farmácias concentrase em três municípios: Luanda (61%), Talatona (22%) e Belas (7%). Destaques de texto:

ESTIMAMOS QUE A VENDA DE

SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA Identificamos como público-alvo de produtos oculares os adultos dos 25 aos 44 anos de idade, com destaque para os homens, que representam 60% das vendas. MULHERES A PARTIR DOS 45 ANOS REPRESENTE CERCA DE 0,3% DO VOLUME TOTAL DAS VENDAS DAS FARMÁCIAS. ERA DE SE ESPERAR ESTE VOLUME REDUZIDO, UMA VEZ QUE O PÚBLICO-ALVO É MUITO ESPECÍFICO E PODE INDICAR TAMBÉM QUE ALGUNS DESTES PRODUTOS POSSAM SER COMERCIALIZADOS POR OUTRAS INSTITUIÇÕES (POR EXEMPLO, CENTROS ÓPTICOS)

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Suplementos alimentares para mulheres a partir dos 45 anos Temos nesta categoria os suplementos alimentares especificamente formulados para mulheres a partir dos 45 anos. Estes suplementos ajudam a reduzir os sintomas da menopausa, que é característica desta faixa etária. Estimamos que a venda destes produtos represente cerca de 0,3% do volume total das vendas das farmácias. Era de se esperar este volume reduzido, uma vez que o público-alvo é muito específico e pode indicar também que alguns destes produtos possam ser comercializados por outras instituições (por exemplo, centros ópticos). Identificamos cinco diferentes produtos desta categoria. 83% destas vendas estão concentradas em dois deles, com 56% e 27% . Assim, há dois principais produtos que dominam o mercado. Há alguma variação no preço médio destes produtos, desde o preço mais baixo de 11.800 AOA (2% das vendas) ao mais alto de 40.800 AOA (27% das vendas). Os demais têm um preço médio de 25.700 AOA. Distribuição por localização Na província de Luanda, a distribuição desta categoria segue a mesma tendência dos demais produtos, havendo uma concentração das vendas nos municípios de Luanda (43%), Belas (32%), Cacuaco (10%) e Talatona (7%). Já a oferta destes produtos pelas farmácias concentra-se em três municípios: Luanda (61%), Talatona (22%) e Belas (7%).


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PERSPECTIVA

NECESSÁRIA UMA MUDANÇA DE PARADIGMA NA SAÚDE OCULAR EM ANGOLA O DIA MUNDIAL DA VISÃO COMEMORA-SE ANUALMENTE A CADA SEGUNDA QUINTA-FEIRA DO MÊS DE OUTUBRO, TENDO, EM 2022, SIDO ASSINALADO A 13 DE OUTUBRO. É UM EVENTO GLOBAL COM O OBJECTIVO DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA A CEGUEIRA E A DEFICIÊNCIA VISUAL. FOI CRIADO, ORIGINALMENTE, PELA SIGHTFIRTSCAMPAIGN DA FUNDAÇÃO LIONS CLUB INTERNATIONAL E É ACTUALMENTE COORDENADO EM COOPERAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS).

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Dr. Djalme Fonseca Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

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ecidi abordar a temática deste dia efectuando uma análise à importância da visão e aos dados revelados no último relatório mundial da OMS sobre a saúde ocular mundial. Apesar de na edição de Outubro de 2021 desta newsletter ter abordado este mesmo tema, decidi novamente falar e escrever sobre o mesmo com a mesma análise e acutilância. Mais um ano findou e continuamos, em Angola, a fechar os olhos, a ignorar e a esperar que, repetindo os mesmo procedimentos e passos, possamos ter resultados diferentes, a longo prazo. O facto de este artigo ser ainda actual, mesmo passado um ano após o ter escrito, demonstra a nossa ineficácia em mudarmos o paradigma da saúde ocular no nosso país. Fica o apelo para que, todos juntos, possamos mudar o contexto actual e que, em 2023, possa escrever sobre os avanços e as realizações de muitas sugestões que seguem ao longo das próximas linhas. Num mundo construído sobre a capacidade de ver, a visão, o mais dominante dos nossos sentidos, é vital em todos os momentos da nossa vida. O recém-nascido depende da visão para reconhecer e relacionar-se com a mãe, a criança para dominar o equilíbrio e aprender a andar, o estudante para ir à escola, ler e aprender, o jovem para participar da vida activa e os adultos para manterem a sua independência. No entanto, como mostra o referido relatório, as doenças oculares e as deficiências visuais são generalizadas e, com muita frequência, não são tratadas. Globalmente, pelo menos 2,2 mil

milhões de pessoas têm uma deficiência visual e, dessas, pelo menos um milhar de milhões de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não recebeu qualquer assistência. Como sempre, esse encargo não é suportado de forma equitativa. Pesa mais nos países de rendimento médio ou baixo, nas pessoas idosas e nas comunidades rurais. O mais preocupante é que as projecções mostram que a procura global por cuidados de saúde ocular deve aumentar, nos próximos anos, devido ao crescimento populacional, envelhecimento e mudanças no estilo de vida. Claramente, não temos escolha a não ser aceitar este desafio. É chegado o momento de garantir que o maior número possível de pessoas em todo o nosso país, Angola, possa ver tão bem e beneficiar das tecnologias e sistemas de saúde actualmente disponíveis. O nosso objectivo final deve ser proporcionar intervenções de alta qualidade, sem sacrifícios financeiros, às pessoas que precisam de cuidados oftalmológicos. A inclusão de cuidados oftalmológicos nos planos nacionais de saúde e nos pacotes essenciais de cuidados é uma parte importante da jornada de Angola em direcção à cobertura universal da saúde. Contudo, esta tarefa não se efectua de forma isolada ou pontual. As organizações internacionais, doadores e sectores público e privado devem trabalhar em conjunto para fornecer investimentos e capacidade de gestão de longo prazo para ampliar o atendimento oftalmológico integrado e centrado nas pessoas. Acesso e barreiras aos serviços de saúde ocular O recurso aos serviços de atendimento de saúde ocular é desigual e é determinado pela disponibilidade, acessibilidade, capacidade financeira e aceitabilidade desses serviços. A prevalência de doenças oculares e de deficiência visual é influenciada pelo recurso a serviços de atendimento de saúde ocular que previnem a deficiência visual, mantêm ou restauram a visão. As variações significativas existentes no recurso ao atendimento entre as populações contribuem para as variações na distribuição das doenças oculares e da deficiência visual. Várias pesquisas nacionais e regionais relataram que o recurso aos serviços de oftalmologia é geralmente mais comum em países de rendimento alto do que em países de rendimento médio ou baixo. As taxas de cobertura da cirurgia da catarata (um indicador da prestação de serviços de atendimento oftalmológico nas populações) também mostram variações acentuadas por nível de rendimento. Normalmente. quanto mais

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baixo o nível de rendimento, menor é a taxa de cobertura. Infelizmente, Angola encontra-se nesta classificação com uma taxa de cobertura muito reduzida, o que impacta directamente na qualidade de vida das populações e na respectiva economia do país. Mas, mais importante do que identificar dificuldades, barreiras ou outros entraves ao avanço e melhoramento da saúde ocular, é necessário soluções eficazes. Dentro dessas alterações, podemos abordar as seguintes: • Integrar o atendimento oftalmológico na cobertura universal de saúde: para eliminar as desigualdades no acesso e na prestação de serviços de atendimento oftalmológico em toda a população, é essencial planear esses serviços com cuidado e de acordo com as melhores informações disponíveis sobre as necessidades da população, garantindo a qualidade. As acções recomendadas seriam do seguinte domínio: 1. Recolher e relatar informações sobre as necessidades atendidas e não atendidas da população nacional 2. Desenvolver um pacote de intervenções oftalmológicas para responder às necessidades da população de inclusão estratégica no orçamento do Ministério da Saúde 3. Melhorar o acesso com protecção contra riscos financeiros para intervenções prioritárias de atendimento oftalmológico, especialmente para grupos de baixo rendimento e outros grupos desfavorecidos 4. Definir os resultados desejados das intervenções oftalmológicas, para garantir a qualidade e informar a cobertura efectiva 5. Definir indicadores de entrada e de resultados para monitorizar a qualidade do tratamento oftalmológico, a nível nacional, e fazer comparações entre países 6. Garantir que indivíduos com deficiências visuais ou cegueira que não possam ser tratadas tenham acesso a reabilitação visual de alta qualidade para optimizar o seu funcionamento. • Implementar um plano de saúde ocular em sistemas de saúde: o plano de saúde

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ocular pode ajudar a superar os desafios da disponibilização de serviços prioritários de oftalmologia (como a falta de pessoal de saúde capacitado, serviços fragmentados e, por vezes, resultados de qualidade abaixo do ideal), assim como garantir o acesso equitativo a todas as pessoas. É necessária uma perspectiva dos sistemas de saúde e o reconhecimento da necessidade de integrar os serviços e responder às necessidades e preferências das pessoas. As acções recomendadas são: 1. Integrar o tratamento oftalmológico nos planos estratégicos nacionais de saúde 2. Fortalecer o atendimento oftalmológico nos cuidados de saúde primários para melhorar o acesso, adaptar-se e responder às mudanças rápidas das necessidades da população, incluindo o crescimento projectado do número de pessoas com doenças oculares não transmissíveis 3. Aumentar a cobertura efectiva da correcção do erro refractivo e da cirurgia da catarata, as principais causas tratáveis de comprometimento da visão e de cegueira 4. Gestão e prestação de serviços de oftalmologia para que as pessoas recebam um continuum de intervenções voltadas para promoção, prevenção, tratamento e reabilitação nos diversos níveis e locais de prestação de serviços 5. Reforçar a coordenação dos serviços de atendimento oftalmológico em programas (por exemplo, diabetes, saúde materna infantil, envelhecimento) e sectores (por exemplo, social, educação e trabalho) relevantes 6. Garantir que o planeamento da força de trabalho oftalmológica seja parte integrante do planeamento da força de trabalho em saúde 7. Garantir que os sistemas de informação em saúde incluam informações abrangentes sobre cuidados oftalmológicos para identificar necessidades, planear a prestação de serviços e monitorizar o progresso na implementação do AOICP e o seu impacto ao nível da população. • Promover pesquisas de alta qualidade: é necessária uma implementação de alta qualidade e pesquisa em sistemas de saúde. Isto irá complementar os dados existentes, possibilitando intervenções


eficazes no tratamento oftalmológico. Além disso, serão necessários estudos que analisem os custos e benefícios da implementação do pacote de intervenções oftalmológicas aos níveis individual e social. O tratamento oftalmológico tem um alto potencial de beneficiar dos avanços tecnológicos. São necessárias pesquisas para garantir que esses avanços tenham impacto nos cuidados clínicos e na vida das pessoas. As acções recomendadas são: 1. Apoiar a criação de uma agenda global de pesquisa que inclua sistemas de saúde e pesquisa de políticas e inovação tecnológica para atendimento oftalmológico que facilite o desenvolvimento de uma agenda nacional de pesquisa 2. Promover a colaboração entre pesquisadores e Ministério da Saúde para garantir que a pesquisa seja relevante para o cenário nacional e para a implementação do plano de saúde ocular. 3. Criar ou aprimorar esquemas de financiamento existentes para implementação e pesquisa de sistemas de saúde com tratamento oftalmológico 4. Promover estudos sobre o retorno do investimento para demonstrar como o investimento em cuidados oftalmológicos assegura melhorias não só na saúde, mas também sociais e económicas 5. Fortalecer a pesquisa de implementação para aumentar os avanços tecnológicos e a partilha de tarefas para garantir que beneficiam rapidamente as pessoas com doenças oculares e deficiência visual 6. Incentivar fundações governamentais e privadas a apoiar a pesquisa de tratamentos e diagnósticos inovadores para eliminar a cegueira e as doenças oculares. • Monitorizar tendências e avaliar o progresso: é importante monitorizar o progresso feito na implementação do Plano de Saúde Ocular e o seu impacto no nível da população. Isso requer informações abrangentes dos sistemas de informações de saúde sobre cuidados oftalmológicos e dados epidemiológicos sobre doenças oculares e deficiência visual. Indicadores e benchmarking são também necessários para avaliar o progresso para a implementação. As acções recomendadas são: 1. Fortalecer a capacidade nacional de recolher, analisar e usar dados sobre o encargo e as tendências das doenças oculares e da deficiência visual 2. A realização de pesquisas populacionais periódicas que incluem a medição das deficiências visuais e variáveis relevantes para o atendimento oftalmológico nos

inquéritos gerais de saúde, garantindo que seja possível relatar uma cobertura eficaz da cirurgia de catarata e correcção dos erros refractivos 3. Apoiar a criação de um menu de indicadores globais para doenças oculares e deficiência visual que facilite a selecção de indicadores nacionais e promova comparações entre países 4. Definir e conduzir periodicamente avaliações dos progressos realizados na implementação do Plano de Saúde Ocular. • Aumentar a consciencialização, envolver e capacitar pessoas e comunidades: as comunidades públicas e individuais (populações especificamente mal atendidas, como mulheres, migrantes e pessoas com certos tipos de deficiência) precisam de ser consciencializadas da importância da identificação precoce das doenças oculares, a necessidade de prevenir e resolver problemas de visão e como podem ser capacitados para obter acesso aos serviços de oftalmologia. As acções recomendadas são: 1. Aumentar a consciencialização sobre a disponibilidade de intervenções eficazes que respondam a todas as necessidades de cuidados oftalmológicos ao longo da vida. 2. Realização de campanhas de saúde pública que enfatizam a importância do tratamento oftalmológico 3. Envolver e capacitar o público, especificamente as populações carenciadas, para estarem cientes das suas necessidades e da procura de atendimento oftalmológico e procurarem serviços de atendimento oftalmológico 4. Envolver os sectores da educação e do trabalho como parceiros para a sensibilização entre estudantes e funcionários sobre a importância de identificar doenças oculares e aceder a serviços de atendimento oftalmológico 5. Sensibilizar para a obrigação social de cumprir os direitos das pessoas com deficiência visual e cegueira que não podem ser tratadas de participar da sociedade em igualdade de condições com os outros. Conforme esta extensa análise, Angola ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os objectivos mínimos de saúde ocular que a população necessita. Porém, com o esforço de todos, caminhando na mesma direcção para a excelência na prestação de cuidados de saúde ocular, podemos chegar lá.

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ENTREVISTA

“A DOENÇA DIAGNOSTICADA PRECOCEMENTE APRESENTA ALTA PROBABILIDADE DE CURA”

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Dr. António Armando Médico Radio-Oncologista, Coordenador Nacional da Doenças Crónicas Não Transmissíveis a nível da Direcção Nacional de Saúde Pública

NESTA EDIÇÃO DEDICADA AO OUTUBRO ROSA, CONVERSÁMOS COM O MÉDICO ONCOLOGISTA DR. ANTÓNIO ARMANDO SOBRE O CANCRO DA MAMA. ENTRE OS VÁRIOS TEMAS ABORDADOS, FICA O ALERTA PARA A IMPORTÂNCIA DO AUTOCONHECIMENTO E DO AUTOCUIDADO, ASSIM COMO DOS EXAMES CLÍNICOS, VISTO QUE A DETECÇÃO PRECOCE DA DOENÇA AUMENTA A PROBABILIDADE DA SUA CURA.

Como se tornou Oncologista e como foi o seu percurso profissional? Beneficiei de uma bolsa de estudos da Agência Internacional de Energia Atómica, em nome de Angola, para fazer a formação no Brasil, visto que o país não dispunha, nem dispõe, da mesma. Foi muito desafiante. Éramos muitos colegas a trabalhar no CNO, actual Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC), e eu fui indicado, pelo actual director, Dr. Fernando Miguel, para beneficiar da bolsa. Outros colegas foram fazer outras especialidades. Antes da minha viagem para o Brasil, conversei com o Dr. Fernando Miguel que me deu muitos conselhos. O mais importante foi para que me dedicasse aos estudos e também que me formasse em Saúde Pública, porque, no futuro, o país deveria trabalhar não só na assistência, mas também na prevenção. E carreguei este conselho comigo. Como consequência, para além da formação que me levou ao Brasil, que foi a RadioOncologia, especializei-me em Administração em Saúde, em Saúde Pública, fiz Mestrado em Medicina e Doutoramento em Epidemiologia, para além de cursos de curta duração em França, nos Estados Unidos da América e no Canadá sobre epidemiologia, prevenção e registo do cancro. Oito anos depois, voltei ao país, onde me deparei com muitos desafios. Trabalhei no IACC, como Radio-Oncologista no tratamento do cancro. A maioria dos doentes chegava em estadios avançados. O aparelho de radioterapia, muitas vezes, apresentava avarias e não podia tratar os doentes que aumentavam em número. Considerando a minha formação em Epidemiologia e em Saúde Pública, fui nomeado consultor do Ministro Luís Gomes Sambo para Saúde Pública, no tempo em que Angola vivia a epidemia da Febre Amarela e, depois, como Inspector-Geral da Saúde. Após a minha exoneração, fui trabalhar na Direcção Nacional de Saúde Pública, onde me encontro actualmente a coordenar Programas das Doenças Crónicas Não Transmissíveis, entre os quais o Programa Nacional de Prevenção e Controlo do Cancro.

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Outubro é considerado o mês rosa, dedicado à sensibilização para o cancro da mama. O que, basicamente, caracteriza esta patologia? O cancro da mama é uma doença grave que se caracteriza pela multiplicação acelerada das células da glândula mamária, levando a formação de nódulos e, quando não diagnosticado precocemente e submetido ao tratamento, evolui rapidamente, podendo invadir os órgãos que se encontram à sua volta e desenvolver metástases regionais e à distância, causando sofrimento das pessoas acometidas pela doença, e levar à morte. Quais são os principais sintomas? Os sinais e sintomas do cancro da mama dependem do seu estadio. Inicialmente, a doença caracteriza-se pelo surgimento de um pequeno nódulo indolor. No entanto, há que ressaltar que nem todo nódulo da mama é cancro. Para além do nódulo, a pessoa afectada pode apresentar mudança na cor do mamilo ou a sua inversão, saída de líquido pelo mamilo, alteração no tamanho de uma das mamas, aparecimento de ínguas nas axilas, formação de crostas ou feridas na pele junto ao mamilo, alteração na cor ou forma da aréola, prurido (comichão) e mudança das características da pele (pele em casca de laranja). Quando uma mulher apresenta estes sinais, deve acorrer rapidamente aos serviços de saúde. Sabemos que o facto de se ser mulher já é um risco para desenvolver cancro da mama. Quais são os outros factores de risco da doença? Existem vários factores de risco que contribuem para o desenvolvimento do cancro da mama e esses factores podem ser divididos em dois grandes grupos: os modificáveis e os não modificáveis. Entre os factores não modificáveis destacam-se os genéticos, que contribuem com cerca de 5% a 10% de todos os casos do cancro da mama; a idade, visto que o cancro da mama é mais frequente em mulheres com idade superior a 40 anos; o início tardio da menstruação e a menopausa tardia. Entre os factores de risco modificáveis encontramos a obesidade, o uso de anticoncepcionais hormonais, o hábito de fumar, a falta de exercício físico, a alimentação rica em gorduras, entre outros. O conhecimento destes factores é fundamental, visto que a redução da sua exposição diminui significativamente a probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama. Em que consiste o autoconhecimento e autocuidado das mamas? O autoconhecimento consiste na mulher conhecer o seu corpo, tanto do ponto de vista anatómico como funcional. Este autoconhecimento é muito importante porque, uma vez conhecido o seu corpo, a mulher consegue reconhecer ou notar possíveis

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alterações físicas e funcionais. Se tiver princípios de autocuidado, a percepção destas alterações levá-la-á a procurar pelos serviços de saúde, a fim de ser avaliada e serem esclarecidas as alterações percebidas. Se sugerirem um processo patológico, serão tomadas as medidas necessárias, evitando, desta forma, que a doença evolua para as fases mais avançadas. Qual é a importância do exame clínico das mamas? Por quem é realizado e quando deve ser feito? O exame clínico das mamas é importante porque o cancro da mama começa com um nódulo. Se a mulher tiver o hábito de fazer o exame das mamas mensalmente, ou uma vez por ano ser examinada pelo profissional de saúde, é possível fazer a detecção precoce, o que evita o diagnóstico de cancro da mama em estadios avançadas. O exame físico das mamas deve ser realizado depois do oitavo dia da menstruação. As mulheres que estão na menopausa devem escolher um dia específico. Importa referir que o exame que tem comprovação científica na redução da mortalidade por cancro da mama é a mamografia. No entanto, esta tecnologia não está disponível em todos os meios, principalmente nos países africanos, como o nosso. É nesta perspectiva que o exame clínico das mamas constitui uma abordagem custo-efectiva para a detecção precoce do cancro da mama, cujo impacto já foi demonstrado em estudos realizados em diferentes países, como a Tanzânia e Marrocos. Quais são as recomendações para a realização da mamografia? A mamografia é recomendável a todas as mulheres a partir dos 40 anos ou a partir dos 35 anos em mulheres que tenham história familiar do cancro da mama. A recomendação a partir dos 40 anos deve-se pelo facto da mama perder a sua estrutura glandular,

O EXAME CLÍNICO DAS MAMAS CONSTITUI UMA ABORDAGEM CUSTO-EFECTIVA PARA A DETECÇÃO PRECOCE DO CANCRO DA MAMA, CUJO IMPACTO JÁ FOI DEMONSTRADO EM ESTUDOS REALIZADOS EM DIFERENTES PAÍSES, COMO A TANZÂNIA E MARROCOS


que é substituída pelo tecido adiposo (gordura), o que permite que os raios atravessem a glândula mamária e detectem alterações sugestivas de cancro da mama. Do ponto de vista da prevenção, qual é o impacto da detecção precoce do cancro da mama? A detecção precoce tem um impacto positivo na vida das mulheres acometidas pelo cancro da mama, visto que a doença diagnosticada precocemente apresenta alta probabilidade de cura. Que hábitos saudáveis se podem seguir para evitar o cancro de mama? Fazer exercício físico, ter uma alimentação rica em fibras e pobre em gorduras, evitar os hábitos tabágicos, preocupações e o sedentarismo. Segundo o Instituto Angolano de Controlo de Câncer, em 2020, registaram-se no país 282 casos de cancro da mama. Que avaliação faz deste índice? Os casos registados no IACC não representam a realidade do cancro da mama em Angola, visto que há mulheres que não chegam àquela unidade sanitária. Apesar de serem uma amostra importante, o grande desafio é a implementação do Registo do Cancro de Base Populacional, que é um instrumento que faz a recolha de dados sobre o cancro, a nível nacional.

hormônios femininos em homens, nomeadamente, progesterona e estrogénio, para além de alguns factores genéticos. Em relação aos números registados de cancro da mama, como compara a situação em Angola face aos outros países? Nos casos dos países desenvolvidos, estes dispõem de meios de detecção, diagnóstico precoce e tratamento oncológico multidisciplinar e possuem Registos de Cancro de Base Populacional, o que os permite conhecer a realidade do cancro. Assim, as mulheres com cancro da mama têm o diagnóstico precoce e tratamento oncológico multidisciplinar, o que aumenta a probabilidade de cura. No nosso país, em particular, e em África, em geral, a realidade é oposta. Que tipos de cancro da mama são rastreados em Angola e quantos são registados por tipologia? Temos uma colega que está a fazer uma dissertação de mestrado, cuja pesquisa envolve a caracterização do cancro da mama em todas as suas dimensões, desde a idade, aos tipos histológicos, residência, taxa de sobrevivência, naturalidade, tratamento realizado e factores de risco. Este trabalho está na fase de conclusão e, em breve, poderá apresentar-nos estas informações em forma de artigo científico, o que irá responder estas questões.

Em 2021, registou-se um aumento do número de mulheres jovens, com idades a partir dos 20 anos, a nível do Instituto Angolano de Luta contra o Câncer, vulgo Centro de Oncologia. Como especialista, o que acredita estar por detrás deste crescimento? Este ano, conseguiu-se reduzir o número desses casos face ao ano passado? O aparecimento de casos de cancro de mama em mulheres em idade jovem, em Angola, é muito preocupante. Em 2015, publicámos um artigo científico sobre o cancro da mama registado no IACC, no período de 2011 a 2014, onde demonstrámos que 32% das mulheres tinha idade inferior a 40 anos, o que contrasta com os dados dos países desenvolvidos. Na minha opinião, há necessidade de se fazerem estudos genéticos para se conhecer a causa destes casos do cancro da mama em mulheres jovens. Apesar de ser muito comum em mulheres, o cancro da mama afecta um número considerável de homens em Angola. A que se deve esse fenómeno? Está comprovado na literatura médica que menos de 1% dos casos de cancro da mama ocorre em homens. Esta informação não difere dos casos em Angola. Todavia, este fenómeno deve-se à presença de uma pequena percentagem de

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ENTREVISTA ANÁLISE

APENAS 12 % DAS MULHERES TESTADAS PARA QUALQUER TIPO DE CANCRO EM 2021 26 SAÚDE


APENAS 12 % DAS MULHERES NO MUNDO FORAM TESTADAS PARA QUALQUER TIPO DE CANCRO, EM 2021, CONCLUI UM DOS MAIORES ESTUDOS SOBRE A SAÚDE E O BEM-ESTAR DAS MULHERES, DESENVOLVIDO PELA HOLOGIC. O SEGUNDO ÍNDICE MUNDIAL DA SAÚDE DAS MULHERES REVELA AINDA QUE, AO NÍVEL DOS CUIDADOS PREVENTIVOS, MAIS DE 1,5 MIL MILHÕES DE MULHERES EM TODO O MUNDO NÃO FORAM TESTADAS PARA NENHUMA DAS DOENÇAS QUE MAIS AS ACOMETEM, COMO AS CARDÍACAS, O CANCRO, A DIABETES OU AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS. DIFICULDADES EM ENCONTRAR COMIDA E ABRIGO SUFICIENTES, FALTA DE OPORTUNIDADES EDUCACIONAIS E AMEAÇAS À SEGURANÇA DAS MULHERES SÃO ALGUMAS DAS BARREIRAS AOS CUIDADOS PREVENTIVOS.

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odos os 122 territórios analisados têm oportunidades significativas para melhorar a saúde das mulheres. A pontuação global média foi de apenas 53, numa escala até 100, sendo 70 a pontuação mais alta, atribuída a Taiwan, e 22 a mais baixa, atribuída ao Afeganistão. “A falta de progresso e, em alguns casos, o retrocesso justificam um alerta mais urgente para que os líderes mundiais façam mais pelas mulheres, cujo bem-estar sustenta a saúde das famílias, comunidades, sociedades e economias”, diz Steve MacMillan, chairman, presidente e CEO da Hologic. “Dados credíveis podem desencadear mudanças genuínas e esperamos envolver os líderes de todo o mundo no sentido de recorrerem ao índice para defender o bem-estar das mulheres”. Para criar o Índice Mundial da Saúde das Mulheres, a Hologic juntou-se à Gallup e inquiriu aproximadamente 127 mil pessoas, em todo o mundo, incluindo 66 mil mulheres e jovens com idade igual ou superior a 15 anos, em mais de 140 idiomas. O índice representa, assim, 94 % da população feminina mundial.

Cerca de 85% das inquiridas acredita na importância de visitar regularmente um profissional de saúde, mas menos de 60% acorreu a uma consulta durante o último ano. Em quase 50 territórios, menos de 10% das mulheres disse ter sido testado para o cancro no ano anterior. A nível mundial, são apenas 12% as que foram testadas, o que significa que mais de dois mil milhões de mulheres não foram testadas. “Enquanto médica que trabalha, há décadas, com doentes de diferentes partes do mundo, vi, em primeira mão, como a detecção precoce de doenças faz uma diferença crítica na expectativa e na qualidade de vida das mulheres. Mas quando as mulheres têm de escolher entre obter cuidados de saúde para si mesmas e encontrar a próxima refeição para as suas famílias, provavelmente, não irão priorizar a sua saúde”, afirma a Dra. Susan Harvey, vice-presidente de Assuntos de Saúde Mundiais da Hologic. “É crucial que os decisores políticos vejam os cuidados preventivos enquanto parte de um conjunto de factores multidimensionais e interdependentes que devem ser abordados de forma holística”. As mulheres são mais propensas do que os homens a dizer que houve alturas em que não tinham dinheiro suficiente para pagar a comida necessária (37% das mulheres contra 33% dos homens). Este fosso foi maior em 2021 do que em 2020. 22 pontos separaram as mulheres nas economias de alto rendimento. cuja pontuação se manteve inalterada em 61, e as mulheres nas economias de baixo rendimento, cuja pontuação baixou de 49 para 39. O stresse, a preocupação e a raiva aumentaram três pontos percentuais no espaço de um ano, assim como a tristeza subiu, nomeadamente, seis pontos. Mais de quatro em cada 10 mulheres disse ter sentido preocupações (43%) e stresse (41%) durante grande parte do dia anterior ao inquérito, quase uma em cada três experimentou tristeza (32%) e mais de uma em cada quatro raiva (26%), todas estas emoções em níveis recorde.

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Relatório da ONU Os dados de um relatório recentemente publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) também espelham esta realidade que afecta a saúde das mulheres, mas também a dos adolescentes e das crianças, reflectindo como a pandemia de Covid-19, os conflitos e as crises climáticas agravam os retrocessos nas suas perspectivas. Os dados apresentados no relatório mostram uma regressão crítica em praticamente todas as principais medidas de bem-estar infantil e

CERCA DE 85% DAS INQUIRIDAS ACREDITA NA IMPORTÂNCIA DE VISITAR REGULARMENTE UM PROFISSIONAL DE SAÚDE, MAS MENOS DE 60% ACORREU A UMA CONSULTA, DURANTE O ÚLTIMO ANO. EM QUASE 50 TERRITÓRIOS, MENOS DE 10% DAS MULHERES DISSE TER SIDO TESTADO PARA O CANCRO NO ANO ANTERIOR. A NÍVEL MUNDIAL, SÃO APENAS 12% AS QUE FORAM TESTADAS, O QUE SIGNIFICA QUE MAIS E DOIS MIL MILHÕES DE MULHERES NÃO FORAM TESTADAS

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muitos indicadores-chave dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde o último relatório “Every Woman Every Child Progress”, publicado em 2020, a insegurança alimentar, a fome, o casamento infantil, os riscos de violência de parceiros íntimos e a depressão e ansiedade adolescentes aumentaram. Estima-se que 25 milhões de crianças não foram vacinadas em 2021, mais seis milhões do que em 2019. Milhões de crianças não foram à escola durante a pandemia, muitas por mais de um ano, enquanto cerca de 80% em 104 países e territórios sofreu perdas de aprendizagem. Desde o início da pandemia, 10,5 milhões de crianças perderam um pai ou cuidador para a Covid-19. “No cerne da nossa promessa não cumprida está o fracasso em resolver as desigualdades que estão na origem das crises globais, desde a pandemia de Covid-19 aos conflitos e à emergência climática. O relatório descreve os impactos destas crises nas mulheres, crianças e adolescentes, desde a mortalidade materna até às perdas educativas e desnutrição grave”, indica António Guterres, secretáriogeral das Nações Unidas. Uma mulher na África Subsariana tem cerca de 130 vezes mais risco de morrer por causas relacionadas com a gravidez ou o parto do que uma mulher na Europa ou na América do Norte. A cobertura dos cuidados prénatais, da frequência de parto qualificado e dos cuidados pós-natais está longe de atingir todas as mulheres nos países de baixo e médio rendimentos, deixando-as em risco elevado de morte e incapacidade. O relatório exorta a comunidade global a cumprir as promessas feitas às mulheres, crianças e adolescentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, em particular, defende que os países continuem a investir nos serviços de saúde, a resolver todas as crises e a insegurança alimentar e a capacitar as mulheres e os jovens em todo o mundo. “Quase três anos depois do início da Covid-19, o impacto a longo prazo da pandemia na saúde e bem-estar das mulheres, crianças e adolescentes está a tornar-se evidente: as suas hipóteses de vida saudável e produtiva diminuíram drasticamente”, defende o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). “À medida que o mundo emerge da pandemia, proteger e promover a saúde das mulheres, crianças e jovens é essencial para apoiar e sustentar a recuperação global”.

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Mais de um século a investigar soluções para a prevenção e terapia do cancro.

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Com base no seu papel pioneiro no sector farmacêutico, a Roche acumulou ao longo dos anos um vasto e rico histórico de pesquisa e investigação na área oncológica e, em particular, no cancro da mama. De modo a combater o impacto que esta doença tem na vida dos pacientes e das suas famílias, trabalhamos diariamente para encontrar mais e melhores meios para o rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro da mama, e proporcionar as melhores soluções terapêuticas para as mulheres africanas.

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ENTREVISTA NOTÍCIA

OMS E MD ANDERSON EM PARCERIA PARA REDUZIR FARDO GLOBAL DO CANCRO NAS MULHERES A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E O CENTRO DE CANCRO MD ANDERSON DA UNIVERSIDADE DO TEXAS ANUNCIARAM UM ACORDO FORMAL PARA ESTABELECER UMA NOVA PARCERIA INTERNACIONAL PARA REDUZIR O FARDO GLOBAL DO CANCRO NAS MULHERES. O ACORDO BASEIA-SE EM ANOS DE COLABORAÇÃO ENTRE AS DUAS INSTITUIÇÕES E PROMOVE AINDA OS ESFORÇOS PARTILHADOS PARA PROMOVER INICIATIVAS GLOBAIS RELACIONADAS COM O CANCRO NAS MULHERES, INCLUINDO CANCROS DA MAMA E DO COLO DO ÚTERO.

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m 2020, 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama, com 685 mil mortes, a nível global. Além disso, no mesmo ano, registaram-se 604 mil novos casos de cancro do colo do útero e 342 mil mortes. Através das suas iniciativas contra o cancro, a OMS tem vindo a prestar apoio a mais de 70 governos, nomeadamente, os dos países de baixo e médio rendimentos, sobre as formas de reforçar os sistemas de detecção precoce do cancro, o diagnóstico oportuno e o tratamento abrangente. A Iniciativa de Eliminação do Cancro do Colo do Útero da OMS visa reduzir em 40% os novos casos e prevenir cinco milhões de mortes, até 2030. Por sua vez, a Global Cancer Initiative pretende reduzir a mortalidade global por cancro da mama em 2,5%, por ano, até 2040, evitando cerca de 2,5 milhões de mortes. Estas iniciativas globais integradas estão a ser implementadas por mais de 200 parceiros da OMS, em todo o mundo. “As inovações na área do cancro têm-se revelado bem-sucedidas em países de alto rendimento, mas, infelizmente, muitas mulheres que vivem com cancro em países de baixo rendimento não têm acesso a cuidados essenciais”, afirma a Dra. Bente Mikkelsen, directora de Doenças Não Transmissíveis da OMS. “Estamos felizes em unir esforços com o MD Anderson para salvar vidas, apoiando os governos na redução dos seus fardos de cancros da mama e do colo do útero e na melhoria da qualidade de vida individual”.


Parceria A parceria visa melhorar o acesso a programas de controlo do cancro de qualidade para mulheres em todo o mundo. O Centro de Cancro MD Anderson, em Houston, no estado norteamericano do Texas, classifica-se como um dos mais respeitados do mundo nos cuidados dos oncológicos. Este acordo serve como um passo importante para que o MD Anderson se torne num Centro Colaborativo da OMS. “A colaboração com a OMS alinha-se com a missão do MD Anderson de prestar cuidados excepcionais às pessoas em todo o mundo através de programas que integram os cuidados dos pacientes, a investigação, a prevenção e a educação”, sublinha o Dr. Peter WT Pisters, presidente do MD Anderson. “Alinhase também com a estratégia da nossa instituição e com o nosso compromisso em construir relações internacionais fortes para servir a comunidade global e melhorar a qualidade de vida, a nível populacional. É uma honra juntarmo-nos à OMS na melhoria do acesso a programas de controlo de cancro e de cuidados oncológicos de qualidade para mulheres em todo o mundo”. Aproveitando os recursos de cada um dos parceiros, a OMS e o MD Anderson avançarão iniciativas globais relacionadas com o cancro nas mulheres, promoverão a equidade e servirão as populações necessitadas.

Âmbito do problema

Em 2020, houve 2,3 milhões de mulheres diagnosticadas com cancro da mama e 685 mil mortes em todo o mundo. Até ao final de 2020, havia 7,8 milhões de mulheres vivas diagnosticadas com cancro da mama nos últimos cinco anos, tornando-se o cancro mais prevalente no mundo. De acordo com a OMS, a mortalidade por cancro da mama mudou pouco entre as décadas de 1930 e de 1970. As melhorias na sobrevivência começaram na década de 1980, em países com programas de detecção precoce combinados com diferentes modos de tratamento. Cerca de metade dos cancros da mama desenvolvem-se em mulheres que não têm um factor de risco identificável que não seja o género (mulher) e a idade (mais de 40 anos). Infelizmente, mesmo que todos os factores de risco potencialmente modificáveis pudessem ser controlados, só se reduziria o risco de desenvolver cancro da mama em, no máximo, 30%. O tratamento do cancro da mama pode ser altamente eficaz, alcançando probabilidades de sobrevivência de 90% ou mais, particularmente quando a doença é identificada precocemente. A sobrevivência durante, pelo menos, cinco anos após o diagnóstico varia entre mais de 90% em países de alto rendimento, 66% na Índia e 40% na África do Sul. Os países que conseguiram reduzir a mortalidade por cancro da mama alcançaram uma redução anual de 2% a 4%. Se ocorresse em todo o mundo uma redução anual da mortalidade de 2,5% por ano, seriam evitadas 2,5 milhões de mortes por cancro da mama, entre 2020 e 2040. Esta redução em 2,5% por ano evitaria 25% das mortes derivadas da patologia, até 2030, e 40%, até 2040, entre as mulheres com menos de 70 anos. Os três pilares para a consecução destes objectivos são a promoção da saúde para detecção precoce, o diagnóstico oportuno e uma gestão abrangente do cancro da mama.

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PERSPECTIVA

INFERTILIDADE NA SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLIQUÍSTICOS

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A SÍNDROME DO OVÁRIO POLIQUÍSTICO, TAMBÉM MUITO CONHECIDA COMO SOP, É CARACTERIZADA POR ALTERAÇÕES HORMONAIS ASSOCIADAS À AMENORREIA (AUSÊNCIA DE MENSTRUAÇÃO) OU OLIGOMENORREIA (MENSTRUAÇÕES INFREQUENTES), SÍNDROME METABÓLICA, AUMENTO DA INSULINA E AUMENTO RELATIVO DAS HORMONAS MASCULINAS.

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ntre as suas principais consequências estão o hiperandrogenismo e os distúrbios ovulatórios, como a anovulação. Além das mudanças físicas que afectam a autoestima da mulher com características consideradas masculinas, estas consequências podem causar a infertilidade. Para se perceber, de facto, como funciona, precisamos entender que a anovulação é um distúrbio ovulatório que se caracteriza pela ausência de ovulação. Por sua vez, a ovulação é o processo de libertação de um óvulo maduro, que pode ser fecundado pelo espermatozoide no período fértil da mulher. Para que ocorra ovulação, é necessário que a mulher ainda tenha óvulos na sua reserva ovariana e que diversos processos do ciclo menstrual aconteçam adequadamente, de acordo com a acção dos hormônios. Se houver alguma alteração hormonal, alguns desses processos são prejudicados. Quando a mulher passa pela anovulação e não ovula, torna-se impossibilitada de alcançar a gestação naturalmente, já que o óvulo é fundamental para a fecundação. Além da anovulação, a SOP também pode causar a oligovulação, um distúrbio ovulatório que se caracteriza por ciclos menstruais muito longos. A mulher não deixa de ovular, mas os seus ciclos duram mais de 35 dias. Ainda, os ciclos irregulares são comuns em pacientes diagnosticadas com a síndrome.

Causa Mas, afinal, o que está por detrás do surgimento da Síndrome do Ovário Poliquístico? A causa não é linear, sendo pouco clara e, provavelmente, dependente de múltiplas etiologias. No que diz respeito ao sistema reprodutivo, acredita-se que níveis anormais de certos tipos de hormonas, como as masculinas, interferem com a função normal dos ovários. Para compreender as possíveis causas, é igualmente importante compreender-se o ciclo menstrual. Em princípio, todos os meses, o cérebro, os ovários e o útero da mulher seguem a mesma sequência de acontecimentos, a que damos o nome de ciclo menstrual. São estes acontecimentos que ajudam o corpo a prepararse para a gravidez. No ciclo menstrual das mulheres com SOP, vários pequenos folículos acumulam-se no ovário. Nenhum desses pequenos folículos é capaz de crescer até um tamanho que desencadeie a ovulação. Como resultado, os níveis de estrogénio, progesterona, LH e FSH ficam desequilibrados. Os andrógenos são normalmente produzidos pelos ovários e pelas glândulas suprarrenais. Estes podem aumentar em mulheres com SOP devido aos altos níveis de LH, mas também por causa dos níveis elevados de insulina, que são, geralmente, observados com a SOP. Apesar da SOP não ser completamente reversível, há tratamentos que podem reduzir ou minimizar os sintomas. O tratamento depende tanto dos sintomas como do estado geral da mulher, doenças e características identificadas e pretensões da mesma, nomeadamente, em relação à infertilidade. Torna-se, portanto, fundamental o diagnóstico preciso desta condição e a instauração atempada de todas as medidas necessárias para controlar esta síndrome, minimizando, assim, o impacto na saúde e qualidade de vida destas mulheres.

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PERSPECTIVA

A FERTILIDADE MASCULINA E A ALIMENTAÇÃO ESTÃO RELACIONADAS? SIM. UM DOS FACTORES QUE CONTRIBUI PARA AUMENTAR A FERTILIDADE É ESCOLHER BEM O QUE COLOCAR NO PRATO. QUEM SONHA EM SER PAI DEVE CUIDAR DA NUTRIÇÃO PARA TER ESPERMATOZOIDES SAUDÁVEIS E FACILITAR A FERTILIZAÇÃO DO ÓVULO. E QUANDO SE FALA DE ESPERMATOZOIDES, HÁ TRÊS COISAS A SEREM OBSERVADAS E QUE INFLUEM NA FERTILIDADE DO HOMEM: A QUANTIDADE, A QUALIDADE E A MOBILIDADE. ESTA ÚLTIMA É A CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO PARA IR AO ENCONTRO DO ÓVULO E FERTILIZÁ-LO. MAS COMO SE CONSEGUE ISSO? A NUTRIÇÃO É UMA FORTE ALIADA PARA ESSES TRÊS FACTORES.

Dr. Abednego Chivinda Licenciado em Nutrição pela Universidade Sul Africana de Medicina e Saúde Natural Cidade do Cabo -África do Sul. Exerce actualmente a função de Consultor Nacional de Nutrição na UNICEF

FERTILIDADE MASCULINA E ALIMENTAÇÃO –PARTE I É

muito importante ter uma dieta balanceada e a análise de um nutricionista para saber se o organismo está com falta ou excesso de algum mineral ou vitamina. Ou seja, a utilização de vitaminas ou suplementos jamais deve ser feita sem orientação médica especializada. Conheça as vitaminas e os minerais que podem ajudar – e muito – os futuros papás:

de energia é reduzida, podendo causar alterações na mobilidade dos espermatozoides. Os alimentos considerados fonte da substância são, em maior parte, de origem animal, como carnes vermelha e branca, em especial de carneiro, alguns tipos de peixe e produtos lácteos. Pode, ainda, ser encontrada em menor percentagem noutras fontes alimentares, como o abacate e os grãos de soja.

Carnitina É um aminoácido que tem como principal função dar energia aos espermatozoides, o que é essencial para a sua motilidade. Tudo acontece no epidídimo, um pequeno ducto onde ficam os espermatozoides produzidos pelos testículos. O esperma epididimal utiliza a oxidação dos ácidos graxos (ómegas-3, 6 ou 9) como principal fonte de energia e a carnitina é fundamental para o transporte desses ácidos dentro das células. Se houver baixo nível deste aminoácido, a produção

Zinco É importantíssimo para o bom funcionamento do sistema reprodutivo masculino, visto que o esperma tem alta concentração deste mineral. Homens com infertilidade possuem menores quantidades de zinco e a sua falta pode estar associada à diminuição dos níveis de testosterona e da quantidade de espermatozoides. Nesses casos, a suplementação do mineral pode ajudar nos tratamentos para a fertilidade masculina. Carne, peixe, lacticínios, feijão e oleaginosas, como amêndoas, nozes e castanhas, são fontes de zinco.

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Vitamina B12 Está relacionada com a replicação celular, principalmente para a síntese de material genético (DNA e RNA), e a sua deficiência está associada à diminuição da quantidade e da motilidade dos espermatozoides. A suplementação da vitamina B12 pode ser feita para homens que possuem níveis muito baixos de espermatozoides (menos de 20 milhões/ml) ou com a taxa de mobilidade menor do que 50%, ajudando a combater a infertilidade. Lacticínios, ovos, peixe, carne, feijões, couve-flor, agrião, banana e brócolos são fontes de vitamina B12. Vitamina C ou ácido ascórbico Sabia que há muito mais vitamina C no sémen do que no sangue? A baixa quantidade desta vitamina pode causar danos ao material genético dos espermatozoides e problemas de mobilidade, levando à infertilidade. É um poderoso antioxidante e a sua suplementação pode ajudar a aumentar a fertilidade masculina, sendo possível receber esta vitamina na própria alimentação. São fonte de vitamina C as frutas cítricas, como laranja, limão e maracujá, outras frutas, como abacaxi, caju, morango e kiwi, e vegetais, como abóbora, agrião, alface, beterraba e brócolos. Vitamina E A vitamina E também é antioxidante e a mais presente nos espermatozoides. Por isso, protege-os contra os radicais livres e a oxidação. Quem deseja ser pai deve ingerir alimentos ricos em vitamina E ou ter a suplementação feita por orientação de um especialista. Este cuidado irá ajudar na melhoria da movimentação dos espermatozoides e, consequentemente, da fertilidade masculina. Sementes de abóbora, ovos, azeite, abacate, vegetais verde-escuros e cereais integrais são fontes de vitamina E. Selénio Este nutriente está presente em diversos órgãos do corpo, embora apareça em grande quantidade nos testículos e ductos seminais ligados à próstata. É essencial para a produção dos espermatozoides. A falta de selénio pode causar deficiência na morfologia do espermatozoide. Assim, fraco ou deformado, acaba por perder mobilidade. Por outro lado, a sua função antioxidante previne os danos dos radicais livres e, agindo em conjunto com a vitamina E, é capaz de aumentar a movimentação do esperma. Oleaginosas, como avelãs, amêndoas, nozes e castanhas, peixe e frutos do mar, feijão, fígado bovino, peito de frango, produtos à base de cereais integrais, como pães e arroz, são fonte de selénio. Para aumentar a fertilidade através da alimentação, é recomendado que sejam consumidos alimentos capazes de estimular a produção hormonal e, consequentemente, favorecer a produção de espermatozoides viáveis. Os alimentos para aumentar a fertilidade do homem são aqueles ricos em crómio, pois este mineral é importante

para fabricar os espermatozoides, sendo recomendado consumir pão integral ou de centeio, pimentão verde, ovos e frango. Além disso, é interessante que os homens consumam alimentos ricos em vitamina C, como as frutas cítricas, pois esta vitamina protege os espermatozoides e ajuda a aumentar o seu número. Na segunda parte, iremos falar sobre os alimentos prejudiciais para fertilidade masculina. Alimentação saudável, vida Saudável

Bibliografia: “Fertilidade e Alimentação” (Ed. LaVidapress), Arnaldo Cambiaghi e Débora Rosa, São Paulo https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/11/08/livro-defende-que-alimentacaosaudavel-aumenta-a-fertilidade-de-casais.htm?cmpid=copiaecola

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PERSPECTIVA

NUTRIÇÃO INFANTIL UMA COLHER SAUDÁVEL, UM CRESCIMENTO FORMIDÁVEL! JÁ DIZIA O DUQUE FRANÇOIS DE LA ROCHEFOUCAULD QUE COMER É UMA NECESSIDADE, MAS COMER COM INTELIGÊNCIA É UMA ARTE. PODE ATÉ SOAR A POESIA, MAS É BEM VERDADE QUE UMA ALIMENTAÇÃO DE QUALIDADE É IMPRESCINDÍVEL EM TODAS AS FASES DA VIDA, PRINCIPALMENTE NA INFÂNCIA.

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A

prática de uma alimentação balanceada e hábitos alimentares saudáveis desde a infância proporcionam um bom crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, reduzindo os transtornos causados pelas deficiências nutricionais e evitando a manifestação da obesidade e outros distúrbios alimentares. Também não devemos negar que, por mais fácil que possa parecer, alimentar uma criança é uma tarefa difícil, por isso, é necessário que, desde a gravidez, a gestante cuide da sua alimentação, tornando fácil cuidar da saúde do bebé. No entanto, uma gestante com uma alimentação desequilibrada oferece ao filho risco de nascer com baixo peso e aumenta as probabilidades de a criança sofrer prejuízos na sua fase de crescimento. Além disso, a falta de nutrientes ainda no útero pode levar a problemas de má formação, como a espinha bífida e anencefalia. 1.º ano de vida A alimentação, principalmente no primeiro ano de vida, é um factor determinante na saúde da criança. As fases iniciais do desenvolvimento humano são influenciadas por factores nutricionais e metabólicos, levando a efeitos de longo prazo na programação metabólica da saúde na vida adulta.

O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afecto, protecção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, económica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite, ainda, um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebé e regozijo de toda a sociedade. Se, por um lado, a sustentação do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros e acessíveis, a partir dos seis meses de vida, é de notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma criança. Nesta fase, a alimentação infantil deverá conter uma variação de ferro, proteínas e carboidratos. Ou seja, é muito importante a oferta de leite e derivados, verduras, frutas e legumes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno pode e deve ser estendido até aos dois anos de idade do bebé, sem causar nenhum problema. Mas é necessário saber intercalar entre a amamentação e as refeições sólidas. A partir do primeiro ano até aos seis anos de idade, é comum que a criança desenvolva o seu paladar e crie alguma rejeição por alguns alimentos ofertados na sua alimentação. Também é muito normal que haja uma diminuição no seu apetite. Por isso, é importante ensiná-la sobre o que acontece caso não tenham uma boa alimentação e também a valorizar os momentos das refeições. Nutrição infantil em Angola: quadro a ser invertido Se, por um lado, nos países desenvolvidos a questão da problemática da nutrição infantil passa muito pela dificuldade em convencer a aceitação da recepção do alimento por parte da criança, em alguns países de África a realidade é bastante diferente. Segundo a OMS, a subnutrição é um problema ainda muito prevalente em África e a UNICEF mostra que uma em cada três crianças com menos de cinco anos não recebe a nutrição necessária para crescer bem. A UNICEF tem apoiado o Governo de Angola na resposta à emergência, que incide essencialmente nos sectores de saúde e nutrição, água, saneamento e higiene, protecção da criança, mudança de comportamento e envolvimento comunitário. Mas o trabalho não pode parar por aqui, é necessário que se criem mais políticas de intervenção na nutrição infantil para formarmos, de facto, uma sociedade saudável, porque, no final do dia, a criança nutrida de hoje será o adulto saudável de amanhã.

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RUBRICA ENTREVISTA AMBIENTAL

AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E O ACORDO DE PARIS TEM-SE VERIFICADO, NOS ÚLTIMOS TEMPOS, VARIAÇÕES CONSIDERÁVEIS NO CLIMA DA TERRA. ESTAS DENOMINAMSE DE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E SÃO CONSEQUÊNCIA DE UM AUMENTO, ACIMA DO NORMAL, DA EMISSÃO DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA (GEE) QUE, POR SUA VEZ, LEVA A UMA SUBIDA DAS TEMPERATURAS, FENÓMENO DENOMINADO AQUECIMENTO GLOBAL.

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S

egundo o 5.º Relatório de Avaliação do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), datado de 2014, é clara a influência do ser humano nas alterações climáticas, uma vez que as emissões de gases com efeito de estufa de origem antropogénica nunca foram tão elevadas, pelo menos, nos últimos 800 mil anos. Adicionalmente, o mesmo relatório afirma que é claro o aumento da temperatura global, o que levou ao aumento da temperatura dos oceanos, à diminuição do gelo e da neve e à subida do nível médio do mar. O PANA (Plano Nacional de Adaptação de Angola) ou NAPA (National Adaptation Programme of Action) angolano, apresentado à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC), em 2011, aponta como principais desafios associados às alterações climáticas em Angola as inundações, a seca, a erosão do solo e o aumento do nível do mar. O mesmo definiu como áreas de maior vulnerabilidade as províncias de Cabinda, Bié, Moxico, Namibe, Cuando-Cubango e Cunene. Protocolo de Quioto As alterações climáticas, há algum tempo, que são motivo de preocupação e, de modo a tomar acção sobre o aumento da temperatura, os países industrializados fizeram um compromisso para limitar e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, acordo este chamado de Protocolo de Quioto. Este protocolo foi adoptado em 1997, mas entrou em acção apenas em 2005, e tinha como objectivo estabilizar as concentrações de GEE de modo a prevenir interferências

prejudiciais com o sistema climático. Mais especificamente, pretendia-se reduzir as emissões de GEE, pelo menos, 5% abaixo dos níveis verificados no ano de 1990, até ao período de 2008-2012. No final deste período, apesar dos esforços feitos, os objectivos não foram alcançados. Para além de objectivos e metas muito modestos, alguns países que não estavam abrangidos pelo protocolo contribuíram consideravelmente nas emissões globais de GEE e outros simplesmente não aderiam. Após esta primeira fase do Protocolo de Quioto, em 2012, foi feita uma revisão do mesmo, a Emenda de Doha, para abranger o período de 2013 a 2020 com metas de redução das emissões de GEE mais ambiciosas, pelo menos, 18% abaixo dos níveis do ano de 1990. No entanto, ainda antes de chegar ao final desse período, em 2015, surgiu outro tratado com o mesmo carácter de consciencialização ambiental e procura de meios práticos para a protecção ambiental, o Acordo de Paris. O que é o Acordo de Paris? O Acordo de Paris tem como objectivo assegurar uma resposta mundial frente às problemáticas associadas às alterações climáticas, através da contenção do aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C, dirigindo os esforços para 1,5°C acima da temperatura na altura préindustrial. Como referido, o acordo foi criado em 2015, na Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP21), em Paris. Apenas entrou em vigor com a ratificação, aceitação e aprovação de, pelo menos, 55 países cujas emissões de GEE representassem 55% das emissões globais, o que aconteceu em 2016. O Acordo de Paris difere do Protocolo de Quioto

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na inclusão dos países em desenvolvimento, reduzindo a acentuada distinção entre os compromissos por parte destes e por parte dos países desenvolvidos. Também não apresenta sanções tão pesadas para as partes que não cumprirem com os seus objectivos. Deste modo, há uma real resposta, a nível mundial, para a descarbonização das economias, onde a contribuição e compromisso de cada uma das partes vai ao encontro das suas condições e impactos. Adicionalmente, é um acordo que cria uma estrutura de transparência, responsabilidade e apoio aos países em vias de desenvolvimento na acção contra os efeitos nocivos das alterações climáticas e consequente redução das emissões de GEE. Este acordo teve um envolvimento político histórico, pois tem o compromisso de 191 partes (190 países e a União Europeia) num total de 197 partes presentes na convenção. A responsabilidade na acção das partes comprometidas é comum, mas diferenciada, pois depende também das capacidades de cada uma das partes envolvidas. O acordo reconhece a necessidade de se promover o acesso à energia sustentável nos países em desenvolvimento, em particular, nos africanos, através do desenvolvimento aprimorado de energias renováveis. Como funciona o Acordo de Paris? Para atingir estas metas de mitigação e adaptação aos impactos da subida da temperatura global, são necessárias transformações sociais e económicas dos países envolvidos com base na ciência disponível. O acordo pretende que se atinja o pico das emissões mundiais de GEE o mais rápido possível e, a partir daí, atingir um balanço entre as emissões e remoções. Para a sua execução, foram criados ciclos de cinco anos. Em 2020, os países apresentaram os seus NDCs (Nationally Determined Contributions ou Contribuições Nacionalmente Determinadas). Os NDCs são os planos de acção que cada país se compromete a implementar para reduzir as suas emissões de GEE e para aumentar a resiliência na adaptação aos desafios das alterações climáticas. Para além dos NDCs, os países são incentivados a apresentarem também estratégias de desenvolvimento de baixas emissões de gases com efeito de estufa de longo prazo (long-term low greenhouse gas emission development strategies – LT-LEDS). Estas LT-LEDSs não são obrigatórias. De cinco em cinco anos, os países têm de apresentar relatórios sobre as acções tomadas. O progresso é avaliado por um quadro de transparência aprimorada (enhanced transparency framework – ETF) e, com a informação colhida proveniente de cada país, é feita a avaliação

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a nível global, para aferir o progresso global (processo chamado de stocktake). A avaliação feita leva a possíveis recomendações que, por sua vez, são um incentivo a maiores esforços e à definição de planos mais ambiciosos para o tempo restante do acordo. O Acordo de Paris incentiva os países desenvolvidos a apoiarem financeira e tecnologicamente e na capacitação dos países mais vulneráveis, pois nem todos os países têm capacidade para enfrentar os desafios associados às alterações climáticas. Angola e o Acordo de Paris Angola submeteu o seu INDC (Intended Nationally Determined Contributions ou contribuições pretendidas nacionalmente determinadas) à CQNUAC, em 2015, onde se propunha a reduzir 35% das emissões de GEE, até 2030, sendo o ano de 2005 o cenário de referência, apontando como foco os sectores das energias renováveis e da reflorestação. Em 2017, Angola estabeleceu a Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas (ENAC) 2018-2030, de modo a atingir as metas definidas no acordo, isto é, o documento aponta as medidas de mitigação e de adaptação às alterações climáticas a serem implementadas em Angola. Aborda também a necessidade de capacitação e de tecnologia adequada, bem como de um plano de financiamento e da necessidade de melhoria na pesquisa, observação e análise dos cenários climáticos. Em 2020, Angola ratificou o Acordo de Paris.

Actualmente, existem já alguns projectos direccionados à seca no Sul de Angola e ao fortalecimento da capacidade dos agricultores de adaptarem-se ao clima, como é o caso do programa e acção da FRESAN (Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola), bem como está em progresso o reforço do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET) na sua capacidade de previsão e modelagem climática. E o que pode fazer? Em relação às alterações climáticas e às políticas de cada país, compete aos governos dos mesmos. No entanto, há muitas outras coisas que qualquer pessoa pode fazer, nomeadamente: • Procurar saber como reduzir a pegada ecológica para uma maior sustentabilidade no dia-a-dia, por exemplo, aplicar os cinco Rs (repensar, reduzir, reciclar, reaproveitar e recusar), sempre que possível • Obter mais informações sobre as alterações climáticas • Prestar atenção às políticas e acções desenvolvidas localmente. Estas escolhas deverão ser de todos nós, pois impactam todos. Junte-se à Ecoangola e vamos todos contribuir para a acção contra os efeitos negativos das alterações climáticas e para um desenvolvimento sustentável!

Referências bibliográficas: https://www.youtube.com/watch?v=DMGmfforM3g https://unfccc.int/kyoto_protocol https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/02/SYR_AR5_FINAL_full.pdf https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/06/SR15_Full_Report_Low_Res.pdf https://unfccc.int/sites/default/files/resource/docs/cop3/l07a01.pdf https://unfccc.int/sites/default/files/08_unfccc_kp_ref_manual.pdf https://unfccc.int/process/the-kyoto-protocol/the-doha-amendment https://sdg.iisd.org/news/doha-amendment-enters-into-force/ https://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=81&sub2ref=119&sub3ref=500 https://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=81&sub2ref=1367 https://unfccc.int/process-and-meetings/the-paris-agreement/the-paris-agreement https://ec.europa.eu/clima/policies/international/negotiations/paris_en https://unfccc.int/process-and-meetings/transparency-and-reporting/reporting-and-review-under-the-paris-agreement https://unfccc.int/topics/science/workstreams/global-stocktake-referred-to-in-article-14-of-the-paris-agreement https://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=FCCC/CP/2015/L.9/Rev.1&Lang=E https://www.nrdc.org/stories/paris-climate-agreement-everything-you-need-know https://www.un.org/en/climatechange/paris-agreement https://sustainabledevelopment.un.org/frameworks/parisagreement https://unfccc.int/process/the-paris-agreement/status-of-ratification https://unfccc.int/sites/default/files/resource/docs/2015/cop21/eng/10a01.pdf https://unfccc.int/resource/docs/napa/ago01.pdf https://unfccc.int/news/angola-submits-its-climate-action-plan-ahead-of-2015-paris-agreement https://info.undp.org/docs/pdc/Documents/AGO/ENAC%202018-2030_14082017.pdf https://fresan-angola.org/accoes-e-progresso/ https://www.verangola.net/va/pt/122020/Ambiente/23179/Pa%C3%ADs-vai-regulamentar-uso-de-fertilizantes-na-agricultura-para-mitigar-altera%C3%A7%C3%B5es-clim%C3%A1ticas.htm

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REPORTAGEM ENTREVISTA

É A MELHOR ARMA NA LUTA CONTRA KASSAI: ABALANÇO MALÁRIAPOSITIVO DO INVESTIMENTO NA INOVAÇÃO AO SERVIÇO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE kassai.ao

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A MALÁRIA É UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA EM ANGOLA E UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE NO PAÍS. REPRESENTA CERCA DE 35% DA DEMANDA DE CUIDADOS CURATIVOS, 20% DOS INTERNAMENTOS HOSPITALARES E 20% DE MORTALIDADE MATERNA, INDICADORES QUE TORNAM AINDA MAIS FUNDAMENTAL O DESENVOLVIMENTO DE ESFORÇOS ENTRE PARCEIROS PARA QUE SE ALCANCE A DESCIDA DESTAS PERCENTAGENS E A MELHORIA DO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO. É NESTE ÂMBITO QUE SOBRESSAI A MAIS-VALIA DA PLATAFORMA DE E-LEARNING KASSAI, POSICIONADA NA LINHA DA FRENTE DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E PROJECTADA PARA DESENVOLVER, DE FORMA EFICIENTE E CONVENIENTE, A CAPACIDADE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. O SEU LANÇAMENTO OFICIAL ASSINALOU-SE NO PASSADO DIA 30 DE JULHO, NO HOTEL EPIC SANA, NA CIDADE DE LUANDA.

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REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA SAÚDE

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FOI EM 2021 QUE O MINISTÉRIO DA SAÚDE LANÇOU OFICIALMENTE A PLATAFORMA KASSAI, COM INDICAÇÃO DO SEU USO, A NÍVEL NACIONAL, NO ÂMBITO DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM ANGOLA. O DESENVOLVIMENTO DESTA PLATAFORMA FOI POSSÍVEL COM O FINANCIAMENTO DA AGÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL (USAID) / INICIATIVA PRESIDENCIAL CONTRA A MALÁRIA (PMI) E COM A EXECUÇÃO DA PSI ANGOLA, EM PARCERIA COM A APPY PEOPLE.

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ctualmente, a plataforma Kassai oferece 14 cursos, distribuídos nas áreas da Malária, Saúde Sexual e Reprodutiva, Saúde MaternoInfantil e Vacinação contra a Covid-19. O desenvolvimento curricular de todos os cursos conta com uma equipa multidisciplinar, que integra diversos especialistas das áreas de saúde em questão, mas também especialistas em educação de adultos. A combinação de teoria, estudos de caso, simulações e diversas actividades interactivas faz com que o Kassai apresente uma oferta de elevada qualidade, afigurando-se como uma ferramenta de elevado potencial na melhoria dos cuidados de saúde.

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O Kassai vai mais longe. Além da oferta formativa, a plataforma disponibiliza também aplicativos que se afiguram como importantes auxiliares de trabalho. É o caso da calculadora para Artesunato Injectável. Seleccionando a via de administração — intravenosa ou intra-muscular — e indicando o peso corporal do paciente, a calculadora indica a dose a ser administrada. Este tipo de solução facilita a actividade do profissional de saúde, minimizando o tempo de cálculo e anulando a margem de erro, contribuindo, em última instância, para melhores cuidados de saúde prestados. A calculadora está inserida na plataforma e pode ser partilhada via WhatsApp, facilitando o acesso à mesma. Curioso sobre esta ferramenta? Nada como experimentar a mesma, clicando aqui: Aplicativo: Calculadora Artesunato Injectável.

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6.446 profissionais de saúde inscritos e 20.870 horas de estudo nos cursos No início de Outubo, o Kassai contava com 6.446 profissionais de saúde inscritos na plataforma. Em média, 447 novos profissionais de saúde juntam-se mensalmente ao Kassai, iniciando o seu percurso nesta dinâmica corrente de conhecimento.

No total, contabilizam-se 30.176 inscrições em cursos distribuídas pelos 14 cursos disponíveis. 19.683 foram os cursos já concluídos pelos formandos inscritos, gerando 12.846 certificados de conclusão, o que significa que as avaliações obtidas no teste final foram superiores a 80 %. Em média, 65 % dos cursos concluídos obtém uma avaliação superior a 80 %. O primeiro ano de vida do Kassai é marcado por um investimento aprofundado na área da malária, com a disponibilização de cursos noutras áreas de saúde a ocorrer a partir do segundo trimestre de 2022. Os cursos de Malária — Visão Geral e de Malária em Grávidas continuam a liderar em termos de inscrições e certificados emitidos, com 3.443 e 2.691 profissionais com aproveitamento superior a 80 %, respectivamente. Em termos de saúde reprodutiva, a formação em Contraceptivos Orais Combinados ocupa o primeiro lugar em termos dos profissionais inscritos e de certificados emitidos, que ultrapassam já os 500. A oferta e a integração de áreas de saúde O portfolio é dinâmico e pressupõemse que o mesmo cresça de forma a


manter a plataforma Kassai capaz de responder aos desafios dos profissionais de saúde. Com o apoio da USAID / PMI, o Programa Nacional de Controlo da Malária continuará a implementação do Kassai, priorizando seis províncias: Cuanza Norte, Malanje, Lunda Sul, Lunda Norte, Zaire e Uíge. Apesar do esforço na priorização das províncias mencionadas, é possível perceber, pela análise demográfica dos profissionais de saúde inscritos no Kassai, que esta plataforma é já uma realidade a nível nacional, registando inscrições prove-nientes das 18 províncias de Angola.

Também a disseminação das formações na área da saúde reprodutiva, liderada pelo Departamento de Cuidados Primários de Saúde com o apoio da USAID, continuará a ser feita e, sempre que possível, maximizando a integração de áreas de saúde. Na área da saúde reprodutiva, o Ministério da Saúde tem trabalhado de braços dados com a Associação de Ginecologistas e Obstetras de Angola, trazendo o contributo da classe e especialistas em exercício para o domínio não só da formação, mas também na criação de validação de conteúdos.

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Apesar da Malária e Saúde Reprodutiva liderarem a oferta curricular na plataforma Kassai, a expansão para outras áreas de saúde está em cima da mesa. E o lançamento do curso sobre o Caderno de Saúde Materno-Infantil, que foi financiado pela JICA, bem como o curso de Vacinação contra a Covid-19, financiado pela USAID, são exemplos da inclusão de novas áreas de saúde e diversificação do portfolio. A área da Nutrição será a próxima adição no Kassai, projectada para o final do ano de 2022. É sabido que a desnutrição nas crianças tem um impacto significativo na mortalidade infantil, podendo ainda causar danos permanentes ao desenvolvimento cognitivo de crianças e jovens, pondo em causa o seu bem-estar e produtividade enquanto adultos. É, por isso, uma das áreas-chave no âmbito do Departamento de Cuidados Primários de Saúde. O desenvolvimento do curso e a sua implementação contarão com os apoios da UNITEL, que adiciona mais um forte apoio ao Kassai além do custo zero no acesso à plataforma. Sistema de Análise Robusto A plataforma desenvolveu um sistema analítico robusto para acompanhar a taxa de sucesso dos formandos, permitindo ajustar o conteúdo do curso ao seu desempenho e às suas necessidades. O último marco alcançado neste âmbito é a integração da análise do Kassai com o DHIS2 — Sistema de Informação de Gestão da Saúde do Ministério da Saúde de Angola, ligando

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o conhecimento e desempenho dos profissionais de saúde com os resultados ao nível das unidades sanitárias. Este cruzamento de dados afigura-se como uma ferramenta de extrema importância para a tomada de decisão, a priorização de esforços e a direcção das acções.

A análise do Kassai rastreia o desempenho dos alunos por curso e dá visibilidade por profissional de saúde, unidade sanitária, município e província. Cada curso tem testes de pré e pós-avaliação para acompanhar o progresso da aprendizagem. É ainda possível, além da análise quantitativa


de aprovação / não aprovação, perceber qualitativamente quais as áreas de maior desafio e, posteriormente, incidir sobre as mesmas também no âmbito das actividades de Supervisão Formativa conduzidas pelo Ministério da Saúde. Análise de Custo-Benefício O Kassai permite duas formas de aprendizagem: auto-aprendizagem e aprendizagem combinada, usando os recursos digitais da plataforma Kassai (aulas em vídeo, questionários, pré e pós-avaliações) em sala de aula; esta última dirige-se a profissionais de saúde com menor acesso à internet e menor domínio da tecnologia. Uma análise de custo-benefício comparou a (1) formação tradicional em sala de aula, (2) a auto-aprendizagem Kassai e (3) a aprendizagem combinada Kassai, concluindo que (a) a auto-aprendizagem Kassai mostra-se 13 vezes mais rentável do que a formação em sala de aula e (b) a aprendizagem combinada é duas vezes mais rentável do que a formação em sala de aula, apesar dos custos inerentes à criação da plataforma Kassai. A unidade de medida subjacente às conclusões do presente estudo é o custo por formando bemsucedido. Utilizando os dados de base de 2020, o custo, eficácia e custobenefício foram estimados para 2021 – 2025. Os custos médios e marginais foram estimados utilizando a abordagem dos ingredientes e incluíram pessoal, sub-contratação, aluguer de sala, alojamento, transporte, ajudas de custo, equipamento, taxas e outros custos. A eficácia foi medida como o número e a proporção de profissionais de saúde que completaram com sucesso a formação (pontuação > 75% no teste pós avaliação). As taxas de conclusão presumidas foram baseadas nos registos disponíveis desde 2017 (sala de aula: 42 %; auto-aprendizagem: 50 %; combinada: 80 %). "Análise de Custo-Benefício de Três Métodos para Formar Profissionais de Saúde em Angola: formação em sala de aula, auto-aprendizagem e aprendi-

zagem combinada" (Henrik Axelson1, Luis Bolanos2, Anya Fedorova2, Alex Ergo1, Jose Franco Martins3) é o tema da comunicação apresentada no Encontro Anual da Sociedade Americana para Higiene e Medicina Tropical (ASTMH 2022). A apresentação de um poster num dos principais eventos internacionais na área da saúde pública afigura-se como uma oportunidade importante para afirmar os passos inovadores dados a nível nacional, abrindo portas à expansão internacional do Kassai.

Com o apoio da UNITEL, toda a plataforma é acessível a custo zero. Basta aceder a www.kassai.ao e, mesmo sem saldo de dados, o formando consegue aceder à plataforma e realizar a sua formação. Desde o seu início, em 2021, formandos no Kassai investiram mais de 20.870 horas de estudo nos cursos — equivalente a 869 dias, 14 horas e 48 minutos — usufruindo do acesso gratuito à internet para aceder e usar a plataforma. A oferta de cursos continua a crescer e cada vez mais cursos vão estar disponíveis e à distância de apenas um click. Já conhece o Kassai? Vá a www.kassai.ao e inicie a sua viagem nesta corrente de conhecimento.

Population Services International, USA; U.S. President’s Malaria Initiative, Health For All Project, Population Services International, Angola; 3 National Malaria Control Program, Angola. 1

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PERSPECTIVA

SAÚDE DO CORAÇÃO Dra. Márcia Barros Rocha AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES SÃO UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTALIDADE NO MUNDO. SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), SÃO RESPONSÁVEIS POR MAIS DE 70% DOS ÓBITOS REGISTADOS. DEVIDO À SUA GRAVIDADE, CADA VEZ MAIS PESSOAS TÊM PROCURADO FORMAS DE EVITAR PROBLEMAS CARDÍACOS PARA GARANTIR UMA VIDA SAUDÁVEL, NO PRESENTE E NO FUTURO.

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Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, Angola. Especialista em Cardiologia pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, Portugal.


A

avaliação e o acompanhamento por um Cardiologista são de extrema importância para evitar doenças cardiovasculares. A assistência por um profissional ajuda na identificação de doenças silenciosas pré-existentes, como a Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus e Dislipidemia, e no acompanhamento e orientação das doenças cardiovasculares (DCV) já estabelecidas. Ao longo das últimas décadas, foram identificados importantes factores de risco para DCV. A forma mais importante de prevenção para as DCV, e garantir a saúde do coração, é promover um estilo de vida saudável, ao longo da vida, especialmente não fumar. Passarei a citar algumas medidas que contribuem para a “saúde do coração”: Cessação do tabagismo O tabagismo é um factor de risco que depende apenas do indivíduo, cada pessoa é que decide se vai ou não fumar. O tabagismo aumenta o risco de muitas doenças graves, um exemplo é o Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM). A probabilidade de um indivíduo que fuma vir a ter um EAM é 30% maior quando comparado a uma pessoa que não fuma. Um fumador vitalício tem uma probabilidade de 50% de morrer devido ao tabagismo e, em média, perderá 10 anos de vida. A cessação do tabagismo é, potencialmente, a mais eficaz de todas as medidas preventivas, com reduções

substanciais de EAM ou ganhos em anos de vida livres de DCV. Controlo dos níveis tensionais Vários estudos demonstraram que a Hipertensão Arterial é um dos principais factores de risco para DCV, particularmente Insuficiência Cardíaca, representando milhões de mortes e incapacidade global ajustada aos anos de vida. A Hipertensão Arterial é um factor de risco para o desenvolvimento de Doença Coronária, Insuficiência Cardíaca, Doença Cerebrovascular, Doença Renal Crónica e Fibrilação Auricular. Daí a importância do controlo dos níveis tensionais, que pode ser feito através de mudanças no estilo de vida (como dieta hipossalina, redução de consumo de álcool, redução do peso, prática de exercício físico, entre outras medidas) ou através de terapêutica anti-hipertensiva. Controlo do colesterol Evidências confirmam que o principal evento de início da aterogénese é a retenção de LDL e

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outras lipoproteínas ricas em colesterol dentro da parede arterial. O papel causal do LDL no desenvolvimento da DCV está bem estabelecido por estudos genéticos, observacionais e interventivos. A redução de LDL está associada a um menor risco de DCV, independentemente do ou dos fármacos utilizados para atingir esse objectivo. Mesmo uma pequena redução absoluta do LDL pode ser benéfica num doente de alto ou muito alto risco. Esse objectivo pode ser conseguido através do uso de fármacos, associado a uma dieta equilibrada e prática de exercício físico. Alimentação saudável/equilibrada Alimentação equilibrada consiste na alimentação variada, constituída por hidratos de carbono, legumes, verduras, frutas, carnes, peixes, leite e derivados. É comum ver algumas pessoas substituindo refeições naturais/saudáveis por alimentos industrializados ou ultraprocessados, sob a justificativa de serem mais práticos, o que não é recomendado se desejarmos evitar doenças cardiovasculares, a longo prazo. Uma dica para uma alimentação equilibrada consiste em variar o tipo de fruta, legumes e verduras, dê preferência a frutas, legumes e verduras crus e procure combinar verduras e legumes de maneira que o prato fique colorido, garantindo, assim, diferentes nutrientes. Consuma diariamente leite e derivados e uma porção de carne, peixe ou ovos. Procure comer peixe fresco, pelo menos, duas vezes por semana. Reduza o consumo de açúcar, evite alimentos com alto teor de açúcar, como bolos, bolachas e outros doces e bebidas açucaradas. Diabetes Mellitus e pré-diabetes são factores de risco independentes para DCV, aumentando o risco em aproximadamente duas vezes. Reduza o consumo de sal, o consumo excessivo de sal aumenta o risco de Hipertensão Arterial, importante factor de risco para as DCV. Evite consumir alimentos industrializados com alto teor de sal (sódio). É recomendado uma ingestão de sal inferior a 5g por dia. Prática de actividade física regular Actividade física regular é fundamental no combate à Hipertensão Arterial, no controlo da Diabetes Mellitus, contribui para perda de peso, juntamente

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com uma dieta equilibrada, de entre outros benefícios para o sistema cardiovascular. É recomendado um mínimo de 30 minutos por dia de actividade física moderada, no mínimo, três vezes por semana, de forma regular e constante. Redução de peso e manutenção de um peso corporal ideal Ao longo das últimas décadas, o índice de massa corporal (IMC) aumentou substancialmente em todo o mundo, em crianças, adolescentes e adultos. Estudos sugerem uma relação linear entre o IMC e a mortalidade. A mortalidade por todas as causas é mais baixa em indivíduos com IMC entre 20-25 kg/ m2 em pessoas aparentemente saudáveis. É importante controlar também o tamanho da circunferência abdominal, que nas mulheres não deve ultrapassar os 80 centímetros e nos homens 94 centímetros. Consumo moderado de álcool O consumo exagerado de álcool aumenta o risco de doenças cardiovasculares, principalmente, a insuficiência cardíaca, daí a importância do consumo moderado de álcool. Consumo moderado equivale a um limite superior seguro de bebidas alcoólicas de cerca de 100g de álcool por semana. A forma como esse valor se vai traduzir em número de bebidas depende do tamanho da porção, cujos padrões diferem por país, variando entre 8 e 14g por bebida. Redução do stresse Grandes estudos têm demonstrado que o stresse crónico se associa a um risco elevado para várias doenças, incluindo DCV. O stresse é reconhecido como um factor contribuinte tanto para o desenvolvimento como para a progressão da DCV, como doença coronária, AVC, Fibrilação Auricular e outras apresentações de DCV. O stresse crónico também promove factores de risco cardiovasculares, indivíduos com stresse são mais propensos a aumento marginal do tabagismo, uso excessivo de álcool, redução de actividade física e mais susceptíveis a terem uma dieta menos saudável.


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ÁCIDO GORDO ÓMEGA-3 VEGETAL BENÉFICO PARA O CORAÇÃO O ÁCIDO ÓMEGA-3 DE ORIGEM VEGETAL É BENÉFICO PARA AS PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, INDICA UM ESTUDO DE INVESTIGADORES ESPANHÓIS PUBLICADO NUMA REVISTA CIENTÍFICA NORTE-AMERICANA SOBRE CARDIOLOGIA.

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nvestigadores do Hospital Germans Trias i Pujol e do Instituto de Investigação Médica Hospital do Mar, na Catalunha, em Espanha, publicaram um estudo no Journal of the American College of Cardiology onde analisam o ácido gordo ómega-3 que se encontra em alimentos de origem vegetal, como o óleo de linhaça, a quinoa, as nozes, os espinafres, os brócolos e os cogumelos. No âmbito da investigação, foram analisadas amostras de sangue de 902 pacientes com insuficiência cardíaca, seguidos durante três anos. Dieta adequada A insuficiência cardíaca vai piorando gradualmente, podendo ser controlada com medicação, assim como com uma dieta adequada. O estudo concluiu que as pessoas com níveis

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baixos do ácido ómega-3 vegetal e que sofrem daquela patologia apresentam um maior risco, de quase 40 %, de serem hospitalizadas e de morrer. Para o Prof. Dr. Antoni Bayés-Genís, director clínico do Instituto do Coração do Hospital Germans Trias e co-investigador principal, a relevância do estudo “é fornecer evidências sobre um factor modificável do estilo de vida, o dietético, que está relacionado com uma menor mortalidade e necessidade de admissão hospitalar no contexto de insuficiência cardíaca. Este é um primeiro passo para fornecer aos cardiologistas uma nova estratégia,segura, barata e acessível, que permite melhorar a qualidade de vida daqueles doentes”.


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RUBRICA DA ENTREVISTA FELICIDADE

O QUE VEIO PRIMEIRO, O OVO OU A GALINHA? A FELICIDADE OU O SUCESSO?

Dr. Cláudio Osório Co-founder & Head of Experience Design da empresa OKU HUMAN. Licenciado em Psicologia Aplicada e Mestre em Psicologia Social e das Organizações pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Chief Hapiness Officer pela Happiness Business School.

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SOCIALMENTE, FOMOS EDUCADOS PARA PRESUMIRMOS QUE EXISTE UMA CORRELAÇÃO FIDEDIGNA ENTRE O SUCESSO E A FELICIDADE. MAS, AFINAL, SERMOS BEM-SUCEDIDOS É QUE O NOS FAZ FELIZES OU SERMOS FELIZES É SINÓNIMO DE TERMOS SUCESSO NA VIDA. E O QUE REALMENTE SIGNIFICA, NESTA CONTEMPORANEIDADE AMBÍGUA, O SUCESSO? E A FELICIDADE, SERÁ MESMO UM DOS NOVOS TESOUROS LENDÁRIOS E MAIS UM SUPERALIMENTO PARA A ETERNA (IN)SEGURANÇA HUMANA?

omecemos pelo sucesso. “Trabalha muito, ganha muito dinheiro, terás poder e sucesso e, então, serás feliz”. Esta é a fórmula social que nos foi transmitida através da nossa educação familiar. Esta sabedoria de que só com sucesso somos felizes está culturalmente enraizada nas mais diversas instituições sociais, nas nossas crenças populares e nas narrativas ficcionais. No entanto, para muitos de nós, tanto o sucesso como a felicidade permanecem perpetuamente fora do alcance. Será que esta “fórmula” que nos é tão familiar está incorrecta? E se a pensarmos no seu inverso? Segundo Gilbert (2010), “a felicidade é o objectivo final de praticamente todas as decisões que tomamos na vida”. O professor de Psicologia em Harvard defende que a medida para uma boa decisão depende se essa decisão nos traz prazer, sensação de bem-estar, felicidade ou contentamento. A verdade é que a felicidade é vista, muitas vezes, como um conceito subjectivo pela sua ardilosa mensuração e o sucesso é habitualmente definido extrinsecamente e naturalmente construído por comparação aos outros. Tal como o sucesso, a felicidade (no seu ideal utópico comummente conhecido) é uma construção social e um produto exacerbado da modernidade capitalista e da nova ditadura digital. A felicidade, como outras emoções, não é algo que se obtenha (ou que se compre), mas, sim, um estado no qual habitamos e em que acreditamos. A aceitação sem auto expectativas da individualidade de cada um e o assumir intrínseco das nossas crenças, escolhas e estados emocionais são o início da construção de uma vivência de bem-estar. Esta aceitação própria está directamente relacionada com uma auto-percepção mais sólida, uma capacidade mais eficaz de

enfrentarmos os desafios e os riscos, uma avaliação mais positiva da vida e, logo, uma geração de menos emoções negativas e mais positivas. Serão, então, a resiliência e a determinação os elementoschave da equação do sucesso? “Ter uma mentalidade construtiva envolve entendermos que assumirmos os riscos apropriados poderá, por vezes, levar-nos ao fracasso. A diferença, porém, está em como uma pessoa com mentalidade construtiva se define e como é que recupera dos fracassos” (Dweck, 2016, p. 245). Esta mentalidade só é possível quando adoptamos uma postura optimista para continuarmos, mesmo quando os tempos são difíceis e mesmo quando experienciamos frustração. O segredo está em mantermos essa perseverança por um longo período de tempo. Dito isto, quem vem primeiro, o ovo ou a galinha? A felicidade ou o sucesso? Não sei. Estou, sim, certo de que sermos autênticos e genuínos para nós mesmos, antes de tentarmos sê-lo para os outros, e que descobrirmos a vontade de ingressarmos intrinsecamente num projecto de autoconhecimento poderão aumentar a probabilidade de atingirmos uma maior sensação de bem-estar pessoal e profissional, sem estarmos eternamente prisoneiros das expectativas individuais, sociais e organizacionais.

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ANÁLISE

PRINCIPAIS CAUSAS DE PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL NO LOCAL DE TRABALHO

NA ERA PÓS-COVID, MUITAS EMPRESAS ADOPTARAM O TRABALHO REMOTO, OU O TRABALHO HÍBRIDO, O QUE PODE AUMENTAR OS NÍVEIS DE STRESSE E DEIXAR OS COLABORADORES MAIS VULNERÁVEIS A PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL. DE ACORDO COM UM INQUÉRITO DA FUNDAÇÃO PARA A SAÚDE MENTAL, 57% DOS PROFISSIONAIS TEM ESTADO MAIS STRESSADO E ANSIOSO, DESDE QUE A PANDEMIA COMEÇOU, EM 2020.

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C

omo tal, os empregadores precisam de ser proactivos e manter-se atentos aos sinais de problemas de saúde mental, mesmo que os seus funcionários estejam a trabalhar remotamente. A Robert Walters, consultora global de recrutamento e selecção, listou as principias causas dos problemas de saúde mental. Isolamento no teletrabalho Quando os empregados não conseguem comunicar no trabalho, podem sentir-se isolados ou excluídos. Os trabalhadores remotos são mais propensos a sofrer efeitos negativos no bem-estar mental devido à falta de conexão humana e à solidão de trabalhar remotamente. Falta de suporte Os profissionais júnior de um escritório ou as novas contratações podem experimentar quadros de stresse e pressão de forma diferente dos colaboradores mais experientes. Trabalhar remotamente cria outro obstáculo no acesso ao suporte, especialmente quando os pontos de contacto ou mentores não foram formalizados. Ter um mentor é uma óptima maneira de reduzir a tensão sentida por profissionais mais vulneráveis. Burnout e carga de trabalho De acordo com pesquisas realizadas durante a pandemia, as pessoas trabalham, em média, 28 horas extra por mês em trabalho remoto. Para aqueles que sofrem de um problema de saúde mental a longo prazo, o stresse crónico não tratado é um factor decisivo para a exaustão emocional. O fraco equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, o aumento da carga de trabalho e a pressão são factores que contribuem para o esgotamento emocional no local de trabalho, tornando os trabalhadores remotos mais susceptíveis aos seus efeitos nestes tempos difíceis. Baixo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal No teletrabalho ou no trabalho presencial, as longas horas de trabalho podem afectar a capacidade de um colaborador passar tempo com a sua família, usufruir de tempo livre e até mesmo dormir. Alguns profissionais podem

considerar difícil encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal sem separação física entre o trabalho e a vida doméstica, especialmente profissionais com crianças em idade escolar. Estigma Os colaboradores podem sentir-se confortáveis em tirar férias ou reduzir a sua carga de trabalho quando sofrem de um problema de saúde física. Mas muitos empregados com distúrbios de saúde mental podem sofrer em silêncio por medo ou retaliação. 92% das pessoas com problemas de saúde mental acredita que admitir este problema no local de trabalho prejudicaria a sua carreira. Pouca auto-estima profissional Os colaboradores com falta de confiança no trabalho são propensos à síndrome do impostor: a sensação esmagadora de que não merece o seu sucesso ou não acredita que deve pedir mais. Esta ansiedade pode tornar-se mais aguda em situações incertas e profissionalmente exigentes, onde os colaboradores precisam de assumir a responsabilidade e tomar decisões críticas de negócio, aumentando os níveis de stresse. Falta de valor Os empregados que se sentem subvalorizados no local de trabalho são, provavelmente, mais desmotivados. Isto pode acontecer devido à falta de voz dentro da equipa, pouca influência nas decisões que afectam directamente as suas actividades ou a crença de que a sua remuneração não é um reflexo justo do seu trabalho. É importante que os gestores estejam atentos aos sinais de burnout nas suas equipas, para que possam oferecer o apoio necessário, especialmente quando assistimos a uma fase em que predomina o trabalho remoto em muitas empresas.

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ANÁLISE

DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS MATAM 41 MILHÕES DE PESSOAS POR ANO AS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, TAMBÉM CONHECIDAS COMO DOENÇAS CRÓNICAS, TENDEM A SER DE LONGA DURAÇÃO E RESULTAM UMA COMBINAÇÃO DE FACTORES GENÉTICOS, FISIOLÓGICOS, AMBIENTAIS E COMPORTAMENTAIS. DOENÇAS CARDIOVASCULARES (COMO ATAQUES CARDÍACOS E ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS), CANCROS, DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÓNICAS (COMO A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA E ASMA) E DIABETES SÃO AS PRINCIPAIS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS. ESTAS AFECTAM DESPROPORCIONALMENTE AS PESSOAS NOS PAÍSES DE BAIXO E MÉDIO RENDIMENTOS, ONDE OCORREM MAIS DE TRÊS QUARTOS DAS MORTES GLOBAIS (31,4 MILHÕES).

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e acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados no passado mês de Setembro, pessoas de todas as faixas etárias, regiões e países são afectadas por doenças não transmissíveis. A cada dois segundos, uma pessoa com menos de 70 anos morre de uma destas doenças. Estas patologias são impulsionadas por factores que incluem a rápida urbanização não planeada, a globalização de estilos de vida pouco saudáveis e o envelhecimento da população. Dietas pouco saudáveis e falta de actividade física podem reflectir-se na forma de hipertensão arterial, aumento dos níveis de glicose no sangue, colesterol e obesidade. São os chamados factores de risco metabólicos e podem levar às doenças cardiovasculares, a principal doença não transmissível em termos de mortes prematuras. Impacto socioeconómico De facto, os comportamentos modificáveis aumentam o risco. O tabaco é responsável por mais de oito milhões de mortes por ano (incluindo os efeitos da exposição passiva). 1,8 milhões de mortes anuais foram atribuídas ao excesso de ingestão de sal e 830 mil devem-se a actividade física insuficiente. Estas doenças ameaçam progresso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que inclui o objectivo de reduzir em um terço a probabilidade de morte por qualquer um dos quatro principais grupos de doenças crónicas em pessoas entre os 30 e os 70 anos. Todos os anos, 17 milhões de pessoas morrem de uma doença não transmissível antes dos 70 anos. Destas mortes prematuras, estima-se que 86% ocorra em países de baixo e médio rendimento. As doenças não transmissíveis matam 41 milhões de pessoas por ano, o equivalente a 74% de todas as mortes a nível global. As doenças cardiovasculares matam 17,9 milhões de pessoas, seguidas pelos cancros (9,3 milhões), doenças respiratórias crónicas (4,1 milhões) e diabetes (dois milhões, incluindo mortes por doença renal causada pela diabetes). Estes quatro grupos de doenças são responsáveis por mais de 80% de todas as mortes prematuras por doenças não transmissíveis.


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