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ANGOLA NO GRUPO DOS 30 PAÍSES COM MAIS CASOS DE TUBERCULOSE, A NÍVEL MUNDIAL
A TUBERCULOSE CONTINUA A SER UMA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS MAIS MORTAIS EM TODO O MUNDO. TODOS OS DIAS, CERCA DE 4.400 PESSOAS PERDEM A VIDA E CERCA DE 30 MIL ADOECEM COM ESTA DOENÇA CAUSADA PELA BACTÉRIA MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS, QUE MAIS FREQUENTEMENTE AFECTA OS PULMÕES. MAS A TUBERCULOSE É EVITÁVEL E CURÁVEL. CERCA DE 85% DAS PESSOAS QUE DESENVOLVEM A DOENÇA PODE SER TRATADO COM QUATRO A SEIS MESES DE MEDICAÇÃO. CONTUDO, AS BARREIRAS ECONÓMICAS PODEM AFECTAR O ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE, AO DIAGNÓSTICO E À CONCLUSÃO DO TRATAMENTO E CERCA DE METADE DOS PACIENTES ENFRENTA CUSTOS ELEVADOS DEVIDO À DOENÇA. O AVANÇO EM DIRECÇÃO À COBERTURA DE SAÚDE UNIVERSAL, A MELHORES NÍVEIS DE PROTECÇÃO SOCIAL E A ACÇÃO MULTISSECTORIAL SOBRE OS DETERMINANTES MAIS AMPLOS DA TUBERCULOSE SÃO ESSENCIAIS PARA REDUZIR A CARGA DA DOENÇA, QUE TEM EM ANGOLA UM DOS 30 PAÍSES COM MAIS CASOS REPORTADOS, A NÍVEL MUNDIAL.
Mianmar, Namíbia, Nigéria, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas, Serra Leoa, África do Sul, Tailândia, Uganda, República Unida da Tanzânia, Vietname e Zâmbia.
África
Amaioria das pessoas que desenvolve tuberculose são adultos. Em 2021, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, os homens representavam 56,5% dos casos, as mulheres 32,5% e as crianças 11%. Muitos casos novos de tuberculose são atribuíveis a cinco factores de risco: subnutrição, infecção pelo VIH, transtornos relacionados ao uso de álcool, tabagismo e diabetes. Embora exista tuberculose em todas as partes do mundo, 30 países têm maiores índices. São eles Angola, Bangladesh, Brasil, República CentroAfricana, China, Congo, República Popular Democrática da Coreia, República Democrática do Congo, Etiópia, Gabão, Índia, Indonésia, Quénia, Lesoto, Libéria, Mongólia, Moçambique,
A taxa anual de diminuição da tuberculose na África subsaariana é de 4%, o dobro da global, mas a região pode falhar a meta de acabar com as mortes pela doença se não intensificar esforços. O alerta da OMS aconteceu no Dia Mundial da Tuberculose, que se assinalou a 24 de Março, com a directora regional da OMS para África, Dra. Matshidiso Moeti, a enaltecer os progressos, mas a lembrar as metas. “Os países africanos têm feito progressos notáveis. A questão já não é se podemos acabar com a tuberculose, mas sim a rapidez com que devemos agir para reduzir o fardo da doença”, disse.
A TAXA ANUAL DE DIMINUIÇÃO DA TUBERCULOSE NA ÁFRICA
SUBSAARIANA É DE 4%, O DOBRO DA GLOBAL, MAS A REGIÃO PODE FALHAR
A META DE ACABAR COM AS MORTES
PELA DOENÇA SE NÃO INTENSIFICAR OS ESFORÇOS. O ALERTA DA OMS
ACONTECEU NO DIA MUNDIAL DA TUBERCULOSE, QUE SE ASSINALOU
A 24 DE MARÇO, COM A DIRECTORA REGIONAL DA OMS PARA ÁFRICA, DRA.
MATSHIDISO MOETI, A ENALTECER OS PROGRESSOS, MAS A LEMBRAR AS METAS
Para atingir o objectivo da OMS de reduzir os casos em 50% e as mortes em 75% até 2025, a partir dos dados de 2015, a taxa anual de declínio tem de atingir os 10%, sendo necessárias mais acções para alcançar um mundo sem tuberculose até 2035, adverte a Organização Mundial da Saúde. Contudo, o continente africano enfrenta obstáculos, como o acesso limitado aos serviços de saúde e infraestruturas sanitárias, qualidade dos cuidados, recursos médicos e financeiros e cobertura social inadequados.
A OMS também lamenta o subinvestimento em programas de combate à doença por parte dos Governos. Dos estimados 3,9 mil milhões de dólares necessários, entre 2018 e 2021, para responder à tuberculose na Região Africana da OMS, que inclui 47 países subsaarianos e a Argélia, apenas 977 milhões de foram angariados.
Tuberculose em Angola – fazer uma espécie de infografia
Existe ainda um fosso significativo entre os casos estimados e os detectados, com 40% das infecções não identificadas ou não diagnosticadas em 2021. No entanto, o continente africano também obteve recentemente alguns ganhos importantes, incluindo uma redução de 26% nas mortes por tuberculose, entre 2015 e 2021. Além disso, os países africanos estão a utilizar cada vez mais as indicações e ferramentas recomendadas pela OMS, o que permitiu, por exemplo, que a percentagem de pacientes com tuberculose submetidos a um teste de diagnóstico rápido aumentasse de 34% em 2020, para 43% em 2021. “A nossa região ainda sofre de uma taxa de tuberculose inaceitavelmente elevada. Sem esforços conjuntos fortes, esta doença tratável e evitável continuará a ser uma séria ameaça à saúde pública”, concluiu a Dra. Matshidiso Moeti.
População (2021) – 35 milhões
Mortes por tuberculose 2021 vs. 2015 – menos 15%
Incidência 2021 vs. 2015 – menos 11%
Tuberculose em Angola
Número de mortes por tuberculose 2021 - 20.800 (1 pessoa a cada 25 minutos)
POPULAÇÃO (2021)
35 milhões
NÚMERO DE MORTES
POR TUBERCULOSE 2021
20.800 (1pessoa a cada 25 minutos)
MORTES POR TUBERCULOSE 2021 vs. 2015
15% menos
INCIDÊNCIA (2021 vs. 2015)
11% menos
Angola
De acordo com as estimativas da OMS, a região africana contabiliza 23% dos casos da doença, a nível mundial, e mais de 33% das mortes. Angola tem uma incidência anual de tuberculose estimada em 202 casos por cada 100 mil habitantes e notificou cerca de 63 mil casos em 2022, segundo a organização não governamental (ONG) Anaso - Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias.
Na sua mensagem sobre o Dia Mundial da Tuberculose, a ONG referiu que a faixa etária entre os 15 e os 39 anos é a mais afectada pela doença, que é considerada a terceira causa de morte no país, depois da malária e dos acidentes rodoviários. Segundo dados da OMS, em 2021, em Angola, foram estimadas 51 mortes por cada 100 mil habitantes.
De acordo com a Anaso, em Angola, a taxa de abandono dos tratamentos é elevada e a taxa de co-infecção VIH/ tuberculose está estimada em 12%.
O acesso aos serviços de saúde é especialmente difícil para pessoas de baixa renda em áreas rurais, que gastam uma parte considerável do seu rendimento com despesas relacionadas com a sua saúde.
Recentemente, o Ministério da Saúde, através da Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP), desenvolveu uma série de acções para reforçar a atenção aos doentes com tuberculose, entre as quais uma marcha de sensibilização à causa, que visou encerrar as actividades no quadro do Dia Mundial da Tuberculose. Para a promoção da prevenção da saúde e do alcance do acesso ao diagnóstico e tratamento precoces da doença, os profissionais de saúde saíram às ruas para marcharem contra a tuberculose. A marcha contou com a participação do Secretário de Estado para Saúde Pública, Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, que destacou a necessidade de se acelerar a luta contra a doença, colocando as pessoas no centro da actuação, com uma abordagem inovadora, transversal e multissectorial. Este ano, o lema escolhido pela OMS e assumido também por Angola é “Sim! Podemos acabar com a Tuberculose”.