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1 EM CADA 100 CRIANÇAS TEM AUTISMO
Os transtornos do espectro do autismo (TEA) são um grupo de diversas condições e caracterizam-se por algum grau de dificuldade na interacção social e na comunicação. Outras características são padrões atípicos de actividade e comportamento, como, por exemplo, a dificuldade em passar de uma actividade para outra, grande atenção aos detalhes e reacções incomuns às sensações.
O DIA MUNDIAL DA CONSCIENCIALIZAÇÃO DO AUTISMO É ASSINALADO, TODOS OS ANOS, A 2 DE ABRIL. TAMBÉM CHAMADO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, TRATA-SE DE UM GRUPO DE DIVERSAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO DESENVOLVIMENTO CEREBRAL. AS CARACTERÍSTICAS PODEM SER DETECTADAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA, MAS, MUITAS VEZES, O AUTISMO SÓ É DIAGNOSTICADO
MUITO MAIS TARDE. DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), CERCA DE UMA EM
CADA 100 CRIANÇAS TEM AUTISMO.
JÁ SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO
DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ACREDITA-SE QUE EXISTAM MAIS DE 70 MILHÕES DE PESSOAS COM AUTISMO.
As capacidades e necessidades das pessoas com autismo variam e podem evoluir ao longo do tempo. Embora algumas possam viver de forma independente, existem outras que necessitam de cuidados e apoio constantes ao longo da vida. O autismo influencia frequentemente a educação e as oportunidades de emprego. Além disso, coloca exigências consideráveis às famílias que prestam cuidados e apoio.
As pessoas com autismo geralmente têm comorbilidades, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de défice de atenção e hiperactividade, e comportamentos problemáticos, como dificuldade para dormir e automutilação. O nível intelectual varia muito de caso para caso, desde a deterioração profunda até casos com altas habilidades cognitivas.
Epidemiologia e causas
A OMS estima que, em todo o mundo, uma em cada 100 crianças tenha autismo. Esta estimativa representa um valor médio, uma vez que a prevalência observada varia consideravelmente. No entanto, alerta, alguns estudos bem controlados registaram números significativamente mais elevados.
A prevalência do autismo em muitos países de baixa e média renda é, até agora, desconhecida.
O autismo foi descrito, pela primeira vez, em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, no artigo “Autistic disturbance of affective contact”, publicado na revista “Nervous Child”. No mesmo ano, Hans Asperger descreveu, na sua tese de doutoramento, a psicopatia autista da infância. Nas décadas de 50/70, o psicólogo Bruno Bettelheim afirmou que a causa seria a indiferença da mãe. Já durante os anos 70, esta teoria foi rejeitada, com a busca de causas que provocassem a doença.
A dificuldade em saber quais os factores que influenciam o aparecimento do autismo deve-se ao facto de nem todas as alterações estarem presentes em todos os autistas. As evidências científicas hoje disponíveis indicam a existência de múltiplos factores, incluindo genéticos e ambientais, que tornam mais provável que uma criança possa ter autismo.
“Os dados epidemiológicos disponíveis demonstram conclusivamente que não existe evidência de uma relação causal entre o autismo e a vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola. Estudos anteriores que apontavam para uma relação causal estavam repletos de erros metodológicos”, sublinha a OMS.
Também não há evidências de que outras vacinas infantis possam aumentar o risco de autismo.
SEGUNDO A ONU, ACREDITASE QUE EXISTAM MAIS DE 70 MILHÕES DE PESSOAS COM AUTISMO, CONDIÇÃO
PERMANENTE, OU SEJA, NÃO TEM CURA, E CUJA INCIDÊNCIA É MAIOR NOS RAPAZES, TENDO UMA
RELAÇÃO DE QUATRO
RAPAZES PARA CADA RAPARIGA
Segundo a ONU, acredita-se que existam mais de 70 milhões de pessoas com autismo, condição permanente, ou seja, não tem cura, e cuja incidência é maior nos rapazes, tendo uma relação de quatro rapazes para cada rapariga.
Geralmente, o diagnóstico é realizado entre os dois e três anos de idade e pressupõe que a criança deva apresentar alterações nas três áreas que esta síndrome afecta: interacção social, alteração comportamental e alterações na comunicação. Uma vez diagnosticado o autismo, é importante que a criança ou adolescente e a sua família recebam informações relevantes e sejam encaminhados para especialistas.
A OMS ESTIMA QUE, EM TODO O MUNDO, UMA EM CADA 100 CRIANÇAS TENHA AUTISMO. ESTA ESTIMATIVA REPRESENTA UM VALOR MÉDIO, UMA VEZ QUE A PREVALÊNCIA OBSERVADA VARIA CONSIDERAVELMENTE. NO ENTANTO, ALERTA, ALGUNS ESTUDOS BEM CONTROLADOS REGISTARAM NÚMEROS SIGNIFICATIVAMENTE MAIS ELEVADOS. A PREVALÊNCIA DO AUTISMO EM MUITOS PAÍSES DE BAIXA E MÉDIA RENDA É ATÉ AGORA DESCONHECIDA
As necessidades de cuidados de saúde das pessoas com autismo são complexas e requerem serviços integrados, abrangendo a promoção, cuidados e reabilitação da sua saúde.
Direitos humanos
Todas as pessoas, incluindo as com autismo, têm direito ao gozo do mais elevado nível possível de saúde física e mental. No entanto, as pessoas com autismo estão frequentemente sujeitas a estigma e discriminação, incluindo a privação injusta de cuidados de saúde, educação e oportunidades de participar nas suas comunidades. “As pessoas com autismo têm os mesmos problemas de saúde que o resto da população, mas também podem ter outras necessidades de cuidados especiais relacionadas com o autismo ou outras comorbilidades. Podem ser mais vulneráveis a doenças crónicas não transmissíveis, devido a factores de risco como a inactividade física ou más preferências alimentares, e correm um maior risco de violência, lesões e abuso”, alerta a OMS. Como todos os outros indivíduos, as pessoas com autismo necessitam de serviços de saúde acessíveis às suas necessidades gerais de cuidados de saúde, particularmente serviços para a promoção, prevenção e tratamento de doenças agudas e crónicas. “No entanto, em comparação com o resto da população, têm necessidades de cuidados de saúde mais negligenciadas e são também mais vulneráveis em caso de emergência humanitária. Um obstáculo frequente reside no conhecimento insuficiente e nos equívocos que os profissionais de saúde têm sobre o autismo”
Consciencialização
O Dia Mundial da Consciencialização do Autismo foi estabelecido pela ONU, em 2007, e é mundialmente celebrado a 2 de Abril. A data é assinalada pela iniciativa “Light it up Blue” (ilumine a azul ou acenda uma luz azul) do projecto Autism Speaks, cujo objectivo consiste em que, em todo o mundo, sejam iluminados a azul o maior número possível de museus, monumentos e edifícios públicos ou com valor relevante.
Em Maio de 2014, a 67.ª Assembleia Mundial da Saúde adoptou a resolução intitulada “Acções abrangentes e coordenadas para gerir as perturbações do espectro do autismo”, que contou com o apoio de mais de 60 países. A resolução insta a OMS a trabalhar com os Estados-Membros e as agências parceiras para reforçar as capacidades nacionais para enfrentar o TEA e outros desafios de desenvolvimento.
O Plano de Acção Global da OMS para a Saúde Mental 2013-2030 e a Resolução WHA73.10 da Assembleia Mundial da Saúde apelam aos países para que colmatem as actuais lacunas na detecção precoce, nos cuidados, no tratamento e na reabilitação das perturbações mentais e das perturbações do neurodesenvolvimento. Estas incluem o autismo.
A resolução insta igualmente os países a darem resposta às necessidades sociais, económicas, educativas e de inclusão das pessoas com perturbações mentais e outras perturbações neurológicas, bem como das suas famílias, e a melhorarem a monitorização e a investigação pertinentes.