Tecnosaúde #7 - Julho/Agosto

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Nº 07

Julho/Agosto 2021

DISTRIBUIÇÃO GRÁTIS

PUBLICAÇÃO DIGITAL BIMESTRAL

HEPATITE: A SILENCIOSA AMEAÇA AO NORMAL FUNCIONAMENTO DO FÍGADO


ÍNDICE SAÚDE PARA SI

02 04 08 12 Dra. Nádia Noronha Directora Executiva da Tecnosaúde

Há determinados avanços na medicina moderna que passam um pouco despercebidos pela sociedade civil, ainda que a sua repercussão seja, naturalmente, outra junto da comunidade científica e na promoção da qualidade de vida de todos. À medida que a tecnologia determina, cada vez mais, o nosso quotidiano, os avanços na medicina e na indústria farmacêutica são, igualmente, concretos, ainda que não resolvam por si só, infelizmente, todos as patologias existentes à escala mundial. Nesta edição da nossa newsletter, abordámos um dos temas que mais impacta a saúde dos angolanos e, consequentemente, o sistema de saúde de Angola. A hepatite é uma das principais causas de morte no país, com a sua forma de transmissão e evolução a constituir um grave problema de saúde pública, uma vez que a maioria das pessoas desconhece a sua condição sorológica, o que agrava, muito significativamente, a transmissão da infecção. Urge, assim, reforçar a prevenção, alertando todos os angolanos para a sua importância, cujas formas devem ir além das imunizações e englobam acções tão práticas, como importantes, como são o uso obrigatório de preservativos nas relações sexuais, ou a não partilha de seringas, agulhas, objectos de higiene pessoal ou cortantes. Todos temos consciência da escassez de água potável no nosso país, mas o seu consumo, assim como a higienização adequada dos alimentos que vamos ingerir ajudam, e muito, a travar a disseminação da hepatite. Pode parecer pouco, mas pequenos gestos, como estes, potenciam o esforço da dedicada comunidade médica do Serviço Nacional de Saúde angolano no que ao tratamento desta doença diz respeito. Afinal, como disse um dia Mahatma Gandhi, “se pudéssemos mudar a nós mesmos, as tendências do mundo também mudariam. Não precisamos esperar para ver o que os outros fazem”. Para reflectir.

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ENTREVISTA Dra. Iolanda Chapim explica como se diferencia na transmissão e forma de evolução da Hepatite

Aleitamento e infecção: é seguro?

REPORTAGEM Dr. Djalme Fonseca aborda a temática da hepatite e suas manifestações oftalmológicas

Dra. Neusa Lazary explica a importância vital do ferro para o metabolismo Roche: parceiro de confiança em Angola Gonçalo Rodeia Marques, responsável da Roche para os PALOP’s, em entrevista Cancro do Pulmão Dr. Severino Azevedo aborda a evolução do tratamento do cancro do pulmão

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Prevenir para combater a Hepatite

“Vacinação contra a hepatite, uma das maiores conquistas da medicina”

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EDITORIAL

REPORTAGEM Reabilitação infantil no atraso do desenvolvimento neuropsicomotor

Qual é o melhor software para farmácias? KASSAI: Um passo gigante na estratégia de formação e qualificação dos ginecologistas

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Appy Saúde: utilizadores e serviços de saúde ligados digitalmente

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A direcção técnica e a qualidade dos serviços prestados dentro do armazém de medicamentos

Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola Directora: Nádia Noronha E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, n.º3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/


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ENTREVISTA

HEPATITES VIRAIS, UM GRAVE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM ANGOLA

Dra. Iolanda Chapim Licenciada em Medicina pela Universidade Jean Piaget e especialista em Gastrenterologia pela Clínica Sagrada Esperança/ Luanda e Hospital Egas Moniz/Lisboa, desde 2015. É responsável pelo Serviço de Gastrenterologia/Unidade de Técnicas Endoscópicas da Clínica Sagrada Esperança. Presentemente, é a responsável financeira do Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos de Angola e directora clínica do Consultório/Centro Médico Gastrolife

4 SAÚDE

EXISTEM TRÊS TIPOS DE HEPATITES, TODAS PROVOCADAS POR AGENTES VIRAIS. A ESPECIALISTA EM GASTRENTEROLOGISTA IOLANDA CHAPIM EXPLICA COMO SE DIFERENCIA NA FORMA DE TRANSMISSÃO E EVOLUÇÃO DA DOENÇA QUE CONSTITUI UM GRAVE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM ANGOLA, ATÉ PORQUE A MAIORIA DAS PESSOAS DESCONHECE A SUA CONDIÇÃO SOROLÓGICA, AGRAVANDO, AINDA MAIS, A CADEIA DE TRANSMISSÃO DA INFECÇÃO.

Q

ue tipos de hepatites existem e como se diferenciam? Existem três tipos de hepatites, todas provocadas por agentes virais. A diferença entre eles está na forma de transmissão e evolução da doença. A hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A, um vírus de RNA com capsídeo constituído pelo antígeno HAV Ag. É considerada uma a hepatite infecciosa, com um curso geralmente benigno e raramente evolui para cronicidade. A contaminação é por via fecal-oral, ou seja, contacto com alimentos ou água não seguros, utensílios contaminados ou contacto directo com fezes de indivíduos infectados. Os baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal favorecem a transmissão da hepatite A. As hepatites B e C são causadas pelo vírus da hepatite B e C, respectivamente. As formas de transmissão, nas duas infecções, são por contacto com material perfuro-cortante com sangue


infectado (por exemplo, o uso e partilha de injecções para drogas ilícitas, material para manicura, tatuagens, odontológico infectado ou mal esterilizado). A aquisição pela transfusão sanguínea e derivados deixou de ser o principal motivo de transmissão, desde a implantação de rigorosos cuidados vigentes nos bancos de sangue. Outra forma de transmissão importante é por via sexual, associada a relações sexuais desprotegidas (30-80% para a Hepatite B) e vertical (de mãe para filho ao nascer). Estas duas infecções virais podem evoluir para a cronicidade e, ao longo dos anos, progredir para cirrose e tumor hepático. De forma a alertar a população para os perigos das hepatites virais, houve a criação do Julho Amarelo, que tem como missão, também, sensibilizar para as formas de prevenção. Que formas são estas? As vacinas para hepatite A e B são recomendáveis a todas crianças e fazem parte do programa nacional de vacinação. A aplicação da vacina é útil em profissionais da área da

saúde com potencial contacto com pacientes ou material contaminado. Grupos de alto risco, como crianças e adultos em creches, asilos ou prisões, homo e bissexuais, usuários de drogas e portadores do HIV, também devem ser vacinados. As formas de prevenção devem ir além das imunizações e englobam, o uso de preservativo nas relações sexuais; evitar o compartilhamento de seringas, agulhas, objectos perfuro-cortantes, objectos de higiene pessoal, tais como escova de dentes, lâminas de barbear e materiais de manicura; consumir somente água potável e a higienização adequada dos alimentos antes de os consumir. Sendo doenças silenciosas, quando existe sintomatologia, muitas vezes, está relacionada a estádios mais avançados da doença. Sendo Angola um país com um elevado número de doentes portadores de hepatite, como é feito o diagnóstico desta patologia e o acompanhamento do doente com hepatite? A melhor forma de diagnosticar as hepatites

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“AS FORMAS DE PREVENÇÃO DEVEM IR ALÉM DAS IMUNIZAÇÕES E ENGLOBAM, O USO DE PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS; EVITAR O COMPARTILHAMENTO DE SERINGAS, AGULHAS, OBJECTOS PERFURO-CORTANTES, OBJECTOS DE HIGIENE PESSOAL, TAIS COMO ESCOVA DE DENTES, LÂMINAS DE BARBEAR E MATERIAIS DE MANICURA; CONSUMIR SOMENTE ÁGUA POTÁVEL E A HIGIENIZAÇÃO ADEQUADA DOS ALIMENTOS ANTES DE OS CONSUMIR” virais é por meio do mapeamento da doença, identificando sintomas e outros factores que podem ter desencadeado a enfermidade. A partir disso, é possível definir, por meio de exames, qual o tipo da doença, assim como o tratamento adequado. As hepatites virais podem apresentar-se de modo sintomático ou assintomático. Em geral, apresentam-se de modo assintomático e são frequentemente diagnosticadas ao acaso, em exames de rotina de check-up ou em investigações de outras doenças. Nas hepatites virais sintomáticas, as manifestações variam desde um mal-estar geral até ao comprometimento hepático fulminante. São sintomas frequentes a falta de apetite, dor/desconforto abdominal, náuseas, vómitos, icterícia, urina escura, fezes esbranquiçadas e febre. Após o diagnóstico, os doentes têm indicação para vigilância em consulta ambulatória de seis em seis meses, com realização de exames complementares regulares: análises que incluam o perfil hepático, carga viral do vírus B e/ou C, marcador tumoral hepático e ecografia abdominal para avaliar o parênquima hepático e excluir complicações.

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Sabemos que, em África, esta doença é responsável pela morte de cerca de 300 pessoas diariamente. Na sua opinião, a educação da população, especialmente dos jovens, para os perigos desta doença é importante? Existe ou está previsto algum programa para educação da população para prevenção de hepatites em Angola? Os desafios são grandes, pois o número crescente de hepatites virais constitui um grave problema de saúde pública em Angola e também no mundo. A maioria das pessoas desconhece a sua condição sorológica, agravando, ainda mais, a cadeia de transmissão da infecção. No plano para eliminação das hepatites virais como problema de saúde pública até 2030, lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2016, foram estabelecidas acções e metas de curto, médio e longo prazo. Angola, nos últimos dois anos, formou uma comissão multidisciplinar (inclusão de várias especialidades médicas) dirigida pelo Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA, com o intuito de formar e capacitar o maior número de médicos e disponibilizar e iniciar o tratamento em massa de todos os doentes com hepatites virais. Incluise, dentro deste projecto, orientar e informar a população sobre a existência das hepatites virais, oferecer aconselhamento, divulgar as diversas formas de contágio e de prevenção, fazer uma avaliação de riscos e oferecer a todos os seus usuários a triagem sorológica das hepatites B e C vinculada ao aconselhamento. Ampliar a testagem sorológica para as hepatites virais é estratégia fundamental para equacionar esta situação, além de propiciar a detecção precoce de portadores, permitindo o acesso às medidas para a manutenção da saúde. Como é que a pandemia impactou o diagnóstico e tratamento dos pacientes portadores de hepatite? A pandemia de Covid-19 impactou directamente o diagnóstico e tratamento das hepatites B e C, em especial. O acesso às consultas, numa fase inicial, ficou limitado, associado ao receio dos doentes em recorrerem aos hospitais. Mas o monitoramento destes doentes continua a ser uma prioridade. Deste modo, algumas Instituições hospitalares mantiveram a rotina normal de consultas presenciais e/ou foram adoptadas algumas medidas de proximidade, como consultas telefónicas e vídeo-consultas, facilitando, deste modo, o acompanhamento destes doentes. É necessário chamar a atenção dos gestores, neste momento de crise, para a alocação adequada de recursos para atenção aos pacientes com hepatites virais B e C.


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REPORTAGEM

SABE TUDO SOBRE HEPATITES? A HEPATITE B É DOS TIPOS DE HEPATITE MAIS COMUNS EM ANGOLA E, TALVEZ, A MAIS PERIGOSA E GRAVE EM TODO O MUNDO, COM A POSSIBILIDADE DE SE TORNAR CRÓNICA E COM EVOLUÇÃO PARA O CANCRO HEPÁTICO.

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O

nosso fígado exerce funções de grande importância para o normal funcionamento do organismo. Dizemos que estamos perante uma hepatite quando ocorre uma inflamação deste órgão tão essencial, que o vai impedir de desempenhar as suas normais funções, causando lesões que podem levar a cirrose ou cancro. Existem vários tipos de hepatites, com diversas causas e níveis de gravidade. Dentro das mais conhecidas, encontramos as hepatites contraídas por bactérias ou vírus que podem ser de seis tipos: A, B, C, D, E e G. As hepatites A e E resultam da ingestão de água ou alimentos contaminados, enquanto outras, como a B, a C e a D necessitam do contacto do vírus com o sangue do doente contaminado, pelo que a via sexual, transfusões de sangue, partilha de agulhas ou transmissão de mãe para filho na gravidez são as principais vias de contaminação. A hepatite B é dos tipos de hepatite mais comuns em Angola e, talvez, a mais perigosa e grave em todo o mundo, com a possibilidade de se tornar crónica e com evolução para o cancro hepático. Este tipo de hepatite tem duas fases: aguda e crónica. Numa fase aguda, o tratamento passa pelo repouso, enquanto, nas fases crónicas, recorre-se a medicamentos, como os interferões. O grande problema desta doença é que pode passar despercebida, durante anos, e, posteriormente, ter consequências devastadoras.

Dados de 2020 indicam que, em África, existem 71 milhões de pessoas com uma hepatite viral crónica, sendo que, diariamente, 300 perdem a vida devido a cancro do fígado e outras complicações. Desta proporção, a hepatite B é responsável por 85% dos casos, pelo que poderia ser reduzida com a vacinação. Alcançar uma cobertura de vacinação de 90% na região iria contribuir para a prevenção de mais de 1,5 milhões de novas infecções e 1,2 milhões de mortes por cancro hepático, até 2035, segundo dados da OMS. Apesar de lutarmos actualmente contra uma pandemia, não devemos permitir que doenças, como a hepatite, que podem ter uma prevenção através da vacinação, tenham algum atraso e devemos lutar diariamente contra esta, com vista a erradicá-la.

EM ÁFRICA, EXISTEM 71 MILHÕES DE PESSOAS COM UMA HEPATITE VIRAL CRÓNICA, SENDO QUE, DIARIAMENTE, 300 PERDEM A VIDA DEVIDO A CANCRO DO FÍGADO E OUTRAS COMPLICAÇÕES. DESTA PROPORÇÃO, A HEPATITE B É RESPONSÁVEL POR 85% DOS CASOS, PELO QUE PODERIA SER REDUZIDA COM A VACINAÇÃO

Apesar da sua gravidade, a hepatite B pode ser prevenida através da vacinação, que tem uma eficácia de cerca de 95%. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as mortes em crianças por hepatite, apesar de serem ainda muito elevadas, têm vindo a diminuir devido à prevenção. A principal estratégia dos países deve ser mesmo a aposta na vacinação de todos os bebés, de forma a imunizar o maior número de pessoas.

https://www.afro.who.int/pt/regional-director/speeches-messages/dia-mundial-das-hepatites-2020 https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/3mWxXKfd9fCgJx4DmRjkhfy/?format=pdf&lang=pt

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REPORTAGEM

VACINAÇÃO CONTRA A HEPATITE, UMA DAS MAIORES CONQUISTAS DA MEDICINA A

vacinação funciona como um escudo, protegendo adultos e crianças de doenças perigosas, salvando até três milhões de vidas todos os anos. Porém, dados da UNICEF dizem-nos que 20 milhões de crianças não são vacinadas, ou que não tomaram as vacinas que deveriam, o que traz graves problemas e complicações, podendo mesmo levar à morte. A vacinação contra a hepatite B representa, sem sombra de dúvida, uma das maiores conquistas da medicina na actualidade e ajuda-nos a nos protegermos contra a hepatite B e suas complicações (cirrose, hepatite crónica e tumor hepático).

Dra. Maura Zau Médica licenciada em Medicina Geral; especialista em Gastrenterologia pela Universidade de Medicina de Vinntsa Piragova, Ucrânia

APESAR DA EXISTÊNCIA DA VACINA, MILHÕES DE PESSOAS, EM TODO O MUNDO, SÃO PORTADORAS DE HEPATITE. O GRANDE PROBLEMA DESTA DOENÇA É QUE, ANTES DA SINTOMATOLOGIA, É MUITO CONTAGIOSA, ALERTA A DRA. MAURA ZAU, ESPECIALISTA EM GASTRENTEROLOGIA.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o principal objectivo da vacinação é o de induzir a produção de anticorpos em níveis protectores. Em Angola, o esquema de vacinação são, geralmente, três doses. O bebé deverá fazer a vacina ao nascimento, com 16 meses e com 18 meses de idade. Com este esquema, a vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação infantil, protegendo muitas crianças. No entanto, indica-se que adultos que não foram previamente vacinados também a façam, respeitando as três doses. Caso não sejam vacinados, podem ficar vulneráveis e, a qualquer momento, ser contaminados pelo vírus da hepatite B, visto que as vias de contágio são, entre outras, a sexual e a vertical. Apesar da existência da vacina, milhões de pessoas, em todo o mundo, são portadoras de hepatite. O grande problema desta doença é que, antes da sintomatologia, é muito contagiosa. Sabemos também que muitos dos portadores se tornam crónicos, o que significa que podem continuar a infectar outras pessoas. É de realçar que a vacina da hepatite foi implementada no calendário de vacinação da criança, em Angola, desde 2006. Pelo subdesenvolvimento do nosso país, a vacina não chega a todas crianças e recém-nascidos, porque no nosso meio ainda se nota uma estatística alta de partos extrahospitalares. Além do mais, não se vacinam os grupos de risco.

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ENTREVISTA

HEPATITE B

ALEITAMENTO E INFECÇÃO: É SEGURO?

Dra. Yala Almeida Médica licenciada em Pediatria; chefe de serviço da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e Neonatais da Clínica Girassol; coordenadora do Núcleo de Aleitamento Materno da Sociedade Angolana de Pediatria

UMA MULHER DOENTE OU PORTADORA DO VÍRUS DA HEPATITE B PODE AMAMENTAR. MAS É IMPORTANTE QUE SE SIGAM VÁRIOS PROCEDIMENTOS, DURANTE A GESTAÇÃO E LOGO APÓS O PARTO, DE MODO A MINIMIZAR O RISCO DE TRANSMISSÃO DA INFECÇÃO PARA O SEU FILHO. A MÉDICA PEDIATRA YALA ALMEIDA EXPLICA DE QUE MODO SE PODE PROVIDENCIAR UM ALEITAMENTO SEGURO.

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E

xistem vários tipos de hepatites. No caso da hepatite B, não existem evidências científicas de que o aleitamento materno eleva o risco de transmissão mãe-filho. Como deve ser realizada a profilaxia e qual a importância desta? Idealmente, a mulher deve visitar o seu ginecoobstetra quando pretende engravidar ou, pelo menos, logo que saiba estar grávida. Um conjunto de exames será feito ao longo da gestação. No último trimestre da gravidez, fará outros exames, de entre os quais os serológicos, e saberá qual o seu estado serológico para a hepatite B. Se a mulher for doente ou portadora da doença, deverá fazer o seu parto numa instituição médica com capacidade de profilaxia. À nascença, para além das vacinas preconizadas, o recém-nascido deve fazer a imunoglobulina para a hepatite B. Esta deve ser administrada nas primeiras 12 horas de vida, no braço contralateral à vacina da hepatite B.

Depois de cumprido este procedimento, a mulher deve amamentar o seu filho sem qualquer insegurança. No entanto, se não for feita a profilaxia com a imunoglobulina específica para a hepatite B, existe, sim, risco de transmissão do vírus para o seu filho. O que é que uma mulher portadora de hepatite deve fazer para minimizar a transmissão para o seu filho? É importante que a mulher faça um correcto seguimento da sua gestação. O parto deve ser feito num local seguro e, idealmente, com disponibilidade da imunoglobulina específica. Infelizmente, em Luanda, a imunoglobulina não está amplamente disponível, apenas nalgumas unidades de saúde privadas, e o preço não é acessível a grande parte da população. Por isso, é fundamental um pré-natal bem feito, para se ter a certeza da real necessidade deste fármaco. A vacina contra a hepatite B, feita

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imediatamente após o nascimento, levará cerca de 14 dias até haver produção de anticorpos específicos. Nestas duas semanas, o bebé está desprotegido, caso a mãe seja transmissora. Por isso, é importante a imunoglobulina específica para a hepatite, que irá conferir protecção nestas primeiras semanas, enquanto o organismo do bebé está a produzir os anticorpos desencadeados pela vacina. Uma mulher com hepatite pode amamentar, mas, em caso de fissuras ou feridas no peito, este procedimento é seguro? O que é recomendado? Existe um risco comprovado de transmissão do vírus da hepatite B pelo leite materno, com ou sem fissuras ou feridas na mama da mãe. Por este motivo, o que está estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em mães portadoras do vírus, é o seguimento correcto da gestação, de modo a ficar comprovado o risco de transmissibilidade; um parto institucional, em unidade com vacina e imunoglobulina para hepatite B, e, imediatamente após o parto, o bebé fará as vacinas preconizadas (BCG e Pólio 0), mais imunoglobulina para hepatite B e, no outro membro, a vacina para hepatite B. A mãe poderá iniciar a amamentação de imediato. Em países como o nosso, onde não há ampla disponibilidade da imunoglobulina anti-hepatite B, o que está preconizado é uma avaliação correcta da mãe quanto ao risco de transmissão; fazer à nascença as vacinas (BCG, Pólio 0 e Hepatite B); avaliar as condições socioeconómicas da família e decidir por aleitamento materno (sabendo do risco de transmissão, mas protegendo do risco superior de desnutrição e outras doenças) ou por aleitamento artificial nas primeiras duas semanas de vida, até que o organismo do bebé produza anticorpos específicos induzidos pela vacina. Todos sabemos que a amamentação deve ser recomendada e incentivada, devido a todos os seus inúmeros benefícios. Em todos os tipos de hepatites, a mulher infectada pode amamentar? Qual a sua opinião? Apenas com a hepatite B devemos ter alguma cautela. Como sabem, sou completamente a favor do aleitamento materno, mas devemos garantir sempre a segurança da criança. Se não for possível cumprir com os pressupostos estabelecidos pela OMS sobre o aleitamento materno seguro, em vigência de mãe com hepatite B, então, teremos de avaliar todo o contexto socioeconómico de uma família.

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“SE NÃO FOR POSSÍVEL CUMPRIR COM OS PRESSUPOSTOS ESTABELECIDOS PELA OMS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO SEGURO, ENTÃO, TEREMOS DE AVALIAR O CONTEXTO SOCIOECONÓMICO DA FAMÍLIA. SE A MÃE FOR TRANSMISSORA, A INDICAÇÃO SERIA CONTRA-INDICAR A AMAMENTAÇÃO DURANTE OS PRIMEIROS 14 DIAS DE VIDA. MAS SE ELA NÃO TIVER CONDIÇÃO FINANCEIRA DE GARANTIR ALEITAMENTO ARTIFICIAL EM EXCLUSIVIDADE NESTE PERÍODO, COMO IRÁ ALIMENTAR O SEU FILHO?” Se a mãe for transmissora em primeira instância, a indicação seria contra-indicar a amamentação durante os primeiros 14 dias de vida. Mas se ela não tiver condição financeira de garantir aleitamento artificial em exclusividade neste período, como irá alimentar o seu filho? Irá este pequeno e frágil ser desenvolver má nutrição proteica e calórica com risco de vida? O pediatra, nesta altura, tem de ter a destreza de avaliar o que é melhor e menos prejudicial para esta família. Olhar para o contexto global e fazer a opção menos danosa. Em Angola, as mulheres lidam bem com a problemática da infecção e da amamentação ou, com o receio de transmitir ao bebé, recusam-se a amamentar? Em Angola, e em qualquer parte do mundo, as mulheres têm receio de transmissão de qualquer doença aos seus filhos. Todas as mães querem o melhor para o que é seu, é o instinto natural de protecção ao seu filho. O grande problema está na falta de profissionais de saúde com disponibilidade, em termos de tempo, para que o atendimento seja individualizado e o problema avaliado ao pormenor. Como sabem, a demanda de trabalho para os pediatras, clínicos gerais e enfermeiros que atendem nos centros de saúde, hospitais e maternidades é elevada e nem sempre permite um trabalho humanizado e com a confidencialidade que a situação exige. Temos de melhorar as nossas condições de trabalho, melhorar o rácio paciente/profissional de saúde, de modo que possamos ter tempo para avaliar cada uma das situações e suas particularidades. Existem muitos tabus à volta da amamentação. Nós, os profissionais de saúde, ainda temos um longo caminho a percorrer nesta desmistificação e na clarificação de conceitos.


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SAÚDE


REPORTAGEM

HEPATITE E SUAS MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS

A Dr. Djalme Fonseca Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pós-graduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

A HEPATITE TAMBÉM POSSUI MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS ASSOCIADAS. AS HEPATITES B E C SÃO AS QUE MAIS AFECTAM A SAÚDE OCULAR. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DESTAS MANIFESTAÇÕES É CRUCIAL PARA AUXILIAR NA DETECÇÃO PRECOCE DA INFECÇÃO.

hepatite é a inflamação dos tecidos do fígado, sendo a sua causa mais comum os vírus. Embora, por vezes, algumas pessoas não manifestem sintomas, os mais comuns são a tonalidade amarela da pele e da parte branca dos olhos, falta de apetite, vómitos, fadiga, dor abdominal ou diarreia. Existem variados tipos de hepatite, sendo os principais, de tipo viral, A, B, C, D e E. A A, B e D podem ser prevenidas por vacinação. Contudo, existem ainda outros tipos de hepatite, como a F e a G, a autoimune e, inclusivamente, a hepatite medicamentosa. Evidentemente, tal como no fígado e noutras partes do nosso corpo, a hepatite também possui manifestações oftalmológicas associadas, dependendo do respectivo tipo contraído. Dos diversos tipos de hepatite, vamos dar enfoque aos dois tipos que mais afectam a saúde ocular: hepatite B e hepatite C. A infecção por hepatite C é bastante comum no nosso meio, sendo adquirida, por exemplo, através de transfusão sanguínea, tatuagens, uso de drogas e, inclusivamente, por relações sexuais. O primeiro local oftalmológico de manifestação da doença é a superfície ocular e o principal achado a queratoconjuntivite seca. Existem vários estudos que demonstram uma elevada prevalência da síndrome de olho seco. Outras das manifestações oculares mais comuns são as queratites, esclerites e retinopatias. Nestes casos, a patogénese é via acção directa do vírus e via reacções imunológicas a antigénios virais e imunocomplexos. Um dos estudos mais completos, Gomes et al, detectou doença de superfície ocular em, pelo menos, um dos olhos em 88% dos pacientes infectados com hepatite

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C, bem como alteração da sensibilidade corneana. Uma das alterações mais comuns é, mesmo, a ulceração corneana periférica (úlcera de Mooren). A melhoria clínica da úlcera de Mooren, durante o tratamento da hepatite C, sugere também a associação entre as duas condições. Apesar da actual controvérsia na relação entre a hepatite C e a queratite, muitos dos pesquisadores sugerem que um paciente sem doenças reumatológicas, mas com reacção inflamatória significativa na córnea periférica seja testado para infecção por hepatite C. No que concerne a alterações ao nível da retina, a mais comum é a retinopatia. Surgem, também, entre as mais comuns as hemorragias retinianas e as manchas algodonosas, ambas atribuídas à isquémia que pode ser associada à vasculite sistémica induzida pela infecção e obstrução arterial por leucoagregados. Existem, ainda, alguns tumores orbitais e oculares, como o linfoma de glândulas lacrimais e o plasmocitoma orbital, que são associados à hepatite C. A importância do conhecimento destas manifestações oculares da hepatite C é crucial para auxiliar na detecção precoce da infecção. Portanto, é extremamente importante suspeitar precocemente destas alterações descritas, para que seja feito o diagnóstico e instituído o tratamento precoce. Já a hepatite B é uma condição séria que afecta o fígado. A sua transmissão é feita através do sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados. É considerada também uma doença sexualmente transmissível. É de destacar, também, que, quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores são as hipóteses de se ter uma cirrose hepática. Muitas das pessoas não estão conscientes dos problemas oculares e complicações associados à hepatite B. As três principais complicações oftalmológicas são: • Vasculite retiniana: a vasculite refere-se à inflamação dos vasos sanguíneos. Essa inflamação é o resultado de restos de resíduos de uma invasão por um vírus ou bactéria. Quando o vírus da hepatite B causa uma infecção, deixa resíduos nos vasos sanguíneos. O corpo cria uma resposta imunológica para eliminá-la do corpo. Às vezes, essa vasculite ocorre dentro do olho, afectando a retina. A redução do fluxo sanguíneo causa o desenvolvimento de manchas brancas na retina, chamadas manchas algodonosas. As manchas algodonosas representam áreas de isquémia ou falta de fluxo sanguíneo e oxigénio adequados para os tecidos retinais; • Paralisia do III nervo craniano: a infecção por vírus da hepatite B pode causar paralisia temporária do terceiro nervo craniano, que controla o movimento dos músculos do olho. O terceiro nervo craniano, também chamado de nervo oculomotor, é um nervo que se origina no cérebro e tem um caminho bastante longo no corpo. Este nervo é parcialmente responsável pelo movimento dos olhos e mudanças no tamanho das nossas pupilas. Algumas paralisias do terceiro

nervo podem envolver a pupila e são muito mais perigosas. Uma paralisia do terceiro nervo, embora rara, pode ser causada por um aneurisma. Normalmente, o vírus da hepatite B pode causar uma paralisia do terceiro nervo sem afetar a pupila. Isso ocorre na infecção pelo vírus da hepatite B, devido ao acumular de componentes do sistema imunológico que produzem uma falta de fluxo sanguíneo para o terceiro nervo, causando paralisia do nervo; • Neurite óptica e uveíte: a neurite óptica é uma doença inflamatória aguda do nervo óptico, o cabo nervoso que conecta o olho ao cérebro. A uveíte é uma doença inflamatória que afecta o tecido na parte frontal do olho. Acredita-se que essas condições sejam causadas por anticorpos e fragmentos do sistema imunológico de fluxo livre causados pela infecção do vírus da hepatite B. Curiosamente, os pacientes em tratamento para hepatite podem desenvolver efeitos colaterais do próprio tratamento, possivelmente afectando a visão. Um medicamento usado para tratar a hepatite é o Interferon, um mediador químico que leva certos leucócitos ao tecido danificado para diminuir a replicação viral. O Interferon pode ter efeitos colaterais, como dor de cabeça, dores musculares, queda de cabelo e fadiga. Também pode causar complicações oculares na forma de retinopatia. A retina pode desenvolver manchas algodonosas, anormalidades nos vasos sanguíneos e hemorragias. Os pacientes que são colocados em terapia com Interferon devem ir com frequência ao oftalmologista. O Interferon também pode causar as seguintes condições: • Hemorragia subconjuntival (vasos sanguíneos rompidos na parte branca do olho); • Descolamento da retina; • Neuropatia óptica; • Aumento da pressão ocular.

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É DEVERAS IMPORTANTE PERCEBER A IMPORTÂNCIA E A DINÂMICA ENTRE AS DIVERSAS FORMAS DE HEPATITE E A SAÚDE OCULAR

Como pudemos analisar, apesar da rápida associação entre a hepatite B e os “olhos amarelos”, os olhos estão muito susceptíveis a outras condições oculares. Assim sendo, todos os pacientes diagnosticados com hepatite B devem ser vigiados regularmente, a nível da sua saúde ocular. Para os profissionais de saúde ocular (onde se incluem os optometristas e oftalmologistas, entre outros), é deveras importante perceber a importância e a dinâmica entre as diversas formas de hepatite e a saúde ocular. O mais importante a reter são os seguintes pontos-chave: • Danos no fígado podem levar ao amarelecimento dos olhos: um dos sintomas da hepatite é o amarelecimento da parte branca dos olhos. Isso ocorre devido ao aumento dos níveis de bilirrubina no corpo. A bilirrubina é um subproduto dos glóbulos vermelhos. É produzido com a degradação das células sanguíneas. O dano no fígado causado pela hepatite interfere na capacidade de se livrar da bilirrubina. O amarelecimento não interfere na visão. Normalmente, se os níveis de bilirrubina voltarem ao normal, o amarelecimento desaparece; • O tratamento da hepatite também pode afectar os olhos: não é apenas a doença, em si, que pode afectar os olhos. Alguns tratamentos para hepatite também podem causar problemas nos olhos. Certos medicamentos usados para tratar a hepatite B contêm Interferon. Um dos efeitos colaterais da medicação que contém Interferon é a retinopatia, que causa vazamento ou inchaço dos vasos da retina. De acordo com a American Academy of Ophthalmology,

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a retinopatia associada ao uso de Interferon é, geralmente, reversível. Existem também efeitos colaterais raros de medicamentos contendo Interferon, incluindo neuropatia óptica e hemorragia subconjuntival. Os efeitos colaterais da medicação nos olhos e na visão, geralmente, começam cerca de duas semanas após o início do tratamento; • Pessoas com hepatite têm maior risco de olhos secos: de acordo com a pesquisa do Current Opinion in Ophthalmology, a hepatite C está associada a um risco aumentado de desenvolver a síndrome do olho seco. A razão exacta pela qual pode ocorrer na hepatite C não está totalmente clara. Os sintomas de olhos secos incluem uma sensação de areia nos olhos, vermelhidão e sensibilidade à luz; • A hepatite pode causar problemas graves nos olhos. O tipo de problemas depende da forma ou da hepatite que a pessoa tem. Por exemplo, uma infecção por hepatite B pode causar paralisia do terceiro nervo. Essa condição envolve uma paralisia temporária do nervo craniano que controla o movimento dos olhos. A neurite óptica, que envolve inflamação do nervo óptico, também se pode desenvolver.


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REPORTAGEM

DEFICIÊNCIA DE FERRO

Dra. Neusa Lazary Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Jean Piaget de Angola. Especialização em Nutrição Infantil pelo Instituto CMR – Virgínia, Estados Unidos. Directora de Comunicação Corporativa & Assuntos Institucionais da Nestlé Angola

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O FERRO É UM NUTRIENTE ESSENCIAL PARA A VIDA. “ESSENCIAL” SIGNIFICA QUE, EMBORA NECESSITEMOS DELE, O NOSSO ORGANISMO NÃO O CONSEGUE METABOLIZAR E PRECISAMOS DE OBTÊ-LO ATRAVÉS DOS ALIMENTOS. O FERRO É ESPECIALMENTE NECESSÁRIO PARA TRANSPORTAR OXIGÉNIO ATRAVÉS DO SANGUE ATÉ ÀS CÉLULAS, PARA QUE POSSAM PRODUZIR ENERGIA. O FERRO TAMBÉM É UM COMPONENTE IMPORTANTE DAS CÉLULAS MUSCULARES, É NECESSÁRIO PARA A FORMAÇÃO DE MUITAS ENZIMAS, PARA A SÍNTESE DE DNA E FORTALECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO.


F

erro insuficiente no organismo é conhecido como deficiência de ferro ou anemia por deficiência de ferro. Embora este mineral esteja presente em vários alimentos locais, a maioria das pessoas não está ciente de que pode tratar-se facilmente a anemia por deficiência de ferro comendo mais desses alimentos da maneira certa. A deficiência de ferro é a deficiência de micronutrientes mais comum no mundo, afectando, principalmente, mulheres grávidas, mulheres em idade reprodutiva e crianças (sobretudo, de primeiro e segundo anos de vida). Isso deve-se, principalmente, a uma dieta pobre ou inadequada (ingestão de pequenas quantidades de ferro). Mulheres jovens perdem mais ferro durante o sangramento menstrual e, às vezes, a quantidade perdida não é totalmente substituída pelo ferro absorvido nos alimentos. No caso das gestantes, a anemia surge devido ao crescimento do feto, que necessita de grandes quantidades de ferro. Para além destas, outras situações induzem o aparecimento deste estado anémico, nomeadamente, maior excreção, como no caso de hemorragias, doenças, neoplasias, lesões intestinais, parasitoses; liberação excessiva de ferro (distúrbios crónicos); absorção inadequada (diarreia, interferência de drogas, doenças intestinais), entre outras. A deficiência de ferro torna o corpo susceptível a infecções. Outra consequência dessa baixa quantidade de ferro é o comprometimento do desenvolvimento físico, que, no caso das crianças, acabam sendo pequenas para a idade (raquitismo), e cerebral, fazendo com

que o indivíduo tenha baixo desempenho. Entre as consequências da deficiência de ferro em crianças destacam-se os distúrbios psicológicos, comportamentais, cognitivos e de linguagem. Com um quadro clínico em que o número de hemácias é baixo, causa fraqueza, sonolência, apatia e, em casos graves, pode causar mialgia e hipoxia, que leva a convulsões. Existem dois tipos de ferro nos alimentos: • Ferro heme: de origem animal, é muito mais bem absorvido do que o ferro não heme; • Ferro não heme: de origem vegetal. A maioria dos alimentos e suplementos de ferro contém ferro não heme. Menos de 20% do ferro não heme consumido é absorvido pelo corpo. Esse tipo de ferro é mais bem absorvido quando consumido com proteínas animais e ácido ascórbico, conhecido como vitamina C. Alimentos campeões em ferro Se a ideia é tratar o problema, vale a pena investir rapidamente na reeducação alimentar. Para isso, precisa saber onde encontrar o ferro de que necessita. Alguns alimentos que actuam como fontes de ferro são fígado, carne, alimentos fortificados com ferro, como cereais matinais, caldos e leite em pó, passas, ovos, lentilhas, feijão, sementes, folhas verdes-escuras, como espinafre, couve, agrião e brócolos, sem esquecer o peixe. Estes devem ser incluídos na dieta, junto com suplementos para garantir a cura. É importante lembrar que alguns nutrientes inibem a absorção do ferro, por isso, devem ser ingeridos uma hora antes ou depois da ingestão de alimentos ricos em ferro, quando o objetivo é atingir níveis adequados de ferro no organismo. Isso inclui alimentos que contêm fibra vegetal, fitatos (incluindo pão integral, farelo, feijão, soja e nozes), café e chá e, até mesmo, antiácidos e suplementos de cálcio, que também podem reduzir a absorção de ferro. Por outro lado, a vitamina C ajuda o organismo a absorver o ferro, especialmente de fontes vegetais, e deve ser ingerida com os alimentos ricos em ferro ou 30 minutos após a ingestão de alimentos ricos em ferro. Por último, as fontes animais também ajudam o nosso corpo a absorver mais ferro das fontes vegetais, por isso, devemos tentar adicionar, pelo menos, um pouco de alimentos de fontes animais, sempre que possível. Qual é a melhor estratégia? A fim de ser capaz de prevenir a deficiência de ferro, várias medidas são recomendadas, incluindo: • Dieta tem papel fundamental no manejo da anemia. Recomenda-se o uso de alimentos com alto teor de ferro biodisponível (como o leite materno); • Diversificação e escolha alimentar adequada. O alimento não serve apenas para saciar, mas nutre o organismo, para que ele possa realizar sua actividade normal;

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unidades de saúde, por estar associada à malária, que é a principal causa de morbimortalidade no país, exigindo elevados recursos humanos e financeiros. •

Alimentos fortificados (caseiros e/ou industrializados) para preencher a lacuna nutricional e evitar carências e suas complicações, que na sua maioria não são irreversíveis; Combinações adequadas de alimentos, conforme explicado anteriormente, para ajudar os nossos corpos a absorver a quantidade máxima de ferro; O uso de suplementos de ferro é recomendado, em muitos casos, para ingestão oral.

Quando a anemia ferropriva já for diagnosticada, nos casos mais graves, além das medidas anteriores, será necessária a administração de ferro injetável (raramente) e/ ou transfusão sanguínea. Papel do profissional de saúde Os profissionais de saúde são os conselheiros de eleição, portanto, devem ser dotados de conhecimentos sobre nutrição, para influenciar os pais e cuidadores da criança ou do indivíduo portador da doença nas melhores escolhas a fazer. Para este problema, o profissional deve conhecer os alimentos da sua região que possuem alto valor de ferro e, se possível, orientar sobre como os preparar, para evitar a perda de minerais no processo de preparo, ou ainda apoiar o paciente com uma dieta alimentar para que mais facilmente siga as suas instruções.

Devido ao impacto da doença, existem políticas em vigor que visam reduzir a prevalência da doença e as suas consequências, por meio de programas de educação alimentar nas escolas, apoio com alimentação escolar, palestras em unidades de saúde, conscientização sobre o problema e formas de prevenção, bem como programas que visam garantir que os grupos mais afectados tenham acesso a uma assistência privilegiada (a redução da morbimortalidade materno-infantil nos países em desenvolvimento é uma prioridade na agenda dos governos). A iniciativa Saúde de Ferro convida profissionais de saúde, académicos, entidades público-privadas e a sociedade, em geral, a considerarem a alimentação como solução para este problema. Além de uma dieta balanceada e suplementação com ferro, a fortificação dos alimentos é a melhor forma de combater as deficiências nutricionais. A composição da dieta e não a quantidade de alimentos é o elemento mais importante na prevenção da anemia. Quer viver com saúde? Adicione ferro à sua dieta e veja os benefícios. Menos infecções, menos visitas ao hospital, maior concentração, melhor desempenho escolar, etc. Viva forte com o ferro!

Saúde de Ferro A Organização Mundial de Saúde (OMS) define anemia como “a condição em que o teor de hemoglobina no sangue está abaixo do normal, por falta de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa deficiência”. Em Angola, 65% das crianças com menos de cinco anos tem alguma forma de anemia, de acordo com o “Inquérito de Indicadores Múltiplos e Saúde (IIMS) 2015-2016”. A anemia também é considerada uma das principais causas de internamento em Referências Bibliográficas: - Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2015-2016. - SILVA, D.G.; SÁ, C.M.M.N.; PRIORE, S.E.; FRANCESCHINI, S.C.C.; DEVINCENZI, M.U. Ferro no leite materno: conteúdo e biodisponibilidade. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP., v.23, p.93-107, jun., 2002. - World Health Organization. Iron deficiency anaemia: assessment, prevention, and control: a guide for programme managers. Geneva: WHO; 2001. - VITOLO, M.R; BORTOLINI, G.A. Biodisponibilidade do ferro como factor de proteção contra anemia entre crianças de 12 a 16 meses, Jornal de Pediatria (Rio Janeiro), 83 (1). Fev., 2007.

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ENTREVISTA

ROCHE: PARCEIRO DE CONFIANÇA EM ANGOLA

GONÇALO RODEIA MARQUES É O ACTUAL RESPONSÁVEL DA ROCHE FARMACÊUTICA PARA OS PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA (PALOP). FARMACÊUTICO DE FORMAÇÃO, DEDICOU OS ÚLTIMOS 10 ANOS À ÁREA DA SAÚDE NOS MERCADOS AFRICANOS, NOMEADAMENTE, NA DIRECÇÃO DE EMPRESAS NA ÁREA LOGÍSTICA, NO RETALHO FARMACÊUTICO E, MAIS RECENTEMENTE, NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA. APAIXONADO PELO IMPACTO QUE O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DA SAÚDE GERA PARA A SOCIEDADE EM GERAL, E PARA OS DOENTES EM PARTICULAR, A SUA ACTIVIDADE FOCA-SE, HOJE, NA DINAMIZAÇÃO DE PARCERIAS ESTRUTURANTES COM OS GOVERNOS, MINISTÉRIOS E INSTITUIÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS A ACTUAR NESTES PAÍSES, COM VISTA À MELHORIA DOS CUIDADOS DE SAÚDE DAS POPULAÇÕES.

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Gonçalo Rodeia Marques Responsável da Roche Farmacêutica para os PALOP. Licenciado em Farmácia pela Universidade de Lisboa. MBA e mestrado em Gestão pela ISG - Business & Economics School

A

Roche Farmacêutica é pioneira no sector da saúde, sendo conhecida como um laboratório que antecipa soluções para problemas médicos ainda sem resposta, com a criação de medicamentos e testes de diagnóstico inovadores. Com esta estratégia, tem conseguido ajudar milhões de pessoas em todo o mundo. Qual a principal visão e ambição para Roche nos próximos 10 anos? A Roche é uma empresa global, pioneira no desenvolvimento de produtos farmacêuticos e sistemas de diagnóstico que visam proporcionar o avanço da ciência e a melhoria da vida das pessoas. A Roche disponibiliza soluções inovadoras, tanto de produtos farmacêuticos, como de diagnósticos, posicionando-se como empresa líder em cuidados de saúde personalizados, uma abordagem que visa adequar o tratamento certo a cada doente da melhor maneira possível. A Roche dispõe no seu portfólio de medicamentos verdadeiramente diferenciados em oncologia, imunologia, hematologia, doenças infecciosas, oftalmologia e doenças do sistema nervoso central, sendo também a líder mundial em diagnósticos in vitro e uma pioneira no controle da diabetes. Fundada em 1896, a Roche continua a investigar as melhores formas de prevenir, diagnosticar e tratar doenças e de fazer uma contribuição sustentável para a sociedade, com o lema de “fazer hoje o que os doentes necessitam amanhã”. A Roche está, hoje, a adaptar-se às mudanças globais e quer contribuir, de modo ainda mais acentuado, para sistemas de saúde justos, equitativos, fortes e resilientes. Definimos, assim, como ambição para os próximos 10 anos uma duplicação dos benefícios para os doentes, a metade do custo para a sociedade. Os novos tempos, muito influenciados pela pandemia, são desafiadores para todas as esferas da sociedade, incluindo a da saúde. Na Roche, entendemos que esta

é uma oportunidade única para reconfigurarmos o futuro dos cuidados de saúde, a nível global, trabalhando em conjunto com a sociedade. Queremos ajudar os sistemas de saúde a alcançarem melhores resultados para os doentes e de forma mais célere, mas fazendo-o de um modo sustentável. Para isso, estamos a transformar a nossa organização e a maneira como trabalhamos, mas com o compromisso de sempre: colocar a ciência, o conhecimento e o rigor ao serviço da sociedade. Acreditamos que a nossa ambição a 10 anos só pode ser alcançada se evoluirmos nas nossas formas de trabalhar. Através destas mudanças, estabeleceremos parcerias ainda mais estreitas com os profissionais de saúde, de modo a concentrar-nos verdadeiramente no que produz impactos mais significativos para os doentes, canalizando recursos cruciais para um maior investimento em investigação e desenvolvimento. Pretendemos ser, cada vez mais, um parceiro estratégico relevante para o sistema de saúde, fornecendo soluções integradas, ajudando na aplicação de dados, interpretação de diagnósticos e compreensão dos tratamentos, para alcançar melhores resultados em mais doentes e de forma mais rápida. O Grupo Roche está presente em mais de 150 países. África, especialmente os PALOP, são um mercado onde a Roche tem investido muito, nomeadamente, na educação, formação e apoio dos profissionais de saúde. Enquanto laboratório, como é que a Roche se posiciona neste mercado? Melhorar a saúde é fundamental para o alcance do imenso potencial do continente africano, contudo, milhares de pessoas enfrentam obstáculos nas diferentes etapas para aceder aos cuidados de saúde. Na Roche, trabalhamos para um futuro onde todos os africanos possam aceder a cuidados de saúde de classe mundial. A Roche está alicerçada no seu compromisso com os pacientes em África e no seu legado de 120 anos como uma empresa inovadora de prestação de cuidados de saúde, porque sabemos que podemos fazer mais para resolver as barreiras de acesso aos cuidados de saúde, que são persistentes, mas possíveis de resolver, em todo o continente africano. Trabalhamos para melhorar cada passo do percurso dos doentes, removendo as barreiras que encontramos, desde o diagnóstico ao tratamento, porque acreditamos que os doentes africanos merecem o mesmo tratamento que todos os outros. Para fazer isso, comprometemo-nos a co-criar soluções à medida das necessidades específicas de cada país, trabalhando com as partes interessadas de todo o ecossistema de prestação de cuidados de saúde, para proporcionar uma melhoria significativa da qualidade de vida e da saúde dos seus habitantes e assegurando, ao mesmo tempo, uma actividade sustentável para todos, a longo prazo. A oncologia é uma área de investigação clínica constante. Enquanto empresa de biotecnologia, a Roche é considerada a maior empresa do mundo e líder global no tratamento do cancro. No entanto, sabemos que, em Angola, nem sempre o acesso aos tratamentos é fácil, pelo que o compromisso para com o doente e

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profissionais de saúde é importante. Quais os maiores desafios da oncologia em Angola? Os sistemas de saúde, um pouco por todo o mundo, apresentam desafios constantes, nomeadamente, pelo envelhecimento da população e o aumento de doenças não transmissíveis, como é o caso do cancro, que põem em causa a sustentabilidade e o acesso equitativo a cuidados de saúde. Mais recentemente, a pandemia de Covid-19 veio exacerbar estes desafios, colocando ainda mais pressão sobre os sistemas, não sendo Angola uma excepção. A Roche tem, por isso, trabalhado com as instituições locais, nomeadamente, com o Ministério da Saúde e o Instituto Angolano de Controlo do Câncer, no sentido de identificar esses desafios e actuar sobre eles. Focamo-nos, acima de tudo, na sensibilização para a saúde e para o diagnóstico precoce, informando a população, em geral, e os intervenientes no sector, em particular, na capacitação local, apoiando a criação de infraestruturas e a formação de profissionais de saúde da área, no acesso ao diagnóstico precoce e completo de cada tipo de cancro e aos tratamentos standard mais eficazes para cada tipo de cancro, bem como no financiamento sustentável do sector, tentando encontrar formas e fontes de financiamento que permitam o acesso aos melhores cuidados de saúde para os doentes oncológicos. Conforme referiu, as parcerias, nomeadamente com o Ministério da Saúde e o Instituto Angolano de Controlo do Câncer, são fundamentais para o desenvolvimento do vosso trabalho. De que forma a Roche tem dinamizado esta parceria e que tipo de trabalho tem desenvolvido com estas instituições? No final do ano de 2017, a Roche e o Instituto Angolano de Controlo do Câncer assinaram um acordo de parceria para melhorar o acesso aos cuidados de saúde dos doentes com cancro. O acordo foi desenvolvido, precisamente, para dar resposta aos desafios colocados na luta contra o cancro e resume as actividades que se pretendem implementar, para superar os obstáculos que estes doentes enfrentam. As actividades de parceria previstas neste acordo incluem programas de consciencialização sobre a doença, rastreio para promover a detecção precoce, melhoria das instalações e capacidade de diagnóstico das unidades de Anatomopatologia do país, formação de especialistas, apoio à participação em eventos científicos e formativos nacionais e internacionais da área, apoio ao desenvolvimento de registos oncológicos nacionais para determinação do impacto da doença e dos resultados dos tratamentos disponibilizados, desenvolvimento de linhas de orientação nacionais para o tratamento do cancro, bem como no acesso aos medicamentos Roche a preços sustentáveis. Esta parceria Roche-IACC constitui um avanço importante para os doentes angolanos com cancro, contribuindo para melhorar o panorama desta doença em Angola e reduzir a necessidade de evacuar doentes para o exterior para aceder a estes mesmos tratamentos. Quais os resultados que espera alcançar fruto dessas parcerias? Acreditamos que o investimento da Roche nessas parcerias terá um impacto positivo. Em primeiro lugar, na população angolana e nos seus doentes, através do acesso aos melhores

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cuidados de saúde, equivalentes a qualquer outro país do mundo, num ecossistema de saúde gratuito e sustentável, capaz de evitar a evacuação de doentes para outros países ou garantir a assistência à população mais pobre, nomeadamente, em áreas como o cancro, a hemofilia e outras doenças e sem que estas sejam consideradas uma fatalidade. Em segundo lugar, no Serviço Nacional de Saúde, proporcionando uma cobertura universal dos cuidados de saúde aos seus doentes (UHC), em linha com os objectivos de desenvolvimento sustentável da Organização Mundial de Saúde (OMS), reduzindo a necessidade de recurso a evacuações com os elevados custos que estas operações acarretam, permitindo o acesso a um pacote de investimento Roche para capacitação do sistema, garantindo o reforço da capacitação e formação médica e de outros profissionais de saúde, em áreas tão específicas como a oncologia, a patologia, a radiologia, a hematologia e a neurologia, entre muitas outras, e assegurando a realização de eventos científicos nacionais e internacionais no país, tornando Angola numa referência na área da saúde em África. Em terceiro lugar, na economia, dado o retorno económico e poupança de boa parte das perdas económicas associados à mortalidade por cancro (a OMS estima um peso na ordem dos 1,5% a 3% do Produto Interno Bruto) e por outras doenças, pela garantia de um bom planeamento orçamental para assegurar o tratamento dos seus doentes nas terapêuticas e de diagnóstico Roche, pela atracção de outros parceiros importantes e pela criação de um centro de referência para o tratamento oncológico para os PALOP e SADC, podendo vir a atrair turismo médico para Angola. Finalmente, na eficiência do sistema, ao ser capaz de contribuir para a melhoria da eficiência das cadeias de abastecimento, bem como na garantia de acesso a um importante portfólio de produtos e tratamentos do Grupo Roche (diagnósticos e farma), sem riscos de ruptura de stock no mercado, com estabelecimento de preços diferenciados e especificamente adaptados a Angola. Tem alguma mensagem final que queria deixar aos nossos leitores? Apenas referir que a Roche está, e estará sempre, ao lado das instituições de saúde e dos doentes angolanos, para trabalhar e garantir o acesso aos melhores cuidados de saúde em Angola.

“A ROCHE ESTÁ, E ESTARÁ SEMPRE, AO LADO DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE E DOS DOENTES ANGOLANOS, PARA TRABALHAR E GARANTIR O ACESSO AOS MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE EM ANGOLA”


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REPORTAGEM

CANCRO DO PULMÃO, UMA PATOLOGIA COM PROGNÓSTICO CADA VEZ MAIS FAVORÁVEL

Dr. Severino Chova de Azevedo Médico oncologista, licenciado em Medicina pela Universidade Agostinho Neto e secretário do Colégio de Especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos de Angola

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E O DIA MUNDIAL DO CANCRO DO PULMÃO COMEMORA-SE A 1 DE AGOSTO. A DOENÇA ATINGE MAIS DE 12 MILHÕES DE PESSOAS E CAUSA MAIS DE OITO MILHÕES DE MORTES, SENDO CONSIDERADA UM DOS CANCROS MAIS MORTÍFEROS NO HOMEM. CONTUDO, GRAÇAS ÀS NOVAS TERAPÊUTICAS DIRECCIONADAS, O PROGNÓSTICO E A TAXA DE SOBREVIDA DESTES DOENTES TÊM VINDO A EVOLUIR FAVORAVELMENTE. ANGOLA AINDA NÃO DISPÕE DAS MESMAS, MAS A PERSPECTIVA É QUE, NUM FUTURO PRÓXIMO, ESTEJAM DISPONÍVEIS, DE MODO A MELHORAR OS CUIDADOS AOS DOENTES ONCOLÓGICOS ANGOLANOS.

xistem dois grandes grupos de cancro de pulmão: o Cancro de Pulmão de Não Pequenas Células (85% a 90% dos casos) e o Cancro de Pulmão de Pequenas Células (10% a 15% dos casos, raramente afecta os não fumadores, de crescimento rápido e com maior poder de metastização, comparando com outro grupo). Os principais subtipos de Cancro de Pulmão de Não Pequenas Células (o mais comum e de crescimento e metastização lenta) são: • Adenocarcinoma (40%): frequente em não fumadores, em jovens e em mulheres; • Carcinoma de células escamosas ou epidermóide (25% a 30%): frequentes em fumadores; • Carcinoma de grandes células (10% a 15%): mais agressivo, com rápido poder de metastização; • Outros, como, por exemplo, carcinoma de padrão sarcomatóide (não tem expressividade estatística). Com base nos resultados parciais de um estudo, em curso, sobre a prevalência de cancro de pulmão de 2014 a 2019, em Angola, não foge a regra onde o Carcinoma de Pulmão de Não Pequenas Células corresponde a 68%, o Carcinoma de Pequenas Células a 9,3% e nos restantes 22,7% não tinha sido determinada a natureza histológica da lesão. Quanto aos subtipos de Carcinoma de Pulmão de Não Pequenas Células, o mais frequente é o carcinoma de células escamosas, com 36%, seguido do adenocarcinoma, com 29,3%, e do carcinoma de grande célula, com 2,7%. O cancro do pulmão está muito relacionado a factores modificáveis, tais como hábitos de vida. No entanto, existem também muitos factores não modificáveis, como a história familiar. Precisamos de estudos que clarifiquem melhor sobre os maus e bons hábitos para a prevenção de cancro na população angolana, mas vale realçar que, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (2015/2016), a grande maioria dos angolanos não fuma (86% dos homens e 98% das mulheres) e, entre os fumadores, 9% dos homens e 1% das mulheres fumam diariamente. De acordo com o chefe de serviço da unidade hospitalar do Sanatório, em 2019, mais de 70% dos doentes que deram

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entrada nessa unidade com problemas respiratórios fazia uso de tabaco e, com base no já referido estudo sobre a prevalência de cancro de pulmão de 2014 a 2019, em Angola, 77,3% dos doentes com cancro de pulmão fazia uso de tabaco. A não existência de sintomatologia ou a sintomatologia tardia podem ser um grande problema para o bom diagnóstico desta patologia. Deste modo, todos os clínicos devem manter-se atentos a quaisquer sintomas que os seus utentes apresentem em consulta e fazer o encaminhamento para especialistas. O clínico deve estar atento, pois podem ser sinais e sintomas de cancro do pulmão: • Tosse, sobretudo se for persistente e piorar com o tempo; • Dor constante no peito, ombro ou costas; • Tosse acompanhada de sangue; • Alterações da cor ou volume da expectoração; • Falta de ar, asma ou rouquidão; • Respiração sonora (estridor); • Problemas recorrentes, como pneumonia ou bronquite; • Tratamento de tuberculose pulmonar com mais de quatro semanas e sem melhora clínica. Quando a doença se dissemina pode dar lugar a sintomas mais gerais: • Inchaço do pescoço e rosto; • Perda de apetite ou de peso sem causa aparente; • Fadiga; • Fraqueza extrema e perda muscular; • Dores persistentes de cabeça, nos ossos ou articulações; • Fracturas ósseas não relacionadas com acidente; • Sintomas neurológicos (marcha instável, perda de memória, hemiparesia, paraplegia, ptose palpebral, desvio da comissura labial, cefaleia persistente); • Hemorragia e coágulos sanguíneos. Em Angola, existem vários procedimentos que permitem diagnosticar o cancro do pulmão e outros para determinar o estádio da doença: • Histórico clínico e exame físico: será perguntado, durante a consulta, o histórico clínico completo, incluindo informações sobre os sintomas apresentados, possíveis factores de risco, histórico familiar e outras condições clínicas. Se o histórico e o exame físico sugerirem que o paciente possa ter cancro de pulmão, serão solicitados outros exames, como de laboratório e de imagem, e a realização de biópsias do tecido pulmonar; • Biópsia: a única maneira de diagnosticar o cancro do pulmão, obtida através de uma broncoscopia, de

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uma biópsia aspirativa transtorácica ou, menos frequentemente, de uma cirurgia); • Citologia da expectoração; • Broncoscopia para estudar o interior dos pulmões e das vias aéreas; • Exames de imagens, como a tomografia axial computadorizada (TAC) ou a ressonância magnética nuclear (RMN). A tomografia por emissão de positrões (PET), ou gamagrafia óssea, imuno-histoquímica, normalmente, são feitas no exterior do país. Até recentemente, o prognóstico de um paciente com cancro do pulmão era péssimo, sendo que apenas 15% sobrevivia após mais de cinco anos a partir do momento do diagnóstico. Em pacientes de estadio IV da doença (metastático), a taxa de sobrevida, em cinco anos, era inferior a 1%. Entretanto, os prognósticos melhoraram devido à identificação de certas mutações que podem ser alvo de tratamento. As taxas actuais de sobrevida em cinco anos são de 19% (23% para mulheres e 16% para homens). Considerando as novas terapêuticas direccionadas, tem-se mostrado uma patologia com prognóstico favorável quando comparado a antes do surgimento destas novas terapêuticas. A terapêutica do cancro de pulmão é muito variada, desde a cirurgia, à quimioterapia e à radioterapia. Ainda temos as novas terapêuticas direccionadas, como Rearranjo ALK (Alectinib, Brigatinibe, Ceritinib e Crizotinibe), Mutação de BRAF (Drabafenibe e Trametibe), Mutação do EGFR (Afetinibe, Erlotinibe, Gefitinibe e Necitumumabe), EGFR - Mutação T90M (Osimertinibe) e Imunoterapia (Atezolizumabe, Durvalumabe, Ipilumimabe, Nivolumabe e Pembrolizumabe). Angola não dispõe de terapêuticas direccionadas, como Rearranjo ALK, Mutação de BRAF, Mutação do EGFR, EGFR (Mutação T90M) e, muito menos, Imunoterapia. A experiência que tenho sobre o manejo das terapêuticas direccionadas e a imunoterapia foram obtidas durante a minha formação de Oncologia Clínica, feita na República Federativa do Brasil, pela Faculdade de Medicina do ABC – Santo André, em São Paulo. Angola não dispõe destes fármacos, mas, num futuro próximo, esperamos dispor das mesmas terapêuticas, no sentido de melhorar os cuidados aos nossos doentes oncológicos.


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REPORTAGEM

REABILITAÇÃO INFANTIL NO ATRASO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

Dra. Marisa Sousa Licenciada em Medicina/Clínica Geral pela UAN (Universidade Agostinho Neto – Angola); especialista em Medicina Física e Reabilitação/Fisiatria pela USP (Universidade de São Paulo – Brasil); especialista em Terapia da Dor e Acupuntura pela USP – Brasil. Membro do Colégio de Especialidade de Medicina Física e Reabilitação; membro do grupo de treinamento da OMS em Serviços para Cadeira de Rodas pela USP – Rede Lucy Montoro – Brasil; pósgraduada em Medicina do Trabalho pela faculdade BWS São Paulo - Brasil

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SENDO A FISIATRIA UMA ESPECIALIDADE QUE TRABALHA COM TANTAS OUTRAS, O TRABALHO DO FISIATRA É FUNDAMENTAL EM INÚMERAS ÁREAS, INCLUINDO A PEDIATRIA. O ATRASO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR (ADNPM) É UMA ALTERAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM QUE A CRIANÇA, DURANTE A SUA EVOLUÇÃO, NÃO ALCANÇA AS HABILIDADES ESPERADAS PRÉ-DETERMINADAS PARA SUA FAIXA ETÁRIA. PODE AFECTAR A CAPACIDADE MOTORA, COMUNICAÇÃO FALA E OU DEGLUTIÇÃO E O COMPORTAMENTO.

C

om uma problemática que pode afectar a nossa população pediátrica, é importante conhece as causas desta doença, que englobam condições ambientais, genéticas, infecciosas, neurológicas e desconhecidas. Está associada a várias condições que podem ocorrer na infância, desde a fase intrauterina, como, por exemplo, a desnutrição ou a má nutrição materna, doenças infecciosas maternas, como as do grupo TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simples), malformações congénitas, doenças genéticas paternas ou maternas, à fase neonatal e perinatal, como, por exemplo, s hipoxia neonatal e o nascimento prematuro, à primeira fase da infância, como a má nutrição infantil, a asfixia, os afogamentos ou as doenças infecciosas, como meningite, malária cerebral e HIV, entre outras.


É importante realçar que o atraso do desenvolvimento pode ser ligeiro, moderado ou grave e pode afectar apenas a parte motora, a fala ou o comportamento de forma isolada. Existem várias condições ou doenças que podem estar associadas, casos da paralisia cerebral, convulsões febris, hidrocefalia, AVC intra-uterino, síndrome do desconforto respiratório e autismo, entre outras. Ao falar em diagnóstico, este é feito maioritariamente pelos sinais e sintomas, durante o acompanhamento das consultas de puericultura na pediatria e os pais notam que a criança não faz as mesmas coisas que as outras da mesma faixa etária. Estes pacientes também devem ser encaminhados e avaliados por neuropediatra e fisiatra, para seguimento do plano reabilitador multidisciplinar, com terapia da fala, fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia, de acordo com a necessidade que a criança e os cuidadores apresentarem. Porém, na realidade de Angola, existem poucos profissionais nestas áreas afins e, consequentemente, muitas crianças acabam por não conseguir ser assistidas da forma mais adequada. Alguns sinais e sintomas podem indicar que existe um possível atraso no desenvolvimento, nomeadamente, hipotonia (músculos fracos e postura descaída - não reage a estímulos para contração dos músculos), dificuldade de segurar a cabeça aos três meses, não conseguir sentar sozinho aos seis meses, não começar a gatinhar antes dos nove meses, não andar sozinho antes dos 15 meses, não conseguir comer sozinho aos 18 meses, não falar mais de duas palavras para formar uma frase aos 28 meses, não

controlar a urina (micção) e as fezes (evacuação) completamente após os cinco anos e rigidez, hipertonia muscular ou alteração da marcha dos 28 meses aos cinco anos. Também podem ser solicitados, pela equipa médica, alguns exames complementares imagiológicos e laboratoriais específicos, de acordo com a necessidade patológica que a criança apresentar. O tratamento engloba acompanhamento multidisciplinar e interdisciplinar composto por médicos de várias especialidades (pediatria, neurologia, fisiatria/medicina física e reabilitação, genética, entre outros) e terapeutas (terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia, psicologia e, em alguns serviços, psicopedagogia). O tratamento de reabilitação, neste caso, envolve o estímulo dos marcos de desenvolvimento neuropsicomotor da criança, de modo que a mesma consiga adquirir e manter o seu desenvolvimento de forma adequada, reduzir ao máximo as incapacidades que a mesma venha a apresentar, auxiliar os pais e ou cuidadores na realização das actividades de vida diária e prática. Deve ser sempre mantido o seguimento com o médico fisiatra, para que, atempadamente, se possa intervir de forma medicamentosa, sejam prescritos meios auxiliares de locomoção ou ortóteses, realizados procedimentos minimamente invasivos para redução de deformidades pela presença de hipertonia, se necessário, entre outros. Deve também ser mantido o seguimento com a equipa médica de pediatria, neuropediatria e outras especialidades médicas, caso se faça necessário.

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REPORTAGEM

QUAL É O MELHOR SOFTWARE PARA A FARMÁCIA? DESENVOLVIDO POR E PARA FARMACÊUTICOS, O SIFARMA É A FERRAMENTA DE GESTÃO E ATENDIMENTO DAS FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS DA GLINTT. PERMITE AUXILIAR QUER NOS PROCESSOS DE GESTÃO (POR EXEMPLO, GESTÃO DE STOCKS E ENCOMENDAS), QUER NO ATENDIMENTO, ONDE OS ATALHOS E O DICIONÁRIO CIENTÍFICO GARANTEM QUE A ATENÇÃO ESTÁ FOCADA NO FUNDAMENTAL: O BOM ACONSELHAMENTO DO UTENTE.

E

sta é uma das principais dúvidas que surgem na hora de abrir uma farmácia e, independentemente de começar do zero ou não, o sucesso de uma farmácia está na realidade de hoje associada a duas tecnologias: um bom sistema ERP de farmácia e uma plataforma de loja virtual para farmácias que atenda as suas necessidades. No meio farmacêutico, o sistema ERP é mais conhecido como “programa de farmácia” e, mesmo que o termo seja generalista, um bom programa é essencial para o sucesso da gestão da farmácia.

Dr. Carlos Vicente Farmacêutico, com 20 anos de carreira associada às áreas de logística farmacêutica, qualidade e gestão de processos. Iniciou actividade, em 2019, na Glintt, com a responsabilidade do mercado dos PALOP, nomeadamente Angola, onde desempenha funções de gestão, coordenação comercial e operacional

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Administrar as diferentes áreas que compõem um negócio farmacêutico não é uma tarefa fácil. Documentos, legislação, vendas, receitas, despesas, stock, fluxo de caixa, gestão de clientes… Actualmente, já é possível adquirir um software que corresponda às melhores e mais necessárias práticas de gestão para a farmácia. Por isso, não se esqueça da frase: o mundo está nas mãos de quem inova!


com stock em excesso, o que acarretaria mais perdas por conta do prazo de validade. O sistema de gestão ainda permite verificar quais são os produtos mais vendáveis, os que estão a oferecer mais lucro e quais precisam ser comprados em maior ou menor quantidade para o stock. Desenvolvido por e para farmacêuticos, o SIFARMA é a ferramenta de gestão e atendimento das farmácias comunitárias da Glintt. Permite auxiliar quer nos processos de gestão (por exemplo, gestão de stocks e encomendas), quer no atendimento, onde os atalhos e o dicionário científico garantem que a atenção está focada no fundamental: o bom aconselhamento do utente.

Contar com um software para farmácia é, acima de tudo, estar na frente quando os assuntos são evolução, organização e excelência no empreendedorismo. Quais as vantagens de softwares para gestão de farmácias? • Gestão do tempo: as plataformas eletrónicas permitem lançar informações detalhadas de forma fácil e rápida, agilizando consultas futuras aos documentos que foram armazenados; • Detecção de falhas: automatizando a gestão do seu negócio com a ajuda de um software, pode evitar falhas causadas pelos processos manuais; • Melhoria da gestão financeira: registar é sempre necessário numa empresa, especialmente quando se trata de uma de comércio, já que a atitude facilita a gestão e permite visualizar os resultados das vendas. Dessa forma, a plataforma aproveita melhor os dados da empresa. Ajuda a organizar os valores e as informações, além de gerar gráficos e ficheiros de cálculo que permitem uma visão mais dinâmica dos resultados. Assim, optimiza a gestão financeira; • Controle dos stocks: o software ajuda a fazer uma gestão muito mais eficiente do stock, evitando ficar

As vantagens do SIFARMA são inúmeras: garante um serviço de qualidade, completo com tecnologias actuais e, muito importante, oferece segurança no atendimento e maior cuidado prestado na dispensa do medicamento, graças a uma extensa base de dados de produtos com toda a informação científica, com actualização regular. A Glintt é uma empresa de referência na Península Ibéria em consultoria e serviços tecnológicos, com mais de 20 anos de experiência. Através da inovação, pretendemos ajudar a transformar as organizações e melhorar a vida das pessoas. Somos líderes em Portugal e Espanha no mercado de saúde, onde desenvolvemos, implementamos e suportamos um conjunto diversificado de produtos próprios para hospitais, clínicas e farmácias. As nossas soluções são utilizadas em mais de 250 hospitais, 500 clínicas e 14 mil farmácias em Portugal, Espanha, Brasil e Angola. Para o segmento de farmácia comunitária desenvolvemos, ainda, uma oferta completa de serviços, que engloba consultoria, concepção e projecção de espaço de lojas, automação, infraestruturas e consumíveis. Em Angola, estamos presentes há cerca de 15 anos, trazendo ao mercado angolano as melhores soluções, nomeadamente ao nível do nosso produto premium, o SIFARMA ANGOLA. Pelas farmácias e para as farmácias.

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ENTREVISTA

ENTREVISTA

KASSAI, UM PASSO GIGANTE NA ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS GINECOLOGISTAS PARA ACEDER AO KASSAI, VÁ A WWW.KASSAI.AO NO SEU COMPUTADOR OU TELEFONE DIGITAL / TABLET, E SIGA AS INSTRUÇÕES. O ACESSO É GRATUITO.

Dr. Mário Bundo Médico Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, especialidade em GinecologiaObstetrícia. Presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Angola (AGOA)

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA SAÚDE

36 SAÚDE


O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGISTAS E OBSTETRAS DE ANGOLA (AGOA), MÁRIO BUNDO, ABORDA OS DESENVOLVIMENTOS DA PLATAFORMA KASSAI E A IMPORTÂNCIA QUE ESTÁ A TER PARA A CLASSE DE GINECOLOGISTAS.

A

plataforma Kassai surgiu de forma a facilitar a formação e a informação veiculada entre os profissionais de saúde. Enquanto profissional, qual a visão que tem desta plataforma? O Kassai é uma plataforma que disponibiliza serviços de ensino electrónico para os profissionais de saúde em Angola, e não só, e representa um passo gigante na estratégia geral de formação e qualificação contínua destes profissionais. Esta plataforma garante a formação abrangente, prática, qualificada e dinâmica para os profissionais e um impacto positivo para os seus utentes. A especialidade de ginecologia conta com um número substancial de profissionais que trabalham por todas as províncias de Angola, prestando os seus serviços de melhoria da qualidade da saúde da mulher. Como é que esta plataforma consegue fortalecer esta especialidade, fundamental no país? Efectivamente, temos um número substancial de profissionais actuando nesta especialidade, cerca de 200, falando apenas de médicos, espalhados por todo o país. Ter a possibilidade de aceder às formações e respectivos conteúdos, de acordo com o interesse e a disponibilidade de cada profissional, é uma grande mais-valia e fortalece de sobremaneira a formação em ginecologia e obstetrícia.

Na sua opinião, este tipo de formação permitirá à especialidade de ginecologia um alinhamento da informação veiculada, uma vez que é uma formação certificada, disponível para todos os profissionais, independentemente da localização geográfica?

Acreditamos que os conteúdos para formação, em qualquer modalidade, são sempre bem estruturados. Mas este requisito torna-se mais relevante numa plataforma como o Kassai, uma vez que deve seguir uma lógica que possa ser compreendida com facilidade, ter objectivos bem definidos, bem estruturados e revisados com rigor e estar em consonância com a realidade e políticas sanitárias do país. Portanto, tudo isto assegura o alinhamento da informação veiculada, independentemente da localização geográfica.

Sabemos que a malária é uma endemia que mata milhares de pessoas, actualmente, no país. Este ano, falou-se mesmo num surto desta doença. Infelizmente, as grávidas tendem a ter maiores repercussões com a doença, chamada mesmo de malária na gravidez. Com um programa de formação online, os profissionais poderão tornar-se mais capacitados para agir perante casos de malária na gravidez? Infelizmente, a malária continua a ser um problema relevante de saúde pública em Angola, e não só, pelo seu impacto negativo nas taxas de morbimortalidade. A malária na gravidez é uma combinação que agrava este impacto pelas peculiaridades fisiopatológicas e clínicas que implica. A disponibilização de material online para formação sobre o tema irá garantir a formação mais rápida, a troca de experiências com frequência, com as vantagens de rápido e prático acesso (internet, computador, tablet ou smartphone). Portanto, não importa se o profissional está no Bengo, Baía Farta, Matala, Luanda ou outro lugar remoto do país. Através da (in)formação veiculada nesta plataforma, como é que, na sua opinião, o Kassai conseguirá melhorar a saúde reprodutiva da mulher? O Kassai vai permitir um rápido, seguro e qualificado alargamento das possibilidades e disponibilidades de formação para os profissionais de todo o país. Em tempo de pandemia e de crise económica, isto representa a solução ideal. O Kassai tornou-se uma ferramenta positiva e importante para a classe? Os profissionais estão a aderir bem à mesma? Há profissionais que já têm conhecimento da plataforma e vários que, percebendo da sua importância na formação e capacitação, bem como para se manterem actualizados e mais competitivos, realizaram os cursos já disponíveis. Para aqueles profissionais que, por razões diversas, ainda não aderiram, fazemos aqui o apelo para que se juntem já à plataforma Kassai.

Kassai, de que se trata?

Kassai é uma plataforma de e-learning especialmente projectada para desenvolver a capacidade dos profissionais de saúde, de forma eficiente e conveniente. Lançada pelo PNCM, com apoio da Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID)/Iniciativa Presidencial Contra a Malária (PMI), a plataforma Kassai apresenta enorme potencial.

37 SAÚDE


REPORTAGEM

E-COMMERCE: NOVA NORMALIDADE? A PANDEMIA ACELEROU A UTILIZAÇÃO DE SOLUÇÕES DIGITAIS EM ANGOLA. A APPY SAÚDE, ENQUANTO PLATAFORMA DIGITAL, BENEFICIOU TAMBÉM DESTA ACELERAÇÃO. O SEU GRANDE OBJECTIVO É LIGAR TODOS OS UTILIZADORES A TODOS OS SERVIÇOS DE SAÚDE, PELO QUE, DESDE 2017, TEM VINDO A DESENVOLVER SOLUÇÕES DIGITAIS PARA O SECTOR.

A

análise de centenas de milhões de transacções nas plataformas de e-commerce de todo o mundo, feita pela ACI Worldwide, concluiu que as vendas globais no e-commerce, no mês de Junho de 2020, cresceram 28%, o maior aumento da história nas análises ano a ano (AoA). Em Angola, o Business Angola fez uma reportagem, no ano corrente, de como a pandemia está a impulsionar o sector digital no país e a beneficiar o seu arranque e o crescimento neste contexto de “nova normalidade”. Alguns negócios digitais são uma versão evoluída dos negócios “tradicionais” e outros surgiram inteiramente no digital, criando uma disrupção completa. Tudo isto representou um aumento no comércio electrónico e na aceleração da transformação digital em Angola. A pandemia acelerou a utilização de soluções digitais em Angola. A Appy Saúde, enquanto plataforma digital de saúde, beneficiou também desta aceleração.

38 SAÚDE


Com o grande objectivo de ligar todos utilizadores a todos os serviços de saúde, a plataforma Appy Saúde tem vindo a desenvolver soluções digitais para o sector da saúde, desde 2017. Disponível pelo website www.appysaude.co.ao ou em aplicativo móvel, para Android e iOS, a Appy Saúde permite que os utilizadores comprem medicamentos ou outros produtos de farmácia completamente online. Produtos não farmacêuticos (de puericultura, beleza, dermocosméticos, etc.) podem ser entregues no domicílio do utilizador. A Appy Saúde coloca a informação no centro das suas soluções e permite que todos os utilizadores com acesso à Internet possam consultar, de maneira gratuita, a disponibilidade de medicamentos e o seu preço em dezenas de farmácias de referência, em Angola. Isto torna o mercado da saúde mais transparente e menos assimétrico. A Appy Saúde conta com mais de dois mil estabelecimentos de saúde registados, entre os quais farmácias, clínicas privadas, hospitais públicos, centros de fisioterapia, oftalmologia, ginecologia/obstetrícia, clínicas dentárias, centros médicos e muito mais.

Resumindo, a Appy Saúde já apresenta um conjunto de serviços consideráveis e relevantes no sector da saúde, nomeadamente: •

Reserva de medicamentos;

Entregas de produtos de puericultura (bebés) e bem-estar;

Marcação de consultas online;

Adesões a planos ou seguros de saúde;

Perfil de saúde pessoal e dos dependentes;

Perfil dos médicos;

Informações de milhares de farmácias listadas por geolocalização;

Informações de diversos hospitais listados por geolocalização.

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Pedro Beirão (em baixo, à esquerda) Sócio fundador e director geral da APPY. Trabalhou como Solution Manager na Huawei Technologies, actualmente, a maior fornecedora de soluções de telecomunicações do mundo. Foi também supervisor de engenharia na Net One e gerente de Projectos de Telecomunicações na TOTAL E&P Angola

COM O GRANDE OBJECTIVO DE LIGAR TODOS OS UTILIZADORES A TODOS OS SERVIÇOS DE SAÚDE, A PLATAFORMA APPY SAÚDE TEM VINDO A DESENVOLVER SOLUÇÕES DIGITAIS PARA O SECTOR DA SAÚDE, DESDE 2017

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Compras de produtos online Para as compras de produtos online, trabalhamos com cerca de 50 farmácias concentradas em Luanda, Benguela, Huíla, Huambo e Malanje. Estaremos também, em breve, no Kwanza-Sul. Na Appy Saúde, o utilizador poderá encontrar mais de 17 mil produtos farmacêuticos com toda a informação de nome, preço, tipologia, categoria, formato, tamanho e mais detalhes. Durante a pandemia, vimos o número de produtos pesquisados e reservados na plataforma a aumentar consideravelmente. Com cerca de 25 mil utilizadores activos, a Appy Saúde conta com mais de 65 mil produtos pesquisados mensalmente, em todo o país. As soluções de pagamento online são cada vez menos um obstáculo ao negócio online, com o crescimento do pagamento online da EMIS (Gateway de Pagamentos Online). Esta solução,


incluída na Appy Saúde, permite que os clientes possam pagar online, usando apenas o seu número de telefone associado ao aplicativo MulticaixaExpress e que aprovem a compra no seu telemóvel. Os pagamentos online são um importante passo para o aumento dos canais digitais e Angola está a caminhar no sentido certo. Um dos principais desafios para o sector digital farmacêutico continua a ser a legislação em vigor, que não permite a entrega ao domicílio de produtos farmacêuticos. Plataformas como a Appy Saúde têm a capacidade de digitalizar as receitas médicas, permitindo que tanto as farmácias como as entidades reguladoras possam verificar, de maneira digital, todos os requisitos necessários para a autorização do aviamento de produtos farmacêuticos. Contudo, a evolução técnica deve ser acompanhada da actualização legislativa, o que tem tardado em acontecer.

A APPY SAÚDE TEM CONTRIBUÍDO PARA ALCANÇAR ALGUNS DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DEFINIDOS PELA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) PARA 2030. A AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL FORNECE UM PLANO COMPARTILHADO DE PAZ E PROSPERIDADE, AGORA E NO FUTURO Com isto, e tendo em conta a actual conjuntura de pandemia, torna-se mais relevante proteger os cidadãos mais frágeis, evitando que os mesmos tenham de se expor ao sair de casa para ir levantar os produtos numa farmácia. Estes utilizadores “de risco” poderiam, se a legislação o permitisse, receber os produtos que precisam, sem ter de sair de casa (expondo-se ainda mais ao vírus). Com isto, o canal digital continuaria a aumentar, trazendo ainda mais valor para os utilizadores e para as farmácias. A Appy Saúde tem contribuído para alcançar alguns dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada por todos os Estados-membros das Nações Unidas, em 2015, fornece um plano compartilhado de paz e prosperidade, agora e no futuro. APPY A APPY é uma startup angolana na área da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) que nasceu da necessidade de encontrar informação fidedigna e em tempo real. Criada em 2015, definiu a visão de ligar todos a todos os serviços de utilidade pública. A sua actividade iniciou-se no sector da saúde, com o lançamento da plataforma Appy Saúde, em 2017, com o grande objectivo de ligar todos a todos os serviços de saúde.

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REPORTAGEM

A DIRECÇÃO TÉCNICA E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS DENTRO DO ARMAZÉM DE MEDICAMENTOS

Dra. Zola João Técnica média de farmácia pelo IMS de Luanda; licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola/Ciências Farmacêuticas; agente de Segurança Higiene e Saúde no Trabalho; directora técnica da Australpharma

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QUEM É O DIRECTOR TÉCNICO? É O PROFISSIONAL INCUMBIDO PELOS ASPECTOS FORMAIS DO EXERCÍCIO DENTRO DO ARMAZÉM DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS COSMÉTICOS, QUE REPRESENTA O SECTOR DA SAÚDE. ESTE É RESPONSÁVEL POR ASSESSORAR OS ASSUNTOS TÉCNICOS, REGULAMENTARES, DESEMPENHO ÉTICO NA ORGANIZAÇÃO E JUNTO DAS AUTORIDADES SANITÁRIAS QUE REGULAM A ACTIVIDADE FARMACÊUTICA, ORIENTADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE.

E

ncontramos na direcção técnica o grupo de actividades de apoio a essas ações de saúde. Sendo assim, temos a função de garantir a qualidade dos medicamentos para a distribuição junto dos nossos clientes. A qualidade é o nível de perfeição de um serviço ou processo de entrega, de forma que atenda as exigências definidas pela norma ISO 9001 e pelos nossos clientes. A palavra qualidade tem um conceito subjectivo, que está relacionado com as necessidades e resultados da empresa e dos nossos clientes, daí que o grau de utilidade esperado dos serviços dentro do armazém é verificar o cumprimento de todos os elementos constituídos nas Normas de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos.

5 cuidados fundamentais para o depósito de medicamentos Dentro das maiores preocupações na indústria farmacêutica, temos os processos de armazenamento de medicamentos, por não serem uma mercadoria comum e demandam cuidados especiais, durante as operações logísticas. Deve o director técnico estimular os funcionários a conhecer os regimes internos, com o objectivo de assegurar o cumprimento das normas, garantindo a segurança e o atendimento de qualidade aos clientes/ pacientes. Além disso, existe uma legislação própria, a respeito deste tema: • I série n.º 166 de 1 Setembro de 2010 sobre o Regulamento do Exercício da Actividade Farmacêutica; • Decreto presidencial n.º 191/10 de 1 de Setembro. Por lidar com medicamentos, portanto, com saúde pública, este sector é intensamente fiscalizado e precisa de adoptar métodos eficazes para garantir a integridade, funcionalidade e qualidade das mercadorias ou medicamentos dentro do estabelecimento.

Ao se adoptar o sistema de gestão de qualidade na organização, consegue-se controlar e melhorar os processos de forma rápida, fazer chegar ou responder de forma mais adequada, evitar que as atividades mais difíceis sejam feitas de forma errónea e que possam interferir na qualidade final do produto ou serviço. Todo o produto ou serviço precisa de ser fiscalizado nas suas funções, forma de fabrico, conservação e distribuição.

43 SAÚDE


Estatisticamente, 70% das vendas e distribuição de medicamentos é realizada de maneira indirecta, da indústria para os distribuidores, e 30% é de maneira directa, da indústria para o revendedor ou consumidores, como as farmácias e hospitais. Para maior volume de vendas, são necessários inúmeros cuidados extra, especialmente, no que toca à complexidade do armazenamento, controle e entregas. Ressalta-se que algumas indústrias ainda operam com centros de distribuição próprios, mas a terceirização das soluções logísticas, como o stock e armazenamento, tem-se tornado uma opção comum, devido aos ganhos em qualidade e segurança e à redução de custos que proporciona. Actualmente, a indústria farmacêutica deve contar com uma logística moderna e capaz de atender às suas peculiaridades e às demandas de um mercado que tem crescido e modificado bastante, em razão do envelhecimento da população. Existem, assim, cinco cuidados que não podem faltar nas operações logísticas e na fiscalização: • Locais de armazenamento adequado: um dos cuidados mais importantes no sector farmacêutico é, sem dúvida, o local de armazenamento, porque é preciso assegurar que o ambiente esteja devidamente higienizado e receba iluminação e ventilação aceitáveis, conforme consta no decreto sobre o regulamento da actividade farmacêutica, no Artigo 6.º, alínea f; • Controle de temperatura: alguns medicamentos necessitam de uma refrigeração especial e grande parte não pode ser exposta a altas temperaturas. De esse modo, o controle de temperatura deve ser constante dentro do depósito, devendo também ter câmara de frio, para garantir o controle da temperatura e conservar os produtos em stock; • Controle do prazo de validade e gestão de stock: para evitar perdas, é necessário um controle rígido da validade dos produtos, porque estamos a lidar com medicamentos que perdem a sua função e qualidade após a data de validade e, portanto, devem ser distribuídos e comercializados dentro do período indicado. O método eficiente na gestão da qualidade de stock é o FIFO ou PEPS de armazenagem, em que o primeiro que entra é o primeiro que sai; • Transporte seguro e adequado a cada tipo de medicamento: o transporte também merece uma atenção especial, durante o movimento e acondicionamento dos produtos no camião e no seu percurso. Sendo que deve ser feito de maneira segura e rápida, tendo as embalagens adequadas, como as refrigeradas que, ainda assim, precisam de uma refrigeração mais particularizada;

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• Cumprimento de normas e determinações: DNME (Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos), hoje ARMED, pelo manual de Normas de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos Produtos Sanitários; Organização Mundial da Saúde (OMS), o requisito NP EN ISSO 9001; Manual de Procedimentos para Gestão e Controle de Medicamentos do Programa Nacional de Medicamentos Essenciais (PNME); Decreto presidencial n.º 191/10 de 1 de Setembro, sobre o Regulamento do Exercício de Actividade Farmacêutica. Acabou de conhecer os cuidados que se devem tomar para responder desafio de director técnico de um armazém ou farmácia, agora, é importante monitorizar e gerir os riscos com mais eficiência. Todas as boas práticas apresentadas só poderão ser relevantes quando começamos a colocá-las em prática e a evitar inúmeros problemas, como perdas de produtos, capital do negócio, multas e apreensões ou, mesmo, o encerramento dos estabelecimentos, por conta da falta de rigor dos deveres do farmacêutico frente à quebra da cadeia de distribuição de medicamentos com qualidade, colocando em risco a integridade física do paciente ou consumidor. É possível compreender a importância de se manter atento aos procedimentos de armazenamento de medicamentos, para assegurar um bom nível de confiança e segurança ao consumidor, agregando valores à marca, e contribuir para fidelizar/reter clientes e, consequentemente, para a saúde pública. Para manter um departamento de qualidade, é necessário envolver todas as pessoas da sua empresa no processo da qualidade, definir os produtos e processos que têm mais impacto no negócio, supervisionar, orientar e executar. Os medicamentos vencidos e em desuso devem ser descartados adequadamente e levados a postos de recolha, para o seu uso final, porque sabemos que o descarte de forma incorrecta, mesmo em pequena quantidade, causa graves consequências, quando acumuladas e podem tornar-se poluentes ambientais perigosos. “Muda, que todo o resto muda contigo”. Pense nisso.


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APRENDA SEM SAIR DE CASA! SAÚDE


ANOS YEARS

CUIDAR DA SAÚDE E BEM-ESTAR DAS PESSOAS É O NOSSO PROPÓSITO DIÁRIO!

Da capacidade logística (reforçada com um novo armazém de 2400m2) à implementação de boas práticas de distribuição. Do portefólio alargado ao marketing do produto. Da formação de recursos humanos ao programa de responsabilidade social. Na Australpharma, desenvolvemos competências específicas que promovem a otimização dos processos e o aumento da eficiência em todas as frentes. Dia após dia, trabalhamos para estar sempre na vanguarda.

46 SAÚDE

SEMPRE À FRENTE. EM TODAS AS FRENTES.


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