Nº 05
Março/Abril 2021
DISTRIBUIÇÃO GRÁTIS
PUBLICAÇÃO DIGITAL BIMESTRAL
TUBERCULOSE
Doença que veio para ficar? OBESIDADE
Uma problemática de todos
SAÚDE
PREVENÇÃO COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO O MÉDICO RESPONDE
Malária na gravidez. Quais os principais problemas?
em combinação com quimioterapia retarda a progressão da doença, com toxicidade mínima1.
Colorrectal
RCM Avastin Referência: 1. Hurwitz, et al. NEJM 2004
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M-AO-00000005, MAR 2021 SAÚDE
Útero
Ovário
Mama
Roche Farmacêutica Química, Lda. Estrada Nacional 249-1, 2720-413, Amadora Tel.: +351 214 257 000 | Fax: +351 214 186 677 NIF: 500 233 810 www.palopmed.com | www.roche.com
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ÍNDICE SAÚDE, PARA SI
04 06 Dra. Nádia Noronha Directora Executiva da Tecnosaúde
Continuamos a olhar para o futuro com um imenso ponto de interrogação, à medida que a pandemia teima em deixar novas, e constantes, evoluções, que fazem com que a situação não se apresente tão controlada como gostaríamos, ao dia de hoje. Um pouco por todo o mundo, vamos escutando os ecos de como esta doença veio condicionar o nosso presente e levantar um conjunto de dúvidas sobre como se apresentará o nosso amanhã. Ao dia de hoje, apenas a certeza de que nada é, para já, como um dia pôde ser, mas, sobretudo, nunca a noção de saúde individual esteve tanto em destaque e com necessidade de reflexão sobre o tema. Vivemos tempos fantásticos de evolução tecnológica, comunicacional, assistimos à evolução da técnica a trazer melhores acessos em termos de comunicação, desenvolvimento económico e social. Mas, ao mesmo tempo, pela primeira vez neste século, assistimos a um evento que colocou as nossas vidas como numa transmissão vídeo: em pausa. Numa empresa dedicada à formação na área da saúde e de promoção do bem-estar, onde falamos desta temática estrutural nas nossas vidas, com quem sabe e faz da nobre arte de cuidar de todos os angolanos o seu modo de vida, nunca, no presente contexto, a palavra cuidar fez tanto sentido. Cuidar, estar atento, prevenir, antecipar, dar ao nosso corpo a atenção de que ele precisa para evitar tantas patologias que nos assolam, ao dia de hoje, através da promoção e disseminação de mais e melhores cuidados de saúde. No rescaldo do Dia Mundial da Saúde, nunca o cuidar de nós, dos nossos, de tudo o que nos rodeia e dá sentido à nossa existência individual e colectiva faz, e fez, tanto sentido. Só assim poderemos construir um futuro risonho para todos.
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ENTREVISTA A importância de cuidar do nosso coração pela voz do Dr. Dário Olaio
Dra. Paulina Hossi aborda a importância da prevenção no combate à terceira causa de cancro no mundo
O MÉDICO RESPONDE Dra. Ândrea Luís aborda as principais complicações da malária no período de gravidez
Kassai: corrente de conhecimento para todos os profissionais de saúde, na linha da frente, frente em Angola Resistência aos Antibióticos Dra. Márida Santana Silva explica a importância do papel do farmacêutico no combate à resistência aos antibióticos Obesidade: uma problemática de todos Dra. Eunice Sebastião e a epidemia da obesidade global
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Preservar a saúde
Tuberculose, uma doença que veio para ficar?
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EDITORIAL
REPORTAGEM Como melhorar a sua saúde com desporto?
Viver bem com a doença renal Dermatite Atópica Saiba prevenir crises
Propriedade e Editor: Tecnosaúde, Formação e Consultoria Nacionalidade: Angolana Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, N.º 3 - 2.º Andar, Sala 224, Luanda, Angola Directora: Nádia Noronha E-mail: nadia.noronha@tecnosaude.net Sede de Redacção: Edifício Presidente Business Center Largo 17 de Setembro, n.º3 - 2.º andar, sala 224, Luanda, Angola Periodicidade: Bimestral Suporte: Digital http://www.tecnosaude.net/pt-pt/
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SAÚDE
ENTREVISTA
CUIDE DO SEU CORAÇÃO DR. DÁRIO OLÁRIO, PRESIDENTE DO COLÉGIO DE ESPECIALIDADE DE CARDIOLOGIA DA ORDEM DOS MÉDICOS DE ANGOLA, FALA-NOS SOBRE A SAÚDE DO NOSSO CORAÇÃO NA QUINTA EDIÇÃO DA NEWSLETTER TECNOSAÚDE, QUE COINCIDE COM A COMEMORAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA SAÚDE.
Dr. Dário Olaio Presidente do colégio de especialidade de cardiologia da Ordem dos Médicos de Angola
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O
coração é um dos órgãos mais importantes do nosso corpo. Um coração saudável é a chave para um corpo saudável. O que devemos fazer para manter o nosso coração saudável? Há duas vertentes. A primeira é como manter um coração saudável, quando ainda não aconteceu nenhum acidente cardiovascular (o ideal). Mas também existem aqueles que já tiveram algum evento cardíaco e pretendem recuperar esta saúde perdida. No primeiro caso, que chamamos de prevenção primária, claramente tem uma relação directa com a manutenção de uma vida isenta de hábitos nocivos, como fumar, a ingestão de bebidas alcoólicas em excesso, o uso e dependência de outras drogas entorpecentes, ter uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercício físico, o controlo adequado do stress, o tratamento de infecções com potencial de afectar secundariamente o coração, como a faringoamigdalite, que pode, senão for tratada, desencadear a febre reumática e a doença reumática cardíaca, etc. No segundo caso, aqueles pacientes que já tiveram um acidente cardiovascular e, portanto, pretendem recuperar a saúde cardiovascular perdida, o que chamamos de prevenção secundária, é uma situação um pouco mais complexa, pois depende do tipo de acidente cardiovascular que sofreram e se ficaram com alguma sequela mais ou menos irreversível. Estes pacientes, aos quais o controlo de factores de risco deve ser mais intenso, provavelmente
também precisam de algum acompanhamento médico e tratamento cardiovascular regular e contínuo, cujo cumprimento é fundamental. É como se alguém começasse uma corrida a mancar de uma perna. Dificilmente evitará chegar em último, mas pode chegar à meta, se extremar todos os cuidados necessários. Na sua opinião, como é o estado epidemiológico da insuficiência cardíaca em Angola? A nossa realidade é a de um país subdesenvolvido, com expectativa de vida baixa, onde prevalecem as doenças infecciosas. No caso do coração, as doenças infecciosas que mais frequentemente vemos são as doenças reumáticas cardíacas, consequência das amigdalites pós estreptocócicas do grupo A, as miocardites e as pericardites. Também, nos últimos anos, assistimos a algum incremento no aparecimento de factores de risco cardiovascular, como a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, o
sedentarismo, o stresse e, por conta disso, assistimos ao aumento exponencial das doenças e complicações cardiovasculares, como os acidentes cerebrovasculares, os enfartes de miocárdio, as insuficiências cardíacas, entre outras. Quais são os principais factores de risco cardiovasculares que podem ser evitados? Conceptualmente, conhecemos que factores de risco são todas aquelas situações com potencial para fazer com que determinadas doenças sejam frequentes. Neste contexto, entendemos que os factores de risco podem ser modificáveis e não modificáveis. Nestes últimos, incluímos a idade, a hereditariedade, o sexo e a raça. Os modificáveis, que é onde se debruça a pergunta, são todos os que podem ser corrigidos e, com isso, se procura a redução do risco a contrair determinada doença. No nosso país, são muito importantes: o controlo da diabetes, da hipertensão arterial sistémica, das dislipidémias, seja com a dieta, como com medicamentos que reduzam o
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colesterol, o sedentarismo, o stresse, o consumo de substâncias nocivas (neste aspecto, dá-se importância para o consumo excessivo de bebidas alcoólicas), o uso de estupefacientes e drogas, etc. O hábito de fumar, embora seja um importante factor de risco para a aparição de inúmeras doenças, felizmente, não é um hábito muito frequente na nossa população, apesar de o encontrarmos em camadas jovens e, contraproducentemente, em pessoas com certo grau de instrução e nível cultural. Estudos clínicos indicam-nos que a infecção por Covid-19 foi associada a algumas complicações cardiovasculares directas e indirectas, incluindo lesão aguda do miocárdio, miocardite, arritmias e tromboembolismo venoso. Qual é a sua opinião? A minha opinião é de que, efectivamente, a Covid-19 tem um impacto tanto indirecto como directo na aparição de doenças e complicações cardiovasculares. Indirecto, porque as pessoas, por medo de contrair o vírus, deixam-se ficar em casa, sobretudo quando sentem algum mal-estar cardiovascular, que poderia até ser tratado com êxito. Então, vemos muitos enfartes e AVC’s, que não chegam aos hospitais, acabando as pessoas por falecer em casa, ou que já chegam em muito mau estado e com mau prognóstico. O impacto directo do vírus está dado, por uma resposta inflamatória do organismo que atinge o músculo cardíaco e pode produzir as miocardites, as insuficiências cardíacas, as arritmias e, até, doenças das artérias coronárias, com maior frequência naquelas pessoas com histórico de alguma anomalia cardiovascular pré-existente ou com factores de risco, incluindo as idades avançadas. Na nossa realidade, algumas medidas tomadas no sentido de evitar a propagação do vírus tiveram um impacto negativo nos pacientes com doenças crónicas não transmissíveis, como foi, por exemplo, o fecho das consultas externas dos hospitais por quase um ano e que, felizmente, neste momento, já foram retomadas.
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O coração não dói. Esta frase é muito recorrente, no entanto, em casos de enfarte agudo do miocárdio, pode ocorrer uma dor súbita, pelo que podemos afirmar que esta frase é um mito. Como se pode identificar um enfarte de miocárdio? Qual é a sua incidência na população angolana? Correcto. O coração não dói como dói um trauma na superfície corporal, uma ferida na pele, porque não tem a mesma sensibilidade e enervação. Mas o coração, quando dói, quase sempre é uma situação grave e com potencial perigo para a vida. Para identificar um enfarte do miocárdio, o principal sintoma é a dor torácica opressiva, que pode ter ou não irradiação aos membros superiores, às costas, à mandíbula ou na região onde se projecta o estômago, o epigastro. Pode acompanhar-se de falta de ar, cansaço fácil, palpitações, sensação de angústia súbita e de morte iminente. Aqui, os números, que não são muito altos, têm tido tendência de ascensão. Acredito que esta pouca frequência está também influenciada, porque ainda temos dificuldade no diagnóstico correcto em muitas instituições de saúde. Para quem é indicada a reabilitação cardiovascular? A reabilitação está indicada, principalmente, a quem já teve uma complicação cardiovascular importante, como o enfarte do miocárdio, a insuficiência cardíaca, os acidentes cerebrovasculares, etc. Em que situações se recorre ao cateterismo e quais as principais complicações e dificuldades? A principal dificuldade prende-se ao lugar em que se pode realizar tal procedimento. Desde o encerramento do laboratório de hemodinâmica do Hospital Josina Machel, em Luanda, que era o único em todo o país numa instituição pública, que os pacientes têm que solicitar este procedimento em instituições privadas, nas quais os custos são elevados. A indicação é, sobretudo, ante a suspeita ou diagnóstico de uma síndrome coronário aguda (angina ou enfarte do miocárdio). Geralmente, as complicações inerentes ao procedimento são pouco frequentes, mas podem acontecer, como são os hematomas no local de punção, as arritmias, as dissecções produzidas pelos cateteres, a perfuração, que é uma situação muito difícil de resolver, etc. Isto pode ser facilitado por situações anátomo-patológicas dos pacientes que não favorecem, como são as artérias muito calcificadas, tortuosas, coração muito debilitado, bem como a utilização de material e instrumentos não adequados às características dos pacientes.
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TEMA DE CAPA REPORTAGEM
TUBERCULOSE: UMA DOENÇA QUE VEIO PARA FICAR? O DIA MUNDIAL DA TUBERCULOSE É CELEBRADO A 24 DE MARÇO, SENDO ESTA CONSIDERADA A TERCEIRA CAUSA DE MORTE EM ANGOLA, DEPOIS DA MALÁRIA E DOS ACIDENTES DE VIAÇÃO.
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A
tuberculose é uma infecção crónica e progressiva que, após a infecção inicial, tem um período de latência no organismo. É causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como Bacilo de Koch, continuando a ser um dos maiores problemas mundiais de saúde pública, sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como emergência médica. A primeira evidência de tuberculose foi relatada em restos mortais humanos datados de milhares de anos. Para um
patogénico que não tem reservatório ambiental conhecido, o M.tuberculosis aprimorou a sua arte de sobrevivência e persistiu nas comunidades humanas, desde a antiguidade até aos tempos modernos. Esta enfermidade transmite-se de pessoa para pessoa por via aérea, sendo, deste modo, extremamente contagiosa. Isto porque, de cada vez que um doente tosse, espirra ou fala, liberta pequenas gotículas que transportam o Bacilo de Koch. Assim sendo, a tuberculose afecta especialmente os pulmões. O M.tuberculosis é o bacilo responsável pela tuberculose. É uma bactéria intracelular não móvel, aeróbia obrigatória facultativa e catalase negativa. Este organismo tem várias características peculiares e únicas comparativamente a outras bactérias, como a presença de lípidos na parede celular, que se acredita que contribua com algumas propriedades da infecção, tais como: • Resistência a antibióticos; • Dificuldade de coloração Gram e várias outras manchas; • Capacidade de sobreviver em condições extremas (como acidez e alcalinidade extremas ou níveis baixos de oxigénio).
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Qual é a sintomatologia? Uma vez que afecta comumente os pulmões, a tuberculose manifesta-se especialmente a nível pulmonar. No entanto, podem ser atingidos outros órgãos, como gânglios, meninges, rins, pele ou intestinos, porém, em regra, estas formas não são contagiosas. A sintomatologia mais comum é o cansaço, falta de apetite, emagrecimento, suores nocturnos e febres baixas ao final do dia. No caso da tuberculose pulmonar, a manifestação mais comum é a tosse, seca ou com expectoração, podendo conter sangue. Como é feito o diagnóstico? Estão disponíveis dois tipos de teste de triagem para a tuberculose: o teste cutâneo da tuberculina de Mantoux e o exame de sangue. No primeiro caso, é injectada na pele do antebraço uma pequena quantidade de uma substância chamada tuberculina. Após dois a três dias, é feita uma avaliação e, se houver uma reacção cutânea com vermelhidão e uma pápula que se mede, considera-se que a pessoa teve contacto com o bacilo da tuberculose.
Referências Bibliográficas: (1) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441916/
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A tuberculose é um grande mimetizador, isto é, deve ser realizado um diagnóstico diferencial de outras doenças sistémicas, tais como, pneumonia e infecções fúngicas, entre outras. Quanto ao tratamento, maioritariamente é feito em regime ambulatório e por via oral, sendo que a duração mínima da terapêutica é de seis meses, podendo esta variar. O tratamento correcto permite a cura de mais de 95% dos casos. Estudos clínicos desaconselham o tratamento em monoterapia, classificando o tratamento em cinco grupos diferentes (1). Actualmente, sabe-se que, sem tratamento, a taxa de mortalidade desta doença está acima dos 50%, no entanto, os tratamentos existentes têm uma boa taxa de resposta. Importa salientar que a tuberculose é uma doença que se consegue prevenir e é tratável com a medicação adequada. Os maiores desafios passam pela falta de consciencialização da população para a mesma, diagnóstico tardio, acesso precário à medicação e vacinação, assim como a boa adesão à terapêutica.
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ENTREVISTA
Dra. Paulina Hossi Oncologista clínica; médica no Instituto Angolano de Controlo do Cancro
O MÊS DE MARÇO É CONHECIDO COMO O MÊS DA CONSCIENCIALIZAÇÃO SOBRE O CANCRO COLO-RECTAL. A DRA. PAULINA HOSSI FALA-NOS DESTA PATOLOGIA, QUE É A TERCEIRA CAUSA DE MORTE POR CANCRO EM TODO O MUNDO.
CANCRO COLO-RECTAL: IMPORTANTE CONSCIENCIALIZAR 14 SAÚDE
Q
ual a importância do rastreio do cancro colo-rectal e quem é elegível para tal? No nosso país, como é realizado o rastreio? Desde já, os meus sinceros agradecimentos pelo convite. O objectivo principal dos programas de rastreio é a redução da incidência e da mortalidade, mediante um diagnóstico da doença em fases precoces. O grupo alvo para este rastreio são as pessoas com mais de 50 anos, mas também pessoas com risco médio, aumentado e alto, nomeadamente, pessoas com história familiar de cancro colo-rectal diagnosticado antes dos 50 anos ou múltiplos cancros colo-rectais num só indivíduo. No nosso país, no serviço público, geralmente não se fazem rastreios para este tipo de cancro. Porém, em pessoas sintomáticas são solicitados exames, tais como pesquisa de sangue oculto nas fezes e, principalmente, colonoscopia com biópsia em caso de lesões suspeitas. Nos serviços de saúde privados, por vezes, são realizados exames de rastreio. Este cancro tem uma grande carga genética associada. Devem ser realizados exames genéticos em casos de suspeita? Que tipo de exames e como é que estes podem ajudar? Penso que, em alguns casos, devem ser realizados os testes genéticos, uma vez que os mesmos estão pouco disponíveis e têm o seu emprego restrito a centros de alta complexidade. Portanto, naqueles indivíduos que têm histórico familiar marcado de cancro colo-rectal devem ser realizados. A tendência actual é iniciar a investigação genética de familiares suspeitos com a execução de: teste de instabilidade de microssatélites (MSI); imunohistoquímica para proteínas dos genes do reparo do DNA. Uma vez que um destes testes se mostre alterado, passa a existir a indicação formal para pesquisa de mutações de sequenciamento dos genes de reparo do DNA.
Conhecer os principais factores de risco para o cancro colon-rectal é uma das melhores formas de evitar o seu aparecimento. Quais são estes factores e como alertar a população para os mesmos? Os factores de risco são a idade avançada, o género masculino, a história pessoal e familiar de pólipos ou cancro colo-rectal, uma dieta rica em gorduras e pobre em fibras, a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo. Note-se, ainda, que a raça negra tem maior incidência de cancro colo-rectal e maior taxa de mortalidade. Deve-se apostar na prevenção primária, ou seja, através do combate sintomático contra os factores de risco. É vital desmistificar o tabu que existe em redor da colonoscopia, uma vez que esta é fundamental para o despiste da doença. Na sua opinião, o que é necessário fazer? Desde logo, o doente deve perceber porque é importante realizar o exame. Devemos sempre informá-lo que a colonoscopia, além de permitir um diagnóstico precoce, também permite realizar tratamento, como, por exemplo, a polipectomia. Actualmente, a colonoscopia é a única opção? Para além da colonoscopia, existem outros exames, nomeadamente, pesquisa de sangue oculto nas fezes, teste imunoquímico fecal (FIT), DNA das fezes, sigmoidoscopia flexível e colonoscopia virtual. Quais são as principais opções de tratamento disponíveis no nosso país? Basicamente, no nosso país, após o diagnóstico e estadiamento, o tratamento vai depender em que estágio se encontra o cancro. Nos estágios iniciais (0 e 1), o tratamento passa pela polipectomia ou excisão local por colonoscopia. No estágio 2, recorre-se à cirurgia e quimioterapia adjuvante, se necessário. No estágio 3, opta-se pela colectomia parcial e quimioterapia adjuvante. Nos casos de cancro do colo avançado (estágio 4), que não pode ser removido por cirurgia, realizam-se sessões de quimioterapia e radioterapia neoadjuvante, para posteriormente realizar cirurgia.
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CASO PRÁTICO
O MÉDICO RESPONDE Dra. Ândrea Luís Chefe do banco de urgência da Maternidade Lucrécia Paim
DRA. ÂNDREA LUÍS, CHEFE DO BANCO DE URGÊNCIA DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, ABORDA AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA MALÁRIA NA GRAVIDEZ.
MALÁRIA NA GRAVIDEZ
O
que é a malária e quais as principais espécies de Plasmodium que podemos encontrar em Angola? A malária é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium. É muito prevalente em Angola e considerada uma das principais causas de morbilidade e de mortalidade no nosso país, afectando mais as crianças menores de 5 anos e as mulheres grávidas, que têm duas ou três vezes maior risco de contrair malária grave do que as não grávidas. Das cinco espécies de Plasmodium responsáveis da malária humana, encontram-se representadas no país Plasmodium falciparum (87%), Plasmodium vivax (3%), Plasmodium malariae (3%) e Plasmodium ovale (3%). Da concepção até o parto, uma enorme variedade de eventos pode aumentar a complexidade da gravidez. Quais as principais complicações da malária na gravidez? Uma enorme variedade de eventos pode aumentar a complexidade da gravidez, causando, algumas vezes, a sua interrupção antes do desfecho esperado. Alguns desses eventos sofrem variações conforme o contexto epidemiológico, como no caso da malária. A malária durante a gravidez predispõe a alterações na evolução da gestação, sendo responsável por várias complicações, tanto na gestante como no concepto. As mulheres grávidas expostas à malária têm uma prevalência relativamente elevada de anemia, abortos espontâneos, nados mortos, baixo peso à nascença e parto prematuro.
16 SAÚDE
A consulta pré-natal torna-se essencial para o acesso ao tratamento intermitente preventivo (TIP). Em que consiste este tratamento? Todas as gestantes devem fazê-lo? Na sua opinião, o que fazer para alargá-lo a uma maior escala de gestantes? A consulta pré-natal é essencial, não só para o acesso ao tratamento intermitente preventivo, como também para prevenir futuras complicações associadas à gravidez. O TIP consiste na administração de sulfadoxinapirimetamina (Fansidar), durante a gravidez, a partir do segundo trimestre (14.ª semana) ou após os primeiros movimentos fetais sentidos pela mãe, tratamento este que deve ser feito a cada 28 dias. A última dose de Fansidar deve ser feita até 28 dias após o parto. Todas as gestantes que vivem em zonas endémicas devem fazê-lo. Na minha opinião, a forma para alargá-lo a uma maior escala de gestantes é a disponibilização gratuita e a toma na presença do profissional de saúde, durante a consulta pré-natal. As gestantes estão mais vulneráveis à malária? Quanto à multiparidade, as mulheres primigestas (primeira gravidez) têm maior susceptibilidade à malária do que as mulheres que já tiveram filhos? Sim. A vulnerabilidade da gestante à malária pode estar relacionada pelo facto da placenta se constituir num local propício para a multiplicação do parasita e estes possuírem a característica única de sequestrar os eritrócitos infectados no espaço intervilositário da placenta, tornando as grávidas mais susceptíveis à malária, com exacerbação dos sintomas e maior risco de complicações. As primigestas têm maior susceptibilidade à malária do que as mulheres que já tiveram filhos. Uma das possíveis justificações deve-se ao facto da imunidade para o antigénio específico de superfície, PfVAR2CSA, ser adquirida progressivamente com sucessivas gravidezes, estando, pois, ausente nas primigestas. Outra das razões apontadas é o facto das primigestas apresentarem níveis de cortisol mais elevados, originando uma maior depressão da imunidade celular. Existe alguma relação entre os efeitos da malária na gravidez e a mortalidade infantil? Os efeitos da malária na gravidez são devastadores. Por exemplo, o retardamento do crescimento intra-
uterino e o parto prematuro reflectem-se no baixo peso ao nascer, que tem sido associado à mortalidade infantil, ao desenvolvimento cognitivo deficiente e à ocorrência de doenças não transmissíveis mais tarde na vida. O baixo peso ao nascer, devido à malária, está relacionado com até 100 mil mortes infantis, por ano, nos países endémicos, segundo a Organização Mundial de Saúde. Qual é a abordagem terapêutica numa mulher grávida com malária? A abordagem terapêutica numa mulher grávida com malária simples vai depender do tempo/trimestre de gravidez. No primeiro trimestre (até às 13 semanas), Quinino Oral mais Clindamicina; do segundo ao terceiro trimestres (após as 14 semanas), Arteméter mais Lumefantrina ou Artesunato mais Amodiaquina ou Dihidroartemisinina mais Piperaquina ou Quinino Oral mais Clindamicina. Todas as grávidas que apresentem teste de malária positivo, mesmo na ausência de sintomas, devem ser tratadas como casos de malária. A malária grave deve ser considerada uma emergência médica. Perante uma malária grave/complicada numa gestante, como se deve proceder? A malária grave/complicada é uma emergência médica. O tratamento deve ser feito preferencialmente em unidade de cuidados intensivos. Deve-se estabilizar a paciente, prevenir, detectar e tratar rapidamente as complicações, como convulsões, hipertermia e hipoglicémia. Além disso, deve-se coordenar a evacuação rápida, para um nível mais diferenciado ou de referência. Se o tempo esperado entre a referência e o início definitivo do tratamento for superior a seis horas, administrar um dos seguintes fármacos: Artesunato EV/IM (2,4 mg/Kg) ou Arteméter IM (3,2mg/kg) ou Quinino EV (10mg/kg). Deve-se, igualmente, associar um antibiótico de amplo espectro.
Referências Bibliográficas: PNCM - Ministério da Saúde de Angola. Manual de Prevenção e Tratamento da Malária Durante a Gravidez. (2017). Luanda. Angola. Cohee LM, Kalilani-Phiri L, Mawindo P, et al. Dinámica de los parásitos en la sangreperiférica y la placenta durante la infección por malaria asociada al embarazo. Malar J 2016; 15: 483. Mclean, A. R. D., Ataide, R., Simpson, J. A., & Beeson, J. G. (2015). Malaria and immunity during pregnancy and postpartum: a tale of two species, 999–1015. http://doi.org/10.1017/ S0031182015000 074 WHO. (2015). “Guidelines for the treatment of malaria” (3ª Ed.) PNCM - Ministério da Saúde de Angola. Normas de Tratamento da Malária. (2014). Luanda. Angola WHO. (April - 2013). policy brief for the implementation of intermittent preventive treatment of malaria in pregnancy using sulfadoxine-pyrimethamine (IPTp-SP).
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REPORTAGEM
APRENDIZAGEM REMOTA, EFICIENTE E CONVENIENTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA LINHA DA FRENTE EM ANGOLA IMAGINE PODER TREINAR PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA LINHA DA FRENTE, EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, SOBRE COMO GERIR OS SEUS CASOS, POR MEIO DE UM DISPOSITIVO ELECTRÓNICO QUE JÁ ESTÁ NAS SUAS MÃOS.
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E
m Junho de 2020, o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), com apoio da Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID) / Iniciativa Presidencial Contra a Malária (PMI), lançou uma plataforma de e-Learning especialmente projectada para desenvolver a capacidade dos profissionais de saúde de forma eficiente e conveniente. A abordagem veio permitir que os profissionais de saúde do sector público, na linha da frente, tivessem acesso a conhecimentos e informações vitais, de uma forma amigável, que fosse flexível e adaptada às suas necessidades tecnológicas e estilos de aprendizagem únicos. Para tal, a PSI Angola estabeleceu uma parceria com a start-up angolana Appy People, líder em inovação digital para a saúde. Corrente de e-conhecimento A PSI Angola e a Appy People desenvolveram a plataforma de e-Learning
Kassai – corrente de conhecimento inspirada num dos maiores rios angolanos: o rio Kassai – que a PSI implementa através do projecto Saúde para Todos, financiado pela USAID. O que é, então, o Kassai? • O público-alvo é diversificado em idade, experiência, nível de habilitações e envolvimento digital. Procurou-se, portanto, uma solução que pudesse alcançar a maioria dos profissionais com a utilização dos seus próprios dispositivos electrónicos. Kassai é uma solução de aprendizagem desenvolvida no Moodle, acessível online, através de computadores e tablets, em modo online e offline, e através de telemóveis com Internet/smartphones. Todos os módulos de aprendizagem são em português. Para as situações em que os profissionais de saúde não possuem smartphones e não conseguem aceder à Internet, o projecto ensina habilidades digitais básicas e tem apoiado com tablets para os profissionais de saúde acederem ao Kassai.
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REPORTAGEM
• Um dos benefícios de uma plataforma de e-Learning é a capacidade que o utilizador tem de aprender ao seu próprio ritmo e durante o período do dia mais conveniente. Isso elimina o planeamento logístico complexo para a aprendizagem de grandes grupos e reduz o tempo fora do local de trabalho, o que garante que as unidades sanitárias podem permanecer totalmente operacionais durante o período de aulas. A fim de reduzir os custos de transacção, a UNITEL, o maior provedor privado de telecomunicações em Angola, oferece o acesso gratuito ao Kassai, para que os profissionais de saúde possam fazer o streaming dos cursos através dos seus dispositivos, sem necessidade de saldo de dados. Este compromisso com a UNITEL faz parte de um programa de parceria de longo prazo com a USAID/PMI e a PSI. • O Kassai oferece, actualmente, cinco cursos abrangentes sobre a malária, que cobrem todos os aspectos da gestão de casos desta doença. Cada curso começa com um pré-teste para avaliar o conhecimento actual do profissional. O curso incorpora vídeos que abrangem aspectos técnicos de aconselhamento, diagnóstico e tratamento, bem como habilidades de comunicação entre profissional e utente. Para manter os profissionais envolvidos e engajados, os cursos avaliam continuamente o conhecimento por meio de questionários interactivos, simulações e estudos de caso. Os cursos Kassai e os materiais de aprendizagem estão disponíveis para download a qualquer momento, para a máxima conveniência. Até
20 SAÚDE
Março de 2021, 900 enfermeiros e médicos inscreveram-se na plataforma Kassai para os diferentes cursos. Até ao final do ano, espera-se que mais 2.000 profissionais de saúde se inscrevam e façam os cursos. Para muitos dos enfermeiros e médicos, Kassai foi a primeira experiência com tecnologia digital de e-Learning. É, por isso, muito importante obter feedback dos utilizadores. Por meio de observações de
campo, pesquisas e entrevistas telefónicas, foi possível melhorar-se o conteúdo dos cursos e algumas funcionalidades do site, em tempo real. Isso é algo que normalmente levaria meses para ser alcançado num ambiente presencial. Na esfera digital, é possível adaptarmo-nos às constantes e novas necessidades, de forma mais rápida e eficiente.
aulas em qualquer módulo e a qualquer momento, enquanto aprendem no Kassai, o que significa que podem assimilar a aula ao seu próprio ritmo. Isso contribui para uma melhor aprendizagem. A possibilidade de interromper o curso e fazer uma pausa a qualquer momento e, depois, retomar ou repetir a sessão é vista pelos utilizadores como um dos maiores benefícios desta forma de aprendizagem. O acesso aos dados também melhora a supervisão formativa feita aos profissionais de saúde. Para gestores de hospitais, directores clínicos e supervisores de qualidade, a plataforma Kassai apresenta painéis analíticos que mostram as taxas de sucesso dos profissionais e identifica lacunas no conhecimento onde um suporte mais focado é necessário.
Principais “insights” dos utilizadores • Para alcançar profissionais de saúde: promova, promova, promova. Os profissionais de saúde interpretam o acesso ao curso como algo ‘’restrito ‘’, nem sempre facilmente disponível, nem regularmente acessível. Muitas vezes, são as autoridades provinciais ou directores clínicos que aprovam a participação dos profissionais em formações. Mesmo quando os profissionais viram que o Kassai é uma plataforma de aprendizagem digital, muitos deles presumiram que só estaria disponível em tablets exclusivos para determinados profissionais. Não foi imediatamente óbvio que qualquer profissional de saúde pudesse aceder à plataforma a partir do seu telefone pessoal a qualquer hora, mesmo em casa. É importante que a campanha de marketing do Kassai vá ao encontro desta percepção, enfatizando a facilidade e gratuitidade do acesso. • Para assimilar o material de aprendizagem, a aprendizagem por partes funciona melhor
Oportunidades à vista O sector público percebeu que a plataforma abre portas para a educação médica contínua, não só na malária, mas noutras áreas da saúde, que nem sempre estão disponíveis nem facilmente acessíveis. Em Setembro de 2020, USAID, PSI e Appy responderam rapidamente às necessidades dos profissionais e adicionaram um módulo sobre um novo tipo de contracepção injectável, acetato de medroxiprogesterona depósito subcutâneo (DMPA-SC), à plataforma, com mais cursos em planeamento familiar a iniciar-se em 2021, com o engajamento do Departamento de Cuidados de Primários da Direcção Nacional de Saúde Pública e da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Angola (AGOA). Para aumentar o envolvimento dos profissionais com a plataforma, Kassai lançará um fórum onde os utilizadores poderão fazer perguntas sobre tópicos de interesse e receber conselhos dos seus colegas e especialistas. Um estudo de eficácia de custos para comparar a formação de e-Learning com a formação tradicional presencial - e ligando-a com a qualidade dos serviços prestados - está planeado para 2021. Este estudo irá informar os planos de sustentabilidade para a capacitação de profissionais em Angola. Curioso sobre o Kassai? Faça a sua inscrição em www.kassai.ao e junte-se à corrente de conhecimento!
Os profissionais podem voltar e repetir as
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ENTREVISTA
RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS A DRA. MÁRIDA SANTANA SILVA ABORDA A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO FARMACÊUTICO NO COMBATE À RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS, QUE JÁ É CONSIDERADA UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA.
Dra. Márida Santana Silva Farmacêutica, Licenciada pela Universidade Jean Piaget de Angola, Coordenadora e Directora Técnica da Farmácia Sagrada Esperança Maianga
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Qual é o melhor conselho a dar a todos os profissionais de saúde que, tal como a Márida, trabalham nas farmácias? O melhor conselho consiste na capacitação. É o factor primordial para garantir assistência farmacêutica de qualidade, o que se traduz na identificação de erros de prescrição médica, melhor aconselhamento e acompanhamento ao utente. Além disso, tenho que salientar a necessidade de equilíbrio entre o acto de ‘’vender’’ e o respeito das boas práticas farmacêuticas.
A
resistência aos antibióticos já é considerada um problema de saúde pública. Os tratamentos deixam de ser eficazes e as bactérias ganham novas mutações. Enquanto farmacêutica, qual é a sua opinião acerca da antibioterapia no nosso país? Precisamos, primeiro, perceber que os antibióticos são substâncias desenvolvidas para destruir e/ ou estabilizar o crescimento de bactérias, daí o pensamento que nos surge é de que teremos sempre resultados infalíveis contra as infecções, o que não é verdade absoluta. Pelo simples facto de que as bactérias são organismos muito astutos, ganham memória, adaptamse facilmente a diferentes condições de ambiente, criam colónias, podem sofrer mutações resistentes aos antibióticos e, posteriormente, reproduzir-se, vivendo com ou sem oxigénio. No entanto, a ciência está sempre em constante evolução, o que facilitou a administração de medicamentos para as mais variadas doenças, como a antibioterapia, ou seja, o tratamento com antibióticos não foi diferente. O nosso país, apesar do seu histórico, onde em muitas localidades se verificou que o profissional prescritor era o enfermeiro, devido ao défice de médicos, hoje encontra-se diante de uma realidade mais promissora, melhores serviços de diagnóstico, melhores formas de tratamento, combinados com mais capacitação. Actualmente, torna-se urgente repensar no uso racional de antibióticos.
Na sua opinião, qual a principal causa da resistência aos antibióticos? A principal causa da resistência é o uso excessivo e constante. Para além da comercialização e toma de fármacos não prescritos destinados a doenças virais, como a gripe, directamente consumimos produtos alimentícios que passam por um processo intenso de antibioterapia. A OMS (Organização Mundial de Saúde), inclusive, recomenda aos criadores de gado e de peixe a usarem antibióticos apenas quando necessário e não em animais saudáveis. Em Angola, existe um grande problema que é a cedência de antibióticos sem prescrição médica. Na sua opinião, como é que podemos ultrapassar este problema e educar todos os profissionais para a resistência microbiana? Ultrapassar este problema implica a implementação de políticas mais agressivas por parte das instituições afins. É necessário, primeiro, assegurar o extermínio da venda de medicamentos no mercado informal, melhorar as políticas de fiscalização e controlo da comercialização em farmácias comunitárias e promover campanhas de sensibilização e consciencialização, tanto dentro do universo profissional bem como junto da sociedade civil. Qual é o papel do farmacêutico para combater a resistência microbiana? O farmacêutico tem o papel de informar sobre os riscos do uso abusivo de antimicrobianos e medicamentos no geral, acompanhar a terapêutica do utente, corrigir, se necessário, estabelecendo uma relação bilateral com o agente prescritor, dispensar com responsabilidade, ou seja, prestar assistência farmacêutica como tal. Atentemos que o farmacêutico deve ser um agente adepto da prevenção e informação. A seu ver, a população está alerta para esta problemática? A população começa a estar mais alerta para esta problemática. A saúde, bem-estar e o uso racional de medicamentos têm sido mais debatidos e divulgados pelos órgãos de informação, primeiro, devido ao confinamento imposto pela pandemia e pelo maior acesso à informação por meio das novas tecnologias.
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REPORTAGEM
OBESIDADE: UMA PROBLEMÁTICA DE TODOS O DIA 4 DE MARÇO É DEDICADO A ABORDAR A EPIDEMIA GLOBAL DE OBESIDADE. ESTE ANO, A PROPOSTA É FOCAR NUMA VIDA MAIS FELIZ, SAUDÁVEL E LONGA PARA TODOS. DEVEMOS UNIR FORÇAS PARA DIZER QUE A OBESIDADE É PARA CUIDAR, DE TODAS AS FORMAS.
A
Dra. Eunice Sebastião Especialista em Endocrinologia, Presidente do Colégio de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Ordem dos Médicos de Angola
obesidade é uma doença crónica caracterizada pelo acumular excessivo de gordura no organismo, podendo desencadear outros problemas de saúde, como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e outras doenças. É, assim, uma doença complexa, que afecta milhares de pessoas de todas as idades, independentemente da classe social, em todo o mundo, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores problemas do mundo. A obesidade é o factor de risco mais importante para o desenvolvimento da diabetes tipo 2. O aumento de casos de obesidade em crianças e adolescentes é algo que preocupa bastante, devendo ser diagnosticadas e tratadas precocemente para evitar o surgimento de comorbilidades. Há várias causas para a obesidade, é uma doença multifactorial, ou seja, há vários factores que influenciam o desenvolvimento da obesidade: • Factores genéticos • Factores ambientais • Factores comportamentais • Interacções desses factores O factor genético deve ser observado desde a infância, pois pais obesos aumentam em 80% o risco da criança também desenvolver obesidade. Quando apenas um dos pais tem essa condição, o risco passa a ser de 40%. O principal factor causador de obesidade é o aumento do consumo de calorias, principalmente pela ingestão de uma dieta inadequada, com alimentos muito calóricos ricos em açúcares e gorduras, e falta de actividade física, ou seja, consumimos mais do que gastamos.
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Diagnóstico e tipos de obesidade O diagnóstico da obesidade é realizado pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de obesidade, para o qual se utiliza a seguinte fórmula: IMC = Peso (Kg) / Altura (m2) Com base nesse cálculo, interpreta-se o resultado com os dados apresentados na tabela seguinte, a qual indica o tipo de obesidade apresentada pelo paciente e o grau de risco para o surgimento de complicações. IMC(Kg/m2)
Tipo de obesidade
Grau de risco
18 – 24,9
Ausente
Ausente
25 – 29,9
Sobrepeso
Moderado
30 – 34,9
Obesidade grau I
Alto
35 – 39,0
Obesidade grau II
Muito alto
40 ou mais
Obesidade grau III
Extremo
Obesidade mórbida
Outras técnicas podem ser avaliadas pelo médico: há técnicas específicas e precisas, tais como, densitometria, diluição de isótopos na gordura, corrente electromagnética, pregas cutâneas, a circunferência abdominal, que em valores elevados pode aumentar o risco das complicações. Sexo
Risco
Alto risco
Feminino
80
88
Masculino
94
102
Na circunferência abdominal, o valor é avaliado de forma diferente entre homens e mulheres: Complicações A obesidade pode desencadear vários problemas de saúde. Vamos destacar alguns: • Doenças cardiovasculares • Doenças pulmonares • Diabetes mellitus • Acidente vascular cerebral • Apneia do sono • Roncopatia • Hipercolesterolemia • Litíase biliar • Neoplasias • Doença reumática degenerativa Tratamento O tratamento da obesidade é feito levando-se em consideração o tipo de obesidade apresentado pelo
paciente. Todo o paciente com obesidade deve ser cuidadosamente estudado na primeira consulta, com uma bateria de análises, no sentido de se diagnosticar qualquer doença concomitante ou associada, que requeira intervenção terapêutica específica. As causas de obesidade secundária devem ser excluídas. O tratamento tem como objectivo levar o paciente a alcançar um peso saudável, em que não haja mais riscos devido à obesidade ou, se eles existirem, que sejam mínimos. Para isso, o médico assistente e o nutricionista avaliam cada caso individualmente. O tratamento consiste na educação ou reeducação alimentar, na qual o indivíduo aprende ou reaprende a comer de uma forma saudável, mudando os hábitos que o levaram a desenvolver a obesidade. Em alguns casos, pode ser feito o uso de alguns fármacos, mas só quando se justifica, e aí quem prescreve é o especialista. Também pode ser necessária a realização de cirurgias, sempre com avaliação e orientação dos especialistas. Pode ser adicionado o acompanhamento de um psicólogo e ou psiquiatra, por se tratar de uma doença do comportamento alimentar e poder envolver factores comportamentais. O paciente deve ser seguido por uma equipa multidisciplinar, para termos sucesso no tratamento. Prevenção A prevenção da obesidade equivale à prevenção de outras doenças. Esta prevenção é mais do que um problema médico. Trata-se de um problema social, socioeconómico e governamental. Algumas atitudes podem ajudar a prevenir a obesidade, embora envolva também factores genéticos. Vamos destacar algumas: • Manter uma alimentação saudável desde a infância, com alimentos naturais, evitando alimentos industrializados, principalmente os ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras; • Realizar actividades físicas regularmente; • Dormir bem, de maneira suficiente, porque durante o sono ocorre a libertação da hormona de crescimento, a somatotrofina, que ajuda na melhoria da massa muscular e na redução da gordura no corpo. A obesidade é uma doença e deve ser tratada como tal. Todos nós temos um papel a desempenhar no apoio e na defesa das pessoas que vivem com obesidade. Devemos reconhecer que cada corpo é importante, se quisermos construir um mundo mais saudável para todos.
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REPORTAGEM
COMO MELHORAR A SUA SAÚDE COM DESPORTO? O DIA MUNDIAL DA ACTIVIDADE FÍSICA COMEMOROU-SE A 6 DE ABRIL. A TECNOSAÚDE DÁ-LHE DICAS DE COMO MELHORAR A SUA SAÚDE COM A ACTIVIDADE FÍSICA. JÁ PRATICOU EXERCÍCIO HOJE?
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odos sabemos a importância que o exercício físico tem na manutenção de um corpo saudável e bem definido, mas será que sabemos exactamente quais os benefícios que traz à nossa saúde? E as pessoas que têm patologias associadas, será que podem praticar qualquer tipo de desporto? Estudos clínicos indicam-nos que a actividade física regular é um dos métodos mais poderosos para reduzir o risco de mortalidade por todas as causas, ajudar a controlar múltiplas comorbidades e melhorar a qualidade de vida no geral. (1) Para tal, a intensidade, duração e frequência são componentes-chave que devemos ter em atenção antes da prática do mesmo.
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De acordo com as Guidelines Americanas da Actividade Física, é aconselhável a prática de 150 a 300 minutos de actividade física de intensidade moderada a vigorosa, por semana, em adultos saudáveis. A prática de duas a duas horas e meia de actividade física de intensidade moderada a vigorosa é suficiente para diminuir significativamente as causas de mortalidade. Temos assistido, globalmente, a um aumento significativo de doenças cardiovasculares, cancro, diabetes, entre outras, que estão muito relacionadas com o nosso estilo de vida, cada vez mais sedentário, ao tabagismo, a uma má alimentação, entre outras causas que poderiam ser prevenidas com simples mudanças no estilo de vida. Já está comprovado o papel benéfico que o exercício físico desempenha e o seu impacto positivo no normal funcionamento do nosso sistema imunitário. A actividade física é a chave para o controlo do peso. Nas mulheres, o exercício físico regular ajuda a prevenir determinadas doenças cardiovasculares, que são responsáveis por metade das mortes em mulheres acima dos 50 anos, em países em desenvolvimento, assim como a prevenção da osteoporose e da depressão. Quando falamos em pessoas idosas, é fundamental que estas se mantenham activas, de forma a manterem a sua independência. A actividade física vai melhorar a força, o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade, a resistência, a saúde mental, o controlo motor e a função cognitiva destes. A actividade física adaptada a cada idoso vai reduzir também sentimentos de solidão e de exclusão social.
Angola é um país em movimento com a prática de actividade física. Dados do INE, divulgados em 2019, revelam que a província de Malanje é a que tem mais praticantes de actividade física, com os homens a serem mais activos que as mulheres. As publicações científicas e as guidelines têm sido cruciais para sintetizar os efeitos benéficos da actividade física, que constitui um dos pilares para um estilo de vida saudável. É fundamental manter a população activa, no entanto, todos os exercícios praticados devem ser adaptados a cada indivíduo, de forma a não provocarem lesões.
Referências Bibliográficas: (1) https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1050173819301409?via%3Dihub
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REPORTAGEM
VIVER BEM COM A DOENÇA RENAL
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A DOENÇA RENAL CRÓNICA AFECTA CERCA DE 850 MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO: UMA EM CADA 10 PESSOAS SOFRE DE DOENÇA RENAL.
O
rim é um órgão fundamental para a nossa sobrevivência. Ser diagnosticado com um problema renal pode ser um grande desafio, devido ao impacto que traz para a vida do doente e das pessoas que o rodeiam. Diz-se que um doente sofre de insuficiência renal quando existe uma diminuição progressiva da sua função renal. Os nossos rins desempenham um papel fulcral na capacidade de eliminação de substâncias tóxicas do nosso organismo. Tudo isto acontece quando o sangue entra nos nossos rins, passando para os nefrónios, que funcionam como pequenos filtros. Cada rim é composto por cerca de um milhão de nefrónios. É nestes pequenos filtros que o sangue fica limpo de toxinas e do excesso de água e que o sangue “limpo” regressa à corrente sanguínea através das veias renais. Os produtos tóxicos são excretados e o excesso de líquidos acumula-se na bexiga sob a forma de urina. Quando existe um problema renal, como a insuficiência renal, os rins perdem lenta e progressivamente a sua função. Numa fase inicial, o corpo adapta-se e compensa esta perda de função, pelo que os sintomas só se manifestam em fases mais avançadas da doença. Esta doença tende a afectar ambos os rins. Com apenas um rim, um indivíduo consegue manter uma função completamente normal. A grande problemática é que o rim tem uma grande reserva funcional e, deste modo, a sintomatologia só surge quando a perda de função é muito grande. Sintomas como cansaço progressivo, debilidade generalizada e fadiga ao realizar pequenos esforços devem ser alertas para recorrer ao médico. Em fases mais avançadas, ocorre maior tendência para edemas e aumento da pressão arterial.
Pode-se falar em insuficiência renal aguda quando esta surge de forma brusca, tendendo normalmente a recuperar, e crónica, quando progride de forma lenta, sem possibilidades de recuperação. A diabetes, obesidade e a hipertensão arterial são três dos factores que contribuem para que, no futuro, os números possam tornar-se ainda mais elevados. Quanto ao tratamento desta patologia, depende do estadio em que o doente se encontre. As terapêuticas existentes permitem corrigir problemas e atrasar ou interromper a progressão desta insuficiência. A dieta alimentar é fulcral, pois irá evitar a acumulação de substâncias, como a ureia, o fósforo e o potássio, nos rins do doente. Habitualmente, os tratamentos focalizam-se no tratamento da pressão arterial, de forma a controlá-la e estabilizá-la. Quando a função renal já não é suficiente para satisfazer as necessidades do organismo, surge a hemodiálise e a diálise peritoneal, cujo objectivo é a filtragem do sangue de forma mecânica, evitando, deste modo, que os produtos tóxicos e os excessos de líquidos se acumulem. O grande problema deste tratamento relaciona-se com os altos custos médicos e os impactos na qualidade de vida do doente, não considerando desta forma a diálise, como uma estratégia de tratamento ideal. Em último lugar, surge o transplante renal, que permite ao doente recuperar a sua função renal. Porém, a escassez de doadores de órgãos e a potencial rejeição limitam o seu uso. Assim, explorar novas opções terapêuticas para esta patologia, de forma a melhorar a qualidade de vida destes doentes, é fundamental. Estudos clínicos descrevem o tratamento com células estaminais, devido à sua capacidade de autorenovação e de se desenvolverem em várias células funcionais em determinadas condições. (1) Cientistas induziram com sucesso a diferenciação de células estaminais em células progenitoras de nefrónios, que foram então transformadas em estruturas semelhantes a nefrónios autoorganizados, que continham glomérulos, túbulos proximais, ansa de Henle e túbulos distais. (1) Apesar das preocupações ainda em torno desta nova terapia, representa uma enorme esperança para a ciência, como uma alternativa clinicamente viável para doenças renais no futuro.
Referências Bibliográficas: 1) https://stemcellres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13287-020-01751-2
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TEMA ENTREVISTA DE CAPA
DERMATITE ATÓPICA: SAIBA PREVENIR CRISES
COM INÍCIO HABITUAL NA INFÂNCIA, A DERMATITE ATÓPICA É UMA DOENÇA INFLAMATÓRIA CRÓNICA DA PELE MUITO COMUM, ESPECIALMENTE EM ÁREAS URBANAS.
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atópica, a probabilidade da criança também ter é de aproximadamente 25%, enquanto que se ambos os pais forem atópicos, a probabilidade aumenta para 50% de apresentar alguma doença atópica. Alterações genéticas incluem a perda da função e mutações da filagrina, uma proteína epidérmica que se parte, formandos os NMF’s (Factores de Hidratação Naturais). Mutações nesta proteína estão presentes em cerca de 30% dos doentes que sofrem de dermatite atópica.(1)
O
seu início é muito precoce, surgindo, geralmente, no primeiro ano de vida do bebé.
Esta doença é caracterizada por um forte prurido cutâneo, que tende a ser recorrente, e xerose. Em fases agudas, surgem erupções avermelhadas, formandose pápulas ou vesículas, com possível exsudação e formação de crosta, que evoluem numa fase crónica para lesões descamativas, tornando-se, assim, uma doença de pele desconfortável para o doente. Sendo o prurido a característica principal da dermatite atópica, o acto de coçar pode levar a escoriações na pele e, posteriormente, ao aparecimento de infecção secundária. É mais comum atingir pessoas com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou mesmo dermatite atópica, sendo inserida na tríade atópica – dermatite atópica, rinoconjuntivite e asma. (1) Causa A causa exacta da patologia é desconhecida. Sabemos que, na sua origem, podem estar envolvidos mecanismos imunológicos de hipersensibilidade imediata, comuns a outras doenças, como asma e rinite e de hipersensibilidade retardada, que levam a uma barreira cutânea debilitada. A componente hereditária é forte, sendo que, se um dos pais apresentar dermatite
Sabemos que os doentes que sofrem com dermatite atópica têm uma barreira cutânea deficitária e mais susceptível à xerose e a irritantes ambientais, assim como a alérgenos, o que origina inflamação e prurido. Esta barreira deficitária é causada, em parte, pelo decréscimo do nível de ceramidas (esfingolípidos do estrato córneo), que desempenham um papel fundamental na barreira cutânea e na prevenção da perda de água transepidérmica. A barreira cutânea deficitária vai permitir que os alérgenos e agentes irritantes penetrem a pele e causem inflamação através de uma resposta Th2, que leva ao aumento das interleucinas IL-4, IL-5 nas lesões agudas e a resposta Th1 nas lesões crónicas. O decréscimo de péptidos microbianos na epiderme dos atópicos também contribui para a colonização do Staphylococcus aureus.(1) Medidas Sendo uma doença crónica de causa desconhecida, dificilmente se pode prevenir a dermatite atópica. O mais importante será adoptar medidas que protejam a pele, reduzindo a secura cutânea: • Banhos rápidos e com água tépida; • Muita hidratação com emolientes adequados. A pele xerótica causa ainda mais prurido, agravando o ciclo da dermatite atópica. É importante a aplicação de hidratantes corporais emolientes duas vezes ao dia, para evitar crises;
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• Ter atenção às unhas que devem estar bem limpas e cortadas para evitar infecções microbianas secundárias ao coçar;
Quando nos referimos ao tratamento, é fundamental evitar o contacto com a substância irritante e manter a pele hidratada.
• Dar preferência a roupa de algodão;
O recurso a cremes corticóides pode, por vezes, suavizar as lesões e controlar o prurido. Contudo, a utilização deve ser limitada no tempo. Em casos de agudizações, pode ser necessário recorrer a imunossupressores.
• Evitar tapetes, alcatifas, cortinas e tudo aquilo que, em casa, possa levar à acumulação de ácaros e pó.
Por vezes, recomenda-se a utilização de anti-histamínicos orais, com o objectivo de controlar o prurido. A ruptura da barreira cutânea promove a susceptibilidade a irritantes, alérgenos e infecções microbianas. Em casos de infecção secundária, o recurso a antibióticos pode ser necessário. A infecção bacteriana por Staphylococcus aureus é muito recorrente. Actualmente, já estão disponíveis também os biológicos para os casos mais graves de dermatite atópica. De acordo com a idade, a localização das lesões tende também a variar. No lactente, é comum surgirem no rosto, tronco e abdómen. Na primeira infância e adolescência estas localizam-se mais nas pregas dos braços e pernas, assim como nas pálpebras e região bucal. Já no adulto, pode ser generalizada.
Referências Bibliográficas: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448071/
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Sendo uma doença crónica, o doente pode ter de viver com esta patologia toda a sua vida, no entanto, o aconselhamento das devidas medidas preventivas é fundamental, assim como a adequação do tratamento. O impacto psicológico e social que esta doença pode causar no doente é grande e há a necessidade de educar a população para o tratamento e prevenção e para o facto de não ser contagiosa.
AGENDA FORMAÇÃO ONLINE
Calendário Abril’21
Calendário Maio’21
28’ Abril | 10h00 - 12h00 Antibioterapia Valor inscrição: 15,000,00 Kz
5’ Maio| 10h00 - 12h00 Aconselhamento em dermocosmética Valor inscrição: 15,000,00 Kz
28’ Abril| 14h00 - 16h00 Comunicação nas Farmácias Valor inscrição: 15,000,00 Kz
5’ Maio| 14h00 - 16h00 A arte de fazer vendas cruzadas Valor inscrição: 15,000,00 Kz
sem a d n e r Ap asa! c e d r i sa
19’ Maio | 10h00 - 12h00 Hipertensão arterial Valor inscrição: 15,000,00 Kz 19’ Maio| 14h00 - 16h00 Gestão de tempo Valor inscrição: 15,000,00 Kz
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33 SAÚDE
ANOS YEARS
CUIDAR DA SAÚDE E BEM-ESTAR DAS PESSOAS É O NOSSO PROPÓSITO DIÁRIO!
Da capacidade logística (reforçada com um novo armazém de 2400m2) à implementação de boas práticas de distribuição. Do portefólio alargado ao marketing do produto. Da formação de recursos humanos ao programa de responsabilidade social. Na Australpharma, desenvolvemos competências específicas que promovem a otimização dos processos e o aumento da eficiência em todas as frentes. Dia após dia, trabalhamos para estar sempre na vanguarda.
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SEMPRE À FRENTE. EM TODAS AS FRENTES.