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BROTANDO EM MEIO ÀS NECESSIDADES – A POTÊNCIA DA DANÇA PARA A FORMAÇÃO DE CORPESSOAS
CORPOS SOLTOS NO MUNDO
Roberto Freitas
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Aos poucos ele se compõe,
o corpo. Aos poucos ele descobre, o movimento.
Aos poucos ele experimenta, o tempo, o espaço, o peso, a fluência... os fluxos e os cortes.
Aos poucos ele se relaciona com o mundo. Saboreia trajetórias sem saber aonde vão dar, ou não. O corpo rasga o espaço em movimento para descobrir, a si mesmo.
Um corpo no mundo. O que move esse corpo? Um impulso, um desejo, uma vontade de... Ele brinca, ele ri, ele pensa. Ele se movimenta. O corpo cuida e é cuidado. O corpo cuida da vida. O corpo cuidado experimenta, sorri. A vida sorri com o corpo em movimento. Às lentes dos olhos e às outras que miram, miragem, oásis. Uma vida que não se preocupa com o espaço, nem com o tempo. Um rasgo na vida cotidiana de corpos soltos no mundo.
8 SU MÁ RI O BROTANDO EM MEIO ÀS NECESSIDADES – A POTÊNCIA DA DANÇA PARA A FORMAÇÃO DE CORPESSOAS A DANÇA NA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA – DE ATIVIDADE A COMPONENTE CURRICULAR 11 LDBs – ARTE, UMA DANÇA LEGAL (DE LEIS) NO RITMO DO BRASIL 13 PCNs – A DANÇA NOS COMPONENTES CURRICULARES ARTE E EDUCAÇÃO FÍSICA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – O COMPONENTE ARTE E A NECESSÁRIA REFORMULAÇÃO DOS CURRÍCULOS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL (ETIs) DO MUNICÍPIO DE TERESINA – A DANÇA COMO COMPONENTE CURRICULAR 17 CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS PARA O ENSINO DE DANÇA SABOREANDO A PERSPECTIVA RIZOMÁTICA – CONEXÕES ENTRE AS CONCEPÇÕES O ENSINO DE DANÇA NO MUNICÍPIO DE TERESINA 27 DIALOGANDO SOBRE PRÁXIS PEDAGÓGICA EM DANÇA ORGANIZANDO O ENSINO – DIVISÃO DOS CICLOS/ANOS E CARGA HORÁRIA 33 PROCESSOS DE ENSINO~APRENDIZAGEM 35 A NECESSIDADE DE SE PREPARAR (PLANEJAMENTOS) 36 REFLETINDO SOBRE AS ESCOLHAS DOS CAMINHOS (METODOLOGIAS) 38 VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM (AVALIAÇÕES) 39 DANÇA COMO COMPONENTE CURRICULAR: EIXOS E OBJETOS DO CONHECIMENTO EIXO DE ESTUDOS DO CORPO 43 EIXO DAS RELAÇÕES ENTRE O CORPO (HUMANO) E O MUNDO (OUTROS CORPOS) EIXO DA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 44 EIXO DOS PROCESSOS DE CRIAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM 45 OBJETOS DE CONHECIMENTO E FASES DO ENSINO FUNDAMENTAL 47 APROFUNDANDO A PROPOSTA – RIZOMATIZANDO CONHECIMENTOS 48 UTILIZAÇÃO DOS VERBOS PARA INDICAR AS HABILIDADES POR ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 49 EIXOS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES 51 REFERÊNCIAS 63 SUGESTÕES DE LEITURAS COMPLEMENTARES 67 ANEXO 1 QUADRO DOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 07 15 16 21 25 31 41 43 69
BROTANDO EM MEIO ÀS NECESSIDADES
A POTÊNCIA DA DANÇA PARA A FORMAÇÃO DE CORPESSOAS
A1pós iniciar minha carreira profissional em Dança, venho ao longo de 30 anos vivenciando trajetórias de vida compostas por fazeres artísticos, educativos e de inclusão social, dentre outras. Dois terços deste tempo vêm sendo vivenciados também dentro da Rede Pública Muni-
cipal de Ensino de Teresina – PI, onde sou funcionário público concursado (2000) como professor de Educação Física, para o Ensino Fundamental. Comecei meu estágio probatório na Escola Municipal Angelim (periferia da zona sul da cidade), trabalhei no “Escolão do Parque Itararé” (zona sudeste), mas, minhas raízes começaram a se desenvolver mesmo foi na Escola Municipal João Porfírio de Lima Cordão (Escola Cordão, como é mais conhecida no entorno de sua comunidade – então periferia da zona sudeste).
Em 2003, enquanto pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso, realizei estudos em nível de especialização na área de Metodologia de Ensino Fundamental, Médio e Superior nos quais pude investigar a utilização da Dança na rede pública municipal de ensino de Teresina, gerando o artigo: “ADança e seu Potencial Educativo” (2006). Artista da Dança já havia 13 anos, não tive como não pensar cada vez mais na potência de práticas educacionais possíveis resultantes da interseção entre estas duas áreas. ADança se constitui como área de conhecimento que, enquanto processo educativo, extrapola os níveis formais de ensino e, em si própria, borra as fronteiras entre ensino formal e não formal, bem como entre os domínios
2do desenvolvimento humano, de modo a não dissociar o sistema sensório~motor dos processos cognitivos e socioafetivos, dentre outros. Contudo, mesmo que atualmente este ensino já seja previsto como obrigatório (BRASIL, 2018), esta potência ainda é pouco explorada nas redes de ensino formal, Brasil adentro.
Ao iniciar minhas incursões por diferentes trajetórias epistemológicas, que cada vez mais aliavam/aliam o fazer artístico a objetivos educativos/formativos e de processos de inclusão educacional, sempre pautados em pensamentos éticos~estéticos~políticos~afetivos~sociais~culturais gerados a partir
3da ideia de uma corporalidade cidadã, mergulhei no fluxo da Dança que ora se apresentava, a minha lida
Cordão Grupo de Dança na estreia do espetáculo “Entrelinhas”, em novembro de 2007. Fonte: arquivo pessoal do autor. Foto: Israel Araújo.
1 Darei preferência na grafia da palavra Dança com “D” maiúsculo no intuito de enfatizar esta como área de conhecimento. 2 Autilização da marca tipográfica ~(til) conectando binômios (ou outros) neste texto simboliza a multiplicidade de caminhos para pensar aquelas intercessões, trajetórias rizomáticas, não lineares, diversas e diferentes possibilidades de se abordar aquelas conexões. Ver Freitas (2017, p. 18). 3 Aqui pensando em processos educativos em Dança, nos quais sejam criadas possibilidades de trans/formação para a promoção de cidadania – que será abordada mais a frente. 10