3 minute read

ORGANIZANDO O ENSINO – DIVISÃO DOS CICLOS/ANOS E CARGA HORÁRIA

DIALOGANDO SOBRE PRÁXIS PEDAGÓGICA EM DANÇA

Não é que os alunos não queiram estudar, talvez eles não queiram estudar da forma como você está ensinando.

Advertisement

Socorro Rodrigues

m 2018, participando de uma reunião de encontro pedagógico na Escola Municipal Eurípides de EAguiar, em Teresina, uma das coordenadoras da escola propôs refletirmos sobre a frase da epígrafe acima, que ainda hoje reverbera em meu pensamento. Relacionando tal frase à ideia de se levar

em conta o interesse, as condições, conhecimentos e realidades dos/as estudantes, acredito que tal relação deve ser um dos princípios a servir de base para todo o processo educacional, aqui levando em conta tudo que foi proposto no capítulo anterior.

Pode parecer redundante falar isto, mas, o que me motiva a enfatizar esta premissa é o fato de poder observar in loco que tal ideia muitas vezes está ficando, ainda em 2020, só no discurso de muitos/as agen-

15tes educacionais . Em diferentes práticas educativas, muitos/as continuam partindo de seus próprios interesses, que são inúmeros, e podem ser identificados em frases tal como: “Eu estou aqui só para ensinar meu conteúdo!”, “Eu não tenho nem filhos, vou me importar com os filhos dos outros!” ou “Esses meninos não tem querer, eles tem que aprender o que a gente ensina e pronto!”, dentre inúmeras outras frases que podem ser escutadas em muitas escolas no Brasil.

É possível pensar que se pode encontrar mais produtividade quando se consegue conectar diferentes brotos deste rizoma, a começar pelos interesses de todos/as os/as agentes envolvidos/as: estudantes, professores/as, escolas, comunidade e outros/as. Ao entender que todos/as estarão imbricados/as no processo educativo, pode-se perceber, por exemplo, que não adianta querer concentração ao tentar ensinar determinado conteúdo a uma corpessoa que não esteja bem alimentada ou que tenha tido algum problema sério em sua casa, a não ser que se consiga utilizar um caminho para conectar os dois contextos, o conteúdo e a situação vivida, transformando-o/a na própria práxis educativa e buscando como aquele conteúdo poderia ajudar a pensar a própria situação vivida. Acredito que cada educador/a aqui (leitores/as) também já deve ter passado por esta experiência, então, como diria Deleuze, importa o que você vai fazer com isto! (DELEUZE; GUATTARI, 2014) O que você educador/a vai fazer com estas informações?

Uma ideia que tenho proposto em cursos de formação, destinados a educadores/as de diferentes áreas, é a de não se colocar como “leigos/as” durante as práxis educativas, com isto, quero dizer que todos/as já tem alguma experiência com esse metiê, processos de ensino~aprendizagem, senão na escola em outros campos sociais e, minimamente, ao reconhecer os contextos, todos/as são capazes de identificar questões básicas das realidades que se apresentam. Mesmo para os/as educadores/as iniciantes essa identificação é possível, pois basta lembrar que “ensinar exige bom senso” (FREIRE, 2001, p. 67).

Neste sentido, não podemos, nem devemos, abdicar da nossa própria formação, nosso modo de fazer e pensar, mas, também não podemos, nem devemos, querer atuar somente por este caminho, podemos decidir experimentar/propor outras formas, que podem melhor se conectar aos contextos da/na contemporaneidade, ainda mais em tempos de pandemia de coronavírus e aulas virtuais, remotas e online. Novos contextos requerem novas formas de lidar com as práxis educativas, novas possibilidades de atingir o objetivo dos processos de ensino, a aprendizagem, pensando em uma educação transformadora que, linkadaou não com as novas tecnologias da informação e comunicação (TIC) promova autonomia e emancipação, em uma perspectiva rizomática.

Não se pode esquecer que muito antes da pandemia que ora se apresenta, em geral, já se tinha um estado de defasagem nas relações entre muitas práticas educativas e o interesse dos/as estudantes, o que nos leva de volta à reflexão da epígrafe que iniciou esta sessão. Para Hilda Bandeia e Ivana Ibiapina

Torna-se indispensável saber quem são os educadores e se suas opções são meramente pedagógicas ou se estão no caminho da prática revolucionária, pois a práxis que se constitui unidade entre teoria e prática não se contenta em interpretar, mas, com base nessa, transformar [...] (2014, p. 115).

This article is from: