9 minute read
Dourogás posto BioGNC
from Turbo Comerciais #45
by Turbo Frotas
PRIMEIRO POSTO DE BIOGNC
A Dourogás já tem em operação o primeiro posto de biogás no nosso país, que permite a utilização deste combustível de origem renovável por camiões, autocarros e ligeiros
Advertisement
TEXTO CARLOS MOURA PEDRO
Num investimento de aproximadamente meio milhão de euros para adaptação da infraestrutura à disponibilização de gás natural veicular de origem renovável (BioGNC), a
Dourogás já tem em operação o primeiro posto de biogás no nosso país, que permite a sua utilização por camiões, autocarros e veículos ligeiros.
Localizado em Santo António dos Cavaleiros (Loures), o posto de abastecimento de
BioGNC resultou de uma colaboração entre a Dourogás, a Havi Logistics e a Scania para a descarbonização dos transportes.
O biometano incorporado no posto de abastecimento tem origem num projeto pioneiro de demonstração de conceito que permite produzir gás natural 100% renovável a partir da digestão anaeróbia de resíduos orgânicos, o Biogasmove. A frota de veículos da empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste foi a primeira a utilizar este biocombustível, obtido a partir da biodigestão e valorização energética da matéria orgânica recolhida por essas viaturas. O gás natural veicular permite uma redução de monóxido de carbono (CO) em 30%, de óxidos de nitrogénio (NOx) em 35% e de dióxido de carbono (CO2) em cerca de 20% e, também, a redução em 95% de partículas em suspensão e a neutralização de emissões de dióxido de enxofre (SO2). O tempo de abastecimento de um pesado, camião ou autocarro, é de aproximadamente 10 a 12 minutos, que é o habitual neste tipo de viaturas, enquanto num veículo ligeiro é de dois a três minutos. O posto de combustível já disponibilizava gás natural comprimido de origem fóssil, tendo sido preparado e adaptado para fornecer um gás renovável produzido a partir de resíduos. Entre as principais alterações efetuadas no posto destaque para a instalação de uma unidade que recebe as botijas de gás e de uma outra que faz a mistura dos dois gases (metano e biometano), assim como uma melhoria no sistema de compressão.
PRIMEIRO PASSO
Com a demonstração da possibilidade de incorporação de biometano no sistema de abastecimento de gás natural veicular, a
HIDROGÉNIO EM VISTA O presidente da Dourogás, Nuno Moreira, considera que os operadores do GNV estão preparados para disponibilizarem hidrogénio para o setor dos transportes
Dourogás reafirma a sua prioridade e aposta nos gases renováveis, como o hidrogénio verde e o biometano, nos quais estão concentrados os esforços de investigação e desenvolvimento do grupo com vista a afirmar a sua liderança como empresa gasista e com experiência demonstrada com mais de 25 anos e no sentido de ultrapassar os desafios da transição energética que o país e o mundo precisam. O Grupo Dourogás tem como objetivo, até 2025, disponibilizar 50% de gás natural veicular de origem totalmente renovável, o que permitirá evitar a emissão de 7600 toneladas de CO2 por ano. “Aqui demos o primeiro passo”, afirma Nuno Moreira, CEO da Dourogás. “Temos projetos para a produção de gás renovável. Um deles já está em funcionamento no norte do País e um segundo já está em construção em Loures
que irá permitir aumentar a percentagem de gás natural renovável deste posto para quase 100%, produzido a partir da ETAR de Frielas”, acrescenta o responsável, adiantando que a entrada ao serviço está prevista para o primeiro semestre de 2022. “Se viermos conseguir comprovar que esse projeto de inovação funciona bem - e acreditamos que sim -, e em colaboração com as Águas do Tejo Atlântico, criaremos as condições para disponibilizar ao público gás natural veicular de origem renovável”, sublinha Nuno Moreira. Esta iniciativa da Dourogás, em parceria com a Havi Logistics e a Scania, é o corolário da execução de uma das medidas do Consórcio Ibérico “Eco-Gate”, que procura melhorar a eficiência do mercado de gás natural veicular através da implementação de soluções inovadoras que contribuam para uma mobilidade mais limpa e sustentável. O projeto contou com o apoio financeiro da Comissão Europeia no valor de cinco milhões de euros para ajudar na implementação desta nova forma de energia. Além do posto de Santo António dos Cavaleiros (Loures), o projeto envolveu a construção de mais quatro postos - Maia, Palmela, Elvas e Vilar Formoso - que já estão a funcionar desde 2020.
CARGA FISCAL PREOCUPANTE
A Dourogás é o principal operador de gás natural veicular no nosso país e nos últimos anos mais do que duplicou os pontos de abastecimento deste combustível, estando presente em locais fronteiriços de grande tráfego pesado de mercadorias (Vilar Formoso e Elvas-Caia), em grandes
HAVI LOGISTICS
Aposta na sustentabilidade
AHavi Logistics é parceiras deste projeto e um camião Scania P340, operado pela empresa, foi o primeiro a abastecer com BioGNC no posto de Santo António dos Cavaleiros (Loures). “Um dos desígnios estratégicos da Havi Logistics é a sustentabilidade. Temos vários projetos e um deles está relacionado com as emissões zero”, explica Luís Ferreira, diretor-geral da Havi Logistics Portugal a propósito desta colaboração com a Dourogás e a Scania. “O nosso objetivo é reduzir as emissões em 40% até 2030. Esse é o interesse da Havi Logistics nesta iniciativa e em tudo o que esteja relacionado com a inovação. Fomos pioneiros nalguns projetos de gás natural veicular em Portugal e nesse sentido estamos sempre interessados em participar nesse tipo de parcerias”, adianta o diretor-geral da Havi Logistics Portugal. Relativamente à experiência da Havi Logistics no domínio da descarbonização e da transição energética, Luís Ferreira refere que “não tem sido fácil, mas é uma questão de pioneirismo” e recorda que quando a empresa começou a querer apostar no gás natural veicular no nosso país não havia onde abastecer. Além disso, a própria autonomia dos camiões também era inferior. “Naquela altura, o dilema era o seguinte: não podíamos investir em camiões a gás porque não havia postos onde abastecer; do lado da Dourogás havia o problema do investimento em postos de GNV quando não existia procura. Conjugamos os nossos interesses com os da Dourogás que conseguiu encontrar outros parceiros para arranjar massa crítica para investir num posto de abastecimento de GNV”. O responsável da Havi Logistics esclarece que no início de um novo projeto há que fazer uma avaliação não só da parte ambiental, mas também da económica. “Quando ambas as componentes estão equilibradas, avançamos”, acrescenta Luís Ferreira. Atualmente, toda a frota própria de camiões da Havi Logistics em Portugal, constituída por 14 veículos, é a gás natural. “Por vezes subcontratamos serviços a terceiros e nesses casos também procuramos, sempre que possível, que os nossos parceiros tenham carros dedicados à nossa operação também a gás natural”.
LIDERANÇA NO GNV A Dourogás é o principal operador de gás natural veicular em Portugal, com 12 postos de abastecimento, e o primeiro a disponibilizar biogás para os transportes
áreas logística nacionais (como Carregado, Palmela, Gaia e Maia), e ainda em municípios tão diferentes como Porto (Francos e Via Norte), Loures, Mirandela e Vila Real. “Atualmente temos uma rede bastante capilar, com 12 postos”, refere Nuno Moreira, CEO da Dourogás. “Neste momento não temos nenhum posto em construção. Prevemos que ainda seja viável instalar mais um ou dois postos, acompanhando o aumento de interesse dos nossos clientes”. O responsável adianta que todos os anos se tem vindo a registar um crescimento de 30% nas vendas de gás natural veicular. “Se essa tendência se mantiver, como acreditamos que irá acontecer, procuraremos novas localizações”. Relativamente à taxa de ocupação dos postos de GNV, o CEO da Dourogás refere que o grau de satisfação é mediano. “Temos postos de ocupação superiores a 50% e outros abaixo disso, sobretudo das fronteiras”, esclarece. “Temos aí uma dificuldade relacionada com a carga fiscal sobre o GNV porque em Espanha este combustível paga menos imposto. Por isso, os postos da fronteira têm uma dificuldade que se tem vindo a agravar com o aumento da carga fiscal em Portugal. Se continuar assim não vamos ter clientes na fronteira e teremos de encerrar os postos de Elvas e Vilar Formoso. Nenhum cliente irá pagar mais 30% quando pode abastecer com um custo inferior em Espanha, onde também existe uma rede bastante capilar de GNV”.
PRIMEIRO ABASTECIMENTO O primeiro camião a abastecer com biogás no posto de Santo António dos Cavaleiros foi um Scania P340 da Havi Logistics durante um cerimónia presenciada por muitos convidados da Dourogás
TRANSIÇÃO PARA O HIDROGÉNIO
Com a incorporação de gases renováveis como o biometano 100% renovável e o hidrogénio, o gás natural é a solução para
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES Uma segunda unidade que recebe as botijas de gás e um novo compressor foram algumas das alterações efetuadas no posto de BioGNV
descarbonizar no imediato, no futuro, o hidrogénio permitirá uma descarbonização a 100%. Esse é o entendimento do CEO da Dourogás, Nuno Moreira. “Os operadores de gás natural veicular, como nós, são aqueles que, no futuro, irão assegurar a operação de hidrogénio veicular, quando esse combustível for rentável”, afirma. “Do nosso ponto vista conseguimos criar condições de rendibilidade no posto. O problema é que ainda não existem viaturas pesadas de transporte. Esperemos que surjam a curto prazo. Nessa altura estaremos preparados para fazer o “upgrade” com facilidade de um posto como este para disponibilizar hidrogénio para essas viaturas”, sunlinha o CEO da Dourogás. “O hidrogénio é um gás que é disponibilizado comprimido, tal como atualmente sucede com o gás natural comprimido. Vamos ter o primeiro posto de hidrogénio na zona de Vila Franca de Xira que deverá entrar em funcionamento em 2022. Inicialmente será utilizado num conjunto de testes em viaturas e se os clientes assim o decidirem estamos disponíveis para ampliar a rede para outras localizações”, garante Nuno Moreira. O responsável adianta que a instalação não será efetuada numa já existente, mas, sim, através da ampliação da infraestrutura com a colocação de novos “dispensers” para as viaturas. Aqui temos dois módulos: um inicial com um “dispenser” e um compressor; mais tarde adicionamos mais um “dispenser” e um compressor. Para o disponibilizar hidrogénio basta instalar mais um outro “dispenser” e compressor. Queremos estar na linha da frente não só da “obrigação” de descarbonização, mas ir mais além””, conclui Nuno Moreira. /