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Chineses chegam à Europa

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Iveco eDaily

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UMA CHEGADA ANUNCIADA

Os fabricantes chineses de veículos comerciais decidiram entrar no mercado europeu, aproveitando a oportunidade proporcionada pela eletrificação. O IAA Transportation 2022 serviu de palco para a estreia de algumas das suas propostas

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TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

Aintrodução de normas cada vez mais exigentes de emissões de gases com efeito de estufa na Europa na área dos veículos comerciais condicionou a entrada de marcas asiáticas, uma vez que não dominavam a tecnologia diesel. Para cumprirem os limites impostos pelas sucessivas normas Euro eram obrigados a investimentos demasiado avultados em pesquisa, desenvolvimento e produção. Além disso, no contexto mundial, o mercado europeu pode ter importância em termos de prestígio, mas não propriamente de volume. Durante quase duas décadas, os principais construtores de veículos comerciais da Europa estiveram protegidos da concorrência externa. Aproveitando a abertura de um dos maiores mercados do mundo, a China, as marcas europeias não hesitaram em fazer investimentos fábricas locais, mas tiveram de criar joint-ventures com fabricantes locais, alguns deles detidos direta ou indiretamente pelo Estado chinês. Além disso, tiveram de transferir tecnologia e passaram também a adquirir muitos componentes a fornecedores locais porque os custos de produção eram bastante inferiores. Entretanto, os fabricantes chineses foram desenvolvendo a sua atividade e crescendo, beneficiando de um mercado com mais de mil milhões de consumidores que necessitava de todo o tipo de veículos comerciais ligeiros e pesados para assegurar a movimentação de mercadorias e pessoas, assim como da própria Economia. Os problemas de poluição nas grandes cidades chinesas levaram as autoridades daquele país a introduzir medidas para reduzir as emissões que passaram pelo investimento em renováveis, nas restrições à circulação de veículos com motores de combustão e pelo investimento em novas tecnologias como soluções elétricas a bateria ou a hidrogénio. A China beneficiava ainda do facto de ser uma das maiores produtoras mundiais de recursos para a produção de veículos a energias alternativas, designadamente lítio, terras raras ou grafite. Os fabricantes chineses aproveitaram este contexto favorável para fazerem investimentos em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos, baterias e outros componentes para este tipo de viaturas. Além disso foram

A ofensiva chinesa começou pelos autocarros e alguns fabricantes já têm veículos em operação em diversas cidades europeias, incluindo em Portugal. O passo seguinte consiste no alargamento aos comerciais ligeiros e aos camiões

ganhando experiência no seu mercado doméstico com a comercialização de modelos elétricos. A aprovação pela União Europeia de medidas mais restritivas à circulação de veículos de combustão que passa mesmo pela proibição de viaturas ligeiras novas a partir de 2035 e pesadas a partir de 2040, assim como o lançamento de sucessivos concursos públicos internacionais para aquisição de autocarros elétricos para frotas urbanas está a revelar-se uma excelente oportunidade para os fabricantes chineses entrarem no mercado europeu. A ofensiva começou pelos autocarros e alguns fabricantes já têm em veículos em operação em cidades europeias, incluindo em Portugal como, por exemplo, Coimbra (BYD), Porto e Algarve (Zhongtong Bus), ou Grande Lisboa (Yutong).

BATERIA BLADE

A BYD desenvolveu uma nova bateria, denominada Blade, que não só é mais fina do que as tradicionais, como também oferece uma maior densidade energética. A primeira aplicação é nos autocarros urbanos

BYD ENTRA NOS CAMIÕES

Uma das primeiras marcas a entrar no mercado europeu foi a BYD (Build Your Dreams), financiada pelo multimilionário Warren Buffet, que apostou inicialmente no segmento de autocarros, tendo ganho vários concursos públicos em diversas cidades europeias. A BYD chegou mesmo a abrir uma fábrica na Hungria na localidade de Komarom para a produção de autocarros elétricos. A marca estabeleceu ainda uma parceria com os ingleses da ADL (Alexander Dennis Limited) para o fabrico de autocarros elétricos para o mercado britânico e mais recentemente estabeleceu uma outra com os espanhóis da Castrosua. Em ambos os casos, a BYD fornece os chassis de autocarros elétricos e os parceiros encarregam-se das carroçarias.

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