JOGO RÁPIDO
REVISTA UBC
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“QUALQUER COISA QUE EU REPITA QUATRO VEZES ME FAZ PENSAR NUMA MÚSICA” Adriana Calcanhotto encerra, com o álbum “Margem”, uma trilogia de discos sobre o mar iniciada com “Maritmo” por_ Kamille Viola
do_ Rio
foto_ Murilo Alvesso
Há 21 anos, Adriana Calcanhotto iniciou uma trilogia de discos que giravam em torno do mar. O primeiro foi “Maritmo” (1998), com sucessos como “Vambora” e “Corro Demais”. Dez anos depois, vinha “Maré”, com a regravação de “Mulher Sem Razão”, de Cazuza, Bebel Gilberto e Dé Palmeira. Em 2019, o ciclo se completa com “Margem”, primeiro disco de estúdio da artista desde 2011, quando soltou “O Micróbio do Samba”. Gravado ao lado de Bem Gil, Bruno Di Lullo e Rafael Rocha, o disco traz nove faixas e passeia por diversos gêneros, do samba ao carimbó, do funk 150 BPM a sonoridades lusitanas — influência das temporadas da cantora lecionando na Universidade de Coimbra. Foram mais de dez anos gestando “Margem”. Qual foi sua sensação ao terminar o disco (e a trilogia)? O sentimento é de que a trilogia está acabada, mas que o assunto não está esgotado. Não descarto a possibilidade de fazer mais canções sobre o mar, sobre esse tema. O que a motiva a compor? Como é seu processo? Minha ligação com a composição é natural. O que me motiva não é algo exato, muitas vezes é um processo contínuo. Digo que qualquer coisa que eu repita quatro vezes é uma célula rítmica para mim e me faz pensar numa música.
OUÇA MAIS As nove canções de “Margem” ubc.vc/Margem
“Margem” é uma palavra que pode ter vários sentidos. Sobre o que é o disco, para além da temática marítima? Não gosto de defini-lo em uma coisa só, porque, para cada um, a arte tem um sentido. O ponto de partida são o mar, o oceano, a conscientização do que já estava ruim no começo da trilogia e que, agora, está ainda pior. Por isso também criamos a campanha “Mais Música, Menos Lixo”.