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GUTO GOFFI: DO BEM E ENGAJADO
O BATERISTA DO BARÃO VERMELHO LANÇA SEU SEGUNDO DISCO SOLO, COM COMPOSIÇÕES PRÓPRIAS EXECUTADAS POR UM TIME DE MÚSICOS QUE REUNIU, ENQUANTO ANALISA O MERCADO FONOGRÁFICO E O PANORAMA DOS DIREITOS AUTORAIS
Um dos bateristas mais populares do país, Guto Goffi, integrante do Barão Vermelho, lança seu segundo disco solo, parceria com o Bando do Bem, que ele reuniu. Com participação ainda de Mário Broder (ex-Farofa Carioca), Geraldo Junior e Beto Lemos nos vocais, “Guto Goffi e o Bando do Bem” é bastante autoral, com nove das dez canções compostas por ele. Nesta entrevista, Guto, há 25 anos filiado à UBC, fala sobre a concepção do disco, o mercado fonográfico e o panorama dos direitos autorais no país.
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Qual o conceito por trás do Bando do Bem?
O Bando do Bem foi formado a partir da minha intenção de gravar meu segundo CD solo, de uma forma diferente do primeiro álbum, “Alimentar” (2012). Tive a vontade de dividir os vocais do novo CD com participações mais efetivas. Por isso convidei dois cantores, uma moça e um rapaz, para dividirem comigo as 10 faixas. Fora isso, conto com a participação de alguns convidados que cantam no CD também, o Mário Broder, o Geraldo Junior e o Beto Lemos, estes últimos, músicos cearenses do Cariri. O fato de gravar as bases com o mesmo time deu muita liga aos arranjos das canções. Como sou o autor de nove das dez composições do CD, palpitando ainda nos arranjos e até na arte, não me incomodei em reduzir meu espaço como cantor. Posso tocar bateria e cantar ao vivo, além de ver cantores melhores que eu defendendo as minhas músicas.
Esteticamente, o que esse trabalho tem de diferente do que já apresentou antes?
Nesse CD, desde o começo, me planejei para fazer letras com astral alto, nada de sofrimento exagerado, dor de cotovelo ou dor de corno. Tive que deixar algumas boas composições de fora porque tinham letras com conteúdo mais pesado. O resultado das canções com temáticas mais positivas deu no nome do grupo, Bem, sugerido pelo meu filho André.
E a escolha dos músicos, como se deu?
Procurei profissionais com os quais me identificava. Queria um grupo multiétnico também. A Yumi Park (vocais, ao lado de Bruno Mendes) é coreana. O guitarrista Lula Washington é pernambucano. Markus Britto, baixista, é do subúrbio carioca... eu queria uma mistura nova para defender um compositor que ninguém conhece ainda: eu. Digo isso porque, com todas as músicas que o Barão já gravou minhas, não sou um compositor reconhecido. Tenho quase cem composçiões e estou partirurando minha obra para disponibilizar esses registros.
Oficialmente você ainda integra o Barão, certo? Em que pé anda a banda atualmente?
O Barão está se organizando para uma turnê em 2017, quando comemoraremos 35 anos de carreira. Quero muito estar na estrada com o grupo. Ainda tenho muita vontade de tocar em todas as cidades do Brasil em que não estive com o Barão. Quero morrer tocando e deixando correr.
Você está cumprindo 25 anos de UBC. Como avalia o trabalho da associação?
Acho que a UBC sempre fez um bom trabalho. Me representa bem. Tenho bons amigos nela. Estou contente com a arrecadação e confesso que, volta e meia, o direito autoral me salva. Sou de uma época em que se ganhava dinheiro com música, fosse compondo, arranjando, tocando ou como intérprete. Hoje vejo a internet fazendo uso indevido das obras musicais, ninguém respeita os autores. Sobre o digital, streaming etc., acho os pagamentos muito baixos, e, quando recebo cinco folhas de papel me explicando que ganhei R$ 0,01 por participar de determinada música, fico com uma pena danada da árvore derrubada e da minha “derrubada” também. Não se pode dar esmola à cultura. Até quando vão tentar nos convencer de que eles é que estão corretos?