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AUTORAMAS: RUMO AOS PR\u00D3XIMOS 20 ANOS
COM SÓLIDA PRESENÇA NACIONAL E INTERNACIONAL E SEMPRE INDEPENDENTE, A BANDA SE APROXIMA DAS DUAS DÉCADAS DE EXISTÊNCIA COM NOVA FORMAÇÃO E O ÁLBUM “O FUTURO DOS AUTORAMAS”, DE PEGADA DANÇANTE
Por Michele Miranda, de São Paulo
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Com quase 20 anos existência, o Autoramas coleciona feitos antes inimagináveis para uma banda que trilhou independentemente seu caminho desde o começo. De shows fora do eixo das capitais brasileiras a turnês internacionais, passando pela lista de mais tocadas em países como a Noruega, o grupo liderado por Gabriel Thomaz lança novo disco. “O Futuro dos Autoramas” é o primeiro álbum com a nova formação, que, além de Thomaz, agora inclui a cantora e multi-instrumentista Érika Martins, o baixista Melvin Ribeiro e o baterista Fred Castro.
“A contribuição de todos é maravilhosa. A Érika é uma cantora de verdade, isso representa um salto gigantesco, por exemplo, para quem gosta de vozes femininas. A banda está mais completa, com mais músicos, mais instrumentos no palco. Este é o disco que mais ouvi. Já tive discos que lancei e que não gostei do resultado. O que me salva são os fãs falando que gostaram. Esse eu adorei”, analisa o cantor e compositor, comentando as novidades sempre tão esperadas quando um disco do Autoramas fica pronto. “É a primeira vez que temos várias músicas em inglês no mesmo álbum; talvez por causa das turnês internacionais, que se tornaram constantes. E a primeira vez que lançamos em cassete; é um formato tão bonitinho!”
LANÇAMENTO E TURNÊ NA EUROPA
Depois de ser lançado no Brasil nos meios digitais e nos formatos físicos em CD, vinil e cassete, no fim de junho o disco chegou a Portugal e foi executado também nas rádios - em apenas uma semana, já estava no top 30 da Antena 3, a maior emissora musical dedicada a pop e rock no país. E isso não é por acaso. A banda fechou uma série de shows por lá, com passagem também por Alemanha, Suíça, Inglaterra e Finlândia. O primeiro single, “Quando a Polícia Chegar”, chegou a ocupar o 61º lugar entre as mais tocadas no mundo todo segundo ranking divulgado pela plataforma de streaming Deezer.
“Gabriel foi um desbravador, criou um mercado. ‘Não tem esquema? Vou criar um’, ele dizia. Há alguns anos, ninguém ia fazer show no Acre, no Amapá, só um cara muito bombado ou banda underground local. Nenhum artista de médio porte fazia”, comenta Érika, que, além de assinar voz, guitarra, teclados e percussão no disco, também é casada com Thomaz: “Estou presente no Autoramas há 13 anos, desde que comecei a namorar o Gabriel. A gente já compunha junto. Tem música minha que o Autoramas já tinha gravado. Sempre perguntavam por que não tocávamos juntos. Mas ainda não era o momento. A gente se admira muito, isso é importante para qualquer casal. Ele é um hitmaker e está se firmando como um dos melhores compositores do Brasil.”
Com uma pegada new wave e batidas dançantes, além de um flerte com os anos 60, “O Futuro dos Autoramas” é bem fiel à essência da banda, mas é possível notar algumas diferenças.
“Venho do Carbona, e o Fred vem do Raimundos. Temos uma influência grande do punk, do Ramones, e a mão mais pesada do que a Flavinha (ex-baixista) e o Bacalhau (ex-baterista). Não temos como fugir do nosso estilo”, explica o baixista Melvin, que já era fã do grupo. “Fui a milhares de shows do Autoramas. É uma banda com a qual me identifico muito, especialmente por essa pegada da pista de dança. Quando falo que toco numa banda de rock, as pessoas acham que é um bando de gente batendo cabeça, mas a gente trabalha essa vertente do rock dançante”, define.
'A IDEIA É PROMOVER UMA GRANDE FESTA'
Apesar de algumas canções em inglês, a maioria do repertório é em português, e foi assim que o Autoramas, aos poucos, conquistou o território internacional. O grupo chega à sua 14ª turnê no exterior, com direito a presença em festivais importantes como o South by Southwest (EUA), atribuindo o sucesso ao gênero dançante.
“Toquei durante muito tempo um rock pesado no Raimundos, mas gosto de música para dançar. E 99% do set do Autoramas são dançantes. A ideia é sempre promover uma grande festa. A gente faz turnê em países que não falam português, e as pessoas entendem perfeitamente a proposta de cada música”, conta Fred.
Mesmo com a carreira a todo vapor, com vários projetos como Lafayatte e os Tremendões e o Chuveiro in Concert, Érika acha que alguns setores da indústria da música podem melhorar. O maior problema, segundo ela, acontece no campo da arrecadação dos artistas nas ferramentas on-line.
“A remuneração do streaming é ridícula. Para quem tem milhares de hits gravados ainda dá para lucrar um pouco. O streaming até melhorou a situação. Porque antes era nada: download gratuito, pirataria, a gente não recebia nada. É preciso reinventar essa indústria. Foi uma mudança natural que aconteceu na música com a chegada da internet, e as gravadoras bateram de frente. O dinheiro garantido para o artista é o do show. Pelo menos tenho a UBC como aliada, que é a melhor associação que existe. O Gabriel era de outra associação. Ele tem vários sucessos gravados, mas vivia num processo confuso. Mostrei para ele como eu era bem tratada na UBC, e ele migrou”, ela conclui.