Revista UBC #30

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12/UBC : CAPA

'EU ERA A BOLA DA VEZ' 1982 Por Alessandro Soler Guilherme Arantes é dono de uma memória prodigiosa. Crava datas, locais, até mesmo horários de encontros importantes para sua carreira. Reconstrói diálogos tal como foram proferidos – ou, ao menos, assim lhe parece. Recita nomes – de parceiros, eventos, músicas, bandas – com fluidez. Tudo nele é rápido, urgente. Se não for interrompido, emenda um fluxo contínuo de ideias, digressões. Não surpreende que, ao celebrar seus 40 anos de carreira (descontados os dois como um dos cérebros da banda de rock progressivo Moto Perpétuo, surgida nos corredores na Faculdade de Arquitetura da USP, onde estudou), ele tenha planejado e guiado à minúcia a produção de um farto material que pretende definitivo. Além de uma caixa com os relançamentos remasterizados de seus 21 LPs e de inúmeros singles, a cargo da Sony, um documentário de cerca de sete horas e em sete episódios divididos cronologicamente e uma considerável agenda de shows celebrativos, publicará uma minibiografia, uma carta escrita de próprio punho para acompanhar o material

UM DOS MAIORES PRODUTORES DE HITS DO POP BRASILEIRO, GUILHERME ARANTES CELEBRA 40 ANOS DE CARREIRA E, NUM LONGO PAPO COM A REVISTA UBC, ANALISA SUA ASCENSÃO METEÓRICA, O APAGAR DOS HOLOFOTES, AS TRANSFORMAÇÕES DO MERCADO NESTAS DÉCADAS E O RENASCIMENTO DA MÚSICA DE VANGUARDA URBANA

e relembrar passagens marcantes que resumem, a um só tempo, sua própria vida, sua carreira e um pedaço importante da história recente da música brasileira. Neste papo com a Revista UBC, editado num esquema de perguntas e respostas para que o leitor possa ter uma ideia de como funciona a mente ágil e multirreferenciada de Guilherme Arantes, ele relembra suas idas e vindas pelas maiores majors do Brasil – cujo ocaso, admite, representou um golpe para sua própria carreira –, volta a falar do breve affair que teve com Elis Regina, brinca com a rivalidade artísticocultural entre Rio e São Paulo, contextualiza o momento em que surgiram alguns dos incontáveis hits que enfileirou por anos, em contínua linha de produção, reivindica um papel central na criação de uma cena musical infantil no país. E, principalmente, oferece um testemunho de alta qualidade, e em primeira pessoa, de um momento de ouro do pop e da MPB, gêneros que ele vê renascer depois de anos de uma decadência que associa ao que chama de utilitarismo ligado a movimentos como o sertanejo, o pagode e o axé.


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