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'O ÚNICO COMPROMISSO ERA SE DIVERTIR E DIVERTIR NOSSOS AMIGOS' Há 25 anos surgia um sopro de bem-vinda novidade no cenário plural e vibrante da música de vanguarda da capital gaúcha. Roqueiros, eletrônicos, pop, reggaeiros, sambistas, MPBistas, soulmen... Difícil definir o som variado do Ultramen com apenas um rótulo. A banda foi e continua a ser orgulhosamente experimental, joga (muito bem) nas onze e agora, com um quarto de século de estrada, resgata um DVD ao vivo jamais lançado, “Máquina do Tempo”, gravado em 2008, antes de um hiato de sete anos. Entre as canções, que passeiam pelos melhores momentos do grupo, há uma inédita, “Robot Baby”, uma deliciosa mistura de funk (setentista) e música eletrônica. O show de lançamento será dia 24 de novembro no Bar Opinião, em Porto Alegre. Confira o papo do percussionista Malásia com a Revista UBC. Se pudessem programar uma máquina para voltar a um tempo melhor - musicalmente, mercadologicamente -, que tempo seria esse? Malásia: Meu período favorito da música está entre 1966 e 1982. Foi quando surgiu ou se consolidou a maioria dos estilos musicais que eu admiro. Mas a década de 90 também é muito interessante. O foco musical da Ultramen é bem variado. Todo mundo que ouviu “Robot Baby”, a nossa mais nova música, achou que queríamos soar como o Daft Punk, mas nossa referência nesta música é o Zapp. Este grupo de funk eletrônico é do início da década de 1980. Qual a diferença entre o Ultramen de 2008, quando foi gravado o pacote, e o de 2016? O fato de todos terem uma vida profissional e pessoal sem ter a Ultramen como um “trabalho” foi muito benéfico. Todos amadureceram e voltaram para a banda com mais experiência e alegria.
E entre esses dois momentos e o de 1991, quando tudo começou? Nem dá para comparar. A Ultramen começou há 25 anos, e nossas cabeça, atitude e habilidades musicais eram muito diferentes na época. No período que vai dos primeiros ensaios até o primeiro disco, a banda viveu intensamente o circuito alternativo e tinha um lado musical muito experimental. A partir da gravação do álbum, ficou tudo mais profissional, e aumentou a responsabilidade. Lá no começo, o único compromisso era se divertir e divertir nossos amigos. Que inquietudes vocês ainda tem? Os tempos complexos que vivemos hoje, no mundo e, não menos importante, no país inspiram novas letras e músicas? A Ultramen sempre teve uma postura de só fazer o que queria, desde que aprovado pela maioria dos integrantes, e tinha um equilíbrio entre letras nonsense e sérias. Com a evolução da banda e da vida, este lado sério ficou mais evidente. É claro que as coisas da vida influenciam na música que fazemos. Estamos em processo de composição e, em breve, saberemos como essa nova fase vai soar. Fazer música alternativa há 25 anos fora do eixo é… Normal. Na verdade, penso que essa coisa do eixo é meio ilusão. Moro em São Paulo há mais de oito anos, e as dificuldades de ter banda e viver de música autoral aqui são as mesmas de sempre. Viver no Rio Grande do Sul é uma dificuldade em termos logísticos para fazer shows na região Sudeste, mas, por outro lado, é muito mais fácil gravar e fazer a música chegar às pessoas graças às plataformas e tecnologias de hoje em dia. Ao mesmo tempo em que estamos longe demais das capitais, estamos perto das pessoas que têm interesse no nosso som.
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Assista ao clipe de “Robot Baby”
Foto: Ricardo Lage
BANDA GAÚCHA ULTRAMEN CELEBRA 25 ANOS MULTIRREFERENCIADA COMO SEMPRE E MAIS MADURA DO QUE NUNCA