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Novidades nacionais
'Sou um nômade, nasci vagando e morrerei vagando'
Edu K transita entre estilos sem parar. Gaúcho, abraçou o funk carioca (“é o nosso hip hop!”), agora flerta com o trap e se prepara para a volta do Defalla, um caldeirão de culturas em forma de banda
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Por Alessandro Soler, do Rio
Irreverente, debochado, vanguardista, multirreferenciado. Edu K, um dos cabeças do Defalla, vive uma vida dupla. Em carreira solo desde que uma das mais famosas bandas do pós-punk brasileiro deu um tempo, há dez anos, ele lançou recentemente o EP “Boy Lixo”, em que revela sua nova paixão: o trap. Mas não tira da cabeça o rock, o funk, o miami bass, o hip hop e um montão de outras sonoridades eletrônicas que cultivou ao longo dos quase 20 anos consecutivos de atividades do Defalla. Esse pacotão sonoro volta com tudo no mês que vem, quando o adiado e mui aguardado disco inédito do grupo surgido em Porto Alegre, em 1986, chega ao mercado. Para falar sobre isso e sobre o que anda passando por sua mente fervilhante, Edu trocou dois dedos de prosa com a Revista UBC.
O disco de retorno do Defalla e o documentário sobre a banda eram prometidos para o ano passado. Ficaram para este. O que os fãs ganham com isso?
O funk ainda faz tanto assim a sua cabeça?
Por que ainda vale a pena ouvir música brasileira?
Você continua em Santa Catarina? Voltou para o Rio Grande? O que vagar nesse eixo acrescentou às suas sonoridades e escolhas estéticas?
Você(s) claramente se amarra(m) em sons que poderiam estar sob o guarda-chuva do que se chama global ghettotech, o som eletrônico das periferias. Depois do tecnobrega, qual estilo o atrai, deslumbra e estimula?
O que acha do arrocha?
Dois mil e catorze foi...
Dois mil e quinze será...
Mistérios da guitarra e do violão, desvendados
Violonistas e guitarristas autodidatas de antigamente tinham revistas e brochuras que ensinavam os conceitos elementares dos instrumentos para aprender sozinhos em casa. Os de hoje têm “O Mapa dos Acordes – Para Guitarra e Violão”, um compêndio com as experiências do músico e produtor capixaba Sérgio Benevenuto ao longo de 25 anos como professor dos instrumentos. Lançado no fim do ano passado, o livro deve ser o primeiro de uma trilogia planejada por Benevenuto para apresentar seu método de educação musical, uma técnica desenvolvida em suas passagens por escolas do Brasil e dos Estados Unidos. Além de fundamentar conceitos da música e desvendar os mistérios da guitarra e do violão, a obra traz textos acadêmicos de apoio. “Eu já tinha passado por mais de oito escolas no Brasil e não tinha aprendido nada”, contou o músico ao diário “A Gazeta”, de Vitória. “Nos EUA, comecei a me aprofundar na didática e, quando voltei, apliquei toda aquela metodologia. Isso formou uma legião de instrumentistas que agora você escuta em casa”. O segundo dos livros a serem lançados por Benevenuto já está em fase de finalização, e o terceiro começa a ser produzido ainda em 2015.
Um domingo mais que legal para Leo Nascimento
Após fazer sucesso na internet com um vídeo amador no qual aparece cantando uma de suas músicas românticas, “Tatuagem”, o ex-servente de pedreiro Leo Nascimento, de Porto Velho, teve sua trajetória musical transformada ao participar do programa “Domingo Legal”, do SBT, em novembro passado. Além de conhecer ídolos como o sertanejo Eduardo Costa, Leo descobriu ao vivo como se afiliar à UBC e garantir o recebimento de seus direitos autorais. O cantor está com sua agenda de shows lotada e prepara o lançamento do primeiro álbum, além de já colecionar mais de 65 mil seguidores no Facebook.
Samba, reggae, pop, Céu
Tem samba, reggae, pop. Tem guitarra, tambor, piano. Em dez anos de uma carreira profícua, cabe muita coisa, daí a dificuldade que a paulistana Céu teve para escolher o que entraria no registro definitivo da turnê do álbum “Caravana Sereia Bloom”, que costurou diversos estados e países desde 2012. No DVD “Céu Ao Vivo”, gravado em julho do ano passado no pequeno Centro Cultural Rio Verde, em São Paulo, ela acabou fazendo um passeio por canções suas como “Malemolência”, “Cangote”, “Falta de Ar”, “Retrovisor”, “Baile de Ilusão”, “Contravento”, além de coisas como “O Palhaço”, de Nelson Cavaquinho e Guilherme Silva, “Mil e Uma Noites de Amor”, de Pepeu Gomes, Baby do Brasil e Fausto Nilo, e “Piel Canela”, de Bobby Capó. “Fiquei pensando se a gente está colocando todas as músicas importantes. Essa escolha é um dilema, foi o primeiro DVD. Nunca tinha tido um registro, pensei nisso com carinho”, contou em entrevista ao diário “O Estado de S. Paulo”. Além da apresentação ao vivo, o pacote intercala depoimentos, momentos de descontração com os músicos e, nos extras, clipes. “Sempre quis que ficasse dessa forma, mas existia uma preocupação da gravadora porque aqui no Brasil existe uma coisa interessante: as pessoas colocam na festa o DVD como áudio”, explicou. Como não poderia deixar de ser em se tratando de Céu, na dúvida, o estilo próprio prevaleceu.
5 décadas este ano
O compositor Maury Câmara está comemorando seus 50 anos de carreira em 2015. Autor de mais de cinco dezenas de canções, teve muitas delas gravadas por cantores como Jerry Adriani, Martinha e José Roberto nas décadas de 1960 e 1970. Mais tarde, foi parceiro do saudoso Orlando Dias em obras como o sucesso “Com Pedra na Mão”. Hoje, o compositor faz apresentações frequentes nos palcos do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro, conhecido popularmente como Feira de São Cristóvão.
O Rio Grande vai ao Rio... e volta
Um dos músicos mais inventivos e originais da cena gaúcha contemporânea, Rafael Ferrari começou o ano envolvido com o lançamento do álbum e da turnê “Bandolim Campeiro”, em que aprofunda o uso de um instrumento tão tipicamente associado ao choro carioca em interpretações de ritmos regionais sulistas, como milonga, vanera, chamamé, chacarera e outros. Pioneiro no encontro e nas infinitas trocas entre o estilo musical oriundo do Rio e as sonoridades dos Pampas, ele já tocou com nomes como Hamilton de Hollanda, Toninho Horta e Renato Borghetti, colhendo elogios de todos. Além da carreira solo como instrumentista e compositor, Ferrari integra o grupo Camerata Brasileira, que dá acento jazzístico a ritmos como o samba e o choro, lançou três discos desde que se formou, em 2002, e tem viajado por quase todo o Brasil e por países como Cuba e Paraguai. Como reconhecimento por seu destaque, o gaúcho faturou o Prêmio Açorianos, em 2008, como melhor compositor de música instrumental. No atual projeto, ele apresenta composições de mestres como Yamandú Costa e Luiz Carlos Borges, além de um sem-número de criações suas.
Skank na tela grande
Mais um grande nome da música brasileira se aventura na seara das trilhas sonoras para o cinema. A bem-sucedida aventura de férias para adolescentes “O Segredo dos Diamantes”, de Helvécio Ratton, em cartaz desde dezembro do ano passado em diversas cidades do país, tem como canção-tema “Poeiras da Ilusão”, de Samuel Rosa, do Skank. “Sou muito fã de 'O Menino Maluquinho' (longa infantil inspirado na obra de Ziraldo e dirigido por Ratton). Foi ótimo estrear nas trilhas de cinema num filme dele”, disse Samuel. “Gostaria que isso (compor para cinema) tivesse sido mais frequente na nossa história.” O processo de produção da música foi paralelo ao do mais recente álbum da banda mineira, “Velócia”, lançado em meados do ano passado. Na versão em vinil, “Poeiras da Ilusão” vem como faixa bônus. Na trama do filme, todo rodado em locações mineiras, Angelo (Matheus Abreu) tem 14 anos, descobre uma lenda antiga sobre diamantes perdidos e decide ir atrás do tesouro, uma maneira de salvar a vida do seu pai. Para isso, ele terá a companhia e a ajuda de seus dois amigos inseparáveis, Júlia (Rachel Pimentel) e Carlinhos (Alberto Gouvea), e precisará enfrentar o vilão Silvério (Rui Rezende).
Operário do Funk
Com programa diário na rádio, o DJ Batata, um dos mais ativos produtores do batidão, vê (e aplaude) a expansão da cena pelo país, mas manda: o velho estilo sedutor carioca é o seu preferido
Ele é um dos mais ativos produtores do funk carioca. Aquele de raiz, original, o batidão que seduziu boa parte do país e de músicos como Edu K, do Defalla (leia minientrevista na página 4). DJ Batata é um garimpeiro de talentos do estilo, que ajudou a revelar ou bombar nomes como MC Biel, Nego do Borel, Nego Blue, Bonde das Maravilhas, MC Britney, MC Pedrinho... Com programa diário na rádio Transcontinental FM, de São Paulo, ele lidera o movimento de expansão das fronteiras de um dos mais fortes estilos de música eletrônica brasileiros. “Sou um operário do funk, trabalho diariamente em prol do estilo”, diz.
Qual pancadão não sai da sua cabeça no momento?
Como vê as cenas regionais de funk pelo país, como as de BH, SP?
Acha que o Rio ainda pode aportar muito em originalidade e inovação?
É possível ser funkeiro e viver de música? Como?
Dois mil e catorze foi...
Dois mil e quinze será...