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Clarim

PORTO ALEGRE, JULHO DE 2015 - EDIÇÃO NO 1

A VOLTA...

Foto: Lucas Lippert

A publicação de jornais idealizados por alunos sempre fez parte da história do Colégio Farroupilha, especialmente com os periódicos Das Band e O Clarim. Porém, após 1965, a instituição não mais contou com essa produção dos alunos, por uma série de razões.

Os jornais do Colégio Farroupilha Lucas Lippert, Manoela Ruga e Thiago Castro

O Das Band foi um jornal escolar inicialmente em Língua Alemã, que circulou pelos corredores do “Velho Casarão” (antigo prédio do Farroupilha, na Av. Alberto Bins, onde hoje está o Plaza São Rafael) por 10 anos. O jornal era famoso na comunidade escolar e patrocinado por lojas de descendentes alemães, que dominavam o comércio local e usavam o periódico como meio publicitário. Em 1937, Getúlio Vargas dissolveu o Congresso e os partidos políticos e estabeleceu uma nova Constituição. Para garantir o desenvolvimento econômico imaginado por Vargas, era preciso fortalecer o sentimento nacionalista, e isso

ficou expresso no projeto político-pedagógico para a educação, especialmente destinado às comunidades descendentes de europeus no sul do país. À medida que a Segunda Guerra Mundial se tornava iminente, a Campanha de Nacionalização tornava-se mais efetiva, atin-

gindo diretamente as escolas étnicas. A nacionalização implicou em um profundo controle dos currículos das escolas, proibindo o idioma estrangeiro nas aulas – e até nas conversas entre alunos e professores no pátio. O futuro da imprensa era incerto e o veto ao ensino do Alemão colocava em dúvida a continuidade do jornal e da própria escola. Assim, diversas mudanças foram feitas no periódico, introduzindo mais artigos em Português, na tentativa de nacionalizá-lo. Em 1938, o diretor Hans Kramer publica a última edição do jornal. Mais tarde, em 1945, os alunos Nisio Felipe Wasen e Leandro Telles criaram O Clarim, que tinha como objetivo melhorar a interação dos alunos do colégio, como explica Telles:

Em 1945, três jovens vieram para o Farroupilha. [...] Lá pelos meses de maio e junho, caminhávamos Nisio e eu no recreio quando tive uma ideia: “que tal se fundássemos um jornal para o colégio?”[...] quando rapazes de 14 e 15 anos “encasquetam” de fazer alguma coisa, o negócio vai para frente mesmo. O diretor nos disse: “no meu tempo, os que tomavam conta do jornal rodaram de ano”. Nada disso nos desanimou. Alea jacta est, a sorte está lançada, dissemos. Faltava um nome para o novo órgão: “que tal Clarim?”, sugeri. Num abrir e fechar de olhos o jornal já tinha uma denominação. Em agosto surgiria O Clarim, órgão do Ginásio Farroupilha (TELLES, 1974, p.191).

A invenção de O Clarim resultou da capacidade de enfrentamento às autoridades escolares e da motivação de criar um veículo que representasse os alunos. O memorial do colégio abriga exemplares da terceira edição (de setembro de 1945) em diante. O jornal, produzido pelo Grêmio Estudantil do Colégio Farroupilha (GEF), circulou entre 1945 e 1965. Hoje, 50 anos depois, o GEF recria esse espaço de interação com a mesma visão e ousadia de seus antecessores, buscando resgatar parte da história da instituição com apoio da Unisinos e agradecimentos especiais à professora Alice Jacques e à psicóloga Lisiane Junges. Ressurge, assim, o jornal O Clarim – um espaço dedicado aos alunos e feito com a colaboração dos alunos.


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