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Mulheres e o futebol: uma relação de paixão e preconceito

REGIONAL A superação e o preconceito: o negro no meio jornalístico

Por Bruna Evelin Mesmo com as novas políticas adotadas em vários setores, incluindo no espaço jornalístico, ainda há uma perceptível diferença entre o número de comunicadores negros e brancos

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uando falamos de jornalistas negros no Brasil, já vêm na memória personalidades como

QMaju Coutinho, Heraldo Pereira, Zileide Silva, Thiago Oliveira e Glória Maria, que trabalham em alguns dos maiores telejornais do país. Para a grande parte da população, exemplos como esses podem ser usados para o argumento de que “não existe racismo no Brasil”. Entretanto, engana-se quem pensa que apesar de serem conhecidos mundialmente esses jornalistas não enfrentam lutas diárias para conseguir o seu próprio espaço. Apesar do mercado jornalístico estar passando por constantes mudanças causadas pela evolução da tecnologia, ainda é possível verificar que a constituição étnica do meio está presa no tempo. Os brancos são maioria na área da comunicação, embora a população negra esteja em maior número na sociedade brasileira. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE em 2014, 53,6 % da população se declara parda e negra. No jornalismo, apenas 23% dos comunicadores são negros ou pardos, enquanto 72% são autodeclarados brancos. Superação O repórter e apresentador da NSC de Florianópolis, Edsoul Amaral, é um dos exemplos no meio de comunicação que temos em Santa Catarina. Ele, assim como muitas pessoas, traz grandes histórias que por vezes são invisíveis aos demais. Sua determinação em mostrar que é possível realizar sonhos começou no hip hop. “Quando eu tinha 10 anos, eu vendia picolé para ajudar em casa, mas o meu amor pela comunicação começou com 11 anos por meio da música, e o rap me preparou para as coisas que viriam pela frente”, conta o jornalista.

Sempre dedicado no que fazia, Edsoul começou a trabalhar com a mãe que era auxiliar de serviços gerais. Aos 13 anos, começou sua carreira como ator, participando de peças infantis. Formou-se em jornalismo no ano de 1999, mas foi em 2000 que sua vida mudou quando esteve pela primeira vez na TV, apresentando e ganhando o “Garoto Planeta Atlântida” pela antiga RBS de Santa Catarina. Após o evento, o jovem se dedicou a outros trabalhos na periferia, projetos sociais e estudos, porém, em 2011 voltou para a TV, onde reiniciou sua trajetória jornalística na NSC TV - antiga RBS. Em sua volta para o veículo, o repórter trouxe com ele o projeto “Alô, Comunidade”, que proporcionou um grande aumento na audiência da emissora no estado devido ao protagonismo comunitário, no qual as pessoas contavam suas histórias. Através da área de comunicação, o jornalista tem se dedicado a mostrar os aspectos positivos e construtivos das comunidades e periferias. Além de trabalhar como repórter e apresentador em uma das maiores emissoras

Jornalista e apresentador Edsoul Amaral/Arquivo pessoal de Santa Catarina, Ed, como é conhecido, também escreve a coluna “Rolê com Edsoul” para o Jornal de Santa Catarina. Além disso, coordenou por sete anos a Central Única das Favelas de Santa Catarina, entidade fundada pelo rapper MV Bill. Entre o talento e a simplicidade que carrega consigo está o segredo do sucesso: “Eu faço duas coisas. Primeiro: pego minha agenda para que a pessoa convidada volte ao programa na cadeira do barbeiro (cadeira do entrevistado). Segundo: Convido os caros ouvintes a sentar e apreciar um bate-papo com um comunicador que põe o povo na TV,” explica o repórter. Edsoul acredita que apesar do preconceito existir, as novas gerações virão bem mais preparadas para lidar não só com o racismo, mas com todo tipo de problema. “Eu ainda sonho com o processo humanitário onde as pessoas não sejam mais julgadas pelo seu tom de pele, mas porque as pessoas estejam onde estão porque conquistaram seu espaço, porque lutaram até o fim pelo seu crescimento, pelo seu sonho”, finaliza Edsoul.

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