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A superação e o preconceito: o negro no meio jornalístico

POLÍTICA A democratização da comunicação governamental nos últimos 20 anos

Por Alan Gonçalves e Lucas Lemes Gavião Em duas décadas marcadas pelo surgimentos de novas tecnologias, o governo brasileiro também foi impactado com a necessidade de mudanças em sua comunicação

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comunicação no Brasil e no mundo mudou muito nos últimos 20 anos, principalmente

Aapós a era da internet. A democratização dos meios de comunicação e a forma como os governos usaram e usam das ferramentas midiáticas também sofreram alterações significativas. O objetivo desta matéria é traçar uma linha do tempo para separar as principais conquistas e alterações realizadas no Brasil em relação a comunicação entre a população e os órgãos públicos no período proposto. No ano de 1999, exatos 20 anos atrás, a TV aberta era disparada a plataforma comunicativa mais presente nos lares da população. Na época, o 34º presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso (FHC), estava no exercício de seu segundo mandato. Durante sua campanha em 1994, suas principais aparições foram em canais de televisão, rádios e jornais impressos, a tríplice de veículos informativos que imperava na época. As pessoas julgavam os candidatos por aquilo que lhes era passado em frente às câmeras, por mais que as polêmicas surgissem, bastava uma boa visibilidade em um horário nobre na TV Globo, por exemplo, para ter todos os ouvidos atentos a sua defesa. Pouca coisa mudou em relação a distribuição de sistemas informativos até a chegada da internet. Entre os governos José Sarney (1985 - 1990) e FHC (1995 - 2002) foram implementadas diversas condições de distribuição de radiodifusão no país, as quais eram vistas como democratização da comunicação com foco na esfera política e de interesses sociais. Ao decorrer dos governos, vimos a força que tem as grandes corporações midiáticas que continuam intangíveis até os dias atuais. Nos últimos 20 anos, passaram pela presidência da república Fernando Henrique (1999 - 2002), Lula (2002 - 2010), Dilma Rousseff (2010 - 2016), Michel Temer (2016 - 2018) e Jair Bolsonaro, eleito em 2018. As principais mudanças à se destacar são: A migração das ondas de rádio AM para FM e da TV analógica para a digital, a difusão da internet como meio de comunicação independente, o crescimento das redes sociais e a popularização de plataformas de streaming.

Governo Lula e a utopia da comunicação democratizada

A esperança pela total democratização da comunicação continuou na promessa aos brasileiros. Em sua campanha presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o direito a um diálogo mais aberto entre governo e população, além de um plano de comunicação voltado para um lado igualitário. Com uma ligação maior com desfavorecidos grupos sociais, comparado a outros candidatos da época, Lula entendia que o povo queria ter sua voz ouvida. As capas e jornais da época mostravam Lula sempre à frente de grupos trabalhistas como o dos metalúrgicos, a qual ele pertencia, e apoiando movimentos como o Movimento Sem Terra (MST) atuando como uma espécie de porta-voz político que lutava por melhorias para as categorias. Nos primeiros anos de governo, Lula instaurou notórios avanços para a comunicação no Brasil, como a concessão para a entrada da TV digital.

POLÍTICA A internet também ganhou força durante o mandato do presidente petista, pois foi durante esse período que os provedores gratuitos se popularizaram no país. Em 2004, o site Orkut começava sua trajetória iniciando a explosão das redes sociais.

A conta que o governo Dilma herdou

A predominância do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo brasileiro se concretizou com a eleição de Dilma Rousseff em 2010. Herdando muitas promessas de seu antecessor, Dilma recebeu também a responsabilidade de viabilizar o processo de democratização da comunicação, o qual o seu partido declarava como urgente e necessária. Os grupos sociais cobravam da presidenta a assinatura para iniciar uma proposta de marco regulatório elaborada ao final do governo Lula. Como resposta ao PT, o ministro da comunicação da época, Paulo Bernardo, definiu que este era um processo inviável, pois estariam próximos a campanha eleitoral de 2014. O projeto defendido pelo partido pedia a revisão de concessões que chegavam no valor de R$ 60 bilhões. Com o poder midiático no Brasil concentrado em grandes conglomerados como a Rede Globo, o plano previa garantir uma igualdade maior de acesso, esta que era prejudicada pelo monopólio. Um fato importante para a comunicação ocorrido no governo Dilma, e que vale a pena ser mencionado, foi a assinatura oficial do Marco Civil da Internet, em 2014. Nele foram estabelecidas leis que garantem a acessibilidade aos cidadãos, a liberdade de expressão, a proteção à privacidade e direito à informação aos usuários brasileiros da rede mundial de computadores.

Ilustrações: Freepik.com

Atualmente, redes sociais e fake news

A popularização e a acessibilidade da internet causaram mudanças na comunicação do mundo todo. Aqui no Brasil, nos últimos 20 anos, a maioria dos lares adquiriu meios de se conectar a rede de internet, inicialmente com um custo bem elevado, mas que caiu bastante com a concorrência das provedoras. O meio digital se tornou um ambiente capaz de proporcionar aos indivíduos ouvirem e serem ouvidos. Em 2012, o Facebook assumiu o posto de rede social mais acessada no Brasil, tomando a coroa que até então pertencia ao Orkut. Inicialmente, governos e organizações evitaram usar as redes como canais de comunicação oficial, mas após estudos constatarem sua eficiência enquanto uma ferramenta de contenção de crises, por exemplo, esse pensamento foi mudando. Não demorou muito para um tipo de informação manipulada circular nas redes, as chamadas fake news. As fake news existem no mundo há muito tempo, mas na internet ganharam uma propulsão ameaçadora por sua velocidade de propagação e alcance. A guerra contra as fake news é um trabalho incessante. Governos, empresas e órgãos das mais diversas naturezas são acusados de disseminarem falácias pelas redes. A discussão sobre a propagação de notícias falsas ganhou maior repercussão quando Donald Trump foi acusado de impulsionar sua campanha presidencial, em 2016, com o compartilhamento de inverdades sobre a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Seguindo a tendência americana, vários candidatos brasileiros aos mais diversos cargos públicos começaram a ser denunciados por espalharem notícias falsas na internet. Perante as manchetes jornalísticas da última eleição presidencial no Brasil, poderíamos facilmente intitular o último pleito como “A eleição das fake news”, onde os principais candidatos eram constantemente acusados e precisavam remover conteúdos sem veracidade.

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