11ª edição
Recital de viola-d’arco e eletrónica – obras para viola de compositores portugueses 17 novembro
Terça-feira, 21h30 Auditório do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro João Pedro Delgado, viola solo José Carlos Sousa, projeção sonora
O disco hoje apresentado é resultado da vontade
contacto direto entre a obra resultante da pena
de dinamizar o repertório para Viola Solo e para
do artista e o seu público. Se nas artes plásticas,
Viola e Eletrónica, quer através da encomenda de
a título de exemplo, existem essencialmente dois
obras a compositores de diversas proveniências e
níveis se subjetividade – o do contexto histórico-
vivências estéticas, quer através da circulação de
-social do artista e o do contexto do público –,
obras já compostas, permitindo que estas fujam ao
a obra musical obriga a um terceiro nível: o da
quase universal destino das novas criações con-
interpretação. A partitura, seja ela contemporâ-
temporâneas musicais: estreia e esquecimento.
nea ou barroca, seja ela exaustivamente anotada
A utilização de suportes eletrónicos em algumas
ou de escrita simples, só se constitui enquanto
das obras, contrastando com outras em que a
obra musical no momento em que é executada
viola de arco se apresenta inteiramente a solo,
pelo intérprete.
permite uma reflexão acerca da distância entre
A composição eletrónica, todavia, veio alte-
partitura e público, entre obra de arte e sujeito
rar esta perspetiva: o compositor que utiliza
recetor. Na música não existe habitualmente o
suportes eletrónicos tem o privilégio de poder
atingir diretamente o seu público sem passar
O contraste entre este universo e uma obra para
pelo intérprete, e, mesmo quando a obra é para
viola solo é enorme: da subjugação total ao regis-
instrumentos e eletrónica, ainda que se mantenha
to eletrónico há uma enorme distância até à peça
algum espaço de subjetividade, a interpretação
solista. Nesta última, para além do respeito pela
está sempre obrigatoriamente subjugada à res-
partitura escrita, a liberdade de interpretação e
piração do registo eletrónico. Contudo, a música
respiração musical é total. Neste jogo de controlo
de suporte eletrónico, suprimindo alguma da aura
e liberdade o que se ganha e o que se perde?
de encanto e respiração humanista da interpretação, não representa uma prisão, mas sim uma emancipação da obra: trata-se no fundo de uma libertação das amarras impostas pelas limitações do instrumento, do executante, das condicionantes acústicas, da linguagem, da técnica e da tradição concertística.
Estrutura Financiada pelo Secretário de Estado da Cultura / Direção-Geral das Artes:
Sérgio Azevedo (b.1968) Sonata para viola solo, 1984 João Pedro Oliveira (b.1959) Rust para viola e eletrónica, 2014 José Carlos Sousa (b.1972) Violetas para viola e eletrónica, 2013 Jaime Reis (b.1983) Fluxus, Transitional Flow para viola e eletrónica, 2013 Eduardo Patriarca (b.1970) A propos d´un son (Grisey in Memoriam) para viola e eletrónica, 2014
Duração: 60 minutos. Idade recomendada: público em geral
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