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TST Rodrigo Hammer’s

The Sound Tribune

BLUE CHEER A FERRO, FOGO E PESO

A pré-história dos inventores do Heavy Metal meses antes de ‘Vincebus Eruptum’ e da formação de power trio Número 003 - 13/01/2019 - 19/01/2019


Do NADA a r pa

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a FAMA Texto – Cam Cobb Tradução/Adaptação – Rodrigo Hammer

ntes de detonar as paradas norte-americanas com Summertime Blues e ‘Vincebus Eruptum’ no início de 1968, o Blue Cheer era um valente sexteto de Blues sem direcionamento, uma queda para o lisérgico e com um ex-Hells Angels como empresário. Não seria até o surgi-

mento do Cream e de Hendrix, a desintegração de Haight-Ashbury e a eliminação da metade do line-up – incluindo o tecladista Vale Hamanaka – que os “pioneiros do Heavy Metal” decolariam. TST entrevistou Vale sobre aqueles tempos de idealismo.

Foto promocional da formação clássica: Peterson, Stephens e Whaley

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ale tocou teclados no Blue Cheer anteriormente à carreira literária que acabou seguindo. Isso mesmo, “teclados”. O power trio seminal do som pesado de San Francisco começou como um sexteto. Por uns oito meses assim se manteve, até a drástica mudança ocorrida nas primeiras semanas do Verão do Amor. “Meu Deus, como eu queria que houvesse gravações dos nossos primeiros shows”, lamenta Vale. “Eles deviam soar ao mesmo tempo primitivos e sofisticados, porque (o guitarrista-solo) Leigh Stevens passava horas tentando inventar as próprias escalas. E eu tentava imitar o que ele tocava, copiando as mesmas notas, mas no meu teclado – para tornar os shows mais interessantes. Stephens acabava soando mais alto que eu. Eu só fazia imitar o que ele tocava, tentando reproduzir o som de duas guitarras em uníssono. Mas acho que ninguém na banda percebia, eu sim.” Enquanto esteve no Blue Cheer, Vale era conhecido como Vale Hamanaka e ao contrário do restante da banda, não era da cidade de Davis, na Califórnia. Vale nasceu no Centro de Reposicionamento de Guerra Jerome, um campo militar de refugiados no Arkansas, em 1944. Os pais trabalhavam com Cinema, Televisão e Teatro Vaudeville. Após ser aprovado para ingresso na Universidade de Harvard, no

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início dos anos 1960, Vale decidiu partir para Berkeley. Com um tio beatnik que vivia no Bay Area, Berkeley e San Francisco pareciam lugares legais. E eram. Ao concluir o primeiro ano em Fevereiro de 1966, mudou-se para a Universidade Estadual de San Francisco, a fim de se graduar em Literatura Inglesa. Foi quando as coisas mudaram. “Tive a ideia de ir para Haight-Ashbury ainda em Berkeley e sorte suficiente de conseguir um quarto no número 624 da Rua Ashbury, bem no meio daquilo tudo. Mas isso foi antes do Blue Cheer. Provavelmente em ’65, início de ’66. Só por volta de Agosto (de ’66) que vi pela primeira vez um anúncio da banda. Precisavam de um baterista, mas na época eu só queria imitar Mark Naftalin, do Paul Butterfield Blues Band. Eu tinha exatamente a mesma coisa que ele, um órgão Farfisa. O Blue Cheer era só mais uma banda de Blues em formação. Acho que no anúncio estava escrito ‘Paul Butterfield, banda séria, precisa de baterista’. A verdade é que eles não queriam um tecladista, mas pedi que me contratassem. Digo ‘contratassem’, mesmo sem nunca ter ganhado um centavo da banda. Aí me juntei a eles.” Depois de uma pausa, Vale continua: “Mas aí surgiu o problema do que iríamos tocar. Quais faixas. Eu nunca havia pensado nisso.”

Um carrossel de formações

Nos idos de ‘Vincebus Eruptum’: ainda não reconhecidos como pioneiros do Metal

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omo qualquer grupo iniciante, o Blue Cheer precisava de um local para ensaiar a fim de encorpar o som, consolidar um repertório e então – se tudo desse certo, conseguir alguns shows na região do Bay Area, bairro tradicionalmente associado ao surgimento de bandas e artistas que mais tarde estouram no mundo do showbiz. Definir uma formação e uma equipe empresarial

era obrigatório. Porém, ao conseguirem o empresário, tornou-se um desafio encontrar a formação ideal. Durante os primeiros meses, o grupo se estabeleceu como sexteto, mas a titularidade dos integrantes era de constante instabilidade. Ao se recordar dos vários membros da banda, a melhor descrição de Vale acerca das diversas mudanças soa como um

carrossel: “Creio que o cara que sempre foi o líder era o louro, mais alto e que ainda andava de salto, Dickie Peterson. Sempre usou o cabelo nos ombros. -O irmão dele, Jerre, um dia veio para ser o guitarristabase. E também tinha um sujeito incrível, de uns 18 ou 19, chamado Leigh Stevens. Sempre dizia que tentava ser original, não copiar ninguém. (Continua na pag. 4)

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A clássica foto promocional que apresentou o trio ao mundo

Tinha uma Gibson e dois amplificadores e ficava procurando o som ideal. Isso foi muito antes daquelas pedaleiras que aumentavam o sustain – acho que o mundo inteiro era no fuzztone. Ele também era demais, porque desenhava uns cartoons bem engraçados. Era o que fazia enquanto não estava com a guitarra.” “Outro cara bem do começo, foi Jere Whiting. Cantava e tocava gaita. Jere também era alto e usava barba. Fiquei amigo dele, porque tinha me formado na UC Berkeley e ele em Harvard. O pai dele era um famoso especialista

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em Chaucer. O único problema de Jere era beber demais. Sempre andava com uma cerveja pra cima e pra baixo. O tipo de coisa que não é uma boa para ninguém.” Por certo tempo, Vale considerou a banda algo de natureza transitória: “Na época, nunca tivemos um baterista de verdade. Havia um roadie chamado Eric Albronda. Estava desde o início. A maioria dos caras era de amigos da UC Davis que tinham se mudado juntos pra lá (para o Bay Area) a fim de se juntarem ao movimento Hippie do começo. Eric foi nosso primeiro baterista, mas não podia tocar na

real.” Conseguir um baterista de verdade levou pelo menos mais quatro meses. Depois da breve passagem pela função, Eric Albronda acabou substituído por Ted White em Novembro de 1966. Obviamente, estar longe da bateria não significou o afastamento de Albronda do círculo de amizades do Blue Cheer. Ele chegou a trabalhar como roadie, ajudou a empresariar a banda e foi parar como produtor ou coprodutor de alguns álbuns do Blue Cheer, incluindo ‘The Original Human Being’ (1970) e ‘Oh! Pleasant Hope’ (1971). Ted White, por sua vez, se mandou no final de 1967 e o substituto durou somente dois meses. “White era altão, de cabelo louro no estilo Beatles. Tinha óculos finos, de arame, e parecia também com os caras do Lovin’ Spoonful. No começo, parecia legal, mas aí passou a ficar paranoico nos ensaios, achando que estavam fazendo gozação com o estilo dele de tocar. Loucura. Ele tinha mesmo que sair. E aí chegou uma figura das Filipinas, Al Merriweather. Era do bairro militar. Na época, não era um lugar chique como agora.” Após uma última alteração no início da Primavera de ’67, o Blue Cheer manteve estável a formação com Dickie e

Jerre Peterson (no baixo e guitarra-base), Leigh Stephens (guitarra-solo), Vale Hamanaka (teclados), Jere Whiting (vocais e gaita) e Paul Whaley (bateria). Esse line-up se manteria por volta de quatro meses, de Março a meados de Julho. Como tantas outras bandas da época, o Blue Cheer era muito mais que um grupo de músicos reunidos. O núcleo central incluía roadies e semiempresários que ajudavam a conseguir shows e, vez por outra,

‘VINCEBUS ERUPTUM’ - 1968

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algum contrato de gravação. Além de Eric Albronda, havia duas figuras-chave no círculo mais restrito do sexteto: um antigo integrante dos Hells Angels e um outro curtidor de música. “O empresário morreu recentemente”, lembra Vale. “Allen ‘Gut’ Terk. Era conhecido como Gut, um dos primeiros caras que vi usando tatuagem. Era baixo e franzino, parecido com Jesus. A primeira vez que me encontrei com ele,


levantou a camisa e mostrou em cima da barriga, em letras miúdas, ‘Gut. G-U-T’. Era tipo em formato de pirâmide ou algo parecido. E ele tinha uma namorada, uma ruiva de cabelo liso. Moravam juntos na casa do Blue Cheer, que ficava na Fillmore 115 (Albronda diz Fillmore 122).” Gut chega a ser mencionado diversas vezes no livro Hells Angels: A Strange And Terrible Saga (1966), assim como em Electric Cool-Aid Acid Test (1968), de Tom Wolfe.

Quando começamos, Dickie (Peterson) sugeriu que tocássemos Parchment Farm, de Mose Allison. Todo mundo também conhecia aquela faixa de BB King, Rock Me Baby. Então essa foi provavelmente a segunda música escolhida. Aí inventei algo tipo Paul Butterfield sem letras. Eu não era letrista. Outra antiga, foi Doctor, Please. Na época, não me toquei que era sobre heroína.” Com o setlist aumentando, a banda estava pronta para pisar nos palcos.

No tocante à casa do Blue Cheer, Vale acrescenta: “Acho que Dickie e Leigh moravam por lá. Eric também, e tínhamos outro empresário junto, Jerry Russell. Ele devia ser o cara do dinheiro, mas nunca me liguei muito nisso não.” O irmão mais novo de Russell, Ethan, partiu para trabalhar com Fotografia, clicando as capas de ‘Let It Be’, dos Beatles, ‘Get Yer Ya-Ya’s Out! The Rolling Stones In Concert’ e ‘Who’s Next’, do The Who.

Chegava 1967. A primeira vez que o nome Blue Cheer apareceu num jornal de San Francisco – The Examiner – foi a 22 de Janeiro daquele ano. Uma nota que mencionava um show para Fevereiro. Afixado nos muros na mesma semana, o primeiro cartaz da banda anunciando outra apresentação para o California Hall, marcado para o dia 03 de Fevereiro. Daquele show, recorda-se Vale: “Acho que os Hells Angels organizaram o nosso primeiro concerto, porque

Decepcionante em sua precariedade técnica, ‘Vinceus Eruptum’ remete a um ensaio de garagem, onde atores primordiais de gravação como tratamento cústico, posicionamento dos microfones e mixagem ão relegados a segundo plano e o que importa é ocar no máximo volume. Some-se a isso a excessiva uantidade de covers desfiadas na base do improviso da abertura Summertime Blues, ao standard Parchment Farm). O que conta é a peça histórica em si, ara muitos, marco zero do Heavy Metal.

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MOMENTOS DISTINTOS

Em 1968, com Paul Whaley, Randy Holden e Dickie Peterson

Em 1970, motivado para ganhar o mundo como quarteto

Em 1972: Norman Mayell, Ralph B. Kellog, Dickie Peterson e Gary Yoder

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Na guitarra distorcida de Leigh Stephens, a semente de um gênero musical

Gut era um deles. Foi num lugar com a pior acústica do mundo, chamado California Hall (localizado no cruzamento da Polk Street com a Turk). Não dava para ouvir nada, muito eco. Terrível. Mas ali o Blue Cheer de fato estreou.” Ao todo, a banda tocou seis shows no mês, mas, na verdade, aquela apresentação do dia 03 pode não ter sido a primeira. Com Russell administrando a banda, Gut tentava puxar o tapete dos shows. Daqueles meses iniciais, lembra-se Vale: “Tínhamos conseguido nossos primeiros shows com Gut. Um deles, abrindo para o The Doors.

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Não há poster disso. Alguma banda tinha caído fora no último minuto e fomos os substitutos. Abrimos para o Doors, mas nunca encontramos a banda ou algo parecido. Eram muito isolados no camarim deles. Também sei que tocamos um show bem no começo, na traseira de um caminhão-reboque em Marin County, mas foi antes. Abrimos para outra banda no Canadá, chamada Sparrow; mais tarde seriam famosos como Steppenwolf. Lembro que nem queriam saber da gente. Cheguei a ouvir um comentário dos bastidores sobre John Kay, o vocal. Foi tipo ‘Ah, ele não fala

O líder Dickie Peterson: vocal agudo rascante e baixo tonelar

com qualquer um. Fica no camarim o tempo todo. À medida em que o Blue Cheer foi conquistando mais espaço, os integrantes da banda ainda puderam assistir a alguns poucos shows na região do Bay Area. “Gut sempre conseguia ingressos se alguém queria ir ao The Fillmore Auditorium”, recorda-se Vale. “Por algum motivo, se você estivesse numa banda, podia entrar de graça no The Avalon Ballroom. Eu nunca tinha dinheiro, e também nunca fui pago na época.” Ainda longe das gravadoras, Vale lembra do Blue Cheer sendo cortejado pela Fantasy Records – embora por pouco tempo

– naqueles dias do começo. “Fomos lá e gravamos um álbum inteiro para eles comigo e a banda, mas nunca saiu. Sempre me pergunto o que teria acontecido com aquelas fitas. Acho que a Fantasy nos considerou tão ruins, que gravou por cima do material e pronto.” Por volta do início do Verão de 1967, o Blue Cheer já estava tocando como banda profissional por uns oito meses. Na época, dois novos grupos começavam a plantar ideias nas mentes de Dickie Peterson, Leigh Stevens e Paul Whaley: o Cream e o The Jimi Hendrix Experience.

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hando popularidade crese, ambas estavam no auge. m poderosas e ofereciam entre Blues, Jazz e Rock, a assim, extremamente pes. m Vale, Whiting e Jerre Peon fora, o Blue Cheer estava uzido a um trio. Dado o rtório da banda, bem como performances, foi muito vavelmente o power trio s pesado da época. Pela meira vez, Peterson, hens e Whaley pensaram excursionar fora do Bay a. Mas naquele momento, maneceram em casa. ante a segunda metade de o, o grupo tocou por San cisco, incluindo o Straight ater, o Avalon e o Fillmore. o se converteriam numa da em tournée, e nos próxi-

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mos meses passaram a percorrer a costa californiana ponta a ponta, chegando a Santa Rosa, Santa Barbara, Palo Alto, LA, Sacramento, West Hollywood e Santa Monica. Durante o período, também se aventuraram para estados mais ao Norte (Oregon) e ao Leste (Nevada e Colorado). Quando o Outono chegou, rapidamente o Blue Cheer gravou um set de demos capturando a primeira vez do trio num estúdio. Um punhado de performances altamente ferozes, que acabaram por chamar a atenção do DJ da KSAN, Abe “Voco” Kesh. Naquele ínterim, Kesh já se tornara mais que um DJ. No final de Junho e início de Julho, ele assistiu às gravações dos shows de retorno de Chuck Berry – um total de seis noites

com Steve Miller – no Fillmore. ‘Live At The Fillmore Auditorium’ foi lançado em Setembro, tornando Kesh um misto de Disc Jockey e produtor fonográfico. Logo ele acrescentaria “caçador de talentos” à sua lista de habilidades. Com a fita demo do Blue Cheer nas mãos, começou a veicular o som do power trio no seu programa de rádio. Foi como dinamite. Por meio da conexão de Kesh com um representante de gravadora da Costa Oeste, o Blue Cheer finalmente assinou com a Philips Records. Em apenas três dias, de acordo com Dickie Peterson, gravou o LP de estreia no Amigo Studios, em North Hollywood, local que traduz a total indigência dos trabalhos, já que bem aquém dos estúdios onde medalhões do

Psicodelismo norte-americano, como o The Doors, registravam seus primeiros álbuns. Com ‘Vincebus Eruptum’ programado para chegar às lojas no Ano Novo, a banda tomou o conselho de Kesh, concordando em colocar Summertime Blues como primeiro single. De olho no futuro, os três integrantes encabeçaram o aguardado show de véspera de Ano Novo no Avalon Ballroom. E com o disco planejado para estar nas lojas no dia 01 de Fevereiro, a revista Billboard anunciava: “A Philips Records acaba de receber o maior pedido de cópias adiantadas de um LP para uma banda nova, chegando à marca de 30 mil unidades.” O Blue Cheer estava pronto para explodir a mentalidade careta dos Estados Unidos...

VALE, A DEMISSÃO ESPERADA E O FALSO “VERÃO DO AMOR”

ara Vale, e de fato metade da formação do antigo Blue Cheer, a ideia de trio foi o começo do fim. “Eu podia sentir o clima no início daquele ano. Não bíamos que era possível fazer aquele tipo de som enrpado com apenas três integrantes. Ninguém na oca podia entender. Ninguém pensava que fosse fisimente possível. O Cream abalou todo mundo, e vi ue seria demitido. Também, graças à apresentação de mi Hendrix no Fillmore. Alguns dos outros caras da

Vale Hamanaka na esquina das ruas Haight om Ashbury, onde o movimento Hippie floresceu

banda tinham ido a Monterrey de graça, para vê-lo por lá. Deve ter sido acachapante. Mas logo depois, ele tocou alguns shows no Fillmore (de 20 a 24 de Junho). Fui aos dois de graça, a banda também. E o mesmo pensamento me ocorreu de novo. Não acho termos tocado tantos shows assim até eles me despedirem e se tornarem um power trio. Só lembro que foi no dia 15 de Julho, embora quando vi recentemente no calendário, parece ter sido em 17 que me deram a notícia.” Naquele mês, Vale mudou-se de Haight. Para muitos que moravam em San Francisco e viveram o período, ’66 marca o VERDADEIRO Verão do Amor. 1966 foi uma época de possibilidades, já que nos anos anteriores a cidade tinha se tornado um destino multirracial e ponto de comércio. “Para a minha geração”, explica Vale, “o Verão do Amor foi um engodo. O verdadeiro Verão do Amor foi em ’66, não em ’67. Em Junho de ’67, literalmente, um cem mil filhinhos de papai brancos pegaram carona até Haight-Ashbury achando que iam viver lá de graça. E aquilo se tornou uma tremenda imitação do verdadeiro.”

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