TST Rodrigo Hammer’s
The Sound Tribune
O MAIS CULT DOS GRUPOS DE ROCK E A TRÁGICA HISTÓRIA QUE ENCERROU SUA CARREIRA Número 018 - 28/04/2019 - 04/05/2019
ESTREL
CADE
É
A foto clássica no Ardent Studios: Andy Hummel, Chris Bell, Alex Chilton e Jody Stephens
Eles poderiam ter sido superstars do Rock, mas drogas, brigas internas e uma tragédia particular, fizeram com que o BIG STAR apenas se acomodasse à situação de “maior banda cult de todos os tempos”. Texto: Rob Jovanovic - Tradução e adaptação: Rodrigo Hammer
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Ou com aca dios dura o lendário Big Star. S de vidro xagem e testemun Esta não Poucos d mixagem rada do l gim, atira uma nam fazendo fasse sobr prietário completa Dessa vez uma conv tor Jim D dá para t agem”, d isso.” Chilton p angústia, rante as drogas, b com o pr isso. O sujeito antigos p undergro anos, tinh Tops, cuj internacio com os B hospedar encontrar havia en casado co pais em p se divorc Abandon
LA
ENTE
utono de 1974, e Alex Chilton, m apenas 23 anos de idade, aba de detonar o Ardent Stuante as gravações iniciais para o e sofrido terceiro álbum do Socara uma porta com painel . A toalha e a mesa de mincharcadas de sangue, são nhos da frustração reinante. o é a primeira turbulência. dias antes, a mesma mesa de tinha sido arrebentada e retiocal graças a uma garrafa de ada na cabeça de Chilton por morada; ela errara o alvo, com que o objeto se espatire o console. John Fry, o prodo estúdio, pediu revisão do equipamento. z, entretanto, Fry preferira ter versa tranquila com o produickinson: “Simplesmente não ter sangue na mesa de mixdisse. “Fale com Alex sobre
passava por um período de e seu comportamento dugravações –uso abusivo de brigas com amigos, disputa odutor- provava exatamente
de olhos azuis retratado nos posters, se entocava fundo no ound de Memphis. Aos 16 ha sido vocalista do The Box a The Letter fôra o maior hit onal de 1967. Excursionara Beach Boys e o The Doors, se ra na casa de Dennis Wilson e ra Charles Manson. Em tour, ngravidado uma menina, se om ela na sala de estar dos pleno aniversário de 18 anos e ciado no período de um ano. nara o grupo no meio da tour,
Alex Chilton
mudando-se para New York com o objetivo de se tornar cantor Folk antes de completar 19. Então formara o Big Star, a mais brilhante, influenciadora e conturbada banda cult de todas. Bem que ela poderia ter sido vitoriosa. Infelizmente, após anos de acidentes e farra, pelo menos um integrante sairia morto, enquanto outro tornar-se-ia um dos mitos mais controversos do Rock. Nossa história começa em Memphis, o nascedouro do Rock ´n´ Roll. Quando o Big Star surge no começo dos anos 1970, despertando pouco interesse local. Numa cena mais ampla, o Power Pop “beatlenesco” do período, começava a se enfraquecer perante o Glam e o Prog. Levaria décadas até que conseguissem ser apreciados. Os quatro integrantes tinham a mesma idade do Rock ´n´ Roll. Chris Bell (nascido a 12 de Janeiro de 1951) vinha de uma família endinheirada, possuidora de uma mansão em East Memphis. Andy Hummel (duas semanas mais velho que Bell e nascido na Pennsylvania) era por sua vez, filho de um ginecologista respeitado e da Miss America 1947 –uma celebridade local, dona do seu próprio programa de televisão. Jody Stephens (4 de Outubro de 1952), era o mais jovem. Apesar da condição de Elvis como herói local, a aparição dos Beatles no Ed Sullivan Show, em Fevereiro de 1964, realmente chamara a atenção de todos. Como milhões de americanos, eles decidiram formar uma banda. Logo, Bell estaria tomando lições de guitarra, Hummel escolheria o baixo, Stephens assumia a bateria e um garoto chamado Alex Chilton descobria que tinha voz de cantor num show de talentos do Segundo Grau.
William Alexander Chilton (28 de Dezembro de 1950) crescera num lar liberal onde o pai, um ex-músico, dirigia uma companhia de iluminação teatral, enquanto a mãe administrava uma galeria de arte. Seus primeiros anos foram marcados pela tragédia, quando o irmão mais velho teve um ataque e morreu durante o banho. Caçula de quatro irmãos, era um poço de contradições, meio boêmio, meio libertino. Hummel e Bell haviam se encontrado na Memphis University School. Ambos já tinham tocado em várias bandas, quando o primeiro começou a frequentar a casa de Bell para praticar. O lugar tornara-se um ponto de encontro de artistas de todos os tipos: o baterista Steve Rhea e o multi-instrumentista Terry Manning apareciam por lá, assim como a fotógrafa Carole Ruleman (que mais tarde se casaria com Manning), ao passo que o vocal Tom Eubanks e outros também entravam e saíam. Através de Manning, o grupo informal acabou sendo apresentado a John Fry no Ardent Studios. Bell, Manning e Eubanks logo gravariam um álbum sob o nome de Rock City. Stephens, na época, participava da primeira montagem universitária off-Broadway de Hair, o que o levaria a uma apresentação no Atlanta Pop Festival de 1970 junto a Jimi Hendrix. Foi quando encontrou Hummel, unindo-se aos outros jovens músicos no Ardent.
Ao mesmo tempo, Chilton juntara-se à banda local The DeVilles. Trocaram o nome para The Box Tops, gravando The Letter, antes de partirem para a produção de mais quatro discos em quatro anos. A despeito dos indícios de uma banda feliz e bem-sucedida, Chilton sentia-se encurralado pela equipe de produção de Dan Penn e Spooner Oldham. Queria urgentemente gravar seu próprio material. É quando deixa a banda e parte para New York. Em 1970, foi visitado por Chris Bell, que já conhecia de Memphis, durante uma viagem para divulgar a demo-tape de um grupo chamado Ice Water –formado por Bell, Rhea, Hummel e Stephens. A ida é um fracasso. No começo de 1971, Chilton está de volta a Memphis. Liga para o Ardent tarde da noite para falar da afinidade com Bell. Tem consigo algumas músicas em violão da temporada vivida na Big Apple e avisa aos outros que vai cantar uma delas chamada Watch The Sunrise. Senta-se com seu violão Martin de 12 cordas e toca, enquanto Bell grava tudo e acrescenta uma introdução acústica entre alguns backing vocals. A primeira faixa para o ainda não-batizado grupo, já estava, então, completa. “Apenas Alex e Chris nas guitarras – super bonito”, é como Andy Hummel lembra-se daquela primeira gravação. “Havia algum tipo de química.” Era uma química volátil, motivo pelo qual a parceria Chilton-Bell
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seria produtiva, porém curta. Ambos tinham fortes pontos-devista, com o approach de Chilton centrado no imediatismo dos takes, contrastando com o perfeccionismo de estúdio de Bell. Na ocasião, os dois compositores se punham a trabalhar. Bell atravessava os dias concentrado no overdub das guitarras, bem como no arranjo das harmonias. A equipe do Ardent era fã dos Beatles e venerava George Martin. Guitarras “byrdianas” e as vocalizações dos Beach Boys também eram privilegiadas. As faixas expressavam pura frustração adolescente, dilemas românticos entre garoto e garota: liricamente, perambulações (In The Street), brigas (Don´t Lie To Me), pais (Thirteen) e o conflito do Vietnam (The Ballad Of El Goodo) agigantavam-se no repertório. Permeando a música, não importa quão rude ou melódico, havia um sentimento de medo. Ao passo em que as gravações continuavam durante 1971, o quarteto adotou o nome de uma quitanda do outro lado da rua – Big Star- dando ao disco de estréia um título igualmente auto-revelador: ‘#1 Record’. O desenho de capa é de Carole Manning; o artista local Ron Pekar providenciara a estrela de néon. Estava tudo em cima. O Ardent, entretanto, era usado para trabalhar os artistas negros da Stax, e não tinha nenhuma idéia de como vender um LP de guitarras branco. Steve Rhea junta-se então ao mago da pu-
Andy Hummel
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blicidade John King, para conseguir que o álbum seja resenhado em todos os veículos, da Billboard à Rolling Stone, mas a distribuição termina deixandoos a ver navios – ninguém conseguia achar o LP nas lojas. É justamente quando a Stax muda de distribuidor e por um momento todas as cópias são recolhidas. O grupo fica arrasado. Quando 1972 chega ao fim, sem qualquer sinal de boa vendagem, o Big Star começa a trabalhar no próximo projeto, mas as tensões passam a aparecer. Bell comporta-se cada vez mais instável, chegando aos socos com Hummel e Manning. Quebra uma janela e em certa ocasião ataca o carro de John Fry. As coisas extrapolam, até ele deixar a banda. Junto a Chilton, concorda em assumir as faixas já preparadas para o próximo álbum, mas se encontra num estado emocional tão deplorável, que é internado num hospital. “O pavimento psiquiátrico do Baptist Hospital era como uma prisão”, recorda-se Fry. “Assustador até para se visitar. Então, Chris foi removido para o MidSouth Hospital, uma clínica psicológica de reabilitação com uma atmosfera mais residencial.” Bell finalmente é deixado aos cuidados da família no início de 1973, mas o Big Star está terminado. Chilton começa a ensaiar e compor com outros músicos. Apenas um estratagema inteligente de John King para manter os três remanescentes juntos.
A FASE TRIO
A Rock Writers Convention (Convenção de Autores de Rock) abriu seus trabalhos a 24 de Maio de 1973. King convidara jornalistas de todo o mundo até Memphis, com a proposta de fundar um sindicato. Mas estava mais interessado em conseguir formar uma plateia fiel para o lançamento de uma banda local, com o Big Star abrindo como trio. A estratégia dá certo: a performance do grupo adquire status de quase lenda. O famoso “gonzo” (N. do T. repórter que pratica um tipo de jornalismo ambientado no próprio ambiente da matéria) Richard Meltzer faz a apresentação: “Bem, vomitem na xoxota da mamãe! Eis o Big Star!” Da abertura Feel, ao encore-libelo The Letter, a recepção é extasiante. Entusiasmados, eles se reúnem para um segundo álbum. Como resultado, ‘Radio City’, inclui três faixas que Chilton gravara no começo do ano com o baterista Richard Rosebrough e o baixista Danny Jones. O novo material com Hummel e Stephens (que passa a assumir papel de compositor e arranjador mais ativo) tem um sentimento cru, de gravação “ao vivo”. O disco oscila bruscamente de baladas ternas (I´m In Love With A Girl) a rocks de alta voltagem (You Get What You Deserve). E também conta com September Gurls, a faixa mais famosa da banda. O lançamento é marcado para Janeiro de 1974. Carole Manning surge com outro desenho impactante, dessa vez usando uma fotografia de William Eggleston intitulada The Red Ceiling. A foto da contracapa traz Chilton, Hummel e Stephens agrupados de porre e cercados por garrafas; foi tirada durante uma noite, numa espelunca próxima ao Ardent, uma birosca favorita do grupo. Hummel lembra a noite em que a imagem foi capturada: “Frequentávamos as sextas do TGI em Overton Square, nas noites em que tocavam Rock ´n´ Roll. Era um ambiente super barrapesada. Bebiámos demais,
passávamos a noite e curtíamos todo tipo de droga.” Onde ‘Radio City’ chegava, vendia bem, mas a distribuição ainda era um problema. Hummel já não aguentava. Estava no último ano da universidade e decidira cortar os laços. “Podia ou terminar a universidade e levar uma vida mais ou menos normal”, diz hoje, “ou pular fora e seguir em tour. Estava cansado de ser duro”. Depois da universidade, assumiu um emprego na General Dynamics, em Fort Worth, indo morar no Texas desde então. John Lightman, um graduado em Psicologia e Filosofia, é então trazido para tomar conta do baixo na tour que se aproxima. Chilton entrega-lhe cópias dos dois discos e diz que vão começar a ensaiar imediatamente. Depois de shows em Memphis, partem para NYC no Inverno de 1974. Chilton naufraga num monte de drogas e bebidas, encarando Manhattan como o lugar ideal para exibir suas credenciais de Rock Star. Ciumento com a atenção que um dos roadies da banda ganhara da polícia ao ter o rádio roubado de um quarto de hotel, ele improvisa uma corda com as cortinas rasgadas descendo-a por seu quarto e o de Lightman, tentando passar uma TV através janela. Por estar amarrado a uma mesa, ele quase contrai uma hérnia do esforço. Bebe uma garrafa de whisky e fica de cama como consequência. Percorre a trajetória do pinup de olhos azuis à do herói cult que literalmente não podia ser preso. A tour se desenrola por Massachussets e o Canadá, até Ohio e Michigan, mas frequentemente a banda chega ao local para ser avisada de que o show foi cancelado e de que as datas marcadas para adiante receberão pouco público. Chilton lida com tudo isso bebendo (certa vez Lightman precisa resgatá-lo de uma banheira aquecida após desmaiar). Quando a tour se encerra, Lightman sai e, já no Verão, Chilton se entrega à composição do próximo LP.
Sur dut Mi com pia Rol pró iníc Já a est de gra nam gun par vár das gad sem o g Est div Top Ma me tor do bri terv que
rge Jim Dickinson como protor, um homem com toque de das. Tinha se apresentado m Aretha Franklin, tocado ano em ‘Sticky Fingers’, dos lling Stones e lançado seu óprio álbum, ‘Dixie Fried’, no cio dos anos ‘70. a vida particular de Chilton, ava em pleno caos no Outono 1974, o que se refletiu nas avações. Lisa Aldridge, sua morada, concluinte de Sendo Grau, ajuda a compor rte do material, cantando em rias faixas, apesar de muitas s suas partes terem sido apadas mais tarde. Aldridge dempenha a musa perfeita para gênio torturado de Chilton. tá com ele quando os últimos videndos bancários dos Box ps são retirados do banco. as o conturbado relacionaento dos dois também pode se nar violento. Um funcionário Ardent chega a encontrá-los gando pelo chão; ao tentar invir, Aldridge grita de volta e os deixem em paz.
Andy Hummell, Jody Stephens e Alex Chilton: tensão e baixo astral
As gravações se arrastam, com Chilton engolindo tudo em que põe a mão: Valium, Mandrax, Secanol, Demerol. De acordo com a testemunha Richard Rosebrough, Chilton “tornara-se uma catástrofe”. Mais tarde, Stephens o descreveria como um homem possesso, mostrando os dentes e babando. “Foi divertido por certo tempo,” lembra-se o baterista. “Aí, passou a ser cruel.” Enquanto Chilton namorava Aldridge, Stephen encontrava-se com Holliday, irmã dela. Chegaram a pensar em intitular o disco de ‘Sister Lovers’, e até mesmo em trocar o nome da banda para aquela denominação. De fato, o álbum nunca chegou a ser batizado ou mesmo ter a seleção de faixas elaborada. Dickinson enfrentava uma verdadeira batalha, tentando manter Chilton na linha. Não havia disciplina durante as gravações, e quando John Fry finalmente decide dar um tempo nos trabalhos, ninguém sabe mais qual música entrará no disco. “Dick-
inson mantinha as coisas em foco”, recorda-se Stephens. “Foi ele que conseguiu amarrar o álbum. Certas vezes Alex fazia coisas totalmente malucas. Jim podia ver o que tinha de proveitoso nelas. Eu gostava das faixas, mas também não podia entender o que Alex estava fazendo.” “Tem gente que diz que o LP foi desorganizado ou improvisado, mas isso é pura besteira”, comenta Dickinson. “Alex tinha demos preparados para cada faixa. John (Fry) me disse também que Alex tinha uma chave do estúdio, e que ia lá durante o meio da noite para bagunçar com as fitas. Claro que era uma coisa intensa e psicodinâmica”, acrescenta. “Alex já tinha dado o tom das gravações logo na noite da primeira sessão, ao injetar Demerol na garganta com uma seringa.” “Eu tinha um estilo de vida tipo drinkin ´n´ drugs”, admitiria Chilton. “Acordava às quatro da tarde. Fumava alguns baseados;
bebia. Ia a nightclubs; via algumas bandas. Farra o tempo todo. Aí ia pro Ardent tarde da noite depois de ter enchido a cara e jogava gim sobre a mesa de mixagem. Parecia uma ideia revolucionária na época. Só estava tentando compor algo que parecia importante. Sentia que tinha descoberto a minha musa... Finalmente comecei a trabalhar mais confiante. Rolava um monte de Mandrax; não dava para conseguir heroína em Memphis. Só comprimidos, em geral. E quantidades incríveis de álcool. Se você toma drogas ruins o suficiente e também bebe, vai se ver compondo um tipo de música muito estranha.” Chilton desafia os métodos de Dickinson enquanto trabalha numa faixa chamada Like St. Joan (mais tarde intitulada Like A Kangaroo, depois Kanga Roo e finalmente Kangaroo). Com Aldridge, chega tarde uma noite e grava um take vocal junto ao violão de 12 cordas no mesmo canal, para que não haja possibi-
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Hummel, Stephens, Bell e Chilt do estúdio levaram à dissolução
lidade de separação depois. Na manhã seguinte, deu a fita a Dickinson: “Se você quer ser produtor, então faça alguma coisa com isso.” Dickinson acrescentou Mellotron e feedback de guitarra. “Ao chegar na parte do feedback, Alex pareceu deixar o orgulho de lado e começou a participar”, conta Dickinson. “Ele me disse depois, que foi a primeira vez em que confiou em mim. Sentiu que era algo que levava a carreira dele 10 anos adiante no futuro.” Holocaust é uma das faixas que dão ao LP a reputação de niilista. O piano e a melodia lembram Mrs. Lennon, de Yoko Ono, embora mais sombria e desolada. A letra é impiedosa, a música acidentada e intensa. “É um arranjo contundente; música selvagem”, define Chilton. “Um bom pedaço de som demoníaco.” Fry e Dickinson voam até New York e à Califórnia com as fitas, encontrando o maior número possível de contatos. “Entrávamos e tocávamos as fitas, enquanto aqueles caras nos olhavam como se fôssemos
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loucos,” lembra-se Fry. Esforçavam-se para compreender (os tapes de Sister Lovers). Metade porque achavam que estávamos malucos, metade por esperarem que aquilo não fosse dar certo e que estavam prestes a perder!” Foi preciso que o Punk surgisse, para que uns dois selos pequenos decidissem darlhes uma chance. Em 1978, uma das mais perturbadoras seleções de faixas finalmente chegava às lojas como Big Star 3rd. Mas pelo menos no que competia ao grupo, era o fim da linha.
Apenas Chilton manteve carreira na música com algum sucesso. Passou o resto dos 1970 chegando ao limite da tolerância. De volta a New York, foi recebido pelo comunidade Punk, ajudando a formar o The Klitz, um grupo de Memphis só de garotas liderado por Lesa Aldridge, e depois outra banda de vida limitada com Aldridge e Karen Hampton chamado Gangrene And The Scurvy Girls. Também se uniu a Tav Falco, tocando no Panther Burns.
Durante certa viagem para Austin com Falco, o carro dos dois foi interceptado pela polícia, sob acusação de velocidade. Chilton jogara uma caixa de maconha pela janela, que por milagre, passou despercebida. Em Austin, concordou em dar uma palestra de manhã cedo numa universidade. Apesar de não ir dormir até às seis naquela manhã, chegara a tempo de levar os alunos por um módulo inteiro do curso de Estudos Americanos. Como já dito, um poço de contradições. Então grava seu solo mais coerente, ‘Like Flies On Sherbert’, em 1979, novamente com Dickinson nos controles. Um jornalista descreve o disco da seguinte forma: “uma gravação da Sun produzida por Brian Eno”. Chilton prossegue trabalhando com os rebeldes psychobilly The Cramps, que realçam ainda mais sua reputação de bad boy, brindando a Imprensa na base de rumores sobre perseguições por todo o estado de pais furiosos pelas filhas adolescentes que teria deflorado. Uma faixa inédita oferece um insight sobre
o es Thro amo tada ele a Aus Mer ing l bast the rigin Benz um tat/ vert “O com genh Para conf cum gere zona atin Spen
ton: turbulências dentro e fora precoce da clássica formação
stado mental de Chilton: é Riding ough The Reich. Trata-se de uma ostra acachapante de ironia nazista cana sobre os acordes de Jingle Bells, que apresenta ao vivo na emissora KUT de tin: “Riding through the Reich/In a big cedes Benz/Killing lots of Kikes/Maklots of friends/Rat a tat tat tat/Mow the tards down/Oh, what fun it is to have Nazis back in town.” (N. do T. “Dindo pelo Reich/Num grande Mercedes z/Matando montes de judas/Fazendo monte de amigos/Rat a tat tat Detone os desgraçados/Oh, como é diido ter os nazistas de volta à cidade.”) teclado (do telefone) está piscando mo uma árvore de Natal!”, berra o enheiro de som para o promoter do show. a Chilton, cuja intenção é só provocar e fundir, é uma questão de missão mprida, mas o lamentável episódio sue que ele rumava rapidamente para a a de pesadelo que terminou também gindo vítimas depressivsa como Skip nce e Roky Erickson.
1951-1979 A HISTÓRIA DE CHRIS BELL
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hris Bell era um perfeccionista, e o fracasso de ‘#1 Record’ atingiu-lhe em cheio. Gastara tantas horas nos overdubs e regravações das suas passagens, que aquilo, bem como muito do trabalho posterior realizado, tornou-se uma obsessão particular. Não podia se conformar com o fato de que um grande disco não tivesse chegado automaticamente ao estrelato e recorde de vendagem. Por todo o Outono de 1972, a relação com a banda estava tensa. Bell encontrava-se num péssimo estado – consumindo drogas, sofrendo alucinações. A certo ponto, chegou a pedir emprestada a arma de Andy Hummel. Hummel concordou, o que numa visão mais lúcida, considera ter sido uma tolice. Também destruiria uma caixa de fitas master e quebraria uma garrafa no Mercedes de John Fry, chegando às turras com Terry Manning, diretor do Ardent. Durante um ensaio na casa dos pais de Chilton, Bell terminou finalmente atingindo o limite com Hummel. “Andy se mantinha controlado”, lembra-se Jody Stephens. “Chris orientava sobre uma determinada passagem do baixo, super de má-vontade”, quando Andy falou ‘Vamos tentar outro dia, vou pra casa’. Aí Andy ia saindo pela porta, quando Chris disse algo realmente ofensivo, e Andy partiu pra cima dele, que estava de óculos, dando-lhe um soco. Eu podia notar a expressão de contentamento na cara de Chris. Os óculos espatifados sobre o nariz dele; estava perplexo por Andy ter realmente lhe batido.” “Ele era extremamente entusiasmado com a banda”, acrescenta Hummel. “Mesmo assim, a habilidade como líder não era das melhores”. Acho que por isso, partia para a agressão quando sentia que os outros não cor-
respondiam às expectativas. Certa vez ele fez uns comentários pesados sobre a minha participação, que podiam ou não ter coerência. Infelizmente, acabou sujando de sangue o tapete da Sra. Chilton, o que me arrependo.” Depois de Hummel explodir, Bell foi até o baixo Gibson Thunderbird vintage de Hummel recentemente adquirido, e partiu o instrumento contra a parede. As coisas, entretanto, não se encerraram por ali, já que Hummel mais tarde pegaria o violão de Bell, estocandoo diversas vezes com uma chave de fenda. Clinicamente deprimido e cheio de rancor, Bell deixou a banda. O abuso de drogas teria sido um dos motivos pelos quais seria hospitalizado, segundo confirmação dos amigos. O homossexualismo também era um segredo bem guardado. No Sul dos Estados Unidos, início dos 1970, não se admitia ser gay. Bell passou novamente a beber, tornando-se depressivo no Natal, mas sóbrio o bastante para conseguir dirigir até o Ardent. Deixou o carro no estúdio e seguiu até o apartamento de um amigo. Os dois então dirigiram até a casa de Hoehn para ensaiar. Tarde da noite, Bell saiu para casa. No caminho, o carro bateu numa cabine telefônica. Ele morreu na hora. Boletins da polícia mostram que puxara o freio-de-mão, atravessando a estrada em direção a um poste. Foi um acidente trágico, não uma tentativa de suicídio. Poucos minutos depois, Jody Stephens dirigia pelo mesmo trecho. Quando notou que o caminho estava bloqueado, pegou um desvio. Não tinha ideia do que quase testemunhara. Chris Bell, como Jim Morrison, Janis Joplin, Brian Jones e Hendrix, tinha 27 anos quando morreu naquele conturbado 1979.
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P - Rodrigo Hammer Curta e compartilhe