Planejamento estratégico para leigos

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Planejamento estratĂŠgico para leigos Por TaĂ­s Oliveira


ÍNDICE_ Planejamento estratégico para leigos 01 - Motivações da série ______________________________ 3 02 - Conceito e níveis do planejamento__________________ 4 03 - Conhecendo o cliente e seus públicos________________ 6 04 - Conhecendo a comunicação_______________________ 7 05 - Conhecendo o macroambiente e os concorrentes______ 8 06 - Análise SWOT, pesquisa e diagnóstico________________ 10 07 - Elaborando o plano, o projeto, o programa, o investimento e a avaliação________________________ 12 08 - Ferramentas, aprendizado e inspiração_______________ 14 Bibliografia utilizada na série_________________________ 18 Materiais complementares____________________________ 18

Planejamento estratégico para leigos_ _01 - Motivações da série Essa cartilha traz em um único documento todos os textos da série Planejamento Estratégico para Leigos compartilhados inicialmente no blog Versátil RP. Depois de muito pensar, rever temas que já escrevi no blog e alinhar com os meus objetivos profissionais optei por escrever sobre planejamento estratégico em relações públicas. É uma área que quero muito me aprofundar e será uma ótima oportunidade de estudar, escrever e praticar ao mesmo tempo. Mas sei que essa temática é para lá de batida entre os profissionais relações-públicas e comunicação de forma geral, então direcionei o foco em um público que vem crescendo a cada e que, por vezes, não tem acesso aos processos de planejamento de comunicação, que são os empreendedores, artistas, cooperativas e outras organizações que precisam do trabalho das relações públicas, porém não a conhecem como gostariam. A ideia é trazer um pouco de conceito, ferramentas, questionamentos e exemplos de cada aspecto do processo. Traduzir o nosso dialeto para aqueles que tem curiosidade, mas não pertencem à categoria. Além de trazer exemplos genuinamente das relações públicas. Bom, para saber, grande parte do conteúdo será baseado na bíblia sagrada das relações públicas – Planejamento de relações públicas na comunicação integrada – da Professora Margarida Maria Krohling Kunsch, além de outras obras que sinalizarei a cada texto.

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_02 - Conceito e níveis do planejamento

Definido o planejamento é importante ressaltar o termo “estratégico” que o acompanha. Para facilitar o entendimento do processo gosto de utilizar a estrutura dos níveis de planejamento também citado no livro da Professora Kunsch composta por: estratégico, tático e operacional.

Para começo de conversa é preciso definir o termo planejamento estratégico. O planejamento em si pode e deve ser aplicado em todas as áreas de trabalho. Por exemplo planejamento social, planejamento urbano, planejamento financeiro, planejamento hospitalar, planejamento escolar e assim por diante. Ou ainda mais próximo do cotidiano, digamos que em um certo dia você precisa levar as crianças na escola, trabalhar, pagar as contas no banco, comprar ingredientes para o jantar, passar no shopping, encontrar as amigas. ler um artigo acadêmico para a aula da pós e fazer o exercício da aula de inglês. Você vai precisar alocar todas essas necessidades dentro do seu dia, verificar os melhores horários para cada tarefa, enumerar por prioridades, se possível precisará delegar algumas delas para outras pessoas ou cancelar algumas, adiar outras. Definir esses detalhes é planejar o seu dia.

• Estratégico: é o nível responsável pelas decisões que envolvem todos os aspectos da organização. O pensamento é a longo prazo. A construção de cenários deve ser minuciosa, pois as escolhas do presente farão diferença no futuro.

De maneira simplória o planejamento é uma maneira organizada de pesquisar, conhecer, se aprofundar sobre uma determinada organização ou pessoa. Como afirma Juan Diaz Bordenave e Horacio Martins de Carvalho no livro Comunicação e Planejamento: “O planejamento é um processo, um conjunto de fases (subprocessos, processos) pelas quais se realiza uma operação. Sendo um conjunto de fases, um processo, a sua realização não é aleatória. O processo é sistematizado, obedece a relações precisas de interdependência que o caracterizam como um sistema, como um conjunto de partes (fases, processos) coordenadas entre si, de maneira a formarem um todo, um conjunto coerente e harmônico visando alcançar um objetivo final (produto, resultado) determinado.” (página 89) O planejamento deve ser uma ação consciente de organização de ideias e ações alinhadas aos objetivos, sua função é direcionar o caminho a ser seguido, definir o como, onde, por que, quem e por quanto tempo e assim evitar o improviso (ou estar preparado para improvisar) na vida da organização. Para Margarida Kunsh em Planejamento de Relações Publicas na Comunicação Integrada: “é preciso considerá-lo [o planejamento], sobretudo, como um ato de inteligência, um modo de pensar sobre determinada situação ou realidade, enfim, como um processo racional-lógico, que pressupõe estudos, questionamentos, diagnósticos, tomadas de decisões, estabelecimentos de objetivos, estratégias, alocação de recursos, curso de ações etc.” (página 203)

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• Tático: é o nível responsável por decisões mais restritas. O pensamento é a curto prazo e diz respeito às ações imediatas. De acordo com os recursos disponíveis faz a integração entre a estratégia e a operação. • Operacional: é o nível responsável pela metodologia e pelas pequenas ações que juntas compõe a estratégia. É a principal fonte de resposta sobre a eficiência e manutenção do planejamento estratégico. Suas atividades são baseadas no dia a dia da organização. Ok, muito bonito tudo isso, mas e na prática? Fica mais ou menos assim: digamos que uma organização de grande porte tem como objetivo estratégico estreitar o relacionamento com seu público interno (seus colaboradores). Sua estratégia (ação tomada depois de todo processo de planejamento) é criar uma publicação interna com entrevistas com os colaboradores. A tática seria mapear todos os setores, líderes e funcionários, estudá-los previamente, definir cronograma, pautas e elaborar um roteiro de entrevistas. O operacional seria entrevistá-los de fato, fotografá-los, decupar entrevistas, revisar conteúdo, diagramar e imprimir. Ficou claro? Em todos os níveis é preciso planejamento, definição de datas, ações, metas, responsáveis, porém cada nível dentro de um “espaço” do objetivo maior que, no caso, é estreitar o relacionamento com seu público interno (seus colaboradores). Para finalizar, você pode conferir a animação “Muito desgaste sem planejamento” que cito no material complementar deste ebook. O vídeo [é com um porquinho muito fofo (juro que não tem nada a ver com o fato de eu ser palmeirense) sobre suas estratégias para conseguir o pote com biscoitos. Será que faltou planejamento?

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_03 - Conhecendo o cliente e seus públicos Já falamos sobre a ideia da série e sobre a definição e níveis do planejamento. Pois bem, agora vamos iniciar o processo de planejamento começando por conhecer o cliente e seus públicos. O primeiro passo é traduzir o dialeto. Nós, profissionais da comunicação, chamamos de cliente as organizações ou pessoas/personalidades que atendemos no serviço que prestamos. Ou seja, se elaboro um plano de comunicação pra Coca-Cola, a Cola-Cola é meu cliente. É importante conhecê-lo nos detalhes, por tanto se um profissional lhe fizer 500 perguntas, responda 501 delas. Isso é muito importante. Toda informação é válida e pode ser crucial na hora de traçar o diagnóstico. Abaixo um exemplo de perguntas para compor o briefing (sim, vou traduzir esse dialeto também. Briefing: instruções, são as principais informações para direcionar a elaboração de uma estratégia): • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Onde está e onde quer chegar? Qual o problema de comunicação? Quais os objetivos do plano de comunicação? Data de criação/início das atividades? Tem missão, visão e valores? Tem sócios? Quantos e quem são? Quem é o responsável pelas aprovações? E contatos? Quais as especialidades do serviço / produto? Tem funcionários? Quantos e quais funções? Quais regiões atende? Tem CNPJ? Qual a classe econômica dos clientes? Que tipo de fornecedor tem? Participa de algum evento relacionado? Tem site? Cartão de visita? Material impresso? Como costuma divulgar a empresa? Tem ou participa de alguma ação de responsabilidade social? Como é a relação com os orgãos relacionados à uma atividade? Quais os principais concorrentes? Já teve alguma publicação em revista/livro especializado? Quantos clientes possui? Quanto tempo, em média, um cliente permanece com seu produto /serviço? Como funciona o atendimento aos clientes? Quanto está disposto a investir em comunicação? Quais os processos internos de comunicação? Quais vantagens competitivas possui? 6

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Vale ressaltar que essas perguntas são um exemplo de roteiro, cada profissional pode ter seu jeito particular de aplicá-las, mas sempre lembrando dos objetivos ao fazê-las. Todas elas são importantes para alguma etapa do planejamento. Todas tem uma função. Não exite em responder algo que aparentemente for fútil, é melhor pecar pelo excesso. Dito isso, a próxima etapa do processo é conhecer os públicos (o Eric Nogare explicou detalhadamente no texto “compreendendo o perfil dos públicos” e você encontra o link na bibliografia). Públicos são todas as pessoas, empresas, entidades, grupos que estão corelacionadas de alguma maneira com sua empresa. Posso afirmar categoricamente que o profissional relações-públicas identifica os públicos com maestria, pois em geral as empresas tem o habito de olhar preferencialmente apenas um público: o consumidor final. Porém, nós temos essa visão clínica do todo. Todos os públicos são importantes para o funcionamento harmonioso da organização. Por exemplo, existe a empresa e seus colaboradores, a família de seus colaboradores, a comunidade ao redor da empresa, os fornecedores, os serviços terceirizados, a relação com o governo, o cliente final, a mídia, os concorrentes diretos e indiretos, os bancos e assim por diante. Toda e qualquer relação ligada à organização é público e deve ser contemplada no planejamento de ações. Cada público será contemplado com um projeto de relacionamento. Pois a empresa conversará com cada um deles de uma maneira e com uma determinada finalidade. Estamos aqui para descobrir isso. E tudo será elaborado a partir de muito questionamento. Mas para que tanta pergunta? Para saber direcionar os relacionamentos. E falando nisso vale a pena conferir uma fala do Professor Manoel Marcondes Neto sobre o dito cujo, o relacionamento, que você encontra o link no material complementar.

_04 - Conhecendo a comunicação Nessa etapa o desafio é conhecer a comunicação da organização. Mesmo que não seja de maneira articulada, toda empresa se comunica e o objetivo é entender como isso acontece e quais aspectos podem ser melhorados. Como é a comunicação entre os funcionários? Como ela vende? Sai na imprensa? Relaciona-se com a comunidade? Quais são seus processos? Seguindo a lógica da Professora Margarida Kunsch há quatro estruturas de comunicação, são elas: administrativa, mercadológica, interna e institucional.

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• Administrativa: é a comunicação dos processos internos de uma empresa, aquela que faz as tarefas acontecerem. • Mercadológica: é a comunicação das vendas, seu objetivo é tratar diretamente dos negócios (serviço/produto) da empresa. • Interna: embora também aconteça dentro da organização ela se difere pelo objetivo estratégico, a intenção é estabelecer e mantar uma conversa entre empresa e colaboradores, por meio de ferramentas bem definidas e alinhadas com um objetivo. • Institucional: é a comunicação responsável por tornar público a missão, filosofia e identidade de uma organização, aqui o objeto não é a venda propriamente dita, mas sim a construção de uma imagem com credibilidade e prestígio. Dessa estrutura a comunicação é, sem duvidas, o grande negócio das relações públicas. Costumo dizer que a diferença básica entre relações públicas e publicidade e propaganda é a seguinte: PP pensa e cria a curto prazo com o objetivo em vendas e RP pensa e cria a longo prazo com o objetivo em relacionamento. Nos negócios, assim como na vida, quanto mais você se relaciona mais você confia. E fazer com que uma marca seja de confiança, com credibilidade e imagem positiva é um dos principais serviços que as relações públicas pode oferecer. Para ilustrar trago algumas ações genuinamente de relações públicas (você vai encontrar os links no material complementar): Hellmanns e as receitas via Whatsapp: no Social Media Brasil de 2014 conheci esse case na palestra de Lah Nascimento e Dani Santos representantes da 223. Pude notar o entusiasmo, aspectos do planejamento e perrengues da execução dessa ação. A ideia basicamente foi ajudar os consumiores da maionese Hellmanns a fazer receitas usando como plataforma o Whatsapp. Tam e as instruções de segurança: a Tam fez uma surpresa para os passageiros dos voos que passariam a noite do Natal e do Ano Novo em viagem, a empresa de viação elaborou um vídeo com as instruções de voo com os familiares de alguns dos passageiros. O resultado, que viralizou, foi um vídeo

A variável econômica levará em consideração temas como inflação, poder de consumo do público, avanço ou retrocesso de classes, época do ano em relação à economia – por exemplo, no começo do ano chegam os diversos impostos a serem pagos (IPVA, IPTU etc.). Será que isso pode afetar o seu negócio? Já a variável natural tem por objetivo analisar questões como clima, localização, terreno, vizinhança, matéria-prima, dentre outros. Por exemplo, uma empresa de sorvetes pretende instalar quiosques no sul do país, tendo estas informações, é preciso analisar em qual época do ano faz calor para abastecer o quiosque e em qual época do ano faz frio para diminuir o fluxo de produtos e colaboradores. A análise tecnológica diz respeito a todos os avanços da área que podem impactar no negócio como, por exemplo, uma empresa de transporte público que decide utilizar as catracas eletrônicas com o uso do cartão magnético. Quanto essa tecnologia custará? Será preciso dispensar funcionários? Quantos? Como conversar com esses funcionários? O aspecto político/legal diz respeito às leis vigentes no país, estado ou cidade. Dentro desta questão, podem entrar os detalhes burocráticos da empresa – Há sócio ou não? É pequena, média ou grande? Qual tipo de imposto vai contribuir? – e, ainda mais externos, como as leis que regulamentam tal atividade, as leis trabalhistas etc. E por fim, a variável sociocultural, que trata dos aspectos sociais do contexto em que a organização está inserida: seu público tem alguma religião? Um time de futebol específico? Uma tradição regional? Algum assunto delicado? Um bom exemplo são as latinhas personalizadas de time de futebol da Brahma, considerando que cada time tem a sua identidade visual e, possivelmente, a distribuição foi prevista mediante pesquisa que identifica qual região tem mais torcedores do time x ou y.

_05 - Conhecendo o macroambiente e os concorrentes Geralmente, o macro vem acompanhado do micro, porém, é preciso observar que o processo aplicado aqui, o mais utilizado em RP, já detalhou os aspectos do microambiente nas análises de processos da comunicação e de públicos. Dessa forma, focaremos no macroambiente, que, por sua vez, é composto por cinco variáveis que poderão afetar seu negócio, são elas: econômica, natural, tecnológica, político/legal e sociocultural.

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Depois da análise do macroambiente é preciso estudar os concorrentes. Sim, é preciso entender sobre eles também. Se possível, até consumir seus produtos/serviços para analisar atendimento, qualidade, processos etc. Segundo Philip Kotler, as empresas têm de ser capazes de responder cinco principais questões sobre seus concorrentes: Quem são os concorrentes? | Diretos, indiretos, mesmo serviço/produto. Quais suas estratégias? | Preço, diferencial, atendimento, entrega. Quais seus objetivos? | Lucro, público ou região. Quais suas forças e fraquezas? | Participação no mercado, ROI, custo de produção. Quais seus padrões de reação? | A reação do concorrente frente a uma ameaça. Reunindo estas informações é possível criar estratégias capazes de superar a concorrência e assim conquistar e fidelizar clientes/consumidores para a empresa. Ok, mas você deve estar se perguntando como e onde encontrar essas informações, certo? Para as variáveis de macroambiente é possível acompanhar notícias, pesquisas oficiais, estudar as leis e a cultura; agora para conquistar as informações de concorrência use a criatividade ou a “cara de pau”, além de consumir, se for acessível, o produto/serviço para saber detalhes que vão além do que e explícito.

Análise SWOT

_06 Análise SWOT, pesquisa e diagnóstico

Já os projetos de pesquisas são a maneira de conversar diretamente com seus públicos, lembrando que público para RP não é somente o consumidor final, mas todos os públicos envolvidos no negócio da empresa, ou seja, seus stakeholders.

Mais conhecida como análise FOFA, a técnica SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats, na sigla em inglês) consiste em reunir tudo o que foi analisado até aqui e aplicar em uma tabela ilustrativa as Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças da organização. Sendo que as Forças e as Fraquezas correspondem ao ambiente interno e Oportunidades e Ameaças ao externo.

Bom, se você pretende lançar um novo produto, nova loja e/ou nova funcionalidade, saber como anda o atendimento, se seus colaboradores estão satisfeitos, se seus processos são eficazes – entre outras situações -, faça uma pesquisa.

Foi o norte-americano Albert Humphrey que desenvolveu a matriz SWOT. Muito simples de ser aplicada, o objetivo é expor de maneira objetiva as características da organização e assim tê-la como alicerce para compor os programas do seu planejamento. É importante ressaltar que a análise deve representar aspectos de comunicação, finanças, produção, pessoal etc. para que se possa ter uma visão bem ampla de todos os pontos.

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Existem muitos tipos de pesquisa: de opinião pública, institucional, organizacional, opinião, imagem e social, mas o mais importante é entender que a sua pesquisa, com objetivo de se encaixar no planejamento, tem que contemplar tudo o que foi estudado até aqui. Por exemplo, lá na matriz SWOT você identificou falha na comunicação interna e precisa saber a opinião dos funcionários sobre isso – elabora e aplica uma pesquisa sobre o assunto para o seu público interno. É muito importante fazer as perguntas certas e obter uma análise bastante criteriosa sobre pesquisa, pois qualquer interpretação equivocada pode comprometer completamente o planejamento. Portanto, se você não tem muita segurança nessa tarefa o ideal, é pedir ajuda de algum profissional que tenha experiência nisso. Dê uma conferida no vídeo “Conversas de valor: Pesquisa de opinião

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pública e de mercado” com a professora Suzel Figueiredo (já sabe onde deixei o link, não é?) E finalmente chegamos ao diagnóstico que segue o raciocínio de uma consulta médica. Você vai ao médico por alguma queixa, conta ao médico seus sintomas, ele te examina e te diagnostica com alguma complicação que deve ser resolvida. O planejamento tem exatamente esse mesmo objetivo, descobrir e entender os problemas de comunicação e oferecer “tratamentos” para resolvê-los. No próximo capítulo vamos falar de Plano, programa e ação que são os passos para aplicação das soluções sugeridas.

_07 - Elaborando o plano, o projeto, o programa, o investimento e a avaliação Chegamos na parte mais divertida do planejamento, hora de tirar conclusões do que foi estudado e propor as soluções para cada problema identificado. A parte criativa pode – e deve – ser desordenada, livre e não linear, mas colocar cada ação em seu lugar deve seguir um processo prático e funcional. Para isso usamos a metodologia do plano, projeto e programa. Plano – É a parte do processo que vai mostrar de maneira geral quais os principais objetivos da organização, é uma referência para desenvolver os programas e ações. Projeto – Aqui a ideia é colocar o passo-a-passo da ação que tem como objetivo resolver determinado problema. Além disso, visa estabelecer os processos, os métodos, os recursos e as condições para tal desenvolvimento. Programa – É o instrumento responsável pela logística da implantação das ações: estabelece tempo, espaço, cronograma e responsáveis – e a listagem sistêmica e detalhada dos acontecimentos.

Tela de visualização do plano | Sophie Comunicação Integrada

Esta é a tela de visualização do meu projeto experimental (e dos meus colegas de grupo) para uma ONG de incentivo a leitura. No decorrer no planejamento, a gente percebeu que a ONG precisava definir conceitos primordiais, determinar seus objetivos, missão, valores e princípios (autoconhecimento), para assim vender a ideia para outras pessoas e empresas (promoção) e para finalmente ser uma referência do seguimento (disseminação). A partir desse diagnóstico elaboramos os projetos baseados nas quatro comunicações: institucional (Capa), administrativa (Índice), interna (Personagens) e mercadológica (Edição) de forma que resolvesse cada um dos problemas apresentados. Já os programas sinalizam as ferramentas em si: princípios organizacionais, identidade visual, site, audiovisual, mídias sociais, eventos, processos administrativos, parcerias estratégicas, manual do associado, informativo impresso e assim por diante. Simples, né? Rsrs Investimento Para pequenos empreendedores o investimento é sempre um grande dilema, pois, em geral, a verba é curta. Mas é preciso pensar que a comunicação é essencial. De que vale você ter um ótimo produto ou serviço se você não mostrar isso ao mundo?

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Então o ideal é colocar a comunicação como um item de investimento e pesquisar alternativas que cabem no seu orçamento. Outra sugestão é fazer uma lista de prioridades e verificar o que é mais urgente no momento. Eu diria que qualquer empresa, independente do tamanho, precisa de no mínimo uma identidade visual, princípios, cartões de visita, site e mídias sociais. E aí, com o tempo e com o lucro, aumenta-se o investimento nessa área.

fonte de receitas. Tudo deve ser bem objetivo e visual. Para facilitar, existem alguns sites que te ajudarão na criação e que você pode encontrar o link no material complementar que está no final do ebook.

Avaliação Avaliar é um tópico extremamente necessário para saber se seus esforços estão gerando resultados. A dica é elaborar um cronograma de avaliação. Por exemplo, se o seu planejamento vai durar um ano, então a cada três meses pare e avalie. E é sempre bom lembrar que todo planejamento pode ser adaptado conforme o seu desenvolvimento, é na avaliação que isso vai ser respondido. Se uma estratégia não dá resultados, mude a “jogada”. Mas o que avaliar e como? Depende do que você pretende avaliar, alguns exemplos: • Um site – por acessos ou pesquisa. • Mídias sociais – crescimento, interação e alcance. • Atendimento – pesquisa de satisfação. • É a melhor métrica de todas que é: vendas/negócios. Suas ações geram lucro? Bom, no próximo e último capítulo da série falaremos de algumas ferramentas que ajudam no dia-a-dia, cursos bacanas e algumas inspirações.

_08 - Ferramentas, aprendizado e inspiração A série se encerra com algumas dicas de ferramentas, cursos e inspirações que uso e gosto. São itens interessantes e facilitadores para gestores de negócios, empreendedores, entre outros. Bom, vamos lá? Canvas e Plano de Negócios Teve uma ideia muito boa, está empolgado, animado, quer colocar tudo em prática logo e… PARA TUDO! Vai lá e coloca estas emoções no Canvas e escreve o Plano de Negócios. Estas duas ferramentas, juntas, vão te ajudar nos elementos básicos do seu futuro novo negócio, projeto, ideia etc. O Canvas serve para visualizar rapidamente a ideia e é baseado em nove tópicos: parcerias chave, atividades chave, recursos chave, proposta de valor, relação com o cliente, canal, segmento de mercado, estrutura de recursos e 14

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Já o Plano de Negócios é um documento escrito onde você terá que descrever todos os detalhes do seu negócio ou projeto – desde localização, objetivos, público, plano financeiro, plano de comunicação, viabilidade, etc. O objetivo é que este seja seu “mapa”. Esse plano deve vir antes do Planejamento de Comunicação e os dois devem ser “amigos” nessa caminhada. Ele também serve como uma apresentação para investidores. Pomodoro e Evernote Estas duas ferramentas estão ligadas à organização e gerenciamento de tempo. A técnica do Pomodoro é extremamente útil pra quem tem dificuldade de focar numa única atividade. Ela consiste no seguinte: estabeleça um período (pode ser 15, 25, 30 ou 40 minutos) e concentrese numa única atividade nesse tempo, coloque um despertador para te lembrar que acabou o período, depois disso descanse ou procrastine por 10 minutos e depois volte pra

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mais um período de foco – e assim por diante até concluir sua tarefa completamente. Já o Evernote é um organizador de ideias e projetos. Crie notas de lembretes, guarde links, compartilhe informações, converse com uma equipe, estabeleça datas para conclusão de tarefas… E tudo isto com uma funcionalidade bem intuitiva e bonita. Sebrae e Veduca Com certeza você já ouviu ou conhece o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Esta organização é quase a “melhor amiga” de quem pretende empreender ou se aperfeiçoar nas atividades como condutor de uma empresa. Sua missão é capacitar e promover o desenvolvimento dos negócios que já existem ou que precisam de orientação para sair do papel. A agenda do Sebrae é sempre repleta de eventos, feiras, palestras e consultoria individual.

A missão do Endeavor é inspirar, capacitar, provocar mudanças, selecionar e alavancar empreendimentos que transformam a sociedade em vários aspectos. Eles oferecerem cursos (alguns gratuitos), consultoria, artigos, e-books e um evento bastante inspirador chamado Day 1, no qual vários empreendedores contam como foi o seu primeiro dia no empreendimento. O TedxTalks é uma série de eventos que acontece de maneira independente no mundo inteiro. Em 15 minutos o palestrante tem que expor sua fala, que, em geral, é inspiradora, criativa e de impacto, pois são “ideias que merecem ser disseminadas”. Das conferências que eu mais gosto está a do José Pacheco, sobre educação (que deixo o link no material complementar), mas, no canal do Tedx no Youtube, você pode conferir todas as palestras, legendadas e postadas de forma colaborativa. E então chegamos ao fim da cartilha “Planejamento estratégico para leigos”. Espero que vocês tenham gostado e que tenha sido útil! ;)

Já o Veduca é um portal que oferece vários cursos online de infinitas temáticas, desde biologia molecular até administração contemporânea. Com certeza terá algum tema que tem relação com seu negócio ou algo que você precisa se qualificar. Grande parte do conteúdo é gratuito, de instituições conceituadas e com certificado. Endeavor e Tedx A Endeavor é uma organização mundial de estímulo aos empreendedores de alto impacto. 16

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Bibliografia utilizada na série: • ARANHA, Lala. Cartas a um jovem relações-públicas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. • BORDENAVE, Juan Diaz; CARVALHO, Horácio Martins. Planejamento e Comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. • KOTLER, Philip; KELLER, Kevin. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. • KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003. • NASSAR, Paulo; FIGUEIREDO, Rubens. O que é comunicação empresarial. São Paulo: Brasiliense, 1995.

Material complementar:

Textos e publicações Capítulo 3 – Conhecendo o cliente e seus públicos Compreendendo o perfil dos públicos http://versatilrp.com.br/2015/03/12/ compreendendo-o-perfil-dos-publicos/ Capítulo 8 – Ferramentas, aprendizado e inspiração Canvas http://canvas.motiv.com.br/ Plano de negócios http://www.meuplanodenegocios.com.br/ Portal Sebrae http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ Veduca http://www.veduca.com.br/

Vídeos

Day 1 Endeavor https://endeavor.org.br/day-1-2015-melhores-momentos/

Capítulo 1 – Planejamento estratégico para leigos

TEDXTalks Experiências inovadoras na educação: José Pacheco at TEDxUnisinos https://www.youtube.com/watch?v=reOEnY8jkjo

Muito desgaste e pouco planejamento https://www.youtube.com/watch?v=LOyX-vgdQGQ Capítulo 3 - Conhecendo o cliente e seus públicos O Composto de Relações Públicas – Relacionamento https://www.youtube. com/watch?v=AaxWH0ErH9E Capítulo 4 – Conhecendo a comunicação Hellmann’s: WhatsCook https://www.youtube.com/watch?v=MnjqAu8C3os Instruções de segurança em família https://www.youtube.com/watch?v=dzf7qCFNIPU Capítulo 6 - Análise SWOT, pesquisa e diagnóstico Conversas de Valor - “Pesquisa de Opinião Pública e de Mercado” - Profª Suzel Figueiredo https://www.youtube.com/watch?v=Da0EttwDKhw

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Sobre a autora

Taís Oliveira (@tais_so) é formada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas (Conrerp/2: 4318) pela FAPCOM (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação) e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC (Universidade Federal do ABC), linha de pesquisa Cultura, Comunicação e Dinâmica Social. Dentre os trabalhos no setor público e privado, agências e empresas tem experiência principalmente em mídias sociais na produção de conteúdo, gerenciamento de canais e equipes, planejamento de campanhas, planejamento editorial e atendimento ao consumidor. Atualmente Co-fundadora e colunista no Versátil RP desde 2009, tem interesse em temas como comunicação, internet e tecnologia, ciências sociais, planejamento, empreendedorismo, cultura digital, diversidade, movimentos e causas sociais.

Versátil RP é um canal colaborativo especializado em relações públicas e comunicação. Há sete anos produz e compartilha conteúdos relevantes para os estudantes e profissionais da categoria com o objetivo de propagar o conhecimento sobre a área e para a área.

Créditos: • Conteúdo: Taís Oliveira • Diagramação: Rogério Ribeiro • Ilustrações: Designed by Zirconicusso / Freepik


https://versatilrp.com.br/


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