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MOON ORACLE

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MISS LAVA

MISS LAVA

Saber de experiência feito

Fazendo uso da experiência adquirida nas diversas bandas de que já fizeram parte, Sûrya-Ishtara e Ur juntaram-se para criar um novo projeto musical imbuído de old Black and Doom Metal e tratando de temas lunares.

Entrevista: CSA

Saudações! Espero que te encontres bem.

Moon Oracle não é a tua primeira banda. - Como te veio a ideia de a formar? Sûrya-Ishtara – Eu e o baterista Ur andávamos a pensar na ideia de fazer um prolongamento de um projeto que tínhamos criado juntos. Essa primeira versão tinha deixado de existir, mas, enquanto o projeto durou, tornou-se claro para nós que queríamos mergulhar mais fundo nos mistérios do old Black and Doom Metal. As nossas bases musicais eram um tanto diferentes, mas partilhávamos o interesse de verter cenários artísticos obscuros numa forma audível relacionada com as influências e inspirações musicais que tínhamos em comum. Mais tarde, quando já tínhamos criado o material para o primeiro álbum, convidámos o Harald Mentor para se juntar a nós, porque a sua voz assentava na perfeição no nosso projeto. Ele gostou do material e o resto é história. - Até que ponto a experiência adquirida com outras bandas influencia este projeto musical? Sem as nossas experiências anteriores com bandas e projetos em que nos envolvemos no passado, todo o processo de criação de Oracle Moon teria

certamente sido diferente… ou o projeto nem viria a existir. Provavelmente um dos aspetos mais relevantes relacionados com essa experiência anterior tem a ver com a forma como o próprio processo teve lugar: por exemplo, já tínhamos alguma experiência de estúdio e isso permitiu que não tivéssemos de partir do zero. Não queremos dizer com isto que ter menos experiência possa ser um obstáculo. Se houver vontade de exprimir o que nos vai na alma, encontraremos sempre uma forma de o fazer.

O vosso som é mesmo diferente e chama logo a atenção. - Que ingredientes podemos encontrar nele? As nossas influências musicais mais evidentes ligam-nos à Finlândia e à Grécia. No entanto, prefiro não referir nenhuma banda, prefiro que o ouvinte fala ele/ela mesmo/ mesma as associações. De um modo geral, a nossa música é uma amálgama de Black e Doom Metal perspetivada a partir de uma visão esotérica do mundo. - De onde vêm esses ingredientes. [Vocês são todos músicos experientes e, por esta altura, já devem ter ouvido imensa música.] Não posso falar pelos outros. Pela parte que me toca, tudo o que faço neste ou noutros contextos reflete as fontes de inspiração que estimularam profundamente o meu ser e assim fizeram de mim o veículo de transmissão dessa corrente de energia. Como todos nós admiramos a força primitiva subjacente a qualquer ato artístico, essa inspiração tornou-se o ponto de apoio a partir do qual procuramos exprimir tudo o que nos vem à mente. - Tendo em conta os títulos das faixas do álbum, era de prever um Metal mais old school. O que tens a dizer sobre esta ideia? Na minha maneira de ver, É Metal old school, mas que procura escapar ao lado convencional. As suas raízes mergulham bem mais fundo que as de muitas bandas de Metal contemporâneas. No que toca às letras e aos temas abordados pelas canções, a ideia não é ser Metal de uma forma meramente convencional, mas antes partir numa demanda solitária que nos permita fundir a música e as palavras. Ambos os elementos têm de se contaminar mutuamente. - E, a propósito, a que temas se referem os títulos das canções? As letras estão entrelaçadas de forma a revelarem o conceito subjacente ao álbum: refletir os lados obscuros dos ciclos da lua recorrendo a temas mitológicos e mais ou menos “esotéricos” para desenvolver as ideias. Embora haja um devir cronológico que vai do princípio ao fim, não pode ser visto como uma história, que tem um desenvolvimento linear. Trata-se mais de uma contemplação relativa ao ciclo da vida na terra e além. Os vocais são muito dramáticos, por vezes até dissonantes. Que impressão pretendem transmitir através deles? Não demos nenhumas instruções específicas ao “senhor” Mentor sobre a forma como iria usar a sua voz. Ele fez a sua magia por sua conta e risco e, quando ouvimos o resultado final, ficou claro para nós que não precisávamos de alterar nada no seu desempenho: ficou tudo feito à primeira. Como conhecemos o trabalho que ele tem feito em Ride for Revenge, etc., não estávamos à espera de nenhumas falhas.

A capa do álbum apresenta um desenho muito curioso. - Quem convidaram para fazer a arte deste álbum? Foi um artista finlandês e amigo nosso, conhecido pelo pseudónimo VT-Necromancy, que criou a ilustração para a capa do álbum sob a nossa supervisão. Trocámos alguma informação sobre o conteúdo concetual que constitui a essência do álbum e, depois de ele a ter digerido bem, produziu um trabalho extraordinário. E, tal como aconteceu com os vocais do Harald Mentor, não precisamos de lhe explicar cada detalhe do que tinha de fazer, bastou confiar na sua capacidade de usar a sua intuição artística criativa, que, mais uma vez, resultou na perfeição. - Esta ilustração pretende representar a vossa “musa”? É isso mesmo. Trata-se de uma representação arquetípica da lua representada de forma tripla como filha/mãe/mulher idosa, mas incluindo um elemento amorfo de mudança indefinida de um aspeto para o outro.

Como é que uma editora finlandesa e uma portuguesa se juntaram para lançar este álbum tão interessante? Já conhecia a Signal Rex através de Sammas’ Equinox e Pantheon of Blood, portanto sabia que eles seriam capazes de fazer um trabalho adequado juntamente com Bestial Burst, que é a editora do nosso vocalista e goza de uma boa reputação na cena Metal underground. Ambas as editoras estavam interessadas em lançar o material, portanto nós sugerimos que se associassem de forma a fazermos o lançamento sob várias formas em simultâneo.

Aparentemente, a pandemia não nos vai deixar tão cedo. O que tencionam fazer para promover este álbum que será lançado até ao fim de agosto? Nós vamos sobretudo manternos na retaguarda e focar-nos na parte da criatividade. Quanto aos concertos, ainda não falamos disso e o mais certo é termos de nos manter longe disso para já.

Já têm planos para o segundo álbum? Estamos a preparar um split com uma banda finlandesa chamada Sombre Figures (de que o nosso baterista também faz parte) e, ao mesmo tempo, a trabalhar no nosso segundo álbum. O que vai acontecer a Moon Oracle quando estes fardos tiverem sido retirados dos nossos ombros é uma incógnita.

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