4 minute read

THY CATAFALQUE

Next Article
DORDEDUH

DORDEDUH

Fluir musical

Tamás Kátai, a alma de Thy Catafalque, conclui que a longa discografia da banda é afinal um único álbum, que se vai manifestando aos poucos.

Entrevista: CSA

Saudações, Tamás! Como tens passado? Espero que esteja tudo bem contigo. Tamás – Estou bem, obrigado.

Deve ser a sexta vez que te entrevisto!!! Aqui temos mais uma aventura musical que nos é proporcionada por Thy Catafalque. - O que nos podes dizer sobre este novo álbum? Ora bem! Este é o nosso décimo álbum. Para mim é sempre um grande marco na vida de uma banda alcançar este número de álbuns. Tem uma duração superior a uma hora e, de um modo geral, parece-me que é mais tenebroso que «Naiv». É menos lúdico e mais intenso, embora também inclua canções e motivos mais alegres em alguns dos seus momentos. - Como te veio a ideia de o criar? Não há nada espetacular nisto. Quando «Naiv» foi lançado, já tinha uma canção nova feita. Para mim, é uma espécie de fluir constante, pelo menos nos últimos anos. Não me sinto a compor álbuns, parece-me que estou a criar um único grande álbum ao longo da minha vida e deixo-me levar pela corrente. Mas há situações na vida em que a música não é a nossa prioridade ou nem sequer está na mesa. Já me aconteceu várias vezes e estou certo de que voltará a acontecer, por isso, enquanto posso e tenho energia e vontade para o fazer, dedico-me a criar música. Quando for tempo disso, pararei e farei o que for mais importante nessa altura. - De que trata o álbum? «Vadak» significa “animais selvagens” em Húngaro. O conceito-chave do álbum é a

“[…] parece-me que é mais tenebroso que «Naiv». É menos lúdico e mais intenso, embora também inclua canções e motivos mais alegres em alguns dos seus momentos.

ideia de que nós, humanos, como todas as criaturas vivas, andamos escondidos e a fugir numa floresta de tempo até ao fim inevitável. É claro que a floresta é uma alegoria.

A capa é muito diferente das dos teus outros álbuns. - Foste tu mesmo que tiraste a foto? Sim, foi tirada por mim. - É uma montagem ou o modelo estava mesmo no alto de uma montanha? É 100% real. Tirei esta foto durante a gravação do vídeo para “Embersólyom”, que foi rodado nas montanhas Bükk, no norte da Hungria. Se fores ver o vídeo, reconhecerás a jovem: é a Irénke, que pintou a capa para «Naiv» e a quem dediquei uma canção no novo álbum. Além disso, foi ela que forneceu a estranha e misteriosa frase que figura na canção intitulada “Tsitsushka” em «Naiv». - O que exprime esta bela foto? Como a relacionas com o conceito do álbum? Como já referi, o título do álbum refere-se a animais selvagens e, na foto, o modelo parece mesmo um animal da floresta, pronto a desaparecer a qualquer momento. A foto tem um toque pessoal, que é importante para mim.

Usaste o teu velho equipamento para compor este álbum (incluindo o Korg)? Na realidade, não. Levei o velho Korg para casa, em Makó, há um ano atrás, na esperança de me divertir com amigos de longa data e tocarmos juntos, mas isso nunca aconteceu sobretudo devido à pandemia. O teclado ficou lá até há pouco tempo atrás. Quando o consegui trazer, já tinha acabado de gravar o álbum. Mas usei a minha velha guitarra Ibanez de sete cordas, como sempre desde 2008. É mais pesado que o último, não é verdade? Provavelmente, sim. É mais pesado e escuro e menos alegre que «Naiv». No entanto, isso não aconteceu propositadamente, aconteceu assim. Adorei tocar depressa e escrever riffs de Metal. Na minha ideia, um bom riff alegra sempre o meu dia.

Convidaste muitos artistas para este álbum. - Como fizeste para os recrutar? A pandemia não tornou o processo mais difícil? Pelo contrário. Devido à situação global, os músicos estão em casa e tentam tocar música sempre que for possível. Alguns encontrei-os na internet e outros conhecia-os pessoalmente e convidei outra vez a Martina. A minha ideia de base era usar instrumentos verdadeiros em vez de sintetizadores tanto quanto possível. É claro que a bateria era programada, mas fi-lo porque é mais conveniente para mim. Mas para o resto usei todos os músicos que pude encontrar, porque eles tornam a música viva e real e dão-lhe aquele gostinho especial que acaba por me inspirar a mim também. - O Andrei Oltean (aka Solomonar) é meu amigo no Facebook. É um músico fantástico, não achas? [Já o entrevistei várias vezes para a Versus Magazine.] Sim. Fez um trabalho magnífico com a gaita de foles. Depois descobrimos que ele conhecia a Martina de uma digressão na Roménia com a sua antiga banda: Niburta. Partilharam o palco várias vezes. - E quem é o Bruno Machado? É português? É um guitarrista brasileiro. Encontrei-o na internet e convidei-o para tocar guitarra em várias partes do álbum. Também fez um belo trabalho.

Foste afetado pela pandemia? Muito? Nem por isso? É claro que fui afetado e ainda estou a ser, como toda a gente. Sinto muito a falta do ginásio e da piscina. Por outro lado, este ano deu-me a oportunidade de escrever rapidamente este álbum, porque tinha mais tempo do que de costume e tentei passa-lo de uma forma útil. Agora que acabei «Vadak», ando a ver o que vou fazer a seguir. Talvez começar a compor o próximo. E, na verdade, até já comecei.

Facebook Youtube

This article is from: