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TARANTULA

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OMITIR

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Da Lusitânia, com estrondo

São uma verdadeira instituição do Heavy Metal nacional e um orgulho para a música portuguesa em termos gerais. Comemoram este ano quatro décadas de carreira, a serem comemoradas com muitas novidades: um álbum novo, Thunder Tunes from Lusitania; a edição em CD da estreia homónima e de Kingdom of Lusitania; bem como um DVD e CD ao vivo, além de um documentário sobre o percurso da banda. Tudo com chancela da Larvae Records. Após 10 anos de espera não há fome que não dê em fartura, pelo que se impunha uma entrevista com a banda.

Entrevista: Dico & Eduardo Ramalhadeiro

“Só no Light Beyond the Dark chegámos à maturidade enquanto compositores e músicos (Paulo Barros)

Eduardo - Pelo que se viu na sessão de apresentação, estavam todos de boa saúde. Sendo assim, parabéns por este tão ansiado regresso – o disco está excelente. No entanto, vou servos muito sincero: quando ouvi o álbum no âmbito desse evento fiquei chateado com vocês! [risos] Apesar de achar que, no geral, a música estava “top-notch”, em particular após ouvir «The Flame is Still Alive», a minha expectativa era que o disco seguisse a direção desse tema, que achei demasiado… soft. No entanto, não sei se terá sido da qualidade do streaming, agora que ouvi o álbum em condições tudo me faz sentido. Das sucessivas audições começa a brotar todo um manancial de pormenores, muita técnica, harmonias e camadas musicais. Para o mais incauto ouvinte há aqui muitos tesouros ocultos para descobrir.

Dico & Eduardo – Assim, o facto de fazerem um álbum que, apesar de deambular para Rock, não é tão direto quanto possa parecer foi algo natural ou ponderado? Paulo Barros [PB] – Antes de mais, obrigado pelas vossas palavras! Os Tarantula gravaram o primeiro disco ainda muito verdes e com defeitos de toda a espécie e no Kingdom of Lusitania ajustámonos um pouco ao Power Metal Germânico. Nos anos 90 o Heavy Metal praticamente morreu ou foi remetido para o Underground. Em 1993 lançámos o Tarantula III, em que 80 por cento dos temas pertencem ao universo do Hard Rock Melódico e os restantes ao Heavy Metal. No Freedom’s Call melhorámos aspetos que correram mal no Tarantula III, embora o álbum se enquadre no mesmo género. Ainda antes de assinarmos pela AFM Records para editar o Light Beyond the Dark um amigo nosso que ouviu os temas disse-nos que só naquela altura teremos conseguido produzir Heavy Metal com a nossa própria personalidade, embora sem descartar influências. Julgo haver nesse álbum pormenores de todos os discos anteriores, algo que se repetiu nos registos subsequentes. Nos primeiros quatro álbuns ainda estávamos à procura do nosso próprio estilo. Por vezes, comparo a nossa situação à dos Loudness (Japão), aos Pretty Maids (Dinamarca), Gorky Park (Rússia), aos Medina Azahara (Espanha) ou, mais recentemente, aos Myrath (Tunísia) e também à maioria das bandas suecas… Grupos oriundos de países ditos exóticos agregam vastas influências. Para o bem e para o mal, nós demorámos bastante tempo a obter um produto com pés e cabeça. Além disso, quanto mais tecnicistas são os músicos mais difícil se torna criar um produto acessível e com qualidade, porque, dentro do nosso género musical, a maior parte dos músicos tende a praticar Metal Progressivo e, por conseguinte, a complicar demasiado as estruturas, a composição, etc. Para nós nunca foram importantes as classificações, mas arriscaria dizer que os Tarantula praticam, em 2021, Heavy Metal Melódico Moderno. No entanto, concordo com a tua abordagem, Eduardo, pois os temas do nosso mais recente álbum apresentam uma complexidade harmónica e rítmica de relevo para que se classificasse a nossa música apenas Rock ou Heavy Metal.

Dico – A ideia que transparece é a de um álbum pensado ao milímetro em todos os aspetos. Foi mesmo assim ou o processo afigurou-se mais orgânico? Jorge Marques [JM] – A tua observação é interessante. O processo criativo deste álbum não foi muito diferente do habitual. Cada um fez a sua parte tranquilamente, sem pressões, fluindo tudo naturalmente, num reflexo da experiência e maturidade adquiridas ao longo dos anos. Se há algo que ponderámos bem neste álbum foi o

“Se há algo que ponderámos bem neste álbum foi o alinhamento das músicas, o que não constituiu tarefa fácil, atendendo à diversidade das composições.

(Jorge Marques)

alinhamento das músicas, o que não constituiu tarefa fácil, atendendo à diversidade das composições. Talvez seja essa sensação de equilíbrio que transpareça. Julgo que este é um álbum equilibrado. Os temas complementam-se, sem que haja uma descaracterização do nosso ADN musical ou algum tema se sobreponha aos demais. Daí o título Thunder Tunes from Lusitania, por acharmos que define bem o conteúdo do álbum.

Eduardo – Coloquei-vos esta questão na sessão de audição do álbum, mas volto a coloca-la, desta vez com a pergunta dividida em duas partes: mudaram algo na vossa forma de pensar e fazer música, nestes tempos de pandemia, por um lado; e, por outro, de uma forma geral, o que mudou do Spiral of Fear para Thunder Tunes from Lusitania com 11 anos a intermediá-los? PB – Não houve mudanças significativas porque os temas já estavam compostos dois anos após o lançamento do Spiral of Fear, mas admito que houve preocupação em juntar a afinação das guitarras do Spiral com riffs mais na base do Metalmorphosis, sustentados na abordagem de canção do Dream Maker e do Light Beyond the Dark. Houve neste álbum alguma preocupação em complicar um pouco mais a composição, mas sem ir em direções progressivas ou tornar os temas de difícil assimilação.

Eduardo – Agora que já ouvi o Thunder Tunes from Lusitania algumas dezenas de vezes, deve ser o álbum mais… coerente e coeso que ouvi nos últimos tempos. Não posso dizer que haja um músico que sobressaia, mas não sei se gosto mais do baixo do José Aguiar, que por vezes parece “atirar” deliberadamente as cordas contra os pick-ups e os trastos, muito ao estilo do Steve Harris; se dos arpejos do Paulo, por exemplo. Tudo isto requer muita técnica e anos de prática. Sendo assim, quanto tempo demoraram a desenvolver a vossa

técnica ao ponto de se sentirem confortáveis com a vossa forma de tocar? PB – Os músicos estão sempre a aprender, mas temos que trabalhar muito, e ainda mais na nossa idade, como deves imaginar, para manter um bom nível. Apesar de já termos um elevado nível técnico na época do Kingdom of Lusitania ainda era tudo muito forçado. Éramos muito jovens e inexperientes. Só no Light Beyond the Dark chegámos à maturidade enquanto compositores e músicos. Isso acontece quando pões num disco aquilo que consegues executar ao vivo com alguma tranquilidade. Nos anos 90 muitos músicos gostavam de nos ver ao vivo porque desenvolvemos capacidade de improviso nos nossos próprios temas. Recentemente, nos Estados Unidos, fomos reconhecidos por promotores de músicos famosos como sendo uma banda com algo de original a oferecer. Claro que isso nos dá a responsabilidade de trabalhar mais ainda.

Dico – Como já dissemos, mais de uma década separam Spiral of Fear e Thunder Tunes From Lusitania. Durante este tempo os elementos da banda estiveram bastante ocupados com os seus afazeres profissionais, espetáculos em solo nacional e internacional e atuações a solo do Paulo, tendo partilhado grandes palcos com importantes nomes do Rock e do Heavy Metal internacionais. Falem-nos destes aspetos em particular. PB – Sim, ao longo da nossa carreira atuámos com banas e artistas importantes como Deep Purple, Motorhead, Manowar, Hellowen, Testament,Symphony-X, Kamelot, Stratovarius, Slash, Joe Satriani, Gamma Ray, Nile, Iced Earth, In Flames, Blaze Bailey, Doro Pesch, entre outros. Claro que isso também faz parte da aprendizagem. De igual forma, os meus álbuns a solo também nos abriram muitas portas, na medida em que alguns se dirigiram a um público que, embora não sendo necessariamente fã de Heavy Metal, gosta de Hard Rock, de música mais easy-listening, abordagem em que a minha produção a solo se enquadra. Como deves imaginar, crescemos a ouvir música Rock desde os anos 70, portanto apanhámos muitas influências dessa época, também. De resto, continuamos a dar aulas e a produzir outras bandas. O Jorge mante-se sempre a pintar e a expor quadros e o Luís tem estado na Direção técnica do Coliseu do Porto. Isso também nos ocupa muito tempo, imaginas.

Dico – Entretanto, a banda começou a preparar a reedição dos dois primeiros álbuns e o lançamento de um documentário + concerto em DVD + álbum ao vivo, tudo registos a lançar no final do ano. Como surgiu a ideia para estes projetos? PB - Ao longo destes anos fomos registando muito material que, penso, tem interesse na história da banda. Para assinalar os 40 anos resolvemos editar todos estes formatos para os fãs guardarem. Julgo que ficarão surpreendidos com muitos episódios de bastidores e relatos de acontecimentos caricatos e engraçados. Em princípio, as reedições dos primeiros dois álbuns serão apenas em CD e finalmente vamos ter um álbum e um DVD ao vivo. A razão é simples: só há poucos anos foi possível gravar em boas condições.

Dico – Em entrevista exclusiva do Paulo à Versus Magazine em dezembro de 2019, ele dizia que optaram por deixar nas gravações do espetáculo incluso no DVD (em que interpretaram na íntegra o Kingdom of Lusitania) “os enganos de execução” e “as gafes”, sublinhando que “não haverá overdubs”. Esta é uma decisão louvar numa banda com executantes de excelência como os Tarantula. Decidiram fazer a diferença num tão vasto universo de registos ao vivo cuja esmagadora percentagem beneficia de “retoquezinhos mágicos”? PB – O DVD foi gravado no festival Laurus Nobilis e está cru, sem qualquer arranjo ou retoque, mas o CD cd ao vivo foi retocado no som. Ao vivo somos muito old school, não usamos track ou playbacks. Temos um som muito true, pois ouves somente uma guitarra, um baixo, uma bateria e vozes.

Dico – A banda concentrou-se ainda na composição do novo álbum que, segundo declarações exclusivas do Paulo nessa mesma entrevista à Versus, já se encontrava totalmente composto e pronto a gravar, mas que dizia não prometer que fosse “realmente feito ou mesmo lançado”. O que é que presidia a esta incerteza? JM – Na altura, devido a compromissos de vária ordem não foi possível obter a total disponibilidade de alguns elementos. Gravar requer algum tempo, portanto, só avançámos quando se reuniram as condições necessárias para tal. Nada foi, alguma vez, forçado. Aconteceu quando tinha que acontecer.

Dico – Entretanto, a Larvae Records surgiu como vossa nova editora. Quem chegou a quem e de que forma decorreu o processo? PB – O Zé Pedro da Larvae contactou-nos para reeditar os primeiros álbuns e lembrámonos de lhe perguntar se estaria interessado em editar os outros trabalhos que tínhamos em agenda para este ano. Ele disse prontamente que sim e aqui estamos. Somos amigos de longa data e a Larvae está a desempenhar um papel importantíssimo dentro da cena Heavu Metal deste país.

Dico - O actual contexto pandémico envolve uma grande incerteza e adaptação de todos nós. Além das edições de que já falámos, que planos existem para os Tarantula no âmbito da pandemia e no pós-pandemia? JM – É verdade. Vivemos tempos difíceis e, como disseste, temos

de nos adaptar da melhor forma possível. Temos esperança que a situação melhore, mas não depende só de nós e, como se sabe, a arte nas suas mais diversas vertentes tem sido dos setores mais afetados. Neste momento, além de termos lançado os singles «Storm» e «The Flame Is Still Alive», que antecedem o lançamento do álbum no dia 1 de maio. Encontramo-nos igualmente a preparar alguns conteúdos que servirão de apoio à promoção e divulgação. Quanto a espetáculos, temos o Vagos Metal Fest no dia 30 de julho. Outros há ainda com data por definir por razões óbvias. Entretanto, podem consultar a nossa página oficial (https:// tarantula.pt/) e a página do Facebook (www.facebook.com/ Tarantula.Official), onde terão acesso a todas as informações e novidades.

Eduardo – O álbum foi todo gravado, misturado e masterizado no vosso estúdio [Rec’N’Roll]. Não sei se já ouviram falar da Loudness War, mas há uns tempos entrevistei o Dan Swano acerca disto - http://www.metal-fi. com/man-talks-loudness-war/ - e eu como sou um gajo dado (e curioso) a estas coisas, gostaria de saber como abordaram estas características, volume de som Vs dinâmica, neste álbum. Luís Barros [LB] - Infelizmente, a "loudness war" é um mal necessário. Por vezes, pode mesmo arruinar um disco, quando não se sabe o que se está a fazer. O mais importante é não retirar a dinâmica ou a sua perceção. No entanto, há algo bem mais preocupante, que é a assustadora perda de referências. Há muita gente que, hoje em dia, apenas "ouve" música no telemóvel, mesmo que disponham, em casa,

“Muita gente não faz a mínima ideia do que é um produtor. Há quem julgue que é o fulano que gravou ou misturou aquilo. Esse é o engenheiro de som.

(Luis Barros)

de sistemas hi-fi decentes, capazes de reproduzir com muito melhor qualidade. O digital tem imensos problemas no que diz respeito ao detalhe. O sustain (prolongamento) dos instrumentos é, por vezes, seriamente afetado. O mesmo sucede com a reverberação ou espacialidade. Há, também, hoje em dia, uma enorme tendência para nos tornarmos reféns da utilização de plugins, simuladores, etc., tornando tudo muito igual e despido de caráter. Posso dar como exemplo a gravação de guitarras. Pessoalmente, continuo a gravar com amplificadores, colunas e, pelo menos, 3 microfones diferentes. É a única forma de obter um som verdadeiramente orgânico. É uma receita fantástica, se tiveres um bom guitarrista. Outro instrumento que não se dá bem com o processamento digital são os pratos de bateria. Incomodame profundamente ouvir uma gravação em que os pratos se prolongam por breves instantes ou melhor não se prolongam de todo. De repente, parece que tens um cobertor em cima da bateria e há quem ache isso normal. Talvez nunca tenham ouvido um prato a soar. De qualquer forma, tudo isto são ferramentas. O mais importante é que tenhas gente que realmente saiba tocar bem e compor de forma a tirar o melhor som dos instrumentos. Sem isso, nada feito.

Eduardo – Algo que também suscita a minha curiosidade: vocês usam metrónomo tanto em estúdio como ao vivo? LB - Em estúdio sim, quase sempre, dependendo dos temas. Ao vivo, nunca. Não fazemos playback com backing tracks e o baterista parece ser competente [risos]. A nossa abordagem sempre foi baseada na naturalidade da interpretação, em cada momento. Acho que é isso que as pessoas querem ouvir num concerto. Para ouvir o que está no disco, recorrendo a playback, então será melhor ficar em casa e ouvir o disco. Eduardo – …e mais uma vez para fazer um pouco de serviço público – vocês recomendam às bandas começar a tocar com metrónomo ou seguir os instintos? LB - Isso é muito relativo. Depende do estilo e depende muito da competência do baterista, que, normalmente, é o relógio. Para gravar, a utilização de metrónomo é, normalmente, essencial. Se quiseres trabalhar com loops, é obrigatório. Mas, repito, está muito dependente do género musical. Apenas posso dizer que devem ser capazes de tocar com ou sem um click track. Na altura de gravar, a decisão deverá ser sempre do produtor. Afinal, é ele que manda.

Eduardo – Vocês têm o Estúdio/ Escola Rec 'n' Roll e devem receber muitas bandas para gravar e produzir. Já vos aconteceu recusarem um trabalho pela falta de qualidade da banda? LB – Sim. Não se pode aceitar tudo, independentemente do retorno financeiro. Mas posso dizer-te que já fizemos algumas coisas com muito sacrifício. Acho que a falta de qualidade é algo subjetivo. Incomoda-me mais a atitude de certos “músicos”. Muita gente não faz a mínima ideia do que é um produtor. Há quem julgue que é o fulano que gravou ou misturou aquilo. Esse é o engenheiro de som. O que acontece, é que, muitas vezes, são a mesma pessoa. O produtor é o realizador do filme, os músicos são os atores. Agora imagina um filme com um elenco de luxo, mas sem realizador. Algo vai garantidamente correr mal. Ou imagina um ator que não ouve o que o realizador lhe diz… provavelmente também algo correrá mal. Ou seja, já gravei muitos trabalhos em que colocaram o meu nome como produtor e eu não produzi nada. Apenas fiz a melhor das misturas, dentro do tempo disponível. Acima de tudo, tens de ter uma relação de confiança e alguma maturidade ou o processo acabará numa guerra de egos com todos à “cabeçada”. A única certeza que tenho é que o produtor é a única pessoa que sabe, desde o primeiro dia, qual será o resultado final de um disco.

Eduardo – Os Tarantula estiveram uns anos ligados à AFM Records e, nesse tempo, trabalharam com o Tommy Newton, que uns anos antes produzira os Keepers dos Helloween. Se estou a ver banda a ser produzida pelo Tommy eram vocês. Ainda se lembram como surgiu essa oportunidade e como foi trabalhar com um produtor que não o Luís? LB - Foi uma experiência magnífica. O Tommy foi a nossa primeira escolha. Encaixava como uma luva. Havia outro nome, muito em voga na altura, mas percebemos que o conceito estático não era o mais adequado aos Tarantula. Tens de ter confiança no produtor, deixálo trabalhar e o Tommy é uma pessoa extremamente perspicaz. Já conhecia o nosso trabalho e soube qual o caminho a tomar para retirar o melhor da banda. Acima de tudo, foi um olhar fresco e imparcial, o que nos ajudou imenso. Uma coisa é haver um elemento da banda a dirigir, outra coisa é haver um elemento exterior, mas que fala a mesma linguagem. Isso credibilizou-me imenso no seio da banda e fê-los perceber que, afinal, os métodos não eram assim tão diferentes… A partir daí, fiz o Metalmorphosis quase a meias com o Tommy e passei a ser respeitado dentro da banda! [risos]

Dico & Eduardo - Os Tarantula cumprem este ano 4 décadas de carreira. Que balanço fazem deste longo percurso? LB - Não sei o que dizer… A sensação é maravilhosa. É fantástico chegar aqui, com toda a dignidade e coerência que nos é reconhecida. Acima de tudo, é desfrutar de um verdadeiro sucesso de carreira e perceber, com inteligência, o que isso é. Quando a postura é outra, podes achar que tens sucesso só porque és famoso, mas a fama passa, o respeito não. Vivemos momentos

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