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Nasce a Independência AM

Ocalmo cenário radiofônico em Rio Preto começa a ser afetado em dezembro de 1962 com a inauguração da Rádio Independência, que trouxe uma programação diferenciada em comparação com o rádio do interior na época. A televisão também estava se instalando e havia uma certa concorrência no ar com a chegada desse novo meio de comunicação em 1963. Os donos da Independência AM, o deputado federal Maurício Goulart (PTN) e Júlio Cosi, ex-diretor da Rádio América e fundador da Jovem Pan, implantaram em Rio Preto um estilo de rádio com melhor qualidade técnica e programas mais sofisticados e urbanos. Priorizou-se a formação da equipe de esportes. Para a inauguração, o deputado Maurício Goulart trouxe o então presidente da República João Goulart. Além de estúdios, central técnica e escritórios, foi construído um pequeno auditório dentro da emissora (Auditório Coutinho Cavalcanti), que na prática funcionava como boate, contando com barman, bebidas e música ao vivo. Era algo totalmente inovador.

Outra novidade da Independência era a Crônica do Dia, bem cotada de audiência, sempre às 12h10, quando a cidade almoçava. Textos da escritora Dinorath do Valle e de outros autores eram lidos todos os dias e enfatizados pela voz límpida do locutor Petrônio de Ávila para as famílias reunidas à mesa do almoço ao lado do aparelho de rádio. O sucesso era tanto que o jornal A Notícia publicava a crônica no dia seguinte. Mudanças: no final da década de 1960, foi vendida para os sócios Alexandre Macedo, Alberto Cecconi e Rubens Muanis. Nos 15 anos seguintes, o trio manteve-se à frente da Independência AM e instalou uma FM em 1974. Em 1985, foi novamente vendida para o empresário José Luiz Spotti; cinco anos depois, Spotti a vendeu para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que colocou no ar uma programação religiosa. Foi o fim da linha para uma das mais importantes emissoras do interior paulista: a Independência AM foi transformada em púlpito eletrônico e Rio Preto perdeu a emissora de rádio que falava para todos, ricos e pobres, amantes do esporte ou apenas da notícia, sem distinção de credo religioso. As outras rádios pioneiras, Difusora e Cultura, que pertenciam à Rede Piratininga de Rádio, tiveram o mesmo destino da PRB-8: foram cassadas durante o regime militar e não voltaram mais. Não sobraram registros sonoros da fase áurea do rádio rio-pretense, pelo menos é o que garantem aqueles que viveram naquela época. O que mantém a história do rádio reconhecida, amada e prestigiada são seus antigos radialistas, muitos hoje fora do ar, mas em dia com a memória radiofônica. O que queremos é que essa história vibrante não caia no esquecimento. Em 1975, o próprio Adib Muanis criou na Rádio Independência o programa policial Hora Fantástica, para o horário das 16h às 17h. Anos depois, Clenira Sarkis entrou para a equipe e assumiu o microfone com muita bravura, inclusive transmitindo de dentro do Cadeião de Rio Preto.

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Reprodução/Arquivo Público de São José do Rio Preto

O jornal Diário da Região, edição de 8 de dezembro de 1962, anunciava a inauguração da rádio Independência para aquele dia

Reprodução/Arquivo Público de São José do Rio Preto

A edição de 11 de dezembro de 1962 do Diário da Região trazia ampla cobertura da inauguração da rádio Independência, ocorrida no dia 8 de dezembro de 1962

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