4 minute read
Família Muanis, a trinca de ouro que o rádio ganhou
Três irmãos notáveis em matéria de comunicação e um quarto filho jornalista e comunicador de TV: esse é o legado da família descendente de imigrantes libaneses que veio para o Brasil em busca de trabalho e de oportunidades. Os libaneses sabiam que aqui encontrariam uma condição que lhes faltava na sua terra natal: a paz, a principal garantia do novo país. Estabelecidos na região de Rio Preto, os Muanis foram aumentando a família e fincando as raízes no trabalho. Cada um dos filhos nasceu em uma cidade diferente: Adib em Abre Campo (MG); Rubens em Palmares Paulista (SP); e César em Altair (SP). ADIB MUANIS (1925-2018) – Com seus irmãos mais novos, Rubens e César Muanis, ele integrou um elenco de celebridades que moldaram o estilo, a audiência e a perpetuidade do rádio rio-pretense. Nascido na mineira Abre Campo e criado em Onda Verde (SP), fez carreira em Rio Preto, começando na PRB-8 em 1948 como locutor comercial. Logo revelou criatividade para abrir
Reprodução/Álbum Astros e Estrelas do nosso Rádio/Dezembro de 1957/Zacharias Waldomiro do Vale
Advertisement
Adib Muanis estava à frente de A Tenda do Adib, programa que arrebatou multidões
novos programas, criando o Sonho do Oriente, uma mistura de música oriental, poesias, naturalidade ao microfone e carinho para com os anunciantes e ouvintes, o que foi lhe rendendo mais comissões e clientes. Habilidoso como todo bom libanês, era um ás no microfone; dominava-o com perfeição e intuição. Outros programas vieram na sequência: Cortina Romântica, Música, Poesia e Romance, Clube da Cirandinha, Tenda do Adib, Salão de Conferências, entre outros. Fez coberturas históricas de acontecimentos da época, como o 1º Congresso Eucarístico da Diocese de Rio Preto (1940) com a presença do arcebispo de São Paulo; o enterro dos corpos dos 59 estudantes que morreram afogados no rio Turvo (1959); o enterro do prefeito Alberto Andaló (1960), um funesto roteiro de 33 horas, desde o velório na Câmara Municipal até os discursos à beira do túmulo; e a inauguração de Brasília (1960), uma façanha que cumpriu ao lado do radialista Paulo Serra Martins, dadas as condições primitivas da aparelhagem de som (pesava 30 kg), com gravadores e as grandes distâncias percorridas a pé entre os prédios da Capital Federal, até então pouco povoada. Tudo era longe na principiante capital do Brasil. Adib também atuou nas emissoras Piratininga, Cultura, Brasil Novo, Difusora e Independência, aposentando-se do rádio para trabalhar no jornalismo impresso, meio no qual também teve participação ativa, como diretor de redação e sócio-proprietário do jornal Dia e Noite (1978-1981) e jornalista nos jornais Participação, Diário de Ribeirão Preto, Diário de Carajás (Conceição do Araguaia, PA), A Tribuna Regional e O Congressista. Foi cronista na Folha de Rio Preto e colaborador de outros jornais rio-pretenses. CÉSAR MUANIS (1937-2013) – Nascido em Altair, foi radialista, jornalista, escritor (autor do livro Rio Preto Branco), colunista social, locutor, humorista, cantor de boleros e tangos no grupo musical Tangolero e apresentador de programas. Junto com seus dois irmãos, foi imprescindível no rádio. Iniciou a carreira (1956) como locutor comercial e apresentador de programas musicais na PRB-8, na qual já
Reprodução/Álbum Astros e Estrelas do nosso Rádio/Dezembro de 1957/Zacharias Waldomiro do Vale
César Muanis chegou a ser diretor do programa Clube da Cirandinha, na PRB-8
trabalhavam seus irmãos Adib e Rubens. Também comandou o Clube da Cirandinha. Em 1964, na rádio Piratininga, lançou o Ronda Social, um embrião do colunismo social eletrônico, com informações curtas e interessantes sobre os eventos da sociedade da época. Foi o primeiro a fazer colunismo na TV e imprimiu um estilo descontraído, com assuntos bem apurados e muito capricho no texto. Inclusive essa era a marca registrada dos irmãos Muanis, tudo o que faziam era de qualidade, um trabalho refinado e de bom gosto. Assinou coluna social nos jornais Diário da Região, Folha de Rio Preto e Diário de São Paulo. Era homem de TV também, apresentando programas na Record, na Bandeirantes e no Canal 16 – TV da Cidade (local). Foi editor-chefe do jornal DHoje em 2007. Durante 30 anos, foi um charmoso cantor e integrante da companhia Tangolero, de música e dança, que levava a todo canto do País (e até da Argentina) um grupo de bailarinos, bailarinas e cantores rio-pretenses. Participou da gravação do disco de tango Tangolero. RUBENS MUANIS (1929-) – O segundo Muanis nasceu em Palmares Paulista e decidiu adotar um nome artístico, porque achava que seu sobrenome era estranho por ser estrangeiro: cortou um ’a’ e passou pela história como Rubens Munis. Versátil, começou na PRB-8 como locutor comercial e operador de áudio; foi vendedor de anúncios publicitários, ator de radionovelas, cantor, narrador, repórter e comentarista esportivo. Trabalhou nas rádios PRB-8, Piratininga e Cultura no período de 1952 a 1969. Radialista e jornalista, foi diretor-proprietário das rádios Independência AM/FM e Rádio Clube Fronteira (MG), de 1970 a 1981. Dirigiu o jornal Folha de Rio Preto (1980-1985) e atuou nas rádios Onda Nova FM e Brasil Novo. Fazia entrevistas inteligentes ao microfone com políticos e celebridades do mundo artístico e cultural.
Reprodução/Álbum Astros e Estrelas do nosso Rádio/Dezembro de 1957/Zacharias Waldomiro do Vale
Rubens Muanis comandou o primeiro programa esportivo diário da PRB-8, chamado A Marcha do Esporte