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Fé e reverência nas ondas do rádio

Não há como negar que o rádio sempre foi cerimonioso e reverente para com as autoridades da cidade – inclusive as eclesiásticas. Durante anos, monsenhor Leibenites Cesário de Castro, então cura da Catedral, conseguiu transmitir suas novenas em louvor a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro por meio de todas as emissoras locais, sem distinção. Além disso, às 18h, a maioria delas transmitia a Oração da Ave Maria. Na PRB-8, a encarregada de fazer a apresentação era uma religiosa muito simpática e já velhinha, a Irmã Isaltina Maria, cujo nome não era pronunciado sem que estivesse acompanhado da identificação da Ordem à qual pertencia: missionária de Jesus Crucificado. Em uma certa tarde de sábado, ao chegar à emissora para a oração, a Irmã Isaltina notou que o locutor do horário, César Muanis, permanecia sentado à mesinha do estúdio, ao contrário do que fazia habitualmente, quando aproveitava essa brecha e saía do estúdio para telefonar para as namoradas. Compenetrado, César rezou com ela a Ave Maria e o Pai Nosso,

persignou-se na hora do “Em Nome do Pai...” e ficou sentadinho até a freira terminar, despedir-se e ir embora. “Que milagre seria aquele?”, perguntava-se, do outro lado da técnica, o sonoplasta Zezão. Alguma súbita tentativa de remissão de pecados, suspeitou. Nada disso: César, que morava em um quartinho nos fundos da rádio, havia acabado de tomar banho e decidiu voltar ao estúdio, vestindo cuecas, para fazer a leitura de um anúncio; porém, antes que tivesse tempo de terminar de vestir-se, foi surpreendido pela chegada da religiosa.

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