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>>Maio >>ano I >>Director: António Pedro

>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

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Produção Produtos angolanos desfilam no Kero

Consumidor africano Conheça-o em 10 tópicos

O QUEBRA-CABEÇAS DAS ANÁLISES LABORATORIAIS 01-02 Capa.indd 1

Investimento

Nosso Super investe 100 milhões USD

E ainda… • Aposta Delta em Angola • A opinião VIP • As novidades do mercado nacional

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editorial Haja mais respeito pelo consumidor final!

H

á semanas que os consumidores em Angola enfrentam um dilema anormal, que surgiu devido a uma divergência de informação analítica de dois laboratórios considerados de prestígio, ambos reclamando que fazem recurso ao que de melhor existe no mundo das tecnologias laboratoriais físico-químico e micro-

biológico. A empresa privada Bromangol foi contratada em exclusividade pelo Serviço Nacional das Alfândegas para prestar serviço de avaliação de análises de alimentos importados em Angola durante cinco anos, principalmente para perecíveis, por constituírem parte considerável da dieta alimentar da população. Após um trabalho analítico de Janeiro a Março de 2013, este laboratório privado remeteu os resultados ao seu contratante, as Alfândegas. E qual foi o resultado? Do total de produtos alimentares importados no primeiro trimestre deste ano, a Bromangol analisou cerca de 20%. Do total de produtos analisados, resultou que mais de 80% das amostras recolhidas nos armazéns de importadores apresentam características impróprias para consumo humano. A notícia distribuiu o pânico entre importadores. Acredite, caro leitor, que não se trata de uma distribuição moderna, pois muitos já questionavam se valia a pena continuar a manter os seus fornecedores tradicionais ou firmar parceria com outros. E, eventualmente, se em compras anteriores adquiriram gato por lebre mas os laboratórios requisitados não constataram a anomalia. A Bromangol defende-se como pode afirmando que o seu laboratório está certificado com a norma ISO 17025, que, segundo analistas em círculos mais restritos de Luanda, é das mais requintadas normas em termos de atribuição de qualidade a nível internacional, actualmente, e é muito difícil de se obter face aos requisitos de auditoria que são exigidos sobre um laboratório, pois, se não fosse, todos laboratórios do género licenciados em Angola teriam tal norma como sua bandeira. Entretanto, o Laboratório Central Agro-Alimentar, tutelado pelo Ministério da Agricultura, “desdramatizou” o estudo da Bromangol remetido às Alfândegas, aludindo, num documento, que as suas instalações dispõem também de infra-estruturas, de equipamentos e de pessoal necessário para levar a cabo análises microbiológicas e químicas que permitem a detecção de microrganismos indicadores, microrganismos patógenos, contaminantes e possíveis variações na composição de alimentos requeridos pela necessidade de realizar um controlo exaustivo dos mesmos. O documento do LCAA afirma que, “neste momento, os produtos importados não são por si só o maior perigo para a segurança alimentar em Angola”, mas as condições inadequadas

ANTÓNIO PEDRO, Director

a que estes são submetidos. É o caso de armazenamento deficiente, rotura da cadeia de frio, venda em mercados de rua sujeitos ao ambiente envolvente. O laboratório da Agricultura atesta que possui recursos tecnológicos disponíveis somente nos melhores laboratórios da Europa, tendo desde Novembro de 2012 até Maio corrente já analisado 8189 amostras (40 das quais foram dadas como impróprias para consumo humano), perfazendo cerca de 50 mil análises. Possui 80 colaboradores, entre os quais alguns são técnicos. Ora, a Bromangol, quando fala em estatísticas, assume que no primeiro trimestre deste ano fez recolha de 2700 amostras que geraram 3525 resultados microbiológicos e 8530 resultados físico-químicos, que totalizam 12 055 análises. Antes de a Bromangol surgir no mercado, os dois laboratórios de referência no mercado nacional, entre um total de 60, eram os dos ministérios das Pescas e da Agricultura. Apesar desta aparente vantagem, o director do Serviço Nacional das Alfândegas, Sílvio Burity da Silva, e o presidente do Codex Angola, Gomes Cardoso, admitiram, em 2010, em ocasiões diferentes, que, dos quatro laboratórios autorizados a fazer análises, nenhum estava certificado a nível internacional. Na altura, Burity da Silva anunciava que uma empresa, a Bromangol, estava a montar estruturas com nível internacional, que inicialmente teriam capacidade mensal para produzir sete mil análises, mas aumentou neste ano para 45 mil. Não se sabe ao certo se tal aviso de Burity da Silva terá forçado a Agricultura a modernizar o seu laboratório, o que veio a concretizar-se em Junho de 2012. Voltando ao assunto da conclusão de análises feitas pela Bromangol no primeiro trimestre, submetidas às Alfândegas e desmentida pelo LCAA, é importante que o Ministério do Comércio faça alguma coisa, através do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), diante de uma situação que coloca cerca de 18,5 milhões de consumidores em todo o País reféns de duas teorias/posições. Já bastam os portos de Cabinda, Soyo, Lobito e Namibe, e os postos aduaneiros de Calai, Katuitui e Kuangar (no Kuando Kubango), Calueque, Ruacana e Santa Clara (no Cunene), Massabi e Yema (em Cabinda), Luau (no Moxico) e Noqui (no Zaire), onde produtos perecíveis não encontram laboratórios credíveis das Alfândegas para comprovar a qualidade da comida que chega à mesa dos consumidores. Quem está a dizer a verdade? Se a Bromangol faltou com a verdade, deve ser chamada à razão, e se o LCAA encobriu interesses alheios, deve merecer também o correctivo apropriado. Haja mais respeito pelo consumidor final!

ficha técnica DIRECTOR António Pedro • DIRECTOR EXECUTIVO Victor Jorge • DIRECTORA GERAL DE REVISTAS Nilza Rodrigues CONSELHO DE GERÊNCIA Alexandre Mealha COLABORAM NESTE NÚMERO Aylton Melo, Diógenes de Oliveira, André Samuel, Ana Sampaio, José António Rousseau, Shynia Jordão, Didier Collignon, Joaquim Reis FOTOGRAFIA Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia Onde PROJECTO GRÁFICO Rui Sampaio • IMPRESSÃO Printer • DISTRIBUIDORA VASPE, SA • DIRECÇÃO COMERCIAL Tânia Vasconcelos, Carina Amuedo, Cátia Amado DIRECÇÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca CONTACTOS 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola CONTACTOS E-MAIL distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao REPRESENTAÇÃO EM PORTUGAL Estratégia Media • DIRECÇÃO-GERAL Nilza Rodrigues • DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 REGISTO MCS-520/B2009

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índice #

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QUIZ

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DISTRIBUIÇÃO

06-09 Comida à mesa só depois de aprovada em laboratório 10 Fórum de negócios alemão-angolano sem players do retalho moderno 12-13 Produtos nacionais “desfilam” na primeira feira do Kero 14-15 O consumidor africano em 10 pontos 16 Opinião Diógenes de Oliveira, presidente da Associação Angolana dos Directos

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do Consumidor (AADIC)

17 Nosso Super duplica investimentos para 100 milhões USD até 2015 18-19 Alimentar impulsiona resultados da Sonae 20 Empresas britânicas em Lisboa à procura de parceiros para Angola 20 Opinião Ana Sampaio, agente oficial e chefe do Cabinet JE Dias Costa 22-23 Produtos importados sobem de preço na rede grossista 24 ADN da Distribuição

26

PRODUÇÃO

34

BEBIDAS

26

26-28 Produção gera menos receitas que retalho 30 Opinião Shynia Jordão, economista 34-35 Entrevista Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Delta Cafés

36 TRANSPORTES

36 Cansaço e descuido na origem da maioria dos acidentes

38 TECNOLOGIA

38 Etiquetas nano 39 Opinião Didier Collignon managing partner, Greenwich Consulting

40 42

34

NOVIDADES DE PRODUTO OPINIÃO

42 Opinião Joaquim Reis Ph.D., professor no IPAM, the marketing school, Lisboa. Coordenador do IPAM Lab, Lisboa. Investigador no UNIDCOM, IADE, Creative University

44 46

VIP LEITURAS

46 Os Tempos Hipermodernos 46 Promoção de Vendas e Comunicação de Preços

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quiz Qual o valor máximo a pagar pelas análises aos produtos importados? a) 250 000 Kz b) 400 000 Kz c) 150 000 Kz d) 20 000 Kz

Qual deverá ser o aumento da economia angolana em 2013, segundo o FMI? a) 9,2% b) 4,7% c) 6,2% d) 5,5%

4

O Kero pretende abrir a maior loja da província de Luanda e do País até ao final do ano. Qual será o tamanho desta unidade? a) 7500 m2 b) 12 000 m2 c) 13 500 m2 d) 10 000 m2

Respostas: 1 a); 2 c); 3 c); 4 d).

1 2

3

Quantas lojas irá abrir o grupo Teixeira Duarte em Angola, em 2013? a) 7 lojas (duas Bompreço e cinco Maxi) b) 3 lojas (uma Bompreço e duas Maxi) c) 4 lojas (uma Bompreço e três Maxi) d) 2 lojas (duas Maxi)

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distribuição

/análises

Fórum de negócios alemão-angolano sem players do retalho moderno

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Produtos nacionais “desfilam” na primeira feira do Kero

A entrada de alimentos perecíveis em Angola, incluindo peixe, carne, frango, sem descurar o leite, o vinho, os ovos e o queijo, desde sempre foi um processo normal submetido à análise laboratorial. Contudo, o surgimento de um laboratório privado neste processo, integrado nas Alfândegas, fez entornar o caldo sobre a mesa, quando o mais recente relatório do Serviço Nacional das Alfândegas espelhou que mais de 80% das amostras recolhidas nos armazéns de importadores apresentam características impróprias para consumo humano.

Comida à mesa só depois de aprovada em laboratório >> texto: António Pedro >> fotos: DR

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m que condições de higiene e sanidade chegam à mesa os alimentos perecíveis, principalmente, adquiridos pelo consumidor final nas superfícies comerciais de pequena, média e grande dimensão, ou até consumidos nos restaurantes e nos hotéis, sem retirar da lista os mercados formais menos organizados? Esta inquietação resulta de um aturado trabalho levado a cabo pela empresa Bromangol, proprietária do referido laboratório, mas ignorada por um outro laboratório afecto ao Ministério da Agricultura,

considerando, nas entrelinhas, através de documento a que os media tiveram acesso, que está tudo bem, e que a contaminação se deve, sobretudo, às péssimas condições logísticas de armazenamento. Em 2010 e 2011, Angola importou mais de 666,7 mil toneladas de carne e miudezas, segundo dados do Conselho Nacional de Carregadores, estimando-se que, fruto da conjuntura nacional, atendo-se a dados do Ministério da Agricultura, a produção interna tenha ficado abaixo de 5% desta quantidade.

Uma vez que o CNC não divulgou dados absolutos, na íntegra, do primeiro trimestre do ano corrente, fica-se pelo último semestre do ano passado, onde a importação de carne registou 187,6 mil toneladas, enquanto os ovos chegaram a 27 mil toneladas (540 milhões de ovos). Sem colocar de parte a importação de leite, vinho, queijo, peixe e demais produtos perecíveis, principalmente, a carne figura, desde os últimos anos, no top 10 dos produtos importados. As quantidades de produtos são descritas

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O consumidor africano em 10 pontos

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aqui, para se ter ideia profunda da quantidade de alimentos que entram no mercado nacional para satisfazer a dieta alimentar da população em todo o País. O laboratório que elaborou análises de produtos importados no primeiro trimestre do presente ano, com particularidade para a carne, o leite e outros produtos, remetendo os dados às Alfândegas, por força de um acordo de prestação de serviço, concluiu que, sobre os testes realizados em 20% dos bens alimentares importados, entre Janeiro e Março passados, mais de 80% das amostras recolhidas nos armazéns de importadores apresentam características impróprias para consumo humano. Pior que isto é o facto de a Bromangol recolher amostras de produtos importados, e sem as análises estarem concluídas estes seguem para o mercado para comercialização e consequente consumo. É o que acontece, todas as semanas. No caso de os resultados de análises alertarem sobre contaminação de alimentos importados, é provável que já tenham sido comercializados. Na óptica do despachante oficial António Madaleno, à Radio LAC, num debate com a directora-geral da Bromangol, do administrador do Mega – Cash & Carry e do empresário Carlos Ferreira, os resultados das análises do referido laboratório devem ser tornados públicos, uma vez que se trata de um atentado à saúde pública da população que reside em Angola. Nesta vertente, o empresário Carlos Ferreira advoga que as empresas Cotecna e SGS, contratadas pelo Governo em 2006 para prestarem serviço de inspecção pré-embarque, na origem, devem ser responsabilizadas, face aos contratos milionários firmados entre estas e o Governo. A directora do laboratório da Bromangol, a empresa privada contratada pelas Alfândegas para analisar todos os produtos alimentares que entram em Angola, revelou que, na recolha de 2700 amostras que geraram 3525 resultados microbiológicos e 8530 resultados físico-químicos, no primeiro trimestre do ano em curso, se observou quantidade enorme de bactérias patogénicas. “São casos muito sérios dos resultados que estamos encontrando, o caso da salmonela, que é grande causadora da febre tifóide”, afirma Maria Paula, admitindo que este caso não só foi encontrado em carne de búfalo importada, recentemente, a partir dos EUA, divulgado num comunicado das Alfândegas, como noutras oriundas de vários países. “Se o produto está infectado com salmonela, é porque em algum momento teve contacto com muita porcaria, porque salmonela é coliforme fecal. A febre tifóide é um problema muito sério aqui em Angola, muita gente morre, e o Governo gasta mui-

Nosso Super duplica investimentos para 100 milhões USD até 2015

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Alimentar impulsiona resultados da Sonae

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Empresas britânicas em Lisboa à procura de parceiros para Angola

to dinheiro com a saúde pública”, detalha Maria Paula Parmigiani. Para o presente ano, o Orçamento Geral do Estado aprovou 65,7 mil milhões Kz (cerca de 684,3 milhões USD) para gastar em despesas com serviços, protecção e programas de saúde pública, face às muitas patologias causadas por vários factores, sem descartar a comida contaminada com bactérias mas que chega à mesa do consumidor final. Para além de salmonela, tem-se observado,

de determinadas empresas. É extremamente isento. São organismos independentes, e na Alemanha analisa-se tudo, desde bens alimentícios até brinquedos”, ressaltou. Entende que a população angolana consumidora merece o devido respeito, porque há produtos que são mal acondicionados, por isso, entende que, ao se abordar a temática custos de análise, é preciso compreender que os técnicos têm de ser pagos, é preciso investir-se na formação destes e em

em leite e peixe, contaminantes como arsénio, em quantidades enormes, que é um elemento cancerígeno, segundo o laboratório. Tal como refere o empresário Carlos Ferreira, reforçando a posição de Maria Paula, o problema vai reflectir-se daqui a anos quanto à longevidade do povo angolano, pois, segundo o Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017) do Governo, “a esperança de vida à nascença (nos indicadores objectivos até 2017) é de 55 anos”. Angola recebe produtos importados do mundo inteiro, cinco continentes estão envolvidos neste processo, e, segundo a directora-geral da Bromangol, o laboratório tem capacidade para gerar 45 mil resultados analíticos por mês. Os números actuais estão longe desta quantidade, e possui 139 técnicos formados no estrangeiro. A pretensão é de fazer um histórico de levantamento de dados sobre produtos alimentares que entram em Angola, pois, segundo as Alfândegas, todo o processo visa a protecção da saúde pública. O delegado da economia alemã em Angola, Ricardo Gerigk, esclareceu para esta revista que, no seu país, a maior economia da Europa, a instituição que zela pela fiscalização de produtos alimentares importados, pelas análises laboratoriais, é independente. “Não está ligada ao governo ou, então, se for uma entidade ligada ao governo, é menos comprometida com os interesses pessoais

equipamentos para se fazer análises. Ricardo Gerigk admite que já há no mercado empresas que trabalham de forma correcta, o que ajuda a promover a qualidade dos produtos que chegam ao consumidor final, uma tendência cada vez maior em Angola, de dar credibilidade às empresas de géneros alimentícios quanto aos seus fornecedores no estrangeiro.

QUEM DEVIA PAGAR ANÁLISES? Em função do Decreto Presidencial n.º 275/11, datado de 28 de Outubro, que aprovou o regulamento de análises laboratoriais de mercadorias importadas e de produção nacional, o Serviço Nacional das Alfândegas celebrou um contrato de concessão de serviço público com uma sociedade anónima, a empresa Bromangol, para levar a cabo as análises laboratoriais em questão. Esta é a primeira grande inquietação de importadores e despachantes, ao deparar-se com um novo formato no qual uma empresa privada é incorporada nas Alfândegas, e a segunda preocupação tem que ver com os preços de análises praticados. De acordo com Maria Paula Parmegiani, cada análise tem o seu custo. Para se determinar o preço, é feita uma avaliação de todos os itens que entram na análise, inclusive do treinamento de pessoal, dos reagentes, insumos e muito mais. “Temos análises que custam 130 USD, outras mais caras, de 400 a 600 USD. Para

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Produtos importados sobem de preço na rede grossista

retirar um contentor de carne, em média, faz-se seis a sete análises. Cada tipo de alimento tem o seu menu analítico, porque está sujeito a diferentes tipos de contaminação”, explicou. A controvérsia, na óptica de Estêvão Daniel, administrador do grupo Mega – Cash & Carry, um dos players mais recentes no mercado nacional da distribuição moderna, voltado para os segmentos retalho e grosso, é que, no período anterior à publicação do Decreto Presidencial n.º 275/11, os importadores não pagavam custos de análises e não se inteiravam sobre os seus preços. Madaleno é peremptório quanto ao decreto citado, pois colide com o n.º 3 do artigo 39.º do Código Aduaneiro, que atribui às Alfândegas o compromisso de assumir os custos das análises da Bromangol. O referido artigo estipula que “as Alfândegas, sempre que considerarem necessário para o cumprimento das suas obrigações previstas neste Código, podem proceder à análise das amostras extraídas das mercadorias, suportando o respectivo custo, excepto nos casos em que, por força da peritagem realizada, se verifique que a declaração contém incorrecções quanto à classificação, quantidade, qualidade ou quanto ao valor das mercadorias, devendo, neste último caso, o declarante suportar o custo da peritagem”. É nesta vertente que o despachante oficial justifica que um importador só pagaria caso enganasse as autoridades, e, em caso de suspeita, procedia-se à peritagem para averiguar a qualidade do produtos e a veracidade de informações nos documentos de importação. “Eu tenho casos de pagamentos e cento e tal mil dólares de análises de amostragens”, lamentou, ao explicar que basta a abertura de contentor para recolha de amostras, ainda que se tenha 100. Com o surgimento de uma nova filosofia de trabalho dentro das Alfândegas, o administrador do Mega – Cash & Carry sugere a necessidade de se rever o enquadramento técnico, de modo a se evitar embaraços, defendendo que, apesar dos constrangimentos, “devemos ver a defesa da qualidade do consumo alimentar feito em Angola, para que haja mais saúde”. Carlos Ferreira realça que a Bromangol não é culpada da situação que decorre, porque, se o cliente é o importador, seria a este que se devia entregar o certificado de análise, mas, como são acordos firmados, infelizmente persiste este imbróglio. “Se se trata de um interesse de saúde pública, porquê agravar-se o preço aos importadores? As Alfândegas são das instituições que mais dinheiro têm ganho neste País, porque é que não assumem o ónus deste custo?”, indaga Ferreira. #07

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distribuição /análises

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distribuição /fórum alemão-angolano

Fórum de negócios alemão-angolano sem players do retalho moderno Em causa estão factores estruturantes de organização de logística e uma classe média pouco expressiva, aliados ao facto de mais de 70% dos consumidores optarem pelo mercado informal do retalho alimentar e especializado da distribuição moderna. >> texto: António Pedro >> fotos: Edson Chagas

A

s 20 empresas de retalho que figuram no top 250 mundial não participam no 5.º Fórum Alemão-Angolano, que se realiza em Junho próximo, em Luanda, face à estruturação menos favorável do mercado angolano para o desenvolvimento das suas operações empresariais. A Distribuição em Expansão anotou este pormenor em conversa com Ricardo Gerigk, delegado da economia alemã em Angola. Um detalhe importante para atracção destes players é o relativo aumento da taxa demográfica da classe média de determinado país, em relação ao total da população. “Temos estatísticas que dizem que, anualmente, 5 milhões de pessoas em África entram para a classe média, a que tem poupanças para gastar em bens de consumo diversos. Agora, temos em Angola uma situação ainda muito ligada ao mercado informal, quase todos os grandes produtos que são consumidos pela nossa população, 70% são absorvidos pelo mercado informal”, justificou Gerigk. O facto de grandes redes de importadores de géneros alimentares optarem pelo mercado informal torna-se um embaraço para os grandes da cadeia mundial se enquadrarem localmente, face aos padrões a que estão acostumados nas operações de retalho alimentar e não alimentar moderno. Gerigk sublinhou que, nos últimos dois a três anos, se acentuou a tendência de se adquirir produtos e géneros alimentícios no mercado formal, e com a entrada prevista da nova pauta aduaneira e a fiscalização sobre produtos alimentares, através de análises laboratoriais, este quadro vai melhorar ainda mais. “A qualidade dos produtos é extremamente importante, e os grandes mundialmente

preocupam-se com este processo como forma de respeitar o consumidor”, atesta. Se tudo correr bem, na percepção do responsável de missão comercial alemã, vai-se gerar um processo que tornará o comércio em Angola mais formal. Como evidência deste processo, as grandes redes de supermercados estão a investir e continuarão a investir nas províncias, e a tendência nos próximos cinco anos é que 15% da população que actualmente procura pelo mercado formal venha a crescer de forma considerável. A partir do momento citado, entende que as grandes redes de abastecimento vão colocar os olhos em Angola, principalmente devido às grandes taxas de crescimento da população, porque hoje se tem em torno de 60% da população consumidora com idade igual a 30 anos de vida.

O QUE PODE MUDAR? A entrada de players alemães do retalho

moderno implica a venda de produtos de primeira linha, no que toca a qualidade, segundo Gerigk, insistindo que o crescimento da classe média em Angola vai ditar a sua entrada no mercado para o sector dos supermercados. No entanto, não arrisca avançar de que forma tais players conceberiam modelos de criação de produtos próprios, tal como acontece na Alemanha, onde os grandes supermercados possuem marcas próprias e cimentam concorrência do mercado. Outro detalhe que aflora é que, tal como na Alemanha, as pequenas lojas de retalho dos bairros foram “engolidas” pelos

Empresas alemãs presentes no TOP 250 do retalho mundial Empresa

Vendas (Mil. USD)

Lucros (Mil. USD)

Taxa de crescimento média (2006-2011)

Presença países

4

Metro

92 905

1 032

2,2%

33

7

Schwarz (Lidl)

87 841

n.d.

8,0%

26 17

8

Aldi

73 375

n.d.

5,5%

15

Edeka Zentrale

63 458

n.d.

6,1%

1

19

Rewe

56 123

371

6,4%

11 51

74

Otto

17 308

32

1,7%

88

Tengelmann

15 015

n.d.

-16,7%

14

121

C&A

9 421

n.d.

3,8%

20 11

134

dm-drogerie markt

8 614

n.d.

11,0%

137

Globus

8 660

n.d.

7,6%

4

141

Dirk Rossmann

7 313

n.d.

13,1%

6

167

Bauhaus

5 533

n.d.

7,0%

15

181

Deichmann

5 752

n.d.

8,8%

22

182

Celesio

32 072

8

1,8%

9

192

Douglas

4 715

121

4,7%

18

199

Karstad

4 505

n.d.

-6,4%

1

203

Pratiker

4 433

-773

0,1%

10

223

Hornbach-Baumarkt

4 158

107

4,6%

9

235

Norma

3 900

n.d.

3,1%

4

Fonte: Global Powers of Retailing 2013 (Deloitte)

grandes players. Em Angola, a falta de organização dos pequenos retalhistas, quanto à sua organização comercial, pode ditar suas sentenças. “Mas, se calhar, isto se concretizará num médio prazo, porque o País não é só Luanda.” Na prática, o consumidor passa a pagar mais caro por um produto, se adquirido no mercado formal destes playres, porque já passa do pressuposto que os produtos possuem uma certa qualidade e são fabricados com padrões de referência. “É difícil fazer um prognóstico, mas na Alemanha as grandes redes de supermercados acabaram com os pequenos mercados modernos (retalhistas) que havia em determinados bairros, porque o poder de barganha deles é muito grande e, hoje, empresas como a Aldi Einkauf e a Edeka Zentrale têm marcas próprias, e fica difícil para o pequeno comércio sobreviver. Daí o perigo dos monopólios. A vantagem é que as grandes empresas pagam mais os impostos, e as pequenas sonegam”, atesta. Ainda assim, a fiscalização em curso sobre os produtos alimentares em vigor em Angola, com este custo adicional, vai garantir para a população géneros alimentícios de qualidade, mas isto tem de ser feito de forma idónea sem defender interesses pessoais, seja com nacionais ou com grandes players que venham a entrar para o mercado.

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distribuição /Kero

Produtos nacionais “desfilam” na primeira feira do Kero O maior hipermercado de Angola organizou em Maio corrente uma feira nas redes Kero de Viana, Nova Vida, Kilamba e Lobito para juntar consumidores de diferentes estratos e incentivar o consumo de produtos feitos em Angola, quer do retalho alimentar, quer do não alimentar. Os consumidores atenderam à chamada e, com certeza, não se decepcionaram face à oportunidade de apreciar o que é produzido no País.

>> texto: António Pedro e Aylton Melo >> fotos: César Magalhães

A

capacidade de produção nacional foi posta em evidência, mais uma vez, mas na rede de hipermercados da marca Kero de 13 a 26 de Maio corrente. O objectivo foi o de atrair maior número de consumidores para se incentivar nestes a aquisição de produtos alimentares, principalmente, mas feitos em Angola. “Durante os dias de feira vamos aproximar produtores, artistas e outros profissionais dos consumidores. O objectivo é que em pouco tempo o evento seja considerado um dos maiores de apoio à pro-

dução nacional”, destacou o director-geral adjunto do Kero, Sérgio Nunes. A feira surge numa altura que o Governo criou o programa “Feito em Angola” para incentivar o consumo de produtos nacionais. Para António Nicolau, administrador do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), na inauguração do evento, é necessário diferenciar a produção local da importada, incentivando a primeira. As empresas que integrarem o programa terão a possibilidade de ver o selo “Feito em Angola” nos seus produtos, bem como

benefícios do INAPEM como a partilha de boas práticas de gestão e de melhoria de negócios. Grupos empresariais juntaram-se ao Kero e expuseram os seus produtos na feira. É o caso da Agrolíder – empresa que opera na área da fruticultura –, que levou para a feira produtos alimentares diversificados, desde banana, tomate, pepino até abacate, repolho, limão e muito mais. O gestor comercial da empresa avançou à Distribuição em Expansão que a presença na feira visa, fundamentalmente, mostrar a variedade de produtos que diariamente

distribuem para as grandes superfícies comerciais de Luanda. “A ideia de participar na feira surge porque queremos demonstrar o que Angola é capaz de produzir, dispensando a importação de certos produtos. Há muitas pessoas que não sabem do que Angola é capaz de produzir e que não precisa de estar dependente de importações. Aqui está uma prova”, afirmou Filipe Silva. Actualmente, as grandes superfícies comerciais já não importam muitos dos produtos alimentares expostos na feira do Kero, porque os produtores nacionais

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conseguem satisfazer o mercado consumidor e a preços mais acessíveis, favorecendo o consumidor final. Silva sublinhou que, a nível da Agrolíder, não tem sido possível satisfazer as solicitações das grandes superfícies comerciais de Luanda, no abastecimento de produtos do campo, face à grande procura dos consumidores. Uma das razões que se aponta para a prática de preços baixos é a inexistência de custos de importação, tal como refere Filipe Silva, exemplificando que a Agrolíder produz, actualmente, uvas numa das suas fazendas nas redondezas de Luanda, o que sempre foi encarado como impossível de fazer-se em Angola. A empresa, que produz de 30 a 40 variedades de produtos por ano, prevê a produção de nectarina, cebolas e outros produtos, sem nunca descurar a qualidade que se procurou demonstrar nos produtos expostos. O retalho especializado, na linha de cosméticos, fez-se presente na feira com as marcas Ginga, Cacho, Paris, todas de produção nacional, da empresa Pérola Negra. Dentro da linha Ginga há champô, condicionador, gel de banho, brilho, desfriso, cremes, ao passo que a linha Cacho só não tem cremes. A linha Paris é de perfumes e gel de banho. A representante das marcas da Pérola Negra, na feira, Indira Figueiredo, avançou à revista que “a clientela é boa, e os produtos já fazem concorrência a outros presentes no mercado nacional”. Os produtos da Pérola Negra estão disponíveis em todos os hipermercados e supermercados da rede Kero.

HÍPER DE VIANA COM SOLUÇÕES GATEWAY No final de Abril, a rede Kero inaugurou o seu hipermercado no município de Viana, que possui mais de 2 milhões de consumidores, garantindo, desta forma, 400 postos de trabalho directos e 100 indirectos que, por sua vez, beneficiaram de um programa de formação de 14 500 horas sobre aspectos ligados ao retalho alimentar e especializado. O Kero acaba de entrar para um mercado, Viana, que do ponto de vista demográfico representa mais de 40% da população de Luanda e começa assim uma disputa de oferta do retalho com superfícies comerciais de marca, caso da Maxi, Nosso Super e do menos expressivo Giro, face à capacidade destes gigantes da distribuição. O espaço comercial é um investimento de 20 milhões USD e foi equipado com soluções de segurança electrónica, a exemplo de outros espaços da marca abertos por Luanda e no Lobito. Trata-se de um conceito tradicionalmente

O KERO em Angola HIPERMERCADO KERO – NOVA VIDA Área de construção: 11000 m2 Área de venda: 7500 m2 Caixas de pagamento: 35 Parque de viaturas: 600 lugares Empregos directos: 500 colaboradores Empregos indirectos: 150 Investimento: 35 milhões USD Produtos: 20 mil artigos Formação de pessoal: 18.000 horas de formação Localização: município de Belas, junto ao projecto Nova Vida Data inauguração: 22/12/2010

HIPERMERCADO KERO – VIANA Área de construção: 7500 m2 Área de venda: 4300 m2 Caixas de pagamento: 35 Parque de viaturas: 1000 lugares Empregos directos: 400 colaboradores Empregos indirectos: 100 Investimento: + de 20 milhões USD Produtos: 20 mil artigos Formação de pessoal: 14.500 horas de formação Localização: Município de Viana, Estrada de Catete Km 22 Data inauguração: 27/04/2013

HIPERMERCADO KERO – KILAMBA Área de construção: 13092 m2 Área de venda: 6.767m2 Caixas de pagamento: 38 Parque de viaturas: 550 lugares Empregos directos: 600 colaboradores Empregos indirectos: 150 Investimento: 25 milhões USD Produtos: 20 mil artigos Localização: Município de Belas, na Centralidade do Kilamba Kiaxi Data inauguração: 10 Dezembro 2011

HIPERMERCADO KERO – LOBITO

SUPERMERCADO KERO – COMBATENTES Área de construção: 1.285 m2 Área de venda: 655 m2 Caixas de pagamento: 6 Parque de viaturas: 0 lugares Empregos directos: 120 colaboradores Empregos indirectos: 15 Produtos: 3.500 artigos Localização: Rua Comandante Valódia, Sambizanga Data inauguração: 27/12/2011

SUPERMERCADO KERO – MÁRTIRES DO KIFANGONDO Área de construção: 562 m2 Área de venda: 378 m2 Caixas de pagamento: 4 Parque de viaturas: 12 lugares Empregos directos: 55 colaboradores Empregos indirectos: 15 Produtos: 3.000 artigos Localização: Bairro Mártires do Kifangondo, Maianga Data inauguração: 22/12/2011 O futuro Abertura do maior hipermercado de Luanda até fim de 2013 Área de venda: 10 mil m2 Localização: Alvalade, no projecto imobiliário Comandante Gika (o maior de África) B.I. KERO Empresa: Grupo Zahara Insígnia: Kero Director-geral: João Santos Unidades: Nova Vida e Kilamba-Kiaxi (hipermercados); Cajueiro, Combatentes e Mártires do Kigangondo (Supermercados). Facturação (2011): acima dos 100 milhões USD Facturação (2012): acima de 100 milhões USD Tributação (2012): 2.337,9 milhões Kz Clientes actuais: 3 milhões Produtos: 40 mil referências Trabalhadores: 2500

Área de construção: 6.696 mil m2 Área de venda: 3.451 m2 Caixas de pagamento: 22 mais 4 periféricas Parque de viaturas: 230 lugares Empregos directos: 333 colaboradores Empregos indirectos: 35 Produtos: 46.300 artigos Localização: Retail Park Lobito Data inauguração: 08/12/2012

usado nos grandes mercados de retalho a nível mundial, devido à grande afluência de consumidores a que são sujeitos, uma vez que, segundo dados do Kero, os seus hiperes recebem, mensalmente, a visita de 30 mil consumidores. Para protecção dos artigos no interior do hipermercado foi implementado um leque de diferentes soluções, entre elas,

SUPERMERCADO KERO – CAJUEIRO Área de construção: 511 m2 Área de venda: 327 m2 Caixas de pagamento: 3 Parque de viaturas: 22 lugares Empregos directos: 50 colaboradores Empregos indirectos: 10 Produtos: 2.000 artigos Localização: Condomínio do Cajueiro ZR1, Talatona Data inauguração: 06/08/2011

safers, bottle tags, gate spiders, tags e labels – etiquetas de segurança para proteger uma grande transversalidade de artigos expostos –, POD displays para artigos de electrónica, entre outras soluções. O hiper de Viana está localizado no Retail Park de Viana, inserido no complexo do projecto World Trade Center Luanda, o maior do mundo, em construção, da rede

WTC. Segundo João Santos, director-geral do Kero, a nova superfície comercial possui uma área de construção de aproximadamente 7500 m² e uma área de venda de 4500 m². Conta ainda com 35 caixas de pagamento, 20 mil produtos diferentes, o serviço de takeaway e parque de estacionamento para cerca de 1000 viaturas. #13

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distribuição /consumidor africano

O consumidor africano em 10 pontos Depois de na última edição termos publicado um artigo sobre o consumidor angolano e o que esperar dele até 2020, alargamos a análise a todo o continente africano.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

N

um continente com mais de mil milhões de habitantes, que fala mais de 2100 línguas/dialectos, abrangendo 54 países e que cobre uma área maior que China, EUA, Índia e Europa juntos, a diversidade do consumidor é vasta. Ou talvez não! Um recente estudo do The Boston Consulting Group vem identificar 10 pontos que é preciso conhecer no consumidor africano da actualidade e do futuro. Certo é que, apesar dessa diversidade toda, emerge uma nova classe de consumidor em África, com

um poder de compra crescente e ávido por produtos e serviços que outrora pareciam inacessíveis. Para as empresas com visão, é preciso notar que falamos de um mercado, ou melhor, mercados, que, em 2020, valerão mais de um bilião de dólares e que darão acesso a milhões de novos consumidores.

1 – OPTIMISMO EM RELAÇÃO AO FUTURO – UMA SENSAÇÃO DE PROGRESSO Nos últimos 10 anos, o crescimento do PIB

africano ultrapassou todas as médias mundiais, despertando optimismo e uma sensação de progresso entre os consumidores do continente. Os consumidores africanos partilhavam frequentemente frases como “esta geração é mais beneficiada que dos nossos pais” ou “a economia está muito melhor”. A urbanização é um dos factores que têm contribuído para essa sensação de progresso e oportunidade. Embora seja verdade que existe um sentimento menos optimista nos consumidores

em países que viveram grandes agitações nos últimos tempos – Norte de África, por exemplo –, a realidade demonstra que a grande maioria dos africanos acredita que o amanhã será bem melhor que o hoje. O facto é que as economias nacionais em crescendo, aumento do poder de compra e expansão urbanística estão a desenvolver o consumo.

2 – EMPREENDEDORISMO E AMBIÇÃO O sistema de educação em África é insuficiente. Menos de 10% da população tem curso universitário, e somente quatro universidades estão no top 400 das melhores universidades mundiais. Apesar da crescente presença de empresas multinacionais e da emergência recente do African Challengers, os africanos não têm saídas profissionais estruturadas no sector privado. Assim, muitos africanos vêem-se obrigados a criar as suas próprias oportunidades de emprego. Embora a contratação e a retenção sejam consideradas, muitas vezes, um dos maiores obstáculos para as empresas que querem contratar e crescer em África, também é verdade que essas mesmas empresas poderão aproveitar esse espírito empreendedor.

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3 – UTILIZADORES ACTIVOS DA INTERNET E TECNOLOGIA Tecnologia, Internet e o correspondente acesso à informação são vistos como o principal catalisador nas mudanças vividas pela actual geração, especialmente na última década. A tecnologia mobile é a principal razão para o continente ultrapassar a falta de infra-estruturas, além de alterar a maneira como o consumidor acede à informação e ao conhecimento. A maioria dos consumidores africanos é grande utilizadora de computadores, smartphones, Internet e redes sociais, havendo estudos que apontam para uma taxa de penetração e utilização desproporcionada no continente africano.

4 – DESEJO POR MARCAS INTERNACIONAIS Os consumidores africanos conhecem e gostam de comprar marcas internacionais. Muitos acreditam que as relações longas entre muitos países africanos e a Europa – bem como uma exposição vasta à cultura ocidental – são as forças impulsionadoras para este desejo. Existem, também, indicações de que os consumidores africanos julgam as suas marcas nacionais de menor qualidade que as internacionais, fazendo com que essas marcas locais não alcancem uma escala maior. Assim, as oportunidades para as marcas internacionais alcançarem sucesso em África residem mais na estrutura dos mercados locais e marcas. Ao contrário da China e da Índia, onde as marcas locais conseguiram alcançar uma vasta exposição, o continente africano ainda não é pátria de uma marca verdadeiramente global. As marcas africanas são tipicamente focadas num só mercado, específicas para um país e possuem falta de massa crítica para transformar uma marca local numa marca global, recebendo, na sua maioria, pouco investimento para essa mesma expansão.

5 – LEALDADE Vários estudos apontam para o facto de os consumidores africanos serem altamente fiéis às marcas. Quando os rendimentos são baixos, os consumidores tendem a arriscar menos para conhecer novos produtos, mantendo-se, assim, fiéis ao que já conhecem. Neste contexto, as empresas têm duas opções: podem mediar o “efeito umbrella” ao criar extensões de produtos e novas variedades e fazer com que o consumidor estenda a sua preferência, ficando, contudo, em casa; ou combater a relutância do consumidor e fazer com que experimente, deguste, sinta, toque e use novos produtos. Na entanto, as empresas/marcas não devem

limitar os seus esforços de marketing ao consumidor que pode comprar o seu produto hoje. As marcas aspiracionais tendem a tornar-se uma opção real quando o rendimento disponível aumenta.

6 – PAGAR POR QUALIDADE Embora muitos consumidores africanos possuam rendimentos limitados, os produtos de preços mais reduzidos não são os vencedores. Em vez disso, o consumidor africano aposta no equilíbrio da relação qualidade/preço. De facto, as empresas/marcas com produtos premium são as que estão a vencer, associando o consumidor africano preço a qualidade. Caso disso são os bens duráveis, em que a maioria encontra sempre forma de adquiri-los, mesmo que para isso tenham de poupar durante meses ou pedir crédito. Mas, para isso acontecer, as empresas/marcas internacionais não podem nem devem assumir que, só por terem uma marca internacional, são vencedoras. Em vez disso, há que perceber o consumidor, as suas preferências e desejos e apontar para o tal equilíbrio de forças entre preço e qualidade. Exemplos disso foram as apostas feitas pela Samsung ou pela Renault. Se, no primeiro caso, a companhia sul-coreana lançou uma televisão específica, o construtor automóvel francês colocou no mercado uma marca low-cost com a Dacia.

7 – MERCADO SUBESTIMADO Um dos grandes problemas existentes relativamente ao(s) mercado(s) africano(s) prende-se com a falta de informação e dados. As empresas de estudo de mercado ainda são em número reduzido, e os dados, análises, informações sobre o consumidor e seus hábitos carecem, muitas vezes, de fiabilidade. Quando se abordam questões como di-

mensão de mercado, em volume ou valor, as discrepâncias entre os dados públicos e os números reais são enormes. Em muitos casos, a dimensão desse(s) mesmo(s) mercado(s) é subestimada, muito devido às importações paralelas e ao sector informal, que não estão incluídos nos números “oficiais”. Assim, as empresas/marcas não deverão subestimar o potencial do mercado africano; devem investir de forma a obter conhecimentos sólidos do(s) respectivo(s) mercado(s); e devem combater as importações paralelas e o sector informal se desejam, verdadeiramente, potenciar o mercado de consumo africano.

8 – POUPAR, PARTILHAR E APOIAR Muitos dos consumidores africanos estão habituados a viver em ambientes voláteis, com acesso reduzido ou mesmo sem crédito. Assim, muitos são os que fazem poupanças ou pedem dinheiro emprestado a amigos ou familiares para adquirir determinados produtos. Com esta realidade, as empresas deverão apostar no desenvolvimento de produtos financeiros de apoio ao consumidor, de forma a facilitar a compra, além de associarem as suas marcas às famílias de comunidades através do marketing.

9 – EVOLUIR AS PREFERÊNCIAS DO RETALHO Com a variedade, preços baixos, dimensão, qualidade, frescura e limpeza, as lojas do retalho moderno – tal como as encontramos nos EUA ou na Europa – estão a começar a entusiasmar os consumidores africanos. Tanto consumidores como produtores beneficiam deste tipo de lojas: as marcas internacionais prevalecem, mais espaço no linear significa maior variedade e tamanhos de produtos, a troca e manuseamento de

produtos aumenta, melhora a experiência de compra, aumenta a capacidade de promoção das marcas, etc. Embora o retalho moderno esteja em plena evolução, as lojas tradicionais continuam a dominar as vendas através da conveniência e da acessibilidade. Para vencer neste tipo de mercado, os retalhistas deverão adaptar o tipo de loja e oferta de produtos aos consumidores existentes. Além disso, a progressiva evolução do retalho moderno possibilita a entrada de novas marcas e produtos com uma estratégia de canal focada.

10 – APESAR DO PROGRESSO, EXISTEM DESAFIOS Embora a evolução seja visível, os desafios permanecem. Enquanto os rendimentos sobem, uma grande maioria da população ainda vive na pobreza. Por isso, uma adaptação do portfólio de produtos – com menos produtos, packaging específico e uma relação do mix preço/qualidade correcta, além de uma comunicação ajustada – permanece como elemento-chave para a penetração e fidelidade à marca junto dos consumidores com menores rendimentos. Serão necessários novos modelos de distribuição, e as empresas multinacionais terão de encontrar novas formas de estender a cadeia de abastecimento através da ajuda/ apoio de parceiros locais. Este é, aliás, um factor de extrema importância e que diferenciará as empresas que querem estar e apostar no mercado africano das que, simplesmente, “entregam” o seu produto a terceiros. No fundo, para qualquer empresa ter sucesso no continente africano, terá de tornar-se local, com fornecedores locais, adaptar o portfólio de produtos, com equipas locais, distribuidores locais e conhecimento/inteligência local. #15

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opinião

Nem sempre o que se compra é o que se vê

I DIÓGENES DE OLIVEIRA presidente da Associação Angolana dos Directos do Consumidor (AADIC); www.aadic.org

“Nos dias de hoje, o consumidor passa correndo pelos supermercados e não se detém olhando os prazos de validade vencidos”

nfelizmente é comum, especialmente em supermercados, a constatação de produtos expostos à venda com prazo de validade vencido. O consumidor inadvertido ou com hipossuficiência acaba comprando e, muitas vezes, acha que o produto venceu na geleira e não reclama. Como o objectivo dos fornecedores é o lucro, acabam utilizando artimanhas para empurrar para os consumidores produtos que deveriam ir para o lixo. Outra prática muito usual nos supermercados é a comercialização de produtos prestes a vencer. Normalmente essa comercialização é feita sob a forma de promoções, e o consumidor, achando que está fazendo bom negócio, acaba por comprar produtos que não terá tempo de consumir. Comercializar produto no fim do prazo de validade é permitido, mas não devia ser, porque poderá atentar com a saúde do consumidor, nos termos do art.º 6 da Lei n.º 15/03, de Julho, Lei de Defesa do Consumidor. Assim, o consumidor deverá ser informado de que terá de consumi-lo em curto espaço, mas isto não fica só por mera informação escrita no produto, devemos ter em questão as pessoas que não saibam ler. Cabe ao fornecedor informar falando, em respeito ao art.º 9 da LDC. Já ouvimos relatos de novas embalagens de produtos vencidos a fim de enganar os consumidor. Esta prática é ainda mais reprovável, porque configura adulteração de produto e vício do bem nos termos do art.º 11 da LDC. Na compra de um produto impróprio para o consumo cujos prazos de validade estejam vencidos, o consumidor tem o direito de optar pela sua substituição por outro dentro do prazo de validade ou pelo desfazimento do negócio, ou seja, a devolução do produto pelo consumidor e do dinheiro pago pelo fornecedor. Nos dias de hoje, o consumidor passa correndo pelos supermercados e não se detém olhando os prazos de validade vencidos.

PREÇOS E REFORMAS DE PAGAMENTO Todos os bens ou serviços destinados a venda devem exibir claramente o respectivo preço. Essa indicação deverá ser feita de modo inequívoco, fácil e perfeitamente legível por meio de letreiros, etiquetas ou listas, de forma a que o consumidor seja devidamente informado, mas atenção, esta informação deve, por obrigação, estar em língua portuguesa. As lojas não podem modificar o preço de um produto em função do meio de pagamento utilizado. A aceitação de cartões de crédito ou débito como meios de pagamento pode ser limitada, mas essa informação tem de ser facultada ao consumidor de forma clara utilizando, por exemplo, um cartaz legível.

TROCAS E DEVOLUÇÕES Antes de comprar um bem, peça de vestuário, electrodoméstico, etc., experimente-o e pense duas vezes. Se depois de comprar perceber que não serve ou simplesmente perdeu o interesse por ele, saiba que legalmente a loja não está obrigada a efectuar a troca ou o reembolsar o dinheiro, a não ser que o produto tenha algum defeito ou falta de conformidade. Se a loja estiver disposta a efectuar a troca ou reembolso e disso tiver dado conhecimento ao consumidor, pode fazê-lo de acordo com os critérios que entender. A loja pode, por exemplo, conceder-lhe um vale com um certo prazo de validade. Nisto existem algumas regras que terá de respeitar: – O produto terá de estar no mesmo estado de conservação em que o comprou. – Terá de apresentar o talão comprovativo da compra, por isto: conservar bem o talão ou recibo de compras, pois servirá como ónus de prova.

RÓTULOS Voltarei a tocar outra vez o que já foi dito no parágrafo anterior: aten-

ção, toda a informação constante dos rótulos tem de estar obrigatoriamente escrita em português. Esta regra assume especial importância quando se trata de produtos alimentares. Os rótulos de géneros alimentícios pré-embalados têm menções obrigatórias: – A denominação de venda, ou seja, o nome do alimento, não podendo este ser substituído pela marca; – A indicação do estado do alimento, se for fumado, congelado, concentrado, pasteurizado, etc.; – Quantidade líquida; – Data de durabilidade mínima ou a data limite de consumo; – Nome e morada do fabricante; – Lista de ingredientes; – Condições especiais de conservação; – Modo de emprego ou utilização, quando for indispensável; – Informação nutricional quando haja alusão a propriedades nutritivas especiais; – Indicação da existência de substâncias potencialmente alergénicas. A falta de educação, informação e formação do consumidor, e até mesmo do fornecedor, faz que os produtos sejam inviabilizados para análises, porque deixa-se de saber se o produto estava estragado na prateleira ou se estragou no transporte etc., porque não foram tomadas nessas fases as indispensáveis medidas de conservação. No nosso entender, trata-se de um crime de perigo abstracto, já que a LDC afirma que os produtos com prazo de validade vencido são impróprios para consumo. Todavia, à Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC), em consonância com órgãos de direito como, por exemplo, a Inspecção do Comércio, a Inspecção e Fiscalização da Hotelaria e Turismo, o Ministério Público e outros, vêm exigindo e pautando para um consumo que não prejudique a saúde e proteja os interesses económicos, inciso na Lei n.º 15/03, de 22 de Julho – Lei de Defesa do Consumidor. Enquanto não existe a consciencialização por parte dos fornecedores e não são criadas as devidas mentalidades, o consumidor deve redobrar sua atenção a fim de evitar a compra de produtos vencidos e não só.

VENDAS À DISTÂNCIA Comprar um aparelho de ginástica que viu num programa de televendas na televisão, encomendar um casaco através de um catálogo que recebeu pelo correio ou adquirir um serviço por telefone ou Internet são alguns exemplos de vendas à distância. Este tipo de contratos aparenta comodidade e facilidade, mas também pode apresentar riscos para o consumidor. Antes de recorrer a estes, saiba que tem direitos. Quando efectuar uma compra à distância, tem direito, ainda antes da celebração do contrato, a que lhe sejam facultadas as seguintes informações: – Identidade e endereço do fornecedor; – Características do bem ou do serviço, bem como o seu preço; – Regras referentes ao pagamento, entrega e transporte; – Existência de um direito de arrependimento; – Validade da oferta, do preço e, caso se justifique, da duração do contrato. Na altura da execução do contrato, o vendedor deve confirmar-lhe todas as informações por escrito, sempre por escrito. Devem ser igualmente colocadas por escrito: – As circunstâncias do exercício do direito de arrependimento; – O local para a apresentação de reclamações; – As informações relativas ao serviço pós-venda e às garantias comerciais existentes; – As condições de rescisão do contrato.

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Nosso Super/ distribuição

Nosso Super duplica investimentos para 100 milhões USD até 2015 >> texto: André Samuel >> fotos: DR

A

Nova Rede de Supermercados de Angola (NRSA), proprietária dos supermercados Nosso Super, projecta dobrar investimentos até 2015, totalizando o equivalente a 100 milhões USD, a fim de assegurar dois projectos vitais, garantiu o administrador geral, José Eduardo Salomé. Deste valor citado, 50% representa o investimento feito no relançamento da cadeia de retalho alimentar, em 2012, e o restante predestinado para o programa de expansão para os próximos dois anos. José Salomé explicou que o valor a investir não é definitivo, pois o plano é extensível para três anos e apenas está salvaguardado o valor a investir em 2013, uma vez que 2015 tem previstas flutuações de matérias-primas e flutuações de terreno devidas ao facto de as aquisições e montagem de estruturas serem in loco com a aplicação de mão-de-obra nacional. “Adquirindo terrenos de pessoas ou empresas locais, os valores poderão flutuar, mas estão em torno dos 50 a 70 milhões USD para duplicar ou quase duplicar a presença do Nosso Super no País”, esclareceu. Quanto ao crescimento da rede, o gestor assegurou que está a um ritmo acelerado desde 2012, tendo sido este o objectivo. O Nosso Super é a rede que tem maior capilaridade no mercado nacional, visto que está presente nas 18 províncias e conta com 29 lojas, sendo 10 em Luanda e 19 distribuídas pelas províncias. A rede possui ao todo 1600 funcionários, dos quais 99% são nacionais, treinados e enquadrados dentro do segmento retalho alimentar e não alimentar, o que, na óptica de José Salomé, faz com que a rede esteja muito próxima das pessoas. Enfatiza que a missão da NRSA é estar próxima dos consumidores e levar alimentos de qualidade a preços baixos e, além disso, brindar com serviços diferenciados. E esses serviços, assegura, têm trazido muito bons resultados e bons comentários, “vindos dos clientes”.

MAIS CLIENTES, MAIS 3000 EMPREGOS Para 2013, os planos incidem para o crescimento, não apenas de lojas mas sobretudo da carteira de clientes, que, eventualmente, passarão a comprar nas lojas da rede com maior frequência, embora não se avance o número actual de consumidores fidelizados à marca, mensalmente. Contudo, para êxito deste desafio, ressaltou: “Fizemos programas de fidelização, promoções, inovámos com produtos diferenciados, trouxemos inovação com garantia e a premissa básica de que os produtos têm qualidade e preços justos”. Falando sobre a agressividade do plano para os próximos três anos, o gestor revela que as lojas existentes serão ampliadas, e o número actual será duplicado, o que permitirá cobrir os diversos espaços dentro da capital onde a rede ainda não se faz presente, assim como nas demais províncias. Toda a estratégia detalhada por Salomé envolverá um investimento em recursos humanos, o que está salvaguardado no programa da Nova Rede de Supermercados de Angola, explicou, lembrando que, na altura do arranque, o projecto contava

Um regresso em grande e uma presença sólida e cada vez mais próxima dos clientes consumidores é o que preconizam os gestores da maior rede de supermercados do País. Com um investimento de 50 milhões na fase de relançamento e 19 lojas por todo o território nacional, a projecção para os próximos dois anos passa por duplicar o investimento e os seus resultados.

com 1400 funcionários mas, actualmente, o número ronda os 1600 funcionários e, com a ampliação e duplicação dos espaços comerciais, “este número irá, certamente, dobrar”, assegurou. “As lojas operam com as pessoas, ou seja, somos pessoas a servir pessoas/consumidores. Já na matriz há alguns ganhos de produtividade, mas estamos a falar que no nosso plano, provavelmente, daqui a 2015, o Nosso Super estará dando emprego a acima de 3000 angolanos”, anunciou. Para gestão sólida dos empregos em perspectiva, assegurou a existência de um sólido programa de formação em diferentes níveis, desde a formação básica (que passa por saber operar uma loja, efectuar a limpeza e a fixação de preços), a programas

mais específicos (marketing, finança, área comercial) destinados para funcionários que se destacarem, podendo mesmo ascender ao cargo de subgerente de loja. A rede de retalho tem cerca de 600 encarregados de lojas que, na teoria, são potenciais subgerentes, no entanto, além disso, existem formações de gerência de directoria, incluindo uma turma de angolanos que trabalha na rede há cinco e seis anos e hoje estão em cargos de liderança, fazendo gestão de cinco a seis lojas e de 300 a 400 funcionários.

ANGOLANIZAÇÃO DE PRODUTOS No que se refere a política de priorização da produção nacional, nada mudou, como garante José Salomé, ao divulgar que 60% do que é vendido nas lojas da rede é comprado e produzido localmente. A rede criou facilidades aos produtores de forma que o cadastro destes, na condição de fornecedores, seja menos burocrático para viabilizar as negociações. “Temos o programa Nosso Campo, por exemplo, que visa comprar do pequeno camponês que está próximo das nossas lojas em Luanda e sobretudo nas províncias”, indicou. O cadastramento pode ser feito apenas com o bilhete de identidade, desde que os produtos tenham a qualidade necessária para transferir aos clientes, e que os preços sejam os praticados no mercado real, e nunca acima. Estão cadastrados cerca de 120 camponeses que fornecem as unidades do Nosso Super, principalmente a nível das províncias. #17

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distribuição /Sonae

Alimentar impulsiona resultados da Sonae A operação de retalho alimentar da Sonae foi a grande responsável pelo aumento do volume de negócios do grupo. Com a operação Angola em stand-by – espera-se que a primeira abertura aconteça em 2014 –, as expectativas futuras são marcadas pela incerteza.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

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om a entrada em Angola (numa joint-venture detida a 51% pela Condis, controlada maioritariamente pela empresária Isabel dos Santos, e a 49% pela Sonae) sucessivamente adiada, a operação de retalho da Sonae no primeiro trimestre de 2013 foi positiva, pelo menos na área alimentar. É possível verificar pelas contas do maior retalhista a actuar em território português que a operação alimentar foi a grande responsável pelo impulso dado às contas globais do grupo, que, com uma evolução de 4% face a período homólogo de 2012, fez com que o grupo liderado por Paulo Azevedo obtivesse um crescimento global de 1%. De facto, os 774 milhões EUR obtidos pela Sonae MC (nos primeiros três meses de 2012, a facturação foi de 743 milhões

Sonae exporta marcas alimentares Enquanto não expande a insígnia alimentar para outras geografias, a Sonae resolveu exportar as suas marcas alimentares. Depois de, recentemente, Zippy (que segue viagem para a China) e Berg (que chega a Israel e Egipto), as marcas alimentares da Sonae, após terem entrado no mercado cabo-verdiano, têm Timor como destino. Na verdade, África e Europa parecem ser o destino das marcas alimentares do grupo liderado por Paulo Azevedo. A responsável da Sonae MC Wholesale&Franchise, Eunice Silva, confirmou à imprensa portuguesa que o grupo “já iniciou as actividades de exportação tanto de produtos da marca própria Continente como de marcas de fabricante”. A aposta da Sonae MC no wholesale, que envolve também marcas de produtores nacionais, enquadra-se na estratégia de internacionalização da Sonae, que pretende explorar a excepcional base de activos e a capacidade de inovação que detém em Portugal através de modelos de expansão capital light. Luís Moutinho, CEO da Sonae MC, afirmou recentemente: “A Sonae e o Continente, enquanto líderes de mercado em Portugal, acumulam uma vasta experiência no desenvolvimento de produtos e de marcas. A nossa capacidade de inovação permitiu criar produtos e conceitos atractivos para consumidores e parceiros de outros países, bem como dar a conhecer marcas de produtores portugueses noutros mercados, criando assim valor para a economia nacional.” A actividade de wholesale da Sonae MC aposta na gama de marcas próprias e exclusivas, bem como marcas de produtores portugueses, fruto das parcerias estabelecidas com um vasto conjunto de produtores deste país. A oferta disponibilizada apresenta-se competitiva para exportação e tem cativado o interesse de retalhistas em novos mercados.

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Contas Sonae

EUR) fizeram com que o volume de negócios global da companhia atingisse os 1,249 mil milhões EUR (contra os 1,241 mil milhões EUR de igual período do ano passado). No comunicado que acompanha a divulgação dos resultados, Paulo Azevedo, CEO da Sonae, refere que a “Sonae MC reforçou a sua posição no mercado alimentar em Portugal, através de um enfoque na entrega das melhores propostas de valor aos consumidores nacionais. O forte esforço promocional determinou uma evolução de vendas acima da média de mercado, o que, conjuntamente com os benefícios dos programas de produtividade e eficiência recentemente implementados, permitiu transferir mais valor para o consumidor final e aumentar a rentabilidade operacional”. De acordo com o painel Homescan da Nielsen, o grupo estima que tenha, novamente, reforçado a sua quota de mercado no mercado alimentar em Portugal durante este trimestre em 0,2 pontos percentuais. Já o portfólio de marcas próprias Continente manteve um peso relativo nas vendas comparativamente estável, tendo alcançado uma representatividade de mais de 31% (em linha com o 1.º trimestre de 2012) nas categorias de Fast Moving Consumer Goods (FMCG). A área do retalho especializado (Worten, Modalfa – agora MO, assumindo um novo posicionamento no mercado –, Sport Zone e Zippy) foi o grande calcanhar de Aquiles do grupo, tendo a facturação regredido 6%, para 264 milhões EUR (contra os 282 milhões EUR do 1.º trimestre de 2012), fazendo com que Paulo Azevedo admitisse que “a exposição aos segmentos de consumo mais discricionário levou a uma nova quebra da densidade de vendas na Sonae SR”. Apesar disso, o responsável máximo pela operação da Sonae revelou que “os esforços de contenção de custos, o crescimento do negócio de franchising, a optimização do parque de lojas, e principalmente os benefícios das reestruturações dos negócios de desporto e moda, executadas em 2012, traduziram‐se já num menor nível de perdas de EBITDA. Por fim, a operação dos centros comerciais tem vindo a enfrentar “contínuas reduções dos níveis de consumo privado no Sul da Europa”, o que, tal como esperado, tem progressivamente afectado o nível de rendas obtidas nesses mercados, com o contributo directo da Sonae Sierra para os resultados consolidados da Sonae a reduzir-se em 2 milhões EUR face ao período homólogo, essencialmente como resultado da alteração do seu portfólio, dado que, neste período, o impacto das vendas de activos mais do que compen-

Volume de Negócios (Mil. EUR)

2011

2012

2Q11

3Q11

4Q11

1Q12

2Q12

1Q13

Sonae MC

3 327

3 281

822

863

906

743

792

774

Sonae SR

1 276

1 209

284

319

386

282

277

264

Sonae RP

119

120

29

29

30

30

30

31

Sonaecom

864

825

210

225

213

202

204

194

Gestão de investimentos

106

105

27

28

26

25

25

24

Estações de serviço

20

0

6

5

2

0

0

0

Ajustamentos

-171

-162

-39

-49

-45

-42

-38

-38

Total

5 541

5 379

1 339

1 420

1 518

1 241

1 290

1 249

EBITDA

2011

2012

2Q11

3Q11

4Q11

1Q12

2Q12

1Q13

Sonae MC

232

247

53

70

82

33

62

40

Sonae SR

0

-25

0

-4

16

-12

-7

-11

Sonae RP

120

107

26

27

22

27

27

27

Sonaecom

235

246

62

63

55

60

64

62

Gestão de investimentos

4

21

2

3

-1

1

1

0

Ajustamentos

11

4

2

5

-1

6

4

7

602

600

144

164

174

114

152

125

Sonae Fonte: Sonae

sou o efeito das aberturas de novos centros. Lembre-se que a abertura das primeiras lojas Continente em território angolano foi anunciada originalmente para 2012, tendo vindo a ser protelada continuamente, com nova data a apontar somente para 2014. De resto, Paulo Azevedo mostrou-se recentemente esperançado, ao revelar confiar que “será possível abrir hipermercados em 2014”, admitindo, no entanto, preferir “que seja em 2015, não em 2014, e com uma operação com menor performance. O essencial é as coisas arrancarem bem”, concluiu o CEO da Sonae.

As lojas Sonae N.º de lojas

Área de venda (‘000 m2)

31 Dec 2012

Aberturas

Mudança de insígnia

Encerramentos

31 Mar 2013

31 Dec 2012

Aberturas

Encerramentos

31 Mar 2013

Lojas próprias (m2) (%)

478 440

9 1

0 0

-4 -2

483 439

575 554

3 2

-1 0

577 555

77% 77%

39 107 31 141 96 17 9

0 0 1 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 -2 0 0 0

39 107 32 139 96 17 9

282 214 29 13 5 5 6

0 0 2 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0

282 214 30 12 5 5 6

85% 74% 53% 70% 71% 52% 13%

38

8

0

-2

44

21

2

-1

22

0%

Continente Modelo Meu Super Well's Bom Bocado book.it

6 25 4 2 1

0 8 0 0 0

0 0 0 0 0

0 -2 0 0 0

6 31 4 2 1

15 5 0 0 0

0 2 0 0 0

0 -1 0 0 0

15 6 0 0 0

0% 0% 0% 0% 0%

Sonae SR Operado pela companhia

568 537

9 1

0 0

-13 -12

564 526

425 415

4 2

-8 -8

421 409

27% 27%

Electrónica Portugal Worten Vobis Worten Mobile Espanha Worten Desporto Portugal Sport Zone Loop Espanha Sport Zone Fashion Portugal Modalfa Zippy Espanha Zippy Turquia Zippy

224 182 138 0 44 42 42 119 82 75 7 37 37 194 147 107 40 45 45 2 2

1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

-2 -1 0 0 -1 -1 -1 -9 -7 -1 -6 -2 -2 -1 -1 0 -1 0 0 0 0

223 181 138 0 43 42 42 110 75 74 1 35 35 193 146 107 39 45 45 2 2

220 127 126 0 1 93 93 111 66 65 1 45 45 85 69 56 14 15 15 1 1

2 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

-2 0 0 0 0 -2 -2 -5 -1 0 -1 -3 -3 -1 -1 0 -1 0 0 0 0

219 127 126 0 1 92 92 106 64 64 0 42 42 84 68 56 13 15 15 1 1

29% 45% 45% 0% 40% 8% 8% 5% 9% 10% 0% 0% 0% 47% 57% 69% 5% 0% 0% 0% 0%

31

8

0

-1

38

10

2

0

12

0%

4 4 4 2 2 2 25 5 20 20 0 74 32 42 1 120

0 0 0 0 0 0 8 0 8 4 4 0 0 0 18

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 -1 0 -1 -1 0 0 0 0 -17

4 4 4 2 2 2 32 5 27 23 4 74 32 42 1 121

2 2 2 1 1 1 7 1 5 5 0 62 60 2 1 062

0 0 0 0 0 0 2 0 2 1 2 0 0 0 7

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -9

2 2 2 1 1 1 9 1 7 6 2 62 60 2 1 060

0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 61% 63% 22% 54%

Sonae MC Operado pela companhia Continente Continente Modelo Continente Bom Dia Well's Bom Bocado book.it Outros Franchising

Franchising Electrónica Portugal (Worten) Worten Desporto Portugal (sport zone) Sport Zone Fashion Portugal (Modalfa) Outros países Zippy Modalfa Gestão de investimentos Maxmat & Maxgarden Geostar Total Fonte: Sonae

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distribuição / UK Trade&Investment

Empresas britânicas em Lisboa à procura de parceiros para Angola Foram 15 as empresas que recentemente marcaram presença num evento organizado pela UK Trade&Investment em Portugal e pela embaixada do Reino Unido, em Lisboa. O objectivo: encontrar parceiros para entrar em mercados como Angola, Brasil ou Moçambique. >> texto: Victor Jorge/Lusa >> fotos: DR

F

oram 15 as empresas britânicas que marcaram recentemente presença em Lisboa, num evento organizado pela UK Trade&Investment em Portugal e pela embaixada do Reino Unido, em busca de parceiros portugueses para entrar em mercados como Angola, Brasil ou Moçambique. O evento, que teve como mote “Portugal como plataforma para mercados de língua portuguesa: Angola, Brasil e Moçambique”, contou com a presença do ministro

do Comércio e Investimento britânico, Lord Green. Em declarações à agência Lusa, a directora do UK Trade & Investment em Portugal, Renata Ramalhosa, explicou que a embaixada britânica, através da entidade a que preside e que promove o comércio e investimento, tem vindo a trabalhar junto das pequenas e médias empresas (PME) do Reino Unido no sentido de encontrar parceiros que permitam a entrada em mercados como Angola, Brasil ou Moçambique.

“As empresas britânicas, nomeadamente PME, têm alguma dificuldade em entrar neste tipo de países emergentes, mas com grandes desafios, pelo que, se arranjarem um parceiro em Portugal que já exporte ou tenha presença nesses mercados, isso será uma nova maneira de entrar em Angola, Moçambique e Brasil”, disse Renata Ramalhosa. Recorde-se que em Fevereiro passado realizou-se em Londres um evento se-

melhante, tendo estado presentes 200 empresas britânicas que assistiram às intervenções da parte de diversos empresários portugueses. Foi esse evento que deu origem à ida do ministro britânico a Portugal, acompanhado de 15 empresas dos mais variados sectores, entre os quais infra-estruturas, construção, telecomunicações, energia ou ambiente, que vão em busca de um parceiro para os referidos mercados.

opinião

Registo de marcas e patentes – o que fazer?

A ANA SAMPAIO agente oficial e chefe do Cabinet JE Dias Costa

Lei da Propriedade Industrial de Angola celebrou vinte anos em 2012, desde que entrou em vigor em Março de 1992. Parece-nos um bom momento para analisar a situação da protecção da propriedade industrial em Angola, passadas duas décadas da sua vigência. O sistema da propriedade industrial é um instrumento essencial para reforçar a capacidade inovadora e competitiva de um país, a lealdade da concorrência e o combate à contrafacção. Num país como Angola, onde se prevê que o PIB chegue, em 2012, aos 8,2%, torna-se imperativo que os seus empresários angolanos conheçam e reconheçam estes mecanismos de protecção, nomeadamente a importância deste ramo do direito que lhes permite assegurar o monopólio ou o uso exclusivo sobre uma determinada invenção (patente), uma criação estética (design) ou um sinal utilizado para distinguir produtos e empresas no mercado (marca). Uma empresa angolana que se prepara para lançar um produto no mercado deverá começar por verificar se há actividade inventiva passível de protecção (patente) ou se pretende criar uma marca e protegê-la. Ter um plano é vital, pois permite à empresa ter uma noção mais realista dos custos de protecção. Só se deve avançar para o mercado com uma protecção, mesmo que ainda não definitiva, pelo menos iniciada. O investimento estrangeiro em Angola tem crescido a um ritmo impressionante nos últimos anos, e isso tem-se reflectido também no número de pedidos de registo de marcas e patentes, protegidos no IAPI (Instituto Angolano de Propriedade Industrial), em Luanda. No entanto, são ainda as entidades estrangeiras que mais protegem

as suas marcas e patentes em Angola – cerca de 60%. Torna-se assim crucial incentivar os empresários angolanos a adoptarem estes instrumentos de protecção. Vantagens? Possibilitar o crescimento não apenas a nível nacional mas também tendo em vista a exportação, a médio ou longo prazo, dos seus produtos e/ou serviços. Qualquer empresa angolana deve ter uma política interna de protecção da sua propriedade industrial (marcas, desenhos ou modelos, patentes) inserindo-a no processo produtivo. E aqui, a antecipação é a chave do sucesso. Uma protecção atempada impede e evita que as inovações e ideias originais se percam. O acompanhamento profissional por entidades com prática nesta área é também essencial para se obter uma protecção adequada e eficaz. A título de curiosidade, o Cabinet JE Dias Costa, fundado em 1929, e a trabalhar desde 1992 em Angola através de parceiros locais, depositou o pedido de registo de marca angolana com o número 13… aliás, um produto e uma marca de sucesso e que ainda hoje se encontra à venda em Angola. O IAPI protegeu, desde 1992, cerca de 35 mil processos e nos dias de hoje, em que o registo de uma marca ou depósito de uma patente são relativamente processos simplificados. Mas existe ainda um caminho a percorrer na melhoria dos procedimentos e nos tempos de resposta. Por outro lado, Angola faz hoje parte de vários tratados internacionais em matéria de patentes – Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT) – e em matéria de marcas – Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI), registando-se um assinalável esforço por parte das autoridades angolanas na aposta de um bom sistema de propriedade industrial.

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distribuição /IPG

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou o Índice de Preço Grossista (IPG) de Abril passado, que apresenta variação de preços de produtos alimentares e não alimentares de produção nacional e importados. O IPG é o índice de preço que os agentes grossistas praticam aos retalhistas, e estes ao consumidor final.

Produtos importados sobem de preço na rede grossista >> texto: André Samuel >> fotos: DR

A

inflação global de Abril passado, medida no Índice de Preço Grossista (IPG), foi de 0,64%, devido ao peso da média de preços dos produtos importados, com a maior participação de 0,49 pontos percentuais, ou seja, cerca de 76%, enquanto a contribuição dos produtos nacionais foi de 0,15 pontos percentuais, o que corresponde a 24% do valor da inflação global. Destacando o IPG, durante Abril último, os preços dos produtos nacionais aumentaram em 0,72% em relação aos preços praticados em Março passado, segundo o Instituto Nacional de Estatística, que aponta a secção designada A, sobre agricultura, produção animal,

Custo de vida do consumidor final desacelera em Abril O custo de vida ao consumidor na cidade de Luanda, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), desacelerou para 0,60% em Abril passado em relação à taxa de 0,66% registada em Março. O indicador foi divulgado na segunda quinzena de Maio corrente pelo Instituto Nacional de Estatística, apontando que, em Abril, a classe de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas figurou na terceira posição, quanto ao maior aumento de preços, com 0,70%, atrás de Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção (0,69%), Saúde (0,93%) e Transportes (0,97%), que lideram o IPC. Contudo, a classe Alimentação e Bebidas não Alcoólicas, no IPC de Abril, foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços, seguida de Transportes, Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção e Vestuário e Calçado. Ainda assim, a classe Alimentação e Bebidas não Alcoólicas, que em Março figurou no topo ao registar um aumento de 0,84% em relação a Fevereiro deste ano, demonstra uma desaceleração, o que, na prática, se pode traduzir na criação de políticas de preços acessíveis, em parte, junto de players do retalho moderno, no caso de pequenas, médias e grandes superfícies comerciais. Quanto à variação mensal do IPC ilustrada abaixo, a classe alimentação inclui bebidas não alcoólicas, bebidas (alcoólicas e tabaco), vestuário (e calçado), habitação (água, electricidade e combustível), mobiliário (equipamento doméstico e manutenção), saúde, transportes, comunicações, lazer (recreação e cultura), educação, hotéis (cafés e restaurantes) e bens e serviços diversos.

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1. Preços médios dos produtos nacionais alimentares com maior variação de Março para Abril/2013

caça e silvicultura, como a que maior aumento de preços registou, com 1,22%. Os produtos que registaram maior variação de preços, neste grupo designado A, foram galinha viva (3,00%), cabrito vivo (2,86%), repolho (2,36%), cenoura (1,69%), banana (1,66%), maçã (1,46%), abacaxi (1,19%) e cebola (1,04%), entre os principais. Quanto aos produtos importados, durante Abril último, o mesmo período analisado em relação aos produtos nacionais, registaram um aumento de 0,62% que, na prática, os preços do primeiro representam menos 0,1 ponto percentual face ao segundo, os nacionais. O aumento de preços dos produtos importados, embora menos em relação aos nacionais, foi influenciado, basicamente, pela variação de preços verificada na secção designada D, a que inclui as indústrias transformadoras, com uma taxa de 0,63%. Os produtos importados que mais aumentaram de preço foram soda cáustica, com uma taxa de 14,48%, papel

Produto

Unidade de medida

Preço médio (Kz)

Galinha viva

uma (média)

1.829,29

Variação (%) 3

Cabrito vivo

um (médio)

14.940,93

2,86 2,36

Repolho

10 cabeças médias

1.860,08

Cenoura

balde de 5 kg

598,3

1,69

Banana

cacho (de 18 a 20 kg)

2.110,82

1,66 1,46

Maçã

monte médio de 3 a 4

375,32

Abacaxi

unidade média

310,47

1,19

Cebola

saco de 10 kg

1.536,00

1,04

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

2. Preços médios dos produtos alimentares importados sem peso na variação registada de Março a Abril/2013 Produto

Unidade de Medida

Preço médio (Kz)

Variação (%)

Repolho

1 kg

521.29

5.06

Laranja

15 kg

983.99

4.43

Alimento para cães

saco de 8 kg

6899.97

4.07

Azeite de oliveira

cx. de 12 litros

12076.14

3.86

Chouriço

cx. de 12 latas de 1 kg

9862.44

3.67

Marmeladas e doces

cx. de 24 latas de 600 g

5428.91

3.27

Carne de porco (entrecosto)

cx. de 10 kg

4566.82

3.12

Sumo de laranja

cx. de 12 litros

3183.82

3.03

Milho doce

cx. de 12 latas de 400 g

2597.05

2.91

Maionese

cx. de 12 unid. de 500 g

4295.61

2.88 2.72

Sardinha

cx. de 50 latas de 125 g

4943.08

Carne em lata

uma lata de 400 g

3225.62

2.61

Bolacha água e sal

cx. de 24 pacotes de 200 g

2103.22

2.46

Caldo de galinha

cx. de 16 cubos de 40 unid.

3290.16

2.38

Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Legenda: cx. – caixa

químico carbono (5,48%), chave de fendas (5,11%), repolho (5,06%), cobertor (4,44%), laranja (4,43%), caixão funerário (4,24%), banheira de porcelana (4,19%), porta de madeira (4,12%), alimento para cães (4,07%), fatinho de bebé (4,03%), azeite de oliveira (3,86%), chouriço (3,67%) e tubo flexível (3,65%), entre os principais. Enquanto a variação acumulada dos produtos nacionais de Janeiro a Abril do presente ano foi de 2,41%, já nos pro-

dutos importados a variação acumulada de Janeiro a Abril de 2013 foi de 3,25%. Na tabela abaixo, constam os preços médios dos produtos alimentares nacionais que mais contribuíram para um aumento em Abril em relação a Março último. Paralelamente, constam também abaixo preços de produtos alimentares importados mas sem peso na variação registada, pois deveu-se a oito produtos não alimentar de um total de 14.

Variação do IPC de Março a Abril de 2013 por classes de despesa Classes de despesa Índice Geral

Variação Mensal (%) 0,66 0,60

Alimentação Bebidas Vestuário Habitação Mobiliário Saúde Transporte Comunicação Lazer Educação Hotéis Bens e serviços diversos

Março 0,84 0,81 0,50 0,30 0,48 0,53 0,70 0,00 0,70 0,25 0,79 0,69

Abril 0,70 0,50 0,60 0,16 0,69 0,93 0,97 0,00 0,00 0,00 0,66 0,63

Fonte: INE. Elaboração comparativa, revista Distribuição em Expansão

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ADN da Distribuição

3.º Gene: JOSÉ ANTÓNIO ROUSSEAU, Docente, consultor e especialista em Distribuição Moderna www.rousseau.com.pt

Resiliência R

“A empresa comercial resiliente não espera a crise acontecer para actuar”

esiliência é uma palavra ou qualidade verificável em qualquer actividade humana ou social, porém, particularmente na actividade comercial, é gratificante observar que as propriedades do elástico e do silicone se aplicam, e bem, às empresas comerciais. A noção de resiliência foi criada pela física, que a utiliza para caracterizar a propriedade através da qual a energia armazenada num corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformação elástica, isto é, a capacidade concreta de conseguir voltar ao seu estado inicial e natural de excelência, superando uma situação crítica. As ciências sociais tomaram este conceito emprestado definindo resiliência como a capacidade, de um indivíduo ou de uma organização, para lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas sem entrar em crise e conseguindo ultrapassá-las. A resiliência é, pois, uma combinação de factores que propiciam, ao ser humano e às organizações, condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Esta verdadeira “arte de transformar toda a energia de um problema numa solução criativa” (Grapeia, 2004) consiste, no fundo, no equilíbrio entre a tensão e a capacidade de resistir e atingir um nível mais elevado de consciência, que aporta mudanças comportamentais para lidar com os obstáculos do dia-a-dia e vencê-los. Tal como no ser humano, também nas empresas o equilíbrio é um factor determinante do seu sucesso e, como o equilíbrio funciona tal qual a estrutura de um prédio, se a pressão for maior que a resistência, aparecerão fendas representadas por doenças psicossomáticas, manifestadas nos indivíduos, ou por crises económicas e dificuldades comerciais, evidenciadas na gestão e nos resultados das empresas. A empresa resiliente desenvolve a capacidade de recuperar e se moldar, novamente, a cada obstáculo e a cada desafio, de adquirir competências de acção que lhes permitem adaptarse melhor a uma realidade económica imprevisível e a agir de forma adequada e rápida, resolvendo os problemas que lhe são colocados. Numa empresa comercial, a resiliência é a capacidade de promover as mudanças necessárias para atingir os seus objectivos, de manter as competências e habilidades, mesmo diante das adversidades, de antecipar crises, prever adversidades e saber preparar-se o melhor possível para elas. A empresa comercial resiliente não espera a crise acontecer para

actuar. Ao invés, tenta antecipar-se às mudanças, porque está sempre ligada a tudo o que acontece no mercado. Seria até desejável que as empresas comerciais fossem protagonistas e agentes das mudanças no mercado, tornando-se mais flexíveis, leves e consistentes, conseguindo crescer, mesmo em ambiente de mudança e adversidade e antecipando os próprios acontecimentos, conseguindo deste modo contribuir para transformar a realidade. É um facto visível que o retalho integrado consegue ser mais resiliente que o retalho independente, porque este, atavicamente, resiste demasiado à mudança. Os comerciantes independentes necessitavam de mudar a pele e adquirir sangue novo, de ter uma nova visão e de adoptar novos processos, de lançar novas marcas ou insígnias. A franquia, os centros comerciais e as diferentes formas de comércio associado actualmente existentes são algumas das soluções em alternativa. Mas o comércio tradicional independente padece de um pecado original, de uma marca genética que lhe traça inexorável o seu destino: os ciclos de vida da loja e do comerciante, seu proprietário, são iguais e estão sobrepostos. Quando o comerciante é jovem, a loja, ainda que pequena ou mal trabalhada, ainda vai funcionando bem. Mas, quando o comerciante começa a envelhecer, a loja também envelhece e vai ficando parada no tempo. E, quando o comerciante se reforma ou morre, a loja também fecha as portas e sai do mercado. Ouso mesmo afirmar que a velha teoria da destruição criativa de Shumpeter deveria ser um imperativo categórico para o comércio tradicional independente, porque para este comércio um mero processo resiliente de modernização talvez já não seja suficiente. Será necessária uma verdadeira transformação, uma efectiva mutação. Mas essa é outra história que não cabe aqui. A resiliência das empresas comerciais verifica-se sempre que estas conseguem enfrentar com sucesso os Adamastores das pressões e crises económicas, das constantes alterações de mercado e das inesperadas mudanças de hábitos de consumo, no fundo, sempre que as empresas conseguem vencer o grande desafio do tempo. Para tal, as empresas comerciais necessitam de possuir algumas qualidades, sem as quais não poderão ser resilientes, como, por exemplo, a energia da flexibilidade, a força da resistência, o espírito de sacrifício e a capacidade de adaptação permanente. Em Angola ainda é muito cedo para encontrarmos exemplos de empresas resilientes com uma longevidade superior a cem anos, mas lá chegaremos.

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produção

/GPCP’13

Depois de termos publicado o ranking dos 250 maiores retalhistas do mundo em 2011, trazemos nesta edição os 250 maiores produtores mundiais. A conclusão é simples: a produção gera menos dinheiro que o retalho.

Produção gera menos receitas que retalho

>> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

A

s empresas do sector da produção mundial geraram, em 2011, 3,12 biliões USD de receitas, correspondendo a uma subida de 7% face ao ano de 2010, depois de nesse ano se ter registado uma evolução de 8,4%, revela o Global Powers of Consumer Products 2013 (GPCP’13) elaborado pela Deloitte. Este crescimento menor, conclui a consultora, deve-se, principalmente, a um desacelaramento da economia mundial com base em três regiões: Europa, EUA e Ásia, demonstrando-se, contudo, que 80% das empresas presentes neste ranking tiveram subidas de facturação e que metade das que registaram decréscimos ficaram localizadas no Japão, muito

por causa do sismo que abalou o país em 2011. Uma das principais conclusões a que se chega também é que a produção obtém menos receitas que o sector do retalho, igualmente analisado pela Deloitte e cujos resultados a revista Distribuição

em Expansão publicou na sua edição de Março de 2013. Comparando os números destes dois megassectores económicos, verifica-se que a produção fica mais de 1 bilião USD aquém dos resultados obtidos pelos 250 maiores retalhistas do mundo.

As marcas mais compradas no mundo Entretanto, a Kantar Worldpanel divulgou o seu mais recente Brand Footprint relativamente ao ano 2013. Neste ranking das marcas globais do grande consumo (Fast Moving Consumer Goods – FMCG), aparecem as marcas mais compradas no mundo pelo maior número de consumidores e mais frequentemente. A lista é liderada pela Coca-Cola, aparecendo no pódio ainda a Colgate e a Nescafé. O restante top 10 é constituído por Pepsi, Lifebuoy, Maggi, Pantene, Knorr, Lays e Dove.

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Quadro 1 - Top 250 da produção mundial Nome

País

Sector

Vendas totais (Mil. USD)

Taxa crescimento Vendas 2011

Taxa crescimento Vendas média 2006-2011

1

Samsung

Coreia do Sul

Produtos electrónicos

150 152

6,7%

14,1%

2

Apple

EUA

Produtos electrónicos

108 249

66,0%

41,2%

3

Panasonic

Japão

Produtos electrónicos

99 412

-9,7%

-2,9%

4

Nestlé

Suíça

Alimentar & bebidas

94 704

-10,1%

n.d.

5

Procter&Gamble

EUA

Higiene pessoal e lar

83 680

1,4%

1,8%

6

Sony

Japão

Produtos electrónicos

70 022

-12,3%

-6,1%

7

PepsiCo

EUA

Alimentar & bebidas

66 504

15,0%

13,6%

8

Unilever

Holanda/Reino Unido

Higiene pessoal e lar

64 721

5,0%

3,2%

9

Kraft Foods

EUA

Alimentar & bebidas

54 365

10,5%

9,6%

10

Nokia

Finlândia

Produtos electrónicos

53 846

-8,9%

-1,2%

11

LG

Coreia do Sul

Produtos electrónicos

49 373

-2,7%

3,2%

12

Coca-Cola

EUA

Alimentar & bebidas

46 542

32,5%

14,1%

13

Anheuser-Busch InBev

Bélgica

Alimentar & bebidas

39 046

7,6%

18,5%

14

Bridgestone

Japão

Pneus

37 986

5,7%

0,2%

15

JBS

Brasil

Alimentar & bebidas

37 120

12,2%

70,4% 9,5%

16

Mars

EUA

Alimentar & bebidas

33 000

10,0%

17

Japan Tobacco

Japão

Tabaco

32 272

2,5%

4,4%

18

Tyson Foods

EUA

Alimentar & bebidas

32 266

13,5%

4,8% -4,7%

19

Sharp

Japão

Produtos electrónicos

31 116

-18,7%

20

Philip Morris

EUA

Tabaco

31 097

14,3%

n.d.

21

Lenovo

Hong Kong

Produtos electrónicos

29 574

37,0%

15,2%

22

Michelin

França

Pneus

28 858

15,8%

4,8%

23

L'Oréal

França

Higiene pessoal e lar

28 335

4,3%

5,2%

24

Danone

Reino Unido

Alimentar & bebidas

26 907

13,6%

6,5%

25

British American Tobacco

Reino Unido

Tabaco

24 706

3,5%

9,5%

50

Reckitt Benckiser

Reino Unido

Higiene pessoal e lar

15 217

12,2%

14,0%

100

Hormel Foods

EUA

Alimentar & bebidas

7 895

9,3%

6,6%

115

Savola

Arábia Saudita

Alimentar & bebidas

6 721

19,8%

22,6%

150

ITC

Índia

Alimentar & bebidas

5 461

17,5%

15,3%

156

Arçelik

Turquia

Produtos lar

5 056

21,6%

3,9%

181

Vestel Elektronik Sanayi

Turquia

Produtos electrónicos

4 181

31,9%

5,9%

200

Agrial

França

Alimentar & bebidas

3 782

20,1%

12,3%

250

Rich Products

EUA

Alimentar & bebidas

3 020

2,0%

n.d.

Fonte: Global Powers of Consumer Products 2013, Deloitte

ELECTRÓNICA DOMINA Para pertencer a este clube “restrito” dos 250 maiores produtores do mundo, a facturação mínima exigida, em 2011, ronda os 3 mil milhões USD (quando em 2010 se situava nos 2,5 mil milhões USD), sendo que a dimensão média de cada empresa que compõe este ranking está nos 12,5 mil milhões USD. Num olhar rápido para o ranking, é possível verificar que os lugares cimeiros pertencem a três companhias de produtos

As mudanças da indústria dos produtos de consumo Todos os anos, um crescimento acima da média coloca uma série de empresas no top 250 do Global Powers of Consumer Products pela primeira vez. Algumas vão, outras vêm, outras ficam, outras nunca mais regressam, outras descem e outras sobem no ranking. Embora seja a dimensão que determina quem aparece no top 250 todos os anos, esta é apenas uma parte da equação. Como a indústria evoluiu e se alterou, como se consolidou e contraiu, é outra parte dessa equação. Nos seis anos que a Deloitte analisa a indústria de produtos de consumo através do Global Powers of Consumer Products, várias foram as aquisições, fusões, investimentos e desinvestimentos que colocaram nomes históricos da indústria sob nova propriedade. Uma análise do top 250 de 2006 a 2011 ilustra a constante alteração do ambiente dos produtos de consumo. Entre o top 250 de 2011 estão 24 empresas que não existiam no top 250 de 2006. Este grupo inclui seis empresas que foram criadas através de fu-

sões ou joint-ventures, 10 que devem a sua presença a aquisições, e oito que foram criadas através de desinvestimentos de todas ou partes de outras entidades desde 2006. Além disso, 21 das companhias que compunham o top 250 já não existem enquanto entidades separadas, tendo sido adquiridas desde 2006, geralmente, por outras companhias pertencentes a este top 250. Finalmente, 10 companhias mudaram de nome, muitas vezes seguindo aquisições, mas, muitas vezes também, simplesmente para reflectir uma direcção diferente para o negócio ou para alavancar na herança de uma marca mais forte. Enquanto as companhias navegam por um caminho pela recuperação económica hesitante e incerta – procurando maximizar o valor dos actuais recursos e em busca de novas oportunidades de crescimento –, o panorama irá continuar a mudar, alterando ainda mais a face da indústria dos produtos de consumo.

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distribuição /GPCP’13 Os emergentes O desacelaramento da economia mundial afectou praticamente todos os países. Praticamente todos, porque os emergentes continuam a marcar a agenda, apesar de a um ritmo mais lento do que o esperado e, principalmente, desejado. No Brasil, apesar de o crescimento ter “arrefecido”, continua a registar-se evoluções positivas, com o banco central brasileiro a ter iniciado um processo de baixa de taxas de juro para dinamizar a economia. O resultado esperado é de uma recuperação modesta já em 2013, apesar de a inflação permanecer acima do desejado pelas autoridades oficiais. Por isso mesmo, o banco central decidiu estabilizar as taxas e esperar pelo desacelaramento da inflação antes de implementar outros estímulos à economia.

Quanto ao mercado de consumo, permanecendo relativamente estável, o maior risco existente prende-se com o nível alto da dívida ao consumo. Na Índia, a economia também registou um decréscimo, mas, ao contrário do Brasil, o banco central indiano focou-se na inflação, adiando a retoma económica. Enquanto a economia sofria, em 2012, do impacto da conjuntura internacional, as autoridades indianas propuseram uma série de medidas para impulsionar a produtividade e assim restaurar a confiança. Uma dessas medidas foi a liberalização de investimentos estrangeiros no retalho. Já na Rússia, a economia continua a crescer modestamente, mas os altos níveis de inflação fizeram o banco central aumentar as taxas de juro. A fraqueza externa foi

compensada pela grande procura interna, mas as altas taxas de juro tiveram um impacto no crescimento interno – especialmente nos investimentos de negócios e gastos do consumidor. Além disso, os incentivos governamentais ao gasto do consumo expiraram à medida que as autoridades oficiais procuram reduzir o défice. Apesar da “fraqueza” das economias dos BRIC, algumas partes do mundo conseguiram registar crescimentos assinaláveis. Entre eles estão alguns países da América Latina, muitos dos países da África Subsariana e alguns no Sudeste asiático, incluindo Indonésia e Filipinas. À medida que a economia global recupera lentamente, estes países/regiões evoluem a olhos vistos.

Quadros 2

Quadros 3

Quota do Top 250 por área de produto

Quota do Top 250 por região/país

4% 4%

5%

1% 4% 3% 3%

Produtos electrónicos

11%

África/Médio Oriente Reino Unido

Mobiliário

22%

Higiene pessoal e lar

Outros Europa

30%

Fashion

8%

Outros Ásia/Pacífico

Produtos lar

55%

América Latina

Pneus

9%

13%

Alimentar & bebidas & tabaco

4%

4%

Quota do Top 250 por vendas

14%

48%

Canadá

0,5% 3% 1% 6%

Higiene pessoal e lar Fashion

África/Médio Oriente Reino Unido

Mobiliário

4%

20%

Outros Ásia/Pacífico América Latina França

Pneus

14%

Alimentar & bebidas & tabaco Entretenimento

4%

Fonte: Global Powers of Consumer Products 2013, Deloitte

electrónicos (ver quadro 1), registando-se que, do top 10, cinco são tecnológicas e as restantes cinco pertencem à área dos produtos alimentares ou bens de grande consumo. No entanto, na globalidade do ranking, o domínio pertence, claramente, às empresas que operam no sector alimentar e das bebidas (137), seguido dos produtos de higiene pessoal e para o lar (26), aparecendo só então as tecnológicas (23). De facto, as empresas do ramo alimentar e das bebidas representam 54,8%, com o sector da higiene pessoal e do lar a pesar 10,4%, e os produtos para a casa (bricola-

Japão Outros Europa

32%

Produtos lar

23%

EUA

Quota do Top 250 vendas por região/país

Produtos electrónicos

13%

França

Alemanha

6%

Entretenimento

2% 4% 2%

Japão

5%

EUA Alemanha

4%

14%

Canadá

Fonte: Global Powers of Consumer Products 2013, Deloitte

ge) a possuírem uma quota de 9,2% (ver quadro 2). Já por vendas, o quadro altera-se ligeiramente, embora as empresas alimentares e de bebidas continuem no topo, porém com uma percentagem menor (47,9%),

seguidas pelo sector dos produtos para o lar (bricolage), com 23%, e só depois pelas empresas de higiene pessoal e do lar, com 12,6%. Possível de verificar é também a forte presença de empresas originárias da Ásia

(89), América do Norte (82) e Europa (65), com a América Latina a aparecer com 11 empresas e África/Médio Oriente com três. De resto, estas três companhias estão localizadas no Médio Oriente – uma na Arábia Saudita e duas na Turquia.

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opinião

Reforma tributária e mercado informal SHYNIA JORDÃO economista

“Se o sector formal da economia for mais vasto comparativamente ao informal, o Estado terá decerto mais dinheiro, que pode arrecadar através das contribuições fiscais”

C

erta vez um político de nomeada disse: “Querer fazer tudo é o primeiro passo para não se fazer nada.” Essa frase tem uma forte ligação com o tema em epígrafe, pela simples razão de termos, reconhecidamente, uma economia excessivamente informal ainda e, por isso, ser um problema profundo ter de se dar passos pequenos, atacando, não tudo de uma só vez, mas partes mais sensíveis desse novelo emaranhado (economia informal) de modo que, no fim de contas, possamos ter um Estado com mais liquidez, cidadãos menos evasivos e uma reforma verdadeiramente eficaz. Mas vamos por partes… Mercado informal sugere um local onde se praticam actos de comércio informal. No site da Direcção Nacional do Comércio pode ler-se: comércio informal é “a prática de actos de comércio de carácter espontâneo, realizado em locais impróprios e nos mercados paralelos sem obediência a regras e normas técnicojurídicas, higieno-sanitárias e obrigações fiscais para com o Estado…”. Por seu turno, Deocleciano Torreri Guimarães (Dicionário Técnico Jurídico) define reforma tributária como sendo um conjunto de medidas a promover alterações totais ou pontuais do sistema tributário”. No nosso País, essa reforma é encarnada pelo PERT (Projecto Executivo para a Reforma Tributária) e, o que reflecte bem a amplitude da sua envergadura, está sob dependência directa do Presidente da República (Artigo 1.º do Decreto Presidencial N.º 155/10 de Julho). O PERT tem uma duração prevista de cinco (5) anos (Artigo 2.º) (talvez sejam necessários mais anos… é só a minha opinião) e tem a missão de “promover uma reforma tributária, com vista à transformação da fiscalidade num instrumento mais justo e eficaz”. Angola viveu durante muitos anos sob o norte de prioridades de índole pouco reformistas – a guerra. E isso desencadeou o surgimento de “Roques Santeiros” e realidades afins. Ou seja, o mercado informal não surge do acaso. As razões que subjazem à sua existência são, entre outras: “índice elevado do desemprego; pobreza extrema da população; deficiente formação académica/profissional dos agentes económicos; contracção da agricultura; a destruição dos circuitos de distribuição, dos centros de produção e da rede viária”. Estes elementos criaram aos poucos um mercado informal sólido que, nalguns casos, prevaleceram sobre o mercado formal. As consequências?! Desde logo, a fuga ao fisco. Mais: violação de princípios, quer sobre a protecção, saúde e segurança do consumidor, quer sobre a saúde pública, tanto como, igualmente, sobre a assistência técnica pós-venda e sobre as condições higieno–sanitárias. Um estudo realizado recentemente concluiu que 52% da população economicamente activa em Angola estava inserida na economia informal. Embora a percentagem me pareça subavaliada, a verdade é que existe um enorme sector de actividade económica por tributar. Mais: as receitas fiscais não petrolíferas em Angola andam à

roda de 9% do PIB ao passo que em Portugal são da ordem dos 25%. Este dado sugere o potencial de receitas que o Estado angolano tem. E receita não petrolífera. É sobretudo essa que interessa ao PERT, para se esbater o fosso que existe entre receitas não petrolíferas e receitas petrolíferas. Até aqui, uma coisa está clara: se o sector formal da economia for mais vasto comparativamente ao informal, o Estado terá decerto mais dinheiro, que pode arrecadar através das contribuições fiscais. Então que palavra tem a dizer o PERT/a reforma? O PERT vai baixar (já baixou nalguns casos) genericamente as taxas de imposto. Essa decisão paradoxalmente suscita um aumento da arrecadação bem como diminui o mercado informal, desencorajando a evasão fiscal, assevera Marcello Papa. É mais importante o total das receitas do que as taxas aplicadas, reforça K. de Boer (consultor). A linguagem tributária deve ser mais acessível ao maior número de contribuintes possíveis. O PERT está igualmente a publicar e desenvolver legislação com essa característica. O contribuinte deve perceber aquilo que está a pagar. A linguagem cuidada, segundo Marcello Papa, constitui um dos factores de perda de arrecadação. Além disso, o então ministro das Finanças, Carlos Lopes, disse recentemente que o Estado pretende levar, progressivamente, a economia informal para o sector formal com incentivos e estímulos constantes, através de instrumentos normativos, como a Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas, o programa de apoio aos pequenos negócios (zungueiras e vendedores ambulantes), o reajuste do regime jurídico do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) e a instituição do Balcão Único do Empreendedor. Estes programas e regimes jurídicos (parte integrante da reforma) vão ter o seu impacto a médio e a longo prazo nas receitas do Estado, e bem assim na redução da economia informal. Um aspecto que merece destaque, e que a reforma tem em linha de conta, é a promoção da transparência. Se as pessoas, singulares e colectivas, souberem o destino dos montantes arrecadados, decerto deixarão de encarar os impostos como um mal necessário e sentir-se-ão mais responsáveis socialmente. Por outro lado, porque esse processo passa pela mudança de mentalidade, o PERT deverá chegar e instalar-se nas escolas… Afinal, de pequenino é que se torce o pepino. O caminho vaticina-se sinuoso. Mas esse é o desafio. Principalmente das lideranças, na condução dessa, aplaudida por muitos e repugnada por outros poucos, reforma. Tem de haver coragem, na tomada de algumas posições. A reforma fiscal só por si não resolve todo o problema do informalismo da nossa economia, é verdade. Mas é um caminho privilegiado e imprescindível para valorizar os nossos quadros, mudar a imagem da administração tributária e aumentar a sua eficiência, ter-se uma administração orientada para o cliente, combater, claro, o sector informal e assegurar o bem-estar social de todos os cidadãos. Esse, afinal, é o fim último dos impostos.

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bebidas

/Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Delta Cafés

Com o mercado angolano a corresponder a 15% do total de exportações, a Delta, através da Angonabeiro, espera crescer 50% em 2013. O lançamento de um novo conceito de negócio e de uma nova máquina foram o mote para a conversa.

“Esperamos crescer 50% em Angola” >> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

A

crise vivida em Portugal fez a Delta apostar num novo modelo de negócios, virado mais para o business. Sem timing preciso, o responsável do grupo admite que, como marca global, a Delta Q pretende estar sempre próxima dos mais diversos consumidores espalhados pelo mundo. Distribuição em Expansão: A Delta lançou recentemente Delta Q Business. Com que objectivo se dá este lançamento e qual a razão para estar tão presente no segmento fora de casa? Rui Miguel Nabeiro: A entrada de Delta Q no canal Horeca é mais um passo natural da marca dado no negócio da Delta Q, que já consolidou a sua presença em casa

dos portugueses, conquistando cada vez mais consumidores. Com o Delta Q Business, queremos proporcionar, nos mais diversos espaços, um expresso perfeito da forma mais simples. A qualidade de uma carta de cafés de excelência, com a conveniência de um sistema prático e limpo que até aqui só estava disponível para os lares, e que agora chega ao canal Horeca e às empresas. O business é, actualmente, um segmen-

“O mercado angolano é prioritário para o grupo onde é líder”

to a explorar, tendo em vista que o mercado do lar está perto de se esgotar ou já se esgotou mesmo? Delta Q é uma marca que prima pela inovação e, como tal, dá sempre um passo em frente. A entrada no segmento busi-

O lote nacional De carácter forte e sabor pronunciado, o lote Angola resulta da selecção dos melhores Robustas africanos, caracterizados pelo seu aroma exótico. De carácter forte e sabor pronunciado, este café proporcionará momentos de intenso prazer.

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ness é mais um passo dado, em termos de inovação da marca, tanto no mercado do lar como no segmento business. Queremos estar presentes em todos os momentos dos consumidores, de forma única. Com Delta Q Business a destinar-se ao canal Horeca, não existe a possibilidade de canibalização dos cafés tradicionais Delta no conceito Horeca? O Delta Q Business destina-se a clientes com necessidades específicas. Não vamos concorrer directamente com a Delta Cafés, mas pretendemos trabalhar em conjunto para satisfazer da melhor forma os clientes do grupo. Este lançamento de Delta Q Business limita-se ao mercado português, ou existe a intenção de exportar este conceito? Para que países/mercados? Neste momento, acabámos de entrar no segmento business em Portugal, no entanto, pretendemos estender esta entrada a outros mercados onde a Delta Q está presente. Delta Q é uma marca que pensa global e, como tal, pretende estar sempre próxima dos mais diversos consumidores espalhados pelo mundo. O mercado do café sofreu uma grande transformação com o surgimento do conceito de máquinas de cápsulas para o lar. Com este fenómeno, é possível que as máquinas tradicionais dos cafés venham a ser substituídas por máquinas mais sofisticadas e de cápsulas? Cada negócio tem a sua necessidade específica. No caso de Delta Q Business, desenvolvemos, de raiz, a máquina Quorum, uma inovação pensada para combinar um desempenho técnico eficiente aliado a um design moderno. No caso do in home, temos também vindo constantemente a inovar e a desenvolver novas máquinas, como foi recentemente o caso da nova máquina Qosy automática, desenhada a pensar no dia-a-dia do consumidor, uma nova máquina, compacta, prática e cómoda pensada para as mais diversas ocasiões. A Qosy oferece um sofisticado sistema automático, que permite a extracção de cafés e tisanas, além da programação e automatização quer do conteúdo, quer das temperaturas das bebidas. A nova aposta Delta Q dá também um passo em frente ao permitir, pela primeira vez, a utilização de uma garrafa PET de água, em vez do tradicional recipiente de água.

A Angonabeiro A Angonabeiro lidera o mercado de cafés torrados em Angola e promove o fomento da produção de café verde, mediante apoio directo aos pequenos e médios produtores, assegurando a compra da sua produção para o seu abastecimento em Angola, assim como para exportação para Portugal. A actividade da empresa está orientada para todos os canais, desde o grossista ao retalho e Horeca, e também para o informal, que em Angola atinge 60% a 70% do comércio em geral. Actualmente a Angonabeiro está bem inserida na província de Luanda e nas principais províncias de Angola (onde conta com nove distribuidores). Para além dos cafés Ginga e Delta, comercializa toda a gama de produtos da Adega Maior e AgroDelta.

ta em Angola? A Delta Cafés está presente no mercado angolano através da marca de café Ginga, marca de café da empresa Angonabeiro, desde 1998. Sendo uma unidade de negócio do Grupo Delta Cafés, a Angonabeiro opera de acordo com as boas práticas do grupo a que pertence. O mercado angolano é prioritário para o grupo, onde somos líderes. O mercado angolano corresponde a 15% do total de exportações. Trata-se de um mercado muito diferente dos habituais da Delta Cafés? Porquê? Cada mercado da Delta Cafés é visto de forma distinta, visto que todos os consumidores são diferentes. Apesar de tratar cada consumidor de forma diferente, a Delta mantém intacta a qualidade única do café. Angola é um mercado mais de café normal Delta ou de cápsulas? Existe já essa transferência de consumo? Consideramos que há oportunidade para ambos os segmentos crescerem.

Qual o volume e valor de vendas da Delta Cafés em Angola? O mercado angolano corresponde a 15% do total de exportações, onde a Delta espera crescer 50%. Com a crise vivida em Portugal e o cada vez mais reduzido poder de compra dos portugueses, há que olhar obrigatoriamente para os mercados externos? Cada vez mais, é preciso pensar global e, como tal, a Delta Cafés pensa não só a nível nacional mas também internacional. Angola vive um momento de transformação, com o desenvolvimento de uma classe média, com rendimentos maiores, cada vez mais elevada. Como é que a Delta Cafés tem vindo a adaptar-se a esta realidade? A Delta Cafés, através da Angonabeiro, tem vindo a adaptar-se, cada vez mais, ao contexto social, económico e político de Angola. Desta forma, a Angonabeiro tem vindo a apostar não apenas na construção de infra-estruturas, que tornem possível o crescimento do seu negócio, de forma

sustentada, mas também no fortalecimento das relações da marca com os seus consumidores, apresentando inovações constantes. Angola já foi um grande produtor de cafés. A Delta tem algum café com origem em Angola? Desde a década de noventa que a Delta Cafés já tem um café de origem angolana, lote Mussulo, que após a mudança de imagem e do alinhamento internacional do packaging é designado, agora, de Angola. Para quando uma loja Delta Q em Angola? Não está nada previsto. Como gostaria de ver os Cafés Delta nos próximos anos no mercado angolano? Gostaria que os Cafés Delta fossem vistos como únicos, como “o café das suas vidas”. Espero que a presença seja cada vez mais consolidada ao longo do tempo revelando, assim, a aposta do grupo na qualidade e inovação do café.

Os cafés Delta estão presentes em Angola com uma vasta notoriedade. Como caracterizaria a presença de Del#35

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transportes

/Volvo

Nove em cada dez acidentes envolvendo camiões resultam de factores humanos. Este facto foi revelado num novo relatório sobre segurança de trânsito e acidentes rodoviários na Europa produzido pela Volvo Trucks.

Cansaço e descuido na origem da maioria dos acidentes >> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

U

m relatório concebido pela Equipa de Pesquisa em Acidentes (EPA) da Volvo Trucks, baseado nos seus próprios estudos, bem como em dados obtidos junto de várias autoridades nacionais e europeias, conclui que nove em cada dez acidentes envolvendo camiões resultam de factores humanos. Este relatório descreve por que razão ocorrem os acidentes com camiões, a sua sequência e o que pode ser feito para redução do risco de acidentes e respectivas consequências. “90% de todos os acidentes com camiões derivam total ou parcialmente de factores humanos, por exemplo, quando um ou mais condutores dos veículos envolvidos estão distraídos ou calculam erradamente a sua velocidade,” afirma Carl Johan Almqvist, director de Segurança Rodoviária e de Produtos na Volvo Trucks. O relatório revela ainda que beber e conduzir não é uma das principais causas de acidentes de trânsito relacionados com motoristas de camião. Apenas 0,5% dos motoristas envolvidos em acidentes graves se encontravam sob a influência de álcool. O valor correspondente para acidentes de veículos de passageiros varia entre 15% e 20%.

Os camiões pesados correspondem a 17% de todos os acidentes mortais e a 7% dos acidentes com danos pessoais. A maioria dos acidentes que resultam em ferimentos para o motorista de camião trata-se de incidentes envolvendo um único veículo em que o camião se despista para fora da estrada. Mais de metade de todos os acidentes graves com camiões consistem em colisões com automóveis. “O acesso a dados sobre acidentes é extremamente precioso para o nosso trabalho contínuo sobre segurança, contribuindo para elegermos as prioridades correctas no desenvolvimento dos nossos produtos. Por exemplo, dispomos de um reforço na melhoria da segurança nos nossos modelos de camiões mais recentes, com uma gama de sistemas de apoio que melhoram a visibilidade, alertam o condutor ou centram a sua atenção em situações de anomalia”, explica Carl Johan Almqvist. Graças a veículos mais estáveis, melhores infra-estruturas e um comportamento mais seguro na estrada, o número de acidentes fatais nas estradas europeias tem vindo a cair continuamente desde os

princípios dos anos 90. Mas muito mais vidas poderiam ser salvas se mais pessoas utilizassem o cinto de segurança, procedimento que nem metade dos condutores de camiões nas estradas europeias pratica. Apenas 5% dos motoristas de camião vítimas mortais de acidentes rodoviários usavam o cinto de segurança. “Enquanto houver pessoas feridas em acidentes de viação, continuaremos à procura de níveis mais elevados de segurança. Primeiramente, tornando os nossos camiões mais seguros para os condutores e outros utentes da estrada; em segundo lugar, pela propagação de know-how e pelo impacto nos padrões de comportamento, persuadindo também mais pessoas a usar o cinto de segurança.” A EPA investiga e analisa os acidentes de trânsito envolvendo camiões desde 1969. Durante mais de 40 anos, a experiência e a perícia da EPA formaram a pedra angular do trabalho da Volvo Trucks na melhoria contínua das propriedades de prevenção de acidentes e de ferimentos dos seus camiões, tornando os camiões Volvo dos mais seguros do mercado.

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tecnologia

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ETIQUETAS NANO

As etiquetas RFID, também conhecidas como etiquetas inteligentes, há muito que prometem substituir os códigos de barras. Contudo, o custo com as etiquetas tem sido o principal entrave. Agora, um novo processo permitirá que sejam mais acessíveis… e ainda mais pequenas.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: DR

H

á coisas que primam por não ser só grandes como megas. Outras, contudo, estão a tornar-se cada vez mais pequenas, minis, senão mesmo nano. É o caso das etiquetas que podemos encontrar em milhares de produtos que se encontram à venda em super e hipermercados. Há muito que as etiquetas RFDI (em inglês Radio-Frequency IDentification, ou seja, etiquetas por radiofrequência), também conhecidas por etiquetas inteligentes, prometem substituir os actuais códigos de barras. Ao contrário destes últimos, que possuem um dado único e permanente, as etiquetas RFID possuem um chip e memória no interior, podendo comunicar com o exterior por meio de tecnologias de transmissão de dados sem fios. Contudo, e apesar das vantagens, as etiquetas RFID ainda são caras. Mas agora, um novo processo permitirá que elas sejam simplesmente impressas, exactamente como os códigos de barras. Numa investigação conjunta, investigadores da Universidade Nacional Sunchon, em Suncheon (Coreia do Sul), e da Universidade Rice, em Houston (EUA), construíram uma etiqueta de identificação através de radiofrequência que pode ser impressa directamente em caixas de cereais e/ou sacos de batata frita. A tecnologia utiliza a tinta misturada com nanotubos de carbono para imprimir a etiqueta em papel ou plástico, que poderá imediatamente transmitir informações sobre os produtos presentes num carrinho cheio de compras, sua quantidade e preços. As contas feitas pelos investigadores dizem que o custo de impressão nos produtos é de cerca de 3 cêntimos em comparação com cerca de 50 cêntimos de dólar para cada etiqueta baseada em silício utilizada actualmente, admitindo, no entanto, que o custo poderá, eventualmente, baixar para 1 cêntimo. As etiquetas foram possíveis com a criação de tinta semicondutora, que contém

nanotubos de carbono, que é capaz de armazenar uma pequena carga eléctrica. A mistura de nanotubos criados em laboratório inclui ambos os nanotubos semicondutores e nanotubos condutores. A equipa desenvolveu uma forma de revestir os nanotubos de condução num polímero para proteger a carga eléctrica e permitir que a tinta se torne semicondutora. Os investigadores estão agora a desenvolver a tecnologia para que a tinta possa ser aplicada nos processos de impressão rotativa utilizada na indústria de embalagens. Isso envolve passar o processo de impres-

são dos chips RFID da tecnologia de jacto de tinta para a rotogravura. O próximo protótipo deverá ser uma etiqueta RFID de 16 bits, capaz de conter uma quantidade maior de informações, dando maior flexibilidade ao uso das etiquetas inteligentes. Além disso, será necessário também reduzir o tamanho das etiquetas impressas, uma vez que as actuais ainda são maiores do que os códigos de barras, estimando os responsáveis pela investigação que as etiquetas possam estar prontas para uso comercial dentro de três anos.

Tinta de nanotubos de carbono A técnica utiliza uma tinta na qual estão dissolvidos nanotubos de carbono. Aplicada por uma impressora de jacto de tinta, a tinta com nanotubos é usada para desenhar os transístores que formam o chip da etiqueta RFID. No estágio actual, ela pode ser utilizada para imprimir os circuitos electrónicos sobre papel ou plástico. Este mesmo princípio – a dissolução de nanotubos de carbono numa solução para formar uma tinta – já foi aplicado

para imprimir transístores e células solares e até imprimir uma bateria de papel. A técnica é capaz de imprimir também a antena, os eléctrodos e as camadas dieléctricas, num processo feito em três etapas. As etiquetas inteligentes resultantes são do tipo passivo, o que significa que elas não precisam de bateria para funcionar. A energia para ler seus dados é fornecida pelo leitor e captada pela mesma antena usada para fazer a transmissão

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opinião

mPOS – a evolução dos pagamentos electrónicos para promover a digitalização de pagamentos em Angola

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bom funcionamento de uma economia está dependente dos seus sistemas de pagamentos. Poderá um sistema de pagamentos móvel contribuir para um desenvolvimento mais acelerado da economia angolana? Desde os primórdios do pensamento económico, economistas como Adam Smith e Miller defendiam que a economia de um país é tão mais desenvolvida quanto mais eficiente for o seu sistema de pagamentos. No império romano, uma das primeiras civilizações económicas baseadas em trocas comerciais, o sal foi usado como moeda para facilitar o sistema de pagamentos. Posteriormente, desde o cunho de minérios como o ouro, a prata e a platina até à criação da moeda como a conhecemos hoje, a humanidade criou sistemas de pagamentos para assegurar que as trocas entre “comprador” e “vendedor” eram feitas da forma mais eficiente possível. O surgimento das instituições financeiras e de formas de pagamento alternativas como letras, cheques e, mais recentemente, de cartões de débito ou de cartões de crédito flexibilizaram a forma como as trocas são desenvolvidas entre as duas partes. O cartão bancário é neste momento a solução standard para a maioria dos pagamentos a nível internacional. No entanto, duas condições devem estar reunidas para que esta solução funcione: o comprador tem de estar afiliado a uma instituição financeira, e o vendedor deve possuir um sistema que processe esse tipo de pagamentos. Em Angola essas duas condições tardam em desenvolver-se. Por um lado, a taxa da bancarização não chega a um quarto da população, por outro lado, os pequenos e médios distribuidores não têm sistemas para aceitar pagamentos através de cartões bancários, dado que o investimento em terminais de pagamento automáticos (TPA) é relativamente alto e o período de recuperação do investimento é considerado demasiado longo. As duas questões conjugadas criam um círculo vicioso: comprador e vendedor carecem de motivação para alterarem a sua forma de pagar e receber. Existe uma solução tecnológica recente que pode revolucionar o paradigma na generalidade dos mercados emergentes e em particular em Angola. O Ponto Móvel de Venda (mPOS ou mobile point of sales) é uma solução que permite o uso de um telemóvel tradicional, para realizar pagamentos através de um cartão bancário. De uma forma simples, consiste na utilização de um dispositivo amovível (figura 1) conectado a um telemóvel que tem a capacidade de ler o cartão e processar o pagamento através da rede de telecomunicações. A adopção de soluções mPOS está a crescer mundialmente, inspirada em casos de sucesso que começam a surgir um pouco por todo o lado. Inúmeras empresas de soluções mPOS nos

EUA, como a Square e Intuit, cobrem milhares de pontos de venda. Na Índia, empresas como a Ezetap e a mPOWA forneceram soluções a mais de 600 000 pontos de venda (maioritariamente na área do retalho). No Quénia, 5 milhões de habitantes (aproximadamente 11% da população) podem realizar os seus pagamentos em mPOS na sequência de uma parceira entre a MasterCard/Equity Bank e a Ezetap. Ao contrário daquilo que sucede com outras inovações, o mPOS apresenta imediatamente vantagens para os países emergentes tal como para os países mais desenvolvidos. Apesar de a principal opção de suporte para pagamentos electrónicos ser o Terminal de Pagamentos Automático (TPA), os sistemas mPOS apresentam quatro vantagens claras: • Os dipositivos amovíveis que permitem a utilização do telemóvel como um terminal mPOS são normalmente cedidos aos comerciantes isentando-os de investimento inicial; • A solução mPOS reduz um dos principais custos recorrentes da solução TPA, as taxas de processamento sobre cada transacção (geridas em Angola pela EMIS); • Um telemóvel, equipamento base do sistema mPOS, tem uma autonomia superior aos actuais TPA, dado não estar dependente da ligação constante à rede eléctrica; • A mobilidade permitida ao comerciante traduz-se num aumento da comodidade e melhoria da experiência de utilização, permitindo flexibilizar pagamentos e cobranças em alguns tipos de actividades de maior mobilidade (e. g., pequenos empresários, vendedores porta a porta, taxistas, etc.). Noutra perspectiva, os mPOS podem ser vistos como um contributo adicional para aumentar o consumo dos turistas nos pontos de venda. O potencial é grande se tivermos em conta que, a nível mundial, a maioria dos mercados emissores de turistas são países desenvolvidos onde a penetração de cartões de débito está acima dos 100% e de cartões crédito acima de 50% (World Bank 2011). A título de exemplo, dois dos principais mercados emissores de turistas para Angola apresentam taxas de penetração de cartões de débito elevadas: África do Sul, 70% (Euromonitor 2012), e Portugal, 142% (Marktest 2011). Tal como o sal no seu tempo, os mPOS podem aumentar a eficiência e flexibilidade no sistema de pagamentos e contribuir para a evolução económica do País. Parece claro que os mPOS têm vantagens sobre os TPA tradicionais e que a sua adopção universal pelos pontos de venda angolanos poderá contribuir para o aumento e melhoria das trocas comerciais entre comprador e vendedor. A tecnologia está ao alcance de todos, aguardamos com expectativa saber quem irá tomar a iniciativa e ser o pioneiro na introdução de soluções mPOS em Angola.

DIDIER COLLIGNON managing partner, Greenwich Consulting Luanda E-mail: didier.collignon@greenwich-consulting.com

“Existe uma solução tecnológica recente que pode revolucionar o paradigma na generalidade dos mercados emergentes e em particular em Angola”

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novidades

Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão

SUPER BOCK ARTESANAL Super Bock Selecção 1927 é uma gama de cervejas especiais, de cariz artesanal, em edições limitadas e sazonais, reforçando as credenciais cervejeiras da marca Super Bock, concedendo sofisticação à categoria e ao consumo desta bebida milenar. Super Bock Selecção 1927 apresenta uma imagem premium, em garrafas de 75 cl, com rolha de cortiça, remetendo para a essência do processo produtivo de cariz artesanal destas cervejas. Com esta Selecção exclusiva, Super Bock pretende valorizar e tornar mais requintada a experiência de beber cerveja, criando uma oferta mais diferenciada para apreciadores, mas também para atrair novos consumidores.

AIR WICK EM DOSE DUPLA O novo ambientador eléctrico DoubleFresh de Air Wick foi concebido para tornar as casas dos portugueses mais acolhedoras, frescas e perfumadas nesta Primavera. Dotado de mais intensidade e fragrância, tem duas recargas que libertam perfume em simultâneo. Consoante a intensidade escolhida, que pode ser ajustada de acordo com as necessidades e gostos de cada um, a duração pode ir até 75 dias. DoubleFresh apresenta-se na fragrância “Frescura de Colónia de Bebé”, que vai trazer lembranças da ternura dos bebés e deixar o lar com o fresco e suave aroma de colónia infantil. No entanto, qualquer recarga de ambientador eléctrico da marca pode ser utilizada neste novo aparelho.

FAIRY LANÇA DETERGENTE PARA ROUPA A Fairy lançou um detergente para roupa, o Fairy Roupa. De acordo com a marca, a fórmula deste detergente “integra um sistema eficaz de enzimas que actua directamente nas piores nódoas, decompondo as manchas em moléculas mais pequenas, o que facilita a sua eliminação.” O Fairy Roupa já está disponível nos formatos Líquido, Cápsulas e Pó.

A BABYBEL LANÇOU O MINI BABYBEL 2 GO O Mini Babybel apresenta-se ao mercado com uma nova embalagem de dois queijinhos, para consumo imediato. Cátia Dias, Group Brand Manager comenta que “Mini Babybel é uma marca diferenciada que tem vindo a conquistar cada vez mais fãs – crianças e pais. Com o lançamento deste novo conceito temos como objectivo, por um lado, facilitar a experimentação com um preço de venda mais baixo e por outro promover o consumo imediato, estando em plano não só a presença nos locais de venda habituais (hipers e supers) mas também explorar novos canais de distribuição que privilegiam a conveniência.”

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/novidades

QUINTA DO PORTAL LANÇA VERDELHO & SAUVIGNON 2012 Duas castas reconhecidas internacionalmente estão na génese do novo vinho da Quinta do Portal o Verdelho & Sauvignon 2012. “A Verdelho para uma acidez e mineralidade inebriante e uma presença séria em boca, e a Sauvignon blanc que contribui para uma excelência aromática extremamente limpa, frutada e floral, com notas de cedro”, descreve Paulo Coutinho, enólogo da Quinta do Portal. São cerca de três mil garrafas que têm como destino o mercado nacional, mas também alguns mercados externos.

NACIONAL COM NOVAS BOLACHAS E CEREAIS A Nacional acaba de lançar novas bolachas integrais com soja e sabor a laranja. Ricas em fibra e com baixo teor de açúcar, estas novas bolachas contêm verdadeira polpa de fruta e oferecem os benefícios da soja, resultando num produto saudável e baixo em calorias, revela a marca em comunicado. A embalagem de 150 gr. contém quatro saquetas práticas e convenientes. Além das bolachas, a marca centenária lançou ainda, no segmento fibra, os novos cereais +Fibra Total. Produzidos a partir de fibra natural de trigo, são indicados para a primeira refeição do dia. Ricos em vitaminas e ferro, os novos cereais contêm 27% de fibra natural e destaca-se “pelo sabor e pelo aporte de energia, optimismo e boa disposição”. Os novos cereais +Fibra Total estão disponíveis em embalagens de 300 gr.

ICE TEA EM SAQUETAS BY LIPTON

A Lipton Ice Tea vai introduzir no mercado três novos sabores de chá em pó, económicos, pouco calóricos e fáceis de transportar. Esta inovação da marca recebeu o nome de Lipton Tea & Honey e estará disponível nos sabores limão, pêssegoalperce e manga-ananás. Em formato de saquetas individuais, esta nova forma de beber Ice Tea é facilmente transportável, ideal para levar numa mala ou mesmo numa marmita, para ir bebendo ao longo do dia, refere uma nota de imprensa da marca. A bebida integra ingredientes genuínos, como mel, folhas de chá e sabores naturais de frutos. “Estas saquetas de chá acrescentam um sabor agradável e natural à água, respondendo às necessidades de hidratação do tempo mais quente e aos muitos consumidores que não consomem suficiente quantidade de água”.

NOVIDADE DA OLÁ CHAMA-SE YOGOO Yogoo é a mais recente novidade da Olá. Trata-se do primeiro “frozen yogurt” em copos de 450 ml e multipacks com quatro mini copos individuais, em duas variedades: Frutos Vermelhos e Sabor Natural. “Os gelados são uma verdadeira tentação para qualquer criança e para muitos adultos. Actualmente, podemos considerar que os gelados, e em especial os que são feitos à base de iogurte, são muito mais que uma simples sobremesa; contêm um bom valor nutricional e contêm menos calorias quando comparados com outros snacks ou sobremesas doces que muitos adultos ou crianças gostam”, esclarece Helena Cid, Nutricionista e autora do livro “Todos para a mesa – Alimentação Saudável para Pais e Filhos”. #41

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Neuromarketing: a neurociência e o marketing JOAQUIM REIS Ph.D., professor no IPAM, the marketing school, Lisboa. Coordenador do IPAM Lab, Lisboa. Investigador no UNIDCOM, IADE, Creative University

“As empresas que querem fazer estudos de marketing e de consumo não podem neglegenciar os dados biométricos”

O IPAM, the Marketing School, lançou em Lisboa um mestrado executivo em neuromarketing (ver www.ipam.pt) que visa dar às pessoas conhecimentos básicos do funcionamento do cérebro e dos métodos biométricos que se utilizam em neuromarketing. De realçar também que o IPAM Lab iniciou já alguns estudos de assessoria para empresas utilizando os métodos do neuromarketing.

N

as últimas duas décadas, a ciência do cérebro evoluiu de forma espantosa. Um dos cientistas que mais contribuíram para essa evolução foi um neurocientista português, António Damásio, cujo livro O Erro de Descartes, publicado em 1994, abriu as portas para um amplo movimento de interesse no estudo do cérebro, designadamente sobre o importante papel da emoção no processo de tomada de decisão. Disciplinas como a economia e a educação mostraram desde logo interesse nas pesquisas sobre o cérebro para complementar as suas pesquisas e desenvolvimentos teóricos. A primeira fusão entre uma disciplina tradicional, a economia, e a neurociência deu origem à neuroeconomia. Com o foco no estudo do processo de tomada de decisão, o seu objectivo consiste em saber em que medida as descobertas sobre o funcionamento do cérebro podem ajudar a desenvolver novos modelos económicos e de decisão. Claro que o marketing não podia ficar de fora destes desenvolvimentos. Assim, em 2002, é formalizado o conceito de neuromarketing. Este novo domínio visa estudar as respostas do cérebro das pessoas a estímulos de marketing. Estas respostas são obtidas por tecnologias que tiveram fortes desenvolvimentos nos últimos anos. É o caso da ressonância magnética funcional (fMRI) e da electroencefalografia (EEG), que permitem medir mudanças na actividade cerebral em respostas a certos estímulos e experiências; ou de sensores que medem várias alterações fisiológicas (por exemplo, ritmo cardíaco, resposta galvânica da pele, dilatação da pupila); ou de software especializado que faz a análise facial, dando indicações sobre as emoções da pessoa durante certas vivências; ou do eye-tracking, que permite aceder às posições dos olhos e aos seus movimentos. Os movimentos oculares indicam o foco da atenção visual com maior detalhe e acuidade que os relatos pessoais. Contudo, o método de eye-tracking não revela porque uma área particular de uma embalagem, por exemplo, mereceu a atenção da pessoa. Para interpretar esse foco da atenção, temos de usar métodos mais do âmbito da psicologia do que da neurociência. Isto significa que o que o neuromarketing trouxe de novo é que o marketeer pode assim complementar os dados das metodologias tradicionais com os dados fisiológicos para maximizar os efeitos das suas acções. Grandes empresas como a Google e a CBS utilizam a pesquisa em neuromarketing para avaliarem as respostas dos consumidores aos seus produtos. Nos EUA já faz parte da rotina de muitas empresas a utilização de tecnologias como o eye-tracking e a análise da expressão facial das emoções para melhor perceber as reacções das pessoas aos anúncios e às marcas. Em 2004, o neurocientista Read Montague fez um estudo em neuromarketing que se tornou famoso e que ilustra o tipo de pes-

quisa que se faz nesta área. Repetiu o famoso teste do Pepsi Challenge (teste de sabor cego comparando a Coca-Cola e a Pepsi) com 67 pessoas enquanto estas eram sujeitas a um scanner do seu cérebro através da fMRI. Foram examinadas duas condições: (1) pessoas que provavam a bebida sem saber a marca e (2) indicação de uma das marcas quando a pessoa provava as bebidas. Na primeira condição foi registada uma resposta neural consistente no córtex pré-frontal ventromedial que estava correlacionada com as preferências das pessoas por estas bebidas (metade escolheu Pepsi). Esta região do cérebro está implicada no processamento de sentimentos de recompensa. Contudo, o resultado mais interessante verificou-se na segunda condição quando as pessoas foram informadas de que estavam a beber Coca-Cola: três quartos disseram que a bebida desta marca sabia melhor. O conhecimento da marca para uma das bebidas teve uma influência dramática nas preferências que as pessoas expressaram a nível comportamental, mas também a actividade cerebral mudou. O córtex pré-frontal lateral, uma área do cérebro que está intimamente relacionada com as funções cognitivas de alto nível, e o hipocampo, uma área ligada à memória, foram activados. Ao serem expostas à marca Coca-Cola, as pessoas interpretaram o processo com base na sua memória: não apenas a memória da palavra “Coca” mas tudo o que sabem sobre “Coca” e as experiências que tiveram com a bebida dessa marca, incluindo todas as actividades de marketing. Os resultados puramente de sabor apontam para que a Pepsi deveria ter metade da quota de mercado, mas, na realidade, os consumidores decidem-se pela Coca-Cola por razões relacionadas principalmente com a sua experiência e as memórias com a marca Coca-Cola e não tanto com base nas suas preferências de sabor. Este é o exemplo de um estudo que utiliza teorias do marketing e da psicologia como base para interpretar os resultados de uma experiência de neuromarketing. A pesquisa que se baseia numa perspectiva biopsicossocial (que integra as dimensões biológica, psicológica e social) do ser humano é aquela que melhores resultados pode trazer na pesquisa e prática do marketing e do consumo. O marketing é um domínio interdisciplinar e integrador que deve utilizar todos os dados disponíveis nas diferentes dimensões da pessoa, e não simplesmente a aplicação dos conceitos e dos métodos da neurociência ao marketing. As empresas que querem fazer estudos de marketing e de consumo não podem negligenciar os dados biométricos. Seria um erro semelhante ao de um médico que continua a insistir num tratamento ao qual está habituado mas que não tem efeitos positivos na doença, ignorando um novo medicamento que comprovadamente aumenta a efectividade do tratamento.

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VERY IMPORTANT PROFESSIONAL Barómetro dos Notáveis

Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo

1. Agostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. Albano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. Estevão Daniel, Administrador da Refriango 5. Filipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. Galvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. Jorge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. José António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna

11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol 12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. Judith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 17. Manuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 18. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 19. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição 20. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 21. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola

22. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 23. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 24. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 25. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 26. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 27. Rui Malaquias, Docente e economista 28. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 29. Rui Santos, Presidente da Sistec 30. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)

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1.

Maxi e Kero inauguraram, há relativamente pouco tempo, novas lojas. Estas aberturas…

2.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia angolana deverá crescer, em 2013, 6,2%, acima dos 5,5% avançados anteriormente. Acredita nestas estimativas?

a) São uma prova da vitalidade do sector do retalho em Angola

a) Sim b) Não

b) São uma inevitabilidade para a sobrevivência dos players presentes no mercado

c) Depende da conjuntura económica mundial

c) São simplesmente uma antecipação à entrada de novos players

d) Tudo dependerá do preço do petróleo

d) São necessárias, mas a expansão deveria acontecer para as províncias

3.

As análises aos produtos alimentares importados para Angola vão custar entre 20 mil Kz e 250 mil Kz, revelou recentemente a ministra do Comércio, Rosa Pacavira, durante as 4.as jornadas técnicocientíficas do Codex-Angola. Estes valores…

4.

Os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) foram alargados com a entrada da África do Sul, ficando BRICS. Há quem admita que, em breve, este conjunto de países poderá ser alargado para BRICSA, com a entrada de Angola. Acredita nesta possibilidade?

a) São mais consensuais

a) Sim

b) São ainda elevados

b) Falta ainda muito à economia angolana para conseguir entrar neste grupo de países

c) Continuam baixos para um país que deseja fomentar a produção nacional

c) Não

d) São baixos. Deveriam ser o dobro

5.

Numa análise feita pelo jornal Expansão, os dados indicam que os produtos da cesta básica aumentaram 12% no 1.º trimestre de 2013.

d) Depende do desenvolvimento da economia angolana, principalmente, nos próximos dois anos

6.

A Cuca, empresa de cervejas angolana, quer alargar as vendas a todos os países lusófonos. Quais os países em que deverá ter mais sucesso?

a) Este valor deverá aumentar ainda mais ao longo do ano

a) Portugal b) Moçambique

b) Tudo dependerá dos preços das commodities c) Com os preços associados à importação de bens alimentares, os valores irão subir consideravelmente

c) Cabo Verde d) Todos

d) Só através de mais e melhor concorrência este aumento poderá ser estancado

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leituras

/livros

Os Tempos Hipermodernos

E Autor(es): Gilles Lipovetsky e Sébastien Charles Edição: 2013 Editora: Edições 70 Págs.: 136 Língua: Português Preço: 12,00 EUR (1497 Kz)

sta obra compõe-se de três partes: na primeira, o filósofo Sébastien Charles apresenta uma introdução ao pensamento de Lipovetsky; a segunda trata da sociedade hipermoderna; e na última parte, Charles entrevista Lipovetsky, que fala do seu percurso intelectual. Neste livro, Lipovetsky aprofunda suas ideias sobre a hipermodernidade e a angústia do homem contemporâneo perante a liberdade de escolha proporcionada por esta “segunda modernidade”, afirmando que os três aspectos fundamentais da modernidade – o mercado, o indivíduo e os avanços técnico-científicos – se intensificaram a partir dos anos 50 e desde os anos 80 com a intensificação da globalização, tendo passado a interferir directamente nos comportamentos sociais. O filósofo assinala os paradoxos do presente, destacando a fragilidade do indivíduo, simultaneamente mais autónomo e mais frágil.

Promoção de Vendas e Comunicação de Preços

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“ Autor(es): Pedro Quelhas Brito Edição: 2012 Editora: Almedina Págs.: 376 Língua: Português Preço: 18,00 EUR (2245 Kz)

xiste algo mais excitante do que as promoções? Os consumidores adoram-nas! Essa palavra mágica tem um enorme poder de atracção e, em igualdade de condições, uma marca ou um artigo em promoção é sempre o escolhido. O desafio deste livro é demonstrar que as promoções de vendas são a estratégia mais inteligente para, sem ‘mexer’ no preço, tornar a nossa proposta mais atractiva e interessante. Nessa perspectiva, o tema da comunicação do preço é crucial porque, se não dominarmos o preço (na sua dinâmica), perdemos dinheiro pela certa.”

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