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A PRA
passavam a ter conhecimento do sonho do WimBelemDon. Em setembro de 2002, quando estava em Nova Iorque por conta do US Open, Marcelo encontrou uma amiga de infância que havia anos morava nos Estados Unidos. Coincidentemente, ela tinha uma iniciativa na periferia de Los Angeles e fazia um trabalho social parecido com o que ele planejava para Belém Novo. Suzana Bertoni dos Santos acabou sendo a peça que faltava para transformar o sonho em realidade.
Ela estaria no Brasil em dezembro. Nesses dois meses, Marcelo construiu, com recursos próprios, um dos três módulos projetados para o WimBelemDon, que abrigava vestiários masculino e feminino e uma peça de 2m2 onde era guardado o material da obra – futuramente chamada a sala do Seu Nelson, quando passou a abrigar o material do projeto. Com a chegada de Suzana, foi estabelecida a ponte com a maior escola do at the prospective level. Everyone he had a coffee with, including the players, would hear about the WimBelemDon dream. In September 2002, when he was in New York for the US Open, Marcelo ran into a childhood friend who had lived in the US for many years. Coincidentally, she ran a charity in the outskirts of Los Angeles and did some social work along similar lines to that which he had been planning for Belém Novo. Suzana Bertoni dos Santos ended up being the secret ingredient for making his dream a reality.
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She would come to Brazil in December. In the two months that followed, Marcelo built, with his own funds, one of the three modules projected for WimBelemDon , housing male and female changing rooms and a 2m2 storage cupboard for the construction materials – in future, it came to be known as Mr. Nelson’s cupboard, when it
GENEROSITY genEROSIDADE
– para, numa reunião com a diretora, apresentar o projeto e estudar a forma de seleção das crianças que poderiam participar. “Quando ela falou que queria reunir os pais, envolver as famílias, e explicou de que maneira as crianças seriam atendidas – que os propósitos não estavam ligados apenas ao tênis, mas à educação e à valorização da vida –, senti que era algo muito bacana”, conta a então diretora da escola, Rosane Santos de Moraes.
Inicialmente, as crianças eram indicadas pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE) da instituição. Os critérios: ter entre 8 e 12 anos, estar frequentando a escola e se encaixar num perfil de vulnerabilidade. Suzana se comprometeu com um aporte mensal para colocar o projeto em prática. Marcelo convenceu a esposa, Luciane Barcelos da Silva, a Lu, a assumir a parte administrativa e coordenar todo o processo.
Então, em 20 de março de 2003, começaram as atividades do WimBelemDon com uma turma de 40 crianças; o primeiro professor de tênis e único contratado do projeto, naquele momento, Eduardo Frick; Marcelo, Lu e Penha (da oficina de leitura) como voluntários; e o Seu Nelson, jardineiro da casa de Marcelo, que ajudava na quadra terças e quintas-feiras. WimBelemDon era real.
A Rotina
As crianças frequentavam o projeto duas vezes por semana. Eram, aos poucos, introduzidas no mundo do tênis. “TODOS AJUDAVAM a colocar as redes, arrumar a quadra e organizar as raquetes. Havia aqueles que colocavam uma ao lado da outra, por cor. Bem metódicos. Depois da atividade, guardávamos tudo no quartinho”, conta Marcelo. Aliada ao esporte, a oficina de leitura. A água era da torneira, colocada numa started being used for storing the project’s materials. Suzana’s arrival established the bridge with the largest school in the area – Evarista Flores da Cunha State Primary School – and a meeting with the Head Teacher to present the project and discuss how to select pupils to participate. “When she said she wanted to get the parents together, get the families involved, and explained how the children would be cared for, that the purpose was not connected only to tennis, but also to education and values for life, I felt it was something really lovely”, recalls the Head Teacher at the time, Rosane Santos de Moraes. Initially, the children were referred by the school’s Educational Guidance Service. The criteria were: be aged between 8 and 12, attending the school and being from a vulnerable background. Suzana committed to making monthly payments to set the project in motion. Marcelo convinced his wife, Luciane Barcelos da Silva, to take over the administrative part and coordinate the whole process. Then, on 20th March 2003, the first WimBelemDon activities took place with a class of 40 children; the first tennis coach and only staff member of the project at the time, Eduardo Frick; Marcelo, Lu and Penha (who ran the reading workshop) as volunteers; and Mr. Nelson, Marcelo’s gardener at home, who would help out on the court on Tuesdays and Thursdays. WimBelemDon was real.
The Routine
The children would come to the project twice a week. Little by little, they would be introduced to the tennis world. “EVERYONE HELPED to put the nets up, get the court ready and the racquets organised. Some of them would align them by colour, methodically. After the activities, we would store everything in the cupboard”, Marcelo says.
CRIANÇAS EM FILA NO PRIMEIRO DIA DE AULA DO PROJETO
SEU NELSON COORDENANDO A COLOCAÇÃO DA LONA NA QUADRA
CHILDREN IN LINE ON THE FIRST DAY OF LESSONS IN THE PROJECT
MR. NELSON COORDINATING THE PROCESS OF COVERING THE SURFACE OF THE COURT bombona azul. E o lanche, “superbom”, pelas palavras das crianças, era bolacha. Tudo acontecia ao ar livre.
E nos dias de chuva? A leitura era feita no vestiário. As crianças chegavam cedo e disputavam o lugar mais desejado, o “trono”. Era como a primeira fila de um teatro, onde a visão e a acústica são privilegiadas. E o tênis? O projeto contava com a boa vontade do padre da paróquia local, que cedia um espaço para a prática de esportes. Nesses dias, a bola era de espuma, bem leve, para não correr o risco de quebrar a igreja.
Institucionalmente, eram idealizadas a visão, a missão e a primeira versão do estatuto do projeto – que, mais tarde, descobriram não estar em conformidade com o que a lei previa para uma Organização Não Governamental (ONG). “A Suzana era presidente, eu vice. Não poderíamos nem receber doações com aquele formato de estatuto”, recorda o fundador do WimBelemDon.
Mas a visão, desde a sua concepção, se mantém a mesma, como recorda o amigo José Sakakibara, presente no momento de brainstorm: “Estávamos falando de tudo o que se pensava para o projeto. E eu, como advogado do diabo, provocava a discussão para que chegássemos a algum lugar. Imagina, três gaúchos, gritando, entusiasmados, num bate-boca amigável...”. Até que no meio da confusão, Sakakibara perguntou de forma contundente: “Marcelinho, o que tu quer?”. E a resposta, diz ele, veio no mesmo tom: “QUERO QUE AS CRIANÇAS SONHEM! TEMOS QUE DAR ÀS CRIANÇAS O DIREITO DE SONHAR!”. Estava definida a visão do WimBelemDon. “Foi tão genuíno! Esse sonho todo. O Marcelo colocou esse projeto à frente da vida dele. Comprometeu saúde, bem-estar. Mas mantém tudo isso vivo até hoje”, afirma.
No segundo semestre, o projeto cresceu e passou a atender 80
Together with the sport, the reading workshopTap water was served from a huge blue pump. And the snack – “super good” according to the children – was biscuits. Everything happened outdoors. And on rainy days? The reading happened in the changing rooms. The children would arrive early and fight for the best spot, the “throne”. It was like the front row in a theatre with privileged views and acoustics. And the tennis? The project could count on the goodwill of the local church’s priest, who would lend us the hall for practising sports. On those days, we used a foam ball to avoid breaking things in the church hall. Institutionally, the project’s vision, mission and the first version of the Constitution were thought out – later, we would find out it did not comply with what was established in the legal terms for a NonGovernmental Organisation (NGO). “Suzana was the president and I was the deputy. We couldn’t even receive donations with that model and constitution”, recalls the WimBelemDon founder. The vision, however, has remained the same since its conception, as friend José Sakakibara, present at the brainstorming session, recalls: “We were talking about everything the project brought to mind. And I was playing devil’s advocate and provoking discussion so we could get somewhere. You can imagine, three gaucho [Southern Brazilian] men shouting, enthusiastically, having a friendly argument…” Until, in the middle of the skirmish, Sakakibara fired: “Marcelinho, what do you want?”. And his reply, he says, was fired back: “I WANT THESE CHILDREN TO DREAM! WE HAVE TO GIVE THEM THE RIGHT TO DREAM!” Thus, the WimBelemDon vision was defined. “It was so genuine! This whole dream. Marcelo put this project at the centre of his life. He compromised his own health and well-being. But he’s kept it alive to this day”, he affirms.
In the second half of the year, the project grew
ON RAINY DAYS,
READING WORKSHOP crianças. Em dezembro, foi realizado o primeiro torneio interno de tênis. Os educandos estavam efetivamente na quadra. “Entregamos medalhas pela primeira vez. Era uma conquista deles terminar aquele ano. Pais e familiares foram ver o que eles faziam. Tínhamos o dever de mostrar o quão importante era o projeto”, afirma Eduardo Frick. Sakakibara lembra-se dessa primeira festa, conta que foi ao projeto ajudar. “No final do campeonato começou a bater a maior chuva. E a gente estava lá, ao ar livre, fazendo cachorro quente para a criançada. Tivemos que correr com panela e tudo para a marquise da igreja, e foi lá que a gente serviu o lanche e distribuiu as medalhas, embaixo d’água!”
O ano de 2004 foi instável. De boas memórias, como a visita do tenista Julio Silva e a primeira “saída de campo” dos educandos, que foram ao cinema do Shopping Total assistir ao filme “Wimbledon – O jogo do amor”; e de algumas divergências de opinião entre seus fundadores. Marcelo defendia a existência do projeto a qualquer custo, enquanto Suzana condicionava as portas abertas à saúde financeira. Ela contribuiu com as despesas mensais até setembro daquele ano. Depois disso, mesmo com
DE CACHORRO-QUENTE and took in 80 children. In December, the first internal tennis tournament was held. The pupils were on the court for real. “We gave out medals for the first time. It was a great achievement for them to finish that year. Parents and other family members came to see what they were doing. We had the duty to show how important the project was”, Eduardo Frick states.
Sakakibara remembers that first celebration, he says he went to the project to give them a hand. “At the end of the tournament, it started pouring down. And we were there, outdoors, making hot dogs for the kids. We had to run with the saucepans to take shelter under the church awning, and that’s where we served the snacks and distributed the medals, under the rain!”
2004 was a year of instability. Of good memories too, like the visit from tennis player Julio Silva and the pupils’ first day trip, going to the cinema in Shopping Total to watch the romcom “Wimbledon”; and it was also the year of some differences of opinion amongst the project founders. Marcelo
EDUCANDOS COM MELIGENI NO PRIMEIRO EVENTO DO WIMBELEMDON, EM DEZEMBRO DE 2004. CHAMADO “UMA SACADA DE NATAL”, FOI REALIZADO NA LEOPOLDINA JUVENIL E CONTOU COM UMA RIFA PARA ARRECADAR RECURSOS
PUPILS WITH MELIGENI AT THE FIRST WIMBELEMDON EVENT, IN DECEMBER 2004. ‘UMA SACADA DE NATAL’ WAS HELD AT CLUB LEOPOLDINA JUVENIL AND INCLUDED A FUNDRAISER RAFFLE todo o esforço de Marcelo para manter as contas em dia, pela primeira vez era iminente o risco do WimBelemDon encerrar as atividades.
Foi naquele momento que dois tenistas brasileiros de renome internacional, Thomaz Koch e Fernando Meligeni, se engajaram e passaram a atuar como embaixadores do projeto. A oficialização do apoio ocorreu no primeiro grande evento do WimBelemDon, Uma Sacada de Natal, realizado em dezembro de 2004, na Associação Leopoldina Juvenil: um evento e uma rifa para angariar fundos. No início de 2005, mesmo com um novo fôlego financeiro e o planejamento de um novo estatuto, Suzana deixaria oficialmente o projeto.
Nova Fase
Em abril de 2005, foi tomada a decisão de criar uma nova ONG para abrigar o Projeto WimBelemDon e adaptar a iniciativa à legislação vigente. A nova fase contou com a participação de tenistas, empresários, um médico, um advogado e alguns voluntários, todos entusiastas do esporte, que compuseram o Conselho da ONG. No dia 30 de junho, foi fundada a STEPS – Sociedade Tênis Educação e Participação Social, instituição responsável por manter e desenvolver o projeto. Alessandro Pastoriza Rodrigues, Eduardo Pedroso Frick, Fabio Barbieri, Marcelo Ruschel da Costa e Rafael Tostes Mottin foram eleitos para o Conselho de Administração (com Marcelo Ruschel como presidente e Fabio Barbieri como vice); e Carlos Steffen, Everton Machado de Oliveira e Luciana Madrid de Madrid formavam o Conselho Fiscal.
“Era um período de sufoco total. Juntar dinheiro na segunda-feira para pagar água e luz na quarta-feira. Fazíamos rifa, buscávamos novas ideias. Mas, na prática, a gente apagava incêndios. A CORDA ERA ESTICADA AO MÁXIMO, SEM ARREBENTAR, PARA QUE O PROJETO NÃO PARASSE”, lembra Barbieri. Tudo era feito com amadorismo, com mais vontade do que técnica. A busca, no entanto, era sair da maré de insegurança e estudar alternativas para manter o projeto vivo.
defended the project’s existence at any cost, whereas Suzana believed it should only remain open if financially healthy. She contributed towards the monthly expenses until September that year.
After that, even with all the efforts employed by Marcelo to keep on top of the bills, WimBelemDon faced the threat of closure for the first time. It was then that two world-renowned Brazilian tennis players, Thomaz Koch and Fernando Meligeni, got involved and became project ambassadors. Their support became official at WimBelemDon’s first large event, Uma Sacada de Natal, held in December 2004, at Associação Leopoldina Juvenil: a fundraiser event and raffle. At the beginning of 2005, even with a better financial situation and a new Constitution in the works, Suzana officially left the project.
New Beginnings
In April 2005, the team decided to create a new NGO under which the WimBelemDon Project could work, better suited to the legislation at the time. This new phase involved tennis players, businesspeople, a physician, a lawyer, and a group of volunteers, all fans of the sport, invited to sit on the NGO’s Advisory Board. On 30th June, STEPS – Society for Tennis, Education and Social Participation was founded as the institution responsible for maintaining and delivering the project. Alessandro Pastoriza Rodrigues, Eduardo Pedroso Frick, Fabio Barbieri, Marcelo Ruschel da Costa, Rafael Tostes Mottin were voted for the Management Committee (with Marcelo Ruschel as Chair and Fabio Barbieri as Deputy); and Carlos Steffen, Everton Machado de Oliveira, Luciana Madrid de Madrid became the Auditing Board. “It was a period of total struggle. Raising money on Monday to pay the water and energy bills on Wednesday. We held raffles, we looked new ideas. But frankly, we were constantly putting out fires. WE WERE STRETCHED OUT TO THE MAX, BUT WOULDN’T SNAP, SO THE PROJECT WOULDN’T STOP”, Barbieri recalls. Everything was very amateur, with a lot of will but no technique. The idea, however, was to leave this insecurity behind and find alternatives to keep the project going.
No mesmo ano, foi possível construir os outros dois módulos planejados inicialmente para o projeto, que abrigariam a sala multiuso e o paredão coberto. A Ediba, empresa de Barbieri, doou o material e a Vonpar, o valor da mão de obra. As aulas já aconteciam três vezes na semana e foi feita uma parceria com o curso de Inglês Yázigi, que agregaria ainda mais valor ao trabalho desenvolvido com as crianças.
Por intermédio do veterano campeão brasileiro de tênis Luiz Fernando Koch, irmão do embaixador Thomaz Koch, foram abertas as portas para a primeira grande empresa e, naquele momento, única mantenedora do projeto, a Copesul. “O Marcelo Ruschel havia me falado de um projeto de assistência social a crianças, em Belém Novo, tendo como fundo a iniciação na prática do tênis. A ideia era muito boa, mas tive dúvida em relação a sua execução. Tempos depois, para minha grata surpresa, essa ideia tomou corpo, graças ao idealismo, à capacidade de realização e ao espírito empreendedor do Marcelo. Ele me procurou para interceder junto à Copesul, onde eu trabalhava, para obtenção de benefício fiscal patrocinado por aquela empresa em favor de WimBelemDon, o que foi obtido”, declara Koch. A contribuição era de R$ 10 mil por ano.
IIn the same year, it was possible to build the other two modules initially planned for the project, housing the multi-purpose classroom and the enclosed wall. Ediba, Barbieri’s company, donated the material and Vonpar donated the amount to pay for labour. The classes then happened three times a week and a partnership with the Yázigi language school to teach the kids English was established, thereby adding even greater value to the work.
With great former Brazilian tennis champion Luiz Fernando Koch, ambassador Thomaz Koch’s brother, acting as intermediary, the first large corporation, Copesul, opened its doors for the project and became the only sponsor at the time. “Marcelo Ruschel had told me about this charity work with kids in Belém Novo, based on introducing them to tennis practice. The idea was great, but I was uncertain about its execution. Some time later, to my surprise, the idea had taken shape thanks to Marcelo’s idealistic character, proactive capacity and entrepreneur spirit. He sought me out to mediate talks with Copesul, where I worked, to obtain charity sponsorship from them for WimBelemDon, which we managed to do”, Koch declares. The contribution was of R$ 10,000 per year.
Junto de outros poucos doadores e de Marcelo, que continuava tapando os buracos de um fluxo de caixa ruim, WimBelemDon se mantinha, mas na corda bamba. E assim o projeto entrava em 2008, ano de uma crise financeira mundial, considerada por muitos economistas como a pior desde a Grande Depressão norte-americana. A Copesul foi vendida para a Braskem e, por terceiros, Marcelo e Luciane souberam que a partir de 2009, a verba seria cortada. “Todos os sinais de alerta piscaram. FIZEMOS UMA REUNIÃO
Com As Crian As E Falamos
DA POSSIBILIDADE DE FECHAR. FOI UMA CHORADEIRA. Algumas falaram
Together with a handful of other donors and Marcelo, who continued to plug the financial gaps, WimBelemDon kept a balancing act going. And thus the project began 2008, year of a global financial crash, considered by many economists as the worst since the American Great Depression. Copesul was sold to Braskem and Marcelo and Luciane heard from a third party that the funds would be cut as of 2009. “All the alarm bells were ringing. WE CALLED A MEETING WITH THE CHILDREN AND TALKED ABOUT THE POSSIBILITY OF CLOSURE. THEY WERE IN FLOODS OF TEARS. Some said their mums would hold a bake sale. Everyone wanted to help. That really moved que as mães fariam bolo para vender de porta em porta. Todas queriam ajudar. Aquilo nos sensibilizou. Elas viam no projeto uma real oportunidade de vida”, conta Marcelo.
“Era final no dia. A gente estava no paredão – local coberto onde as crianças se reúnem para fazer algumas atividades. O Marcelo e a Lu nos chamaram e, junto com o Alex, professor de tênis, falaram abertamente que o projeto passava por um momento muito ruim e que não teriam como continuar no ano seguinte. Todo mundo começou a se olhar e chorar”, conta a professora Jaleska Mendes, então educanda do projeto. Ela acredita que a reação espontânea das crianças fez Marcelo e Lu perceber que, para elas, o projeto também não era “só uma atividade”. “A gente não entrava num ano para sair no outro. Nossa vontade é que aquele trabalho se eternizasse. E, naquele momento, o sentimento era de ruptura.” Foi então que as crianças começaram
FIRST DAY OF LESSONS WITH YÁZIGI us. They saw the project as a real life-changing opportunity”, Marcelo recalls.
“It was the end of the day. We were in the enclosed wall – a sheltered spot where the children gathered for some of the activities. Marcelo and Lu gathered all the kids and, together with Alex, the tennis coach, they openly told us the project was in a really difficult situation and said they wouldn’t manage to continue the following year. We all looked at each other and began to cry”, says teacher Jaleska Mendes, who was then a pupil in the project. She thinks the children’s spontaneous reaction made Marcelo and Lu realise that, to them, the project wasn’t just “an activity”. “We didn’t join in one year to leave the next; we wanted it to go on forever. The feeling was of rupture”. The kids then began to have ideas to save WimBelemDon. “I think that this