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PERSEVERANÇA PERSEVERANCE
odo projeto social precisa de apoio para sobreviver. A história de WimBelemDon é semelhante à da maioria das organizações sociais. No entanto, a mobilização e a corrente de colaboração tomaram proporções inimagináveis quando, no final de 2014, durante o Rolando Arroz, o dono do terreno onde funciona o projeto informou que venderia a propriedade. Foi assim que teve início um grande marco dessa história.
O terreno havia sido locado no final de outubro de 2000, num contrato de longo prazo – 15 anos. A notícia da venda chegou um ano antes, mas gerou grande preocupação: as opções eram comprar ou sair. Dois grandes problemas: o valor, R$ 400 mil, e a impossibilidade de viabilizar essa compra tanto pela falta de recursos como pela origem do dinheiro do projeto. Cerca de 85% das contas eram pagas (até hoje são) com recursos provenientes das leis de incentivo fiscal do Imposto de Renda, que não permitem a aquisição de imóveis. Parecia um beco sem saída. “Foi um baque. Como em todo o Rolando Arroz, o Meligeni e o Thomaz Koch estavam aqui, então reuni os dois e contei. A gente tinha duas alternativas: fazer um crowdfunding ou fazer um crowdfunding”, brinca Marcelo.
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O cenário não era nada favorável. Naquela época, o vice-recordista de arrecadação do terceiro setor, no Brasil, era o Greenpeace, com R$ 108 mil; e o recordista, o Médicos Sem Fronteiras, com R$ 146 mil. Como seria possível? “Lembro-me de tudo. O Marcelo, desesperado, achando que não haveria chance, pelo alto valor. A gente não tinha experiência de crowdfunding naquele momento. E ninguém dispunha daquele dinheiro. Eu podia dar uma clínica. Mas como estimar valor? R$ 30 mil? E o restante? Claro que seria difícil, mas A GENTE PRECISAVA TENTAR ”, conta Meligeni.
very social project needs support to survive. The WimBelemDon trajectory is similar to the majority of social enterprises. However, a Herculean feat of mobilisation and collaboration occurred when, at the end of 2014, during Rolando Arroz, the owner of the land where the project is based told us he wanted to sell it. This was an important milestone in our trajectory.
The land had been leased at the end of October 2000 under a long-term tenancy agreement for 15 years. News of the sale arrived one year before the lease was due, and it generated great concern: our options were to buy it or leave it. Two big problems: the amount, R$ 400,000 [about USD 168,000 in the exchange rate at the time], and the impossibility of making this purchase both due to insufficient funds and the origins of the project’s money. Approximately 85% of our bills were paid (and still are) with funds coming from charity sponsorship legislation through Income Tax incentives, which prohibit the acquisition of property. It looked like we had hit a dead end. ‘It was such a setback.
As it always happened at Rolando Arroz, Meligeni and Thomaz Koch were here, so I gathered the two of them and told them. We had two options: crowdfund or crowdfund’, Marcelo jokingly states. The scenario was not favourable at all. At the time, the second highest third sector fundraiser in Brazil was Greenpeace, with R$ 108,000 [about USD 45,300 in the exchange rate at the time], and the top fundraiser was Médecins Sans Frontières, with R$ 146,000 [about USD 61,300 in the exchange rate at the time]. How would we manage? ‘I remember everything. Marcelo, desperate, thinking it was impossible because of the cost. We didn’t have any crowdfunding experience at the time. And no one had that money. I could run a tennis surgery, but how to estimate the amount? R$ 30k?
What about the rest? Of course it would be hard, but WE HAD TO TRY, Meligeni recalls.
MELIGENI SE ENVOLVEU PESSOALMENTE NAS CAMPANHAS DE CROWDFUNDING DO WIMBELEMDON E TEVE AÇÃO DECISIVA NO SUCESSO DAS INICIATIVAS, DESDE A PRIMEIRA CRISE FINANCEIRA DO PROJETO, EM 2014
MELIGENI GOT PERSONALLY INVOLVED IN THE CROWDFUNDING CAMPAIGNS FOR WIMBELEMDON AND WAS DECISIVE FOR THE SUCCESS OF THOSE INITIATIVES WHEN THE PROJECT FACED ITS FIRST FINANCIAL CRISIS IN 2014
Supporters
Caminho do Ace Social: Reúne o nome de todos os colaboradores das campanhas do WimBelemDon e fotos de alguns dos jogadores que já estiveram no projeto – com histórico no WBD, a marca de uma das mãos no saibro e sua assinatura
The Social Ace Pathway lists the names of all patrons of the WimBelemDon campaigns, and displays photos of some of the players that have visited the project, including their history with WBD, their handprint in clay, and their signature
MELIGENI E KOCH JÁ DEIXARAM SUAS MARCAS NA “CALÇADA DA FAMA” DO PROJETO
Fixando Ra Zes
Todos se engajaram, começando pela comunidade do tênis. Os embaixadores e outros tenistas que conheciam o projeto começaram a contatar suas redes e pedir. Com ousadia. Sem restrições. “Bruno (Soares), você é amigo do (Andy) Murray, será que a gente consegue uma raquete? Tem coragem de pedir para o Federer, para o Nadal? E ele respondia: Ué!? Eu peço, conseguir é outra coisa”, lembra Meligeni.
A escolha da plataforma e a formatação da campanha, batizada de Fixando Raízes, foi um capítulo à parte. Da tomada de decisão por um sistema que dava maior chance de arrecadação (e que também cobraria uma comissão maior) até as madrugadas em que Marcelo desdobrava o tutorial e fazia testes na ferramenta, para viabilizar todo o processo da melhor forma.
A campanha teve início numa data teoricamente ruim, sexta-feira de Carnaval, em 2015. Mas tinha uma razão de ser: o Brasil Open, com quartas de final na sexta, semifinal no sábado e final no domingo; e o Rio Open, o torneio mais importante do Brasil, que começaria na segunda-feira. “Nossos embaixadores estariam nesses eventos. Tínhamos que aproveitar essa chance para sensibilizaros jogadores. Sempre usei muito na vida o mantra ‘por que não?’. Por que não trazer o Guga (Gustavo Kuerten) no WimBelemDon? Porque não tentar pedir ajuda do (Roger) Federer? Aquela era a hora”, alega Marcelo.
As primeiras três recompensas desse financiamento coletivo eram um kit com uma raquete autografada do Bruno Soares – que estava entre os 10 do mundo –, o livro do Guga autografado, o livro do Meligeni autografado, ingresso para o Rolando Arroz, nome do doador no Caminho do Ace Social (a “calçada da fama” do WimBelemDon) e no site do projeto. O preço era R$ 1 mil. Os kits foram vendidos em dois dias. “Com a ajuda do Meligeni e do Bruno, consegui espaço num evento da Confederação Brasileira de Tênis, que reunia os oito melhores tenistas do ranking e seus
Putting Down Roots
Everyone got involved, starting with the tennis community. The ambassadors and other players that knew the project reached out to their networks to ask for help. With boldness. Not holding back.
‘Bruno [Soares], you’re friends with [Andy] Murray, do you think we could get a racquet from him?
Would you ask Federer, Nadal? And he would reply, “Well, there’s no harm in asking, I don’t know if I will get it”’, Meligeni recalls.
Choosing the platform and format of the campaign, named Fixando Raízes [Putting Down Roots], was another chapter in this story, from deciding to use a system that gave us a better chance to reach our fundraising target (and that would also charge a higher fee), through to the all-nighters Marcelo had to pull watching tutorials and testing out the tool to make the most of the whole process.
The campaign began on a date that was, in theory, not great – the Friday before Carnaval [Shrove Tuesday] in 2015. But there was a reason for that: Brazil Open, with quarter finals on Friday, semifinals on Saturday and final on Sunday, and Rio Open, the most important tournament in Brazil, which would begin on Monday. ‘Our ambassadors would be at these events. We had to seize the opportunity to reach out to the players. I’ve always had “why not?” as a mantra in my life. Why not bring Guga [Gustavo Kuerten] to WimBelemDon?
Why not try to get help from [Roger] Federer? Now was the time”, Marcelo states.
The first three rewards of the crowdfunder were a kit with a tennis racquet signed by Bruno Soares, who was top 10 in the world at the time, a signed copy of Guga’s book, a signed copy of Meligeni’s book, tickets for Rolando Arroz, the patron’s name on the Social Ace Pathway (the ‘walk of fame’ at WimBelemDon) and on the project’s website [that’s not three, that’s five!]The price for these kits was R$ 1,000 and they sold out in two days. ‘With help
Supporters Generosidade Generosity
patrocinadores. Fiz uma palestra para os jogadores e conseguimos apoio”, conta Marcelo.
A jogadora Gabriela Cé, que passava do Juvenil para o profissional, também doou uma raquete – R$ 1 mil, vendida em dois dias. As primeiras vendas foram uma forma de medir a temperatura do mercado, já que precificar as recompensas era mais um impasse dessa empreitada.
No Rio Open, Bruno Soares batalhava pela conquista do terreno: “Naquela época, eu já conhecia o (Rafael) Nadal havia muito tempo e tinha confiança em pedir uma raquete. Consegui cinco minutos para falar com ele e contei toda a história. Falei que eu era muito amigo, era um projeto que eu ajudava e que a ideia era juntar raquetes dele, do Federer, do Murray e do (Novak) Djokovic para a campanha. Ele é um cara muito bacana e falou que me ajudaria com o maior prazer. Mas como estava começando a viagem pelo Brasil, só voltaria para casa depois do Miami Open, e lá ele me daria as raquetes”.
O tempo passou. Bruno não tocou mais no assunto e, por um momento, achou que o caso estava perdido – possivelmente pelo contrato, pelo valor muito alto ou porque Nadal teria esquecido mesmo. “De qualquer forma, seria compreensível.” Chegou Miami. “Lembro direitinho. Eu estava sentado no vestiário, ele havia acabado de jogar e tinha perdido. De repente, me chama e dá TRÊS
Raquetes E Tr S Camisas De Jogo Autografadas
Que cara! Ele não só lembrou, como estava com isso na cabeça – a gente tinha falado cinco semanas antes. Ele entendeu meu pedido, confiou na história, acreditou na minha palavra e não deu uma, mas três raquetes e três camisetas. A gente conseguiu levantar uma baita grana”, recorda Bruno, emocionado.
from Meligeni and Bruno, I was given a slot at an event hosted by the BrazilianTennis Federation, which would gather the top eight tennis players and their sponsors. I did a presentation for the players and we got more support’, Marcelo says. Gabriela Cé, who was on her way from the Junior to the Professional league, also donated a racquet, which sold for R$ 1,000 in two days. Those first few sales were a way to gauge the market temperature, since setting a price for the rewards was another challenge of that journey. At the Rio Open, Bruno Soares was fighting for the purchase of the land: ‘At the time, I had already known [Rafael] Nadal for a while and I felt confident I could ask for a racquet. I managed to grab him for five minutes and tell him the whole story. I said I was a good friend, I helped out at the project and the idea was to get racquets from him, Federer, Murray and [Novak] Djokovic for the campaign. He’s a really cool guy and said he would be delighted to help. But he was just starting his trip in Brazil, he would only go home after the Miami Open, and then he would give me the racquets’. Time went by, Bruno didn’t bring the subject up again, and for a moment, he thought it was a lost cause – possibly because of the contract, because of the high cost, or because Nadal had simply forgotten. ‘In any case, it would be understandable’. Then Miami came round. ‘I remember it so well. I was sitting in the changing room, he had just finished playing and he had lost. Suddenly, he called me over and gave me THREE SIGNED RACQUETS AND THREE SIGNED T-SHIRTS. What a guy! Not only did he remember, but he had put some thought into it. We had spoken five weeks prior and he really understood what I was asking, trusted the story, believed my words, and didn’t give us one, but three racquets and t-shirts.
FOTO AO LADO: A DUPLA JAMIE MURRAY E BRUNO SOARES COM AS PULSEIRINHAS ROSA (AMOR) E AMARELA (GRATIDÃO)
PHOTO ON THE SIDE: THE DUO JAMIE MURRAY AND BRUNO SOARES WITH PINK (LOVE) AND YELLOW (GRATITUDE) BRACELETS
ASTROS DO TÊNIS MUNDIAL DOARAM RAQUETES E CAMISETAS AUTOGRAFADAS PARA ARRECADAÇÃO DE RECURSOS
GLOBAL TENNIS STARS DONATED SIGNED RACQUETS AND T-SHIRTS FOR THE CROWDFUNDER
Supporters
GUGA AUTOGRAFOU LIVROS PARA A CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO E AINDA DEU PRECIOSAS DICAS
GUGA SIGNED BOOKS FOR THE CROWDFUNDER AND ALSO GAVE US PRECIOUS TIPS