Foi chama o meu amor agora é poesía

Page 1

Manuel MarĂ­a, poeta do amor


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Índice de contido Muiñeiro de brétemas...........................................................................................................................4 Prego dos dezanove anos.................................................................................................................4 Cara a ti............................................................................................................................................5 Mar Maior.............................................................................................................................................5 Poema ó meu amor..........................................................................................................................5 Canciós do lusco ao fusco....................................................................................................................5 Canción pra lle decir a Saleta..........................................................................................................5 Poemas para construír unha patria........................................................................................................7 Poema/Amor-Sempre Cotián...........................................................................................................7 As rúas do vento ceibe..........................................................................................................................7 Poemiña para namorar a unha rosa..................................................................................................7 Poemas da labarada estremecida..........................................................................................................8 Velaquí no que teimo, no que cismo................................................................................................8 E un día, de súpeto, sen saber..........................................................................................................8 Foi un deslumbramento súpeto e total...........................................................................................10 Estremeceuse, arreguizouse...........................................................................................................10 Lembro aquel longo vrao inacabábel.............................................................................................11 Andando lentamente á choiva, ao ar..............................................................................................11 Nós cumprimos dun xeito fatal......................................................................................................11 Fuche ti quen me deprendeu..........................................................................................................11 O único amor espiritual..................................................................................................................12 Meu fiel, perfecto, único................................................................................................................12 Cando xa non haxa fuxida para ningures.......................................................................................12 A ti che pido, amor, flor e semente................................................................................................14 O noso amor é mencer, tamén solpor.............................................................................................14 Escolma de poetas de Outeiro de Rei.................................................................................................14 Como as ondas do Miño................................................................................................................14 Dáme esa luz namorada.................................................................................................................19 Cantigueiro de Orcellón.....................................................................................................................16 Canción da Pena dos Namorados...................................................................................................16 A luz resucitada..................................................................................................................................16 A Saleta..........................................................................................................................................16 Tenrura...........................................................................................................................................16 O desexo........................................................................................................................................18 O camiño é unha nostalxia.................................................................................................................18 Sei dun país....................................................................................................................................18 As lúcidas lúas do Outono..................................................................................................................20 Ode a Venus...................................................................................................................................20 A luz do amor agromou virxe e ilesa.............................................................................................20 O teu nome de sal e primaveira.....................................................................................................21 Escolma poética namorada

2

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Ando a pedirlle á vida....................................................................................................................21 Xa son lembranzas as grandes labaradas.......................................................................................21 Porque somos terra, luz melancolía...............................................................................................21 Un sinte enraizado, no seu peito....................................................................................................22 Clarifícame, amiga, o mundo enteiro.............................................................................................22 Non quero nin desexo, amada miña...............................................................................................22 Un día cediche ao amor inevitábel.................................................................................................24 Compendio de orballos e incertezas...................................................................................................24 Desexo, amor, xuventude...............................................................................................................24 Proverbio do instinto desatado.......................................................................................................24 Proverbio do amor.........................................................................................................................25 Cerva que vas á fontenla................................................................................................................25 A Primavera de Venus.........................................................................................................................25 Venus..............................................................................................................................................25 Cupido............................................................................................................................................26 O mar.............................................................................................................................................26 Cuncha venérea..............................................................................................................................26 Sonetos á casa de Hortas....................................................................................................................27 Cando Saleta entrou por vez primeira............................................................................................27 Agora, que gastei os meus outonos................................................................................................27 Camiños de luz e sombra....................................................................................................................27 Cecais sei o por que da miña luz....................................................................................................27 Só os soños son a verdadeira razón...............................................................................................29 Ti, amada, ollas como vou morrendo.............................................................................................29

Saleta Goi, viúva de Manuel María e musa de moitos dos seus poemas de amor

Foi chama o meu amor. Agora é poesía é unha escolma de textos de Manuel María, feita de xeito colaborativo polo equipo de Biblioteca e o Club de Lectura “Pedra do Acordo” do IES “San Paio” de Tui, para a celebración do Día dos Namorados 2016 Escolma poética namorada

3

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

de Muiñeiro de brétemas (1950)

Prego dos dezanove anos Sempre vou coas folerpas da túa nada rezándoche decote un prego tan cobizoso como esa leira chea de centeo á que bica o vento manseniñamente nunha calma mística de silencios mudos. Eu son o druída de dezanove anos que se enguerella no teu amor, vermello de lameiras e de ermos, perdidos no escuro dun castiñeiro unha tarde fría do inverno. Por iso no altar dunha nogueira sempre hai un incenso de toxo e de carqueixa que deixou unha andoriña namorada das augas dun regueiro. E con esas azas túas quero voar deica o misterio para descubrir caladiñamente o meu rezar aos rairos paroleiros das estrelas que ti fas brillar cada mañá nas codeseiras da miña anguria fonda, fonda como unha laxe aberta no corazón do tempo. ¡Ai, que pensamentos fondos aboian nese ambiente de luz e de figueira que ti gardas o fío irrompibel dun salouco crebando un silencio estábel de música calada!

Escolma poética namorada

O prego dos dezanove anos pérdese no fume azul da brétema e fixéchelo nacer ti, só ti, con ese gariteiro son de gaita e estas badaladas de bardo morriñoso que me fan doer a alma e amar os teus delirios, e as toleadas de horizontes e de lúas que van deixando un recendo a romeo na miña alma feita toda de caraveis vermellos que fuxían. No teu pisar feble de andoriña quedou cravado o meu segredo de táboa de amieiro. Só unha bolboreta no refaixo dunha landra me contou as voltas dos muíños no almanaque das fontes cantareiras. Oa anos, dezanove, meteron a súa testa entre unhas malvas que se decataron do troular de todos os caneiros. Este prego, feito de aves e de loitos, perdeuse na neve muiñada pola debadoira tola dos meus soños. MANUEL MARÍA, Obra poética completa I (19501979), Espiral Maior, Opera Omnia, A Coruña, 2001, páx. 17-18

4

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Cara a ti Vou a ti decote cada día co ollar enmallado nunha nao que o vento desfiaña pouco a pouco na espuma dorida do teu peito. E brillas nesa espuma sedenta dunha luz tremelucente que escintila nunha bágoa xa ferida na manteliña prateada dunha estrela. Vou a ti, sedento de saloucos e de brétemas, depenicando alalás entre a follaxe acesa por folerpas que fuxían no afiado coitelo do sorriso. (Non debullo lonxanía polo ermo nin o vento morno me desvía). Vou a ti deixando nun luceiro unha vella ronseira que se afoga nun estraño fío prateado que garda un chirlo amorosiño.

de Mar Maior (1963) Poema ó meu amor Puro anceio de gracia o meu amor. Cunca de luz eu mesmo son. Agora a miña libertade é estar pecho no teu lume, con presencia de amor, a latexar. Viñeche a min, amiga, como un deslumbramento. Douche de corazón todo o que teño: unha paisaxe incerta i unha brétema. ¡Quédate en min, amada, eternamente i ollarás florecer en ti miña roseira! MANUEL MARÍA, Antoloxía poética (ed. de Camilo Gómez Torres, A Nosa Terra, Vigo, 1997, páx. 59

Ollo fuxir cara o nordés un pensamento que vai só para ti, para que che diga a mensaxe calada dun retorno. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 20

de Canciós do lusco ao fusco (1970) Canción pra lle decir a Saleta ¡Ouh amiga e compañeira cotidián; sinxela, doce costume habitual: ti éresme necesaria como o pan, como o aire, como o lume, como o sal!

Ti eres o que eu soño: luz e rosa recendo vida, florecendo a eito. ¡Eres a realidade máis fermosa que levo latexando no meu peito!

Ti eres o meu pasado, o meu porvir, a muller de verdá, sangue do pobo. Ti décheslle claridade ó meu vivir: un camiño sinxelo, puro e novo.

Ti trócasme en ledicia cada coita e daslle ó meu esprito rumbo certo. ¡Eres o esteo preciso pra esta loita de sementar de flores o deserto! MANUEL MARÍA, Antoloxía poética (ed. de Camilo Gómez Torres, A Nosa Terra, Vigo, 1997, páx. 96

¡Ouh compaña fiel, maina sorrisa; estrela centilante, arrolo e canto! Ti eres o furacán, i eres a brisa que limpa, no meu ceo, tanto espanto.

Escolma poética namorada

5

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Lorenzo Lotto, Venus e Cupido (Metropolitan Museum, Nova York) https://sites.google.com/site/classicisendae/referents-1/imagen-i-venus-y-cupido

Escolma poética namorada

6

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

de Poemas para construír unha patria (1976) Poema/Amor-Sempre Cotián O amor nace de xeito natural, sinxelo, cotián, sorprendente no compricado/confuso/apaixoado mar do noso sangue, d-e-r-r-a-m-a/s-e por todo o noso corpo; remata fóra-de-nós-xunguido-a-nós trascendendo/enchendo de luz/marabillosa/resprandor ó mundo enteiro. O amor é semente, gozo, silencio, dor, canción, claridade/escura esencial, i-n-e-f-a-b-i-l-i-d-a-d-e.

Soio o amor=amor nos fai cantar, sorrir/entregar-nos/comprender, darlle á vida visión/senso/real. O odio des/AMOR é o non-SER, escuro/reino/estarrecente, morte que destrúe i aniquila. O amor é outono/primaveira, mencer/madurez que precisa patria concreta -eiquí/agora-, terra con lindes e mensura -política de nós quero decircomo unha árbore que florece melros e canciós. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 144

de As rúas do vento ceibe (1979) Poemiña para namorar a unha rosa A rosa rosiña está na roseira ben coloradiña, feliz e riseira!

A rosa rosada de tenro mencer, ¡é tan delicada que pode morrer!

A rosa rosada de tanto lucir a mesma alborada a pode ferir.

Para rosa rosiña, fachenda de maio, ¡incluso é espiña a flor dun salaio!

A rosa rosiña está no rosal: ¿ti queres ser miña, rosiña lanzal?

A rosa rosada xa é miña amiga: ¡quedou namorada con esta cantiga! MANUEL MARÍA, Obra poética completa I (19501979), Espiral Maior, Opera Omnia, A Coruña, 2001, páx. 713

Escolma poética namorada

7

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

de Poemas da labarada estremecida (1981) Velaquí no que teimo, no que cismo... Velaquí no que teimo, no que cismo, en darme como son; baril, enteiro, algo salvaxe, rexo e verdadeiro deica lindes de morte e paroxismo. Eu non quero ver, non, o propio abismo, o meu ser tebregoso e silandeiro, nin camiñar somentes un vieiro que comeza e remata sempre o mismo. Instálome no amor, ábrome á vida como se acende prá luz o caravel en viva labarada estremecida. Tomade esta fogueira, esta ferida; unha arraigada paixón sempre fiel. ¡E esta fonda experiencia compartida! MANUEL MARÍA, Obra poética completa II (1981-2000), Espiral Maior, Opera Omnia, A Coruña, 2001, páx. 9

E un día, de súpeto, sen saber... ... E un día, de súpeto, sen saber cómo nin por qué, naceu en nós a marabilla purísima, única e sorprendente do amor: irresistíbel luz que nos cegou; estrela que nos guía e nos aluma; ferida gozosa que se agranda segundo pasan os anos; oficio ben sabido que non rematamos de aprender; lume máxico que nunca, nunca se consome; lembranza, melancolía, anceio irreprimíbel que nos xungue;

loita dura e entrega xenerosa do noso propio ser apaixoado e do noso corpo aberto á vida; desexada paz na que acougamos; misterio comprendido que non remata de revelarse enteiro; flor que non se murcha; paraíso dos soños e dos ensoños reais, irrenunciábeis e posíbeis; palabra solidaria que obriga a ser no noso ser inmensurábel e nidia labarada estremecida ardendo para nós e os demais. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 9-10

Escolma poética namorada

8

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Gonzalo Cienfuegos,Venus e Cupido nun spa http://www.galeriaanimal.cl/en/artistas/gonzalo-cienfuegos-3/

Escolma poética namorada

9

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Foi un deslumbramento súpeto e total...

Estremeceuse, arreguizouse...

Foi un deslumbramento súpeto e total que me deixou mudo e abraiado: virei para ti os meus sentidos e soio desexaba estar contigo, falarche, ollarte a ti unicamente. Eras como unha brétema soñada que viñera dende o fondo dos séculos e se encarnara no teu doce corpo de muller. Tiñas a gracia lanzal da abidueira. O teu andar xentil semellaba o ondear da brisa nas grandes e escuras centeeiras. A túa cor de uz e de carpaza dáballe pureza á soedade. Falabas coa voz de cen regueiros sinxelos, transparentes, musicais. O teu recendo era como o da terra lenturenta, arada de recén, que garda avidamente o garimo do vento e máis do sol para recibir o grao da sementeira. Eu ollábate dende lonxe, arrebatado e silandeiro, como se olla a unha nube ou se contempla o brillo das estrelas.

Estremeceuse, arreguizouse, estreleceuse toda a miña carne alporecida para recibirte gozosa e non luxar a túa pureza de fontenla núa e montesía, para non causarche mágoa, para que te foras acostumando a min como se afai a cotovía ao transparente e alto aire de maio, para que entraras amodo no país neboento dos meus soños ousados e eu puidese penetrar sen resistencia algunha na imprecisa nación dos teus degaros fondos, no descoñecido territorio das túas íntimas soedades e podelas iluminar -dunha vez e pra semprecoa luz do noso amor e facelas naturais, claras e limpas como o día. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 12

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 10-11

Escolma poética namorada

10

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Lembro aquel longo vrao inacabábel...

Nós cumprimos dun xeito fatal...

Lembro aquel longo vrao inacabábel, aceso en labaradas vermellas que trababan como cás doentes. En Outeiro de Rei escoitaba ao Miño que se ía quedando sen voz: un salouco agónico un murmurio a penas insinuado que case non se podía traducir. O meu corpo andaba enfebrecido e os meus soños facíanse un aceso delirio alucinado. Ti estabas aló na Pastoriza pastoreando nubes e lavercas, escoitando rinchar aos poldros bravos nos montes orballados de Reigosa. Era fermoso e doce maxinarte, envisa e silandeira como un río de auga cristalina e refrescante. As túas cartas, lenes andoriñas, coa túa letra redonda como os soños, atravesaban lentas e fermosas, a Terra Chá case infinita e viñan aniñar no meu desamparado corazón.

Nós cumprimos dun xeito fatal, cego, inexorábel e instintivo o escuro destino que a vida puxo en nós. E agromamos ao amor como agroman as árbores ao empuxe total da primavera: polos nosos corpos corría un sangue vermello e caudaloso coa mesma forza con que rebenta a saiba nova recendendo a terra, a seme, a semente, a xesta, a uz, a codeso, a auga cristalina e cantadora, a nube cebe e viaxeira. E a nosa paixón era -e sigue sendo- un berro incontíbel como o amarelo, salvaxe, aceso e agresivo das chorimas de ouro, como a expresión tímida e silandeira das camelias ou como a pureza cegadora das flores nevadas das cerdeiras.

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 12-13 MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 14-15

Andando lentamente á choiva, ao ar...

Fuche ti quen me deprendeu...

Andando lentamente á choiva, ao ar gastando a vida pouco a pouco: ¡rebéntanos nos beizos un salouco, no peito sepultamos un cantar!

Fuche ti quen me deprendeu que o amor é un esforzo que se fai intre a intre, día a día, ano a ano, O noso oficio é só amar, amar, amar, vida a vida. facer do noso amor ledo relouco, O amor é manter acesa orballo solermiño e vento louco, a chama inexplicábel, paixón incontrolábel como o mar. que nos deslumbrou, coidar a roseira A vida sen amor non ten sentido: que naceu sen saber é un ermo baleiro, unha tristura, como un arrepío noxento e corrompido. na terra do noso sentimento. De feridas de amor eu vou ferido O amor é conservar pois somentes o amor dura e perdura: inmarcescíbel ¡nada poden contra el odio e olvido! a única rosa que non se repite MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 16 endexamais. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 16-17 Escolma poética namorada

11

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

O único amor espiritual...

Meu fiel, perfecto, único...

O único amor espiritual é o da carne. Por eso sempre nós nos amamos co corpo, co desexo ardendo: tal a brasa potente, inextinguíbel da cerna dun carballo centenario. O desexo, incendiándose, agallopaba por nós furiosamente como un poldro da grea. Un corpo solitario non ten senso: é un pulo baleiro para ninguén, un berro desesperado sen resposta.

Meu fiel, perfecto, único amor de tantos anos, inefábel materia da miña plenitude, do meu gozo, do fondo desexo de vivir, raíz, fundamento, sostén, da miña escasa vida, compaña irrenunciábel, compañeira que cada día me traes o don e a gracia dun marabilloso amañecer non sei se merecido e pos unha necesaria explosión de luz na miña tebra: aínda teño moito que pedirche para seguir en loita contra esta soidade e esta morte, que asexan dun xeito fatal e inexorábel. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 58

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 17

Cando xa non haxa fuxida para ningures... Cando xa non haxa fuxida para ningures e chegue a hora do derradeiro acougo e feche os ollos á beleza do mundo quixera levar comigo, para ter algo de compañía no medio de tanto silencio e tanta noite, a tenra luz da ollada de Saleta e o rumor da brisa que pasa agarimando a miña tribo, pois con estes lumes tan amados seguiría aquecendo o corazón. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 58

Escolma poética namorada

12

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Rafael Sanzio,Venus e Cupido (Vila Farnesina, Roma) http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/5roma/4a/08farnes.html

Escolma poética namorada

13

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

A ti che pido, amor, flor e semente...

O noso amor é mencer, tamén solpor...

A ti che pido, amor, flor e semente pra levedar, con ela, o noso afán: quero que sexas viño, sal e pan, lareira garimosa e forno quente.

O noso amor é mencer, tamén solpor, escuridá da noite e luz do día, luceiro escintilante que nos guía a un universo senlleiro e tentador.

Pídoche, meu amor, soños que fan unha gran labarada transcendente. Logo queda o remol esmorecente: ¡mais a súa brasa vóltase volcán!

Non é soidade o amor, melancolía, brilante, sobrehumano resprandor: ¡é berro fondo, calado, aterrador que, urxentemente, esixe compañía!

Eu quero ser somentes, compañeira, unha verdade silandeira e núa como a neve florida da cerdeira.

O verdadeiro amor sempre é mencer, claridade que nace porque si na imprecisión total do noso ser.

Déixame, pois, vivir desta maneira: ¡estando eu tan unido a vida túa como se unen as rosas coa roseira!

Non teño outro degaro, máis querer, que vivir, miña amiga, perto de ti e, o teu lado, soñar e envellecer.

MANUEL MARÍA, Antoloxía poética (ed. de Camilo Gómez Torres, A Nosa Terra, Vigo, 1997, páx. 183

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 185

de Escolma de poetas de Outeiro de Rei (1982) Como as ondas do Miño...

Dáme esa luz namorada...

Como as ondas do Miño, o río maior, así, miña amiga, é o meu amor lonxe de ti.

Dáme esa luz namorada e doces verbas de mel, un aloumiño na ollada, nos ollos un caravel.

Como as ondas do Miño, o río caudal, así, miña amiga, meu amor é leal lonxe de ti.

Pastora da Pastoriza: o teu sorriso fadado ¡é a luz que enfeitiza o soño máis ensoñado!

Como as ondas do Miño, de paso de boi, así o meu amor, que veu e non se foi lonxe de ti.

O meu amor, pastorciña -dáme esa luz namorada¡é puro como a estreliña que nos aluma por nada!

Como as ondas do Miño, o río belido, así, miña amiga, así vou ferido lonxe de ti.

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 102 MANUEL MARÍA, Obra poética completa II (19812000), Espiral Maior, Opera Omnia, A Coruña, 2001,Xohán de Gaudioso (século XII), páx. 64

Escolma poética namorada

14

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Martín Johann Schmidt, Venus e Cupido (1788, museo Belvedere, Viena) http://guiadeviena.com/exposiciones/el-barroco-desde-1630/?p=39&l=3&id=254

Escolma poética namorada

15

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

de Cantigueiro de Orcellón (1984) Canción da Pena dos Namorados Vello Mesego pagano: ti gardas a tradición de deificar o humano e humanizar a paixón. Hai un escuro misterio, unha fe ben verdadeira: ¡na Pena dos Namorados, na Pena Namoradeira...! A Pena dos Namorados: ¡un penedo moi ergueito e os desexos alampados que nos abrasan o peito! A Pena dos Namorados é cantería moi forte: ¡está dicindo que o amor remata vencendo á morte! MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 128

de A luz resucitada (1984) A Saleta

Tenrura

Non sei como agradecer tanta tenrura, tantos días usados en común, tantas horas de plenitude, tanta beleza que enterraches en min, tanta luz gastada simplemente en ollarme envellecer: oficio duro, doente, fatal e inevitábel. Eu só teño, para celebrar a túa nidia e inmarcersíbel primavera, esa melancolía señardosa semellante, cecais, a unha camelia e as palabras murchas e acedas que intentan florecer nos meus poemas.

Pouco importa que a ave da esperanza ou a chispa amarela do desexo crucen por nós como un salouco para converterse en néboa ou sombra esvaída na lembranza. O que de verdade importa, amada e irrenunciábel compañeira, é a chama delicada da tenrura coa que alcendemos o lume no que queimamos a monótona tristeza dos días e onde arde, serea e mansamente, a árbore fidel e rumorosa da nosa propia vida.

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 145

Escolma poética namorada

16

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 184-85

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Salvador Dalí, Venus e Cupidos (1925) http://museodelarte.blogspot.com.es/2012/10/venus-y-cupidos-salvador-dali.html

Escolma poética namorada

17

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

O desexo Sinto o sangue fervendo, alporizado, un océano de lume avanta incontíbel polas veas, semella que os miolos van -de súpeto- a estourar. Un queda sen folgos cos beizos resecos e sedentos: é o desexo ouveando, afiando navallas e coitelos, alcendéndonos, queimándonos, facendo faiscar os nosos ollos e poñendo en pé ao ser do noso ser. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 185

de O camiño é unha nostalxia (1985) Sei dun país... Sei dun país que existe e non existe: é unha patria terreal e humana que envellece comigo día a día. Teño na lembranza o seu recendo a terra húmida, rosas e loureiro. Habito as súas cidades exemplares feitas de amor, dor e pedra grá con árbores e rúas silandeiras que van desembocar a prazas íntimas de nomes de estrela ou andoriña. Nos meus ollos levo as súas paisaxes, a máxica xeometría das súas casas, o seu ceo limpo, azul-grisento, sucado de leves nubes camiñantes, de brétemas vagas como anceios e luceiros que queiman como brasas. Nos meus ouvidos gardo o son sutil do vento cantando nos carballos, o musical murmurio dos seus ríos, o berro escuro e forte dos seus mares e os versos que din as arboredas. Esta patria existe. Eu vivo nela. Non ten odios, rancores nin envexas. Nunca souben, nin sei, o nome seu. Mais cando desexo nomear a este país os meus beizos énchense de luz e, dende o fondo do ser, digo: SALETA. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 203 Escolma poética namorada

18

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Joan Tuset, Venus e Cupido http://oculusart.blogspot.com.es/2014/09/venus-i-cupido.html

Escolma poética namorada

19

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

de As lúcidas lúas do Outono (1988) Ode a Venus Naciche do nácar e do azul, deusa do amor. A cuncha dáche berce e leito. Só te conmoven as potentes mareas da paixón. Feita estás de xerfas, de desexo que queima, consome e purifica o noso peito impúdico. Es a muller. A beleza perfecta. A única eternidade á que os mortais podemos aspirar. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 317-18

A luz do amor agromou virxe e ilesa... A luz do amor agromou virxe e ilesa cunha furia de lóstrego ou torrente e, dende o desamor que a tiña presa, converteuse en paixón fatal e ardente. Apareceu, sagrada e omnipotente, como revelación, firme promesa dun estado de gracia permanente e unha vida en ensoño sempre acesa. Logrou rematar co odio, coa desgana, coa lama miserenta da vileza e coa fea realidade cotidiana. O amor é certo sempre, nunca engana: ¡fainos arder nun lume de beleza cunha chama inmortal e á vez humana! MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 336

Escolma poética namorada

20

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Xa son lembranzas as grandes labaradas...

O teu nome de sal e primaveira... O teu nome de sal e primaveira feito de asombro, gracia, fermosura, enche os beizos de mel e de tenrura, dunha música maina e feiticeira.

Xa son lembranzas as grandes labaradas que incendiaron outrora o noso peito mais deixaron un lume tan perfeito que nos aquecen noites e alboradas.

O nome teu aluma a noite escura, este meu mar sen porto nin ribeira e pon, no corazón, luz verdadeira: unha coita de amor, calada e pura.

O verdadeiro amor é como a brasa: cintilante rubí que nos deslumbra, enseñoción calada na penumbra e ferida feliz que nos traspasa.

O teu nome, amor, ábreme o mundo, ultrapasa a razón, o sentimento e fai coñecemento máis profundo.

Imos usando, cansos, cada día o don marabilloso que é vivir nunha triste e vulgar monotonía.

Pronuncio o nome teu de xeito lento e pérdome por el, nel me confundo deica facerme anceio, sol e vento.

E, se queremos ser nós, cómpre facer da propia escuridade a melodía que marabille e deslumbre ao noso ser. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 339

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 336-37

Ando a pedirlle á vida...

Porque somos terra, luz melancolía...

Ando a pedirlle á vida: luz, beleza, delicadeza xentil, unha canción, a virxinal tempestade da paixón, o dereito á dignidade e á entereiza.

Porque somos terra, luz melancolía o noso ser tan só procura un norte: o amparo dun amor seguro e forte que, a grandes berros, esixe compañía.

Pídolle, amiga, que a flor do corazón se peche sempre ao odio e a vileza e que se abra ao amor, á sinxeleza, ao latexar sinceiro da emoción.

É conveniente, na loita contra a sorte, estar plenos de ilusión e de alegría: se nós queremos vencer na gran porfía entablada entre o amor e máis a morte.

Cando sinta chegar o meu remate agardarei, serenamente, o propio fin recebendo a lanzada que me mate.

Dun amor profundo, granado e en sazón sempre resulta un lume poderoso con grandes labaradas de paixón.

Pois, co decorrer dos anos, aprendín como podo vencer neste combate: ¡amando á vida e que ela me ame a min!.

Acendamos, amiga, o ser máis noso e que a súa chama purifique a creación nun incendio feliz, puro e fermoso.

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 339

Escolma poética namorada

21

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 340

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Un sinte enraizado, no seu peito...

Clarifícame, amiga, o mundo enteiro...

Un sinte enraizado, no seu peito, coa forza dun carballo ben potente, un amor absoluto e transcendente que ten a perfección do imperfeito.

Clarifícame, amiga, o mundo enteiro e dálle nome á estrela, ás rosas, ao amor, a ese máxico e morno resplandor e ao desexo máis fondo e verdadeiro.

O meu corazón, murcho e maltreito, latexaba cansado, tristemente e o amor foi un súpeto, un repente no que non elixín: eu fun eleito.

De nada nos vale o recendor da flor, o brillo escintilante dun luceiro, o ensimesmado canto do regueiro se non se volta emoción, puro tremor.

Escollidos pola sorte ou o destino nós seguimos fielmente o seu mandado que ten a forza e a gracia do divino.

Todo no mundo é luz, alto degaro; instinto poderoso, rude e fero, delicado e sutil como un paxaro.

E agora o noso ser iluminado anda a cumprir feliz o propio sino co corazón gozoso e namorado.

Sen ti non son ninguén. Só desespero e soidade perdida en desamparo. Non sei vivir sen ti. Nin sei nin quero.

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 341

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 342

Non quero nin desexo, amada miña... Non quero nin desexo, amada miña, deslembrar os días xa vividos nos que cada solpor era unha alba pura e núa que despertaba sorprendida de tanta tenrura cotidiana e abríase ao claro misterio do amor para rematar tanxendo lenemente a árbore sinxela, nostálxica e musical que somos nós. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 352

Escolma poética namorada

22

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Pablo Picasso, Venus e Cupido (1905) http://www.wikiart.org/en/pablo-picasso/venus-and-cupid-1905

Escolma poética namorada

23

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Un día cediche ao amor inevitábel...

de Compendio de orballos e incertezas (1991)

Un día cediche ao amor inevitábel, cego e instintivo. Sei de certo que conmoviche como a terra se conmove co agarimo da choiva que a penetra e posúe totalmente dun xeito lento, rude e delicado. A vida seguiu o seu camiño. Foi fecundo o teu ventre e o misterio da vida cumpriuse en ti. Eras -e sabíaste- unha fermosísima cerdeira en sazón e plenitude. Floreciche. E eu fun, un día, a flor aquela.

Desexo, amor, xuventude... Desexo, amor, xuventude que vivín con ilusión. ¡Qué días de plenitude enchéndome o corazón! Se no meu recordo alcendo o lume que me alumou ¡somentes queda o recendo do tempo que me gastou! Voltar de novo ao pasado resulta ledo e tristeiro. ¡Canto soño magoado en tempo tan ventureiro!

... E eu fun un día, a flor aquela nacida no teu corpo de cerdeira. Instintivamente adiviñei a miña orixe. De ti recibín a seiva vital e necesaria para encararme con este vivir absurdo e doce, a palabra para iluminar o mundo e ser cousa entre as cousas. Ti décheme, con xenerosidade de fonte inesgotábel, o misterio que fai humano o corazón e que abre todo o noso ser á perfección dos soños e do amor.

Todo o pasado me acena evocador e lonxano: tal unha luz moi pequena co seu ollar case humano. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 428

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 355-56

Proverbio do instinto desatado Era como un volcán cando o instinto espertaba cego e poderoso arrasando todo canto se poñía ó seu paso enfurecido, facendo chameantes fogueiras dos sentidos, abrasadores lumes, incendios que nos queimaban sangue e vida e deixaban cinza, canseira, raras flores que estiñaban amodo. ¿Que estraña forza nos levaba a malgastar, sen máis, tanta enerxía?

Escolma poética namorada

¿Que sería daquela paixón alporecida que unicamente nos deixou unha melancolía nostálxica e sotil? E o lume xeneroso que nós eramos: ¿arrasaría cegamente á nosa carne ou tal vez purificou os propios lixos pra prepararnos así pra ben morrer? MANUEL MARÍA, Antoloxía poética (ed. de Camilo Gómez Torres, A Nosa Terra, Vigo, 1997, páx. 265

24

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Proverbio do amor

Cerva que vas á fontenla...

Todo é tan fugaz, breve e provisorio, que o amor non pasa de ser un devaneo frívolo, bolboreta que nace e, deseguida, queima as súas azas na chama dunha lámpada. Non hai tempo para máis: unicamente se dispón de poucos intres para dicir parvadas, papar whiskys dubidosos e copular de presa. Logo: cada ún á súa vida vulgar, monótona, grisenta, programada para o consumo masivo e alleante de prefabricados conxelados dende as comidas ao psiquiatra, pasando polo auto e a neveira para rematar nesa cruel desolación que son os asilos aos que chaman residencias da terceira idade e onde pechan, para agachalas mellor, frustraciós, tristezas e fracasos. Pro nós sabemos que o amor auténtico é un berro de angustia que procura aniquilar, para sempre, a soedade.

Cerva que vas á fontenla percurar a auga fría onde agroma a luz do día e se reflexa unha estrela. Estrela e cervo, recendo a bosque na primaveira. Única cousa certeira: ¡aquelo que imos perdendo! Miña cerva namorada: ¡considera a túa ferida pola que che fuxe a vida de maneira apresurada! Pois o monteiro maior que anda nunha cantiga: ¡ten unha lanza inimiga que non entende de amor! MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 456-57

MANUEL MARÍA, Obra poética completa II (19812000), Espiral Maior, Opera Omnia, A Coruña, 2001, páx. 434

de A Primavera de Venus (1993) Venus Ouh deusa da beleza, da sabedoría que de verdade importa: só ti eres carne pura e namorada, o resplandor que se abre en nós e aquece para sempre a nosa vida.

Lonxe de ti toda tristeza ou dor: dáslle á creación un orde novo, sinxelo e musical: tal o arrolo das mansas e namoradas pombas nas penumbras tépedas da fraga.

O verdadeiro espírito é a materia, a túa delicada e morna pele branca como o leite e como a lúa, fermosura perfecta como a rosa e o lume que nos queima o peito.

Ouh Venus, humana e namorada: entras no noso ser como un trebón para alporizar ao noso corpo mol. Vivir é un gozo puro, fabuloso e a paixón convértese en delirio.

Ti traes as luces dos menceres, o recendo dos antergos bosques, o agarimo das choivas, o tremor xubiloso de todos os orballos como gozosas bágoas de alegría.

Escolma poética namorada

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 498-99

25

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Cupido

O mar

Inconsciente meniño do carcaxe de ouro: disparas ao azar as túas saetas que, nas súas puntas, levan o mel e o fel, tristeza e alegría, un lume prodixioso e inmortal que arde sen consumirse endexamais e mantén o volcán do noso instinto, o gozo, a tenrura, o éxtase supremo: razón da nosa vida transcendendo á vulgaridade, á morte e ao esquezo. Recibín moi gustoso, ouh Cupido, a fondísima ferida que me fixo a frecha imparábel do teu arco e que traspasou o eu ser deixándome unha chaga vermella como a acendida rosa en plenitude. Gracias a ti sométome ao doce imperio da beleza, ¡ouh Venus/Simonetta, único ouro verdadeiro que desexo e cobizo e pode deslumbrar aos ollos meus! O teu poder -que acato gozoso, feliz, entusiasmado e reverentetenme suxeito de por vida á marabilla iniciática, total e compartida, a cal nos leva, ouh Saleta, cara aquel cume no que os humanos só chegamos ás nosas propias lindes ou ribeiras: sobrepasalo sería tocar coas nosas maos o in fi ni to e penetrar na esencia do divino.

¿Que mar é este que, deslumbrado, ollou como Venus nacía das súas augas? O seu corpo de deusa, branco e nu, emocionou á ondas que se fixeron lenes, doadas, musicais para envolvela con sonido amoroso, dóciles, fieis cás que lamberon a súa pele de nácar con tan alto gozo que era espasmo. Ditosas ondas: na memoria tedes, para sempre endexamais, aquel suceso que mudou totalmente a vosa vida: dende entón o voso rouco marmurio é un verso de amor desesperado, un laio amargo, unha queixa sen fin, a longuísima e angustiosa agarda dunha nova e divina aparición que fixera abrir en vós a flor do gozo deica o paroxismo e a agonía. E as inquedas, miúdas areas enlevadas, agardando de novo a que os divinos pés se pousen sobor delas, só polo supremo gozo de sentir sobor de ti tan delicado, lene, aéreo peso. Conmoveuse o mar dende o mundo subacuático do fondo deica os libres peixes nadadores. A auga incendiouse. E o mar, potente e masculino, fíxose fogueira de amor, berro incontíbel. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 511

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 503-04

Cuncha venérea Cuncha, cunca, cova cóncava, aberta, núa, temblorosa mao, peana de beleza nunca ollada, pedestal inmorrente do amor.

Cuncha rosada, roiba, ruborosa que semellas un pétalo: tés as cores máxicas da aurora, o claro matiz dos soños nosos.

Cuncha venusina, vieira viva: alumas coa irisación do nácar o misterio da esencia feminina, a febleza mortal da nosa carne.

Cuncha casta, canle ou cáliz que reverte tenrura: dáste, pura, á luz como se dan as verdadeiras rosas do amor.

Concha miña marabillosa, maina fontaíña secreta; fecundante, fina copa labrada que só ten a medida total da nosa sede.

Concha cristalina que con´tes a auga lustral, purificante por cuias virtudes e poderes desaparece a culpa orixinal.

Escolma poética namorada

26

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Candorosa cuncha carismática sempre berce da divina Venus: alicerce, orixe, fundamento do auténtico gozo de vivir. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 512-13

de Sonetos á casa de Hortas (1997) Cando Saleta entrou por vez primeira...

Agora, que gastei os meus outonos...

Cando Saleta entrou por vez primeira na casa petrucial dos vellos Hortas abríronse, por si, todas as portas e emocionáronse o cedro e a nogueira.

Agora, que gastei os meus outonos e ben entrado xa no propio inverno, acredito no fugaz e no eterno e só me asusta o raio, non os tronos.

E, con Saleta, chegou a Primavera e deulle nova vida ás seivas mortas que rebentaron, pasmadas e absortas, enchendo de luz e neve a horta enteira.

Un, dende fai moitos anos, comprendeu que todo é asegún e relativo e ninguén é tan bo nin tan cativo nin podemos prescindir do propio eu.

E toda a casa sorriu agradecida. Semellaba unha flor a súa sorrisa: a rosa máis ruborosa e acendida.

Gardo dentro de min toda a fragancia dos amados rincós da miña infancia e os recendos que tiña a vella casa.

Saleta, silenciosa e conmovida, sentiu no corazón a mao da brisa e como entraba a casa na súa vida.

Foi chama o meu amor. Agora é brasa. Saleta sempre. Perdón pola arrogancia: "A luz é poderosa. A tebra, escasa".

MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 631

MANUEL MARÍA, páx. 643

de Camiños de luz e sombra (2000) Cecais sei o por que da miña luz... Cecais sei o por que da miña luz. Sei que o amor prendeu en min esa luciña máxica que o sopro mais livián pode matar. Sei que son moi feble e moitas veces canso de levar eu só a miña luz. Aquí teño xa á compañeira. Amada miña:

nós compartiremos para sempre o pan, o leito, o amor, a ringleira dos días aos que alumamos coa escura luz do cotidiano. Agora non ten razón de ser a soedade. As nosas soedades xuntas van. E soedade en compaña xa non é. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 677-78

Escolma poética namorada

27

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Jacques de Gheyn II, Venus e Cupido (Rijksmuseum. Amsterdam) http://pinturasmitologicas.blogspot.es/1392832282/afrodita-venus/

Escolma poética namorada

28

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Día dos Namorados 2016

Só os soños son a verdadeira razón... Só os soños son a verdadeira razón da vida e do amor: un lume, a luz que nos dá vida e vai medrando, afirmándose ate que en nós xurde o amor á terra, ás cousas, á muller que é a medida cabal do noso ser. Precisamos amor para que poida vivir sempre o noso soño. Un soño é un xeito de amor puro, a fonte secreta da que nace todo o que ordena a nosa néboa e lIe dá sentido á nosa vida. Non é posíbel a vida sen o soño. Todo o que nos cingue e nos obriga alónxanos do soño eternamente. MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 683

Ti, amada, ollas como vou morrendo... Ti, amada, ollas como vou morrendo en anacos pequenos cada día e nada podes facer para reterme á beira túa feliz e confiado. O teu amor, amiga, vai enchendo o oco escuro da miña soedade. Tamén ti vas morrendo un anaco cada día, sentindo ese tempo fatal que leva á morte. ¡Nada podes facer por min nin eu por ti! ¡Dáme a túa mao doce e sinxela! ¡Dáme sempre a túa mao, amiga miña! MANUEL MARÍA, ibíd., páx. 689

Escolma poética namorada

29

Manuel María


Foi chama o meu amor. Agora é poesía.

Escolma poética namorada

Día dos Namorados 2016

30

Manuel María


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.