Pingas de Poesía

Page 1

Día Internacional da Poesía 2019


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Sumario Fran Alonso..........................................................................................................................................1 Manuel Álvarez Torneiro......................................................................................................................2 Neste momento existo simplemente................................................................................................2 Xela Arias.............................................................................................................................................3 Yolanda Castaño...................................................................................................................................4 Delicia..............................................................................................................................................5 Marta Dacosta.......................................................................................................................................5 Miguel Anxo Fernán-Vello...................................................................................................................6 Gloria Fuertes.......................................................................................................................................6 Se suicidó la estatua del dictador.....................................................................................................6 Guille Galván........................................................................................................................................7 Nieve................................................................................................................................................7 Salvador García-Bodaño......................................................................................................................8 Amencida de alucinación.................................................................................................................8 Paradigmas existenciais...................................................................................................................9 Un suco no tempo..........................................................................................................................10 Galicia............................................................................................................................................11 Síntote chegar................................................................................................................................12 Antón Lopo.........................................................................................................................................13 Risos...............................................................................................................................................13 María Victoria Moreno.......................................................................................................................14 Carlos Negro.......................................................................................................................................14 Autopsia.........................................................................................................................................14 Mamá Carme..................................................................................................................................14 Princesa (contra) Disney................................................................................................................15 Pilar Pallarés.......................................................................................................................................15 Arte do gato...................................................................................................................................15 Manuel Pereira Valcárcel....................................................................................................................16 Juan Vicente Piqueras.........................................................................................................................18 Yo que tú........................................................................................................................................18 Luis Ramiro........................................................................................................................................19 Mariposas imposibles....................................................................................................................19 Ana Romaní...................................................................................................................................19 Joaquín Sabina....................................................................................................................................20 Un soneto emocionado...................................................................................................................20 Jaime Sabines.....................................................................................................................................20 La luna...........................................................................................................................................20 Xesús Manuel Valcárcel.....................................................................................................................21 Nacho Vegas.......................................................................................................................................22 Tu nuevo humidificador.................................................................................................................22

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

1


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

FRAN ALONSO Cando choro, fágoo sempre sobre os mapas, para que chova sobre as cidades preferidas. As cidades dos mapas, aquelas que se poden percorrer co perfil perdido da mirada, e viaxar dunha a outra nun segundo, abarcalas todas, ou vivir en todas e en ningunha. Son as cidades dos mapas, as urbes sobre as que sempre choro cando estou desconsolado. Teño un amigo que dorme nesa rúa estreita, longa e abrigada, recollido nun portal. Sempre o vexo deambulando entre os coches, entre o lixo, laranxa, das noites, seguido dun can, sorteando edificios onde nunca ten casa. El é deses que non teñen nada, e na nada habitan e viven. Nas rúas fíltranse as cousas as máis distantes as máis pequenas a chuvia a noite e ti e ti que te filtras tras os espazos máis lixeiros das rúas do tempo coma o vento coma o vento.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

1


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

As árbores da miña cidade están soas. Non teñen compaña. Se cadra un coche verde, aparcado ao seu pé, a bolsa do lixo, un can mexándolles no tronco. E, de cando en vez, un paxaro despistado.

Os atascos de tráfico son como caravanas de formigas. Pero ningún dos condutores ten a súa paciencia de cartón. (in Cidades)

MANUEL ÁLVAREZ TORNEIRO NESTE MOMENTO EXISTO SIMPLEMENTE

Neste momento existo simplemente. Simplemente respiro, ollo a árbore. Sobrenado na calma do crepúsculo, pronuncio este silencio, oio o profundo corazón que non late por un intre. Non hai unha aventura que me agarde. Non hai can que me ladre dende un soño. Unha man sobre a outra. O corpo como lonxe... Habítame unha inmóbil aspiración a nada, unha absorción de agosto. Florezo no abandono. Case non sei de min si pecho os ollos. http://bvg.udc.es/ficha_autor.jsp?id=Man%C1lvar&alias=Manuel+ %C1lvarez+Torneiro&solapa=obras

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

2


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

XELA ARIAS Imos, meu ben, camiñar sereno pola cidade sen ramplas nas aceras. Imos comeza-lo xeito da túa vida, e mírame, mesmo as bolsas dos meus ollos serán monecos dos teus días xunta min. Tódolos bebés son tu e ningún coma ti. Tódolos nenos son tu e ningún coma ti. Tódolos adolescentes son tu e ningún coma ti. Tódolos mozos son tu e ningún coma ti. Tódolos anciáns son tu e ningún coma ti. Tódalas nais son eu e todas, coma min, saben que es único. Nin coa mísera desculpa de che mellora-la vida escoitarás de min xamais unha mentira. Se aborrezo tal estilo, a túa nobreza —e penosa che ha ser por veces— ampárate solidario do humano. Guerreiro forte da envexa afasta de ti os mesquiños de espírito, cariño. Na tabula rassa intelecto-sentimental que eras ti xa onte cantos moldes perfectos cantas persoas non han querer baleirar. Eu mesma que libre te deseño, canto de min por min, de min contra min non tentarei introducir. Que saibas derruí-las marcas e apropiarte, facer teu o aceno, e só aquel, que elixas. (in Darío a diario)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

3


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Así, aquí, neste lenzo imaxinado e suxestivo: non me sei se non me trato aquí. Non me sei se non te trato aquí. Non te sei se non me trato aquí.

A unidade componse. Da desorde. Desordénome, amor, e dou co punto único do centro dos abrazos. Abrazo a desorde das ideas e sei que a unidade se compón. A unidade componse. Da desorde. (in Intemperiome)

YOLANDA CASTAÑO

Se falase de ti non pronunciaría as sílabas supremas pero bicas ben e gústame estar contigo. O meu verde co teu azul. Delirio de ramas. O meu verde co teu azul. Abstéñome de pronunciar esas sílabas sublimes pero gústame como abrazas e o teu pelo fai xogo co teu vestido. Os teus dedos patinan nas miñas medias. O meu verde co teu azul.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

4


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

DELICIA Aliméntasme co sangue da fresca confitura deses marmelos loiros que amarelan coa maturidade do abrazo. Epiderme en ambrosías delicadamente zumosas e lentas coma vagas lentas. Ven a confortar, a sustentarme o padal enfeitizado para caer encol de min coma maná... Agasallas as papilas expectantes con macedonia escarchada, nésperos de mel e leves malvasías. Deixa que sexa unha boca de fame cada poro. Nútreme das froitas e dos níscalos deste estío delicioso. in Erofanía. Triloxía poética (1995-1998) http://www.carloscallon.com/2010/02/pero-bicas-ben-e-gustame-estar-contigo.html

MARTA DACOSTA Somos de luz, de vento, de miseria, breves camiños na distancia dos días, pedras esquecidas nesas rúas silenciadas e lentas. As horas non son. Non abondan os pasos e os soños sumados tan só ven unha noite, levamos nas mans as flores do pasado que non duran o instante que as percorre. Somos de luz, de vento e de miseria breves camiños de sal nas rúas ermas. (in Pel de ameixa)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

5


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

MIGUEL ANXO FERNÁN-VELLO Un autobús pasa, Iluminado cara á noite E os viaxeiros son un perfil remoto no silencio. Lenta progresión das horas, Trazando as fatigadas formas da tristura. Nos suburbios medra A sombra dunha máquina E o durísimo óxido que aniñou nos invernos De repente respira E doe todo o seu peso, Batendo nas esquinas. A cidade é un inmenso cemiterio, Brillando entre a néboa. Os veciños do mundo Rozan a miseria E a saudade é un regreso Ao corazón da naúsea. Un remuíño de voces Extínguese no ar, Grave melancolía que roza a pel do medo. As casas teñen a luz dos remorsos, A ferida antiga de todas as penurias. (in Territorio da desaparición)

GLORIA FUERTES SE SUICIDÓ LA ESTATUA DEL DICTADOR Se suicidó la estatua del dictador. La estatua vivía en el centro del estanque. Una noche de viento la estatua se lanzó al agua. La estatua del dictador murió ahogada. Sólo las gaviotas la echaron de menos. https://blogpoemas.com/se-suicido-la-estatua-del-dictador/

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

6


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

GUILLE GALVÁN NIEVE Comenzó a nevar en la habitación cubriendo cada libro, algunos discos, tu blusa y la cama. Poco a poco, copo a copo. Y fueron calmando todos los asuntos pendientes que telarañan la cabeza. Poco a poco, copo a copo. Un embozo al jaleo, un fundido en la escena del crimen. Y cada copo disimuló un reproche. Y cada copo tapó una boca. Blanco sobre barro y objetos que habían pasado a ser historias. La nieve lo cubrió todo. Desaparecieron las formas y los rincones y nada volvió a oírse en aquella habitación. Y, sólo entonces, nos callamos para siempre. https://www.infolibre.es/noticias/los_diablos_azules/2016/03/04/ nieve_poema_guille_galvan_45787_1821.html

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

7


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

SALVADOR GARCÍA-BODAÑO AMENCIDA DE ALUCINACIÓN De páxina en páxina procúrote, búscote nos teus poemas máis profundos, leo a túa voz muda en cada letra e case que te vexo e te percibo no aire alucinado do amencer. Chamo por ti na flor da madrugada cando te sinto próxima e perdida no ámbito ferido dos teus versos, no pasado sen vida da memoria. Dende as tebras da miña ansiedade, tento chegarme a ti atoutiñando nas portas invisíbeis do misterio, ir ata ese non ser que te desterra no silencio total que te posúe. Síntote, na penumbra do imposíbel, a esvaer na túa ausencia como un soño, un soño no que xa non te soñaras. A túa imaxe presa nos retratos dime apenas como eras (vagamente), como vestías, como che gustaban os calculados rizos sobre a fronte na adornada escureza do teu pelo. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

8


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Como foi o teu rostro redondeado, de leve e melancólico sorrir, onde a dor puxo un xesto de tristura. Nos delirios da mente preséntasteme nunha imprecisa néboa atemporal que te trae silandeira a par de min. De ti coñezo como escribías, e coñezo tamén como pensabas, o teu sentir da vida e dos demais, mais de ti apenas sei fisicamente, do teu xeito de andar e de moverte, e fáiseme terríbel non ouvir o timbre nin o ton do teu falar. ¿Cal sería o vibrar da túa voz xa extinguida nos teus días pretéritos? ¿Era de acentos graves e intensos? ¿firme e clara quizais? ¿doce e contida?... Na soidade da noite que te acolle vagan perdidas as túas palabras. PARADIGMAS EXISTENCIAIS Era a primeira luz cabo do mar cas gaivotas a chiar sobre os seus peitos. Ou, nai, portal aberto dende a nada a esta fera antesala de ningures. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

9


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Muros e labirintos e esfinxes contra os berros traídos polo vento. Os humanos condenan aos humanos nos recantos da fame e da miseria. Ou, nai, miña nai ha tempo perdida ¿onde o teu mundo amante e xeneroso? ¿onde aquela esperanza compartida? ¿o noso agardar por un tempo novo? As palabras engánannos na tv, nos xornais e nas radios do poder. Xa máis nada hai que conformidade. Nin queda a dignidade da revolta. Doce obediencia amarga uniformada, único pensamento lucrativo. Só cabe consumir e consumírmonos na patria universal da mansedume. Para sempre deixar de ser quen somos neste presente light tan divertido. (in Cidade Virtual) http://www.bvg.udc.es/ficha_autor.jsp?id=SalGarc%ED&alias=Salvador+Garc%EDa-Boda %F1o&solapa=obras

UN SUCO NO TEMPO Dóenme xa os ollos e as mans de tantos adeuses... Ás veces un home nace para a dor e para sentir aló no peito o eco esmorecido Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

10


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

de voces e nomes que foron morrendo... Eu son así: Un home só ao pé de cada hora como un sono esvaído nun andén lonxano. Tal vez un suco no tempo a se perder en si mesmo ao través dos teus ollos de nai!

GALICIA Galicia é isto que vai en nós e que nos leva, camiño aberto nos sucos onde todo é por vir e non chega... Galicia ferida en sono e sombra, Galicia enteira como un morto baixo unha árbore enterrado onde todo dorme e non esperta. Galicia do mar e da cortiña, Galicia miserenta, chan de ledicia queixumosa onde a fame se enche de paciencia. Galicia do si, do non e do quen sabe, dúbida inmensa a falar sempre o que lle mandan sen dicir o que pensa. ¿Cando Galicia verdadeira?

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

11


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

No derradeiro amencer de Alexandre Bóveda

Non houbo galos para a mañá triste dos seus ollos mortos. O home da cor da herba ben o sabe e sábeo o río e o arado e os montes e os vimbios tamén o saben. Non houbo galos... O vento secou a súa palabra derradeira e repetiuna por todas as cunetas e por todos os homes mortos ao pé dos decámetros. Deus estaba alí. Omnipotens Deus en cada ferida asasinado como un danger para as bandeiras que se erguían victoriosas. Deus, Un e Trino, entre as árbores testemuña silandeira e, sen embargo, non houbo galos. SÍNTOTE CHEGAR Síntote chegar pregoeira de ledicia ata a soidade das miñas tardes angustiosamente idénticas no silencio mesto en que te agardo. Síntote chegar, muller aínda recente, dende o máis secreto dos teus peitos brancos a esta fondura do meu ser deshabitado onde é posíbel que ande a soar algún canto antigo para o teu nome. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

12


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Síntote chegarme como un sono que me invade alá por dentro e que me queima nas mans e nas meixelas e no aire das miñas palabras ao te chamar. Na orixe das idades ando a procurar músicas esquecidas que terán de alegrar o meu corazón para que non sexa tan triste cando ti chegues. E ti has vir... E pasarás por min como unha estrela fuxidía que me ferirá cunha luz purísima na que quizais tan só cumprise morrer. GARCÍA-BODAÑO, Salvador, Ao pé de cada hora, col. Dombate, 3 Galaxia, Vigo, 1980, 59 pp.

ANTÓN LOPO RISOS

Ela ri e a escuridade ten sentido e o seu riso énchete de elegancia, como se tiveses os dedos longos e foses un virtuoso do piano. Ri e é como se sentaramos nun campo de herba, cos seus pes de boi á altura dos beizos, coa súa alfombra de manzanilla e a alegre compaña dun can que aguiza o rabo. Ri e fai que sexamos importantes, atal o seu riso nos fai libres. (in Fálame)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

13


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

MARÍA VICTORIA MORENO Vinte partir no tren do meu desvelo, vinte sulcar desertos e restrollos e a miña arela, presa entre ferrollos, ficou exangüe na estación de xeo. Vin que choraban en pranto paralelo as vías e os andéns cando os abrollos esgazaban, crueis, ante os meus ollos a luz de neve do incerto pesadelo. Era un tren de pesares, chumbo e frío, un tremor de faíscas, ferro e fume. Era un adeus de ferro e de soidade. (in Elexías de luz)

CARLOS NEGRO AUTOPSIA Dezanove anos, dezaseis válvulas, douscentos cabalos, medio gramo de euforia no sangue: si, xa o levaron para o tanatorio. MAMÁ CARME A ver agora quen lle conta á vella que o rapaz da casa, a meniña dos seus ollos, foise, foise de vez antes ca ela. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

(in Makinaria)

14


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

PRINCESA (CONTRA) DISNEY Cuspo os chícharos agochados no colchón como se fosen balas. Arrinco o vestido de seda. Íspome e pego un berro que escacha as porcelanas. O cabelo longo semella atadura. (As tesoiras fanme menos escrava). Fuxo da torre. Da mazá envelenada da obediencia.

Fendo os ferrollos. Pelo curto, lingua solta. Respiro fondo, corro descalza. Comezo a alancar cara a esa gándara máis alá dos espellos. (Vaime volvendo a voz Que perdín en palacio) . (in Penúltimas tendencias)

PILAR PALLARÉS ARTE DO GATO Ollar pausadamente o mundo desde lonxe porque chegache ao alvo, atrapache a sua eséncia e era de desposesión. Pero ás veces o mundo ten a forma deste sol de mañá que aquece os músculos, deste ceu maternal que te amolece: dar-se por hoxe ao éxtase, render-se ante este asédio, fazer como que a vida decidiu a xogada e ten o rostro de deus. Indolente e soberbo, epicúreo e escéptico, contemplar o vazio na multiplicidade e non desexar nada Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

15


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

e non amar porque o amor é ficción, o anseio un canto que as sereas erraron, porque se amas serás o abandonado. Deixar que as águas pasen e os exércitos, e un dia máis se incline baixo o peso de Hércules. Só unha lene araxe arrepia o teu flanco, distende a tua pupila.

(in Livro das Devoracións)

http://www.carloscallon.com/2010/02/porque-se-amas-seras-o-abandonado.html

MANUEL PEREIRA VALCÁRCEL o tempo é unha árbore da que caen os días cunha obsesión outonal a vida, o tempo poboado de paxaros a morte é a árbore seca da vida onde aniñan paxaros mortos (in Todo morte)

hai días nos que a vida magoa a nosa vida ecos de lembranzas chegan ata nós pisando o indiferente silencio do presente Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

16


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

hai días nos que a vida foxe río que flúe cara ao mar vento que cesa luz que perde o seu pulo esgotado pulso man que non aperta hai días devorados pola noite fatigados de dor alongadas sombras de calendarios tristes baleiradas estancias tatuadas co abecedario da tristeza hai días orfos de soños traspasados de amargura esquecidos camiños flores murchas leitos sen acougo mar sen ondaxe hai días nos que se consuman todos os naufraxios que somos, senón semente de morte nos regos da vida. https://studylib.es/doc/5865778/poemas

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

17


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

JUAN VICENTE PIQUERAS YO QUE TÚ Yo que tú me amaría, llamaría, no perdería tiempo, me diría que sí. No dudaría más, escaparía. daría lo que tienes, lo que tengo, por tener lo que das, lo que me dieras. Me soltaría el pelo, lloraría de gozo, cantaría descalza, bailaría, le pondría a febrero un sol de agosto, moriría de gusto, no pondría ningún pero a este amor, inventaría nombres y verbos nuevos, temblaría de miedo ante la duda de que fuese sólo un sueño, me iría para siempre de ti, de allí, conmigo. Yo que tú me amaría. Me diría que sí, me faltaría tiempo para correr hasta mis brazos, o al menos, qué sé yo, respondería a mis mensajes, a mis tentativas de saber qué es de ti, me llamaría, qué va a ser de nosotros, me daría una señal de vida, yo que tú. http://poemadicta.blogspot.com/2015/04/yo-que-tu-juan-vicente-piqueras.html

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

18


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

LUIS RAMIRO MARIPOSAS IMPOSIBLES Mejor será creer en los dragones, en grandes superhéroes invencibles, mejor seguir soñando con leones que cazan mariposas imposibles. Los Reyes Magos nunca son los padres, no dejes que te engañe un torpe adulto, prefieren que enmudezcas a que ladres, la infancia que se alarga es un insulto. Y yo sigo creyendo en Don Quijote, en locos como aquellos los de antes, en Sanchos gobernantes de su islote. Reniego de los cuerdos dominantes, yo tengo un corazón que sigue a flote, yo sé que los molinos son gigantes. (inTe odio como nunca quise a nadie) https://miralibro.wordpress.com/2016/12/06/poesia-para-llevar-10-mariposas-imposibles-de-luisramiro/

ANA ROMANÍ Ennovelar pensamentos nos aneis, perder os ollos nas montañas, aniñar no silencio tan temido e tecer esperanzas no zaguán. Ese foi o único erro que esqueceu Penélope. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

19


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

JOAQUÍN SABINA UN SONETO EMOCIONADO No faltaron tormentas aquel año, me echaron de las barras de los bares, desgarré mi camisa de lunares, dejamos de jugar a hacernos daño. Rimando la canción del desengaño, deserté de los fuegos malabares, cambié las alegrías por soleares y al tipo que te amó por este extraño. Me acosaron alarmas imprevistas, sufrí, te perdí, fui tropezando extramuros del furo del artista. Prófugo de un dolor que ya no existe, llevo 500 noches celebrando la impúdica belleza de estar triste. http://www.joaquinsabina.net/un-soneto-emocionado/?fbclid=IwAR1aw7VARoboIlpBDFKH3QXQ1AaCDxDjNBHTuDrYJrsC12n2KxLJHkMj-Q

JAIME SABINES LA LUNA La luna se puede tomar a cucharadas o como una cápsula cada dos horas. Es buena como hipnótico y sedante y también alivia a los que se han intoxicado de filosofía. Un pedazo de luna en el bolsillo es mejor amuleto que la pata de conejo: sirve para encontrar a quien se ama, para ser rico sin que lo sepa nadie y para alejar a los médicos y las clínicas. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

20


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Se puede dar de postre a los niños cuando no se han dormido, y unas gotas de luna en los ojos de los ancianos ayudan a bien morir. Pon una hoja tierna de la luna debajo de tu almohada y mirarás lo que quieras ver. Lleva siempre un frasquito del aire de la luna para cuando te ahogues, y dale la llave de la luna a los presos y a los desencantados. Para los condenados a muerte y para los condenados a vida no hay mejor estimulante que la luna en dosis precisas y controladas. https://poemario.org/luna/

XESÚS MANUEL VALCÁRCEL Cando me veña a vellez e teña neve nas tempas e nas cellas e barbas de profeta emprenderei o camiño da néboa e o camiño do frío. Hei andar de noite, por carreiros de monte rodeados de estrelas, hei parar nas tabernas beber caladamente e falar só e levar de ramal un cabalo como lle vin facer a un vello cando eu era neno. Que foi a miña vida? Que é a túa? As tardes, a trenza perdida, as terrazas, as mulleres que amei, eses lugares que gardamos como un asalto na memoria, a que burato, a que sombra irán cando eu me vaia? A todos nos reserva o tempo estas miserias, esta última nostalxia e despedida. Prometo non ir triste. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

21


Pingas de poesía

Escolma Lírica 21 marzo 2019

Cando chegue a vellez e teña nada, nin a ilusión de seguir nin a palabra emprenderei, definitivamente, o camiño da néboa e o camiño do frío. (in A porta de lume)

NACHO VEGAS

TU NUEVO HUMIDIFICADOR

Bastará con programarme y yo obedeceré. Bastará una orden tuya, juro que funcionaré.

Soy como tu ordenador y ahora haré lo que me pidas. Igual que tu nuevo humidificador, sólo haré lo que me pidas.

Soy como tu lavaplatos y ahora haré lo que me pidas.

Pero el día en que el último de ellos se te vaya a vivir al País de los Trastos Viejos y te abandone aquí, yo sí, yo seguiré sirviéndote lo que me quede de vida, lo que me quede de vida.

Podrás hacer que pare y que vuelva a comenzar. Podrás darme patadas, me podrás desenchufar.

http://www.musicoscopio.com/nacho-vegas/letras/607/

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

22


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.