A poesía é un virus cargado de futuro

Page 1


A poesía é un virus cargado de futuro

Índice LIMIAR................................................................................................................................................3 O AMOR NO TEMPO DO VIRUS.................................................................................................3 Francisco Brines...................................................................................................................................7 ALOCUCIÓN PAGÁ......................................................................................................................7 Joseph Brodsky.....................................................................................................................................7 Ben Clark..............................................................................................................................................8 HOXE..............................................................................................................................................8 ARTE...............................................................................................................................................9 Tania Ganitsky....................................................................................................................................10 Irene G. Punto.....................................................................................................................................11 Raquel Lanseros..................................................................................................................................11 2059................................................................................................................................................11 Juan Rafael Mena...............................................................................................................................12 Leonardo Moledo...............................................................................................................................13 A PESTE NEGRA.........................................................................................................................13 Leopoldo María Panero......................................................................................................................13 THE END......................................................................................................................................13 José Emilio Pacheco...........................................................................................................................14 CAVERNA.....................................................................................................................................14 Alejandra Pizarnik..............................................................................................................................14 SEMPRE........................................................................................................................................14 Wei Shuiyin........................................................................................................................................15 POR FAVOR NON MOLESTAR..................................................................................................15 Elvira Sastre........................................................................................................................................16 PAIS DE POETAS.........................................................................................................................16 Loreto Sesma......................................................................................................................................17 ABRE LA BOTELLA, AMIGO, QUE TENEMOS UN POEMA................................................17 Alfonsina Storni..................................................................................................................................19 DOR...............................................................................................................................................19 Andrea Valbuena.................................................................................................................................20 ELA É BREVE..............................................................................................................................20 Antonio Varo Baena............................................................................................................................20 ABRAZO.......................................................................................................................................20 POEMA COLECTIVO.......................................................................................................................21 EPÍLOGO...........................................................................................................................................22 EMPATÍA VIRAL..........................................................................................................................22

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

2

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro

LIMIAR

O AMOR NO TEMPO DO VIRUS Esta mañá Venecia espertou cos sinos dun soño que se está convertendo en pesadelo. Durante anos os residentes soñaron unha cidade sen turistas, sen grandes cruceiros. “Ten coidado co que desexas, podería facerse realidade”. O teléfono serve de tam tam á realidade irreal: — Carissima, estás ben? Non se pode saír de Venecia, ou non se pode saír da rexión? —Non se pode saír do Véneto, non se pode saír de Venecia, non se pode saír de casa. Somos zona vermella. Ninguén pode saír. Ninguén pode entrar. Estamos dentro de A peste de Camus. Se me dixeran que da noite para a mañá moitas mulleres occidentais cubrirían o rostro, sen que ningunha relixión ou ditadura llo impuxese, non o crería. E con todo na rúa vense odaliscas con máscara. Feministas coa cara tapada que se ven obrigadas a celebrar o Día da Muller como as favoritas dun harén. Son unha vítima do coronavirus aínda que non teña febre, nin esbirros nin ningún tipo de enfermidade. E vostede que me está lendo é con toda seguridade tamén unha vítima, aínda que segundo as estatísticas o máis probable é que non teña os anticorpos. Viñeron a polos o chineses pero eu non era chinés, logo viñeron a polos italianos do Norte e eu non era nin italiana nin do Norte e finalmente viñeron a por min. O virus fíxome veneciana e considéroo unha honra. Algunhas palabras son máis perigosas que os virus, e como dicía Artaud a peor peste é a que se contaxia a través dos soños. Fálase de suspender o Salón do Libro de Torino, a cita literaria máis importante de Italia. Canceláronse festivais literarios e presentacións de libros, e os lectores de Palermo escríbenme incitándome a facer presentacións clandestinas. Os libros volveron ao seu lugar de ser axitadores do pensamento. E desde a intelixencia hai que pedir a calma. A fame matou a oito millóns de persoas o ano pasado, o coronavirus miles. Toda vida é importante e debe ser protexida. Toda precaución é pouca para protexer aos que amamos. Con todo a crise económica é un risco para o mundo e para vostede moito máis real e palpable que o coronavirus.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

3

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Un día en Milán insultan e agriden a unha muller chinesa chamándoa “virus” e ao día seguinte negan a entrada aos milaneses en todo o mundo. Non teño medo á enfermidade senón á intolerancia e aos prexuízos que esta psicose colectiva poida traer. Os italianos ven como lles denegan a entrada a moitos países e trátanos como apestados en lugar de recoñecer que estamos nun mundo global no que todos os problemas son globais. O medo ao virus é unha epidemia de pánico. Unha psicose colectiva como a “caza de bruxas” do Medievo.

A poesía é un virus cargado de futuro. Do mesmo xeito, a saúde mental foi a primeira e a máis importante vítima do virus. Un virus que, segundo os expertos, non produce síntomas en nove de cada dez persoas, e que resulta perigoso tan só para aqueles que teñen patoloxías previas. De feito as mortes en Italia non foron mortes polo virus senón mortes “con” o virus en casos de pacientes en coidados intensivos afectados de cancro, pneumonía e dos máis variados bacilos hospitalarios. O virus hospitalario é unha ameaza real pero non causa o pánico, como este “virus chinés” que nos lembra o perigo amarelo da Guerra Fría. En Venecia o primeiro contaxiado ingresado no Ospedale Civile é un ancián de 88 anos cuxo corpo afortunadamente parece estar a vencer a enfermidade, que foi a causa de que se suspendese o peche do Entroido mentres que máis de vinte mil persoas estaban xa na Praza San Marco contemplando o Voo da Aguia, a cerimonia na cal un político se bota desde o campanario ata o palco suxeitado por unha corda para clausurar o entroido. Unha metáfora do que sucedeu coa decisión do alcalde de Venecia e do presidente da Rexión. Non se sabe o dano que pode facer o virus, pero todos os venecianos senten o dano económico polas cancelacións das reservas dos hoteis de millóns de turistas. É o medo o que dá medo. A epidemia de medo para a que non temos anticorpos. Un bar en Cannareggio ten un cartel no seu escaparate: “Non pechamos nin sequera baixo os bombardeos, non imos asustarnos agora por algo que non se ve”. O medo non se ve, e con todo é máis perigoso que as bombas. Os cafés da Praza San Marco convidan a un spritz gratuíto e a lagoa é un paraíso polo que resoan os pasos dos seus cidadáns en lugar da música das rodas das maletas dos turistas. Pola miña banda eu só teño medo ao medo. Ás discriminacións e corentenas: ás inxustizas que provocará. Un médico amigo meu explicoume que o virus ocasionará máis mortes polas patoloxías que non serán tratadas a causa do virus ou pola paranoia do virus que en por si. A verdade é a primeira vítima en calquera guerra, pero é que a guerra do coronavirus é unha guerra contra a verdade.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

4

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro

Para os seres humanos todo se limita a saber se somos queridos; como país, como cidadáns, como persoas. Un decreto do Goberno Italiano prohibe achegarse a máis dun metro a calquera persoa. Poderán prohibir os bicos e as apertas. Non poderán prohibir o amor. O amor converteuse en clandestino, como os encontros literarios, igual que as reunións de demasiados amigos. A soidade é o principal mandamento da nova relixión do medo. Un mandamento que, de momento, ninguén cumpre. O virus é un test para saber se nos queren. Todos os que te queren chámante e convídante á súa casa. Ven, dareiche una aperta, non che teño medo. E es ti o que ten medo de darlles a aperta, porque os queres. Os que te queren menos, ou se cadra quérente máis pero teñen máis medo, dinche “non volvas, non veñas. Querémoste pero non veñas, non entres á nosa casa”. A xente di que non teme a nada, pero non sae de casa. De onde vén ese medo? Está nos nosos xenes. Todos e cada un de vós que me ledes sodes os netos (máis ben tataranetos) dos superviventes de moitas pestes en Europa, en primeiro lugar da Peste Negra de 1340 que decimou a poboación, ata o punto de que a fame que seguiu á peste, porque non había ninguén para traballar a terra, foi aínda peor. Os nosos antepasados sobreviviron á peste e á fame que seguiu á peste e transmitíronnos non só os xenes salvadores senón tamén un medo atávico e primitivo á praga. Un medo que non é racional. Por iso as máscaras, a fuxida. A peste en Europa foi a escusa para a persecución dos diferentes, porque o virus dá renda solta aos nosos odios cando deixa libre os nosos medos. Os xudeus e as bruxas e tamén os gatos foron as vítimas do odio medieval. Hai que buscar un culpable para sentir que temos de novo o control, porque o inimigo invisible ao que non podemos devolver o golpe fainos sufrir máis que calquera outro. Este é a pantasma que o coronavirus espertou: o espectro das pestes pasadas e o medo ás futuras. O cambio climático é máis perigoso para a humanidade, pero dános menos medo, porque da peste temos o recordo ancestral, aínda que sexan os nosos os que sobreviviron. Da extinción dos dinosauros polo cambio de clima non queda memoria, porque morreron todos. A peste foi o gran tema da literatura desde A mascara da morte vermella de Edgar Allan Poe, a A peste de Camus. En Italia, na mesma Venecia a peste fixo a todos ricos porque a epidemia matou tanta xente que os superviventes se repartiron os seus palacios. O coronavirus non é a peste. Non vai acabar coa poboación europea pero podería acabar coa Unión Europea. Pouco despois do Brexit os estados membros piden o peche de fronteiras. O medo non ten pasaporte. É a convivencia, é a fe nos outros, é a economía e a saúde mental as que corren risco.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

5

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Venecia, que inventou as corentenas e unha illa lazareto para evitar as pragas, ve agora como todos lle dan as costas e péchannos a porta. Pero na illa da lagoa, a illa dos comedores de loto, somos felices. Con libros clandestinos, con apertas clandestinas, ata con bicos clandestinos seguimos adiante. Mentres tanto, na zona prohibida os apestados comen e beben gozando cada minuto coma se fose o último, porque, con coronavirus ou sen el, o noso verdadeiro problema e a nosa verdadeira grandeza é que somos mortais e o tempo é o único luxo que nos podemos permitir.

(Eugenia Rico, nada en Oviedo en 1972, é unha escritora que na actualidade vive en Venecia; https://www.zendalibros.com/el-amor-en-los-tiempos-del-virus/ )

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

6

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Francisco Brines (Valencia, 1932).ALOCUCIÓN PAGÁ É que, seica, estimades que por crer na inmortalidade, teravos que ser dada? É obra da fe, do egoísmo ou a desolación. E se existe, non importa non crer nela: respostas ignorantes son todas as humanas se á morte interroga. Seguide cos vosos ritos fachendosos, ofrendas aos deuses, ou grandes monumentos funerarios, as cálidas pregarias, a vosa esperanza cega. Ou aceptade o baleiro que virá, onde nin sequera soprará un vento estéril. O que haberá de vir será de todos, pois non hai merecemento no nacer e nada xustifica a nosa morte. http://amediavoz.com/brines.htm#ALOCUCI%C3%93N%20PAGANA

Joseph Brodsky (Leningrado, 1940 - París, 1996).Non saias do teu cuarto, non incorras en erro. Para que queres sol se aí tes cigarros? Fóra todo é fútil, é especial o xúbilo. Só apúrate ao baño pero regresa ao cuarto. Oh, non saias do cuarto, non chames un taxi. Porque, mira, o espazo é só un corredor que acaba nos fusibles. Se entra, viva, unha moza pampa, só bótaa, non lle quites a roupa. Non saias do teu cuarto. Finxe que estás en quebra. Que pode ser máis belo que a cadeira e o muro? Por que deixar o sitio ao que regresarías o mesmo que agora es ou quizá máis ferido? Oh, non saias do cuarto. Baila bossa nova espido no teu gabán, descalzo nas túas sandalias. O limiar cheira a cera e a col e ti escribiches xa demasiadas letras, unha máis para que.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

7

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Oh, non saias do cuarto. Dálle ao cuarto un indicio de como se ve. Ademais, “ incognito ergo sum” como dixo a substancia á forma. Non saias do teu cuarto. Pensas que aquilo é Francia? Non sexas parvo! Se o que non foron outros. Non saias do teu cuarto. Dálle vida aos teus mobles. Fúndete na parede. Move o armario. Íllate así de Cronos, cosmos, eros, raza, virus. https://anavorona.wordpress.com/category/brodsky/

Ben Clark (Ibiza, 1984).HOXE Hoxe foi o primeiro día despois. As prazas enchéronse de mazorcas e a xente acórdase, sen saber moi ben por que, da viaxe de Colón, e todo é ancestral e todo é novo. Hoxe foi o primeiro día de todos. Os libros non lidos xa non importan, os amores non amados son tan só nomes que se rabuñaron na area, o recordo dun soño en plena noite. Fai falta volver definir o Tempo, renomear os días —a condición de que sexan días e noites aínda separables— porque hoxe xa nada pode ser o mesmo. http://www.poesiadigital.es/index.php?cmd=poeta&id=37

“FILLOS da bonanza”, chamábannos; os que non coñeceron nin a fame negra nin as agudas larvas de estridencia berrando no oído polas bombas. E cando as nosas pernas tan delgadas caían e sangraban porque o parque era dun formigón armado e frío, quedaban calados observando o noso pranto nun xesto de sorna.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

8

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Debiamos vivir e dar as grazas pola ocre rozadura na gorxa que provocaba o aire ao refuxiarse. Agradecer as frechas das nubes e que unha lama leitosa aos nosos pés —nun último xesto agonizante— morderalle as botas ao progreso. E como agradecerlles a alegría? A misa provocada polos homes inocentes do mar cando se encamiñaban cara ao río dispostos a bañarse entre excrementos. Tamén estaba o tedio de ter que explicarlles aos nenos palabras como pobo indio, oso pardo, balea azul ou lince ibérico. Pero isto eran minucias, sacrificios en nada comparables ao sufrido por aqueles que agora nos dicían “fillos do noso sangue”, tan severos. Aínda que, ás veces, é certo, non era fácil simplemente tentamos ir vivindo. Facendo caso omiso aos escrúpulos, ao baleiro que moraba en nós, ‘fillos da bonanza’; os fillos dos fillos da ira, herdeiros de todos os refugallos. https://bibliotecamiguelcatalan.wordpress.com/malos-tiempos-para-la-lirica/poema-no-10-hijos-dela-bonanza-de-ben-clark/ ARTE The disease had sharpened my senses Edgar Allan Poe

A doutora debuxa un corazón que non ten forma de corazón. Un corazón enfermo, un vienés que baila mal o valse; a bomba atómica do home que hai sentado á miña dereita. E xuntos contemplamos ao culpable. E xuntos contemplamos á vítima. A súa representación (isto non é…). A doutora debuxa un corazón e explica que a morte chegará aquí, ou aquí, ou aquí, ou aquí aínda que poida que non, poida que non. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

9

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro

A doutora non sabe debuxar pero traza sen medo, e ao falar por teléfono sombrea os bordos cun xesto de tedio. «Xa o dicía Hipócrates…», dinos, e antes de despedirnos garda o esbozo enfermo nun caixón con chave. https://msur.es/2017/10/31/ben-clark/

Tania Ganitsky (Colombia,1986).O mundo vai acabarse antes que a poesía e haberá nomes para diferenciar o esquecemento da fauna do esquecemento da flora. A palabra esqueleto só referirase aos restos humanos porque haberá unha forma particular de describir o conxunto de ósos de cada especie extinta. Haberá un nome para designar a última faísca de lume, un nome primitivo como o do millo e outro para a transparencia do río que moitos se lanzaron a atrapar ao confundila coas súas almas. As crías nadas ese día non se terán en conta, pero a palabra parto substituirá a palabra ironía que xa terá substituido a palabra tristeza. E haberá un léxico de adeuses, porque se dirán de tantas formas que encherán un libro enteiro, que é o que quedará do amor, da literatura. O mundo vai acabarse antes que a poesía e a poesía continuará afirmando a súa devoción ao perdido. https://www.revistaarcadia.com/libros/articulo/un-animalario-de-la-lengua-desastre-lento-de-lapoeta-tania-ganitsky/76141

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

10

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Irene G. Punto (Madrid, 1980).-

http://www.irenegpunto.com/#!/poesias-de-irene-g-punto/ Raquel Lanseros (Jerez de la Frontera, 1973).2059 He imaginado siempre el día de mi muerte. Incluso en la niñez, cuando no existe. Soñaba un fin heroico de planetas en línea. Cambiar por Rick mi puesto, quedarme en Casablanca sumergirme en un lago junto a mi amante enfermo caer como miliciana en una guerra cuyo idioma no hablo. Siempre quise una muerte a la altura de la vida. Dos mil cincuenta y nueve. Las flores nacen con la mitad de pétalos ejércitos de zombis ocupan las aceras. Los viejos somos muchos somos tantos que nuestro peso arquea la palabra futuro. Cuentan que olemos mal, que somos egoístas que abrazamos con la presión exacta de un grillete.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

11

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Estoy sola en el cuarto. Tengo ojos sepultados y movimientos lentos como una tarde fría de domingo. Dientes muy blancos adornan a estos hombres. No sonríen ni amenazan: son estatuas. Aprisionan mis húmeros quebradizos de anciana. No va a doler, tranquila. Igual que un animal acorralado muerdo el aire, me opongo, forcejeo, grito mil veces el nombre de mi madre. Mi resistencia choca contra un silencio higiénico. Hay excesiva luz y una jeringa llena. Tenéis suerte, -mi extenuación aúlla-, si estuviera mi madre jamás permitiría que me hicierais esto. http://www.raquellanseros.com/index.php/2015-11-17-17-47-09/poemas-en-espanol/58-2059

Juan Rafael Mena (Cádiz, 1943).Amada, que a morte nos rodea por todas partes. Rolda de inimigo fainos día e noite, e pasea por entre as nosas voces. Non consigo eliminala, e como se recrea na nosa caducidade. Estou contigo e non estou, que a miña alma tórcese cara á terra desa morte. Sigo amándote, con todo. Non hai maneira de facerme claudicar: canto máis mire a nosa felicidade, máis serás miña; e serei teu como quen non espera máis morte que este bico cando expire... Para seguir con outro a agonía. https://poetasandaluces.com/poemas/311/

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

12

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Leonardo Moledo (Arxentina, 1947-2014).A PESTE NEGRA Era o xuízo final, era a praga, de Deus,era a peste que brutal navegaba cara ao oeste como un mar de cinzas fumarentas e deixaba ao seu paso peiraos secos, cidades desertas, pobos devastados. Nos campos podrecían os arados, e o trigo non creceu: os penitentes azoutáronse a través dos camiños buscando o perdón dos seus pecados, clamando salvación: Europa encheuse de peregrinos. Morte, bubóns, corentena, tumba, cadáver, foron as verbas de moda. Cada ermida, cada altar, cada reliquia, foi adorada moitas veces sempre en balde. Pero non era a furia divina, era un pequeno roedor, e unha bacteria navegando no seu sangue diminuto. http://leonardomoledo.blogspot.com/2011/06/la-peste-negra-poema.html

Leopoldo María Panero (1948-2014).THE END He fumado mi vida y del incendio sorpresivo quedan en mi memoria las ridículas colillas: seres que no me vieron, mujeres con vaho, humo en las bocas, y silencio por doquier, como un sudario para lo que no quise ser, y fue como vapor o estela sobre las olas ociosas, niños con marinera que en la escuela aprendieron el Error. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

13

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro No había nadie en aquel pozo, estaba vacía la cárcel, pienso cuando abriendo al fin la puerta, y descorriendo por fin el cerrojo que me unía inútilmente a las águilas, y me hacía amar las islas y adorar la nada, descubro banal, y sonriéndome, la luz. https://revista.poemame.com/2018/03/05/crudeza-y-verdad-en-la-poesia-de-leopoldo-maria-panero/

José Emilio Pacheco (México, 1939- 014).CAVERNA Es verdad que los muertos tampoco duran Ni siquiera la muerte permanece Todo vuelve a ser polvo Pero la cueva preservó su entierro Aquí están alineados cada uno con su ofrenda los huesos dueños de una historia secreta Aquí sabemos a qué sabe la muerte Aquí sabemos lo que sabe la muerte La piedra le dio vida a esta muerte La piedra se hizo lava de muerte Todo está muerto En esta cueva ni siquiera vive la muerte https://trianarts.com/jose-emilio-pacheco-caverna/#sthash.JM6Jqj5B.dpbs

Alejandra Pizarnik (Arxentina, 1936-1972).SEMPRE Cansa do estrondo máxico das vogais Cansa de inquirir cos ollos elevados Cansa da espera do eu de paso Cansa daquel amor que non sucedeu Cansa dos meus pés que só saben camiñar Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

14

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Cansa da insidiosa fuga de preguntas Cansa de durmir e de non poder mirarme Cansa de abrir a boca e beber o vento Cansada de soster as mesmas vísceras Cansa do mar indiferente ás miñas angustias Cansa de Deus! Cansa de Deus! Cansa por fin das mortes a contagotas á espera da irmá maior a outra a gran morte doce morada para tanto cansazo. http://alejandrapizarnik.blogspot.com/2011/11/siempre.html Wei Shuiyin (pseudónimo literario da enfermeira poeta Long Qiaoling).POR FAVOR NON MOLESTAR Permítanme quitarme a roupa protectora e a máscara. Remover a carne do meu corpo da súa armadura Déixenme confiar na miña propia saúde. Déixenme respirar sen ser molestada Ah ... Os lemas son seus As loanzas son súas A propaganda, os traballadores modelo, todo seu Simplemente estou a cumprir o meu deber Actuando coa conciencia dun sanitario A miúdo, non hai máis remedio que ir á batalla co torso espido Sen tempo para elixir entre a vida e a morte. Sen ningún ideal elevado Por favor, non me condecoren con grilandas Non me aplaudan Afórrenme o recoñecemento por lesións laborais, martirio ou calquera outro mérito. Non vin a Wuhan para admirar as flores de cerdeira E non vin pola paisaxe, para recibir aloumiños Só quero regresar a casa a salvo cando termine a epidemia Mesmo se todo o que queda son os meus ósos Debo levarme a casa cos meus fillos e os meus pais. Pregunto: Quen quere levar as cinzas dun compañeiro? Camiño a casa Medios de comunicación, xornalistas Por favor non me molesten outra vez O que chaman os feitos reais, os datos Non teño tempo nin ganas de seguir con eles Cansa todo o día, toda a noite Descansar, durmir Iso é máis importante que o seu eloxio. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

15

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Convídolles a que vexan, se poden Esas casas desinfectadas Sae fume das chemineas? Os teléfonos celulares perdidos no crematorio Foron atopados os seus donos? http://www.sinpermiso.info/textos/china-poemas-desde-la-zona-cero-del-coronavirus-en-wuhan Elvira Sastre (Segovia, 1992) PAIS DE POETAS Hoy a España le han dado una paliza -el último parte indica agoníay llora como un cachorro abandonado en la cuneta mientras susurra llena de pánico: se están llenando mis puentes. Y yo la miro con los ojos llenos de justicia y le digo: aguanta, te salvaremos los supervivientes. En la calle solo queda vivo un hambre feroz que aterra: el canibalismo de un capitalismo devorador. Quien dice defendernos nos acaricia y nos deja la cara llena de sangre: un abrazo falso duele más que una puñalada... y lo saben. Quieren rajar nuestras gargantas y nutrirnos de sus restos, atar la libertad de pies y manos y lanzarla al mar como quien ahorca con saña los derechos humanos. Son culpables de todo este daño y no saldrán indemnes: este aullido en su oído pronto se convertirá en dentellada. Seguimos siendo salvajes humanos dentro de su circo, pero terminará la función y destrozaremos su sonrisa de payaso. Os estamos descubriendo y la rabia fluye por nuestras venas junto al hambre, la pobreza y la injusticia -quién os lo iba a decir:cabe más humanidad en estos cuerpos que mierda en todos vuestros discursos-.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

16

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Hoy España huele a podrido, aunque yo la siento más guapa que nunca cuando bajo a comprar al mercado en ese puesto que está a punto de cerrar y me desean buen día o cuando veo a un estudiante ceder su asiento a una mujer con una pensión de mierda que sonríe con esa resignación de quien ha vivido de paz a guerra de paz a guerra de paz a guerra de paz a... Parece que cada mañana el pueblo grita: "Nos quedamos para salvarte, España" Y el pueblo nunca miente. Y vosotros escuchad, soltad los hilos corruptos de vuestras manos y mirad hacia abajo, cerrad vuestra boca llena de humo negro y abrid bien vuestros oídos viciosos: solo aquel que no tiene nada tiene todo. Nos habéis convertido en el ejército más poderoso: ese que no tiene nada que perder. Y vamos a por vosotros, armados hasta los dientes de valor, escudados con una resistencia caníbal y con un amor violento por la supervivencia. Jamás debisteis usar las palabras en vano: vivís en un país lleno de poetas. http://bleuparapluie.blogspot.com/2013/12/pais-de-poetas.html Loreto Sesma (Zaragoza, 1996).ABRE LA BOTELLA, AMIGO, QUE TENEMOS UN POEMA Poco se habla de los que hacen resurgir tu mundo día a día. De esos amigos que siempre han estado ahí y que te han visto en tus mejores momentos y en los peores. Esos amigos que te llenan la copa cuando ves el vaso medio vacío y te quitan la botella cuando estás al borde del abismo. Los amigos que te miran y te dicen lo preciosa que eres, lo bonitas que haces que sean las calles cuando pasas. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

17

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Los mismos que te ponen el pijama, el más ridículo pijama, cuando te quedas dormida en el sofá viendo una película. Poco se habla de cómo su abrazo puede hacer que todos los problemas se olviden. Sus bromas, sus cosquillas son la llave para liberar cualquier miedo. Y qué decir de cuando cuentan sus movidas y tú no puedes entender por qué le han roto tantísimas veces la sonrisa esas historias de amor, e intentas ser payaso, cómico, estúpido, absurdo, sonrisa al fin y al cabo. Poco se habla de los amigos que son verso, poema, poeta y que no son Madrid, ni Barcelona, ni París, porque son hogar, refugio, sonrisa. Poco se habla de esos amigos que te sacan a bailar bajo la lluvia, bajo el sol de agosto, y las estrellas de cualquier cielo. De esos que saben cuál es tu comida favorita y de qué color te gusta pintarte los labios. Amigos que harían cualquier cosa por ser armazón y que nunca te hirieran. Amigos que son la barra de un bar un Viernes cualquiera, la copa, el alcohol, la fiesta, los “Joder, tío, te quiero. Gracias por estar ahí”, y la mañana siguiente comparten resaca y el dolor de cabeza. Resucitar en un abrazo después del dolor en el pecho, un abrazo de esos que hacen crujir los huesos y que te falte el aire. Poco se habla de los amigos que escuchan siempre los versos de otros para otros y que en realidad, son los que reconstruyen siempre el poema. Por eso te he escrito esto, a ti, que siempre me has puesto los pies en el cielo, que me enseñaste que soñar se puede también con los ojos abiertos. Me dijiste que el amor no entiende de kilómetros y me demostraste que el amor es una locura en la que loco y loca, o loco y loco, o loca y loca; me da igual, no encuentran, ni quieren encontrar la cordura. Me has dado tanto que incluso la poesía se queda corta. Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

18

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Y sí, ya sé que dices que soy un desastre, que pierdo el mando en la mayoría de las situaciones, eso de: “joder pequeña, cómo la has liado.” Pero también me dices que soy preciosa y que tengo un corazón que no me cabe en pecho, que lo hecho, hecho está y tire pa’ lante. Porque tú me llevaste a una azotea para que dejase de sentirme tan pequeña y gritara que no le tengo miedo a nada, me agarraste de la mano al cruzar la calle y me regalaste flores el 14 de febrero para que me sintiese flor entre tanto capullo. A mí que no me jodan, poesía eres tú, diga lo que diga, o intente decir Bécquer. https://www.wattpad.com/120666979-peque%C3%B1a-colecci%C3%B3n-de-poes%C3%ADasloreto-sesma Alfonsina Storni (1892-1938).DOR Quixera esta tarde divina de outubro pasear pola beira afastada do mar; que a area de ouro, e as augas verdes, e os ceos puros me viran pasar. Ser alta, soberbia, perfecta, quixera, como unha romana, para concordar coas grandes ondas, e as rocas mortas e as anchas praias que cinguen o mar. Co paso lento, e os ollos fríos e a boca muda, deixarme levar; ver como rompen as ondas azuis contra os granitos e non pestanexar; ver como as aves rapaces comen os peixes pequenos e non espertar; pensar que puideran as fráxiles barcas afundirse nas augas e non suspirar; ver que se adianta, a garganta ao aire, o home máis belo, non desexar amar...

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

19

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Perder a mirada, distraidamente, perdela e que nunca a volva a atopar: e, figura ergueita, entre ceo e praia, sentirme o esquecemento perenne do mar. https://www.poeticous.com/alfonsina-storni/dolor?locale=es Andrea Valbuena (Barcelona, 1992).ELA É BREVE Non queres destapar este desastre. Falamos dun barco á deriva, que segue ancorado á beira que abandona. Un amante precoz que acariña as cadeas dos seus erros. Unha trapecista que perde o equilibrio e aínda te busca máis aló da súa rede. Unha voz namorada do silencio. Un poeta que só sabe escribir ao seu primeiro amor. Falamos dun caos que adora a brevidade das cousas eternas e ordénase omitindo que ama. Polas noites non grita non ten ganas, só escoita e presta atención á súa calma. Hoxe ve á vida alimentando unha soidade divina, e esa lúa que brilla máis que nunca porque, como ela, só será esta vez. https://twitter.com/valparaisoed/status/983700078283116544/photo/1 Antonio Varo Baena (Córdoba, 1959).ABRAZO Consuelo que aparece en la quietud de la noche, entre los cálidos brazos y magentas de un broche desnudo de palabras.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

20

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro Quién rescatar pudiera la memoria de ternura, el aire húmedo de vida, de deseo sin premura, entre la escarcha y la sombra. https://cordopolis.es/2020/03/15/antonio-varo-el-coronavirus-esta-tensionando-todo-lo-quesignifica-la-globalizacion/

POEMA COLECTIVO (Elvira Sastre, Leiva, Loreto Sesma, Raquel Lanseros, Irene G., Andrea Valbuena, Jorge Drexler, Guille Galván, Marwan, Rozalén, Andrés Suárez e Benjamín Prado).Polos anxos de ás verdes dos quirófanos. Polos anxos de ás brancas do hospital. Polos que fan do verbo axudar a súa bandeira e a túa casa e loitan porque ninguén morra en soidade. Polas traballadoras que non dormen para que soñen que se salvan os feridos. Polos que ao defendernos usan a súa pel un escudo e moven as padiolas como o valse do perigo. Polos que fan do traballo sucio o labor máis fermoso do mundo. Polos que nunca miran o reloxo mentres curan. Polas que pintan a túa dor de azul. Para os que merecen os abrazos prohibidos, e métense contigo na boca do lobo e regan o noso medo coa súa luz. Todos vos aplaudimos, coas varandas dos balcóns arrepiadas con mans que lembran que atopar outras mans é a única verdade. E mentres, a esperanza escribe nos nosos beizos: “Cando isto pase, nunca nos volverá a pasar.” https://cadenaser.com/programa/2020/03/19/la_ventana/1584633750_244953.html

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

21

IES “San Paio” TUI


A poesía é un virus cargado de futuro

EPÍLOGO

EMPATÍA VIRAL E así un día o mundo encheuse coa nefasta promesa dunha apocalipse viral e de súpeto as fronteiras que se defenderon con guerras crebáronse con pingas de cuspe, houbo equidade no contaxio que se repartía igual para ricos e pobres, as potencias que parecían infalibles viron como se pode caer ante un bico, ante unha aperta. E démonos conta do que era e non importante, e entón unha enfermeira volveuse máis indispensable que un futbolista, e un hospital fíxose máis urxente que un mísil. Apagáronse luces en estadios, detivéronse os concertos, as rodaxes das películas, as misas e os encontros masivos e entón no mundo houbo tempo para a reflexión a soas, e para esperar na casa a que cheguen todos e para reunirse a carón do lume, nas mesas, nos escanos, nas cadeiras e contar contos que estiveron a piques de ser esquecidos. Tres pingas de mocos no aire, puxéronnos a coidar anciáns, a valorar a ciencia por riba da economía, dixéronnos que non só os indixentes traen pestes, que a nosa pirámide de valores estaba do revés, que a vida sempre foi primeiro e que as outras cousas eran accesorias. Non hai un lugar seguro, na mente de todos cábennos todos e empezamos a desexarlle o ben ao veciño, necesitamos que se manteña seguro, necesitamos que non enferme, que viva moito, que sexa feliz e xunto a unha paranoia fervida en desinfectante dámonos conta que, se eu teño auga e o de máis alá non, a miña vida está en risco. Volvemos a ser aldea, a solidariedade tínguese de medo e ante o risco de perdernos no illamento, existe unha soa alternativa: ser mellores xuntos. Se todo sae ben, todo cambiará para sempre. As miradas serán o noso saúdo e reservaremos o bico só para quen xa teña o noso corazón, cando todos os mapas tínxanse de vermello coa presenza do corona, as fronteiras non serán necesarias e o tránsito de quen vén a dar esperanzas será ben recibido baixo calquera idioma e debaixo de calquera cor de pel, deixará de importar se non entendía a túa forma de vida, se a túa fe non era a miña, bastará que te anime a estender a túa man cando ninguén máis o queira facer. Talvez, só é unha posibilidade, este virus nos volva máis humanos e dun diluvio atroz xurda un pacto novo, cunha rama de oliveira desde onde empezará de cero. (Edna Rueda Abrahams; http://www.welcomecaribe.com/xn--elisleo-9za.com/index.php? option=com_content&view=article&id=19152:empatia-viral&catid=47:columnas&Itemid=86

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

22

IES “San Paio” TUI


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.